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Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 1 UNIDADE 3 EQUAÇÕES GERAIS DA DINÂMICA DOS FLUIDOS (Parte IV) Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 2 FORMA INTEGRAL DA EQUAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 3 Primeiramente, vamos determinar as leis básicas para um sistema: Segunda Lei de Newton (Quantidade de Movimento): dt dM F onde: )sistema(M )sistema( sistema dVdmVM (M é a quantidade de movimento do sistema: M = mV) Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 4 Seguindo o mesmo procedimento desenvolvido para a dedução da Equação Integral da Conservação da massa, consideraremos um volume de controle não deformável em repouso em relação ao eixo de referência x, y, z. Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 5 -Essa forma inicial do sistema fluido é escolhida como o volume de controle a ser estudado. -Inicialmente, tomamos uma porção arbitrária de fluido em um escoamento (campo arbitrário de velocidades V(x,y,z,t) ), em um instante to. Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 6 No instante to, o volume de controle coincide com o sistema. Após um tempo infinitesimal Δt, ou seja no tempo to+Δt, o sistema terá se movimentado para um novo local. Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 7 Assim, no instante to+Δt, o sistema estará parcialmente fora do volume de controle, resultando em três regiões distintas: As REGIÕES I e II juntas definem o volume de controle. A REGIÃO I é definida de tal forma que sua massa entra no volume de controle no intervalo de tempo t. A REGIÃO III é definida de tal forma que sua massa deixa o volume de controle no tempo t. Logo, a REGIÃO II e REGIÃO III delimitam o sistema no instante to+Δt. Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 8 Um campo arbitrário de velocidades V(x,y,z,t), pertencente aos elementos de fluido que entram e saem do volume de controle, dá origem ao transporte da quantidade de movimento, dado que o momento linear M é definido como o produto da massa pela velocidade, ou seja, M = mV. Da expressão da quantidade de movimento, tem-se que a variação de momento linear durante o intervalo de tempo é dada por: ooo t,vctt,IIItt,II MMMM oooo t,vctt,IIItt,Itt,vc MMMMM ou, rearranjando os termos: tt,Itt,IIIt,vctt,vc oooo MMMMM Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 9 (Equação 1) Dividindo-se toda a equação por Δt e aplicando-se o limite quando Δt → 0: t MM lim t MM lim t M lim tt,Itt,III 0t t,vctt,vc 0t0t oooo Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 10 Pela definição de derivada, tem-se que o lado esquerdo e o primeiro termo do lado direito da Equação 1, tornam-se: vc vc vc dV dt d )Vm( dt d dt dM t MM lim dt dM dt dM tt,Itt,III 0t vc oo Da segunda Lei de Newton: Assim: dt dM F t MM limdV dt d F tt,Itt,III 0t vc oo (Equação 2) Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 11 Para avaliar o membro direito da Equação 2, será considerado primeiramente a sub-região 1 aumentada: O vetor de área é o produto do vetor unitário normal a área (para fora da superfície de controle) pelo elemento de área dA. O vetor velocidade formará um ângulo qualquer com respeito a . Uma vez que o fluido está entrando no volume de controle, o ângulo será maior que 90o (/2) sobre a superfície de controle comum a REGIÃO I. Ad Ad t MM limdV dt d F tt,Itt,III 0t vc oo Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 12 )tAdVV(Vmd O vetor comprimento do cilindro é dado por: tVL O volume do cilindro, cuja área está formando um ângulo em relação ao seu comprimento é: dAcosLd Ad )AdL(d )tAdV(d tAdVVdV ou, (onde cos é negativo porque >/2) ( é o valor médio da densidade) ou, O momento linear, M = mV, da sub-região 1 será assim: Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 13 Assim, integrando sobre a superfície de controle comum a Região I, tem-se: SCI tt,Itt,I )tAdV(VMVm oo onde, é o momento linear total contida na REGIÃO I no tempo to+Δt. Lembrando, da Equação 2 já foram determinados: (Equação 3) tt,I oVm t MM limdV dt d F tt,Itt,III 0t vc oo Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 14 Seguindo um raciocínio lógico, o momento linear total contida na REGIÃO III é: (Equação 4) Na Equação 4, o cos é positivo (</2) para a massa que sai da superfície de controle. SCIII tt,IIItt,III )tAdV(VMVm oo Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 15 Substituindo as Equações 3 e 4 na Equação 2, tem-se: como a área da superfície de controle é independente do intervalo de tempo, Δt pode ser retirado do denominador e colocado sob o sinal de cada integral. Assim: t )tAdV(V)tAdV(V limdV dt d F SCIII SCI 0t vc SCIII SCI 0t vc )AdV(V)AdV(VlimdV dt d F Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 16 Ou ainda, uma vez que as expressões dentro da integral não dependem do tempo: A superfície de controle total é composta pelas REGIÕES I e III, assim: SCIII SCIvc )AdV(V)AdV(VdV dt d F scvc )AdV(VdV dt d F Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 17 FORMA INTEGRAL DA EQUAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO taxa de variação da quantidade de movimento dentro do VC = Taxa líquida do fluxo de quantidade de movimento saindo da SC Como nenhuma limitação de tamanho foi imposta ao volume de controle, esta equação será válida para qualquer região, finita ou infinitesimal. scvc )AdV(VdV dt d F Somatório de todas as forças atuando no VC + Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 18 SIMPLIFICAÇÕES DA EQUAÇÃO INTEGRAL DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO ESCOAMENTO PERMANENTE - se a variação da quantidade de movimento dentro do volume de controle for independente do tempo, a equação geral pode ser simplificada da forma: 0 SCvc )AdV(VdV dt d F SC )AdV(VF ou, Fenômenos de Transporte IIUnidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 19 As componentes da equação integral da quantidade de movimento em coordenadas cartesianas são: scvc x AdVudu dt d F scvc y AdVvdv dt d F scvc z AdVwdw dt d F Direção x: Direção y: Direção z: OBS.: Deve-se tomar bastante cuidado na avaliação dos sinais das componentes de velocidade e do produto escalar das integrais da equação da quantidade de movimento. 1) O sinal de é determinado conforme a discussão do escoamento ser para fora ou para dentro do VC. 2) O sinal dos componentes de velocidade u, v e w devem ser avaliados em relação ao sistema de coordenadas. )AdV( Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 20 EXERCÍCIOS DE QUANTIDADE DE MOVIMENTO Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 21 EXEMPLO 1: Um fluido incompressível flui de modo estacionário através de um joelho redutor, conforme ilustrado na figura abaixo. Supondo escoamento unidimensional, determine a força que deve ser exercida pelo joelho sobre o fluido. Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 22 As forças que agem no volume de controle são mostradas na figura abaixo: onde a pressão e a tensão cisalhante na parede são denominadas, respectivamente de Pw e τw. A força resultante indica a soma destas forças atuando na parede do volume de controle. Tem-se ainda as forças de pressão nas superfícies de entrada e/ou saída e a força peso. R Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 23 A equação integral da quantidade de movimento nas direções x e y são dadas por: Para escoamento permanente, estas equações se reduzem a: scvc x AdVudu dt d F scvc y AdVvdv dt d F sc x AdVuF sc y AdVvF e Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 24 Para a direção x, temos: )dAV(V)dAV(cosVAPcosAPRF 2221112211xx Para a direção y, temos: )dAV(senVWsenAPRF 11111yy )AV(V)AV(cosVAPcosAPR 222211112211x )AV(senVWsenAPR 111111y Assim a força resultante R é dada por: jRiRR yx Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 25 EXEMPLO 2: Água escoa em regime permanente através do cotovelo redutor de 90º mostrado na figura abaixo. Na entrada do cotovelo, a pressão absoluta é 220kPa e a área da seção transversal é 0,01m2. Na saída, a área da seção transversal é 0,0025m2 e a velocidade média é de 16m/s. O cotovelo descarrega para a atmosfera. Determine a força necessária para manter o cotovelo estático. Desconsidere o peso do fluido e do equipamento. Dados: Patm = 101325N/m 2 ρagua = 999 kg/m 3 R.: N639RekN35,1R yx Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 26 EXEMPLO 3: Água escoa em regime permanente através do bocal mostrado na figura abaixo, descarregando para a atmosfera. Calcule a componente horizontal da força na junta flangeada. Dados: P1 = 2,28 psig D1 = 12,5 in V1 = 4,25ft/s D2 = 6,25 in ρagua = 1,94 slug/ft 3 1 psi =144 lbf/ft2 1ft = 12in R.: lbf206Rx Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 27 EXEMPLO 4: Água escoa em regime permanente através de um cotovelo de 180º. Na entrada do cotovelo, a pressão manométrica é 96kPa. A água é descarregada para a atmosfera. Admita que as propriedades são uniformes nas seções de entrada e saída. Determine a componente horizontal da força necessária para manter o cotovelo no lugar. Dados: A1 = 2600mm 2 V1 = 3,05m/s A2 = 650mm 2 ρagua = 999kg/m 3 R.: N370Rx Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 28 EXEMPLO 5: Água a 20oC escoa através do cotovelo da figura abaixo, e descarrega para a atmosfera. O diâmetro do tubo é D1 = 10cm, enquanto D2 = 3cm. Para uma vazão Q = 0,015m 3/s, a pressão P1 = 233kPa (manométrica). Desprezando o peso da água e do cotovelo, calcule a força sobre os parafusos dos flanges na seção 1. Dados: ρagua = 999 kg/m 3 R.: N8,203ReN45,2101R yx Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 29 R.: N89,1657ReN43,4692R yx EXEMPLO 6: A figura mostra um redutor em uma tubulação. O volume interno do redutor é 0,2m3 e sua massa é m = 25 kg. Avalie a força total de reação ( ), que deve ser feita pelos tubos adjacentes para suportar o redutor. O fluido é gasolina ( = 720 kg/m3). A aceleração da gravidade na terra é g = 9,81 m/s2 e pressão atmosférica é Patm = 101.325 Pa. R Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 30 EXEMPLO 7: Um joelho redutor é usado para defletir água em um ângulo de 30º, à taxa de 14 kg por segundo em um tubo horizontal, enquanto promove a aceleração do escoamento. O joelho descarrega água na atmosfera. A seção reta do joelho é 113 cm2 na entrada e 7 cm2 na saída. O peso do joelho e da água dentro da tubulação podem ser desprezados. Determine a força de ancoragem necessária para manter o joelho no lugar. A pressão manométrica na seção de entrada vale 202,2 kPa. Dados: = 999 kg/m3 R.: N140ReN7,2059R yx Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 31 LISTA DE EXERCÍCIOS 4 Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 32 1- Calcule a força requerida para manter o tampão fixo na saída do tubo de água. A vazão e 1,5 m3/s e a pressão a montante é 3,5 MPa (manométrica). R.: F = -90,5 kN Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 33 2- Água escoa em regime permanente através do bocal de uma mangueira de incêndio. A mangueira tem diâmetro interno de 75mm e a ponta do bocal 25mm; a pressão manométrica na mangueira é 510kPa e a corrente de água deixando o bocal é uniforme. Na saída do bocal, a velocidade da água é 32m/s e a pressão é atmosférica. Determine a força transmitida pelo acoplamento entre a mangueira e o bocal. R.: F = -1,81 kN Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 34 3- Calcule a força resultante de reação sobre o joelho redutor da figura, considerando a vazão volumétrica de 0,50m3/s de água. Área da seção 1 = 0,20m2 ; pressão da seção 1: 180kPa (manométrica) Área da seção 2 = 0,05m2 ; pressão da seção 2: 150kPa (manométrica) R.: kN8,10RekN31R yx Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 35 4- Água entra em um cotovelo redutor de 180o, com velocidade média de 1m/s e pressão manométrica de 400kPa. Na saída a pressão manométrica é 50kPa e os diâmetros das seções de entrada e saída do cotovelo são 0,25m e 0,05m, respectivamente. Qual a força requerida para manter o cotovelo em estacionário? R.: F = -20,15 kN Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – EquaçõesGerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 36 5- Um dispositivo de formação de jato é mostrado no diagrama abaixo. A água é fornecida a p = 1,45psig (manométrica) através da abertura flangeada de área A = 3in2. A água sai do dispositivo num jato livre, em regime permanente, à pressão atmosférica. A área e a velocidade do jato são a = 1,0in2 e V = 15ft/s. O dispositivo tem massa de 0,2lbm e contém um volume = 12in3 de água. Determine a força exercida pelo dispositivo sobre o tubo de suprimento de água. R.: F = -1,70 lbf Fenômenos de Transporte II Unidade 3 – Equações Gerais da Dinâmica dos Fluidos Profa. Maria das Graças Enrique da Silva 37 6- Um fluido incompressível escoa em regime permanente na região de entrada de um tubo circular de raio R. A velocidade uniforme na entrada do tubo é U1 = 30ft/s. A distribuição de velocidades em uma seção a jusante é: Avalie a velocidade máxima na seção a jusante. Calcule a queda de pressão que existiria no tubo se o atrito viscoso nas paredes fosse desprezível. R.: umáx = 60 ft/s; p1-p2 = 0,699 lbf/ft 2 2 máx R r 1 u u