Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Livro 1, 04.11.2017 Programação 10:00 Sociólogos que mais caem: Durkheim, Weber e Marx 11:00 Literatura: Resumão de Escolas Literárias 11:50 12:40 13:00 13:15 15:00 14:00 15:30 O que mais cai em Português: Gêneros Textuais e Funções da Linguagem Dicas de Alimentação para a prova Estratégias de Prova - Parte 1 Como estruturar a redação para tirar 1000 Redação e Motivação com Débora Aladim Debate de Redação: Alimentação Irregular e Obesidade no Brasil Debate de Redação: A importância da discussão sobre saúde mental de jovens no século XXI 09:00 Top temas em Geografia: Urbanização brasileira, Conflitos rurais e Globalização /tamojuntoenem 16:55 Estratégias de Prova - Parte 2 17:30 Datas comemorativas de História: 100 anos da Revolução Russa e 500 anos da Reforma Protestante 18:00 19:00 19:40 20:30 21:00 Atualidades: Coreia do Norte, Trump, Venezuela Filósofos que mais caem: Descartes e Kant História do Século XX que cai no Enem (Brasil e Geral) e Escravidão nas Américas Relaxamento e Meditação Encerramento 16:30 Atualidades: Guerra na Síria e Questão dos Refugiados /tamojuntoenem /tamojuntoenem 4 01. Impactos Ambientais Os impactos ambientais devem ser entendidos como alterações no meio ambiente, provocadas por determinada ação ou atividade. Muitas dessas alterações são naturais, porém, são agravadas pela atividade humana (chuva ácida, inversão térmica e enchente). Existem, também, impactos causados exclusivamente pela ação antrópica (lixo, ilha de calor e aquecimento global). Mesmo assim, é a lógica de desenvolvimento do mundo moderno a maior causa dos impactos ambientais, que, até pouco tempo, entendia a natureza como um recurso inesgotável, pronto para ser apropriado de acordo com a necessidade e comodidade do homem. Lixo É um dos mais graves problemas ambientais urbanos, pois o volume de resíduos sólidos só aumenta. A rápida inovação tecnológica, o Ciclo de Obsolescência Programada e o aumento do consumo (motor do desenvolvimento econômico), nos obrigam a adquirir novos produtos. Vivemos em uma sociedade de consumo, em que o meio ambiente não é o fator mais importante. Entre as principais fontes de lixo urbano, podem-se citar: � Domiciliar (residencial). � Industrial. � Hospitalar. � Tecnológico (e-waste). Nessa lógica consumista, a produção de e-waste (lixo eletrônico) se destaca. As potências emergentes, como China, Índia e Brasil, são, hoje, os países que mais geram lixo eletrônico. Geralmente, tais resíduos são ricos em metais pesados, como chumbo, cádmio e mercúrio, que causam graves danos à saúde e ao meio ambiente. A principal solução para esse problema passa pela reciclagem. Muito provavelmente, você já ouviu falar na coleta Geografia - Impactos Ambientais Geografia 01. Impactos Ambientais 02. Relação Campo-Cidade 03. Modelos Produtivos 04. Paisagens Climatobotânicas 05. Globalização 09:00, Hansen /tamojuntoenem 5 seletiva e na lógica dos 3R’s: � Reciclar os materiais possíveis (plástico, vidro, entre outros). � Reutilizar os objetos usados. � Reduzir o desperdício de material descartável. O quadro brasileiro é preocupante. Segundo dados governamentais, apenas 15% da população brasileira é atendida por algum serviço de coleta seletiva. A Política Nacional de Resíduos Sólidos só foi aprovada recentemente, em 2010, e a maior parte do lixo produzido pelo brasileiro é direcionada para lixões, onde a decomposição de material orgânico produz o chorume, que polui o solo e o lençol freático, além da geração de gás metano, contaminando o ar. No entanto, o país se destaca na reciclagem de latas de alumínio, que representa mais de 98% da produção. Esse trabalho fundamental é realizado, no Brasil, pelos catadores, em função da condição de pobreza em que se encontram. Chuva ácida Fenômeno natural agravado pela ação do homem. As chuvas são naturalmente ácida, no entanto, essa leve acidez não é a questão. A emissão de gases poluentes, como o dióxido de nitrogênio (NO₂) e o dióxido de enxofre (SO₂), torna as chuvas mais ácidas, podendo-se registrar valores de pH próximos de 3, sendo o pH normal entre 6 e 7. Esses poluentes são originados a partir da atividade industrial, geração de energia, transporte e uso doméstico. Nesse sentido, a chuva ácida ocorre principalmente nas áreas mais industrializadas, porém, devido à dinâmica atmosférica, essa poluição pode ser carregada para locais próximos a essas Geografia - Impactos Ambientais Legenda: 1- Área residencial suburbana 2- Parque 3- Área urbana 4- Centro 5- Comercial 6- Área sububurbana residencial 7- Rural regiões, ocasionando a chuva ácida em uma área florestal, por exemplo. Entre os principais impactos da chuva ácida, podem-se destacar: � Acidificação de lagos, rios e do lençol freático, causando desequilíbrio no ambiente aquático. � Destruição da cobertura florestal. � Corrosão de metais e deterioração de monumentos históricos. Ilha de calor Fenômeno tipicamente urbano, causado exclusivamente pela ação antrópica. Corresponde à elevação das temperaturas médias nas áreas centrais das grandes cidades, quando comparadas às áreas periféricas (vizinhas). A razão disso está relacionada à substituição da vegetação por uma grande quantidade de casas, prédios e ruas, que, devido à composição dos seus materiais, absorvem uma maior quantidade de radiação, retendo o calor.Além disso, a rugosidade da mancha urbana atrapalha a circulação dos ventos, agravando a situação. Em uma pesquisa recente, um professor carioca identificou que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro é até 7°C mais quente que seus arredores. A razão disso está relacionada à substituição da vegetação por uma grande quantidade de casas, prédios e ruas, que, devido à composição dos seus materiais, absorvem uma maior quantidade de radiação, retendo o calor. /tamojuntoenem 6 Cúpula de poluição, na imagem acima, e smog, na imagem abaixo Geografia - Impactos Ambientais Inversão térmica Fenômeno natural em que as condições térmicas do ar e da superfície alteram as dinâmicas dos ventos. É mais comum no inverno e origina as neblinas. Até aqui, não há problema algum, porém, devido à poluição causada pela atividade dos grandes centros urbanos, a inversão térmica impede a dispersão dos poluentes, formando uma cúpula de poluição sobre a cidade ou originando o que chamamos de Smog (poluição + neblina). Esse efeito é responsável por causar graves problemas de saúde, como problemas respiratórios, disfunções do miocárdio e aumento da pressão arterial. Nos dias em que a superfície do solo está mais quente, o ar próximo à superfície se encontra na mesma condição, ascendendo para camadas superiores e provocando a circulação atmosférica (ventos). Quando a superfície apresenta temperaturas mais baixas, o ar imediatamente acima se comporta da mesma forma. Sendo mais frio e denso, ele não ascende, impedindo a circulação atmosférica e provocando a inversão térmica. Enchentes e Movimentos de massa As enchentes são um fenômeno natural causado pelas cheias dos rios. As áreas laterais que sofrem com a elevação do nível de água recebem o nome de áreas de inundação. É nos grandes centros urbanos que as enchentes possuem um resultado devastador. Devido à remoção da vegetação, à impermeabilização do solo e à retificação dos canais, o volume de água de um rio alcança seu limite rapidamente, transbordando e causando impactos, como perdas materiais, problemas de trânsito e aumento de doenças (leptospirose). Entre as possíveis soluções para as enchentes, podem-se destacar a importância de não ocupar as margens dosrios, não jogar lixo, realizar obras de recuperação de rios assoreados, desentupir as rede de esgoto, além de uma maior eficiência no planejamento das áreas canalizadas. /tamojuntoenem 7 02. Relação Campo-Cidade Compreender a relação campo-cidade é fundamental para entendermos os diferentes processos, como industrialização, urbanização e Revolução Verde. No período pré-industrial, dependíamos demais dos recursos naturais e, portanto, era no campo (meio rural) que se encontravaam os principais postos de trabalho. Vivíamos o chamado meio natural e a produção era determinada pelo tempo da natureza. Se quiséssemos aumentar a produção, precisaríamos aumentar a área de produção. Essa condição ajuda a entender a preocupação dos países europeus em defender suas colônias. Poucas cidades (meio urbano) conseguiam sustentar um grande número de habitantes e, assim, funcionavam como centros de poder político local dos senhores feudais. A Revolução Industrial alterou essas relações de forma avassaladora. É um marco na transformação das relações campo x cidade, pois, pela primeira vez na história, o maior número de empregos estava nas cidades. O meio urbano era, agora, o principal centro econômico e passou a ser o grande destino da população. Observamos aqui o fenômeno denominado êxodo rural (um enorme quantitativo de pessoas começou a migrar do campo para a cidade, em busca de emprego) e, com isso, começaram a surgir as primeiras sociedades urbano-industriais. A produção deixou de depender do tempo da natureza e passamos a viver no meio técnico. O Brasil foi, por um bom tempo, conhecido pela sua vocação agrícola. A economia era, até 1930, agroexportadora. Não que essa atividade Geografia - Relação Campo-Cidade Os movimentos de massa também são um fenômeno natural, que pode ser agravado pela ação humana, principalmente pela ocupação de áreas de encosta e remoção da vegetação, o que aumenta a erosão. A Região Serrana do Rio de Janeiro sofre anualmente com problemas de deslizamentos, pois são áreas com climas úmidos e ocupação de encostas. Aquecimento global É a elevação da temperatura média do planeta ao longo dos últimos anos. O processo é ocasionado pela maior queima de combustíveis fósseis e liberação de gases poluentes, como CO₂, CH₄ e N₂O. O acúmulo desses gases na atmosfera funciona como uma barreira atmosférica, retendo o calor e aumentando a temperatura do planeta. É importante ressaltar que esse impacto está associado ao Efeito Estufa, fenômeno completamente natural e fundamental para a existência da vida como conhecemos. A grande questão é que, nos últimos anos, devido à emissão antrópica dos gases acima, tem-se agravado o efeito estufa. Entre os impactos do aquecimento global, podem-se citar: � Derretimento das calotas polares. � Aumento do nível dos oceanos. � Intensificação de eventos climáticos (furacões e chuvas torrenciais). � Desertificação. Desertificação, Arenização e Salinização Os três fenômenos estão associados à perda da capacidade produtiva do solo. Podem ocorrer naturalmente, porém, são agravados pela ação humana. � Desertificação: ocorre em áreas de clima árido, semiárido e subúmido seco, como no Nordeste brasileiro. A remoção da vegetação pode iniciar o processo. � Arenização: comum no Sul do país, principalmente na região dos Pampas. É um fenômeno que resulta na formação de bancos de areia, impedindo a fixação da vegetação no solo. � Salinização: aumento da concentração de sais no solo, provocado pela evaporação da água ou por projetos impensados de irrigação. /tamojuntoenem 8 tenha deixado de ser importante para a nação, mas o processo de industrialização iniciado por Getúlio Vargas, em 1930, transformou o campo e a cidade brasileira. Entre as características do modelo de industrialização adotado por Vargas, podem-se citar: � Substituição das importações (produção voltada para o mercado interno). � Leis trabalhistas (CLT Urbana). � Indústrias de base (Companhia Siderúrgica Nacional, Vale do Rio Doce, Eletrobras). A década de 1950 marcou o surgimento de um Brasil urbano (51% das pessoas ou mais moravam nas cidades) com o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). O modelo nacional desenvolvimentista de JK, baseado no decolar (take-off) da economia e através do seu Plano Tripé (estado, capital privado nacional e capital privado externo), fez o consumo de eletrodomésticos crescer no país. O modelo de vida urbano começou a ganhar forma e, aliado à grande concentração fundiária do campo brasileiro (herança do Brasil colônia), logo repercutiu no intenso êxodo rural para os grandes centros. Os trabalhadores do campo começaram a migrar para as cidades, em busca de emprego e melhores condições de vida. Isso fez com que o processo de urbanização brasileira ocorresse de forma muito acelerada, o que dificultou o planejamento urbano das grandes cidades brasileiras e que repercute, hoje, em diversos problemas, como favelização, trânsito caótico, violência e segregação socioespacial. - problemas resultantes da macrocefalia urbana. O que é importante percebermos aqui é que o que acontece no campo influencia a cidade e vice-versa. Hoje, observa-se que as atividades do campo estão cada vez mais dependentes do processo industrial e do desenvolvimento de novas tecnologias. As relações e transformações se manifestam, inclusive, de forma cultural. No passado, o campo brasileiro era algo isolado e, assim, a música sertaneja retratava a solidão do homem do campo. Hoje, com a existência dessas novas relações (novas Para compreendermos a evolução dos modelos e estruturas produtivas mundiais é necessário entendermos o processo de industrialização e, de certa forma, a própria evolução do capitalismo. Primeira Revolução Industrial Revolução Industrial significa uma mudança radical na forma como a matéria-prima é transformada em produtos. A invenção do motor a vapor é um exemplo de uma revolução na capacidade produtiva. O homem começou a superar o meio natural e a ingressar no que denominamos meio técnico. A Inglaterra largou na frente como pioneira nesse processo. O ano de 1789 é o marco da Primeira Revolução Industrial. Entre suas características, podem-se citar: � Indústrias localizadas próximas às fontes energéticas (carvão mineral). � Indústria têxtil (produção de tecidos) caracterizada pelo uso de grandes teares mecânicos. � Ausência de direitos trabalhistas (maior participação de mulheres e crianças). � Longas jornadas de trabalho, ultrapassando 14 horas diárias. Segunda Revolução Industrial A primeira fase da revolução não mostrava uma preocupação direta com os modelos produtivos. Era o início de um processo e ainda estávamos aprendendo muita coisa. A Inglaterra, mesmo Geografia - Modelos Produtivos 03. Modelos Produtivos ruralidades), o homem do campo deixou de ser o solitário e passou a incorporar o modelo de vida urbano. Assim, a música sertaneja mudou com ele e retrata um homem conectado e a par dos grandes negócios, o que é necessário para o desenvolvimento industrial das atividades agrícolas. Isso significa que campo e cidade vivem em uma interdependência cada vez maior e, nesse sentido, entendermos essa inter-relação é fundamental para discutirmos o espaço brasileiro. /tamojuntoenem 9 que tenha sido pioneira, logo enfrentou a concorrência dos Estados Unidos, Alemanha e Japão. Essa disputa resultou em um rápido desenvolvimento tecnológico e, na metade do século XIX, já estávamos na Segunda Revolução Industrial. Entre as características dessa fase, podem-se destacar: � Uso do petróleo como principal fonte de energia, além do desenvolvimento da eletricidade. � Surgimento das indústriaspesadas, como a siderurgia (produção de aço) e a automobilística. � Invenção do motor à combustão interna, o que permitiu maior produtividade e uso de mão de obra. � Institucionalização dos direitos trabalhistas. A complexidade dos produtos industrializados levou à necessidade de um modelo de produção, uma lógica que norteasse a melhor maneira de montar e pensar a indústria. É nesse contexto que surgiu o Fordismo-Taylorismo. Fordismo É um modelo de produção que surgiu no início do século XX, em 1914, nas fábricas de Henry Ford. Seu grande objetivo era a produção em massa e buscava sempre a melhor maneira de aumentar a produção, no menor tempo possível. O Taylorismo funcionava como modelo teórico por trás do Fordismo. Frederick Taylor procurou, a partir da análise científica, racionalizar a produção, aplicando ideias e conceitos que resultariam em uma maior produtividade. Entre as características do Fordismo-Taylorismo, podem-se destacar: � Linha de montagem (esteira de produção). � Mão de obra especializada (trabalhador com uma função) – O fato de exercer apenas uma função fez com que a mão de obra fordista fosse chamada de alienada. � Produção padronizada (o mesmo carro foi produzido por anos). � Grandes unidades fabris concentradas em países centrais. Toda essa estrutura visava o aumento da produção, porém, o excesso de regras, padrões e modelos levou o Fordismo a uma grande rigidez, tornando-o um modelo com pequena capacidade de adaptação. Com o passar dos anos, essa rigidez começou a ameaçar o próprio modelo produtivo. A crise fordista se manifestou de forma mais evidente na década de 1970. Entre as razões para a crise do modelo, encontram-se: � Estoques lotados (lógica de produção em massa). � Padronização (facilitava a produção). � Durabilidade dos produtos. � Grande pressão sindical (concentração industrial facilitava a atuação sindical). Terceira Revolução Industrial A Terceira Revolução Industrial começou a ganhar forma nas décadas de 1970 e 1980. Essa fase deve ser entendida no contexto da globalização, em que as empresas e instituições passaram a existir em uma escala global. Logo, a produção também precisava atender a essa demanda e o Toyotismo foi o modelo responsável por isso. Nessa fase, o conhecimento e a informação passaram a ser fundamentais no processo produtivo. É o que o Milton Santos denominou Meio Técnico- Científico-Informacional. Entre as características da terceira fase, podem-se destacar: � Constantes investimentos em P&D (Produção e Desenvolvimento). Informação/pesquisa/ciência agregam valor ao produto. � Indústria da inovação: informática, robótica, telecomunicações e biotecnologia. � Expansão das transnacionais. � Surgimento dos tecnopólos (centros de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias). Toyotismo Esse modelo surgiu como uma resposta direta à rigidez do Fordismo e às necessidades da Terceira Revolução Industrial. Foi desenvolvido pelo engenheiro industrial Taiichi Ohno, na fábrica da Toyota, no Japão. É um modelo produtivo preocupado em reduzir custos, diminuir o atraso e aumentar a qualidade da produção. Entre suas características, podem-se citar: Geografia - Modelos Produtivos /tamojuntoenem 10 Devido à sua grande extensão territorial, o Brasil apresenta uma enorme variedade de climas, relevo e vegetação. É a partir dessas características que podemos entender os domínios morfoclimáticos. Domínio Amazônico É o domínio da maior Floresta Equatorial do Geografia - Paisagens Climabotânicas Esquema de produção do Fordismo e do Toyotismo. 04. Paisagens Climabotânicas � Desconcentração industrial (modularidade). � Pouca durabilidade dos produtos. � Diversificação. � Ciclo de Obsolescência Programada. � Just in Time (estoque mínimo). mundo, caracterizado por um relevo de planície e pelo clima equatorial continental. Pode-se diferenciar a floresta a partir de três extratos: � Mata de igapó: vegetação de área constantemente alagada. � Mata de várzea: vegetação de área periodicamente inundada. � Mata de terra firme: vegetação de área nunca inundada. Além dessa subdivisão, podem-se citar outras características dessa vegetação: � Latifoliada (plantas de folhas largas). � Perenifólia (plantas com folhas o ano inteiro). � Higrófila (plantas adaptadas a regiões extremamente úmidas). A grande ameaça a esse bioma é o avanço da atividade agropecuária (soja e pecuária), que é responsável por quase 70% do desmatamento na região. Domínio do Cerrado Conhecido como a Savana, o Cerrado é um bioma de clima tropical típico, caracterizado por duas estações bem definidas - uma chuvosa e outra seca. A vegetação é arbustiva, com galhos retorcidos, cascas grossas e raízes profundas, que ajudam a suportar os períodos de seca. Hoje, é o bioma mais desmatado, devido ao avanço da soja na região. Domínio dos Mares de Morros É o domínio da Mata Atlântica, ou Floresta Tropical. Sua cobertura original se estendia do litoral do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. O clima predominante é o tropical úmido. Hoje, restam apenas 7% da vegetação original e o desmatamento foi causado pelo processo de ocupação e urbanização do litoral brasileiro. Entre suas características, podem-se citar: � Latifoliada (plantas de folhas largas). � Perenifólia (plantas com folhas o ano inteiro). � Higrófila (plantas adaptadas a regiões extremamente úmidas). /tamojuntoenem 11 Geografia - Globalização Entende-se que, devido a sua extensão longitudinal e à variação altimétrica da costa leste brasileira, era a vegetação com maior biodiversidade existente e, mesmo assim, foi destruída. Domínio da Caatinga É a única vegetação tipicamente brasileira. Possui algumas características de Estepe, porém, por se localizar próximo a uma área úmida, e não um Deserto, essa vegetação possui características singulares, com predomínio de arbustos caducifólios e espinhosos. A vegetação desse domínio é xerófila, que é adaptada ao clima semiárido da região. O principal impacto desse domínio está associado à desertificação, que significa uma perda de fertilidade do solo em áreas de clima árido, semiárido ou subúmido seco. Domínio das Araucárias É a Floresta Subtropical. Sua cobertura original se estendia do Sul do país até as regiões mais elevadas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sua árvore símbolo é a Araucária, que pertence à família das coníferas. Entre suas características, pode-se destacar o fato da vegetação ser aciculifoliada (folhas em forma de agulhas). A principal razão para o desmatamento dessa paisagem é a utilização da sua madeira na fabricação de móveis e pela indústria de celulose. Domínio das Pradarias ou Campos Sulinos Ocorre predominantemente no estado do Rio Grande do Sul, sendo composto por uma vegetação herbácea constituída principalmente por gramíneas. São as Pradarias brasileiras e sua origem está associada aos solos rasos e arenosos da região, que sofrem com o processo de arenização. A Massa Polar Atlântica (fria e úmida) caracteriza o clima na região. Ecótonos São zonas de transição entre diferentes tipos de vegetação. Geralmente, apresentam características (fauna e flora) pertencentes aos dois ecossistemas. Entre os ecótonos, destacam-se: 05. Globalização � Mata dos Cocais: é a zona de transição entre a Floresta Amazônica, a Caatinga e o Cerrado. É uma mata constituída principalmente por palmeiras (babaçu e carnaúba). O avanço da soja na região do Mapitoba é o principal fator para o desmatamento dessa região e a existência de inúmeros conflitos no campo. � Pantanal: é a zona de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica. É uma região de planície constantementealagada, caracterizada por vegetação rasteira e de floresta tropical. Os principais impactos nessa região estão associados à pecuária e à contaminação das suas águas por agrotóxico decorrente da atividade agrícola na região. Nos últimos 500 anos, o mundo observou uma intensificação das trocas comerciais, culturais e produtivas. O conceito de Globalização ajuda e muito a entendermos essa transformação. Pode ser definido como um fenômeno em que os processos passam a ocorrer em uma escala global. Isso significa que a economia que era local, agora deve ser entendida em uma escala global - e, não muito diferente, a cultura, a política, o debate ambiental estão inseridos nessa escala. Para os geógrafos, a Globalização é a fase atual de expansão capitalista, que começou no pós-Segunda Guerra e se intensificou ao longo da segunda metade do século XX, com a Terceira Revolução Industrial. Agentes e tecnologias Hoje, a expansão capitalista ocorre de forma muito mais sutil e silenciosa que no passado. É uma “invasão” de mercadorias, capitais, serviços, informações e pessoas, em que existem poucos conflitos de caráter econômico. Todavia, essa crescente intensificação das trocas, da circulação de pessoas e conhecimento só foi possível devido a uma revolução nas tecnologias de transporte (supernavios, aviões e trens de alta velocidade) /tamojuntoenem 12 Geografia - Globalização e comunicação (internet, cabos de fibra ótica, telefone e satélites) - tecnologias viabilizadas pelos avanços da Terceira Revolução Industrial. Portanto, não podemos deixar de ressaltar que, antes de tudo, foram as tecnologias de transporte e comunicação a base desse processo de mundialização. Todavia, a superação desses obstáculos técnicos não é suficiente para explicar o atual nível de integração mundial. Devemos pensar, também, nos Agentes da Globalização. Entre eles, podem-se destacar: � Empresas transnacionais. � Estados Nacionais. � ONG’s. � Organismos supranacionais. � Mercado financeiro. As Empresas Transnacionais, entre todos esses agentes, são o mais importante. Elas são responsáveis por fazerem uma marca ou objeto ser reconhecido em todos os lugares. O crescimento dessas empresas, nos últimos anos, foi tão intenso que significou a formação de grandes conglomerados: empresas transnacionais tão poderosas que possuem um faturamento maior que o PIB de muitos países. Aspecto cultural e ambiental O caráter econômico da globalização é sempre o mais discutido. Porém, esse ganho de escala não ficou restrito apenas a esse aspecto. Devemos pensar em uma globalização cultural, política e ambiental. Por exemplo, o aquecimento global é um fenômeno intensamente discutido. Embora diversos países possam ser afetados por esse impacto, os responsáveis pela maior emissão de CO2 são algumas potências desenvolvidas e emergentes - ou seja, acontece uma socialização dos impactos. Outro exemplo seria o Funk, que surgiu nos Estados Unidos, na década de 1960, sendo transformado intensamente nas décadas de 1980 e 1990, produzindo alguns derivados, como o Hip Hop e o Rap. No Brasil, esse ritmo americano assumiu uma batida bem específica e o funk carioca é o ritmo mais conhecido. Contradições A globalização, primeiramente, foi entendida como homogeneizadora, acabando com a diferença entre os lugares. Nesse caso, a própria Geografia não faria mais sentido, pois não existiriam diferenças regionais e, portanto, não haveria o que estudar. Esse é o conceito de Aldeia Global, um mundo culturalmente padronizado. Embora não existam grandes diferenças entre comer um Big Mac aqui ou em qualquer outro país que tenha um McDonald’s, comprovando essa questão da homogeneização, recentemente o que mais temos observado é o contrário. Enquanto o capital circula livremente, superando qualquer obstáculo, muros são erguidos para dificultar a circulação de pessoas. É o caso da crise dos refugiados na Europa ou a proposta de finalização do muro na fronteira entre Estados Unidos e México. A globalização até pode possuir um caráter homogeneizador, porém, ao mesmo tempo, é responsável pela fragmentação do espaço. /tamojuntoenem 13 Émile Durkheim (1858 – 1917) foi um sociólogo francês que estabeleceu, pela primeira vez, a Sociologia como uma disciplina acadêmica, e que é considerado um dos três sociólogos clássicos, junto de Max Weber (1864 – 1930) e Karl Marx (1818 – 1883). Pelo seu pioneirismo, buscou delimitar o objeto de estudo da Sociologia e o método adequado para explicar os fenômenos sociais. Ele acreditava, em grande medida, que todos os fenômenos que ocorrem no âmbito de uma sociedade possuem um significado para o todo social, transformando-se no precursor do chamado funcionalismo, tese sociológica segundo a qual todas as práticas sociais possuem uma função na sociedade, assim como cada órgão humano possui uma função para o organismo do indivíduo como um todo. O funcionalismo ou método comparativo defendido por Durkheim nada mais é do que uma adaptação do método experimental das Ciências Naturais a serviço da análise da realidade social. O método experimental parte da observação de certos fenômenos a fim de encontrar regularidades (leis) que possam contribuir para a formulação de generalizações. De maneira análoga, o funcionalismo durkheimiano defende que todo e qualquer fenômeno social possui uma significação para a sociedade como um todo, ou seja, que não há fenômenos sociais Sociologia - Émile Durkheim Sociologia 01. Émile Durkheim 02. Max Weber e ação social 03. Marx e seus conceitos 10:00, Lara 01. Émile Durkeheim /tamojuntoenem 14 isolados, irracionais ou sem significado, mas todos eles estão integrados nesse grande organismo que é o sistema social. Desde já, podemos compreender que Durkheim, diferentemente, por exemplo, de Max Weber, considera que há uma primazia da sociedade em relação ao indivíduo, o que tentaremos esclarecer na sequência através do seu conceito fundamental de fato social. A questão que os sociólogos clássicos buscam responder é, em linhas gerais, se o agente fundamental dos fenômenos sociais é o indivíduo ou a sociedade. Em outras palavras, é a organização social que age e molda a conduta dos indivíduos que pertencem a esse todo social ou, inversamente, são os indivíduos que agem e determinam a própria estrutura social? Segundo Durkheim, há uma série de fatores dentro de uma sociedade que podem ser analisados e compreendidos pela ciência independentemente das consciências dos indivíduos que a ela pertencem, a isso ele deu o nome de fatos sociais. O que constitui uma sociedade, portanto, são exatamente esses fatos sociais, que a tornam passível de descrição, interpretação e explicação pela sociologia enquanto ciência. Os fatos sociais são justamente as regras ou normas coletivas que acabam se impondo de maneira coercitiva aos indivíduos. Podemos, então, listar três elementos característicos dos fatos sociais segundo Durkheim: Eles são exteriores ao indivíduo, eles são coercitivos e são gerais. Sua exterioridade pode ser explicada na medida em que não está no poder do indivíduo modificar, através meramente de sua vontade, as regras sociais às quais está submetido. Eles são coercitivos porque há punições e sanções para aqueles que não obedecem às regras. Por fim, eles são gerais no sentido de que devem ser observados por todos aqueles que fazem parte de certo grupo social. Max Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo, economista e historiador alemão, um dos fundadores da Sociologia, juntamente com os outros dois sociólogos clássicos, Émile Durkheim (1858 – 1917) e Karl Marx (1818 – 1883). Diferentemente de Durkheim, que defendiao método comparativo, e do materialismo dialético de Marx, Weber desenvolveu um método de análise sociológica que ficou conhecido como método compreensivo, que se tornou a segunda vertente do método sociológico, tendo surgido na Alemanha. Weber defende que os fenômenos sociais exigem a formulação de um método próprio, distinto daquele utilizado pelas Ciências Naturais. Enquanto as Ciências da Natureza explicam os fenômenos a partir da regularidade que apresentam, as Ciências Sociais devem compreender as manifestações que ocorrem dentro de uma sociedade. Isso só é possível, segundo Weber, através da análise dos sentidos atribuídos pelos indivíduos à sua vida e à sua maneira de agir no âmbito da cultura da qual faz parte. Isso significa uma grande mudança em relação ao método de Durkheim que, em As Regras do pensamento sociológico (1895), defende um predomínio da sociedade em relação ao indivíduo, ou seja, que os fatos Sociologia - Max Weber e ação social 02. Max Weber e ação social /tamojuntoenem 15 exemplo: no futebol, quando um jogador faz uma jogada bonita ou dá um drible em seu adversário, apenas pela beleza da jogada. Ou quando uma categoria faz uma manifestação para cobrar melhores condições de trabalho, mesmo sabendo que pode acabar sofrendo represália. Por fim, temos as ações racionais orientadas a fins, que são aquelas ações que praticamos por fazermos um cálculo racional para que possamos alcançar um certo fim que desejamos. Por exemplo: se desejo me tornar um músico, devo estabelecer os meios através dos quais posso atingir o meu objetivo, a minha finalidade, que no caso é ser músico. Assim como no caso dos que buscam ser aprovados para um curso de nível superior, eles devem organizar suas ações no intuito de atingir aquele objetivo. Qual será a melhor alternativa para atingir o meu objetivo? Quando fazemos essa pergunta e orientamos nossas ações de maneira racional a fim de atingir um objetivo, estamos praticando ações racionais orientadas a fins. Sociologia - Marx e seus coneitos sociais existem independente da vontade dos indivíduos, além de serem gerais e coercitivos. Já para Weber, cada fenômeno social tem uma particularidade que deve ser levada em conta pela análise sociológica, que deve tornar compreensível e tentar interpretar as intenções e sentidos das ações dos indivíduos dentro de uma certa cultura. Segundo Weber, a única coisa que pode ser, de fato, observada dentro de uma sociedade são os indivíduos, a maneira como agem e como eles compreendem suas próprias ações. A sociologia tem como tarefa fazer a descrição desses comportamentos, assim como interpretá-los. A unidade mínima da análise sociológica, portanto, são os indivíduos, e eles praticam ações sociais que estão baseadas na tradição, nos afetos ou na razão, o que nos remete a tese de Weber de que há quatro tipos fundamentais de ações sociais que explicam as causas dos fenômenos que observamos nas sociedades, são elas: ações tradicionais, ações afetivas, ações racionais orientadas para valores e ações racionais orientadas a fins. As ações tradicionais são aquelas ações que se fundamentam em hábitos ou costumes da tradição. Por exemplo: Quando saímos de casa e nos dizem “Bom dia!” e respondemos também com um “Bom dia!”, trata-se de uma ação social baseada no hábito, independentemente, por exemplo, de ser ou não, efetivamente, um bom dia. Trata-se de uma forma de agir consolidada através do costume. Já as ações afetivas são aquelas motivadas pelo estado emocional do indivíduo e não por conta da busca por atingir qualquer fim. Por exemplo: Sair correndo ao receber uma ótima notícia. As ações racionais orientadas a valores são ações que se fundamentam nos valores dos indivíduos que as praticam, ou seja, é quando os indivíduos agem levando em conta os seus princípios, independentemente das consequências que essas ações possam ter. Não é o fim que orienta ação, mas sim o valor, seja ele estético, ético, político, etc. Por 03. Marx e seus conceitos /tamojuntoenem 16 Diferente da grande maioria dos filósofos que o precederam, Marx não acreditava que o principal objetivo da filosofia era explicar a realidade, mas sim transformá-la. Por isso seu pensamento é chamado de filosofia da práxis (“práxis”, em grego, significa “ação”). Grande pai teórico do comunismo, Marx acreditava que o objetivo supremo da autêntica filosofia é fornecer os conhecimentos necessários para a realização da revolução social. “Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de maneiras diferentes. O que importa, porém, é transformá-lo” (11ª Tese contra Feuerbach) Materialismo histórico Tese central de toda a filosofia marxista, o materialismo histórico consiste na afirmação de que todos os elementos da vida de uma sociedade se reduzem, em última análise, às suas condições materiais. Em outras palavras, para Marx, toda sociedade humana se explica, no fim das contas, por sua estrutura econômica, pelo modo como é organizado seu sistema produtivo. Assim, todos os fenômenos sociais de uma dada civilização, como a arte, a política, a religião, a cultura, a medicina, o direito, o vestuário, etc., seriam tão somente reflexos, diretos ou indiretos, do modo de produção vigente em tal sociedade. Sendo o trabalho a atividade mais fundamental do homem, já que ligada à sua própria sobrevivência, também a economia, que é a organização do trabalho em sociedade, seria a atividade mais básica do corpo social. Não à toa, Marx é tachado como um pensador economicista “O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode resumir-se assim: na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência” (Prefácio para a Crítica da Economia Política) Luta de classes Convencido de que o elemento central para a explicação da sociedade é a economia, Marx se dispôs a passar um bom tempo estudando sistemas econômicos. Sua conclusão foi de que, ao longo da história, o trabalho e os frutos do trabalho nunca foram divididos de modo igualitário. Em outras palavras, desde a pré-história, todas as sociedades humanas sempre se estruturam em termos de grupos econômicos diversos, de classes sociais distintas. Assim, aos membros das classes superiores sempre coube o bônus; às classes inferiores, o ônus; aos primeiros, o domínio; aos segundos, o serviço; a uns, o poder; a outros, a submissão. “A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, o opressor e o oprimido permaneceram em constante oposição um ao outro, levada a efeito numa guerra ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou, cada vez, ou pela reconstituição revolucionária de toda a sociedade ou pela destruição das classes em conflito. Desde as épocas mais remotas da história, encontramos, em praticamente toda parte, uma complexa divisão da sociedade em classes diferentes, uma gradação múltipla dascondições sociais. Na Roma Antiga, temos os patrícios, os guerreiros, os plebeus, os escravos; na Idade Média, os senhores, os vassalos, os mestres, os companheiros, os aprendizes, os servos; e, em quase todas essas classes, outras camadas subordinadas. Sociologia - Marx e seus coneitos /tamojuntoenem 17 A sociedade moderna burguesa, surgida das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta em lugar das velhas. No entanto, a nossa época, a época da burguesia, possui uma característica: simplificou os antagonismos de classes. A sociedade global divide-se cada vez mais em dois campos hostis, em duas grandes classes que se defrontam – a burguesia e o proletariado” (Manifesto do Partido Comunista). Como se sabe, para Marx, o elemento que propicia as transformações sociais, o motor da história é a luta de classes. No sistema econômico em que vivemos, no chamado capitalismo, tal luta se dá entre duas classes sociais opostas: a burguesia e o proletariado. De modo simples, podemos dizer que a grande diferença entre essas duas classes sociais é que, enquanto a burguesia possui os meios de produção (ou seja, todos os elementos não-humanos que são necessários para a produção, tais como o espaço físico, o fornecimento de energia elétrica, os materiais de trabalho, etc.), o proletariado possui unicamente sua força de trabalho, isto é, sua capacidade de exercer atividades produtivas, sejam mentais ou físicas. No capitalismo, o que há é uma relação de troca entre essas duas classes. Os trabalhadores, os proletários, precisando sobreviver, vendem aos burgueses uma parte da sua força de trabalho, em troca de uma quantia em dinheiro, denominada salário. Por seu turno, ao pagar salários, os empresários, os burgueses, põem suas empresas em funcionamento, de onde obtém rendimentos para si. Os trabalhadores, os proletários, precisando sobreviver, vendem aos burgueses uma parte da sua força de trabalho, em troca de uma quantia em dinheiro, denominada salário. Por seu turno, ao pagar salários, os empresários, os burgueses põem suas empresas em funcionamento, de onde obtém rendimentos para si. Trabalho e Mais-valia Do ponto de vista de Marx, o modelo de trabalho assalariado é injusto e promove uma exploração, pois, segundo ele, na prática, quem realiza todo o trabalho são os proletários, quem produziu a riqueza foram os trabalhadores, mas eles nunca ficam com todo o lucro. Dentre a quantia de riqueza que uma empresa lucra, o burguês sempre tira uma quota de dinheiro para si. Esse valor a mais que o burguês toma do lucro é chamado por Marx de mais-valia. Do ponto de vista marxista, a mais-valia é sempre um roubo, pois o burguês está tomando algo que pertence aos trabalhadores. Vemos assim que as classes sociais no capitalismo são interdependentes, uma não vive sem a outra, mas ambas ocupam posições diferentes. Uma é exploradora, outra a explorada, uma é opressora e a outra oprimida. Reificação Explorado e roubado, para Marx, o operário sofre no capitalismo um processo de reificação (“coisificação”). Seu salário, aquilo com que irá sustentar a si e aos seus, passa a ser definido simplesmente pela lei da oferta e da procura, tal como se ele mesmo fosse um produto qualquer. No mesmo sentido, o proletário vivencia no capitalismo uma experiência que Marx chama de alienação. Tal experiência consiste no fato de que o trabalhador perde qualquer identificação com seu próprio trabalho, passando a ver no trabalho não a grande atividade de que o homem é capaz e que o torna superior aos animais, mas apenas um meio de subsistência, do qual se tira um salário no fim do mês. Como, para Marx, o trabalho é a atividade humana mais importante, ao alienar-se do trabalho, o homem acaba por alienar-se de si mesmo. Alienação “O que constitui a alienação do trabalho? Primeiramente, ser o trabalho externo ao trabalhador, não fazer parte de sua natureza, e por conseguinte, ele não se realizar em seu trabalho mas negar a si mesmo, ter um sentimento de sofrimento em vez de bem- Sociologia - Marx e seus coneitos /tamojuntoenem 18 estar, não desenvolver livremente suas energias mentais e físicas mas ficar fisicamente exausto e mentalmente deprimido. O trabalhador, portanto, só se sente à vontade em seu tempo de folga, enquanto no trabalho se sente contrafeito. Seu trabalho não é voluntário, porém imposto, é trabalho forçado. Ele não é a satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer outras necessidades. Seu caráter alienado é claramente atestado pelo fato, de logo que não haja compulsão física ou outra qualquer, ser evitado como uma praga. O trabalho exteriorizado, trabalho em que o homem se aliena a si mesmo, é um trabalho de sacrifício próprio, de mortificação. Por fim, o caráter exteriorizado do trabalho para o trabalhador é demonstrado por não ser o trabalho dele mesmo mas trabalho para outrem, por no trabalho ele não se pertencer a si mesmo mas sim a outra pessoa.” (Manuscritos econômico-filosóficos) Socialismo O único meio de solução das contradições do capitalismo seria, de acordo com Marx, através de uma revolução proletária que, destruindo o sistema econômico vigente, extinguisse com a propriedade privada dos meios de produção e fizesse das empresas uma propriedade comum, de onde todos seriam operários, mas de onde todos também seriam donos. Conceito antropológico de cultura A Antropologia Cultural é uma importante área das ciências sociais. Ela estuda o funcionamento das diversas culturas humanas. Diferente de outras ciências, como a matemática, a física teórica, a economia e até mesmo certos ramos da sociologia, que podem ser desenvolvidos de maneira puramente teórica, por meio de leituras e estudos abstratos, a antropologia é uma ciência que sempre exige a prática. De fato, as culturas são realidades vivas e dinâmicas, que só podem ser verdadeiramente conhecidas de perto. Assim, quando um antropólogo se dedica a estudar certo fenômeno cultural, ele não se contenta apenas em ler o que outros autores escreveram sobre o tema - o que certamente é muito importante -, mas vai ele próprio ter contato com a realidade cultural em questão. Por isto, vemos nos velhos filmes de Hollywood o antropólogo como aquele sujeito que vai para terras distantes, conhecer e estudar tribos isoladas, convivendo com os nativos por um tempo. Este trabalho de campo do antropólogo é chamado tecnicamente de etnografia e não precisa ser feito apenas em lugares distantes, com povos desconhecidos. Há, por exemplo, a antropologia urbana, que produz trabalhos etnográficos sobre fenômenos culturais das grandes cidades, como o hip-hop e o grafite. Por fim, é bom dizer que, desde as origens da antropologia, lá no século XIX, há muitas discussões sobre a pesquisa etnográfica e dos melhores meios de realizá-la: se o pesquisador deve buscar comportar-se como um membro qualquer do espaço social em que se encontra e ocultar sua identidade; se, ao contrário, é importante que, mesmo estando fazendo trabalho de campo, ele se comporte como um observador externo; etc. O que não faltam são visões diferentes na antropologia cultural. Dentre elas, porém, há três principais correntes: O evolucionismo é a primeira grande corrente antropológica, dominante desde o surgimento desta ciência, no século XIX, até o começo do século XX. Seu principal representante foi James Frazer. Como o próprio nome indica, o evolucionismo acredita que a humanidade encontra-se num constante processo evolutivo, de aperfeiçoamento, e que, portanto, as diversas sociedades humanas encontram-se em estágiosdiferentes deste processo, algumas primitivas e selvagens, outras civilizadas. Na prática, isto significa que o evolucionismo tem uma postura etnocêntrica, isto é, acredita na existência de culturas objetivamente superiores e inferiores, mais ou menos evoluídas. Com efeito, há, para Frazer e seus companheiros, critérios e padrões universais pelos quais nós podemos detectar o grau de desenvolvimento de uma cultura: avanço tecnológico (que tipo de bens Sociologia - Marx e seus coneitos /tamojuntoenem 19 e produtos a sociedade consegue obter), língua (se é meramente falada, se é escrita, etc.), cosmovisão (se a explicação dominante para os acontecimentos é mágica, religiosa ou científica), etc. Assim, compreender uma cultura de modo científico seria basicamente estudá-la etnograficamente e, a seguir, avaliar qual o seu grau de evolução no conjunto geral da história humana, a partir dos dados coletados. As culturas mais elevadas, para estes autores, eram as dos países da Europa Ocidental, é claro. Obs.: não confundir a teoria da evolução de Darwin, que trata de uma processo de aperfeiçoamento e seleção natural, biológico, com o evolucionismo social, corrente antropológica que estudamos aqui. Por fim, há o estruturalismo. Tendo em Claude Lévi-Strauss o seu maior nome, os estruturalistas também fazem uma defesa do relativismo cultural, ou seja, também acreditam que toda avaliação cultural é relativa e que não há motivos sérios e aceitáveis para julgarmos determinadas culturas melhores do que as outras. Há, porém, uma importante diferença entre os funcionalistas e os estruturalistas. De fato, ao contrário de Malinowski, que, como vimos, propunha uma análise antropológica específica, focada em entender cada cultura por si mesma, a partir dos seus próprios valores e crenças e a partir sobretudo da função destes valores e crenças na cultura em questão, Lévi-Strauss propunha uma análise comparativa dos fenômenos culturais. Isto é, para ele e seus companheiros, por mais que não existam culturas superiores e que cada sociedade seja uma universo próprio, é possível perceber certas constantes na ordem cultural, certas estruturas sociais (daí o nome da corrente) que se repetem nas diversas culturas pelo mundo. Algumas dessas estruturas sociais, destes padrões de comportamento constantes nas diversas culturas são, por exemplo, o uso de uma língua para a comunicação, a proibição do incesto e a existência da família. Obviamente, o modo como essas estruturam se manifestam varia de sociedade para sociedade: algumas só têm língua oral, outras têm língua escrita; algumas proíbem o incesto só de parentes muito próximos, outras têm uma lista mais extensa de interdições; algumas possuem famílias monogâmicas, outras poligâmicas; numas, as famílias são matriarcais, em outras patriarcais, etc. O fato, porém, é que a existência dessas estruturas é constante. Assim sendo, compreender uma cultura não é simplesmente entender como ela funciona, qual é a função de cada elemento dentro dela, mas sim apreender as suas estruturas sociais básicas e compará-las com as das demais culturas existentes, notando suas semelhanças e diferenças. Perceba-se, porém, que, ao contrário do que ocorre no evolucionismo, esta comparação não tem qualquer caráter avaliativo, de julgar quem é melhor ou pior. Trata-se apenas de entender as semelhanças e diferenças entre as culturas, para melhor poder explicá-las. Sociologia - Marx e seus coneitos /tamojuntoenem 20 Questão Sociologia - Marx e seus coneitos 1. (Enem 2016) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova. DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na a) vinculação com a filosofia como saber unificado. b) reunião de percepções intuitivas para demonstração. c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social. d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais. e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político. /tamojuntoenem 21 Os gêneros literários podem ser considerados como categorias, pois agrupam características textuais semelhantes de forma e conteúdo em relação às produções literárias. O primeiro a definir os gêneros foi o filósofo Aristóteles, dividindo-os em: épico, dramático e lírico. Entretanto, hoje é possível expandir essas classificações, de acordo com os aspectos mais presentes em cada texto. a) Gênero Épico: Neste gênero, há o enaltecimento de uma história de forma heroica, sobre as ações dos personagens, envolvendo coragem e bravura, além de portarem valores e interesses coletivos. Temos a presença de um narrador (que é aquele que narra os feitos), a marcação do espaço (onde sucedem as ações) e a marcação de um tempo ( em geral, voltada a um tempo passado ou fictício). É comum que os textos sejam constituídos por versos e tenham a exposição de elementos míticos ou fantasiosos. Entre as obras mais conhecidas de cunho épico estão “Ilíada” e “Odisseia”, de Homero. b) Gênero Narrativo: Deriva do gênero épico, pois possui os cinco elementos principais no texto narrativo: o enredo (referente à temática abordada), o tempo (linear ou não linear), o espaço em que se sucederá os acontecimentos, os personagens e o narrador. Neste último, faz-se preciso recordar dos diferentes tipos de narradores; há o narrador- personagem, que é aquele que narra e também faz parte do enredo; há o narrador- observador, que não faz parte do enredo e narra a história em 3ª pessoa e, ainda, o narrador onisciente, também de 3ª pessoa, que é aquele que narra e sabe os anseios e sentimentos dos personagens. Em geral, o texto narrativo é constituído em prosa e também corrobora para a formação de inúmeros gêneros textuais, como os contos, as fábulas, os romances, entre outros. Literatura - Gêneros Literários Literatura 01. Gêneros Literários 02. Machado de Assis 03. Pré-Modernismo 04. Vanguardas Europeias 05. Modernismo: 1ª fase 11:00, Diogo 01. Gêneros Literários /tamojuntoenem 22 c) Gênero Dramático: Trata-se de textos voltados para a encenação, são textos de cunho teatral. A voz narrativa está vinculada aos personagens, encenada por atores, e estes contam uma história por meio de diálogos ou monólogos. Em sua forma, é possível identificar o uso do travessão para marcar a fala dos atores que representarão os personagens, da rubrica (indicação de gestos ou movimentos que podem ser feitos na atuação) e a marcação da sequência de cenas. Entre alguns exemplos desse gênero, há a comédia e a tragédia. d) Gênero Lírico: Este gênero está relacionado ao valor expressivo das palavras, possui caráter poético e utiliza-se da linguagem subjetiva. Os textos líricos podem carregar traços de musicalidade, a exposição sentimental do eu lírico (seus anseios, medos, sonhos, amores, desejos, crises internas, etc.), o uso de figuras de linguagem e, em geral, a intenção comunicativa desses textos carrega uma enorme preocupação com a forma que a mensagem será construída. As poesias são os melhores exemplos de tal gênero, destacam-se alguns nomes como: Álvares de Azevedo, Cecília Meirellese Carlos Drummond de Andrade. e) Gênero Ensaístico: São considerados os textos de cunho ensaístico aqueles que apresentam um teor literário por conta da linguagem, embora seja tido como uma escrita não ficcional. Os textos têm vínculo com a realidade, narrando fatos concretos, mas utiliza-se uma linguagem mais artística. Em determinados contextos, podemos considerar as cartas, artigos, diários e crônicas como exemplos. Esta última, a crônica, é um gênero textual muito cobrado nos vestibulares, trata-se de um texto com linguagem simples em que se percebe a abordagem de temáticas do cotidiano, com narrativa breve e, por vezes, pode conter caráter crítico, lírico ou humorístico. Joaquim Maria Machado de Assis (1839 – 1904) é, sem dúvidas, um dos maiores autores do século XIX e, até hoje, permanece entre os maiores nomes da literatura brasileira. Nascido no Rio de Janeiro, no Morro do Livramento, e pertencente a uma família de origem humilde e mestiça, foi jornalista, cronista, crítico, dramaturgo, romancista e poeta; ultrapassou todas as dificuldades por meio de seu inegável talento autodidata. Dentro de um período conservador, Machado conseguiu conquistar o seu espaço e se sobrepor diante dos preconceitos da época, mesmo sendo negro, gago e epilético. Além disso, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e a importância de suas obras deixaram um legado para diferentes estilos e gêneros textuais. Literatura - Machado de Assis 02. Machado de Assis Características Machadianas A maioria das obras machadianas era produzida em prosa e, nelas pode-se perceber a presença de um narrador autocrítico, que apresenta falhas no processo narrativo, e que incita, em muitos momentos da obra, o diálogo com o leitor e estimula o senso crítico do mesmo. É importante evidenciar, também, que muitas vezes o próprio narrador também é personagem, por isso o leitor deve estar atento às provocações e aos posicionamentos /tamojuntoenem 23 Em primeiro lugar, não é visto especificamente como um movimento literário, mas, como um momento transitório da literatura ao final do século XIX e início do século XX. Tal mudança se dá porque os autores desse período transitam entre as características tradicionais do século XIX e, ao mesmo tempo, são influenciados pelas inovações temáticas, formais e linguísticas que começam a surgir no século posterior. De uma forma geral, as obras pré-modernistas contribuíram para a constituição de obras que incitassem uma preocupação com a identidade nacional. Contexto Histórico O significado de vanguarda provém de uma expressão militar, que indica “quem vem à frente”, quem toma a posição inicial. Neste sentido, esse prévio sentido contribui para que, ao estudar as distintas correntes Marcado pelo período de transição, começou próximo ao início do século XX e terminou em 1922, ano da Semana de Arte Moderna. Entre os acontecimentos históricos que envolviam aquele período, destacam-se: A Revolta de Canudos (1896-97), A Revolta da Vacina (1904), a Greve dos Operários (1917) e o período da República Café Com Leite (1894- 1930). Essas manifestações sociais e políticas estarão vinculadas diretamente às produções literárias, pois propiciarão a fomentação de textos com maior engajamento social por parte dos autores. Características I) Preocupação e denúncia social; II) Uso de dialetos regionais nas prosas; III) Linguagem coloquial; IV) Foco na classe marginalizada; V) Foco na região Nordeste; VI) Sincretismo literário; VII) Romances com engajamento sociopolíticos; VIII) Interesse na realidade brasileira; IX) Tendências deterministas (influência da corrente Realista-Naturalista). Os principais representantes, na prosa, são João do Rio, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha e Monteiro Lobato. Já no campo poético, o autor Augusto dos Anjos se destaca por sua temática de cunho “orgânico”, fazendo alusão a micróbios, decomposição orgânica e seu tom de intensa melancolia e pessimismo, além de aderir a um vocabulário bem apoético e cenas cotidianas. Literatura - Pré-Modernismo e Vanguardas Europeias 03. Pré-modernismo 04. Vanguardas Europeias do personagem no texto. Além disso, há o recorrente uso da ironia, o ceticismo, a profunda observação psicológica dos personagens e um humor que se aproxima do estilo tragicômico. Outro aspecto interessante é o da descrição feminina, que se distancia da imagem idealizada presente no Romantismo. Temos, então, a presença de uma mulher mais próxima de nossa realidade, abordada não só por suas qualidades, mas também por seus defeitos. Essa nova faceta feminina desvincula-se uma visão mais moralista, pois, em muitos momentos, a mulher não se submete aos valores morais que a regiam. Entre as temáticas abordadas, temos a questão da hipocrisia humana, a denúncia das relações por interesse, a infelicidade no casamento, o adultério, o egocentrismo e a ascensão social. Suas obras ultrapassaram o momento vivido, sendo consideradas atemporais e, embora alguns críticos o considerem um escritor realista, há vários momentos em que o próprio autor contraria ou ironiza as características do Realismo em seu texto. As obras mais famosas do autor são “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”. /tamojuntoenem 24 A Fonte, de Marcel Duchamp O grito, de Edvard Munch Literatura - Vanguardas Europeias artísticas, saibamos que as inovações desse momento buscam romper com tudo aquilo que fosse considerado arcaico e tivesse algum vínculo com a tradição. Essas vanguardas não ocorreram no Brasil, mas inspiraram inúmeros artistas brasileiros a reformularem as suas visões sobre a arte. Essa influência será percebida no país em 1922, com a presença da Semana de Arte Moderna. a) Cubismo: corrente voltada à valorização de imagens simbolizadas a partir de formas geométricas, imagens fragmentadas, de modo a fomentar uma visão multiperspectivada. O maior representante do Cubismo é Pablo Picasso. b) Dadaísmo: corrente mais radical, mostra- se totalmente contrária às influências artísticas da tradição. Utiliza imagens de forma que incitem ao deboche, ao humor, a instabilidade do interlocutor. O dadaísmo surgiu a partir do medo e insegurança provocados pela Primeira Guerra Mundial. Os nomes mais marcantes são Marcel Duchamp, Tristan Tzara e Hugo Ball. As senhoritas de Avignon, , de Pablo Picasso. c) Expressionismo: corrente voltada à expressão do mundo interior do artista. Presença de imagens que deformam a realidade e valorização do caráter subjetivo. Destaque para Van Gogh, Paul Klee e Edvard Munch. d) Futurismo: corrente influenciada pelas ações progressivas e futuristas da época, valorização da cor cinza e dos automóveis e aviões. Os principais artistas são Fillippo Tommaso Marinetti, Umberto Boccioni e Giacomo Balla. /tamojuntoenem 25 A 1ª fase do Modernismo, também conhecida por “fase heroica”, será impulsionada pelas influências da Semana de Arte Moderna, que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922. Com o intuito de romper com a arte mimética e valorizar a liberdade de expressão, o Modernismo será muito importante para promover uma revisão histórica do passado nacional a fim de inserir, nos textos literários, o senso crítico e a construção da identidade Literatura - Modernismo: 1ª fase 05. Modernismo: 1ª fase Sem título. Salvador Dalí brasileira a partir de uma nova perspectiva. Com forte influência dos ares inovadores das Vanguardas Europeias, os artistas brasileiros sentirão a necessidade de reformular o sentido artístico (no plano estético, na linguagem e na temática), voltando-se para a realidade nacionale a originalidade de suas produções. Características I) Pluralidade Cultural; II) Adoção de versos livres e brancos; III) Desvio das formas clássicas, como os sonetos; IV) Valorização da linguagem coloquial; V) Nacionalismo crítico; VI) Valorização do cotidiano; VII) Dessacralização da arte; VIII) Liberdade artística; IX) Poesia sintética; X) Tom prosaico; XI) Valorização da originalidade. No campo poético, destacam-se os autores Oswald de Andrade (criador do “Manifesto Pau Brasil” e do “Manifesto Antropofágico”) e Manuel Bandeira. Já nos textos em prosa, temos os autores Mário de Andrade (autor de “Macunaíma”) e Antônio de Alcântara Machado. e) Surrealismo: corrente com influência onírica, arte que mistura a realidade com o irreal, o fictício. O principal artista é Salvador Dalí. Velocidade do automóvel, de Giacomo Balla /tamojuntoenem 26 Português 01. Funções da Linguagem 02. Gêneros Textuais 03. Figuras de Linguagem 04. Progressão Textual 05. Variações Linguísticas Sabemos que a linguagem é o principal meio de garantir a comunicação entre os seres do mundo. Para que exista comunicação, alguns elementos são necessários. São eles: � Emissor (locutor/falante): Aquele que emite a mensagem. � Receptor (interlocutor/ouvinte): É quem recebe a mensagem. � Mensagem: Aquilo que é transferido do locutor ao receptor. Referente (assunto/contexto): Sobre o que a mensagem fala. � Código: A convenção social de interação que possibilita ao interlocutor compreender a mensagem. � Canal: É o meio pelo qual a mensagem é transmitida. Vistos os elementos básicos para a comunicação, devemos iniciar o estudo sobre as funções da linguagem, que são imprescindíveis para a análise e produção textual. É muito importante ressaltar que é possível aparecer mais de uma função da linguagem em um mesmo texto. No entanto, sempre há a predominância de uma delas. As múltiplas funções da linguagem podem ser sintetizadas em seis funções (ou finalidades) básicas: 1. Função emotiva (expressiva): Tem como foco principal o emissor, assim como seu ponto de vista, seu estado de ânimo, sentimentos e emoções. É, portanto, uma linguagem mais subjetiva. Algumas das suas principais características são a presença de interjeições, exclamações e o uso da primeira pessoa. 2. Função apelativa (conativa): Seu objetivo principal é convencer ou influenciar o receptor de alguma coisa - dessa maneira, o receptor é o foco principal da função apelativa. Ela pode aparecer por meio de uma ordem, sugestão, convite, entre outros. Algumas das suas principais características são o uso de verbos no imperativo e da 2ª e 3ª pessoas e a presença de vocativos. 3. Função poética: Na função poética, a forma Português - Funções de Linguagens 11:50, Hormes e Fernanda 01. Funções da Linguagem /tamojuntoenem 27 da mensagem é posta em destaque, pois o locutor procura fugir das construções habituais. Ele está mais preocupado em como dizer do que com o que dizer e, para isso, faz uso de recursos estilísticos como ritmo, sonoridade, rimas, assonâncias, etc. É possível encontrar esse tipo de função em textos literários, publicitários, metafóricos e letras de música. 4. Função referencial: Tem como foco principal o assunto (referente). Na função referencial, a informação é transmitida de maneira objetiva, sem impor nenhum ponto de vista ou comentário. Na maioria dos casos, ela aparece na 3ª pessoa, pois é impessoal. A função predomina em textos científicos, didáticos e em alguns gêneros jornalísticos. 5. Função metalinguística: Esse tipo de função faz referência à metalinguagem - ou seja, quando o emissor explica o código a partir do próprio código. Ela está presente em poemas que falam sobre poemas, dicionários e gramáticas, por exemplo. 6. Função fática: Tem como finalidade testar ou estabelecer a comunicação. Predomina, nessa função, o contato entre o emissor e o receptor. Aparece, principalmente, na linguagem telefônica, nas falas de cumprimento e em algumas expressões que comprovam o entendimento da mensagem. i. Gênero Jornalístico: Os textos jornalísticos são veiculados com intuito de comunicar e informar sobre algo. A linguagem desses textos deve ser objetiva, clara e imparcial, para que o leitor compreenda as informações mais relevantes sobre o tema. Em geral, o desenvolvimento textual responde às perguntas “o quê?” (fato ocorrido), “quem?” (pessoas envolvidas), “quando?” (horário em que ocorreu o fato), “onde?” (local onde ocorreu o fato), “como?” (circunstância em que ocorreu o evento) e “por quê?” (causa do fato). A função social do sistema informativo é informar o leitor sobre algo. Ele pode ser caracterizado pela presença da linguagem denotativa e pela organização das informações - que são expostas de acordo com o enfoque definido pelo emissor - e pela organização das fotos, para complementarem o sentido do texto. Exemplos de textos jornalísticos: � Notícia: possui caráter informativo e impessoal, sem possibilidade de múltipla interpretação ou traços de pessoalidade, em que predomina a função referencial da linguagem. Este tipo de texto apresenta as principais informações do fato na primeira parte e, no corpo do texto, são apresentados os detalhes, as causas e consequências. � Editorial: é o texto em que o autor demonstra a opinião do veículo de informação. Em geral, trata de um assunto facilmente compreensível e que interesse o leitor. � Artigo de opinião: é o texto dissertativo em que o autor expõe seu próprio ponto de vista acerca de um assunto, a fim de persuadir o leitor. ii. Gênero Propagandístico: A função social do sistema publicitário é persuadir o leitor, destacando determinadas qualidades de um objeto que tornem seu consumo atraente. Geralmente, a linguagem publicitária é utilizada para evidenciar tanto as características reais do produto quanto as características subjetivas. A principal função da linguagem presente em textos desse gênero é a apelativa (ou conativa). Suas principais características são: � Uso de verbos no imperativo � Presença de vocativos � Pronomes de 2a pessoa � Interlocução iii. Gêneros Narrativos A narração, de forma progressiva, expõe as mudanças de estado que acontecem com objetos, cenários e pessoas a partir do tempo. Português - Gêneros Textuais 02. Gêneros Textuais /tamojuntoenem 28 Os principais gêneros narrativos são as novelas, romances, contos, crônicas, entre outros. Elementos da narrativa: � Narrador - pode ser em 1ª pessoa (narrador-personagem) ou em 3ª pessoa (narrador-observador ou narrador onisciente) � Tempo – pode ser cronológico ou psicológico � Enredo – pode ser fictício ou real Personagem – podem ser protagonistas ou coadjuvantes � Espaço – pode ser real ou virtual iv. Texto Argumentativo O texto argumentativo é aquele em que defendemos uma ideia a fim de convencer, persuadir ou influenciar o interlocutor. Esse convencimento se dá a partir da apresentação de razões, fatos e evidências, que são comprovados por meio de exemplos, dados estatísticos, argumentos de autoridade e etc. v. Texto Injuntivo O texto injuntivo é aquele que explica sobre ou ensina sobre a realização de uma ação. Sua função é instruir o leitor, para que ele seja capaz de cumprir uma atividade. Os seguintes gêneros são exemplos desse tipo textual: receita médica, receita culinária, bula de remédio, manual de instruções, entre outros. Além disso, outra característica do texto instrucional é a utilização de verbos no modo imperativo para indicar sugestão sobre o procedimento a ser realizado. Português - Figuras de Linguagem São divididas em três categorias: figuras de palavra, figuras de linguagem e figurasde construção. I. Figuras de Palavra: i. Metáfora: é a alteração do significado próprio de um palavra, advindo de uma comparação mental ou característica comum entre dois seres ou fatos. Ex: “ O pavão é um arco-íris de plumas” (Rubem Braga) 03. Figuras de Linguagem ii. Comparação: ocorre pelo confronto de pessoas ou coisas, a fim de lhes destacar características, traços comuns, visando a um efeito expressivo. Ex.: O pavão é bonito como um arco-íris. iii. Metonímia: Consiste na utilização de uma palavra por outra, com a qual mantém relação semântica. É importante ressaltar que essa troca não se dá por sinonímia, e sim por alusão à outra. Há metonímia quando se emprega a parte pelo todo, marca pelo produtor, autor pela obra, conteúdo pelo continente, etc. Ex.: Adoro ler Machado de Assis. (a obra) iv. Perífrase: é um tipo de expressão que designa os seres por meio de algum fato ou atributo que os celebrizou. Ex.: O rei da selva é preguiçoso. [ = o leão] v. Sinestesia: é a transferência de sensações e percepções de um âmbito sensorial para outro, resultando em uma fusão de impressões de sentidos de grande poder expressivo. Ex.: Sua doce e aveludada voz massageava meus ouvidos. II. Figuras de Pensamento i. Ironia: consiste em dizer o oposto do que se quer falar. Ex.: Ela não sabe escrever mesmo... Tirou 1000 na redação. ii. Gradação: enumeração gradativa (que aumenta ou diminui pouco a pouco) dentro de uma ideia. Ex.: De repente, o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada. iii. Personificação: é a atribuição de características de seres animados a seres não humanos. Ex.: Hoje, o sol sorriu para mim. iv. Hipérbole: exagero de ideias. Ex.: Chorei rios de lágrimas. v. Eufemismo: suavização de uma ideia/fato. /tamojuntoenem 29 Português - Progressão Textual Ex.: Ele é desprovido de beleza. Ex: A moça virou estrelinha. vi. Antítese: aproximação de palavras com sentidos opostos. Ex.: O calor e o frio vivem em meu peito. vii. Paradoxo: aproximação de ideias contraditórias. Ex.: Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida que dói e não se sente. viii. Pleonasmo: é a repetição desnecessária de palavras para enunciar uma ideia. Ex.: A protagonista principal do filme ‘O sorriso de Monalisa’ é Julia Roberts. III. Figuras de Construção i. Elipse: É a omissão de um termo que o contexto ou situação permitem facilmente suprimir. Ex.: Deste lado da estrada, montanhas e daquele, rios. ii. Zeugma: Essa figura de construção é uma das formas da elipse. Ela consiste em participar de dois ou mais enunciados um termo apresentado em apenas um deles. Ex.: Fui ao shopping e comprei uma blusa e também um casaco. iii. Hipérbato: É a inversão da ordem direta das palavras na oração, ou da ordem das orações no período, com finalidade expressiva. Ex.: Ao shopping irei. iv. Polissíndeto: É o emprego repetitivo de conjunções coordenativas, especialmente nas aditivas. O polissíndeto é diferente do assíndeto, que, por sua vez, é um processo de encadeamento de palavras sem conjunções. Ex.: “Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça e morre” – Polissíndeto “Vim, vi, venci.” - Assíndeto v. Silepse: É a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, ou seja, com as ideias que Os conectivos ou operadores argumentativos são palavras ou expressões responsáveis pela ligação, pela coesão de duas orações, e servem para acentuar, introduzir, diminuir valores em determinadas sentenças. Dessa forma, para estabelecer essa ligação, eles podem indicar: causa, consequência, conclusão, oposição ou ressalva, soma de ideias, objetivo ou finalidade, entre outros. Por isso, existem diversos tipos de operadores que proporcionam diferentes sentidos aos textos e eles são importantes porque garantem a coesão dos textos. Principais operadores argumentativos: � Operadores que somam argumentos: e, também, ainda, não só… mas também, além de…, além disso…, aliás. Exemplo: Além de ser muito inteligente, é ótimo professor. � Operadores que indicam conclusão: portanto, logo, por conseguinte, pois, consequentemente. Exemplo: João tira notas baixas e trata mal os professores, portanto não é um bom aluno. � Operadores que indicam comparação entre elementos a fim de uma conclusão: ...que, menos… que, tão… como. Exemplo: Vamos colocar Luisa no lugar de 04. Progressão Textual elas expressam. Gênero: Vossa excelência parece chateado. Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente. Pessoa: Os brasileiros somos lutadores. vi. Anáfora: Ocorre quando uma ou várias palavras são repetidas sucessivamente no começo de orações, períodos, ou em versos. Ex.: “Quando não tinha nada, eu quis Quando tudo era ausência, esperei Quando tive frio, tremi Quando tive coragem, liguei” /tamojuntoenem 30 Português - Variações Linguísticas Joana, uma é tão competente quanto à outra. � Operadores que indicam causa/ explicação: porque, que, já que, pois, por causa de… Exemplo: Estou triste, pois não fui bem na prova. � Operadores que indicam oposição (adversidade e concessão): mas, porém, contudo, todavia, no entanto, embora, ainda que, posto que, apesar de… Exemplo: Gabriel fez um bom trabalho, mas não foi aprovado. � Operadores que indicam o argumento mais forte de um enunciado: até, mesmo, até mesmo, inclusive, pelo menos, no mínimo. Exemplo: João era muito ambicioso; queria ser, no mínimo, o presidente da empresa onde trabalha. � Operadores que indicam uma relação de condição entre um antecedente e um consequente: se, caso. Exemplo: Se você não for ao médico, não melhorará. � Operadores que indicam uma relação de tempo: quando, assim que, logo que, no momento em que… Exemplo: Assim que você chegar, me ligue! � Operadores que indicam finalidade/ objetivo: para, para que, a fim de… Exemplo: Eu estudo a fim de passar no vestibular. 1. Variação Temporal (Diacrônica) Essa variedade está relacionada à mudança da linguagem ao longo do tempo, a partir das sucessivas gerações de falantes. Para estudá-las, é necessário comparar textos escritos em diferentes épocas e analisar as diferenças gramaticais, lexicais e até mesmo ortográficas (frequentemente, geradas por mudanças fonéticas). O pronome tu, por exemplo, antigamente, era o único pronome de segunda pessoa do singular; 05. Variações Linguísticas entretanto, com o tempo, outras formas de tratamento surgiram, como Vossa Mercê e Vossa Majestade. A palavra “vossa mercê” se transformou sucessivamente em “vossemecê”, “vosmecê”, “vancê” e “você”. Além disso, ao longo do tempo, algumas palavras tiveram alteração na pronúncia, mas não na escrita, enquanto um mesmo som pode ser apresentado com diferentes representações. 2. Variação Regional (Diatópica) São as variantes ocorridas em razão da região a qual o falante pertence. Dentro dessa variação, é possível verificar diferentes formas para nomear um determinado alimento, objeto, entre outros. Por exemplo, “mandioca” também é conhecida como “aipim” e “macaxeira”. Além disso, há diferença em relação à pronúncia de algumas palavras e expressões, podendo haver alterações fonéticas e fonológicas. Alguns traços sintáticos também sofrem modificações. Algumas regiões, por exemplo, são conhecidas por não fazerem a concordância verbal corretamente. No Rio de Janeiro, é comum a maioria dos falantes misturar a 2ª e a 3ª pessoas do discurso. 3. Variação Social (Diastrática) São as variações relacionadas aos fatores sociais que interferem na linguagem, como, por exemplo: classe social, profissão, idade, etnia, nível de escolaridade, etc. Em alguns lugares
Compartilhar