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AVALIAÇÃO-PSICOPEDAGÓGICA-2

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0 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2 
2 O PSICOPEDAGOGO .......................................................................................... 3 
2.1 Diagnóstico Psicopedagógico Clínico .................................................................... 4 
3 MODALIDADE DE APRENDIZAGEM ................................................................... 4 
4 DESENVOLVIMENTO INFANTIL ......................................................................... 6 
5 A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA DA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA .................. 7 
6 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM ...................................... 8 
6.1 Recursos a serem usados no diagnóstico e intervenção 
psicopedagógica......................................................................................................11 
7 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ................................................................... 12 
7.1 Entrevista de Queixa ........................................................................................... 16 
7.2 Entrevista de anamnese ...................................................................................... 16 
7.3 EOCA................................................................................................................... 17 
7.4 Observação lúdica ............................................................................................... 19 
7.5 Provas Operatórias Piagetianas .......................................................................... 20 
7.6 Técnicas Projetivas Psicopedagógicas................................................................ 21 
7.7 Área Psicomotora ................................................................................................ 23 
7.8 Área Pedagógica ................................................................................................. 23 
7.9 Área Social .......................................................................................................... 24 
8 ENTREVISTA DE DEVOLUÇÃO E ENCAMINHAMENTO ................................. 25 
8.1 Entrevista Familiar Exploratório Situacional (E.F.E.S.) ........................................ 26 
9 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL EM COLABORAÇÃO À GESTÃO 
EDUCACIONAL ........................................................................................................ 27 
 
1 
 
10 A CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
 .............................................................................................................................34 
11 A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E SUA RELAÇÃO COM PROFESSORES, 
ESCOLA E FAMÍLIA ................................................................................................. 37 
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 40 
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 42 
14 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
2 O PSICOPEDAGOGO 
 
Fonte: dialogosdosaber.com.br 
O Código de Ética do Psicopedagogo, no seu artigo 1°, define a 
Psicopedagogia como um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o 
processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos 
considerando a influência do meio, família, escola e sociedade no seu 
desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia. A 
Psicopedagogia surge para atender a uma demanda específica de auxílio à superação 
das dificuldades de aprendizagem, atuando de forma preventiva e terapêutica. 
A Psicopedagogia se divide em três processos: prevenção, diagnóstico e 
intervenção. Na prevenção, o psicopedagogo realiza uma investigação institucional, 
avaliando os processos didáticos e metodológicos aplicados, e a dinâmica dos 
profissionais, buscando compreender o processo ensino/aprendizagem e propondo 
alternativas que otimizem os esforços empreendidos pelos envolvidos. A 
Psicopedagogia, na forma clínica, busca a promoção da saúde mental auxiliando o 
indivíduo na superação das dificuldades de aprendizagem, investigando os sintomas, 
a modalidade de aprendizagem e desenvolvendo atividades interventivas. O 
atendimento psicopedagógico com uma postura clínica considera a singularidade do 
sujeito, os aspectos inconscientes envolvidos no não aprender nos seus diversos 
contextos (biológico, afetivo e cognitivo), além da família e da escola. 
 
4 
 
Podem-se destacar duas formas básicas de trabalho psicopedagógico: a 
primeira delas é o atendimento clínico, que tem como objetivo a recuperação, a outra 
é a institucional, que tem como objetivo principal a prevenção. Atualmente há um 
grande interesse no trabalho preventivo, situação que não é exclusiva da área 
psicopedagógica. Ao contrário, é uma tendência em várias áreas. Acredita-se que 
dessa forma muitos problemas podem ser evitados. 
2.1 Diagnóstico Psicopedagógico Clínico 
O diagnóstico, para o terapeuta, tem a mesma função que a rede para um 
equilibrista, ou seja, ele dará o suporte para que o psicopedagogo caminhe de maneira 
segura durante o processo de intervenção. O sucesso e a eficácia do diagnóstico 
psicopedagógico pressupõem por parte do terapeuta: profundo conhecimento teórico 
do processo de aprendizagem, postura clínica, capacidade de observação e 
instrumentos e métodos adequados. O objetivo do diagnóstico psicopedagógico 
clínico é identificar a modalidade de aprendizagem, o nível da escrita e o nível 
cognitivo. Os instrumentos aplicados no diagnóstico psicopedagógico aqui relatado 
são descritos no item método e fazem parte do protocolo utilizado na clínica-escola 
campo desta pesquisa. 
3 MODALIDADE DE APRENDIZAGEM 
Modalidade de aprendizagem A forma como cada indivíduo entra em contato 
com o objeto de conhecimento, a modalidade de aprendizagem, é particular, individual 
e oferece um saber que é singular para cada indivíduo. A modalidade de 
aprendizagem é construída desde o nascimento e nas várias situações de 
aprendizagem, constituindo-se como um esquema de operar ou processar as 
informações. Com a identificação da modalidade de aprendizagem do sujeito com 
dificuldades de aprendizagem, o psicopedagogo poderá introduzir a intervenção 
adequada, que atenda às necessidades específicas do paciente. Para melhor 
compreensão do processo queresulta em modalidade de aprendizagem, é importante 
compreender o movimento definido como “adaptação”. Adaptação é o resultado de 
um duplo movimento complementar de assimilação e acomodação. Por meio da 
 
5 
 
assimilação, o sujeito transforma a realidade para integrá-la às suas possibilidades de 
ação e, através da acomodação, transforma e coordena seus próprios esquemas 
ativos, para adequá-los às exigências da realidade. 
 As modalidades de aprendizagem sintomáticas são geradas por um 
desequilíbrio nos movimentos de assimilação e/ou acomodação. O excesso (hiper) ou 
escassez (hipo) em um desses movimentos afeta o resultado (aprendizagem), ou seja, 
dificuldades de aprendizagem estão relacionadas a uma hiperatuação ou hipo -
atuação de um desses processos. Quando há o predomínio da assimilação, as 
dificuldades de aprendizagem são da ordem da não resignação, o que leva o sujeito 
a interpretar os objetos de modo subjetivo, não internalizando as características 
próprias do objeto. 
Quando a acomodação predomina, o sujeito não empresta sentido subjetivo 
aos objetos, antes, resigna-se sem criticidade. As modalidades de aprendizagem 
sintomáticas são assim descritas: 
• Hipoassimilação: nesta sintomatização ocorre uma assimilação pobre ou 
baixa, o que resulta na pobreza no contato com o objeto. 
• Hiperassimilação: sendo a assimilação o movimento de adaptação que 
permite a alteração das informações fornecidas pelo meio, para que possam ser 
incorporadas pelo sujeito, na aprendizagem sintomatizada pode ocorrer um exagero 
desse movimento, de forma que o sujeito não se submete ao aprender. Nesse 
movimento, há o predomínio dos aspectos subjetivos sobre os objetivos; 
• Hipoacomodação: a acomodação consiste em adaptar-se para que ocorra a 
internalização. A sintomatização da acomodação ocorre pela resistência em 
acomodar elementos do meio (informações), que pode ser definida como a dificuldade 
de internalizar os objetos; 
• Hiperacomodação: se acomodar significa internalizar os elementos do meio 
(informações), o exagero nesse processo pode levar a uma pobreza de contato com 
a subjetividade, levando à submissão e à obediência acrítica às normas; 
As informações, ou elementos do meio, são pouco alterados, de forma que não 
podem ser incorporados pelo sujeito, apenas acomodados. Analisando a forma como 
operam as modalidades de aprendizagem, existem três grupos de modalidades 
(organizações) que perturbam o aprender: hipoassimilação-Hipoacomodação; 
hiperassimilação-hipoacomodação; e hipoassimilação-hiperacomodação. 
 
6 
 
4 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
Fonte: daddy.com.br 
O conceito de desenvolvimento infantil pode ser entendido como um processo 
que envolve vários aspectos: crescimento físico, maturação neurológica, construção 
de habilidades relacionadas ao comportamento e às esferas cognitivas, social e 
afetiva da criança. O desenvolvimento adequado habilita a criança a atender à 
demanda do meio, tornando-a “competente” para responder às suas necessidades, 
considerando o seu contexto de vida. O desenvolvimento infantil relaciona-se 
diretamente com fatores biológicos e ambientais. Os fatores biológicos estão 
relacionados a danos ocorridos nos períodos pré, peri e pós-parto, que podem 
conduzir a deficiências e problemas no desenvolvimento neurológico. 
Neste grupo estão os distúrbios de ordem genética, malformações congênitas, 
prematuridade, hipóxia cerebral, meningites e condições da gestação da mãe (uso de 
drogas, fumo e doenças) que podem impactar o desenvolvimento da criança. Os 
fatores ambientais estão relacionados à exposição da criança aos estímulos e 
situações do meio, tais como condições de habitação, higiene, conforto, nutrição, 
estímulo familiar e vida social. 
Neste contexto, a reabilitação é o processo pelo qual a criança com alterações 
no desenvolvimento poderá ser adequadamente estimulada com o objetivo de 
melhorar a funcionalidade das suas habilidades físicas, mental e/ou social. Nessa 
perspectiva, todo trabalho de reabilitação, independentemente da idade, deve estar 
 
7 
 
centrado nas habilidades da criança, lembrando que sua integridade e dignidade 
devem sempre ser respeitadas. Para tal, importa que, ao planejar os programas de 
reabilitação e de apoio, o terapeuta possa impreterivelmente considerar os costumes, 
possibilidades e as estruturas da família e da comunidade, adequando sua proposta 
terapêutica às dificuldades e necessidades da criança. No entanto, para orientar 
qualquer proposta terapêutica, a avaliação diagnóstica é a primeira etapa. 
5 A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA DA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
Fonte: neurosaber.com.br 
O trabalho de Educação Escolar se desenvolve através do processo 
ensino/aprendizagem e de todos os seus determinantes, sendo assim há um ponto 
muito importante na prática psicopedagógica que é a busca do diagnóstico do porquê 
da criança (s) ou adolescente (s) não conseguirem aprender dentro dos padrões pré-
estabelecidos pela escola, família e sociedade. Quando se remete ás dificuldades ou 
problemas de aprendizagem, alguns aspectos tem que ser levados em conta como a 
constituição do sujeito (física, psicológica, necessidades especiais, afecções 
cerebrais – lesões herdadas ou adquiridas por distúrbios metabólicos, 
cromossômicos, etc.); o desejo do sujeito (motivação pessoal, familiar ou social); a 
família do sujeito (estrutura e dinâmica familiar, nível de autonomia na família, nível 
sociocultural, relação da família com a escola e papéis assumidos na configuração 
familiar); e a escola (estrutura, organização material, de conteúdo e pessoal). Dessa 
 
8 
 
forma o cabe ao psicopedagogo vasculhar cada “canto” da pessoa, enxergando não 
apenas o que a criança mostra, mas saber perceber que a mesma pode ter algum 
problema imperceptível que está dificultando sua aprendizagem e saber conduzi-la a 
outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, etc., com intuito 
de investigar múltiplos fatores que influenciam o não aprender dessa criança. 
O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando 
solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua 
meta fundamental é investigar todo o processo de aprendizagem levando em 
consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para valendo-se desta 
investigação entender a constituição da dificuldade de aprendizagem 
(RUBINSTEIN, 1987, apud UHLMANN 2018, p. 225). 
É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses 
provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo, porém uma vez 
iniciado esse processo, deve-se lançar mão de todos os instrumentos diagnósticos 
necessários. Essa busca terá o intuito de descobrir as razões que impedem o sujeito 
de aprender, situação essa levantada por uma queixa seja do educador, da família, 
da escola ou até mesmo do próprio sujeito. Caberá, portanto, ao psicopedagogo 
“ouvir” essa queixa, analisá-la, interpretá-la e seguir com seu processo de avaliação 
como função diagnóstica na busca em atender as necessidades educativas traduzidas 
em situações passíveis de melhora e com a concretização de auxílio e suporte. 
6 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM 
Investigação é um termo utilizado por Rubinstein (1987), e que definem a 
psicopedagogia. O profissional desta área deve analisar o modo de como ela se 
expressa, seus gestos, a entonação da voz, tudo. O psicopedagogo deve também 
enxergar não só o que essa criança mostra, mas saber perceber que ela pode ter 
algum problema imperceptível que está dificultando sua aprendizagem e saber 
conduzi-la para um outro profissional, como: psicólogos, fonoaudiólogos,neurologistas, etc., isso significa saber investigar os múltiplos fatores que levam está 
criança a não conseguir aprender. 
O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando 
solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua 
meta 6 fundamentalmente é investigar todo o processo de aprendizagem 
levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para 
 
9 
 
valendo-se desta investigação, entender a constituição da dificuldade de 
aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987, apud MORAIS, 2010, p. 6). 
Diagnosticar um distúrbio de aprendizagem é uma tarefa difícil e para fazê-lo 
de modo preciso e eficiente há que se ter a participação de equipe interdisciplinar e 
utilização de diferentes instrumentos para avaliação. O diagnóstico, para o terapeuta, 
deve ter a mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que 
dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário. É 
um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que 
serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a 
conhecimentos práticos e teóricos. 
Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de 
intervenções e da escuta psicopedagógica para que se possa decifrar os processos 
que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção. Diagnosticar nada mais é do 
que a constatação de que a criança possui algum tipo de dificuldade na aprendizagem, 
fato que normalmente só é detectado quando ela é inserida no ensino formal. Porém, 
uma vez realizada essa constatação, cabe à equipe investigar a sua causa e, para 
tanto, deve-se lançar mãos de todos os instrumentos diagnósticos necessários para 
esse fim. 
O diagnóstico psicopedagógico abre possibilidades de intervenção e dá início 
a um processo de superação das dificuldades. O foco do diagnóstico é o obstáculo no 
processo de aprendizagem. É um processo no qual analisa-se a situação do aluno 
com dificuldade dentro do contexto da escola, da sala de aula, da família; ou seja, é 
uma exploração problemática do aluno frente à produção acadêmica. Durante o 
diagnóstico psicopedagógico, o discurso, a postura, a atitude do paciente e dos 
envolvidos são pistas importantes que ajudam a chegar nas questões a serem 
desvendadas. É através do desenvolvimento do olhar e da escuta psicopedagógica, 
trabalhados e incorporados pelo profissional que poderão ser lançadas as primeiras 
hipóteses acerca do indivíduo. Esse olhar e essa escuta ultrapassam os dados reais 
relatados e buscam as entrelinhas, a emoção, a elaboração do discurso inconsciente 
que o atendido traz. 
 O objetivo do diagnóstico é obter uma compreensão global da sua forma de 
aprender e dos desvios que estão ocorrendo neste processo que leve a um 
prognóstico e encaminhamento para o problema de aprendizagem. Procura-se 
 
10 
 
organizar os dados obtidos em relação aos diferentes aspectos envolvidos no 
processo de aprendizagem de forma particular. Ele envolve interdisciplinaridade em 
pelo menos três áreas: neurologia, psicopedagogia e psicologia, para possibilitar a 
eliminação de fatores que não são relevantes e a identificação da causa real do 
problema. É nesse momento que o psicopedagogo irá interagir com o cliente (aluno), 
com a família e a escola, partes envolvidas na dinâmica do processo de ensino-
aprendizagem. 
Também é importante ressaltar que o diagnóstico possui uma grande 
relevância tanto quanto o tratamento, por isso ele deve ser feito com muito cuidado, 
observando o comportamento e mudanças que isto pode acarretar no sujeito. O 
diagnóstico psicopedagógico é visto como um momento de transição, um passaporte 
para a intervenção, devendo seguir alguns princípios, tais como: análise do contexto 
e leitura do sintoma; explicações das causas que coexistem temporalmente com o 
sintoma; obstáculo de ordem de conhecimento, de ordem da interação, da ordem do 
funcionamento e de ordem estrutural; explicações da origem do sintoma e das causas 
históricas; análise do distanciamento do fenômeno em relação aos parâmetros 
considerados aceitáveis, levantamento de hipótese sobre a configuração futura do 
fenômeno atual e, indicações e encaminhamentos. 
O diagnóstico não pode ser considerado como um momento estático, pois é 
uma avaliação do aluno que envolve tanto os seus níveis atuais de desenvolvimento, 
quanto as suas capacidades e possibilidades de aprendizagem futura. Por muitos 
anos, era uma tarefa exclusiva dos especialistas, que analisavam algumas 
informações dos alunos, obtidas através da família e às vezes da escola, e logo após 
devolviam um laudo diagnóstico, quase sempre com termos técnicos 
incompreensíveis. 
A distância existente no relacionamento entre os especialistas, a família e a 
escola impediam o desenvolvimento de um trabalho eficiente com o aluno. A proposta 
atual é que o diagnóstico seja um trabalho conjunto onde todas as pessoas que estão 
envolvidas com o aluno devem participar, e não atuar como meros coadjuvantes 
desse processo. Ele não é um estudo das manifestações aparentes que ocorrem no 
dia-a-dia escolar, é uma investigação profunda, na qual são identificadas as causas 
que interferem no desenvolvimento do aluno, sugerindo atividades adequadas para 
correção e/ou compensação das dificuldades, considerando as características de 
 
11 
 
cada aluno. O diagnóstico não deverá somente fundamentar uma deficiência, mas 
apontar as potencialidades do indivíduo. Não é simplesmente o que este tem, mas o 
que pode ser e como poderá se desenvolver. 
É de extrema relevância detectarmos, através do diagnóstico, o momento da 
vida da criança em que se iniciam os problemas de aprendizagem. Do ponto 
de vista da intervenção, faz muita diferença constatarmos que as dificuldades 
de aprendizagem se iniciam com o ingresso na escola, pois pode ser um forte 
indício de que a problemática tinha como causa fatores intra-escolares 
(BOSSA, 2000, apud MORAIS, 2010, p. 8). 
Ao se instrumentalizar um diagnóstico, é necessário que o profissional atente 
para o significado do sintoma a nível familiar e escolar e não o veja apenas em um 
recorte, como uma deficiência do sujeito. Que o psicopedagogo, através do 
diagnóstico acredite numa aprendizagem que possibilite transformar, sair do lugar 
estagnado e construir. Que ele seja o fio condutor que norteará a intervenção 
psicopedagógica. 
6.1 Recursos a serem usados no diagnóstico e intervenção psicopedagógica 
O Código de Ética da Psicopedagogia, em seu Capítulo I – Dos Princípios – 
Artigo 1º afirma que o psicopedagogo pode utilizar procedimentos próprios da 
Psicopedagogia, procedimentos próprios de sua área de atuação. O psicopedagogo 
pode usar como recursos a entrevista com a família; investigar o motivo da consulta; 
conhecer a história de vida da criança, realizando a anamnese; entrevistar o aluno; 
fazer contato com a escola e outros profissionais que atendam a criança; manter os 
pais informados do estado da criança e da intervenção que está sendo realizada; 
realizar encaminhamentos para outros profissionais, quando necessário. 
 Também há outros recursos, referindo-se as Provas de Inteligência (WISC); 
Testes Projetivos; Avaliação perceptomotora (Teste de Bender); Teste de Apercepção 
Infantil (CAT.); Teste de Apercepção Temática (TAT.); Provas de nível de pensamento 
(Piaget); Avaliação do nível pedagógico (nível de escolaridade); Desenho da família; 
Desenho da figura humana; Teste HTP ( casa, árvore e pessoa); Testes psicomotores; 
Lateralidade; Estruturas rítmicas... A autora não apresenta restrição quanto ao uso 
dos testes, no entanto, alguns destes testes (Wisc, Teste de Bênder,CAT, TAT, 
Testes Projetivos), aqui no Brasil, são considerados de uso exclusivo de psicólogos. 
Para evitar atritos, o psicopedagogo pode ser criativo e desenvolver atividades que 
 
12 
 
possibilitem fazer as mesmas observações que tais testes. Ele também pode 
organizar uma equipe multidisciplinar, de maneira a que se faça uma avaliação de 
todos os aspectos sobre os quais recai nossa hipótese diagnóstica inicial. Exemplo: 
teste de inteligência (psicólogos); testes de audição e de linguagem (fonoaudiólogos). 
Os pedagogos especialistas em psicopedagogia, podem usar testes como o 
TDE, Metropolitano, ABC, Provas Piagetianas, provas pedagógicas, etc. O uso de 
jogos também é sugerido como recurso, considerando que o sujeito através deles 
pode manifestar, sem mecanismos de defesas, os desejos contidos em seu 
inconsciente. Além do mais, no enfoque psicopedagógico os jogos representam 
situações-problemas a serem resolvidos, pois envolvem regras, apresentam desafios 
e possibilita observar como o sujeito age frente a eles, qual sua estrutura de 
pensamento, como reage diante de dificuldades. 
7 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
A aprendizagem é um processo que está sempre em busca de novos 
conhecimentos, que necessita de um aprendiz capaz de conhecer o mundo que o 
rodeia e a si próprio. Envolve as experiências individuais, resultando numa mudança 
de comportamento. É uma interação entre os aspectos biológicos, afetivos, 
intelectuais e culturais, que levam ao processo educativo. Estamos sempre em 
processo de aprendizagem, pois continuamos a aprender por toda nossa vida. 
[...] "para a aprendizagem ocorrer, é necessário que haja uma interação ou 
troca de experiências do indivíduo com o seu meio ambiente ou comunidade 
educativa"(LAKOMY, 2008, apud ESPÍNDOLA, 2016, p. 3). 
A dificuldade de aprendizagem pode surgir a qualquer momento, problemas de 
vários fatores interferem na aprendizagem. Estas dificuldades não são determinadas 
por um único fator, portanto, deve-se fazer uma investigação detalhada para descobrir 
o que leva a esta dificuldade de aprendizagem, podem ser originados por fatores 
orgânicos, específicos, emocionais e ambientais. Nunca um problema de 
aprendizagem virá isolado, é antes de tudo um sintoma. 
Esta dificuldade pode vir em termo restrito, como um problema clínico e num 
sentido geral, como uma questão no próprio conhecimento. 
 
13 
 
[...] "o processo de aprendizagem é complexo e delicado, porém é saudável 
que haja dúvidas, dificuldades para assimilar e acomodar novos 
conhecimentos”. (LEAL,2011, apud ESPÍNDOLA, 2016, p. 3). 
Quando a criança passa por algum problema, ela pode desenvolver alguma 
dificuldade afetando a aprendizagem, o que deve ser investigado. A aprendizagem 
deve ser bem trabalhada para que conflitos da própria personalidade do indivíduo não 
gerem angústias, prejudicando assim o ato de aprender. 
O trabalho do psicopedagogo está estritamente ligado à aprendizagem 
sistemática, que é aquele presente nas instituições escolares, desde a infância até o 
ensino superior. Pode ser no aspecto social, emocional, pedagógico e psicomotor. 
Portanto, é fundamental este olhar e escuta do profissional, pois recebe-se a queixa 
emergente é necessário fazer uma leitura latente, ou seja, o que poderá estar por trás 
deste problema, que gerou esta dificuldade na aprendizagem do sujeito, como 
elaborações simbólicas. 
Então, de acordo com a queixa escolar e/ou familiar, surge a necessidade de 
uma avaliação psicopedagógica clínica, onde o psicopedagogo fará uma investigação 
para uma intervenção no âmbito clínico. Pois o objetivo é identificar os obstáculos que 
levam a este aprendiz passar por dificuldades em sua aprendizagem dentro do que é 
esperado pela sociedade. 
Através da avaliação psicopedagógica levanta-se hipóteses, que poderão ou 
não serem confirmadas até o final desta avaliação para que se possa ter 
encaminhamentos adequados para cada indivíduo. Cada situação é totalmente 
diferente da outra, pois é única e requer atitudes específicas para cada caso. 
É importante saber receber bem a queixa, para que se possa direcionar o 
trabalho. Receber a queixa escolar, familiar e a do próprio avaliando, e nunca perder 
o foco das queixas. Avaliar todas as áreas como cognitiva, afetiva, pedagógica e 
funcional, pois cada uma delas dará uma resposta mostrando em que nível estará o 
aprendiz. 
Assim a avaliação psicopedagógica é um dos componentes críticos da 
intervenção psicopedagógica, pois nela se fundamenta as decisões voltadas à 
prevenção e solução das possíveis dificuldades dos alunos, promovendo melhores 
condições para o seu desenvolvimento. Ela é um processo compartilhado de coleta e 
análise de informações relevantes acerca dos vários elementos que intervêm no 
processo de ensino e aprendizagem, visando identificar as necessidades educativas 
 
14 
 
de determinados alunos ou alunas que apresentem dificuldades em seu 
desenvolvimento pessoal ou desajustes com respeito ao currículo escolar por causas 
diversas, e a fundamentar as decisões a respeito da proposta curricular e do tipo de 
suportes necessários para avançar no desenvolvimento das várias capacidades e 
para o desenvolvimento da instituição. 
A avaliação psicopedagógica envolve: 
a) a identificação dos principais fatores responsáveis pelas dificuldades da 
criança. Precisa determinar se tratasse de um distúrbio de aprendizagem ou de uma 
dificuldade provocada por outros fatores (emocionais, cognitivos, sociais...). Isto 
requerer que sejam coletados dados referente à natureza da dificuldade apresentada 
pela criança, bem como que se investigue a existência de quadros neuropsiquiátricos, 
condições familiares, ambiente escolar e oportunidades de estimulação oferecidas 
pelo meio a que a criança pertence; 
b) o levantamento do repertório infantil relativo as habilidades acadêmicas e 
cognitivas relevantes para a dificuldade de aprendizagem apresentada, o que inclui: 
conhecimento, pelo profissional, do conteúdo acadêmico e da proposta pedagógica, 
à qual a criança está submetida; investigação de repertórios relevantes para a 
aprendizagem, como a atenção, hábitos de estudos, solução de problemas, 
desenvolvimento psicomotor, linguístico, etc.; avaliação de pré-requisitos e/ou 
condições que facilitem a aprendizagem dos conteúdos; identificação de padrões de 
raciocínio utilizados pela criança ao abordar situações e tarefas acadêmicas, bem 
como déficits e preferências nas modalidades percentuais etc.; 
c) a identificação de características emocionais da criança, estímulos e 
esquemas de reforçamento aos quais responde e sua interação com as exigências 
escolares propriamente ditas. 
Ela deve ser um processo dinâmico, pois é nela que são tomadas decisões 
sobre a necessidade ou não de intervenção psicopedagógica. Ela é a investigação do 
processo de aprendizagem do indivíduo visando entender a origem da dificuldade e/ou 
distúrbio apresentado. Inclui entrevista inicial com os pais ou responsáveis pela 
criança, análise do material escolar, aplicação de diferentes modalidades de 
atividades e uso de testes para avaliação do desenvolvimento, áreas de competência 
e dificuldades apresentadas. Durante a avaliação podem ser realizadas atividades 
matemáticas, provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções 
 
15 
 
cognitivas, leitura, escrita, desenhos e jogos. Inicialmente, deve-se perceber, na 
consulta inicial, que a queixa apontada pelos pais como motivo do encaminhamento 
para avaliação, muitas vezes pode não só descrever o sintoma, mas também traz 
consigo indícios que indicam o caminho para início da investigação. 
“A versão que os pais transmitemsobre a problemática e principalmente a 
forma de descrever o sintoma, dão-nos importantes chaves para nos 
aproximarmos do significado que a dificuldade de aprender tem na família” 
(FERNÁNDEZ, 1991, apud MORAIS, 2010, p.4). 
Avaliar as aprendizagens de um aluno equivale a especificar até que ponto ele 
desenvolveu determinadas capacidades contempladas nos objetivos gerais da etapa. 
Para que o aluno possa atribuir sentido às novas aprendizagens propostas, é 
necessária a identificação de seus conhecimentos prévios, finalidade a que se orienta 
a avaliação das competências curriculares a avaliação psicopedagógica irá fornecer 
informações importantes em relação as necessidades dos alunos, bem como de seu 
contexto escolar, familiar e social, e ainda irá justificar se há ou não necessidade de 
introduzir mudanças na oferta educacional. 
Depois de coletadas informações que considera importante para a avaliação, o 
psicopedagogo irá intervir visando à solução de problemas de aprendizagem em seus 
devidos espaços, uma vez que a avaliação visa reorganizar a vida escolar e doméstica 
da criança e, somente neste foco ela deve ser encaminhada, vale dizer que fica vazio 
o pedido de avaliação apenas para justificar um processo que está descomprometido 
com o aluno e com a sua aprendizagem. De fato, se pensarmos em termos bem 
objetivos, a avaliação nada mais é do que localizar necessidades e se comprometer 
com sua superação. 
De acordo com a Epistemologia Convergente, os passos para a avaliação 
psicopedagógica clínica são: levantamento da queixa com contrato firmado por ambas 
as partes, Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA), escolha dos 
instrumentos de acordo com o primeiro sistema de hipótese, anamnese, aplicação das 
provas de todas as áreas com segundo sistema de hipótese, levantamento de dados 
escolares, análise e conclusão da terceira e última hipótese, informe psicopedagógico, 
devolutiva escolar e familiar e pôr fim a proposta de intervenção. 
 
 
16 
 
7.1 Entrevista de Queixa 
A queixa escolar poderá ser recebida pela direção, orientação e professores, 
onde teremos a primeira visão do sintoma apresentado pela escola. É importante estar 
atento de como os profissionais envolvidos com a criança encaram esta dificuldade 
de aprendizagem e o que esperam desta avaliação. 
Num segundo momento, é necessário ouvir a queixa do próprio sujeito, para 
poder perceber se tem consciência da sua dificuldade e o que espera da possível 
proposta de intervenção. 
Passando, assim, para a entrevista com os pais ou responsáveis, que poderá 
ser bem detalhado através da anamnese, onde serão observadas as reações 
comportamentais dos demais. 
7.2 Entrevista de anamnese 
Considerada como um dos pontos principais de um bom diagnóstico, busca 
colher dados significativos sobre a história do sujeito na família, integrando passado, 
presente e com projeções para o futuro. Permite entender a inserção do mesmo na 
família. O trabalho da Anamnese se inicia com dados das primeiras aprendizagens, 
da história clínica, da história familiar do núcleo que o sujeito está inserido, nas 
histórias das famílias maternas e paternas e a influência dessas gerações passadas 
sobre a família nuclear. É necessário que todos estejam bem à vontade 
“[...]para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e 
sentimentos sobre a criança para que possam compreender os pontos 
nevrálgicos ligada à aprendizagem. ” (WEISS, 1992, apud UHLMANN 2018, 
p. 227). 
Anamnese permite a obtenção e análise de dados desde a concepção até a 
vida escolar atual do aluno, considerando que se trata de uma investigação profunda 
e detalhada. Leva em consideração como foi o processo gestacional, se a gravidez foi 
desejada ou não por ambos os pais assim como por toda a família, qual opção de 
parto, posteriormente analisar sobre as primeiras aprendizagens como usar 
mamadeira, copo, a colher, quando aprendeu a sentar, engatinhar, a andar, controlar 
seus esfíncteres, com objetivo de descobrir como a família possibilita e participa do 
desenvolvimento cognitivo da criança. Se os pais não permitem o descobrimento ou 
 
17 
 
bloqueiam novas experiências da criança por si só evitando por exemplo, comer 
sozinha para não se sujar, não tiram a fralda para não urinar em casa, também não 
permitem que haja o processo de desenvolvimento do equilíbrio entre assimilação e 
acomodação, causando o processo chamado de hipoassimilação, onde os pais 
acabam retardando o desenvolvimento da criança. Por outro lado, existem pais que 
forçam as crianças a realizarem sozinhas atividades para as quais ainda não possuem 
maturidade em seu organismo, não estando portando a criança pronta para assimilar, 
é o chamado Hiperassimilação, que acaba acelerando negativamente o pensamento 
da criança, tornando as precoces. 
Dando continuidade ao processo investigatório, o psicopedagogo por meio da 
Anamnese também abordará a história clínica da criança, abordando as possíveis 
doenças, como foram diagnosticadas e tratadas, se resultaram em alguma 
consequência. É também de grande relevância saber a história escola do sujeito, 
desde quando começou a frequentar a escola, como foi o primeiro dia de aula, se 
existiram frustrações, entusiasmos, porque os pais escolheram aquela escola, se 
houve alguma troca de escola, quais são os aspectos positivos e negativos e as 
possíveis consequências para o processo de aprendizagem. As informações obtidas 
na Anamnese deverão ser registradas para levantar hipóteses que poderão justificar 
a defasagem do indivíduo, bem como auxiliar na seleção de outros instrumentos de 
diagnóstico. 
7.3 EOCA 
EOCA é a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, elaborada por 
Jorge Visca, aplicada aos sujeitos em processo de aprendizagem. É o primeiro 
momento do psicopedagogo com o avaliando que traz a queixa, com o objetivo de 
observação e das reações do sujeito frente à aprendizagem. O profissional precisa 
conhecer melhor a maneira como a criança aprende a fazer o que lhe ensinam. 
Os materiais são deixados sobre uma mesa, que podem ser: lápis de cor, giz 
de cera, massa de modelar, caneta hidrocor, régua, barbante, palitos de sorvete, 
borracha, tesoura, cola, papel pautado, papel sulfite, papel colorido, revistas, gibis, 
livros de acordo com a faixa etária do avaliando, jogos, lápis grafite sem ponta, para 
 
18 
 
que se possa observar a iniciativa do sujeito. Utilizar materiais que sejam coerentes 
com o ambiente do sujeito. 
Diante da mesa com todos os materiais já dispostos segue para a aplicação da 
EOCA, deve-se seguir as seguintes consignas. 
Consigna de abertura ou inicial, "Gostaria que você me mostrasse o que sabe 
fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu". Caso o sujeito não se manifeste, 
parte para a consignação múltipla. 
Consigna múltipla, "Você pode ler, escrever, pintar, desenhar, recortar, 
calcular, pode fazer o que quiser". Esta será uma opção, caso ele não responda a 
consigna de abertura, onde você irá mostrar várias opções de acordo com os materiais 
presentes na mesa. 
Consigna fechada, "Gostaria que você me mostrasse algo diferente do que já 
fez". Fazer algo diferente e observar a iniciativa da criança. 
Consigna direta, "Gostaria que me mostrasse algo de leitura, escrita ou 
matemática". Esta consigna será determinada de acordo com a queixa. 
Consigna de pesquisa, "Para que serve isto, o que você fez, que horas são, 
que cor você está utilizando, etc." Esta consigna questiona vários materiais expostos, 
para investigar o conhecimento do sujeito. 
Deve-se anotar tudo o que for falado e feito pelo avaliando, inclusive suas 
reações. Isto é um trabalho de muitaobservação e sensibilidade do psicopedagogo, 
respondendo somente o que lhe for perguntado e estritamente o essencial, sem 
qualquer tipo de demonstração satisfatória ou insatisfatória. Deixar o avaliando se 
manifestar livremente. 
Alguns fatores devem ser observados, como a temática, ou seja, todas as falas 
do indivíduo. A dinâmica são todas as manifestações não verbais, como postura, 
manuseio do material, postura corporal, etc. O produto é aquilo que o sujeito realmente 
produziu durante a EOCA. A dimensão afetiva manifestada através do comportamento 
do avaliando como medos, frustrações, fugas, distração, resistência, ansiedade, 
choro, etc. 
A dimensão cognitiva também deve ser observada através da utilização dos 
materiais, estratégias utilizadas durante a atividade, organização, planejamento, a 
construção da sua produção e suas relações durante o pensamento para execução 
da tarefa. 
 
19 
 
Se o sujeito não quis produzir nada, deverá ser rigidamente analisado o motivo 
desta fuga. 
7.4 Observação lúdica 
Há muito tempo vem-se discutindo as questões dos jogos e das brincadeiras, 
principalmente quais efeitos positivos podem trazer a vida das crianças. 
[...] o brinquedo exerce enorme influência na promoção do desenvolvimento 
infantil, apesar de não ser o aspecto predominante na infância. [...] o termo 
brinquedo refere-se essencialmente ao ato de brincar, à atividade. 
(VYGOTSKY, 2007, apud UHLMANN 2018, p. 228). 
O lúdico como instrumento de aprendizagem na atuação do psicopedagogo, 
tem a importância de se compreender as dificuldades de aprendizagem, observando 
individualmente na sessão diagnóstica e por meio de orientação correta fornecer o 
desenvolvimento em relação a essa dificuldade apresentada onde o sujeito estará 
naturalmente desenvolvendo a coordenação motora, a atenção, a expressão corporal, 
estimulando a iniciativa, trabalhando a oralidade, o raciocínio lógico, dentre outros 
aspectos. O momento em que a criança esteja em contato com o lúdico, torna-se 
precioso, pois expõe suas aptidões, mantém a concentração e produtividade. Mesmo 
que não se obtenha resultado final esperado, é por meio da forma como a criança 
brinca que o psicopedagogo estará analisando-a, conhecendo o comportamento e 
interagindo com a mesma. 
“[...] o lúdico privilegia a criatividade e a imaginação, por sua própria ligação 
com os fundamentos do prazer. Não comporta regras preestabelecidas, nem 
velhos caminhos já trilhados, abre novos caminhos, vislumbrando outros 
possíveis”. (ALVES, 1987, apud UHLMANN 2018, p. 228). 
A atividade lúdica mostrará o que se sabe de forma descontraída, sem a 
necessidade de comandos com aplicação de atividades adequadas a idade do sujeito 
objetivando a exposição das dificuldades relatadas, ou evidenciando que talvez não 
existam, faltando apenas estímulo ou forma correta para se trabalhar com a aplicação 
dos processos de aprendizagem. É na sessão lúdica onde observamos a conduta do 
sujeito como um todo, colocando também um foco sobre o nível pedagógico e 
trabalhando as questões que precisam ser desenvolvidas para a autonomia do sujeito. 
O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança, aquilo que na 
 
20 
 
vida real passa despercebido por ser natural, torna-se regra quando trazido para a 
brincadeira. Baseados nisso pode-se perceber o quanto a ludicidade que abrange os 
jogos, os brinquedos e as brincadeiras, tem relevância em função de serem tão 
característicos à infância e em função disto devem ser de atuação do psicopedagogo 
tanto nas atividades avaliativas como nas interventivas. 
7.5 Provas Operatórias Piagetianas 
A área cognitiva avalia o processo de desenvolvimento cognitivo do indivíduo. 
Deve-se estar atento para concentração, atenção, memória, autonomia e percepção. 
Busca entender o processo de lógica, ou seja, o raciocínio lógico deste sujeito, se o 
pensamento equivale com a faixa etária do avaliando. 
De acordo com Nogueira e Leal (2011, p.122) "as estruturas cognitivas 
evoluem à medida que a criança cresce, permitindo novas aprendizagens e 
possibilitando a ela adquirir os conteúdos formais”. (NOGUEIRA, 2011, apud 
ESPÍNDOLA, 2016, p. 10). 
Para o uso da análise da área cognitiva, recomenda-se o uso das provas 
operatórias criadas por Jean Piaget, que são as provas de conservação, classificação 
e seleção. Através destas provas pode-se ter uma visão do diagnóstico operatório, 
mas jamais rotular o avaliando. Com elas podemos perceber se o sujeito tem noção 
de identidade, compensação, reversibilidade, causalidade, quantificação, raciocínio 
lógico, estrutura do pensamento, tempo e espaço. 
Estas provas dão a percepção do funcionamento e desenvolvimento das 
funções lógicas do sujeito. 
As provas de conservação são divididas em provas de conservação de 
pequenos conjuntos discretos de elementos; prova de conservação das quantidades 
de líquidos (transvasamento); prova de conservação da quantidade de matéria; prova 
de conservação do comprimento; prova de conservação do peso e prova de 
conservação do volume. 
Já as provas de classificação são divididas em prova de mudança de critério 
(dicotomia); prova de quantificação da inclusão de classes e prova de intersecção de 
classes. 
A prova de seriação de palitos analisa a capacidade de a criança seriar. Para 
as crianças com 12 anos ou mais pode-se usar a prova de combinações de duplas 
 
21 
 
para pensamento formal e prova de permutações possíveis com um conjunto 
determinado de fichas. Não é necessário a aplicação de todas as provas, somente as 
que o psicopedagogo julgar imprescindíveis para o caso que está avaliando. 
Para cada prova devem ser usadas as suas próprias consignas, suas 
transformações, argumentações, contra argumentações, justificativas e retorno 
empírico. 
As respostas argumentadas por critérios de identidade ocorrem quando o 
sujeito consegue perceber que nada foi acrescentado ao material da prova. Os 
critérios de identidade subjetiva ocorrem quando o sujeito tem a percepção de que 
continua a mesma quantidade de material. A reversibilidade é quando o sujeito 
questiona o retorno empírico. A compensação é quando o sujeito consegue perceber 
e argumentar compensando as formas apresentadas, ou seja, se está mais esticado, 
se achata ou divide. 
Estas provas são avaliadas por três níveis. O nível 1 de não-conservação, que 
estabelece a identidade inicial, quando o sujeito não consegue responder as 
perguntas corretamente, ou seja, dando respostas não conservadoras. O nível 2 de 
transição ou intermediário, oscila entre as respostas de conservação e não-
conservação. 
O nível 3 de conservação, dá respostas conservadoras, apresentando 
raciocínio de identidade, ou seja, percebe que nada foi acrescentado ou retirado. A 
reversibilidade, quando percebe que mesmo após as transformações, o material é o 
mesmo. E a compensação quando tem a noção que houve o processo de compensar. 
Com estas provas, o psicopedagogo investiga a dificuldade do sujeito e pode 
retomar o processo partindo da constatação da dificuldade, portanto é fundamental o 
olhar psicopedagógico. 
7.6 Técnicas Projetivas Psicopedagógicas 
A área emocional avalia o lado afetivo frente à aprendizagem nos âmbitos: 
escolar, familiar e consigo mesmo. Dão informações sobre o aspecto emocional e 
relacional. As técnicas projetivas Psicopedagógicas buscam entender o vínculo que o 
sujeito estabelece com a realidade e com a própria aprendizagem. Investiga-se a rede 
de vínculos em três domínios: escolar, familiar e consigo mesmo. 
 
22 
 
O uso de provas e testes não é indispensável em um diagnóstico 
psicopedagógico, porém representa um recurso a mais a ser utilizadoquando avaliado 
necessário na especificação do nível pedagógico, estrutura cognitiva e ou emocional 
do sujeito. Provas operatórias, testes psicométricos e técnicas projetivas poderão ser 
relacionados de acordo com a necessidade de confirmação de aspectos levantados 
aos longos das sessões anteriores (E.F.E.S, Anamnese, Sessões Lúdicas centradas 
na Aprendizagem, etc.). Existem diversos tipos de testes e provas para serem 
atrelados a um diagnóstico, como as provas de inteligência (WISC é o mais conhecido, 
porém de aplicação exclusiva por psicólogos), avaliação perceptomotora (Teste de 
Bender, cujo objetivo é avaliar o grau de maturidade viso motora do sujeito, também 
só podendo ser aplicado por psicólogos); testes projetivos (CAT, TAT, desenho da 
família, desenho da figura humana, também de uso apenas para psicólogos). Os 
psicopedagogos devem ser criativos e desenvolver atividades que atendam a mesma 
propositura dos testes apenas administrados por psicólogos, ou trabalhar em 
conjuntos com uma equipe multidisciplinar objetivando levantar todos os aspectos que 
envolvem a hipótese do diagnostico inicial lembrando sempre que a psicopedagogia 
não é um ramo da medicina, mas sim da educação acoplado com a saúde. Dessa 
forma prioriza-se o conhecimento sobre o qual o processo que se dá a aprendizagem. 
Lembrando também que algo padronizado não vai servir para todos os “aprendentes”, 
os testes são apenas umas das alternativas de uso. 
 “[...]as provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de 
aquisição de algumas noções chave do desenvolvimento cognitivo, detectado 
o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura 
cognitiva que opera”. (WEISS 2012, apud UHLMANN 2018, p. 229). 
 
Os psicopedagogos podem aplicar diretamente os testes de TDE (que busca 
oferecer de forma objetiva a avaliação das capacidades fundamentais para o 
desempenho escolar, mais especificamente da escrita, aritmética e leitura); Teste 
ABC (para verificar nas crianças de escola primária o nível de maturidade requerido 
para a aprendizagem da leitura e da escrita); Provas de nível de pensamento (Piaget, 
como alvo principal crianças na fase escolar, com objetivos de investigar e avaliar o 
nível cognitivo da criança e constatar se realmente corresponde a sua idade 
cronológica ou se existe alguma defasagem), testes psicomotores e jogos 
psicopedagógicos. 
 
23 
 
7.7 Área Psicomotora 
A área psicomotora avalia os aspectos psicomotores e o desenvolvimento físico 
do indivíduo. Cada pessoa tem suas próprias características, que são únicas para 
cada indivíduo, as pessoas agem de acordo com sua vivência desde o nascimento. 
É de fundamental importância, os sentimentos e emoções durante a fase de 
desenvolvimento do seu esquema corporal, para não refletir na possível falta de 
coordenação motora, agressividade, mau humor, apatia, que poderão ser 
manifestados em seu comportamento, podendo prejudicar a aprendizagem, o 
funcionamento cognitivo. 
Os aspectos psicomotores revelam a importância de um trabalho educativo 
para a organização da personalidade. É importante ressaltar que as atividades devem 
ser determinadas de acordo com a faixa etária das crianças. 
[...] "a avaliação psicomotora possibilita ao professor verificar se os 
conhecimentos e as atividades propostas estão adequados e cumprindo suas 
funções". (MARINHO, 2007, apud ESPÍNDOLA, 2016, p. 12). 
 
Na avaliação psicopedagógica clínica é necessário investigar vários aspectos 
como coordenação motora fina; coordenação motora global; equilíbrio estático; 
equilíbrio dinâmico; lateralidade; esquema corporal; orientação espacial; orientação 
temporal; tonicidade e todas as percepções que são visuais, auditivas, tátil, olfativa, 
motora e espacial. 
7.8 Área Pedagógica 
A área pedagógica avalia o nível pedagógico, principalmente no âmbito da 
leitura, escrita e cálculo matemático. Deve-se fazer uma análise detalhada do material 
escolar do aluno. O caderno do aluno dá muitas dicas do tamanho da letra, orientação 
espacial e uso da força para a escrita. 
De acordo com as atividades que o psicopedagogo irá proporcionar, deverá 
situar o nível em que se encontra o sujeito, que são: pré-silábico, silábico, silábico-
alfabético e alfabético. 
Existem várias atividades investigativas para esta área, citadas a seguir. 
 
24 
 
Prova do realismo nominal, que tem como objetivo perceber se o educando vê 
a palavra como característica do objeto ou como representação da escrita do objeto, 
observando a quantidade de caracteres, momento da relação entre números e letras, 
características do texto lido, distinção entre letras e sinais gráficos, orientação espacial 
da leitura, leitura com imagens, palavras e orações, leitura sem imagens e leitura de 
orações. 
Na observação de leitura tem que analisar a fluência, o reconhecimento de 
palavras, a reação diante de palavras desconhecidas, utilização do contexto, uso da 
voz e hábitos de postura. Na leitura compreensiva investigar como o sujeito 
compreende e interpreta o texto. 
O ditado topológico pode também ser feito com gravuras, ordenação de figuras 
e o ditado propriamente dito. 
Na amostra da linguagem oral, através de gravuras e suas consignas, deve-se 
observar durante a oralidade, sua pronúncia, vocabulário e sintaxe oral. 
Desempenho lógico-matemático, onde serão observados a disponibilidade 
para a atividade, facilidades e dificuldades para operações e situações problemas e 
as próprias atividades do conteúdo escolar do sujeito. 
7.9 Área Social 
A área social está vinculada com as demais áreas, principalmente com a área 
afetiva, engloba vários dados do sujeito, as dificuldades que o levam a não 
aprendizagem e como a família encara estas dificuldades de aprendizagem. 
Ainda faltam alguns aspectos para serem analisados para que se chegue ao 
diagnóstico de uma avaliação psicopedagógica clínica. 
Como o Teste de Audibilização, onde será avaliado a discriminação fonética, 
memória, conceituação e identificação de palavras e situações, organização sintático 
semântica e compreensão do vocabulário. A Orientação Temporal observa como o 
sujeito se situa perante o tempo. 
Informação Social avalia aspectos gerais como nome e idade dos familiares, 
endereço, suas brincadeiras, hábitos alimentares, programas de televisão preferidos, 
amigos, seus gostos e pessoas do seu convívio. 
 
25 
 
Teste de Snellen é o teste do "E" Mágico, onde será observada a postura do 
sujeito às mudanças de posição da letra E, como também, se apresentou algum 
sintoma físico, comportamental, reclamações e a postura do indivíduo quando está 
olhando para objetos distantes e quando está lendo. A Anamnese também faz parte 
desta área social. 
Na Avaliação das capacidades básicas para aprendizagem, pode-se fazer um 
apanhado geral para a análise de informações como exercícios prontos para finalizar 
esta avaliação, que podem ser referentes a coordenação motora fina, noção de 
causalidade, orientação espacial, lateralidade, orientação temporal, discriminação 
visual, discriminação auditiva, noção de tamanho, de distância, de quantidade, 
percepção, análise e síntese. 
Nos jogos diversos poderão ser avaliadas todas as áreas através da aplicação 
destes jogos. Atividades complementares para confirmação das hipóteses levantadas 
também podem ser usadas. 
8 ENTREVISTA DE DEVOLUÇÃO E ENCAMINHAMENTO 
É o momento em que o psicopedagogo irá relatar o motivo da avaliação 
(encaminhamento), período e número de sessões, instrumentos utilizados, descritivo 
das dimensões do sujeito, síntese dos resultados que concluiu, articulando as queixas, 
os sintomas, os obstáculos e as possíveiscausas bem como o prognóstico, ou seja, 
as indicações. É perfeitamente normal que esse momento seja norteado por muita 
ansiedade dos envolvidos, ou seja, o psicopedagogo, o paciente e os pais e que deve 
ser bem conduzida para que haja efetiva participação de todos na eliminação das 
dúvidas, não se deve ater somente a apresentação das conclusões, é necessário 
sensibilizar os pais para que tomem todas as rédeas e assumam o problema em todas 
as suas dimensões, procurando afastar rótulos e fantasmas. 
 Inicialmente o ideal é que se toque nos aspectos mais positivos do paciente, 
para que o mesmo se sinta valorizado e somente depois deverão ser mencionados os 
pontos causadores dos problemas de aprendizagem. Deve-se organizar os dados 
sobre o paciente em três áreas: pedagógica, cognitiva e afetivo-social, com um roteiro, 
para que o psicopedagogo não se perca e não deixe os pais confusos. A atitude do 
psicopedagogo deve ser compreensiva e acolhedora com os pais, promovendo a 
 
26 
 
articulação e a integração coerente dos dados e de seus significados. A devolutiva 
deve fazer com que a visão dos pais, em relação ás suas práticas educativas se 
ampliem. Posteriormente o psicopedagogo menciona as recomendações como 
estimular leitura em casa, amenizar superproteção dos pais ou responsáveis, aumento 
das responsabilidades a criança ou até a troca da escola ou turma e indicar os 
atendimentos que julgue necessários como psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, 
etc. Além disso, o psicopedagogo também deve fazer a devolutiva na escola, e traçar 
com a equipe pedagógica as estratégias necessárias para sanar as dificuldades. 
Dessa forma a integração entre escola, família, sujeito e profissionais caminharão em 
conjunto. 
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de 
aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo 
integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as 
características e particularidades, dos indivíduos do grupo, realizando 
processos de orientação (BOSSA, 2000, apud UHLMANN 2018, p. 230). 
Todo processo de aprendizagem é composto por três elementos: em primeiro 
lugar há a pessoa que aprende, que traz consigo os órgãos dos sentidos, seu sistema 
nervoso, seu sistema muscular e também o conjunto de habilidades e capacidades 
que adquiriu anteriormente. Em segundo lugar, existe a situação estimuladora, 
compreendendo o conjunto de fatores que estimulam os órgãos dos sentidos como a 
família, a escola e a sociedade que a pessoa está inserida e finalmente, há a ação ou 
resposta que resulta da estimulação e da atividade nervosa subsequente. 
O primeiro elemento corresponde à condição interna e o segundo, à condição 
externa, graças aos quais, o terceiro elemento se manifesta, ou seja, a resposta. As 
dificuldades de aprendizagem interferem consideravelmente na vida do cidadão, 
dessa forma quanto mais precocemente forem observadas melhor será o seu 
diagnóstico e tratamento, dando importância e atenção devida que o compreende. 
8.1 Entrevista Familiar Exploratório Situacional (E.F.E.S.) 
Visa a compreensão da queixa nas dimensões da escola e da família, a 
captação das relações e expectativas familiares centradas na aprendizagem escolar, 
a expectativa em relação ao psicopedagogo, a aceitação e o engajamento do paciente 
e de seus pais no processo diagnóstico e o esclarecimento do que é um diagnóstico 
 
27 
 
psicopedagógico. Nesta entrevista, pode-se reunir os pais e a criança. É importante 
que nessa entrevista sejam colhidos dados relevantes para a organização de um 
sistema consistente de hipóteses que servirá de guia para a investigação na próxima 
sessão. 
 
9 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL EM COLABORAÇÃO À GESTÃO 
EDUCACIONAL 
A importância da Psicopedagogia Institucional consolida-se no momento em 
que o profissional dessa área consegue olhar e escutar com a devida atenção um 
grupo de pessoas que faça parte de uma instituição/escola. Dessa forma, por meio da 
avaliação Psicopedagógica Institucional, é possível compreender quais as 
necessidades desse grupo, qual a melhor forma para que ele aprenda e se desenvolva 
de forma ampla. 
O trabalho psicopedagógico institucional é realizado com base na análise das 
redes de relações que se estabelecem em instituições que atuam, direta ou 
indiretamente, em processos de ensino e aprendizagem. Logo, seu objeto de 
estudo é a instituição, seja ela uma escola, um hospital ou uma empresa, 
onde pessoas se relacionam, ensinam e aprendem. (GRASSI, 2009, apud 
TEIXEIRA, 2015, p. 3). 
Pode-se compreender a amplitude de abordagem dessa área que não se detém 
apenas ao ambiente escolar. Além disso, firma-se que a psicopedagogia no espaço 
institucional tem um papel importante no auxílio nas relações de ensino e 
aprendizagem. Essa relação é influenciada por todos que a constituem, sejam alunos, 
professores, comunidade escolar em geral, assim como as metodologias utilizadas. 
Portanto, é preciso compreender essas diferenças e aproveitar de cada um aquilo que 
melhor pode contribuir para um processo de ensino e aprendizagem que busque 
minimizar ou até superar as dificuldades identificadas no contexto da instituição. 
Dessa forma, o psicopedagogo, em uma ação institucional, dedica atenção ao 
grupo e pode atuar de forma preventiva. Isso possibilita a abordagem de diferentes 
projetos, a compreensão da cultura dessa instituição e a forma como o grupo interage 
entre si. A psicopedagogia institucional se propõe, portanto, a estar atenta às 
inúmeras possibilidades de construção do conhecimento e valorizar o imenso universo 
 
28 
 
de informações que nos circunda. Para isso, em sua atuação o psicopedagogo 
institucional, busca contribuir de forma com que a instituição melhore no processo de 
ensino, e que isso aconteça por meio de trabalhos envolvendo aprendizagens 
cooperativas, do estreitamento da relação com a comunidade escolar, da promoção 
de momentos de formação para seus professores, entre outros. 
É muito importante o diálogo no processo de avaliação institucional quando o 
psicopedagogo se insere na atuação na escola. O psicopedagogo desenvolve seu 
trabalho orientando os elementos que compõem essa instituição, pontuando o que 
precisa ser feito e, às vezes, como deve ser feito, sendo o diálogo fundamental nesse 
processo”. Além disso, é essencial, no processo de avaliação, observar a instituição 
como um todo, como acontece o seu funcionamento, como o processo de ensino e de 
aprendizagem é direcionado e como as relações entre o grupo constituem-se e 
estabelecem-se. O olhar para a rede de relações e de ações, que estão presentes na 
instituição, acarreta também a percepção e a compreensão de fatores de ordem 
social, política e econômica que se refletem no ambiente escolar. 
É na interação com seu meio social que o indivíduo se constitui, e um desses 
meios é a escola. É nela que o aluno tem espaço para se transformar e influenciar a 
transformação dos outros. Logo, nessa troca mútua, com influências diversas 
advindas de todas as realidades que circundam o espaço escolar, é que se torna 
possível perceber os avanços e também as dificuldades e os fracassos. A dificuldade 
de aprendizagem é um sintoma que se destaca na escola, mas pode emergir de uma 
situação social, familiar, entre outras. 
 “[...] a dificuldade de aprendizagem pode, portanto, caracterizar-se como um 
sintoma que emerge em uma situação familiar, configurando-se a partir do 
não-cumprimento das funções sociais por parte de determinado sujeito, [...]”. 
(Oliveira, 2009, apud TEIXEIRA, 2015, p. 4). 
Todas essas convergências de influências que cercam a vivência tanto de 
alunos quanto de professoresrefletem-se na atuação pedagógica, na Gestão 
Educacional e na intervenção Psicopedagógica Institucional. Por isso é preciso estar 
sempre atento à realidade que circunda a instituição e aos comportamentos e às 
ações dos indivíduos que dela fazem parte. Ao realizar a atuação psicopedagógica, o 
psicopedagogo institucional vai analisar o sintoma referido na queixa prestada e, 
diante disso, o que isso afeta no funcionamento da instituição e no processo de ensino 
 
29 
 
e aprendizagem. Depois de realizado todo o processo de avaliação, o psicopedagogo 
institucional irá chegar a um diagnóstico da realidade estudada. 
[...] o diagnóstico é muito mais do que uma coleta de dados, sobre a qual se 
organiza um raciocínio. Ele é um momento de transição, como um passaporte 
para a intervenção posterior. Usa de aproximação sucessiva para entrar em 
contato com seu objeto de estudo. [...] (Oliveira, 2009, apud TEIXEIRA, 2015, 
p. 5). 
Essa troca é uma dinâmica de relações e que assim deve ser entendido. Além 
disso, para entender o processo de ensinar e aprender, é preciso ter uma 
compreensão das causas do sintoma apresentado, como também é preciso um olhar 
psicopedagógico direcionado ao fenômeno. Para compreender as causas do sintoma 
apresentado, é importante que se conheça a realidade vivenciada, com a finalidade 
de melhor direcionar a ação psicopedagógica. 
Ao propor uma intervenção, o psicopedagogo precisa refletir sobre as 
necessidades da escola para que sua atuação venha a contribuir para a solução 
dessas demandas. Então, é preciso influenciar a reflexão crítica sobre a atuação no 
ambiente escolar e o processo de ensino e aprendizagem perpassando por todas as 
instâncias da instituição. A intervenção do psicopedagogo tem como objetivo 
potencializar ao máximo a capacidade de ensinar dos profissionais que a integram e 
a capacidade de aprender dos alunos, supondo que há um complexo emaranhado em 
que aspectos estruturais e organizacionais e as configurações relacionais intra e 
extrainstituições interagem constantemente. 
Portanto, a intervenção psicopedagógica visa a possibilitar a transformação 
tanto da instituição como dos próprios sujeitos, compreendendo a dinâmica 
estabelecida entre as partes e buscando a melhor forma de operacionalizá-las. Assim, 
acontecerá um trabalho colaborativo entre a psicopedagogia e a gestão educacional, 
possibilitando uma transformação de forma mais abrangente, com a reflexão não 
apenas no ambiente escolar, mas também que se estenda para a comunidade 
escolar. 
É necessário que a atuação do psicopedagogo esteja de acordo e leve em 
consideração a proposta apresentada no Projeto Político Pedagógico da instituição, 
pois esse documento é o que define o perfil da escola e de suas ações. Com isso, 
tendo conhecimento do que embasa as ações dessa instituição, o psicopedagogo 
institucional pode agir em colaboração a Gestão Educacional. 
 
30 
 
gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema 
de ensino como um todo e de coordenação das escolas em específico, 
afinando com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para a 
implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das 
escolas, compromissado com os princípios da democracia e com métodos 
que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo 
[...] de participação e compartilhamento [...], autocontrole [...] e transparência 
(LÜCK, 2006, apud TEIXEIRA, 2015, p. 6). 
 
 Pensar, pois, um processo educacional e a ação das escolas significa definir 
um projeto de cidadania e atribuir uma finalidade à escola que seja congruente com 
aquele projeto. Nesse viés torna-se evidente a necessidade de articulação entre 
gestão e comunidade escolar. 
A gestão democratizada da escola autônoma consiste na mediação das 
relações intersubjetivas, compreendendo, antes e acima das rotinas 
administrativas: identificação de necessidades; negociação de propósitos; 
definição clara de objetivos e estratégias de ação; linhas de compromissos; 
coordenação e acompanhamento de decisões pactuadas; mediação de 
conflitos, com ações voltadas para a transformação social (BORDIGNON, 
2011, apud TEIXEIRA, 2015, p. 6). 
Nesse sentido, conhecer e ter uma relação próxima entre comunidade escolar 
e a escola é imprescindível. Além disso, torna possível que todos trabalhem em prol 
da educação. Participando da rotina escolar, o psicopedagogo interage com a 
comunidade escolar, participando das reuniões de pais - esclarecendo o 
desenvolvimento dos filhos; dos conselhos de classe - avaliando o processo didático 
metodológico; acompanhando a relação professor-aluno - sugerindo atividades ou 
oferecendo apoio emocional e, finalmente acompanhando o desenvolvimento do 
educando e do educador no complexo processo de aprendizagem que estão 
compartilhando. 
Essa ideia vem a corroborar com a educação, entendida como emancipação 
humana, precisa levar em conta a condição de sujeito tanto de educandos quanto de 
educadores. A partir disso, é importante que sejam feitos esforços para compreender 
ambas as partes e as necessidades específicas identificadas. Para se ter um processo 
de ensino e aprendizagem estimulador para alunos e professores, é necessário 
compreender o que os alunos precisam para aprender e o que os professores 
precisam para ensinar. Além disso, é preciso que se tenham professores preparados 
por meio de processos formativos e que procurem proporcionar aos seus alunos 
 
31 
 
experiências educacionais que estimulem o processo de aprendizagem tornam a 
prática enriquecedora. 
A respeito da atuação do psicopedagogo na instituição promovendo formações 
e orientações, pode-se dizer que: o psicopedagogo pode desempenhar uma prática 
docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro da 
própria escola. Cabe também ao profissional detectar possíveis perturbações no 
processo de aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade 
educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca; promover orientações 
metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; realizar 
processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma 
individual quanto em grupo. Os fatores envolvidos na educação são articulados pela 
gestão, a qual deve buscar o caminho para planejar e agir com a participação de todos 
os sujeitos envolvidos. As ações articuladas - e com colaboração de diferentes áreas 
- precisam ter: 
A compreensão da visão, missão, valores e princípios assumidos pela escola, 
assim como dos seus objetivos e metas, constitui-se em condição para o 
estabelecimento da unidade entre as diferentes ações educacionais, de modo 
a dar o sentido de continuidade entre elas e obter resultados mais amplos e 
consistentes. (LÜCK, 2006, apud TEIXEIRA, 2015, p. 7). 
Assim, contar com a colaboração de um psicopedagogo institucional contribui 
para que as decisões e a prática a ser realizada tenham uma estratégia bem 
elaborada. Isso porque será composta tanto pela visão da gestão quanto da 
psicopedagogia, oportunizando, dessa maneira, que os reflexos obtidos sejam 
positivos e duradouros. Isso pode ser uma forma de caracterizar a dimensão social 
que essas ações em conjunto, tanto da psicopedagogia como da gestão educacional, 
podem atingir promovendo mudanças no espaço escolar e na forma como os sujeitos 
envolvidos nesse processo relacionam-se entre si e com a própria educação. 
A questão da gestão educacional e a dimensão política e social que a permeia 
diz o seguinte: é importante notar que a ideia de gestão educacional, correspondendo 
a uma mudança de paradigma, desenvolve-se associada a outras ideias globalizantese dinâmicas em educação, como, por exemplo, o destaque a sua dimensão política e 
social, ação para a transformação, participação, práxis, cidadania, autonomia, 
pedagogia interdisciplinar, avaliação qualitativa, organização do ensino em ciclos, etc., 
de influência sobre todas as ações e aspectos da educação, inclusive as questões 
 
32 
 
operativas, que ganham novas conotações a partir delas. A respeito da gestão 
educacional, ela abrange tanto a gestão dos sistemas de ensino quanto a gestão 
escolar. Além disso, a gestão educacional tem como foco a interação social, o que é 
importante para que se efetive uma gestão democrática e participativa, com a 
colaboração da comunidade escolar. 
Em termos organizacionais, os mecanismos autoritários de mando e 
submissão devem dar lugar a processos e dispositivos que favoreçam a 
convivência democrática e a participação de todos nas tomadas de decisão. 
Nesse sentido é que devem ser implementados os conselhos escolares, os 
grêmios estudantis e outras formas que favoreçam a maior participação de 
todos os usuários e o relacionamento mais humano e mais democrático de 
todos os envolvidos nas atividades escolares. (PARO, 2008, apud TEIXEIRA, 
2015, p. 8). 
Dessa forma, para que aconteça uma transformação do processo educacional, 
é preciso que seus participantes sejam conscientes de sua responsabilidade por seus 
desenvolvimento e resultado. O processo educacional só se transforma e se torna 
mais competente na medida em que seus participantes tenham consciência de que 
são corresponsáveis pelo seu desenvolvimento e seus resultados. 
A realidade educacional é dinâmica e complexa; por isso, faz-se necessário 
valorizar a realidade local e as vivências dos alunos como uma forma de aproximação 
que possibilita a compreensão desse meio. Também, enfatiza-se que com a 
colaboração de todos os envolvidos no processo educacional é possível melhor 
atender as ações necessárias. 
Cada vez mais se faz necessário inserir o psicopedagogo na instituição escolar, 
já que seu papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervém ou 
prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. O papel da Psicopedagogia e 
da Educação é o de instituir caminhos entre os opostos que liguem o saber e o não 
saber e estas ações devem acontecer no âmbito do indivíduo, do grupo, da instituição 
e da comunidade, visando a aprendizagem. 
Articular a visão, a partir da Psicopedagogia Institucional com a visão a partir 
dos estudos sobre Gestão Educacional, possibilita a compreensão mais abrangente 
do processo de ensino e aprendizagem e como agir em momentos de dificuldades. 
Ações conjuntas tendem a superar, com maior eficácia, os casos de fracasso e 
melhoram a qualidade do ensino. A psicopedagogia institucional pode ter caráter 
assistencial e que, nesse formato de atuação, 
 
33 
 
[...] o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de 
planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, 
fazendo com que professores, diretores e coordenadores possam repensar o 
papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de 
aprendizagem da criança ou, da própria "ensinagem”. (BEYER, 2003, apud 
TEIXEIRA, 2015, p. 8). 
Nesse sentido, a Psicopedagogia Institucional, em colaboração com a Gestão 
Educacional, possibilita que sejam elaborados projetos que favoreçam o processo de 
ensino e de aprendizagem de forma que compreenda as diferenças existentes e as 
necessidades de seus alunos. Também, pode ser um suporte aos professores para 
sua formação. 
É importante que a escola seja próxima de sua comunidade escolar, que 
desenvolvam projetos em parceria. A comunidade precisa participar das ações da 
escola e da sua gestão, porque, para o psicopedagogo institucional, essa relação da 
comunidade com a escola facilita a compreensão da organização sistemática dessa 
instituição e o reflexo no processo de ensino e aprendizagem. O psicopedagogo, em 
sua avaliação e atuação, leva em consideração a relação do sujeito com o meio em 
que está inserido, pois o processo de aprendizagem é influenciado por essas 
vivências. 
Por isso, a necessidade de a escola ter uma boa relação com sua comunidade, 
de atuar de forma que traga elementos do local a sua forma de ensino, procurando 
levar em consideração a história de vida e experiências de seus alunos. Nesse 
sentido, entender o sujeito da aprendizagem de forma contextualizada permite ao 
psicopedagogo e ao educador que se subsidia pelo saber psicopedagógico uma visão 
mais compreensiva das particularidades existenciais do sujeito, de maneira que se 
possa melhor inseri-lo nos sistemas dos quais ele faz parte. 
Uma escola que tem uma gestão democrática e participativa, bem organizada 
com a participação da sua comunidade e que a escuta, tem evidências positivas no 
rendimento dos alunos. Para a atuação do psicopedagogo, o conhecimento da 
realidade local ajuda a delinear o perfil e a identificar certas dificuldades; dessa forma, 
torna mais fácil o processo de avaliação e de atuação psicopedagógica. Dificuldades 
identificadas na escola não são específicas da escola, do aluno, da família do aluno, 
mas sim de um conjunto de fatores e sujeitos que contribuem de alguma forma para 
isso. 
 
34 
 
Sendo assim, estão envolvidos fatores sociais, institucionais e individuais, e é 
importante identificar como cada parte envolvida trata da dificuldade. Além disso, é 
importante dar voz aos sujeitos que enfrentam essas dificuldades e procurar 
compreendê-los nas suas singularidades, pois, dessa maneira, será possível auxiliá-
los e solucionar ou minimizar as dificuldades encontradas na escola. 
É necessário reconhecer como elementos substanciais da realidade o 
pluralismo, a diversidade e a multiplicidade que são fatores que compõem a 
complexidade da realidade estudada. Por isso, a intervenção de forma articuladora, 
contextualizada com todos os segmentos envolvidos proporciona ações engajadas na 
busca por melhoras no processo de ensino e aprendizagem. 
Ter um conhecimento contextualizado a respeito do caso investigado 
proporciona que o psicopedagogo compreenda, de melhor forma, tanto a 
especificidade quanto a amplitude do que precisa ser trabalhado em sua intervenção. 
No caso da atuação da Psicopedagogia Institucional em colaboração com a Gestão 
Educacional, possibilita a análise das dificuldades encontradas na escola, a partir dos 
dois pontos de vista, e, assim, encontrar a melhor forma de ação para que se resolva 
efetivamente. 
10 A CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
 
Fonte: guiadoestudante.abril.com.br 
 
 
35 
 
Existem muitos fatores que interferem no processo de aprendizagem, porém a 
criança não é a única responsável pelos problemas que enfrenta ou que se encontra. 
Mas também, não é a busca de culpados por esses problemas que permitirá encontrar 
soluções. É preciso o psicopedagogo ter clareza de que a dificuldade de 
aprendizagem não se dá isoladamente, mas precisa ser compreendida como um 
sintoma social, cultural, epistemológico e individual, que se manifesta na dimensão da 
singularidade do sujeito. Na realidade, para compreender os problemas que surgem 
na aprendizagem, necessita-se um processo de interação, fora desse não existirá 
compreensão. Os problemas necessitam ser analisados considerando o processo 
interativo existente para haver a aprendizagem. Dessa forma o psicopedagogo precisa 
ter um olhar e uma escuta aprofundada a todos os momentos do processo. 
[...] podemos considerar o problema de aprendizagem como sintoma, no 
sentido de que o não-aprender não configura um quadro permanente, mas 
ingressa numa constelação peculiar

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