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Resenha de trechos do texto Capitalismo socialismo e democracia de Joseph Schumpeter

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Universidade Federal da Bahia
Data: 05 de Outubro de 2019 
Aluno: Arilson Silva da Silva
Professor: Antônio Oliveira
Disciplina: Liberalismo e Estado
Resenha de trechos do texto “Capitalismo, socialismo e democracia” de Joseph Schumpeter
 Muitos pensadores se propõem a discutir o capitalismo e as suas problemáticas, e um deles é Joseph Schumpeter, o qual toma como objeto a mentalidade que o capitalismo promove a existir. Tendo como base os capítulos 11 e 13 do livro “capitalismo, socialismo e democracia” o texto que se segue será uma tentativa de discutir as principais idéias trabalhadas por Schumpeter nessa obra.
 Schumpeter inicia a discussão elencando algumas formas que os homens tinham de enfrentar as dificuldades no passado, dentre os meios possíveis ele elenca a natureza coletiva e afetiva do processo mental, e a mágica (entidades e influências não empíricas). Apesar de essas duas formas serem usualmente utilizadas pelos nossos antepassados, Schumpeter aponta que havia uma esfera da nossa vida que utilizávamos e até hoje utilizamos a atitude racional, e essa esfera é a esfera econômica.
 Por ser uma esfera da nossa vida que tem a possibilidade de ser quantificada, a economia deixa muito evidente o fracasso caso os sujeitos utilizem a mágica como uma forma de ter êxito em sua empreitada. Por conta da clareza com que a economia se apresenta a nós, fica também evidente que o método mais eficaz de se obter sucesso na mesma é através da atitude racional.
 Não é atoa que, conforme aponta Schumpeter, o desenvolvimento das ciências é acompanhado pelo aquilo que entendemos hoje como o “nascimento do capitalismo”, e já com ele em vigor vemos o desenvolvimento das ciências modernas. Isso se dá, pois o capitalismo sendo uma evolução da esfera econômica a qual impõe aos sujeitos a atitude racional, a qual também é fundamental para as ciências modernas (a racionalidade). Dessa forma o capitalismo impõe o uso da razão aos sujeitos, e a razão é necessária para o desenvolvimento da ciência, ou seja, o capitalismo formou a atitude mental da ciência moderna.
 Além disso, Schumpeter argumenta que o capitalismo também ajudou a forma um tipo de homem e meios. Isso se deu, pois com o capitalismo a habilidade anormal e a ambição passaram a ser valorizadas, e o empresário independente bem sucedido financeiramente passa a atrair as melhores mentes e as utiliza para ter um melhor retorno financeiro. Outra mudança que a atitude racional engendra é a mudança dos fins, para Schumpeter fica evidente ao constatarmos as transformações institucionais e as novas leis após o capitalismo uma vontade em reduzir as misérias.
 Apesar de todos esses benefícios advindos da atitude racional que vigora dentro capitalismo, o mesmo provoca a sua decadência, pois essa atitude racional e se racionaliza ao tal ponto que além de questionar as leis e instituições anteriores (como o papado, a monarquia, etc), ela também passa a questionar o próprio capitalismo, ou seja, o capitalismo através da atitude racional promove uma atitude crítica, e essa atitude crítica se volta contra o próprio capitalismo. E Schumpeter argumenta que tornasse ineficaz defender o capitalismo destacando o progresso que o mesmo promoveu, pois se chegou a um ponto em que esse progresso é tido como natural, e passasse a enxergar o capitalismo como um entrave para um maior progresso, dessa forma cria-se uma impaciência entorno do progresso que o capitalismo vem promovendo e passasse a considerar um novo sistema em que o progresso chegaria mais rapidamente.
 Porém, Schumpeter aponta que essa impaciência sentida pela massa não se organiza para empreender uma revolução naturalmente, para isso se faz necessário a existência de grupos que organize e direcione essa hostilidade crescente da massa. E para entender a organização dessa massa hostil e crescente, Schumpeter passa a discutir sobre aqueles que promovem a inquietação social, e esses seriam os intelectuais, os quais são aqueles que esgrimem o poder da palavra escrita e falada.
 Schumpeter constata que nas diversas épocas das humanidades os intelectuais se fizeram presentes e através deles se fizeram presentes às críticas sociais. Porém, em diversas sociedades as autoridades vigentes conseguiam manter os intelectuais controlados, pois se tratavam de sociedades que se tinha um poder muito mais centralizado, e as instituições não promoviam a liberdade individual e de expressão, dessa forma quando um intelectual ousava ir além a sua crítica a ordem social vigente, o Estado tinha a autoridade de se valer da sua força para controlá-lo até mesmo o matando (exemplo de Sócrates).
 No seio do capitalismo onde se promove a educação, fazendo-a alcançar cada vez mais um maior número de pessoas, pessoas essas que nem sempre vão conseguir um emprego que condiz com sua escolaridade. Diante dessa massa de pessoas formalmente escolarizadas desempregadas ou em empregos não satisfatórios, cria-se uma massa de inconformados, do inconformismo nasce o ressentimento, e do ressentimento chega-se a crítica social. Além disso, o capitalismo possuí consigo as instituições burguesas, que carregam como ideais as liberdades, dessa forma diferentemente das sociedades do passado onde se tinha um outro tipo de sistema econômico e com isso se promovia instituições políticas de caráter mais autoritário, no capitalismo se cria um ambiente favorável para a crítica a ordem social, pois os intelectuais são livre para atuar incitando a inquietação social contra o capitalismo. E aqueles que são a favor do capitalismo carecem de uma forma eficaz de controlar os intelectuais, pois se eles se valem do poder do Estado para calar os seus críticos, ou seja, tolhendo a liberdade dos intelectuais, ao passo que se faz isso, também se dá a possibilidade do Estado também lhes tolherem a liberdade econômica.
 Diante de tudo que foi dito, fica evidente assim as idéias de Schumpeter a respeito da mentalidade promovida pela sociedade capitalista, e essa colabora para que se forme uma mentalidade racional, pautada na eficiência metodológica, e, além disso, cria novos objetivos pautados no progresso acelerado. Vimos também que essa é uma sociedade que por se valorizar as liberdades e se promover o progresso financeiro e educacional, acaba também criando seus próprios inimigos que estão inconformados com sua situação e ao verem outros que alcançaram sucesso se vêem como injustiçados.

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