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Projeto Institucional Edital nº 015/2010/CAPES/DED Fomento ao uso de tecnologias de comunição e informação nos cursos de graduação Química Tecnológica Química Geral e Orgânica: uma abordagem para Química Tecnológica Filipe Martel de Magalhães Borges Salete Martins Alves Tatiana de Campos Bicudo Química Geral e Orgânica: uma abordagem para Química Tecnológica Natal – RN Janeiro/2011 Química Geral e Orgânica: uma abordagem para Química Tecnológica Filipe Martel de Magalhães Borges Salete Martins Alves Tatiana de Campos Bicudo Química Tecnológica Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Catalogação da publicação na fonte. Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva. Governo Federal Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-Presidente da República Michel Miguel Elias Temer Lulia Ministro da Educação Fernando Haddad Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Vice-Reitora Maria de Fátima Freire Melo Ximenes Secretária de Educação a Distância Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Secretária Adjunta de Educação a Distância Eugênia Maria Dantas Pró-Reitoria de Graduação Alexandre Augusto de Lara Menezes Comitê Gestor Presidente Alexandre Augusto de Lara Menezes Coordenação geral Apuena Vieira Gomes Coordenadores Apuena Vieira Gomes/CE Adir Luiz Ferreira/CE Gleydson de Azevedo Ferreira Lima/SINFO Marcos Aurélio Felipe/CE Maria Carmozi de Souza Gomes/PROGRAD Rex Antonio da Costa de Medeiros/ECT Coordenador de Produção de Materiais Didáticos Marcos Aurélio Felipe Projeto Gráfi co Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Kaline Sampaio de Araújo Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisoras de Língua Portuguesa Cristinara Ferreira dos Santos Emanuelle Pereira de Lima Diniz Janaina Tomaz Capistrano Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Revisora Técnica Rosilene Alves de Paiva Ilustradores Adauto Harley Anderson Gomes do Nascimento Carolina Costa de Oliveira Dickson de Oliveira Tavares Leonardo dos Santos Feitoza Roberto Luiz Batista de Lima Rommel Figueiredo Diagramadores Ana Paula Resende Carolina Aires Mayer Davi Jose di Giacomo Koshiyama Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Luciana Melo de Lacerda Rafael Marques Garcia Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) FICHA TÉCNICA Borges, Filipe Martel de Magalhães. Química Geral e Orgânica: uma abordagem para Química Tecnológica / Filipe Martel de Magalhães Borges, Salete Martins Alves e Tatiana de Campos Bicudo. – Natal: EDUFRN, 2011. 110 p.: il. Disciplina integrada ao Projeto Institucional da UFRN de fomento ao uso de tecnologia de comunicação e informação nos cursos de graduação. ISBN 978-85-7273-835-4 1. Química: tecnológica. 2. Ligações químicas. 3. Tabela periódica. 4. Combustíveis: Lubrifi cantes. I. Alves, Salete Martins. II. Bicudo, Tatiana Campos. III. Título. CDU 54-029.6 B732q Apresentação Institucional A Secretaria de Educação a Distância – SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no âmbito local, das Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação a Distância – SEED, o Ministério da Educação – MEC e a Universidade Aberta do Brasil – UAB/CAPES. Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição: a primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico, sendo implementados cursos de licenciatura e pós-graduação lato e stricto sensu; a segunda volta-se para a Formação de Gestores Públicos, através da oferta de bacharelados e especializações em Administração Pública e Administração Pública Municipal. Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD, a Sedis tem disponibilizado um conjunto de meios didáticos e pedagógicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que são elaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto gráfi co para atender às necessidades de um aluno que aprende a distância. O conteúdo é elaborado por profi ssionais qualifi cados e que têm experiência relevante na área, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material impresso é a referência primária para o aluno, sendo indicadas outras mídias, como videoaulas, livros, textos, fi lmes, videoconferências, materiais digitais e interativos e webconferências, que possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem. Assim, a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram o desafi o de contribuir com a formação desse “capital” humano e incorporou a EaD como moda- lidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais seleto o acesso à graduação e à pós-graduação no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN está presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões, ofertando cursos de graduação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado, interiorizando e tornando o Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o conhecimento uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local. Nesse sentido, este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLE- TE O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SEDIS/UFRN Sumário Aula 1 – Entendendo a Tabela Periódica Aula 2 – Ligações químicas Aula 3 – Química para combustíveis e lubrifi cantes 07 33 69 Entendendo a tabela periódica 1 Aula Aula 1 Química Tecnológica 1 2 3 Aula 1 Química Tecnológica 9 Apresentação Temos certeza de que você já ouviu falar ou já estudou sobre a tabela periódica. Nesta aula, queremos apresentar a tabela periódica moderna como uma ferramenta importantíssima para o estudo da química. No mundo ao nosso redor existe uma enorme diversidade de materiais e de substâncias que o constitui. Mas, a grande variedade de substâncias obtém-se a partir de um número muito reduzido de elementos químicos que, atualmente, se encontram organizados numa tabela – a tabela periódica dos elementos. A tabela periódica dos elementos químicos que será apresentada nesta aula é uma das ferramentas mais úteis em química. Além das riquezas de informações, ela pode ser usada para organizar muitas das ideias da química. É importante que você se familiarize com suas principais características e sua terminologia. Além da aula, preparamos para você uma tabela periódica interativa, nela você poderá fazer uma viagem pelos elementos químicos, conhecendo suas características e curiosidades. Boa viagem! Objetivos Entender como surgiu a tabela periódica. Conhecer a terminologia da tabela periódica e sua impor- tância para a química. Prever características dos elementos baseados na posição em que ocupam da tabela periódica. Aula 1 Química Tecnológica Aula 1 Química Tecnológica 11 A tabela periódica: um breve histórico Como surgiu a tabela periódica? Será que ela existe há muito tempo? Quem a desenvol-veu? Será que você conseguiu responder algumas dessas perguntas? Caso sua resposta seja negativa, não se desespere, pois nesta aula vamos aprender como se desenvolveu a tabela periódica até atingiro modelo atual. A descoberta individual dos elementos químicos foi um pré-requisito necessário para a construção da tabela periódica. Embora os elementos, tais como ouro (Au), prata (Ag), estanho (Sn), cobre (Cu), chum- bo (Pb) e mercúrio (Hg) fossem conhecidos desde a Antiguidade, outros elementos como arsê- nio (As), o antimônio (Sb) e o fósforo (P) foram descobertos pelos alquimistas posteriormente. Os alquimistas seguiam um objetivo que visava à descoberta da pedra fi losofal, a substân- cia capaz de transformar em ouro qualquer matéria com a qual fosse colocada em contato, e do elixir da longa vida, que haveria de prolongar a existência dos que o tivessem tomado. Embora a alquimia não fosse uma ciência experimental, ou seja, os trabalhos eram executados sem recorrer ao método científi co (forma sistemática de organizar as coisas), o impulso oferecido por ela foi muito grande. Nesta busca incessante, os alquimistas acabaram descobrindo novos elementos e processos úteis à vida prática, tais como a destilação e a sublimação. Em 1669, o alquimista alemão Henning Brand, quando procurava descobrir a pedra fi losofal, conseguiu “apenas” obter fósforo elementar através da destilação da urina. Este é o primeiro elemento sobre o qual existem registros históricos da sua descoberta. Durante os 200 anos seguintes um grande volume de conhecimento, relativo às proprie- dades dos elementos e seus compostos, foram adquiridos pelos químicos. Com o aumento do número de elementos descobertos, os cientistas iniciaram a investigação de modelos para reconhecer as propriedades e desenvolver esquemas de classifi cação. Assim, em 1869 Dimitri Ivanovitch Mendeleev apresentou uma classifi cação, que é a base da classifi cação periódica moderna, colocando os elementos em ordem crescente de suas massas atômicas (Figura 1), distribuídos em oito colunas verticais e doze faixas horizontais. Verifi cou que as propriedades variavam periodicamente à medida que aumentava a massa atômica. TABELLE II RO4 GRUPPE VIII. RO4 RH GRUPPE VII. RO4 RH2 GRUPPE VI. R2O5 RH3 GRUPPE V. RO2 RH4 GRUPPE IV. R2O3 GRUPPE III. RO GRUPPE II. R2O GRUPPE I. RE IH EN 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Li = 7 Be = 9,4 B = 11 ?Yt = 88 ?Di = 138 ?Er = 178 H = 1 K = 39 Na = 23 Rb = 85 Sr = 87 (Cu = 63) Cs = 133 (Ag = 108) Au = 199 Ca = 40 Mg = 24 Zn = 65 Bd = 137 Cd = 112 C = 12 Ti = 48 Zr = 90 Th = 231 ?Ce = 140 ?La = 180 Sl = 28 Sn = 118 Pb = 207 N = 14 V = 51 Nb = 94 Ta = 182 P = 31 As = 75 Sb = 122 Bi = 208 O = 16 Cr = 52 S = 32 Mo = 96 W = 184 U = 240 Se = 78 Te = 125 F = 19 Mn = 55 Fe = 56, Co = 59, Ni = 59, Cu = 63. Ru = 104, Rh = 104, Pd = 106, Ag = 108. Os = 195, Tr = 197, Pt = 198, Au = 199. Cl = 35,5 Br = 80 J = 127 Al = 27,3 In = 113 = 44 = 100 = 68 = 72 ( ) Hg = 200 Tl = 204 Aula 1 Química Tecnológica12 Figura 1 – Tabela periódica de Mendeleev (1871) Fonte: Maia e Bianchi (2007) A lei periódica estabelece que quando os elementos são listados, sequen- cialmente, em ordem crescente do número atômico, é observada uma repetição periódica em suas propriedades. Agora já sabemos como a tabela periódica foi desenvolvida pelos cientistas ao longo dos anos. Atualmente, ela apresenta 118 elementos, o dobro do número de elementos que havia na tabela proposta por Mendeleev. O próximo passo é aprender como é a sua divisão. Contudo, A tabela proposta por Mendeleev contava com 59 elementos e seus símbolos. Aqueles indicados com sinais de interrogação ainda não haviam sido descobertos. Exatamente pelo ato de deixar espaços vazios em sua tabela, este cientista teve tanto crédito ao seu trabalho. Afi nal, ele previu propriedades tanto físicas (ponto de fusão, ponto de ebulição e densidade) como químicas (combinação com outros elementos) para serem verifi cadas quando da descoberta dos elementos que ocupariam os vazios deixados na tabela. Em 1913, o cientista britânico Henry Moseley descobriu que o número de prótons no núcleo de um determinado átomo era sempre o mesmo. Moseley usou essa ideia para o número atômico de cada átomo. Quando os átomos foram arranjados de acordo com o aumento do número atômico, os problemas existentes na tabela de Mendeleev desapareceram. Devido ao trabalho de Moseley, a tabela periódica moderna está baseada no número atômico dos elemen- tos. A tabela atual se difere bastante da de Mendeleev. Com o passar do tempo, os químicos foram melhorando a tabela periódica moderna, aplicando novos dados com as descobertas de novos elementos ou um número mais preciso na massa atômica e rearranjando os existentes, sempre em função dos conceitos originais. Aula 1 Química Tecnológica 13 1 antes vamos revisar como é a estrutura de um átomo. Este conhecimento será importante para entender como a tabela periódica está estruturada. Que tal verifi carmos seu aprendizado sobre esse assunto? O que estava incorreto na concepção original de Mendeleev sobre a tabela periódica? Pesquise em livros ou na internet que fato fez Moseley identifi car qual a lei da periodicidade moderna. Aula 1 Química Tecnológica14 Confi gurações eletrônicas dos elementos Você deve se lembrar que, de modo geral, um átomo é composto por um núcleo, onde se concentram os prótons e os nêutrons, e uma nuvem eletrônica onde estão distribuídos os elétrons deste átomo. Para identifi car a localização destes elétrons foram defi nidos níveis quantizados de energia. Para compreender e prever a distribuição dos elétrons no átomo, temos que considerar que os elétrons são atribuídos às camadas ou níveis de energia, atual- mente um átomo pode conter até 7 camadas, cada uma comporta uma quantidade distinta de elétrons. Também, em uma determinada camada, os elétrons são atribuídos às subcamadas ou subníveis de energia, o total de subcamadas que um átomo pode ter é 4 e as mesmas são identifi cadas pelas letras s, p, d e f. A Tabela 1 indica a quantidade de elétrons que podem ser acomodados nas camadas e subcamadas de um átomo. Tabela 1 – Número de elétrons acomodado nas camadas e subcamadas Camada eletrônica Subcamadas disponíveis Número possível de elétrons dentro da subcamada Número máximo de elétrons para as camadas 1 s 2 2 2 s p 2 6 8 3 s p d 2 6 10 18 4 s p d f 2 6 10 14 32 5 s p d f 2 6 10 14 32 6 s p d 2 6 10 18 7 s p 2 6 8 A ordem de distribuição dos elétrons é dada pelo diagrama de Linus Pauling (Figura 2). Assim, a ordem de preenchimento é 1s→2s→2p→3s→3p→4s→3d→4p→5s→4d→5p→ 6s→4f→5d→6p→7s→5f→6d→7p. 2 1s 22 2s 2 3s 2 4s 2 5s 2 6s 2 7s 2 3d 1010 4d 1010 5d 1010 6d 1010 2p6 3p6 4p6 5p6 6p6 7p6 4f 1414 5f 1414 Aula 1 Química Tecnológica 15 Figura 2 – Diagrama de Linus Pauling Para exemplifi car esta forma de distribuição eletrônica, consideremos o átomo de silício (Si) que contém 14 elétrons, seguindo a sequência de preenchimento designada por Linus Pauling, tem-se a seguinte distribuição: Si = 1s2 2s2 2p6 3s2 3p2. Observa-se que o número em sobrescrito representa a capaci- dade de elétron do subnível, considerando que restaram apenas 2 elétrons para completar o último subnível 3p. Vamos praticar a distribuição eletrônica? Faça a distribuição eletrônica dos seguintes elementos: Ca, F, W, Br e Ni. Aumento no caráter metálico Au m en to n o ca rá te r m et ál ic o Metais Metaloides Não metais 57 La 58 Ce 59 Pr 60 Nd 61 Pm 62 Sm 63 Eu 64 Gd 89 Ac 90 Th 91 Pa 92 U 93 Np 94 Pu 95 Am 96 Cm 65 Tb97 Bk 66 Dy 98 Cf 67 Ho 99 Es 68 Er 100 Fm 69 Tm 101 Md 70 Yb 102 No 1 H 3 Li 4 Be 11 Na 12 Mg 19 K 20 Ca 21 Sc 22 Ti 23 V 24 Cr 25 Mn 26 Fe 27 Co 9876543 2 1 1A 18 8A 2A 13 3A 14 4A 15 5A 16 6A 17 7A 3B 4B 5B 6B 7B 8B 1B 2B 10 11 12 28 Ni 29 Cu 30 Zn 31 Ga 32 Ge 37 Rb 55 Cs 38 Sr 39 Y 40 Zr 41 Nb 42 Mo 43 Tc 44 Ru 45 Rh 46 Pd 47 Ag 48 Cd 49 In 50 Sn 33 As 34 Se 35 Br 36 Kr 51 Sb 56 Ba 71 Lu 72 Hf 73 Ta 74 W 75 Re 76 Os 77 Ir 87 Fr 88 Ra 103 Lr 104 Rf 105 Db 106 Sg 107 Bh 108 Hs 109 Mt 78 Pt 79 Au 80 Hg 81 Tl 82 Pb 83 Bi 52 Te 53 I 54 Xe 84 Po 116114112111110 85 At 86 Rn 13 Al 14 Si 15 P 16 S 17 Cl 18 Ar 5 B 6 C 7 N 8 O 9 F 10 Ne 2 He Aula 1 Química Tecnológica16 A construção da tabela periódica Segundo tendências atuais, a classifi cação devido às características físicas e químicas dos elementos, tem-se optado pela disposição dos elementos em dois grupos: metais e os não metais (ou ametais). No entanto, ainda prevalece o sistema com a divisão em metais, não metais, semimetais (metaloides), gases nobres e hidrogênio (Figura 3). Figura 3 – Tabela periódica Outro critério de organização é estabelecido pela distribuição dos elétrons para cada elemento químico. O método consiste em numerar as dezoito famílias ou grupos, ou dezoito colunas, de 1 a 18. O sistema anterior sugeria dois grandes grupos de famílias A e B, e cada um desses grupos era subdividido em oito grupos. Os elementos de um mesmo grupo pos- suem o mesmo número de elétrons na última camada eletrônica (ou camada de valência). Por exemplo, o elemento lítio (Li) pertence ao grupo 1, ou seja, tem 1 elétron na última camada, já o fl úor (F) que pertence ao grupo 17 (7A) possui 7 elétrons na camada de valência. Os conjuntos de elementos na mesma orientação horizontal (linhas) são denominados períodos. Na classifi cação atual, como na anterior, existem sete períodos correspondentes aos níveis ou camadas de um átomo: (K, L, M, N, O, P, Q). Assim, os elementos de um mesmo período possuem o mesmo número de camadas. Como exemplo, podemos citar o cloro (Cl) que se encontra no terceiro período, portanto, esse elemento possui três camadas. Também vale salientar que podemos dividir a tabela periódica em: � Elementos representativos (antigo grupos A) - o último elétron é colocado em subnível s ou p. Por exemplo, o magnésio (Mg) é um elemento do segundo grupo, portanto possui dois elétrons na última camada. 1s 2s 3s 4s 5s 6s 2p 3p 4p 5p 6p 7s 3d 4d 5d 4f 5f 6d Bloque s Bloque p Bloque d Bloque f Aula 1 Química Tecnológica 17 � Elementos de transição (grupos B) - o último elétron é colocado no subnível d e na pe- núltima camada. Esses elementos estão localizados no centro da tabela periódica. � Elementos de transição interna (série dos lantanídeos e actinídeos) - o último elétron é colocado no subnível f, na antepenúltima camada. Assim, podemos dividir a tabela em função do subnível, no qual o último elétron do átomo é inserido. Na tabela a seguir estão agrupados juntamente os átomos, em que o último elétron é adicionado ao subnível s. Estes átomos têm confi guração eletrônica ns1 ou ns2 (n é o número de camada do átomo, o que corresponde ao número do período) e os chamamos de bloco s (Figura 4). Figura 4 – A tabela periódica dividida pela confi guração eletrônica Os grupos de 13 a 18 são compostos por elementos nos quais o último elétron é adicio- nado ao subnível p, assim eles têm confi guração nsnp e constituem o bloco p. A quantidade de elétron no subnível p aumenta de acordo com a sequência do grupo, por exemplo, se o elemento for do grupo 13 ele terá a confi guração ns2np1 e se for do grupo 17 terá a confi gu- ração ns2np5. Nos elementos dos grupos 3 a 12, o último elétron é adicionado na penúltima camada e no subnível d, tendo uma confi guração (n-1)d. O subnível d pode conter 10 elétrons; este preenchimento explica o fato de haver dez colunas nos elementos deste bloco (d). O bloco f é representado pelos lantanoides e actinoides , nestes elementos a subcamada a ser preenchida é a f da antepenúltima camada, assim sua confi guração será (n-2)f . Desse modo, podemos afi rmar que é possível predizer a confi guração eletrônica de um elemento apenas verifi cando a sua posição da tabela periódica. Elementos de TransiçãoM et ai s Al ca lin ot er ro so s M et ai s Al ca lin os Fa m íli a do B or o Fa m íli a d o A zo to Fa m íli a do C ar bo no Ca lc og ên io s Ha lo gê ni os Ga se s No br es Série dos Lantanídeos Série dos Actinídeos Zn Cd Hg Uub Sc BeLi C N O F He B Y La Ac 13 14 1 21˚ 2˚ 3˚ 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 4˚ 5˚ 6˚ 7˚ 15 16 17 18 H Aula 1 Química Tecnológica18 Uma visão geral dos elementos da tabela periódica Agora que já sabemos como a tabela periódica está dividida, vamos conhecer um pouco das características de cada grupo? As colunas verticais, ou grupos, da tabela periódica contêm os elementos com proprieda- des químicas e físicas semelhantes. Cada grupo constitui uma família de elementos, às quais se atribui, por vezes, uma designação própria (Figura 5). Por exemplo, o grupo 1 é o grupo dos metais alcalinos; o grupo 2 o dos metais alcalinoterrosos; o grupo 16 o dos calcogênios; o grupo 17 o dos halogênios e o grupo 18 é chamado o grupo dos gases nobres ou inertes. As características das várias famílias serão exploradas mais adiante. Figura 5 – Famílias constituintes da tabela periódica Grupo 1 (Li, Na, K, Rb, Cs, Fr) Os elementos na coluna mais à esquerda são conhecidos como metais alcalinos. Todos são metais e são sólidos à temperatura ambiente. Os metais do grupo 1 são todos reativos. Por exemplo, reagem com água para produzir hidrogênio e soluções alcalinas. Em razão de sua reatividade, esses metais somente são encontrados na natureza combinados em compostos como NaCl, nunca como substâncias simples. Grupo 2 (Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra) Os elementos do grupo 2 são chamados de elementos alcalinosterrosos. Esses elementos metálicos ocorrem naturalmente apenas em compostos como a calcita (carbonato de cálcio - CaCO 3 ). À exceção do berílio (Be), esses elementos também reagem com água para produzir soluções alcalinas, e a maioria de seus óxidos (como a cal, CaO) forma soluções alcalinas. Aula 1 Química Tecnológica 19 O magnésio (Mg) e o cálcio (Ca) são o sétimo e o quinto elementos mais abundantes na crosta terrestre, respectivamente. O cálcio é especialmente conhecido, pois é um dos elemen- tos importantes nos dentes e ossos, e ocorre em vastos depósitos de calcário. O carbonato de cálcio é o constituinte principal da pedra calcária e dos corais, das conchas marinhas, do mármore e o do giz. O rádio é o elemento alcalinoterroso mais pesado, é radioativo e é usado no tratamento de alguns tipos de câncer por radiação. Grupo 13 (B, Al, Ga, In, Tl) O grupo 13 contém um elemento de grande importância, o alumínio (Al). Esse elemento (Al) e três outros (Ga, In, Tl) são metais, enquanto o boro (B) é um metaloide. O alumínio (Al) é o metal mais abundante na crosta terrestre. Sua abundância somente é menor do que a dos não metais oxigênio e silício. Esses três elementos (Ga, In, Tl) são encontrados combinados nas argilas e em outros minerais comuns. O boro ocorre no bórax mineral (Na 2 B 4 O 7 ·10H 2 O) e é usado comoagente de limpeza, antisséptico e como fl uxo para trabalho em metal. Grupo 14 (C, Si, Ge, Sn, Pb) Neste grupo, encontra-se um não metal (C), dois metaloides, silício (Si) e germânio (Ge), e dois metais, estanho (Sn) e chumbo (Pb). Devido à mudança de comportamento metálico para não metálico, existe mais variação nas propriedades dos elementos desse grupo do que na maioria dos outros. O carbono é base para a grande variedade de compostos químicos que constituem os seres vivos. Na Terra, esse elemento encontra-se na atmosfera na forma de CO 2 , nos carbo- natos como calcário e no carvão, no petróleo e no gás natural – os combustíveis fósseis. Um dos aspectos mais interessantes da química dos não metais é a propriedade da alotropia, na qual um determinado elemento pode existir em diversas formas. O silício é a base de muitos minerais, como argilas, o quartzo e as belas gemas, como a ametista. O estanho e o chumbo são conhecidos há séculos, pois são facilmente obtidos a partir de seus minérios. A liga de cobre e estanho é o bronze, que foi usado por centenas de anos em utensílios e armas. O chumbo foi utilizado em encanamentos e tinta, embora o elemento seja tóxico para os humanos. Grupo 15 (N, P, As, Sb, Bi) O nitrogênio, na forma de N 2 , constitui aproximadamente três quartos da atmosfera terrestre, ele também está incorporado em substâncias biologicamente importantes, como a clorofi la e as proteínas de DNA. Dessa maneira, os cientistas têm procurado há muito tempo formas de fi xar o nitrogênio atmosférico (formando compostos do elemento). A natureza atinge facilmente esse objetivo com as plantas, mas condições severas (altas temperaturas, por exemplo) têm de ser usadas no laboratório e na indústria para fazer com que o nitrogênio Aula 1 Química Tecnológica20 reaja com outras substâncias elementares (como o H 2 , para formar a amônia, e o NH 3 que é muito utilizada como fertilizantes). O fósforo, essencial à vida, é um constituinte importante dos ossos e dos dentes. O elemento brilha no escuro se estiver no ar. Grupo 16 (O, S, Se, Te,Po) Esse grupo começa com o oxigênio, que constitui aproximadamente 20% da atmosfera terrestre e que se combina prontamente com a maioria dos outros elementos. A maior parte da energia que impulsiona a vida na Terra é derivada das reações, em que o oxigênio combina-se com outras substâncias. O enxofre, o selênio e o telúrio são conhecidos coletivamente como calcogênios (da pala- vra grega, khalkos, que signifi ca cobre), eles ocorrem nos minérios de cobre. Seus compostos podem ser malcheirosos e venosos. Apesar disso, o enxofre e o selênio são componentes essenciais da dieta humana. O composto mais importante do enxofre é o ácido sulfúrico (H 2 SO 4 ), que a indústria química produz em maior quantia. O polônio, elemento radiativo, foi isolado em 1898 por Marie e Pierre Curie, que o sepa- raram de toneladas de minérios que continham urânio, e deram seu nome em homenagem ao país de origem da madame Curie, a Polônia. Grupo 17: halogênios (F, Cl, Br, I, At) Elementos inteiramente não metálicos. Os elementos desse grupo: fl úor, cloro, bromo e iodo existem como substâncias elementares na forma de moléculas diatômicas. Todos com- binam violentamente com metais alcalinos para formar sais como o sal de cozinha NaCl. O nome para esse grupo, halogênios, vem da palavra hals, que signifi ca “sal” e genes, que signifi ca “formador”. Os halogênios reagem com muitos outros metais para formar compostos e combinam-se também, como a maioria dos não metais. Eles estão entre os elementos mais reativos. Grupo 18: gases nobres (He, Ne, Ar, Kr, Xe, Rn) Os elementos desse grupo são os menos reativos. Todos são gases e nenhum é abun- dante na Terra ou na atmosfera terrestre. Por causa disso, não foram descobertos até o fi m do século XIX. O hélio, segundo elemento mais abundante do universo após o hidrogênio, foi detectado no Sol em 1868 pela análise do espectro solar (o nome do elemento vem da palavra grega para o Sol, helios). Até 1962, quando um composto de xenônio foi preparado pela primeira vez, acreditava-se que nenhum desses elementos se combinaria quimicamente com qualquer outro elemento, o que gerou o nome de gás nobre para esse grupo, termo cuja intenção é mostrar sua baixa reatividade em geral. 3 1 2 Aula 1 Química Tecnológica 21 Elementos de transição Todos são metais e 13 deles estão entre os 30 elementos mais abundantes da crosta terrestre. Alguns como o ferro (Fe), são abundantes na natureza. A maioria ocorre natural- mente em combinação com outros elementos, mas alguns com a prata (Ag), o ouro (Au) e a platina (Pt) são muito menos reativos, de modo que podem ser encontrados na natureza como substâncias simples puras. Praticamente, todos os elementos de transição têm usos comerciais – são usados como materiais estruturais (Fe, Ti, Cr e Cu); em pinturas (titânio, cromo); nos conversores ca- talíticos em sistemas exaustão de automóveis (platina e ródio); em moedas (cobre, níquel e zinco) e em baterias (manganês, níquel, cádmio, mercúrio). O ferro (Fe) desempenha a função biológica de ser o elemento central na química da hemoglobina (o componente do sangue que transporta oxigênio). Duas fi leiras da parte inferior da tabela periódica acomodam os lantanídeos e os acti- nídeos. Alguns compostos de lantanídeos são usados nos tubos de televisores coloridos. O urânio é o combustível das usinas nucleares e o amerício é usado em detectores de fumaça. Como vimos nesta aula, a química faz parte no nosso cotidiano, os elementos presentes na tabela periódica estão muito próximos de nós, formando substâncias que são essenciais para a nossa sobrevivência, ou mesmo, para melhorar a nossa qualidade de vida. Você já havia enxergado a química desse ponto de vista? Vamos testar nossos conhecimentos sobre a tabela periódica? Como está dividida a tabela periódica? Revendo a tabela periódica: a) Dê o nome de um elemento do grupo 2. b) Dê o nome de um elemento do terceiro período. c) Que elemento está no segundo período do grupo 14? d) Que elemento está no terceiro período do grupo 16? Aula 1 Química Tecnológica22 e) Que halogênio está no quinto período? f) Que elemento alcalinoterroso está no terceiro período? g) Que gás nobre está no quarto período? h) Dê o nome de um não metal no grupo 16 e terceiro período. i) Dê o nome de um metaloide do quarto período. Raio = d/2/2 d Raio atômico médio Aula 1 Química Tecnológica 23 Propriedades periódicas Algumas das propriedades dos átomos mostram variações periódicas em função de número atômico, elas tendem a crescer ou a decrescer com o aumento dos números atômicos dos ele- mentos químicos ao longo do período. Nesta aula, estudaremos quatro propriedades periódicas. Raio atômico Você sabe qual é o “tamanho” de um átomo? Segundo a teoria do orbital atômico, os elétrons não possuem órbitas defi nidas, torna-se impossível pensar no raio de um átomo como uma defi nição puramente matemática. Assim, o raio atômico é medido e defi nido como a distância entre dois átomos iguais em uma molécula (Figura 6). Figura 6 – Determinação do raio atômico de um átomo Consideremos o caso da molécula de hidrogênio, H 2 , a distância de ligação nesta molécula foi determinada e é de 0,074 nm. O termo distância de ligação é referente à distância entre os núcleos de dois átomos ligados, portanto, é razoável considerar que, na molécula H 2 , a metade de 0,074 nm, ou 0,037 nm, é o raio atômico de um único átomo de hidrogênio. A tendência de variação dos raios entre os diversos elementos de uma mesma família é facilmente previsível. À medida que aumenta o número atômico dentro do grupo, maior será o raio atômico, pois o número de camadas vai aumentando – quanto maior o númerode camadas, maior o tamanho. Quanto à variação de tamanho ao longo de um período, a variação não é tão simples quando comparada à variação ao longo de uma família. De modo geral, os raios dos elementos diminuem à medida que os números atômicos aumentam ao longo do período, da esquerda para a direita (Figura 7). 10 5 1,0 1,5 2,0 2,5 20 30 40 50 60 70 80 90 R ai o at ôm ic o (× 10 -1 0 c m ) Li Na K Rb CsRaio atômico (pm) F Cl Br I At 64 99 114 133 140 Aula 1 Química Tecnológica24 Figura 7 – Periodicidade do raio atômico em função do período Como podemos explicar esse decréscimo do raio atômico ao longo do período? De acordo com as confi gurações eletrônicas, ao longo do segundo e terceiro períodos, os elétrons são adicionados na camada de valência. Simultaneamente os prótons são adicionados ao núcleo, aumentando a carga nuclear. Esse aumento atrai todos os elétrons, aproximando-os do núcleo, como resultado, o raio atômico diminui. Nos períodos 4, 5 e 6, o decréscimo nos raios atômicos ao longo do período é moderado pela intervenção da série de elementos de transição. Por quê? A estruturação de confi gurações eletrônicas da série dos elementos de transição é caracterizada por um aumento gradual do número de elétrons na penúltima camada externa (n-1), e não na camada de valência (n). Uma vez que os elétrons são colocados na penúltima camada e no subnível d, entre o núcleo e a camada de valência, eles protegem parcialmente os elétrons da camada de valência da força de atração exercida pelo núcleo. Essa proteção é conhecida como efeito blindagem. Energia de ionização Você acha que é possível retirar elétrons de um átomo? A seguir, veremos como isto é possível e quais são os átomos que têm a tendência de perder elétrons. Quando um átomo isolado, em seu estado fundamental, absorve energia, o elétron pode se transferir de um nível energético quantizado para outro. Se a energia fornecida for sufi ciente, o elétron pode ser completamente removido do átomo, originando um íon positivo. Assim, energia de ionização é a mínima energia necessária para remover um elétron de um átomo isolado no seu estado fundamental. Um exemplo genérico para o processo de ionização para um elemento X, pode ser representado por: X (g) → X+ (g) + 1e-(1ª energia de ionização – EI) X+(g) → X 2 + (g) + 1e-(2ª energia de ionização – EI) X 2 +(g) → X 3 + (g) + 1e-(3ª energia de ionização – EI) Pr im ei ra e ne rg ia d e io ni za çã o (k J/ m ol ) Número atômico (Z ) 0 10 20 03 40 50 60 70 80 90 500 1.000 1.500 2.000 2.500 He Ne H Li Na K Rb Cs Xe Rn KrAr Aula 1 Química Tecnológica 25 Se exemplifi carmos com o sódio (Na), tem-se: Na (g) → Na+ (g) + 1e- EI = 497,4 kJ/mol Na+ (g) → Na 2 + (g) + 1e-EI = 4560 kJ/mol À medida que aumenta o raio ou o tamanho de um átomo, gradativamente a energia de ionização torna-se menor (Figura 8) e a primeira energia de ionização tende a aumentar através do período. Em geral, a carga nuclear aumenta através do período e os elétrons da camada de valência são atraídos mais fortemente para o núcleo. Consequentemente, mais energia é necessária para remover um elétron do átomo. Figura 8 – Primeiras energias de ionização De uma forma geral, os metais têm energias de ionização mais baixas do que os não me- tais. Através da fi gura é, ainda, perceptível que os elementos que têm maior energia de ionização são os gases nobres, daí a sua inércia química, e os que têm menor energia de ionização são os metais alcalinos, pois têm confi guração de valência ns1, isto é, têm apenas um elétron de valência que facilmente o perdem para adquirirem a confi guração eletrônica do gás nobre do período anterior. Os metais alcalinoterrosos têm energias de ionização um pouco superiores às dos metais alcalinos. De todos os elementos, o que tem maior energia de ionização é o hélio. Seria possível retirar mais de um elétron? A energia necessária para retirar um segundo ou terceiro elétron seria maior ou menor do que a energia necessária para retirar o primeiro elétron? Consideremos que a segunda, terceira, quarta etc. energias de ionização são aquelas para remover o segundo, terceiro, quarto, etc. elétrons, respectivamente. Elas são maiores que a primeira energia de ionização. O aumento das energias de ionização resulta do fato de que cada elétron retirado deixa o íon mais positivamente carregado, do que o íon deixado pelo elétron anterior, aumentado assim a atração entre o próton presente no núcleo e os elétrons. A sucessiva remoção de elétrons diminui o tamanho dos íons e aumenta a energia de ionização. Afi ni da de e le tr ôn ic a (k J/ m ol ) Número atômico (Z) 5 10 15 20 −400 −300 −200 −100 0 +100 +200 +300 +400 H He Be B C N O F Ne Na Al Si S Cl Ar K Ca P Mg Li Aula 1 Química Tecnológica26 Afi nidade eletrônica Já vimos que um átomo pode perder um ou mais elétrons, mas uma nova pergunta surge: será que ele pode receber elétrons? Um átomo também pode receber um elétron produzindo um íon negativo:X(g) + e- → X- (g). Esse processo é normalmente acompanhado por uma liberação de energia e tal quantidade mede o quão fortemente o elétron se liga ao átomo. Assim, defi ne-se afi nidade eletrônica como a variação de energia que ocorre quando um elétron é adicionado a um átomo isolado gasoso, formando um íon negativo. Quando um elétron é adicionado ao fl úor, por exemplo, ocorre a liberação de 328 kJ/mol. Desse modo, dizemos que a afi nidade eletrônica do fl úor é -328 kJ/mol (o sinal negativo indica que a energia está sendo liberada). F(g) + e- → F- (g) ΔE = -328 kJ/mol Quanto maior a atração que um átomo exerce sobre um elétron adicionado a ele, maior será a afi nidade eletrônica do átomo (mais negativa a variação de energia). No entanto, nem todos os átomos possuem afi nidade eletrônica negativa, pois para esses átomos, a energia envolvida na entrada de um elétron em sua eletrosfera é positiva (ou seja, absorvida). A periodicidade na afi nidade eletrônica é demonstrada na Figura 9. Embora o comportamento não seja uniforme, os elementos do grupo 1, Li e Na têm afi nidades eletrônicas ligeiramente negativas. Esses elementos têm pouca tendência de ganhar elétrons. Os elementos Be e Mg (grupo 2) têm valores positivos, isto signifi ca que para que esses elementos possam ganhar elétrons, terão que absorver uma grande quantidade de energia. Figura 9 – Variação da afi nidade eletrônica com o número atômico para os primeiros 20 elementos Os valores de afi nidade eletrônica apresentam a tendência de aumentar à medida que caminhamos da família 13 para a 17. Os halogênios possuem os maiores valores de afi nidade eletrônica, justamente por necessitarem de um elétron para completar o octeto, fi cando com H 2,2 Li 1,0 Na 0,9 K 0,8 Rb 0,8 Cs 0,7 Fr 0,7 Be 1,5 Mg 1,2 Ca 1,0 Sr 1,0 Ba 0,9 Ra 0,9 Sc 1,3 Y 1,2 * ** Ti 1,5 Zr 1,4 Hf 1,3 Rf V 1,6 Nb 1,6 Ta 1,5 Db Cr 1,6 Mo 1,8 W 1,7 Sg Mn 1,5 Tc 1,9 Re 1,9 Bh Fe 1,8 Ru 2,2 Os 2,2 Hs Co 1,9 Rh 2,2 Ir 2,2 Mt Ni 1,8 Pd 2,2 Pt 2,2 Ds Cu 1,9 Ag 1,9 Au 2,4 Rg Zn 1,6 Cd 1,7 Hg 1,9 Uub B 2,0 Al 1,5 Ga 1,6 In 1,7 Ti 1,8 Uut C 2,5 Si 1,8 Ge 1,8 Sn 1,8 Pb 1,9 Uuq N 3,0 P 2,1 As 2,0 Sb 1,9 Bi 1,9 Uup O 3,5 S 2,5 Se 2,4 Te 2,1 Po 2,0 Uuh F 4,0 Cl 3,0t Br 3,0 I 2,5 At 2,2 Uus He Ne Ar Kr Xe Rn Uuo 1 12 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 2 3 4 5 6 7 Grupo Período Escala de eletronegatividade de Pauling Aula 1 Química Tecnológica 27 a confi guração de gás nobre. Por outro lado, os gases nobres possuem afi nidade eletrônica positiva, pois um novo elétron tem de ocupar um subnível de mais alta energia. Como percebemos através dos conceitos de energia de ionização e afi nidade eletrônica, os átomos podem receber ou perder elétrons. Observamos que os metais têm facilidade em perder elétrons e os não metais em receber elétrons, portanto, podemos ter transferência de elétrons entre esses grupos de elementos. O que isto signifi ca? Que os elementos podem reagir (ou ligar) entre si formando novos elementos. O assunto “ligações químicas” será o tema da aula seguinte. O importante agora é saber que estas duas propriedades periódicas, energia de ionização e afi nidade eletrônica, nos auxiliam a prever se haverá ligações químicas entre determinados átomos. Eletronegatividade É também importante estudar outra propriedade periódica: a eletronegatividade. A eletronegatividade pode ser defi nida como a capacidade de um determinado átomo atrair os elétrons envolvidos em uma ligação química. Assim, podemos concluir que um elemento químico A é mais eletronegativo do que um elemento químico B se os elétrons envolvidos na ligação entre A e B sentem mais a atração do átomo do elemento A. Os valores de eletronegatividade são baseados em outras propriedades dos átomos, inclusive a energia de ionização. Os elementos com valores elevados de energia de ionização terão eletronegatividade elevada, e elementos com baixa energia de ionização exibirão baixa eletronegatividade. A Figura 10 apresenta os dados de eletronegatividade calculadas por Linus Pauling (1901- 1994), um dos mais infl uentes químicos do século XX. Com relação aos gases nobres, não se defi ne eletronegatividade, uma vez que tais elementos não participam de ligações químicas em condições normais. Figura 10 – Escala de eletronegatividade de Pauling Aula 1 Química Tecnológica28 Você verá na próxima aula que a eletronegatividade é uma informação importante para avaliar a polaridade de uma ligação química. Para fi nalizar esta aula, apresentamos a você uma quadro (Quadro 1), na qual estão inseridas as propriedades químicas e físicas dos grupos que acabamos de estudar. Neste quadro, também se apresenta relações entre as propriedades periódicas e a reatividade dos elementos, bem como com sua confi guração eletrônica. Leia com atenção essas informações. Grupo da Tabela Propriedades Físicas Propriedades Químicas Grupo 1 (metais alcalinos) - São moles e poucos densos. - São sólidos à temperatura ambiente, à exceção do césio e do frâncio que se encontram no estado líquido. - Apresentam pontos de fusão e ebulição elevados. - Têm brilho metálico, quando à superfície, está recentemente cortada. - São bons condutores da corrente elétrica. - Ardem com uma chama característica. - São muito reativos e, por isso, não existem livres na Natureza; surgem sob a forma de compostos iônicos. - Formam facilmente íons monopositivos, por terem configuração eletrônica de valência ns1. - Reagem com a água, originando compostos alcalinos (hidróxidos) e libertando hidrogênio. - Quando expostos ao ar, reagem com o oxigênio gasoso para formar vários tipos diferentes de óxidos. - Possuem baixas energias de ionização, pois têm tendência a perder o elétron de valência. Grupo 2 (metais alcalinoterrosos) - São mais duros e mais densos que os metais alcalinos. - Têm brilho metálico quando recentemente polidos. - Conduzem bem o calor e a eletricidade. - Nunca aparecem livres na natureza; surgem, quase sempre, sob a forma molecular. - Quando isolados são muito reativos, embora menos que os do grupo anterior. - Formam facilmente íons dipositivos, por terem confi guração eletrônica de valência ns2. - Quando reagem com a água formam compostos alcalinos e libertam hidrogênio (apenas o berílio não reage com a água). - Reagem com o oxigênio, originando óxidos. - Reagem com ácidos, dando origem a hidrogênio gasoso. - Possuem energias de ionização mais elevadas do que as do grupo anterior. Grupo 13 - O boro é um semimetal. - O alumínio, o gálio, o índio e o tálio são metais. - o gálio é o único que se encontra em estado líquido à temperatura ambiente; os outros se encontram no estado sólido. - Formam muitos compostos moleculares. - O boro não forma compostos iônicos binários e não reage com o oxigênio, nem com a água. - O alumínio origina óxido de alumínio quando reage com o oxigênio. - Têm tendência para formar íons tripositivos, pois têm configuração eletrônica de valência ns2np1. - No entanto, para o tálio, o íon monopositivo (Tl+) revela-se mais estável do que o íon tripositivo (Tl3+). Aula 1 Química Tecnológica 29 Grupo 14 - São todos sólidos à temperatura ambiente. - O carbono é um não metal. - O silício e o germânio são semimetais. - O estanho e o chumbo são metais. - Não formam compostos iônicos. -Os elementos metálicos desse grupo não reagem com a água, mas reagem com ácidos liberando hidrogênio gasoso. - Têm confi guração eletrônica de valência ns2np2. - Formam compostos nos dois estados de oxidação +2 e +4. Grupo 15 - O nitrogênio encontra-se no estado gasoso e os outros no estado sólido, à temperatura ambiente. - O nitrogênio e o fósforo são não metais. - O arsênio e o antimônio são semimetais. - O bismuto é um metal. - O nitrogênio existe como um gás diatômico (N 2 ) e forma um número razoável de óxidos. - O fósforo existe na forma de molécula (P4) e forma dois óxidos sólidos (P 4 O 6 e P 4 O 10 ). - O bismuto é muito menos reativo do que os metais do grupo 1 a 14. - O arsênio, o antimônio e o bismuto têm estruturas tridimensionais extensas. - Têm confi guração eletrônica de valência ns2np3. - O nitrogênio tem tendência para captar três elétrons. Grupo 16 (calcogênios) - O oxigênio é o único que se encontra no estado gasoso à temperatura ambiente; os outros são todos sólidos. - O oxigênio, o enxofre e o selênio são não metais. - O telúrio e o polônio são semimetais. - O oxigênio existe sob a forma de molécula diatômica simples (O 2 ), o enxofre e o selênio existem como unidades (S 8 e Se 8 ). - O telúrio e o polônio têm estruturas muito extensas. - Formam um grande número de compostos moleculares com não metais, especialmente o oxigênio. - Formam íons dinegat ivos, pois facilmente captam dois elétrons, por terem confi guração eletrônica de valência ns2np4. Grupo 17 (halogênios) - São todos não metais. - O fl úor e o cloro são gasosos, o bromo é líquido e o iodo é sólido à temperatura ambiente. - São tóxicos. - São muito reativos, deste modo, nunca se encontram na natureza na forma elementar. - À exceção do ástato, formam moléculas diatômicas simples (F 2 , Cl 2 , Br 2 , I 2 ). - Formam facilmente íons mononegativos, por terem configuração eletrônica de valência ns2np5. - As suas moléculas reagem com o hidrogênio, formando halogenetos de hidrogênio, que quando dissolvidos em água formam soluções ácidas de caráter variado. - Quando suas moléculas reagem com os metais originam halogenetos metálicos (compostos iônicos). - Têm elevadas energias de ionização, pois têm tendência à captar um elétron para adquirirem a configuração eletrônica do gás nobre do mesmo período. Grupo 18 (gases nobres) - São gases incolores e inodoros. - Os átomos desses elementos não formam moléculas. - Não apresentam reatividade, por terem as orbitais de valência completamente preenchidas (ns2np6). - São muito estáveis. Quadro1 – Propriedades das famílias dos elementos representativose dos gases nobres Fonte: Maia e Biachi (2007); Brown et al (2005); Kotz e Treichel (2005). Resumo Aula 1 Química Tecnológica30 Considere os seguintes elementos: Ni, Sn, Cl, Ba, Mg, Si e O. Ordene estes elementos (do menor para o maior) conforme: a) raio atômico; b) energia de ionização; c) afi nidade eletrônica. 4 Nesta aula, você aprendeu que a lei periódica estabelece que as proprieda- des dos elementos são funções periódicas de seus números atômicos. Assim, a tabela periódica agrupa famílias de elementos com propriedades semelhantes em colunas verticais chamadas grupos e, em fi las horizontais chamadas períodos, nas quais os elementos de um período possuem o mesmo número de camadas. Você também aprendeu que existem propriedades dos átomos que são periódicas e podem ser previstas pelo conhecimento da tabela periódica, são elas: raio atô- mico, energia de ionização, eletronegatividade e afi nidade eletrônica. Conhecendo estas propriedades é possível reconhecer o papel que desempenham na química dos elementos. Autoavaliação Com o término da nossa aula é chegada a hora de verifi carmos se o conteúdo exposto foi assimilado. Desse modo, preparamos alguns exercícios para você. É possível a existência de elementos radioativos naturais? Cite dois exemplos. De que maneira a atual tabela periódica serve como guia para escrever as confi gu- rações eletrônicas? Qual é a confi guração eletrônica para a camada de valência dos grupos 1, 2 e 17? 1 2 3 Anotações Aula 1 Química Tecnológica 31 Para melhorar a tenacidade, a resistência a corrosão e também a resistência me- cânica, costuma-se colocar vanádio como constituinte do aço. Faça a distribuição eletrônica do vanádio (Z=23) e encontre sua posição na tabela periódica. Qual das duas espécies possui a maior energia de ionização: potássio (K) ou iodo (I)? Explique sua resposta. Quais as propriedades físicas e químicas dos metais alcalinos e alcalinoterrosos? Referências BROWN, T. L. et al. Química a ciência central. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M. Química geral 1 e reações químicas. São Paulo: Editora Pioneira Thomson Learning, 2005. MAIA, D. J.; BIANCHI, J. C. Química geral: fundamentos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. RUSSEL, J. B. Quimica geral. 2. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1994. v 1. 4 5 6 Anotações Aula 1 Química Tecnológica32 Ligações químicas 2 Aula Aula 2 Química Tecnológica 1 2 3 Aula 2 Química Tecnológica 35 Apresentação Após ter estudado, na Aula 1, a Tabela periódica e as propriedades dos átomos, vamos aprender nesta aula como os átomos se ligam para formar as diversas substâncias existentes ao nosso redor, como as ligações químicas explicam as propriedades das substâncias e, também, estudar a energia envolvida nestas ligações. Esses conhecimentos servirão de base para uma melhor compreensão dos próximos conteúdos a serem estudados. Objetivos Defi nir os conceitos associados às ligações químicas (sím- bolo de Lewis, regra do octeto e eletronegatividade). Compreender e diferenciar os tipos de ligações químicas. Associar as ligações químicas às propriedades das subs- tâncias e suas energias. Aula 2 Química Tecnológica Distância interatômica /pm Ep /k J. m ol − 1 Aula 2 Química Tecnológica 37 Considerações iniciais Os átomos de quase todos os elementos podem se combinar, formando ligações e ge-rando substâncias cujas energias são sempre menores do que a soma das energias que esses átomos teriam se permanecessem separados. Em outras palavras: podemos dizer que um composto químico é formado apenas se proporcionar uma situação de estabilidade energética (termodinâmica) maior que aquela envolvendo seus constituintes isoladamente. Como os átomos podem atingir estabilidade energética? Perdendo, recebendo ou com- partilhando os elétrons de valência (última camada). A forma como os elementos atingem a confi guração mais estável defi ne o tipo de ligação. Considerando a fi gura a seguir, observamos o ponto entre os átomos de menor distância na região de menor valor energético e o ponto de estabilidade cuja ligação se forma. Figura 1 – Diagrama de energia potencial Assim, podemos dizer que quando uma ligação química é formada, energia é liberada! Quando nos referimos às substâncias químicas, muitas vezes pensamos na sua utilidade. Quando queremos uma substância isolante, procuramos um determinado composto que não deixe passar a corrente elétrica; quando precisamos de um condutor, a substância permitirá a passagem da corrente elétrica; quando é necessário riscar algo, pensamos em substâncias mais duras e resistentes e, assim, poderíamos citar vários outros exemplos. Mas qual a re- lação entre a utilidade dessas substâncias e suas propriedades? Por que uma determinada substância pode ter um uso e outra semelhante não serve para o mesmo fi m? Qual será a explicação para que substâncias tenham comportamentos tão diferentes e, consequente- mente, aplicações tão variadas? Estudaremos as ligações que formam essas substâncias. Aumento da energia de ionização Au m en to d a e ne rg ia d e i on iza çã o En er gi a de io ni za çã o (k J/ m ol ) 0 8A 7A 6A 5A 4A 3A 2A 1A 500 1000 1500 2000 2500 Aula 2 Química Tecnológica38 Aspectos gerais No período em que se procurava desenvolver um modelo atômico compatível com as observações sobre a natureza, paralelamente, se especulava sobre possíveis mecanismos de ligação entre os átomos para formar os corpos. A ligação química, sendo a interação de dois átomos (ou grupos de átomos), está intima- mente ligada ao rearranjo da estrutura eletrônica, associado à formação da ligação covalente, ligação iônica e ligação metálica. Relembrando o que estudamos anteriormente, o potencial de ionização e a afi nidade eletrônica são duas propriedades periódicas que podem nos auxiliar a compreendermos a natureza da ligação química. Lembremos, inicialmente, que a energia de ionização é a energia requerida para retirar um elétron do átomo no estado gasoso (EI) e a afi nidade eletrônica é a energia liberada quando um átomo recebe um elétron no estado gasoso (ΔE): Na(g) → Na+(g) + e- EI (1) Cl(g) + e- → Cl(g)- ΔE (2) Figura 2 – As primeiras energias de ionização para os elementos representativos Fonte: Brown et al (2005). Aula 2 Química Tecnológica 39 H −73 Li −60 Na −53 K −48 Rb −47 Be >0 Mg >0 Ca −2 Sr −5 B −27 Al −43 Ga −30 In −30 C −122 Si −134 Ge −119 Sn −107 N >0 P −72 As −78 Sb −103 O −141 S −200 Se −195 Te −190 F −328 Cl −349 Br −325 I −295 He >0 Ne >0 Ar >0 Kr >0 Xe >0 1A 2A 3A 4A 5A 6A 7A 8A Figura 3 – Afi nidade eletrônica em kJ mol-1 para os elementos representativos Fonte: Brown et al (2005). Observando as Figuras 2 e 3, elementos com menor energia de ionização são os de menores valores, tendo assim maior facilidade de perder elétrons, formando cátions e os elementos com maior facilidade de receber elétrons são de valores de afi nidade eletrônica negativos, maior facilidade de formar ânions. Vemos que outros elementos tendem a doar seus elétrons mais facilmente e outros a receber elétrons liberando energia. O processo de receber ou doar elétrons leva à formação de ânions ou cátions, respectivamente. Espera-se, assim, que os dois íons formados interajam devido às forças de atração de cargas, formando uma ligação química. A natureza da ligação química dependerá de como acontece o rearranjo dos elétrons na molécula formada. Sobre ligações químicas trataremos de três tipos de ligações, consideradas fortes e que estão presentes na maioria das substâncias:ligação iônica, ligação covalente e ligação metálica. Aula 2 Química Tecnológica40 Inicialmente, ocorre a sublimação do átomo de sódio metálico, absorvendo 108 kJ mol-1 o cloro gasoso se dissocia absorvendo 122 kJ mol-1, ambos es- tando no estado gasoso, podem perder (EI = 496 kJ mol-1) e receber elétrons (ΔE = -349 kJ mol-1), respectivamente, assim formando o íon Na(g)+ e Cl(g)- . A contribuição que falta é a atração eletrostática entre os íons de cargas opostas no sólido, a qual libera grande quantidade de energia (energia de rede). No caso do NaCl, temos uma liberação de 788 kJ.mol-1. Obtendo ao fi nal do ciclo uma energia de formação de - 411,0 kJ kJ mol-1, ou seja, energia liberada para for- mação do sólido iônico, a energia liberada pelos íons de cargas contrárias mais do que compensa a natureza endotérmica das energias de ionização, pois essa contribuição é a atração eletrostática entre os íons de cargas opostas no sólido, a qual libera grande quantidade de energia (energia de rede). No caso do NaCl, temos uma liberação de 788 kJ.mol-1, tornando a formação de um composto iônico um processo exotérmico. Como observado na Figura 4. Ligação iônica Vocês conhecem sal de cozinha? Com certeza, sem ele não poderíamos deixar a comida tão saborosa. Pois o nosso tão conhecido sal de cozinha, é formado por ligações iônicas, e o que é isso? Uma ligação iônica é consequência da atração eletrostática entre íons de cargas opostas. Normalmente, a reação química entre metais alcalinos (Li, Na, K) e halogênios (F, Cl) leva à formação de sais que, se dissolvidos em solução aquosa, conduzem eletricidade. Esta é uma evidência de que os sais são formados por íons (lembra do sal de cozinha? Isso mesmo, o cloreto de sódio, NaCl). Formação das ligações iônicas Por que um cristal de cloreto de sódio (NaCl, o nosso sal de cozinha) tem energia menor do que um gás de um átomo de sódio e cloro gasoso muito separados? Imagine a formação de um sólido iônico, mostrado na Figura 4. Na+(g) + Cl(g) Na(g) + Cl−(g) Na(g) + Cl(g) −349 KJ 496KJ 122KJ 108KJ −788KJ −411KJ Na(g) + Cl 2 (g)1 2 Na(s) + Cl 2 (g)1 2 NaCl(s) Na(s) Na(g) Na+(g) Cl 2 (g) Cl(g) Cl−(g) NaCl(s) Afinidade eletrônica do Cl Energia de ionização do Na Energia de sublimação do Na Energia de rede Energia de formação Energia de sublimação Energia de Energia reticular ionização Energia de dissociação Afinidade eletrônica Energia de dissociação do Cl 2 − − − − − − Cl − Na+ Aula 2 Química Tecnológica 41 Figura 4 – Ciclo de Born-Haber na formação do NaCl Um aspecto importante é que a ligação iônica é uma característica do cristal como um todo. Assim, todos os cátions interagem mais ou menos com todos os ânions, todos os cátions repelem-se uns aos outros e todos os ânions repelem-se uns aos outros, observado na Figura 5. Figura 5 – Fragmento do sólido iônico NaCl Fonte: Atkins e Jones (2009). 2 1 2 13 14 3 4 5 6 7 Li Na K Rb Cs Fr Be Mg Ca Sr Ba Ra B Al Ga In Tl Sn Pb He Ne Ar Kr Xe Rn Aula 2 Química Tecnológica42 Um aspecto importante que não podemos esquecer, é que a energia necessária para a formação de ligações iônicas é fornecida, em sua maior parte, pela atração eletrostática (cou- lômbica) entre os íons de cargas opostas. Em um aspecto geral, o modelo iônico é apropriado para compostos binários entre elementos não metálicos e elementos metálicos, particularmente os do bloco s (Aula 1). Os elementos metálicos podem perder seus elétrons de valência e formar cátions, já os elementos não metálicos acomodam os elétrons em suas camadas e tornam-se ânions, dessa maneira, ambos atingem a estabilidade energética e se formam espontanea- mente. As estruturas eletrônicas, mais prováveis, para compostos iônicos binários, como no exemplo estudado anteriormente, podem ser previstas a partir de seus cátions e ânions, e ao se formarem, ocorrerá uma interação entre estes íons formando o composto iônico binário, liberando uma grande quantidade de energia, chamada de energia de rede, como foi visto na Figura 4. Um átomo de um metal do bloco s forma um cátion, ele perde um ou mais elétrons (energia de ionização), como podemos observar para o átomo de Lítio (perda de um elétron) e o átomo de Frâncio (sete elétrons perdidos), até atingir a estrutura de um gás nobre (cerne), que é chamada de octeto de elétrons, conforme mostra a Figura 6. Figura 6 – Átomos do bloco s atingindo estrutura de um gás nobre Fonte: Atkins e Jones (2009). Vamos testar nossos conhecimentos? 1 Os compostos formados pelos pares: (1) Mg e Cl (2) Ca e O (3) Li e O (4) K e Br Possuem fórmulas cujas proporções entre os cátions e os ânions são, respectivamente: a) (1) 1 : 1 (2) 2 : 2 (3) 1 : 1 (4) 1 : 2 b) (1) 1 : 2 (2) 1 : 2 (3) 1 : 1 (4) 1 : 1 c) (1) 1 : 1 (2) 1 : 2 (3) 2 : 1 (4) 2 : 1 1 2 3 4 5 6 14 15 16 17 18 He Ne Ar Kr Xe Rn F Cl Br I At O S Se Te Po N H P As Sb Bi C Si Ge Aula 2 Química Tecnológica 43 d) (1) 1 : 2 (2) 1 : 1 (3) 2 : 1 (4) 1 : 1 e) (1) 2 : 2 (2) 1 : 1 (3) 2 : 1 (4) 1 : 1 Dados: Li(Z=3); O(Z=8); Mg(Z=12); Cl(Z=17); K(Z=19); Ca(Z=20);Br(Z=35) Figura 7 – Átomos de não metais atingindo estrutura de um gás nobre Fonte: Atkins e Jones (2009). O magnésio ([Ne]3s2) forma Mg2+, que tem a confi guração do neônio ([He]2s22p6). Os íons Mg2+ não perdem mais elétrons em uma reação química porque as energias de ioniza- ção dos elétrons do cerne são altas demais para serem recuperadas pelas atrações íon-íon. O hidrogênio perde um elétron para formar um próton exposto. O lítio (Li) e o berílio (Be) perdem seus elétrons para formar um dublete igualando a confi guração eletrônica do hélio (1s2), quando se tornam Li+ e Be2+, respectivamente. Para o caso dos não metais, Figura 7, estes recebem elétrons para se estabilizarem, como podemos observar para o oxigênio são dois elétrons, para o cloro é um elétron, isto está associado diretamente a sua afi nidade eletrônica. Aula 2 Química Tecnológica44 Em relação ao bloco d, as energias dos orbitais (n-1) d (Aula 1) fi cam abaixo das dos orbitais ns. Com isso, os elétrons s são perdidos em primeiro lugar, seguindo um número variável de elétrons (n-1)d. No caso do ferro ([Ar]3d64s2), para formar o íon Fe3+ deverá perder 3 elétrons, dos quais 2 são removidos da subcamada 4s e 1 da subcamada 3d, fi cando com a confi guração [Ar]3d5. Os não metais raramente perdem elétrons em reações químicas por possuírem altas energias de ionização, contudo, podem adquirir elétrons sufi cientes para completar a camada de valência e formar o octeto. Eles não ganham elétrons, pois envol- veria acomodação de elétrons em uma camada com uma energia maior, conforme mostra a Figura 8. Por exemplo, o nitrogênio tem confi guração eletrônica [He]2s22p3, possuindo 5 elétrons na camada de valência e para atingir a confi guração de um gás nobre precisa ganhar 3 elétrons. Veja a Figura 8. 2 Considere as confi gurações eletrônicas de quatro elementos químicos: i) 1s2 2s2 ii) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 iii) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 4p5 iv) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 4p6 5s2 Qual deles apresenta tendência a formar um ânion? a) i b) ii c) iii d) iv e) nenhum N[He]22s22p3 N 3−[He]2s22p6 2p 2s 2p 2s Aula 2 Química Tecnológica 45 Figura 8 – Confi guração eletrônica do N e N3- Fonte: Atkins e Jones (2009). 3 Faça a distribuição eletrônica e dê o número de elétrons de valência para os elementos a seguir: a) Sb; b) Si; c) Mn; d) B. Aula 2 Química Tecnológica46 Observamos na Tabela 1 alguns valores de energiade rede para os compostos iônicos. Tabela 1 – Energia de rede de alguns compostos iônicos binários Composto Energia de rede/kJ mol-1 Composto Energia de rede/kJ mol-1 LiF 1.030 MgCl 2 2.326 LiCl 834 SrCl 2 2.127 LiI 730 NaF 910 MgO 3.795 NaCl 788 CaO 3.414 NaBr 732 SrO 3.217 NaI 682 KF 808 ScN 7.547 KCl 701 KBr 671 CsCl 657 CsI 600 Fonte: Brown et al (2005, p.256). Regra do octeto Vocês já devem ter ouvido falar da regra do octeto, não é? Vamos conhecer mais um pouco sobre ela. A denominação “regra do octeto” surgiu em razão da quantidade estabelecida de elétrons para a estabilidade de um elemento, ou seja, o átomo fi ca estável quando apresentar em sua camada de valência 8 elétrons (ns2 np6) estrutura de um gás nobre, com exceção do hélio. Destaca-se que os quatro gases nobres mais leves (He, Ne, Ar e Kr) não se ligam a qualquer elemento. Já os dois seguintes (Xe e Rn) podem se ligar a alguns elementos, apesar de serem muito pouco reativos. Entre esses, o radônio é radiativo e se degrada com facilidade, razão pela qual os compostos desse elemento são pouco estudados. Já o xenônio forma compostos bem conhecidos com o fl úor e o oxigênio, além de sais com metais alcali- nos nos quais aparece formando ânions com o oxigênio (XeO 6 4-, no Na 4 XeO 6 ). Porém, em todos esses elementos, uma característica comum é a camada de valência com oito elétrons (exceto no He) e a baixa ou inexistente reatividade, o que consolida a regra do octeto como um princípio válido. Símbolos de Lewis Um símbolo de Lewis é um símbolo no qual os elétrons da camada de valência de um átomo ou um íon simples são representados por pontos colocados ao redor do símbolo do elemento. Cada ponto representa um elétron em um orbital e, um par de elétrons representa dois elétrons emparelhados partilhando um orbital. A Tabela 2 apresenta alguns exemplos dos símbolos de Lewis. Saiba mais Período 2 Período 3 Números de elétrons de valência Li Na 1 2 3 4 5 6 7 8 Be C N O F Ne AlClSPSi B AlMg Aula 2 Química Tecnológica 47 Tabela 2 – Símbolos de Lewis e valências de alguns elementos Vamos conhecer um pouco sobre Lewis? Gilbert Newton Lewis, físico e químico norte-americano, nasceu em Weymouth – Massachusetts, em 25 de outubro de 1875 e faleceu em Berkeley – Califórnia, em 23 de março de 1946. Foi professor de Química no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e em Berkeley, na Universidade da Califórnia desde 1912, levando a cabo investigações no campo das ligações químicas, termodinâmica e da eletrólise. Foi, também, criador da noção de par eletrônico, que representou um avanço decisivo no conhecimento da estrutura atômica. Publicou diversos trabalhos, destacando-se Valence and the Structure of Atoms and Molecules. Morreu, em 1946, no seu laboratório, rodeado pelos livros e instrumentos científi cos que tanto amava. Figura 9 – Gilbert Newton Lewis Fonte: <http://www.infopedia.pt/$gilbert-lewis>. Acesso em: 25 mar. 2011. 1s 2s 2p Cl + +Ca Cl Cl Ca 2+− −Cl Cl + Na+ −Cl Na a b Aula 2 Química Tecnológica48 O símbolo de Lewis para o oxigênio, por exemplo, representa a confi guração dos elétrons de valência 2s22p4, veja a Figura 10, com 4 elétrons emparelhados, 2 no orbital 2s e 2 no orbital 2p e 2 elétrons desemparelhados no orbital 2p. O símbolo de Lewis é um resumo visual da confi guração eletrônica dos elétrons de valência de um átomo que permite acompanhar os elétrons quando um íon se forma. Figura 10 – Símbolo de Lewis para o oxigênio Fonte: Atkins e Jones (2009). Como um composto iônico pode ser explicado pelos símbolos de Lewis? Para deduzir a fórmula de um composto iônico usando a representação dos símbolos de Lewis, primeiramente representamos o cátion pela remoção de pontos do símbolo do átomo do metal. Posteriormente, o ânion é representado pela transferência desses pontos para o símbolo de Lewis do átomo de não metal, até completar a camada de valência. Talvez seja necessário ajustar o número de íons de cada tipo para poder acomodar todos os pontos removidos do símbolo do átomo do metal nos símbolos dos átomos do não metal. Finalmente, escrevemos a carga de cada íon como um sobrescrito, na forma usual. A Figura 11 representa dois exemplos: Figura 11 – Representação dos compostos iônicos usando os símbolos de Lewis: (a) cloreto de cálcio (CaCl 2 ) e (b) cloreto de sódio (NaCl) Fonte: Atkins e Jones (2009). Aula 2 Química Tecnológica 49 É importante lembrar que: Os átomos de muitos metais dos blocos d e p podem apresentar valência variável, ou seja, podem perder um número variável de elétrons. Eles podem formar compostos diferentes como, por exemplo, chumbo, óxido de chumbo (II), de fórmula PbO e óxido de chumbo (IV), de fórmula PbO 2 . Propriedades de compostos iônicos De acordo com essas características de ligação que acabamos de estudar, os compostos iônicos podem apresentar algumas propriedades, como: � altos pontos de fusão e ebulição; � são sólidos à temperatura ambiente; � condutividade elétrica quando fundidos ou dissolvidos em água; � no estado sólido são maus condutores de eletricidade; � solubilidade em água (a maioria); � apresentam aspecto cristalino. � possuem interações eletrostáticas fortes. Exemplos de compostos iônicos Podemos citar como exemplos de compostos iônicos e suas aplicações: Tabela 3 – Exemplos de compostos iônicos Substância Fórmula química Aplicações Cloreto de sódio NaCl Sal de cozinhaProdução de NaOH Fluoreto de sódio NaF Cremes dentais Cloreto de potássio KCl Fertilizantes Cloreto de mercúrio II HgCl 2 Pesticida Carbonato de cálcio CaCO 3 Giz Dióxido de titânio TiO 2 Pigmentos de tintas e esmaltes Aula 2 Química Tecnológica50 Podem ser citadas como propriedades características de substâncias iônicas: a) Baixa temperatura de ebulição e boa condutividade elétrica no estado sólido. b) Baixa temperatura de fusão e boa condutividade elétrica no estado sólido. c) Estrutura cristalina e pequena solubilidade em água. d) Formação de soluções aquosas não condutoras da corrente elétrica e pequena solubilidade em água. e) Elevada temperatura de fusão e boa condutividade elétrica quando em fusão. Ligação covalente Na aula anterior, foi visto para o caso da ligação iônica que a ligação química pode ser considerada como a interação eletrostática entre dois íons. No entanto, certamente, este não é o caso das moléculas diatômicas gasosas como O 2 , N 2 , F 2 e H 2 e as espécies poliatômicas sólidas P 4 e S 8 . Neste caso, os dois átomos competem igualmente pelos elétrons. Com uma intuição brilhante e antes do desenvolvimento da mecânica quântica ou do conceito de orbitais, Lewis encontrou uma explicação para a natureza das ligações entre átomos de não metais. Propôs que uma ligação covalente é um par de elétrons compartilhados por dois átomos. Nenhum dos átomos perde totalmente um elétron e, portanto, nenhum átomo precisa receber a totalidade da energia de ionização. Deste modo, os elétrons são compartilhados pelos dois átomos. Mas quantos elétrons serão compartilhados pelos átomos? Observamos que somente Podem ser citadas como propriedades características de substâncias iônicas: a) Baixa temperatura de ebulição e boa condutividade elétrica no estado sólido. b) Baixa temperatura de fusão e boa condutividade elétrica no estado sólido. c) Estrutura cristalina e pequena solubilidade em água. d) Formação de soluções aquosas não condutoras da corrente elétrica e pe- quena solubilidade em água. e) Elevada temperatura de fusão e boa condutividade elétrica quando em fusão. 4 Aula 2 Química Tecnológica 51 Figura 12 – Compartilhamento de elétrons da molécula do cloro Fonte:Brown et al (2005). os elétrons de valência, ou seja, aqueles que estão na última camada e, consequentemente, com maior energia, estarão disponíveis para serem transferidos (como numa ligação iônica) ou compartilhados (como na ligação covalente). Para entendermos melhor a ligação covalente, precisamos entender alguns conceitos, como, estrutura de Lewis, ressonância e polaridade, que serão vistos, vamos lá! Estruturas de Lewis A ligação covalente se forma pelo compartilhamento de elétrons até atingir a confi guração de um gás nobre. Segundo Lewis a regra do octeto, na formação de uma ligação covalente dar-se pelos átomos tenderem a completar seus octetos pelo compartilhamento de elétrons, Figura 12. Nos compostos moleculares, os átomos se unem por ligações covalentes que são formadas por: a) Doação de elétrons b) Recepção de elétrons c) Doação de prótons d) Recepção de prótons e) Compartilhamento de elétrons. 5 Cl + Cl Cl Cl , ou Cl Cl Cl Cl Cl P Aula 2 Química Tecnológica52 Podemos usar os símbolos de Lewis para descrever ligações covalentes com uma linha (–) para representar o par de elétrons compartilhado e pares de pontos os pares isolados. Assim, um átomo de cloro tem sete (7) elétrons de valência e utiliza mais um para completar o octeto. Isso ocorre pelo compartilhamento de um elétron fornecido por outro átomo, como por exemplo, um outro átomo de cloro, ver Figura 13. Figura 13 – Estrutura de Lewis para o Cl 2 Fonte: Atkins e Jones (2009). A valência do cloro, isto é, número de ligações que um átomo pode formar, é igual a um. A molécula de cloro tem pares de elétrons de valência que não participam diretamente da ligação, que são denominados de pares isolados de elétrons. Os três (3) pares isolados de cada átomo de cloro ligado repelem-se, e essa repulsão é quase sufi ciente para compensar a atração favorável do par ligante que mantém a molécula Cl 2 unida. Lembrar que alguns constituintes do sistema de combustão são moléculas diatômicas covalentes apolares. Ex: Combustível (H 2 ), comburente (O 2 ), resíduos gasosos da combustão, os fumos (N 2 ). Estrutura de Lewis de espécies poliatômicas Estudamos anteriormente a estrutura de Lewis para moléculas diatômicas, veremos agora, como se comporta para moléculas poliatômicas. Cada átomo em uma molécula poliatômica completa seu octeto ou dueto pelo compartilhamento de pares de elétrons com seus vizinhos mais próximos. Cada par de elétrons compartilhado em uma ligação covalente é representado por uma linha entre os dois átomos. A estrutura de Lewis apenas indica que átomos se ligam e quais têm pares de elétrons isolados, assim não leva em consideração a forma da molécula. Vejamos a estrutura de Lewis da molécula PCl 3 , cloreto de fósforo. Inicialmente, colocamos os elétrons de valência disponível de todos os átomos na molécula, conforme mostra a Figura 14. Figura 14 – Estrutura de Lewis para os átomos de P e Cl Fonte: Atkins e Jones (2009). Cl P Cl Cl Cl P Cl Cl Cl P Cl Cl Cl P Cl Cl ou O C O O C Oou H C C HH C C H ou a b c Aula 2 Química Tecnológica 53 O próximo passo é arranjar os pontos, representando os elétrons de forma que os átomos de fósforo (P) e cloro (Cl) tenham um octeto, conforme mostra a Figura 15. Figura 15 – Estrutura de Lewis do cloreto de fósforo, PCl 3 Fonte: Atkins e Jones (2009). Um par de elétrons emparelhados é denominado de ligação simples, contudo dois átomos podem compartilhar dois ou três pares de elétrons. Uma ligação dupla e uma ligação tripla ocorrem quando, respectivamente, dois e três pares de elétrons são compartilhados entre dois átomos; essas ligações são coletivamente denominadas de ligações múltiplas. Veja na Figura 16 a representação de ligações simples, dupla e tripla. Figura 16 – Estrutura de Lewis para (a) ligações simples, (b) ligações duplas e (c) ligação tripla entre carbonos e simples entre carbono-hidrogênio Fonte: Atkins e Jones (2009). Uma ligação simples envolve no total de dois elétrons, já a ligação dupla quatro elétrons e, por último, a ligação tripla seis elétrons. A ordem de ligação é o número de ligações que une um par específi co de átomos. Logo, a ordem da ligação em Cl 2 é 1, no grupo C=O é 2, e em C≡C é 3. Para escrever uma estrutura de Lewis, é necessário saber que (1) os átomos estão ligados entre si na molécula, (2) um átomo terminal liga-se somente a um átomo e (3) um átomo central é um átomo que se liga a pelo menos dois outros. A escolha do átomo central é geralmente aquele com a mais baixa energia de ionização, por conduzir ao mínimo de energia. Os átomos com maiores energias de ionização são mais relutantes em compartilhar e mais propensos a manter seus elétrons com pares isolados. O hidrogênio é um átomo terminal porque se liga Conte os elétrons de valência; Conte os pares de elétrons; 1 H 2 O 1 + 1 + 6 = 8 4 2 Arranje os átomos; H O H 3 Localize os pares de elétrons da ligação; Identifique os pares de elétrons ainda não localizados; H O H (2) 4 Complete os octetos; H O H 5 Desenhe as ligações. OH H Aula 2 Química Tecnológica54 tipicamente a somente outro átomo. Pode-se predizer a estrutura de uma molécula arrumando os átomos simetricamente em torno do átomo central. Para predizermos uma estrutura, vamos agora utilizar a regra do octeto. Base conceitual: pro- curamos maneiras de usar todos os elétrons de valência para completar os octetos ou dubletes. Procedimento 1) Conte o número de elétrons de valência em cada átomo isolado. Para íons, ajuste o número de elétrons para levar em conta a carga. Divida o número total de elétrons da molécula por 2 para obter o número de pares de elétrons. 2) Escreva os arranjos mais prováveis dos átomos usando as regras dadas no texto. 3) Coloque um par de elétrons entre cada par de átomos ligados. 4) Complete o octeto ou dublete de cada átomo, colocando os pares de elétrons remanescen- tes em torno dos átomos. Se não existirem pares de elétrons sufi cientes, forme ligações múltiplas. 5) Represente cada par de elétrons ligados por uma linha. Para conferir a validade de uma estrutura de Lewis, observe se cada átomo tem um octeto ou dublete. Exemplo Escreva a estrutura de Lewis da água, H 2 O. ou Aula 2 Química Tecnológica 55 6 Os elementos químicos fósforo (P) e cloro (Cl) têm, respectivamente, 5 e 7 elétrons na camada de valência. a) Escreva a fórmula de Lewis do tricloreto de fósforo. b) Qual é o tipo de ligação formada? Ressonância Muitas moléculas e íons poliatômicos não devem ser representados adequadamente por uma única estrutura de Lewis. Para esses casos, Pauling introduziu o conceito de ressonância. Linus Pauling propôs estruturas de ressonância, que representam a ligação em uma molécula ou em um íon quando uma única estrutura de Lewis não descreve precisamente a estrutura eletrônica verdadeira. Escrevemos as estruturas de ressonância para o benzeno que é usado como matéria-prima para produção de plásticos, gasolina, borracha etc., fazendo com que as ligações simples entre cada par de átomos de C e os seis elétrons adicionais estejam deslo- calizados por todo o anel. Veja a Figura 17. Figura 17 – Ressonância da molécula de benzeno Fonte: Brown et al (2005). Todas as estruturas de ressonância possuem padrões idênticos e energias iguais. As estruturas de ressonância que diferem somente na colocação das ligações duplas podem ser escritas para a molécula. As estruturas contribuintes são as estruturas prováveis, não havendo existência física dessas estruturas, a fusão das estruturas de Lewis é chamada de ressonância. Portanto, podemos concluir que não ocorre um equilíbrio dinâmico entre as estruturas. No exemplo do benzeno é utilizada
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