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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO Escola Politécnica de Pernambuco Coordenação Setorial de Pós-graduação e Pesquisa RAFAEL MENEZES DE BARROS ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA NA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA TERMOSSOLAR PARA PRÉ-AQUECIMENTO DE ÁGUA PARA O PROCESSO DE INVERSÃO DE AÇÚCAR NA FABRICAÇÃO DE BISCOITOS Recife, PE 2019 UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO Escola Politécnica de Pernambuco Coordenação Setorial de Pós-graduação e Pesquisa RAFAEL MENEZES DE BARROS ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA NA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA TERMOSSOLAR PARA PRÉ-AQUECIMENTO DE ÁGUA PARA O PROCESSO DE INVERSÃO DE AÇÚCAR NA FABRICAÇÃO DE BISCOITOS Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Energia Solar e Eólica, da Escola Politécnica de Pernambuco da Universidade de Pernambuco para obtenção do título de Especialista em Energia Solar e Eólica. Orientador: Prof. Dr. Alcides Codeceira Neto Recife, PE 2019 RAFAEL MENEZES DE BARROS ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA NA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA TERMOSSOLAR PARA PRÉ-AQUECIMENTO DE ÁGUA PARA O PROCESSO DE INVERSÃO DE AÇÚCAR NA FABRICAÇÃO DE BISCOITOS BANCA EXAMINADORA: Orientador: ____________________________________ Prof. Dr. Alcides Codeceira Neto Universidade de Pernambuco Examinadores: ____________________________________ Prof. Dr. Luís Arturo Gómez Malagón Universidade de Pernambuco ____________________________________ Prof. Dr. Pedro André Carvalho Rosas Universidade Federal de Pernambuco Recife, PE 2019 “Uma mudança na nossa realidade, não quer dizer que tenhamos que mudar os sonhos”. (Autor desconhecido) RESUMO O presente trabalho aborda o estudo de viabilidade técnica e econômica na implantação de um sistema de geração de água quente para pré-aquecimento da água a ser utilizado no processo fabril de inversão de açúcar. Esse contribuirá com a redução de custos de fabricação de biscoitos e irá reduzir as emissões de gases poluentes para atmosfera. Foram utilizados dois métodos de dimensionamento, o proposto pela Norma ABNT NBR 15569:2008 e Carta F para calcular a fração solar média mensal do sistema. Utilizando a NBR 15569:2008 obteve-se uma área coletora de 69 m² e na Carta-F 50 m². A análise de viabilidade foi comparando-se a redução do uso com os custos equivalentes a utilização de gás natural, tendo um payback de 10 anos e VPL de, aproximadamente, R$ 295.000 durante a vida útil do sistema. Esse também irá contribuir com a redução de mais de 100 ton/ano de CO2 para atmosfera. Palavras-chave: SAS; Geração Termossolar; Viabilidade econômica ABSTRACT The present work has been approached as a process that hinders decision making about the decision-making process. of polluting gases to the atmosphere. Two sizing methods were used, established by ABNT NBR 15569: 2008 Standard and Chart F to calculate the average solar fraction of the system. Using a standard NBR 15569: 2008 obtained a collective area of 69 m² and the Letter F 50 m². The feasibility analysis was compared to the use of natural cost equivalents, with a return of approximately 10 years, but with a NPV of approximately R $ 295,000 over a system life and also contributing to the reduction of more than 100 tons / year of CO2 to atmosphere. Keywords: SAS; economic viability; thermosolar generation LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Potencial anual médio de energia solar em cada uma das 5 regiões brasileiras .............................................................................................................. 3 Figura 2 - Sistema de Aquecimento Solar (SAS) por circuito direto........................ 5 Figura 3 - Sistema de termofissão em coletor solar ............................................... 6 Figura 4 - Sistema de Circulação Forçada ............................................................. 7 Figura 5 -Tipos de coletores planos e curvas características de eficiência térmica. ............................................................................................................................... 8 Figura 6 - Coletor solar em polipropileno................................................................ 9 Figura 7 – Componentes de um coletor solar fechado ......................................... 10 Figura 8 - Tipos de placas absorvedoras ............................................................. 11 Figura 9 - Modelos de placas absorvedoras ......................................................... 12 Figura 10 – Construção do tudo evacuado, instalação e princípio de funcionamento ..................................................................................................... 13 Figura 11 - Diagrama simplificado de um reservatório térmico ............................. 14 Figura 12 - Fenômeno da estratificação da água ................................................. 15 Figura 13 - Imagem de satélite do município de Prazeres, Jaboatão dos Guararapes .......................................................................................................... 19 Figura 14 - Temperaturas e Precipitações Médias - clima em Jaboatão dos Guararapes .......................................................................................................... 20 Figura 15 - Irradiação solar no plano inclinado - Jaboatão dos Guararapes, PE – Brasil .................................................................................................................... 21 Figura 16 - Parâmetros coletor solar MC20 (FR(τcαp)θ = 0,74 e FRUL = 5,05 ) .... 23 Figura 17 - Irradiação no plano inclinado - maior média anual 5ºN ...................... 25 Figura 18 - Geração de energia térmica anual para o SAS .................................. 26 Figura 19 - Esquema da solução proposta ........................................................... 27 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição mundial de coletores solares no mundo ............................. 2 Tabela 2 – Classificações do SAS ......................................................................... 5 Tabela 3 - Condutibilidade térmica e a temperatura máxima de utilização de três materiais isolantes. .............................................................................................. 10 Tabela 4 - Grandezas dos parâmetros X e Y ....................................................... 18 Tabela 5 - Dados Climatológicos para Jaboatão dos Guararapes ........................ 20 Tabela 6 - Irradiação solar diária média mensal [kWh/m2.dia] ............................. 21 Tabela 7 - Dados de fração solar para os meses do ano ..................................... 25 Tabela 8 - Orçamento global da solução .............................................................. 28 Tabela 9 - Dados resumos para análise de investimento ..................................... 30 Tabela 10 - Análise de fluxo de caixa e payback do SAS ..................................... 30 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 1.1 Panorama do aproveitamento solar termico no mundo ....................... 1 1.2 Panorama do aproveitamento solar termico no Brasil ......................... 2 1.3 Potencial energético no Brasil ............................................................... 2 1.4 Objetivos gerais...................................................................................... 4 1.5 Objetivos específicos ............................................................................. 4 2 SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR PARA BAIXA TEMPERATURAS .... 5 2.1 Sistema de circulação natural ou termossifão ..................................... 5 2.2 Sistema de circulação forçada (por bombeamento) ............................. 6 2.3 Coletores solares .................................................................................... 7 2.3.1 Coletor solar plano .................................................................................... 8 2.3.2 Coletor solar com tubo evacuado ............................................................ 13 2.4 Reservatório térmico ............................................................................ 14 3 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE GERAÇÃO DE ÁGUA QUENTE .. 16 3.1 Necessidades energéticas do projeto ................................................. 16 3.2 Cálculo da área coletora ....................................................................... 16 3.3 Fração solar ou Carta F ....................................................................... 17 4 ANÁLISE DO POTENCIAL ENERGÉTICO DO LOCAL DE APLICAÇÃO ... 19 4.1 Índices pluviométricos do município de Jaboatão ............................. 19 4.2 Irradiação diária média do bairro de Prazeres .................................... 20 5 PROCESSO DE INVERSÃO DE AÇÚCAR E SUAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS ................................................................................................... 22 5.1 Preparo do açúcar invertido ................................................................. 22 6 MODELAGEM DO SISTEMA ........................................................................ 23 7 SOLUÇÃO PROPOSTA TÉCNICA PROPOSTA .......................................... 27 7.1 Orçamento da solução.......................................................................... 27 8 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA .................................................. 29 9 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...... 31 9.1 Conclusão.............................................................................................. 31 9.2 Recomendações para trabalhos futuros ............................................. 31 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 32 1 1 INTRODUÇÃO Em 12 de dezembro de 2015 foi assinado o Acordo de Paris (MMA, 2016), um tratado mundial onde 195 países, dentre eles o Brasil, se comprometeram com medidas para reduzir o aquecimento Global. Para o Brasil, um dos pilares deste acordo foi “Promover novos padrões de tecnologias limpas e ampliar medidas de eficiência energética e de infraestrutura de baixo carbono”. Nesta medida acordada pelo Brasil (Itamaraty, 2016) se fundamentou o presente trabalho, utilizando um sistema termossolar para pré-aquecimento de água, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa e os custos de transformação na fabricação de biscoitos. Esta água a ser pré-aquecida, é utilizada para o processo de inversão de açúcar, insumo básico para fabricação de alguns tipos de biscoitos (TÚLIO e BRAGA, 2017). Por batelada de açúcar invertido, são dosados 512 litros de água, à temperatura ambiente (cerca de 33ºC), aditivada com açúcar e ácido cítrico. O tempo de aquecimento da mistura é de 60 minutos até o atingimento de 105ºC. Este tempo é elevado para o processo e torna-se um ponto crítico na fabricação dos biscoitos. Para reduzir o risco de falha na entrega do açúcar invertido, os custos operacionais e emissões de gases, será estudado a implantação do aproveitamento solar térmico para pré-aquecimento e armazenamento de água em baixa temperatura sendo um “pulmão” para o processo. 1.1 Panorama do aproveitamento solar térmico no mundo Segundo o livro disponibilizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), o Energia Solar para aquecimento de água no Brasil (Eletrobras Procel e parceiros, 2012), a capacidade instalada no mercado mundial atingiu cerca de 172,4 GWth, o que corresponde a, aproximadamente, 246 milhões de m² em áreas de coletores solares, no último levantamento realizado. Em termos percentuais, China, Europa, Canadá e EUA somam 86,4% desta área. A Tabela 1 corresponde ao ranking da distribuição mundial de coletores solares. 2 Tabela 1 - Distribuição mundial de coletores solares no mundo Fonte: Weiss e Mauthner, 2011 1.2 Panorama do aproveitamento solar térmico no Brasil Ainda com relação ao livro (Eletrobrás Procel e parceiros, 2012), a participaçao do setor solar térmico no Brasil vem crecendo nos últimos anos. No ano de 2009, o Brasil possuia uma área de 5,2 milhões de m² de área instalada, o que corresponde a, aproximadamente, 3,64 GWth.. Segundo artigo publicado pela Ribsol® (Vidal, 2015), o Brasil, em 2015, estava ocupando o 5º lugar no ranking mundial dos coletores solares para aquecimento de água, tendo uma produção 6,726 GWth e uma área de, aproximadamente, 9,6 milhões de m², um aumento de 84,6% em relação ao ano de 2009. O Brasil está atrás de países como a China com 374 milhões de m², EUA com 24 milhões de m², Alemanha com 17 milhões de m² e Turquia com 15 milhões de m², tendo um grande potencial ainda a ser explorado. 1.3 Potencial energético no Brasil Para compor o Atlas Brasileiro de Energia Solar (Pereira, Martins, Abreu, & Rüther, 2006) foi realizado um estudo, durante 10 anos (1995 a 2005), utilizando satélites geoestacionários, estações de superfície e de dados climatológicos de variáveis ambientais para modelar a composição da atmosfera e os processos radiativos que nela ocorrem e, suprir parte da demanda da necessidade de energia solar no território brasileiro. Neste estudo, foi levado em consideração dados de satélites, dados climatológicos, albedo de superfície, umidade relativa, altitude, base de dados confiáveis de irradiação solar e plataformas de coletas de dados espalhadas 3 estrategicamente pelas regiões do Brasil (são 98, sendo 13 delas no Nordeste). O Atlas Brasileiro, aponta a região Nordeste como a maior disponibilidade energética, seguido por Centro-Oeste e Sudeste. Conforme Figura 1. Figura 1 - Potencial anual médio de energia solar em cada uma das 5 regiões brasileiras Para o presente estudo, será abordada a região NE, especificamente em Pernambuco, na cidade de Jaboatão dos Guararapes, onde fica localizada a Indústria Alimentícia que irá utilizar o sistema solar térmico para pré-aquecer e armazenar a água a ser utilizada no processo de inversão de açúcar para fabricação de biscoitos. 4 1.4 Objetivos gerais Analisar técnico-economicamente a implantação de um sistema termossolar para o pré-aquecimento da água utilizada no processo de inversão de açúcar para fabricação de biscoitos. 1.5 Objetivos específicos 1. Estudar detalhes técnicos das tecnologias de captação, armazenamento solar térmico de baixa temperatura e o funcionamento do conjunto; 2. Levantar dados do processo; 3. Calcular as necessidades energéticas do processo; 4. Analisar o potencial solarimétrico do local; 5. Dimensionar o sistema de geração; 6. Analisar a viabilidade econômica do sistema. 5 2 SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR PARA BAIXA TEMPERATURAS O Sistema de Aquecimento Solar (SAS) segundo a NBR15569 (ABNT, 2008), é composto por coletor(es) solar(es), reservatório(s) térmico(s), aquecimento auxiliar, acessórios e suas interligações hidráulicas. A energia solar pode ser aproveitada para o aquecimento da água em residências, piscinas, comércios e indústrias. Para isso, é necessário que a água passe por captores de energia térmica, onde a radiação solar incide sobre o fluido e verifica-sea transmissão do calor pelos processos de condução, convecção e radiação. Os SAS podem ser classificados por tipos, termofissão ou circulação forçada ou pelo porte da instalação (pequeno, médio e grande porte) como mostrado na Tabela 2. Tabela 2 – Classificações do SAS Fonte: Curso de Capacitação em aquecimento solar. Manual do Instrutor 2.1 Sistema de circulação natural ou termossifão Este sistema é denominado circuito direto, por operar com a própria água que escoa entre seus componentes. Este fenômeno é chamado de termossifão. Figura 2 - Sistema de Aquecimento Solar (SAS) por circuito direto Fonte: Curso de Capacitação em aquecimento solar. Manual do Instrutor 6 O fenômeno físico da termossifão é proveniente da diferença de densidade do fluido quente e frio. Quando os raios solares incidem na placa coletora, a temperatura da água é aumentada, desta forma, a água aquecida torna-se mais “leve” e cria um fluxo ascendente até o reservatório térmico; já a água a fria, por tornar-se mais “pesada”, desce para as placas coletoras, como ilustrado na Figura 3. Figura 3 - Sistema de termossifão em coletor solar Fonte: http://www.rffenergias.pt/index.php/energia-solar-termica/ 2.2 Sistema de circulação forçada (por bombeamento) Segundo o manual de instruções do fabricante Rinnai®, existem situações onde a arquitetura não permite que o reservatório seja instalado acima dos coletores e se faz necessário utilizar o sistema forçado, que consiste em uma pequena bomba (pump) circuladora, acoplada a um controlador eletrônico que opera a circulação da água quente mecanicamente quando necessário, ilustrado de forma simplificada na Figura 4. 7 Figura 4 - Sistema de Circulação Forçada Fonte: Curso de Capacitação em aquecimento solar. Manual do Instrutor 2.3 Coletores solares Os captores ou coletores solares são o principal ponto do SAS e podem ser divididos em três grandes grupos: os coletores planos abertos, planos fechados e evacuados, conforme ilustra a Figura 5. Para cada tipo de coletor, existe uma forma construtiva associada que garante uma melhor eficiência de acordo com a temperatura de operação. Por se tratar de baixas temperaturas (≤50ºC), para aquecimento de piscinas e banho, pode ser utilizado coletores abertos. Para processos industriais (≥60ºC) se faz necessário uso de coletores fechados ou evacuados, a escolha destes vai de acordo com o custo e a área disponível para instalação (Rosa, Manea, & Krenzinger, 2013) 8 Figura 5 -Tipos de coletores planos e curvas características de eficiência térmica. Fonte: Curso de Capacitação em aquecimento solar. Manual do Instrutor 2.3.1 Coletor solar plano Quando o coletor solar não se utiliza de concentração de radiação ou de tubos evacuados, tendo sua superfície absorvedora de forma plana, denomina-se o mesmo de coletor solar de placa plana, ou seja, o absorvedor é plano e, a tubulação está no mesmo plano do absorvedor (Rosa, Manea, & Krenzinger, 2013). Os coletores solares planos, diferenciam-se pela sua forma construtiva, podem ser abertos (sem caixa isolante) e fechados (com caixa isolante). 2.3.1.1 Coletor solar plano aberto Segundo o manual do instrutor da Eletrobras (Pereira, et al., 2014), os coletores abertos apresentam elevadas eficiências para as temperaturas de operação mais baixas, mas à medida que essa temperatura aumenta, sua eficiência decresce rapidamente. Por tratar-se de aquecimento em baixas temperaturas, é utilizado normalmente em aquecimento de piscinas. Devido à ausência da cobertura de vidro e do isolamento térmico, ele não atinge temperaturas elevadas como o coletor coberto, podendo chegar ao máximo a 40 °C 9 O dimensionamento deste coletor é feito com base na área, em m² da piscina, da região da instalação, se tem cobertura e da sua aplicação (Komeco, 2016). Esse tipo de coletor é fabricado predominantemente em material polimérico, como o polipropileno e o EPDM, ambos resistentes ao cloro e a outros produtos químicos, como ilustrado na Figura 6. Figura 6 - Coletor solar em polipropileno Fonte: http://www.solarminas.com.br/coletor-solar-para-piscina/ 2.3.1.2 Coletor solar plano fechado Um coletor solar plano fechado é construído com uma caixa e cobertura, protegendo e isolando termicamente o absorvedor e tubulações. Segundo a Eletrobras (Pereira, et al., 2014) os coletores solares fechados podem atingir temperaturas da ordem de 70ºC a 80ºC. Na Figura 7 é mostrado os componentes do coletor solar plano fechado. A placa é basicamente construída por cinco itens: caixa externa, isolamento térmico, tubos, placa absorvedora e cobertura transparente. 10 Figura 7 – Componentes de um coletor solar fechado Fonte: Curso de Capacitação em aquecimento solar. Manual do Instrutor 2.3.1.2.1 Caixa externa A caixa externa suporta todo o conjunto, geralmente são fabricadas de alumínio ou material termoplástico. Os modelos fechados são fabricados com uma série de componentes metálicos e material isolante térmico acondicionando em uma caixa coberta por um vidro. (Faria, 2010) 2.3.1.2.2 Isolamento térmico O isolamento térmico é responsável por diminuir as perdas de calor do fluido de trabalho para o meio ambiente, podendo ser de lã de vidro, lã de rocha, espuma de poliuretano ou outro material isolante. Na Tabela 3, é apresentado os coeficientes de condutibilidade térmica para cada tipo de isolante. Tabela 3 - Condutibilidade térmica e a temperatura máxima de utilização de três materiais isolantes. Fonte: Introdução ao Sistema de Aquecimento Solar Faria (FARIA, 2010) diz que, é importante que a caixa não tenha uma vedação hermética, pois caso haja alguma infiltração se faz necessário o escoamento por 11 um orifício para não comprometer o isolamento térmico e gerar uma corrosão das peças metálicas que constituem o sistema. 2.3.1.2.3 Tubos A água aquecida circula através de tubos conhecidos por aletas. Normalmente cada coletor tem de 8 a 12 aletas que juntas formam a chapa absorvedora. Sua fabricação é, geralmente, em cobre, devida sua resistência a corrosão e condutividade térmica. Nestes tubos a água escoa no interior do coletor, no sentido da aleta inferior para aleta superior. 2.3.1.2.4 Placa absorvedora É a porção responsável pela absorção e transferência da energia solar para a água a ser aquecida, podendo ser uma peça única ou várias peças para compor a superfície chapa absorvedora. Para garantir eficiência na absorção dos raios solares incidentes a chapa absorvedora deve ser pintada com tinta preta (Figura 8). Dependendo do tipo de tinta aplicada na superfície absorvedora ela pode reter até 95% de toda radiação incidente (Faria, 2010). Figura 8 - Tipos de placas absorvedoras Fonte: Curso de Capacitação em aquecimento solar. Manual do Instrutor Existem algumas formatações para melhorar o processo de transferência de calor entre a placa absorvedora e os tubos. Segundo (FARIA, 2010), a eficiência no processo da transferência de calor depende dos materiais utilizados e de detalhes técnicos da junção das aletas à chapa absorvedora, porém, nem sempre se é 12 possível conseguir bons resultados de condutibilidade térmica, quando se mistura dois ou mais metais diferentes. A Figura 9 mostra alguns tipos de junção de placas absorvedoras e tubos. Figura 9 - Modelos de placas absorvedoras Fonte: (Faria, 2010) 2.3.1.2.5 Cobertura transparente A cobertura utilizada pode ser de vidro, acrílico ou policarbonato (Rosa, Manea, & Krenzinger, 2013), sendo sua função principal reduzir as perdas de calor para o ambiente sendo o mais usual o vidro, devido a sua transmissividade. Quanto maior a transmissividade, mais radiação solar entra no coletor e atinge a placa absorvedora. O vidro é transparente para a radiaçãoincidente do Sol com comprimento de onda de 0,5 micrometros. Ao atingir a superfície da placa parte dessa radiação é absorvida e o restante é refletida, retornando em direção ao vidro. Essa radiação é refletida com um comprimento de onda de aproximadamente 6,5 micrometros e, para esse comprimento de onda, o vidro é praticamente opaco. É justamente essa radiação refletida que provoca o efeito estufa entre a cobertura de vidro e dificulta a perda de calor por convecção. (Faria, 2010). 13 2.3.2 Coletor solar com tubo à vácuo Cada tubo evacuado consiste em dois tubos de vidro concêntricos, feitos do vidro de borosilicate (sílica e tri óxido de boro), extremamente forte, possui baixo coeficiente de dilatação térmica e alta resistência a choque térmico. O tubo exterior é transparente e permite que a luz solar passe completamente com reflexão mínima o interior recebe um revestimento especial a base de nitrito. Esta superfície é excelente em absorver radiação solar com perdas mínimas de reflexão. Durante o processo de fabricação, o ar contido no espaço entre as duas camadas de vidro é bombeado para fora, quando a parte superior dos tubos é exposta às altas temperaturas. Isto funde os dois tubos junto em um único tubo evacuado. Esta ausência de gases entre os tubos é o fator determinante para o elevado desempenho dos tubos evacuados. A Figura 10 mostra a construção de um tubo evacuado, instalação e princípio físico de funcionamento. Figura 10 – Construção do tubo de vácuo, instalação e princípio de funcionamento Fonte: http://www.apricus.com/ Segundo o comparativo realizado por (Rosa, Manea, & Krenzinger, 2013), os tubos evacuados são mais eficientes que os coletores planos, porém em locais com temperaturas mais baixas. Em locais com temperatura mais elevada é recomendado a utilização de coletores planos, devida ao custo de aquisição inferior (valor 1/3 mais baixo do que o tubo evacuado), ocupar menos área (metade da área 14 ocupada para uma mesma área de absorção) e o rendimento ser muito próximo dos tubos evacuados. 2.4 Reservatório térmico Os reservatórios térmicos (RT) são tanques utilizados para armazenamento da água aquecida pelos coletores solares. São constituídos de um corpo interno cilíndrico, geralmente de aço inoxidável ou cobre, termicamente isolado (lã de vidro e a espuma de poliuretano são os materiais mais utilizados) para minimizar as perdas de calor para o ambiente. Pode ser dotado de um sistema de recirculação e aquecimento auxiliar para manter a temperatura interna em dias de baixa incidência solar. Este sistema é controlado por um termostato, aquecedor de passagem ou resistência elétrica blindada (ou ser híbrido) e bomba de recirculação. Sua construção tem que ser robusta o suficiente para suportar variações eventuais de pressão e expansão da água resultante do aumento de sua temperatura (Pereira, et al., 2014). A Figura 11 representa um esquema simplificado de um reservatório térmico. Figura 11 - Diagrama simplificado de um reservatório térmico Fonte: (Faria, 2010) O RT pode ser posicionado tanto na vertical quanto na horizontal, porém devido ao efeito da estratificação, é mais eficiente posicioná-lo na vertical. O fenômeno da estratificação é observado na água aquecida e ocorre devido a diferença de temperaturas nas camadas da água dentro do reservatório térmico, como ilustra a 15 Figura 12, onde a água quente tende a subir (menos densa) e a água fria a descer (mais densa). Figura 12 - Fenômeno da estratificação da água Fonte: (Faria, 2010) 16 3 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE GERAÇÃO DE ÁGUA QUENTE Para realizar o dimensionamento do sistema de geração de água quente, deve ser levado em consideração a necessidade de energia do projeto, determinação da área coletora, fração solar e a escolha do tipo de coletor, de acordo com a tabela de classificação do INMETRO, visando obter os melhores parâmetros de perdas e geração. 3.1 Necessidades energéticas do projeto Utilizando a fórmula fundamental da calorimetria, Equação 1, é estabelecida a quantidade de energia necessária mensal para o sistema. 𝐿 = 𝜌 𝑉𝑚ê𝑠 𝑐𝑝 (𝑇𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒−𝑇𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) 3600 [kWh] (1) ρ é a massa específica da água e igual 1[kgL-1]; Vmês é o volume mensal de água quente; cp é o calor específico da água, considerado constante e igual a 4,18 [kJ.kg- 1C-1]; e Tnecessidade e Tinicial: temperatura requerida para a água quente e a temperatura inicial do processo, respectivamente. A constante 3600 é usada para converter a unidade de energia para kWh. 3.2 Cálculo da área coletora Conforme a (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2008) a área coletora, AC, é obtida a partir da Equação 2. 𝐴𝑐 = (𝐿𝑑𝑖𝑎+𝐿𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠)𝐹𝐶𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙 𝑥 4,901 𝑃𝑀𝐷𝐷𝐸 𝑥 𝐼𝐺 [m²] (2) AC é área coletora [m²]; IG é o valor da irradiação global média anual para o local de instalação [kWh.m-2]; Lperdas é a somatória das perdas térmicas do circuito total [kWh.dia-1]; PMDEE é a produção média diária de energia específica do coletor solar [kWh.m-2]; e FCinstal é o fator de correção para inclinação e orientação do coletor solar. 17 Ainda segundo a NBR 15569, para dimensionar as perdas, Lperdas, é utilizada a Equação 3. 𝐿𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝐿𝑑𝑖𝑎𝑥0,15 [kWh/dia] (3) E, no cálculo da PMDEE, a Equação 4. 𝑃𝑀𝐷𝐸𝐸 = 4,901𝑥 [𝐹𝑅(𝜏𝑐𝛼𝑝)𝜃 − 0,0249𝑥𝐹𝑅𝑈𝐿] [kWh/m² ](4) E, por fim, a Equação 5, que calcula o fator de correção para a inclinação e orientação do coletor solar. 𝐹𝐶𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙 = 1 1−[1,2𝑥10−4𝑥(𝛽−𝛽ó𝑡𝑖𝑚𝑜)²+3,5𝑥10 −5𝑥𝛾² (5) Onde, β é a inclinação do coletor [º]; βótimo inclinação + 10º [º]; e γ é o ângulo em relação ao norte geográfico [º] 3.3 Fração solar ou Carta F Para avaliação do desempenho do SAS, utiliza-se o método da Carta F, onde é avaliado a contribuição da energia solar na demanda total de energia para aquecer a água, conhecido como fração solar. Como informado em (ELETROBRAS PROCEL E PARCEIROS, 2012) o método foi desenvolvido por Beckmann et al. [1977] com base na compilação e consolidação dos resultados de várias simulações matemáticas e avaliações de condições operacionais reais de instalações de aquecimento solar. A fração solar Fi é a relação à energia gerada pelo SAS, QSAS, e a necessidade energética do projeto, L, mostrada na Equação 6. 𝑄𝑆𝐴𝑆 = 𝐹𝑖𝐿 [kWh/mês] (6) Os valores de Fi são calculados mês a mês, de acordo com os parâmetros empíricos X e Y, propostos por Beckman et al. [1977]. Onde X está relacionado com as perdas das placas e Y depende da energia solar absorvida pela placa naquele mês. As Equações 7 e 8, mostram como são dimensionados os parâmetros 18 X e Y e, na Equação 5, como é utilizado estes valores para realizar o cálculo da fração solar do mês. Na Tabela 4, são mostradas as grandezas das Equações 7 e 8. 𝑋 = 𝐴𝑐𝐹𝑅𝑈𝐿(100−𝑇𝑎𝑚𝑏)𝑡𝑖 𝐿𝑖 (7) 𝑌 = 𝐴𝑐𝐹𝑅(𝜏𝑐𝛼𝑝)𝜃𝐻𝑇𝑁 𝐿𝑖 (8) Tabela 4 - Grandezas dos parâmetros X e Y Segundo Klein, a determinação da fração solar é calculada pela Equação 9, da seguinte forma: 𝐹𝑖 = 1,029𝑌 − 0,065𝑋 − 0,245 𝑌 2 + 0,0018𝑋2 + 0,0215𝑌³ (9) 19 4 ANÁLISE DO POTENCIAL ENERGÉTICO DO LOCAL DE APLICAÇÃO Para a implantação do sistema, foi escolhida uma indústria na cidade de Jaboatão dos Guararapes, no bairro de Prazeres, Figura 13, localizada no estado de Pernambuco, região Nordeste do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o território do município é de cerca de 257,3 km², sendo 23,6 km² compondo a zona urbana e os 233,7 km² restantes formando a zona rural.Situa-se a 08º 06' 46" de latitude sul e 35º 00' 53" de longitude oeste, estando a 18 km ao sul de Recife. Figura 13 - Imagem de satélite do município de Prazeres, Jaboatão dos Guararapes Fonte: Google Maps® 4.1 Índices pluviométricos do município de Jaboatão O município de Jaboatão dos Guararapes apresenta um clima tropical, que tem característica de um índice pluviométrico maior no inverno do que no verão. Segundo a Köppen e Geiger a classificação do clima é As e 25.3 °C é a temperatura média. A pluviosidade média anual é 1660 mm, como mostrado na Figura 14, abaixo. 20 Figura 14 - Temperaturas e Precipitações Médias - clima em Jaboatão dos Guararapes Fonte: Climate data.org É aferido, na Figura 14, que, 26.5 °C é a temperatura média do mês de janeiro, o mês mais quente do ano e, aproximadamente, 23.6 °C é a temperatura média de julho, sendo durante o ano a temperatura mais baixa, como mostrado na Tabela 5, abaixo. Tabela 5 - Dados Climatológicos para Jaboatão dos Guararapes Fonte: Climate data.org 4.2 Irradiação diária média do bairro de Prazeres A indústria, local de aplicação desta tecnologia, tem suas coordenadas geográficas 8°10'54.8"S 34°57'04.9"W (Google, 2019). Usando o software SunData® desenvolvido pela (CRESESB, 2018), onde este destina-se ao cálculo da média diária de irradiação em qualquer ponto do território nacional. Neste, foram inseridas as coordenadas geográficas da indústria, obtendo, assim, os dados de irradiação médio de três localidades próximas ao ponto de aplicação. São fornecidos os valores de irradiação solar, em kWh/m²/dia no plano horizontal, correspondentes às diárias médias mensais para os 12 meses do ano. 21 A Figura 15, mostra o potencial de irradiação na cidade de Jaboatão dos Guararapes com a localização da indústria em estudo. Figura 15 - Irradiação solar no plano inclinado - Jaboatão dos Guararapes, PE – Brasil Fonte: SunData® No detalhe, a Tabela 6 mostra as variações de irradiação ao longo dos meses no local supracitado e sua irradiação média diária IG=5,46 kWh/m²/dia. Tabela 6 - Irradiação solar diária média mensal [kWh/m2.dia] Fonte: SunData® De acordo com a Figura 14, nos meses de maiores índices pluviométricos (junho, julho e agosto), temos as menores médias de temperatura, aproximadamente, 24ºC (Tabela 5) e uma redução na irradiação solar média diária de forma significava, diminuindo o potencial de geração de energia térmica pelos coletores. 22 5 PROCESSO DE INVERSÃO DE AÇÚCAR E SUAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS O processo de inversão de açúcar é utilizado na fabricação de bolos e biscoitos para modificação de propriedades físico-químicas, como explica o químico Atílio Vanin (TABARELLI, 2010), da Universidade de São Paulo: Quando a sacarose é misturada com água, ocorre uma reação química chamada hidrólise, que separa os dois açúcares. Esse açúcar decomposto é chamado açúcar invertido, explica o químico Atílio Vanin, da Universidade de São Paulo. O açúcar invertido, às vezes, aparece entre os ingredientes de biscoitos e bolos porque, quando a massa á aquecida, ocorre a hidrólise da sacarose presente nela. A função do açúcar invertido em biscoitos é proporcionar ao produto maciez e coloração caramelada. 5.1 Preparo do açúcar invertido Para o processo de inversão de açúcar, cada batelada tem um volume de água de 512 litros, à temperatura ambiente (33ºC) e é acrescido com 1.600 kg de açúcar e 4 kg ácido cítrico. Após a adição dos aditivos, a água inicia o processo de cozimento com, aproximadamente, 40ºC e leva cerca e 60 minutos para atingir a temperatura ideal de cozimento, 105ºC. Após atingir a temperatura de cozimento, a batelada permanece por 40 minutos cozinhando até ser liberada e iniciar um novo ciclo. A ideia que se fundamenta este projeto é entregar a água pré-aquecida a 60ºC (ao invés de 33ºC), reduzindo o tempo do atingimento do setpoint de 105ºC. Desta forma, reduzir o consumo de gás natural, aumentar a capacidade de produção do açúcar invertido e armazenagem da água pré-aquecida em tanques (armazenamento de pelo menos 12 “bateladas”, ou seja, 6.144 litros de água). 23 6 MODELAGEM DO SISTEMA Para as necessidades energéticas do projeto, foram realizadas modelagens para equacionamento da capacidade de geração de energia do SAS e estudo da viabilidade econômica. Ao fornecedor, foi solicitado um sistema de alta eficiência, equipamentos com selo “A” PBE-INMETRO, com sistema integrado de controle e gerenciamento dos equipamentos, permitindo uma gestão adequada do SAS e uso racional das fontes energéticas. De acordo com os dados de processo, a Equação 1 foi utilizada para calcular as necessidades energéticas. Dados: Bateladas: 12/dia; Volume: 512 L / Batelada; ρ: 1 kg/L; cp: 4,18 kJ/kgºC; Tinicial :33ºC; Tnecessidade :60ºC Vmês= 12 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑖𝑎 𝑥 512 𝐿 𝐵𝑎𝑡𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎 𝑥 30 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑚ê𝑠 = 184.320𝐿/𝑚ê𝑠 Logo, 𝐿 = 1𝑥 184.320𝑥4,18𝑥(60−33) 3600 ∴ 𝐿 = 5.781 𝑘𝑊ℎ/𝑚ês (1) Para gerar 5.781 kWh/mês de energia térmica, se faz necessário calcular a área coletora. Um dos requisitos do projeto foi a utilização de modelo homologado pelo INMETRO, selo A de eficiência. O fornecedor apresentou o modelo MC20 Evo Pro, cujas características de ensaio estão mostradas na Figura 16. Figura 16 - Parâmetros coletor solar (FR(τcαp)θ = 0,739 e FRUL = 5,051 ) Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/Coletor-Solar-Banho-PBE-2018.pdf http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/Coletor-Solar-Banho-PBE-2018.pdf 24 No cálculo da área coletora, AC, a Equação 2, os dados de irradiação médio anual (IG) fornecido pelo SunData® e os parâmetros fornecidos pelo site do INMETRO, auxiliarão no cálculo. Porém, para utilizar a Equação 2, os parâmetros de Produção Média Diária de Energia Específica (PMDEE), Perdas e o Fator de Correção para Inclinação e Orientação do Coletor Solar (FCinstal), devem ser calculados usando as Equações 3, 4 e 5. 𝐿𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 5.781 30 𝑘𝑊ℎ 𝑚ê𝑠 𝑥0,15 = 28,91 𝑘𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎 (3) 𝑃𝑀𝐷𝐸𝐸 = 4,901𝑥 (0,74 − 0,0249𝑥5,05) = 3,01 kWh/m² (4) 𝐹𝐶𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙 = 1 1−[1,2𝑥10−4𝑥(0−18)²+3,5𝑥10−5𝑥5² = 1,04 (5) De sorte que, 𝐴𝑐 = (192,7+28,91)1,04 𝑥 4,901 3,01 𝑥 5,46 = 68,93 m² (2) Com o método da Carta F, foi realizado iterações para determinação desempenho do sistema de aquecimento solar a cada mês, considerando que norma ABNT NBR 15569:2008 considera uma fração solar de 70%, foi sendo variada a área coletora até se obter uma fração solar média anual também de 70%, reduzindo a área coletora para 49 m². A Figura 17, mostra os dados de irradiação média diária disponibilizados pelo Cresesb para embasamento no cálculo das frações solares mensais. 25 Figura 17 - Irradiação no plano inclinado - maior média anual 5ºN De acordo com as Equações 7, 8 e 9, dados de ensaio da placa coletora, área coletora e os dados de irradiação média diária, foi calculada a fração solar correspondente para cada mês, como mostrado na Tabela 7. Tabela 7 - Dados de fração solar para os meses do ano Mês X Y Fração Solar Jan 2,13 1,12 0,75 Fev 1,93 1,04 0,70 Mar 2,13 1,16 0,77 Abr 2,07 1,00 0,68 Mai 2,13 0,92 0,63 Jun 2,07 0,84 0,58 Jul 2,13 0,88 0,60 Ago 2,13 1,01 0,69 Set 2,07 1,07 0,72 Out 2,13 1,15 0,76 Nov 2,07 1,13 0,76 Dez 2,13 1,17 0,78 O desempenho energético do sistema está mostrado na Figura 18, considerando a energia nominal de 5.781 kWh/mês e realizado o produto com suas respectivas 5,8 5,9 6,0 5,3 4,7 4,5 4,5 5,2 5,7 5,9 6,0 6,1 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez k W h /m ². d ia Irradiação Média Diária 26 frações solares correspondentes a cada mês, conforme mostradona Equação 6. A geração anual deste SAS é cerca de 48.504 kWh/ano e, em termos de poder calorífico, 41.733.453 kcal/ano. Consultando a tabela de poder calorífico do gás natural distribuído no estado de Pernambuco pela (Copergás, 2018), a tabela de equivalentes energéticos indica que para 1 m³ de gás natural corresponde a, aproximadamente, 8.500 kcal (PCI). Então, a redução de utilização combustível fóssil (gás Natural) é equivalente a 4.910 m³/ano. Figura 18 - Geração de energia térmica anual para o SAS 4.301 4.103 4.444 3.937 3.603 3.325 3.452 3.943 4.149 4.3894.3774.481 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez k W h Geração 27 7 SOLUÇÃO TÉCNICA PROPOSTA A Figura 19 mostra o esquema ilustrativo típico para a aplicação solicitada. O conjunto composto por reservatório térmico, coletores solares, bombas de recirculação, vaso de expansão, controlador solar e termostato. Como a água utilizada no processo de inversão de açúcar é potável, a premissa é que ela não entrasse em contato direto com os tubos do coletor para não haver risco de contaminação. Então, a solução foi incorporar um trocador de calor de placas e a água trocasse calor com o fluido térmico refrigerante das placas coletoras. Figura 19 - Esquema da solução proposta Fonte: Fornecedor 7.1 Orçamento da solução Para os itens considerados para solução, a Tabela 8 mostra o detalhe dos custos com os equipamentos. Para o projeto executivo foi considerado todo fluxograma do sistema, layout em planta baixa (equipamentos, base, coletores solares, bases dos coletores solares), ART e visita técnica para comissionamento e start-up. 28 Tabela 8 - Orçamento global da solução PRODUTOS QTD PREÇO UNITÁRIO (R$) PREÇO FINAL (R$) COLETOR SOLAR 24 R$801,24 R$19.229,76 RESERVATÓRIO TÉRMICO (2500 L) 2 R$29.011,21 R$58.022,42 TROCADOR DE CALOR 1 R$1.914,98 R$1.914,98 BOMBA DE CIRCULÇÃO 2 R$1.993,02 R$3.986,04 BALANCEADOR HIDRÁULICO 6 R$314,53 R$1.887,18 VASO DE EXPANSÃO (PRIM) 2 R$1.662,62 R$3.325,24 CONTROLADOR SOLAR 1 R$802,97 R$802,97 VASO DE EXPANSÃO (SEC) 2 R$2.472,43 R$4.944,86 MANIFOLD SEGURANÇA 3 R$306,66 R$919,98 PROJETO EXECUTIVO E INSTALAÇÃO 1 R$25.000,00 R$25.000,00 VALOR TOTAL (R$) R$120.033,43 29 8 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA Para a análise de viabilidade econômica deste projeto, será utilizado o conceito de payback descontado e Valor Presente Líquido (VPL). Segundo (Carmona, 2009), o payback é uma ferramenta para indicar o tempo de retorno de um dado investimento realizado em um projeto, ou seja, quanto menor o tempo de recuperação do capital melhor será o projeto. Mas este método não leva em consideração o valor do capital no tempo, sendo uma desvantagem. O cálculo do payback é mostrado na Equação 10. 𝑃𝐵 = 𝑉𝑖 𝐹𝑐 (10) Onde, PB é o payback ; Vi é o valor do investimento; e Fc é o fluxo de caixa gerado, podendo ser em meses, semestres, anos, etc. O tempo de retorno do investimento é aceito se for inferior a um valor pré determinado. A técnica do VPL, informa se o investimentro trará um valor positivo ou não, ou seja, se o fluxo de caixa futuro irá superar o valor investido. O critério de aceite será o VPL ser maior que zero, ou seja, VPL positivo, a Equação 11 mostra como é feito o cálculo. 𝑉𝑃𝐿 = ∑ 𝐹𝐶𝑡 (1+𝑘)𝑡 𝑛 𝑛=1 − 𝐼𝐼 (11) Onde, VPL é o valor presente líquido; FCt é o fluxo de caixa no tempo t; K é o custo de capital; e II é o valor do investimento do projeto. No presente projeto, as Tabelas 9 e 10 resumem as análises financeiras. 30 Tabela 9 - Dados resumos para análise de investimento Tabela 10 - Análise de fluxo de caixa e payback do SAS Verifica-se que o período onde a diferença no fluxo de caixa se torna positiva significa que ocorreu o retorno do investimento, no ano 10. O payback duration, ou seja, retorno investido após a amortização do investimento, durante a vida útil do equipamento (até 25 anos) será de R$ 294.182,02. 31 9 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Neste capítulo serão apresentadas as conclusões do presente trabalho e as recomendações para a continuidade dos trabalhos nesta área de estudo. 9.1 Conclusão Com a implantação do SAS, estima-se a redução de, aproximadamente, 5 mil m³/ano do uso de gás natural e, segundo cálculos realizados com a ferramenta disponibilizada pelo (TJPR, 2019), cerca 113,37 ton CO2/ano deixarão de ser emitidas para atmosfera para realizar apenas o aquecimento de água. E, ainda de acordo com (TJPR, 2019), para cada tonelada de CO2, é necessário, aproximadamente, o plantio de 7,14 árvores para que o planeta não sofra pelos danos dessas emissões. Sendo assim, considerando uma média de 409 m³/mês que seriam necessários para aquecer o volume de água solicitados para o preparo do açúcar invertido, teriam de ser plantadas cerca de 809 árvores. Na análise do investimento, o tempo de retorno é relativamente longo, 10 anos, porém, segundo o fabricante, as placas coletoras têm uma boa performance por até 25 anos, isso garante a redução do custo de transformação do produto por mais 15 anos após o payback, totalizando um montante, a valor presente, de R$ 294.182,02. Ao considerar o sistema de aquecimento solar SAS de água definido neste projeto, e tomando o método de dimensionamento da área coletora pela Carta F como referencial, conclui-se satisfatório os resultados apresentados e um excelente investimento. 9.2 Recomendações para trabalhos futuros Por não ser o objetivo deste trabalho, não foi avaliado impacto no rendimento do sistema a necessidade de introduzir um trocador de calor de placas para atendimento da segurança alimentar. Recomenda-se para trabalhos futuros, o estudo do impacto da perda de com a inserção do trocador de calor. Por fim, sugere-se também, realizar a análise do impacto das perdas específicas no reservatório térmico, modelando de acordo com os dados fornecidos pelo INMETRO. 32 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15569: Sistema de aquecimento solar de água em circuito direto - Projeto e instalação. ABNT. Rio de Janeiro, p. 36. 2008. AVILA, M. L. D. Roca. Análise comparativa entre coletores solares planos e coletores solares a vácuo. Monografia de Graduação. Universidade Tecnológica do Paraná. 2017. CARMONA, C. U. D. M. Finanças Corporativas e Mercados. 1ª. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2009. COPERGÁS. Copergás, 1 Fevereiro 2018. Disponivel em: <https://www.copergas.com.br/wp-content/uploads/2010/03/Historico-de-Tarifas- 2018.pdf>. Acesso em: 16 Fevereiro 2019. CRESESB. CRESESB, 25 jan. 2018. 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