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O_IMPERIO_NEO-ASSIRIO_E_O_ISRAEL-NORTE_D

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO 
 
 
 FLÁVIO EMÍLIO AGUIAR LEMOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO GRANDE/MS 
 
2017 
 
 
 
FLÁVIO EMÍLIO AGUIAR LEMOS 
HISTÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
O IMPÉRIO NEO-ASSÍRIO E O ISRAEL-NORTE: 
DEPORTAÇÃO TOTAL OU DE APENAS UMA PARTE? 
 
 
Trabalho de pesquisa exigido como parte dos requisitos 
para conclusão da disciplina de Trabalho de Conclusão 
de Curso, apresentado à Universidade Católica Dom 
Bosco, curso de História, sob a orientação da Profa. 
Rosimeire Martins Régis dos Santos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO GRANDE/MS 
 
2017 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 4 
CAPÍTULO I – O reino da Assíria: Uma introdução..................................................... 7 
CAPÍTULO II – O reino de Israel-Norte: Uma introdução.......................................... 12 
CAPÍTULO III – A prática de deportação assíria.......................................................... 18 
CAPÍTULO IV – O poder de uma ideologia................................................................... 25 
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
A presente pesquisa encontra-se dentro do grande tema da História antiga, 
especificamente no contexto do antigo oriente médio, o que se acostumou chamar de história 
do antigo oriente médio, ou antigo oriente próximo. As motivações que foram consideradas 
para a escolha deste tema e assunto tem como proposta desenvolver uma melhor compreensão 
sobre a prática de deportação empregada pelo império assírio quando da invasão ao reino do 
norte israelita, que ocorreu em 733 e 722 a.C. A pesquisa pretende, na sua finalidade, dar base 
para uma análise futura da continuidade cultural no reino de Israel no período posterior à 
invasão assíria. A visão tradicional propaga que o reino de Israel teria sofrido uma deportação 
de grande parte da população, por exemplo, em 733 a.C., quando Teglath-Pileser III assolou 
“Todas as terras israelitas da Galiléia e da Transjordânia [...]” (BRIGHT, 1978, p.367), 
restando na região apenas alguns poucos descendentes israelitas que somados a alguns 
estrangeiros ali alocados pelos assírios posteriormente, resultaram em uma região 
completamente “miscigenada”, sem vínculo com o passado da região. 
O livro de 2Reis (15:29; 17:6.23) retrata um ponto de vista muito parcial sobre este 
momento, apresentando os povos que ali viviam como idólatras e pecadores, e por estes 
motivos, sofredores do “castigo divino”. É sobre a influência desta ideologia dos escritores 
bíblicos que posteriormente irá se ignorar a importância do estudo desta região no período 
pós-deportações. Este “fim” do reino do Israel-norte inspirou a visão bíblica sobre as “Dez 
tribos perdidas de Israel”, da forma como é percebível em um texto oficial do Ministério das 
Relações exteriores de Israel. “O Reino de Israel foi destruído pelos assírios (722 AEC) e seu 
povo foi levado ao exílio e ao esquecimento”1. 
Esta afirmação é curiosa, pois, segundo Richard A. Horsley, em seu livro intitulado 
Arqueologia, História e sociedade na Galileia, surge uma questão que se torna o problema da 
presente pesquisa: teria a assíria, nos dois momentos de conquista no reino de Israel, 
deportado quase toda a população, ou apenas parte dela? (2000, p.28,29). Finkelstein e 
Silberman (2003) se referindo ao ponto de vista de alguns acadêmicos sobre a ideia de 
deportação em massa, ou da maioria, diz que essa visão serve à uma tradicional compreensão 
arqueológica, onde muitos estudiosos, em uma repetição involuntária das interpretações 
teológicas da Bíblia, retratam uma monótona continuidade populacional (2003, p.274), o que 
 
1 Fatos sobre Israel. Ministério das relações exteriores de Israel. Jerusalém, Israel. 2010. Disponível em:< 
http://mfa.gov.il/MFA/AboutIsrael/History/Pages/Facts%20about%20Israel-%20History.aspx> Acesso em:04 de 
Setembro de 2017. 
http://mfa.gov.il/MFA/AboutIsrael/History/Pages/Facts%20about%20Israel-%20History.aspx
5 
 
supostamente apontaria para uma baixa existência populacional na região após estes períodos 
(como questiona Horsley - 2000, p.29) e que corroboraria a ideia de que o império Assírio 
teria deportado a maior parte da população do Israel-norte. 
Sendo assim, a importância desta pesquisa se apresenta conforme o resultado da 
mesma. Uma vez se confirmando a hipótese de não-deportação da maioria da população 
Israelita, quando da conquista do império Assírio em 733-32 e 722-21 a.C., um caminho 
consideravelmente novo se estruturará. À saber, a possibilidade de novas pesquisas sobre a 
continuidade cultural nas regiões do Reino do Norte-Israel nos períodos subsequentes, devido 
a permanência considerável da população. Pesquisas que se juntariam à vários outros 
trabalhos, entre eles, o do professor Richard A. Horsley, na forma como é apresentado no 
livro Arqueologia, História e sociedade na Galileia, traduzido para o português brasileiro em 
2000. 
A nível de conhecimento, neste livro o autor apresenta dados demonstrando uma rica 
cultura israelita na região da Galiléia, durante o 1º século d.C. (2000, p.154,55). A existência 
desta cultura israelita no norte da Palestina no 1º século d.C., consideravelmente diferente da 
cultura sulista da Judéia-Jerusalém, provavelmente, poderá encontrar a sua resposta no 
passado do reino israelita da região, justamente na questão sobre o ato de deportação assírio 
em Israel. 
Para os estudos da temática o trabalho se divide da seguinte forma: 
No primeiro capítulo é feito uma introdução a história da Assíria, suas características, 
e os principais reis que reinaram no século VIII a.C. e que exercem um papel essencial na 
análise sobre a questão da deportação do reino de Israel-norte. 
O segundo capítulo se concentra no estudo do reino de Israel-norte. Suas 
características e contextualização histórica, principais personagens, por volta do século VIII 
a.C. quando do encontro e os primeiros contatos com o império assírio. 
O terceiro capítulo se concentra na análise da prática de deportação praticada pelos 
assírios. Uma breve introdução e os motivos que impulsionavam os assírios a fazerem uso de 
tal ferramenta. 
O quarto capítulo se esforça por compreender uma questão que surge após a análise do 
processo de deportação assírio em Israel, e os motivos que fazem com que, ainda hoje, a 
imagem do antigo Israel-norte seja representada de maneira não-franca, deturpada ou mesmo 
escondida – a ideologia da chamada Obra Histórica Deuteronomista. 
 
6 
 
A metodologia adotada neste trabalho será a pesquisa bibliográfica. Para nível de 
melhor compreensão em relação à alguns pontos críticos sobre o assunto, a pesquisa terá 
como referencial teórico a obra do arqueólogo israelense Israel Finkelstein, O reino esquecido 
– Arqueologia e História de Israel norte e A Bíblia não tinha razão, obra escrita em co-
autoria com Neil Asher Silberman sobre o reino de Israel-norte no período do sec. VIII a.C. 
Entretanto, se adotará o uso de diversos autores que se esforçaram por estudar o mundo do 
antigo oriente médio e a relação do reino de Israel com outros povos, à saber: Mario Liverani, 
Para além da Bíblia – História antiga de Israel e Herbert Donner, História de Israel e dos 
povos vizinhos, vol II. No que concerne ao mundo assírio, o trabalho fará uso da obra de Hélio 
Jaguaribe, Um estudo crítico da História, e Paul Garelli, O oriente próximo asiático: impérios 
mesopotâmicos. Quando da falta de livros impressos,o uso de artigos, dissertações e teses que 
investiram tempo no assunto serão de grande importância. 
Para uma melhor compreensão das personagens históricas apresentadas neste trabalho, 
optou-se pelo uso dos nomes pela forma como a Bíblia de Jerusalém os transcreve, e em caso 
de citações diretas, na forma como o autor do livro transcreve. Quando algum personagem 
não tiver um nome de acordo como se encontra nesta Bíblia, o nome transcrito será na forma 
como o autor da obra citada o fez. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
CAPÍTULO I – Assíria: Uma contextualização 
 
Falar do império Assírio necessariamente obriga que se fale sobre a região da 
Mesopotâmia. O império, assim como outros, surgiu nesta região e, constantemente, durante 
vários anos, desenvolveu uma relação intercultural, emprestando e pegando emprestado 
compreensões sobre cultura e religião, por exemplo. 
A antiga Mesopotâmia ocupava um território que se localizava, de maneira geral, onde 
hoje se encontra o país do Iraque. O nome “Mesopotâmia” significa “entre rios”, devido a 
localização desta antiga região entre os rios Tigre e Eufrates. Ao norte era limitada pelas 
montanhas do Cáucaso, ao sul pelo Golfo Pérsico, a leste pelas montanhas Zagros e a oeste 
pelo deserto sírio (JAGUARIBE, 2001, p.93). 
A região da antiga Mesopotâmia dividia-se naturalmente em duas partes: A primeira 
era a Mesopotâmia Superior, ou Alta Mesopotâmia, local da origem do Império Assírio. Nesta 
parte, a região era seca, fria e dependente de chuva para a atividade agrícola. A outra parte é a 
Mesopotâmia Inferior, ou Baixa Mesopotâmia, de onde surgiu a civilização Suméria, que 
incluía a Babilônia na sua parte setentrional. O clima nesta parte inferior era muito quente, 
úmido e pantanoso, com grande possibilidade de inundações. Todavia, nesta parte o solo era 
extremamente fértil (JAGUARIBE, 2001, p.93). 
Ao se iniciar um pesquisa sobre a Assíria, a partir do entendimento sobre a 
Mesopotâmia, tem se como fundamento a compreensão de que, ao se falar de “civilização 
mesopotâmica”, necessitamos entender que o desenvolvimento, ao longo de três milênios, 
desta região, se inicia com a civilização Suméria, passando por uma conversão na civilização 
sumero-acadiana e, posteriormente, se desdobrando em dois centros muito aparentados: 
Babilônia e Assíria (JAGUARIBE, 2001, p.96). 
A história do império Assírio pode ser dividida em três partes: O antigo império 
Assírio, Império Assírio Medio e Novo Império Assírio, chamado também de império 
Neoassírio. Segundo Jaguaribe, (2001, p.100), a despeito de outros antecedentes, os 
verdadeiros fundadores do antigo Império Assírio, durante os primeiros séculos do segundo 
milênio a.C., foram os amoritas. Este antigo império existiu até ser conquistado por 
Hamurabi, rei do primeiro império Babilônico, por volta de 1780 a.C. 
O ressurgimento do Império Assírio ocorre no século XIV a.C. sob o comando de 
Adad-nirari I (1307 -1275 a.C.), quando este conquista e subjuga o antigo império Mitani. 
Com este feito estava iniciada o Império Assírio Médio. Neste período observa-se grandes 
reis assírios, que eram verdadeiros líderes militares, como Assuru-balit I (1365-1330 a.C.), 
8 
 
Salmanaser I (1274-1245 a.C.), Tukulti-ninurta I (1244-1208 a.C.) e Tiglath-pileser (1115-
1077 a.C.). Estes reis fizeram da Assíria a mais importante máquina militar deste período da 
Antiguidade. “Esses reis foram os primeiros na história a empregar o terror sistematicamente 
como uma arma para subjugar e intimidar populações inteiras” (JAGUARIBE, 2001, p.101). 
Porém, no fim do século XI a.C. os povos arameus invadiram a Assíria, e ao mesmo 
tempo os Caldeus assumiram o controle da Babilônia. Segundo Jaraguibe (2001, p.101), 
depois de mais de um século sob domínio estrangeiro, a Assíria retomou seu papel de 
protagonista histórico durante os reinados de Assurdan II (934-912 a.C.) que foi o criador do 
novo Império Assírio. 
Posteriormente, uma sucessão de grandes reis fizeram da Assíria um poderoso império 
no oriente por mais três séculos. Para citar alguns, Shamanaser III (858-824 a.C.), Tiglath-
pileser III (744-727 a.C.) (JAGUARIBE, 2001, p.101) e, particularmente importantes nesta 
pesquisa, Shamanaser V (727-722 a. C.) e Sargon II (722-705 a.C.) (GARELLI, 1982, p.96). 
 
1.1 O IMPÉRIO POR VOLTA DO SÉCULO VIII A.C. 
Ao se delimitar a importância desta pesquisa no que concerne ao momento de 
encontro entre o império Assírio e o Reino de Israel norte, concentrou-se, a partir deste ponto, 
a analise dos reis assírios que reinaram durante o século VIII a.C. e que possuem um papel 
importante para a compreensão da nossa hipótese, à saber, os reis que tiveram a 
responsabilidade de deportar parte da população israelita, ou seja: Teglath-Falasar III, 
Samanaser V/Sargon II. Desta forma, por motivo de objetividade e tempo estimado, 
priorizou-se analisar o império a partir do reinado de Teglath-Falasar III que se inicia em 744 
a.C., deixando para uma outra oportunidade de pesquisa os reis anteriores que também 
governaram durante o século VIII a.C. 
De acordo com Martins (2014, p.17) “À entrada do século VIII a.C., a Assíria 
consolidou-se enquanto estado expansionista que, declarada e efetivamente, se propunha e 
empenhava nessa vocação”. 
 
Imagem 1: Império Assírio em 730 a.C. 
 
9 
 
 
Fonte: ALCOOK, S., 2005, p.376 apud Takla, 2008, p.82. 
 
Com uma administração bem sucedida, grande parte deste sucesso é devido à algumas 
lideranças Assírias, entre as quais Teglath-Falasar III possui espaço. Garelli (1982, p.94) 
afirma que “é impossível evocar o reinado de Tiglath-Pileser III sem mencionar sua obra 
administrativa”. Segundo este autor, Teglath-Falasar teria procedido a uma nova divisão das 
províncias, fracionando as unidades demasiado vastas, a fim de diminuir o poderio da alta 
nobreza. Este rei conseguiu manter as rédeas do seu mundo, canalizando as energias assírias 
para a conquista, além de ter tido capacidade de gerir o imenso domínio, dosando, com 
habilidade, firmeza e brandura (GARELLI, 1982, p.94). Segundo Martins (2014, p.18) 
Teglath-Falasar III com a remodelação do exército 
logrou torná-lo apto para uma ação permanente. Incorporaram-se divisões de 
infantaria ligeira oriundas das regiões dominadas, enquanto os corpos de elite como 
a cavalaria e os carros de combate se mantiveram de extração assíria, com isso 
promovendo um equilíbrio para impossibilitar o monopólio do exército por parte de 
uma qualquer facção rival e estabeleceram-se bases de abastecimento por todo o 
império e arsenais com vista a equipar convenientemente o exército. A finalidade 
destas reformas era exatamente o fortalecimento do poder central. 
 
Porém, toda esta organização minuciosa não era nova de acordo com Garelli (1982, 
p.95). A novidade introduzida por Teglath-Falasar III foi a extensão do sistema administrativo 
a todos os territórios ocupados. Deste ponto em diante não havia mais território nacional e 
território de caça, espoliados pelos exércitos assírios de acordo com o momento, mas sim um 
Império, que desde então era mantido por guarnições administradas pelos governadores, que 
recebiam os impostos (GARELLI, 1982, p.95). 
10 
 
Teglath-Falasar III agia com sutileza, misturando firmeza e diplomacia, disposto em 
toda a medida do possível, a respeitar os interesses e franquias locais que estavam sob o 
domínio Assírio. Um exemplo é a Babilônia. Embora estando sob o domínio assírio desde 
745, Teglath-Falasar não destronou o seu soberano legítimo. 
Porém, devido a revoltas interioranas na Babilônia, e após um longo período de um 
jogo diplomático por parte dos Assírios tentando convencer diversas facções, lideranças e 
chefes tribais a desistir da revolta, eis que Amukkanu, líder remanescente da revolta, sozinho 
e desolado, terminou por sucumbir e a sua capital, Shapia, foi tomada(GARELLI, 1982, 
p.95). Deste fim de revolta na Babilônia, eis que, em 729, o único soberano da Babilônia era o 
rei da Assíria. Entretanto, por ser um líder estrategista, Teglath-Falasar sabia que reduzir a 
Babilônia, uma terra tão venerável, à uma simples condição de província teria sido inabilidade 
segundo Garelli (1982, p.96). Por este motivo, fez se reconhecer como rei e a sua decisão foi 
ratificada na lista real babilônica. Quando morreu, em 727 a.C., todas as terras do crescente 
fértil se achavam unificadas sob o rótulo inédito de uma dupla monarquia assiro-babilônica 
(GARELLI, 1982, p.96). O império estava pronto para seu filho, Salmanaser V. 
Mas, toda essa situação não significava que o império não tivesse problemas. O poder 
do monarca da Assíria era realmente muito grande, contudo, segundo Garelli (1982, p.96) 
“não era tal que desencorajasse toda a pretensão de independência”. Neste ponto, surge um 
personagem, de importância nesta pesquisa: Oséias de Samaria. Não se obtém muitas 
informações sobre o rei Salmanaser V, que, de acordo com Garelli, deixou apenas uma 
inscrição (1982, p.96). 
Sobre a conquista da cidade de Samaria, no Israel-Norte, este rei é mencionado tanto 
na crônica babilônica, quanto na tradição bíblica do livro de 2Reis. “Salmanasar, rei da 
Assíria, marchou contra Oséias e este submeteu-se a ele pagando-lhe tributo” (2Reis 17:3). 
“No quarto ano de Ezequias, correspondente ao sétimo ano de Oséias, filho de Ela, rei de 
Israel, Salmanasar, rei da Assíria, atacou Samaria e a sitiou” (2Reis 18:9. 
Importância também para direcionar o foco da pesquisa é o rei posterior, Sargon II. 
Por questão de um ano, Salmanaser V faleceu, e aquele que recebeu as glórias desta conquista 
foi Sargon II. 
A mudança no trono de Salmanaser V para Sargon II não foi de maneira tranquila 
como a transição ocorrida de Teglath-Falasar III para Salmanaser em 727. De acordo com 
Donner (1997, p.363) “Sargom chegou ao poder como usurpador, por meio de um golpe de 
Estado apoiado num partido revoltoso na velha capital, Assur, cujos privilégios já Tiglat-
Pileser havia reduzido consideravelmente (...)”. 
11 
 
A situação toda é um pouco complicada, e os acontecimentos envoltos em escuridão. 
Algo sugere que Salmanaser foi eliminado violentamente, longe de sua capital, pouco depois 
do final do sítio de Samaria (DONNER, 1997, p.363). Em relação à origem do usurpador, 
Sargon, Donner (1997, p.363) afirma que “não é possível descobrir nada”. Entretanto, Donner 
sugere que talvez tenha sido um oficial, mas que também já foi tido como um filho de Teglat-
Falasar III. O seu nome não é conhecido também, o nome “Sargom”, em acádico: Sharru-
kenu, “Rei legítimo”, “certamente era um nome de trono que ele só assumiu quando iniciou 
seu governo, a fim de encobrir a ilegitimidade de sua sucessão no trono” (1997, p.363). 
Sobretudo, o nome que adota (Sargom), continha um “programa de política externa” 
porque desta mesma forma se chamou o famoso fundador do império, Sargom I da Suméria e 
Acádia, por volta de 2.350 a.C. (DONNER, 1997, p.363). 
Donner (1997) argumenta que Sargon tinha que agradar os grupos que o ajudaram a 
chegar ao poder. Por estes motivos se pode encaixar algumas atitudes de Sargon, como por 
exemplo a restituição dos privilégios aos cidadãos das cidades de Assur e Harã (libertação da 
corveia, isenção de impostos e taxas alfandegarias) e a liberação dos templos nestas cidades 
de todas as obrigações fiscais (1997, p.363). 
Com essas atitudes Sargon conquistou o apoio das classes altas da economia do país e 
dos sacerdotes. Porém, este apoio não afastou as crises e dificuldades, que foram enfrentadas 
por Sargon nos primeiros meses de seu governo (DONNER, 1997). 
Sargon II viveu até 705 a.C. Após muitas conquistas, se estabeleceu como um dos 
maiores governantes do império Neoassírio. Ora abafando anseios emancipatórios de vassalos 
maiores ou menores, ora prestando auxílio a vassalos em apuros. Ora intervindo militarmente, 
ora pacificando a conturbada Babilônia, cujo trono ele próprio ascendeu em 710. Enquanto ele 
viveu não houveram mais levantes na Síria e nem na Palestina (DONNER, 1997, p.365/67/68) 
e “embora Sargon II tenha se gloriado várias vezes da conquista de Samaria em suas 
inscrições, pode ser tido como certo que a cidade caiu ainda sob Salmanaser V” (1997, p.361). 
A queda desta cidade, entre toda a vida de conquistas de Sargon II, é a parte final desta 
pesquisa, e, como se apresentou, se dá bem no início de sua vida de governante. É após a 
queda de Samaria e a deportação dela oriunda que se fecha o problema central. Para tal, se faz 
necessário, depois de uma compreensão sobre o império assírio de Teglat-Falasar III, 
Salmanaser V e Sargon II, se conhecer um pouco sobre o que era o antigo reino do Israel-
norte. 
 
 
12 
 
CAPÍTULO II – O Reino de Israel-Norte: Uma introdução 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Neste estudo sobre o reino de Israel-norte é importante clarear algumas questões que, 
acredita-se, servirão para nortear o entendimento dos leitores. 
Assim como se encontra no documento do Ministério das Relações exteriores de 
Israel2, citado no capítulo anterior desta pesquisa, a visão grandemente estabelecida sobre a 
“história” de Israel, seria, na falta de uma melhor expressão, muito mais parecida como uma 
“história de Israel segundo a Bíblia”, por assim dizer. Este fato é perceptível pela forma de se 
enxergar a “história” da monarquia de Israel à partir do antigo rei Saul. 
De acordo com esta tradição, grandemente divulgada por segmentos cristãos de 
tradição conservadora, toda a história da Monarquia de Israel se inicia com o antigo rei Saul, 
por volta de 1020 a.C. (FATOS...p.3). A partir de então, pode-se separar dois momentos: 1) o 
período da monarquia unida, e 2) o período da monarquia dividida. 
A monarquia unida seria o período onde toda a região de Israel, as 12 tribos, teriam 
sido reunidas pelo rei Davi, que reinou de 1004 a.C. à 965 a.C. Tendo Jerusalém como a 
capital do reino, este período teria sido de grande desenvolvimento e prosperidade. Sendo 
Davi de grande autoridade reconhecida “desde as fronteiras do Egito e do Mar Vermelho até 
as margens do Eufrates” (FONTES...p.3). Após a sua morte, Davi teria sido sucedido pelo seu 
filho Salomão (965 a 930 a.C.). À princípio, Salomão teria fortalecido o reino e “através de 
tratados com os reis vizinhos, reforçados por casamentos políticos, Salomão garantiu a paz 
para seu reino, igualando-o às grandes potências da época” (FONTES...p.3), teria expandido o 
comércio exterior e promovido a prosperidade nacional. 
O fim do reinado de Salomão, porém, teria chegado ao fim devido a 
descontentamentos por parte da população, que, por culpa das grandes construções do rei, 
teve que pagar muitos impostos. Todos estes desentendimentos, entre outros pontos, 
resultaram em um crescente antagonismo entre a monarquia e os separatistas tribais. Essa 
situação levou à uma insurreição aberta, logo após a morte de Salomão, em 930 a.C., que 
resultou no rompimento das dez tribos do norte e à divisão do país em um reino do norte, 
Israel, e um reino do sul, Judá e Benjamim (FATOS...p.3). 
 
2 Fatos sobre Israel. Ministério das relações exteriores de Israel. Jerusalém, Israel. 2010. Disponível em:< 
http://mfa.gov.il/MFA/AboutIsrael/History/Pages/Facts%20about%20Israel-%20History.aspx> Acesso em:04 de 
Setembro de 2017. 
http://mfa.gov.il/MFA/AboutIsrael/History/Pages/Facts%20about%20Israel-%20History.aspx
13 
 
É nesse ponto específico sobre “monarquia unida x dividida” que se torna necessário 
uma compreensão mais apurada. Segundo José Ademar Kaefer, na sua apresentação da edição 
brasileira da obra “O reino esquecido – Arqueologia e História do Israel norte”, de 
Finkelstein, 
Nos últimos anos, a teoria que vem tendo grande revés é a da MonarquiaUnida sob 
os reinados de Davi e Salomão. A arqueologia tem comprovado que aquilo que se 
atribuía nas décadas de 1960 a 1980 a Salomão, pertencia, na verdade, aos reis de 
Israel Norte: Omri, Acab e Jeroboão II. [...] a monarquia desenvolvida em Israel não 
foi estabelecida por Davi e Salomão, mas pela dinastia omrida de Israel Norte 
(KAEFER, 2015, p.6). 
 
A compreensão previamente apresentada sobre a história de Israel defendida, por ex., 
pelo documento do Ministério das relações exteriores de Israel, já não é mais aceita nos meios 
acadêmicos. E por mais que ela seja encontrada nas páginas da Bíblia em alguns trechos, 
Finkelstein, (2015, p.15), afirma que “A história do Antigo Israel na Bíblia Hebraica foi 
escrita por autores judaítas em Jerusalém, a capital do Reino do Sul e eixo da dinastia 
davídica”. 
 
Imagem 2: Mapa dos reinos de Israel (cima - norte) e Judá (baixo - sul) 
 
Fonte: RIDLING, 2002. 
Por estes motivos elencados, e seguindo a forma como é apresentado no mapa acima, 
esta pesquisa ao se referir à Reino de Israel-Norte, ou israelitas, não estará se referindo ao 
14 
 
território na sua totalidade (parte verde e roxa juntas), nem a população na sua maioria, 
englobando a cidade de Jerusalém, da forma como o território se encontra nos tempos 
modernos. Quando das citações de “reino de Israel-norte”, compreende-se apenas a parte 
norte do que hoje conhecemos como Israel, a parte verde do mapa, tendo como uma das 
principais cidades Samaria. Feitas as considerações iniciais, prossegue-se a pesquisa. 
 
2.1 – O REINO DE ISRAEL-NORTE 
O início da história propriamente dita de Israel se dá ainda no contexto das tribos, por 
volta do século X a.C. Por ocasião da morte de Salomão, a narrativa bíblica de 1Rs 12:14-16 
situa o “cisma” das tribos de Israel em relação à casa de Davi se concretizando numa 
assembleia em Siquém e se conclui com a recusa do herdeiro de Salomão, Roboão, e a eleição 
de Jeroboão, então ex-funcionário de Jerusalém, como “superintendente da corveia” 
(LIVERANI, 2014, p.141). 
[...] seguindo o conselho dos jovens, falou-lhes [Roboão] assim: “Meu pai tornou o 
vosso jugo pesado, eu o aumentarei ainda: meu pai vos castigou com açoites, e eu 
vos castigarei com escorpiões.” Assim, o rei não ouviu o povo; era uma disposição 
de Javé, para cumprir a palavra que dissera a Jeroboão, filho de Nabat, por 
intermédio de Aías de Silo. Quando todo o Israel viu que o rei não os ouvia, 
responderam-lhe: 
“Que parte temos com Davi? 
Não temos herança com o filho de Jessé. 
Às tuas tendas, ó Israel! 
E agora, cuida da tua casa, Davi! 
E Israel voltou para suas tendas.” (1REIS 12:14-163) 
 
 Liverani (2014, p.141) argumenta que “A história é necessária para ligar o suposto 
“reino unido” davídico-salomônico à realidade da persistente separação dos dois centros de 
agregação política em torno de Jerusalém e em torno de Siquém”. 
Para Liverani (2014) o que supostamente deve ter ocorrido é que a tribo de Benjamim 
confirmou as suas ligações com Jerusalém, que estava às margens do seu território, e com 
Judá. Em contrapartida, a tribo de Efraim se uniu com a tribo de Manassés. Essa nova 
realidade política assumiu o nome de Israel, o que significa que Jeroboão definiu-se como o 
“rei de Israel”. Este nome, “Israel”, à muito era conhecido dentro da cultura do norte, em 
referência à figura lendária de Jacó4, cujo segundo nome era precisamente Israel (LIVERANI, 
2014, p.142). 
 
3 Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. 
4 Segundo Finkelstein, 2015, p.171, o “mito” de Jacó faz parte de duas histórias de fundações do Reino do Norte. 
Somente após a queda do reino do norte, em 722 a.C., israelitas levaram as histórias para Judá. Estas histórias 
foram incorporadas aos textos bíblicos e redigidas posteriormente. 
15 
 
O reino de Jeroboão I (930-910 a.C.), de acordo com Liverani (2014, p.142), não 
parece se estender além das tribos de Efraim e Manassés, tendo um modesto apêndice em 
Gilead: ele é originário de Efraim, e a sua capital é Tirsa, o lugar de culto mais importante é 
Betel (1Rs 12:29) sendo o local de reunião da assembleia popular Siquém. 
Não se possui muito sobre os sucessores de Jeroboão I, que foram se substituindo 
mediante golpes, com suporte militar: Nadab, filho de Jeroboão, reinou por dois anos e foi 
morto por Baasa (1Rs 15:25-31). Baasa por sua vez reinou por 24 anos, tendo porém seu 
filho, Ela, morto depois de dois anos por Zimri (1Rs 15:33; 16:14). Zimri e Tibni reinaram 
apenas por alguns dias, logo foram vencidos por Omri (1Rs 16:15-22). É Baasa o responsável 
por colocar as tribos da Galiléia pela primeira vez na gestão política do reino do norte 
(LIVERANI, 2014, p.142). 
Os quatro reis da dinastia de Omri (Omridas) são: Omri, Acab, Ocozias e Jorão, 
governaram por aproximadamente quarenta anos, entre 884-842 a.C. (FINKELSTEIN, 2015, 
p.107). Finkelstein, (2015), declara que no tempo dos Omridas, o Reino do Norte destacou as 
primeiras operações de construção monumental e atingiu seu primeiro período de 
prosperidade econômica e poder territorial. 
Liverani (2014), afirma que a dinastia dos Omridas terminou em um banho de sangue, 
por obra do general Yehu, que agiu por conta e com o apoio do rei de Damasco. Ele matou 
com as próprias mãos Yoram e também Acazias, que era rei de Judá (reino do Sul). Yehu era 
um militar, partidário de um movimento integralista e nacionalista que era contra os 
compromissos da política religiosa e internacional dos Omridas. 
A dinastia de Yehu (841-814) continuou com seu filho, Yoachaz (814-798; 2Rs 13:1-
9), seu neto Yoas (798-783; 2Rs 13:10-13) e seu bisneto Jeroboão II (783-743; 2Rs 14:23-29). 
Essa continuação dinástica garantiu ao país estabilidade e crescimento econômico 
(LIVERANI, 2014, p.148). 
Liverani (2014) argmenta que “Sob as dinastias de Omri e de Yehu, por quase um 
século e meio, Israel se inseriu como protagonista no sistema de aliança e de guerras da faixa 
siro-palestina” (2014, p.149). Este século de prosperidade para o reino de Israel, porém, 
entrou em crise por volta de 745 a.C., com a entronização de Tiglat-pileser III na Assíria. 
Com isto, estava se iniciando uma fase de pesadas intervenções assírias (LIVERANI, 2014, 
p.149). As estratégias locais ficarão fortemente condicionadas pelo impacto assírio. Em Israel, 
a mudança é marcada de modo repentino pelos breves reinos de Zacarias e de Shallum (743, 
poucos meses cada um; 2Rs 15:8-15). A situação voltará a ficar sangrenta no que concerne às 
histórias de usurpações e golpes (LIVERANI, 2014, p.149). 
16 
 
 
2.2 O ISRAEL NORTE POR VOLTA DO SÉCULO VIII A.C. 
Apresentar a situação do reino de Israel durante o século VIII a.C. não é possível sem 
fazer referência a chamada Guerra siro-efraimita. É esta guerra que colocará o império assírio 
pela primeira vez frente ao rei do Norte e findará na primeira deportação em terras Norte-
israelitas. 
Após a morte de Jeroboão II (783-743 a.C.; bisneto de Jeú), a dinastia fundada por Jeú 
no Reino do Norte chegou rapidamente ao fim. Zacarias, então, ascendeu ao trono, porém, 
este reinado durou apenas seis meses, pois este foi morto por um usurpador chamado Salum, 
filho de Jabes (DONNER, 1997, p.349). Salum foi um rei que, da mesma forma como o 
anterior, desfrutou de um governo muito breve, apenas um mês; logo foi morto por um 
homem que, durante os distúrbios anteriores se apresentou como um dos personagens mais 
fortes, Manaém, filho de Gadi, de Tirza (DONNER, 1997, p.349). Donner (1997, p.349), 
ressalta que “durante o governo de Menaém (747-738), Israel voltou à situação de relativa 
calma (2Rs 15:8-22)”. 
Manaém faleceu em 738 a.C. e seu filho, Facéias (738-737 a.C), logo foi morto por 
um outro usurpador, Facéia (737-732 a.C.), governante sob o qual se cumpriu o primeiro ato 
dos Assírios (LIVERANI, 2014, p.187). Comoapontado na parte anterior, de acordo com 
Liverani (2014), com a entronização de Tiglat-pileser III no trono da Assíria, estava iniciado 
um período de pesadas intervenções assírias (2014, p.149), e estes efeitos o corredor siro-
palestinense sentiria rapidamente. Mas para isso é necessário uma compreensão sobre a guerra 
siro-efraimita. 
Em 734 a.C., como afirma Donner (1997, p.351), o império assírio empreendeu uma 
ação militar contra a cidade filisteia de Gaza, o então rei, Hanunu, não esperou que se 
chegasse a um embate armado, e fugiu para o Egito. A atitude de Tiglath-pileser III nessa 
zona do corredor foi diferente da prática costumeira de outros casos. Donner (1997, p.353) 
afirma que após o regresso do dinasta da cidade de Gaza, que tinha fugido para o Egito, 
Tiglate-Pileser o tratou com clemência, restituindo-lhe seus antigos direitos. 
Ao final da primavera, ou talvez o verão, de 734, o rei de Damasco, Rezim, e o então 
rei de Israel, Facéia (735-732 a.C.), ambos vassalos da Assíria desde 7385, acreditavam ser 
favorável o momento para se unir em uma coalizão antiassíria (DONNER, 1997, p.353). 
Quando tentaram envolver o rei de Judá (Reino do Sul), Acaz, nesta aliança, ele se opôs. A 
 
5 *Quando Menaém era rei de Israel. 
17 
 
partir deste momento, devido a recusa do reino do Sul, Damasco e Israel acreditavam não 
poder de modo algum abrir mão de Judá como participante da coalizão e por este motivo 
decretaram guerra contra Judá. Estava iniciada a chamada guerra siro-efraimita (DONNER, 
1997, p.352,53). 
Em grandes apuros, e com medo de não poder suportar por muito tempo um cerco por 
parte das tropas israelitas e arameias (reino de Aran = Síria/Damasco), o rei Acaz de Judá foi 
pedir ajuda a Teglat-Falasar III, declarando-se servo. O rei assírio, como argumenta Liverani 
(2014) ficou muito contente com a ocasião de poder intervir, invadiu a parte setentrional de 
Israel, conquistando sem dificuldade toda a Galiléia e todo o Gilead. Teglath-Falasar não 
tomou a então capital do reino do norte, Samaria, mas fez eliminar Facéia. Em seu lugar 
reinou Oséias, (732-724 a.C.), como vassalo assírio, em um território agora limitado a Efraim 
e Manassés (LIVERANI, 2014, p.187). Este foi o primeiro momento onde houve deportação 
de habitantes do reino do norte, o segundo ocorreria logo adiante. 
Liveranni (2014) afirma que Oséias reinou pagando tributos por alguns anos, até que 
decidiu suspender o pagamento, contando com promessas de apoio do faraó egípcio, como 
apresenta o texto de 2Rs 17:4: “Mas o rei da Assíria descobriu que Oséias o traía: é que este 
havia mandado mensageiros a Sô, rei do Egito, e não tinha pago o tributo ao rei da Assíria, 
como o fazia todo ano”. 
Foi então que Salmanaser V interveio contra Israel. Aprisionou Oséias e assediou 
Samaria, que caiu apenas em 721 a.C. Salmanaser morreu logo depois, de modo que a tomada 
de Samaria é narrada pelo seu sucessor, Sargon II: 
Com garantia de Assur, que me faz (sempre) chegar a meu objetivo, combati contra 
eles...27.290 dos seus habitantes, eu os levei embora, 50 carros e tomei para a minha 
tropa régia...Samaria, eu a modifiquei e a fiz maior que antes. Gente de terras por 
mim conquistadas fez que ali residissem, dei posse como governador deles a um dos 
meus eunucos e lhes impus tributo e taxas como aos assírios. (ISK, p.313-314 apud 
LIVERANI, 2014, p.189). 
 
Com a morte de Salmanaser V, foi Sargon quem aproveitou as consequências políticas 
da vitória. O Estado de Efraim foi transformado na província assíria de Samerina, a quarta e 
última província em solo do Reino de Israel. É exatamente aqui que se encontra a origem do 
uso do nome “Samaria” como designação de uma região (DONNER, 1997, p.361). 
 
 
 
 
18 
 
CAPÍTULO III – A prática de deportação assíria 
 
Para compreender a prática de deportação assíria é necessário entender todo o 
processo e etapas que levavam os reis assírios a fazerem a escolha por tal prática. 
De acordo com Silva da Silva (2016, p.30), Essa prática de “desvincular os povos 
conquistados do seu lugar de origem é atestada na Mesopotâmia desde o II milênio a.C. e não 
era só uma prática dos mesopotâmicos, já que os Hititas e os Egípcios já a executavam”, 
entretanto, “no período Neoassírio (912-612 a.C.) será detalhada por Tiglatpilesser III (745-
727 a.C.) e seus sucessores, pois é nesse momento que a deportação foi vinculada como uma 
das práticas imperialistas assírias e foi realizada de forma sistemática (BIENKOWSKI, 2000 
apud SILVA DA SILVA, 2016, p.30). 
Como argumenta Silva da Silva (2016, p.30), “Para manter a unidade do império 
assírio, os reis assírios, dentro do aparato imperialista, incentivaram e entenderam as 
deportações eram as melhores alternativas”. Por meio de constantes guerras cujo as 
“documentações iconográficas e textuais se encarregam de narrar [...] com precisão de 
detalhes e com informações que nos dão ideia das práticas aplicadas aos povos conquistados, 
como, por exemplo, a prática de deportação”. No próximo capítulo buscar-se-á apresentar de 
maneira mais delimitada toda o processo que levava os assírios a fazerem uso deste ato, este 
capítulo especificamente, concentra-se na simples apresentação de alguns casos de 
deportação. 
De acordo com Bustenay Oded (1979, p.19 apud SILVA DA SILVA, 2016, p.32) 
estima-se que nas inscrições reais assírias existam em torno de 160 casos de deportações 
registradas. Silva da Silva (2016, p.30) diz que “As fontes pelas quais temos as descrições 
dessas deportações são as inscrições reais assírias, ou os anais reais, que narravam as 
conquistas militares; dentre as informações sobre essa prática estão detalhes sobre o número 
de população deportada e o destino geográfico que essa população recebia”. 
Donner (1997), apresenta de maneira muito clara como funcionava o processo de 
dominação assírio. Como observado anteriormente, Teglath-Falasar III foi um grande 
administrador. Quando acendeu ao trono em 745 a.C. estava reservado a conduzir o império 
neoassírio ao apogeu do poder. No capítulo I, compreendemos que ele se ocupou do 
reordenamento do sistema de administração dentro dos territórios que faziam parte do 
império. Constituiu distritos administrativos menores, que ficavam subordinados à um 
“administrador” com poderes restritos. O reflexo desta atitude foi a diminuição dos poderes 
nas mãos de grandes governadores de províncias antigas, que em parte eram 
19 
 
consideravelmente grandes. Com isso, Tiglath-Pileser III privava o poder dos grandes 
governadores, mas não eliminava por completo. Nesta atitude garantiu funcionalidade e 
eficiência para o seu poder centralizado (DONNER, 1997, p.342,43). 
Com essa base os assírios não se interessavam mais em “apenas” vincular pequenos 
estados vizinhos à Assíria na forma de uma relação de vassalagem mais ou menos fraca. 
Tiglath-Pileser III “[...] desenvolveu um sistema de gradual aniquilamento da autonomia 
política dos pequenos estados com o objetivo de incorporá-los na estrutura das províncias 
assírias” (DONNER, 1997, p.342). Com esta mudança de postura, o império assírio de viu 
cada vez mais fortificado e em condições de prosperar no campo militar-bélico na região do 
Oriente antigo, de maneira mais controlada administrativamente. Esse sistema gradual que 
afirma Donner (1997), estava formatado em três estágios: 1º, 2º e 3º estágios. 
O 1º estágio era a constituição de um relacionamento de vassalagem através da 
demonstração do poderia militar assírio; constituía na obrigação do pagamento de tributos 
regulares e em algumas situações com exigências de tropas auxiliares (DONNER, 1997, 
p.342). Neste ponto, de acordo como as informações de Donner (1997), as atitudes de Tiglath-
Pileser III não se distinguiam das atitudes de seus antecessores em termos de política externa. 
– Israel passou a ser vassalo em1º estágio em 738 a.C., quando Menaém era rei em Israel. 
O 2ª estágio se estabelecia bastando apenas uma comprovação, ou apenas uma 
suspeita, de conspiração antiassíria. Uma mera assimilação de sentimento de revolta, de 
rebeldia. Nessas situações a intervenção militar era imediata, com a eliminação do vassalo 
infiel e a instalação de uma dinastia pró-assíria (DONNER, 1997, p.343). No 2º estágio, não 
raro, ocorriam reduções drásticas do território: as parte anexadas do território eram 
transformadas imediatamente em províncias assírias, ou eram entregues como feudo a 
vassalos vizinhos e fiéis ao império (DONNER, 1997, p.343). – Israel adentrou ao 2º estágio 
quando Facéia era o rei de Israel e, junto com Damasco, tentaram unir forças com Judá para 
formarem uma coalizão antiassíria em 734 a.C. (Guerra siro-efraimita). 
O 3º estágio era o mais feroz. Ao sinal de retorno ao empreendimento antiassírio, 
ocorria uma nova e definitiva ocupação militar, eliminação do dinasta-vassalo, liquidação da 
autonomia política do Estado e estabelecimento de uma província assíria com um 
administrador assírio e o corpo de funcionários que fosse necessário (DONNER, 1997, 
p.343). 
Com as práticas advindas destas três etapas, paralelamente as atitudes do 3º estágio 
existiam outras medidas que eram tomadas pelo governo: 1 – construção de novas 
fortificações; 2 – assentamento de colônias militares, e sobretudo 3 – deportação da elite 
20 
 
nativa e o assentamento forçado de uma elite estrangeira (DONNER, 1997, p.343). A prática 
da deportação, como afirma Donner (1997), tinha por objetivo tirar as lideranças da população 
autóctone do país ocupado, exterminando do local uma possibilidade de ação política. Porém, 
o autor ressalta que é óbvio que Tiglath-Pileser III não podia fazer um uso rigoroso desse 
sistema em todos os casos (1997, p.343). 
Sabe-se que o império assírio deportou numerosas populações, como podemos constar 
nos anais reais assírios, apresentados por Garelli (1982): 
Após a vitória sobre Sardur, 72.950 prisioneiros foram encaminhados ao exílio 
(Ann.,66). Quando das operações de 7386, as deportações atingiram 30.300 pessoas 
(Ann.,133), mas, devido a uma lacuna no texto, ignora-se onde foram instaladas. 
Mais ou menos na mesma época, 12.000 prisioneiros de Der no vale do Unqi (Ann., 
143-45) e o total das outras deportações dessa altura alcançou mais de 15.000 
pessoas (Ann., 143-48)7. 
 
Obviamente que a quantidade ilustra muito bem o poder e o tamanho da capacidade 
militar que os Assírios possuíam, todavia, resta a questão sobre qual teria sido o número total 
de israelitas que teriam sofrido por esta prática por parte do império. Abaixo, relevo em pedra 
demonstrando na sua parte superior povos sendo deportados, caminhando em direção ao novo 
destino. 
 
Imagem 3: Relevo em pedra. Palácio Central de Tiglath-pileser III, Calá. Museu Britânico. 
 
Fonte: SILVA, 2013, p.10. 
A cena no painel acima compõe o esquema decorativo do palácio central de Teglath-
Falasar III, em Calá, e representa as diversas campanhas militares desenvolvidas por este rei 
assírio. A imagem acima é um importante exemplar das derrotas que Teglath-Falasar 
 
6 De 743 a 738 o rei da Assíria, Tiglath-Falasar III, desbaratou uma coalizão siro-urártia e se impôs aos dinastas 
aramaicos (GARELLI, 1982, p.91). 
7 GARELLI, Paul. Oriente próximo asiático – Os impérios Mesopotâmicos. São Paulo: Pioneira: Universidade 
de São Paulo, 1982, p.93. 
21 
 
promoveu, particularmente entre 733 e 732 a.C., no contexto da conquista de Israel-norte 
(SILVA, 2013). 
 
3.1 A ASSÍRIA DEPORTA ISRAEL, MAS QUANTO DE ISRAEL? 
Como questionado acima, após a compreensão de todo o esquema em três estágios que 
eram organizados pelo império assírio quando ao fim do terceiro finda a prática cruel de 
deportação, quanto teria sido a quantidade de israelitas que sofreram vítimas da deportação 
assíria? 
Houveram dois momentos, como se observou nos capítulos anteriores, onde o império 
assírio deportou populações da região do Israel-norte. (1) A primeira sob Tiglath-Falasar III, 
quando da união do rei Facéia com o rei de Damasco, em prol de uma coalizão antiassíria, 
onde tentaram inserir Acaz, de Judá, na aliança, no ano de 732 a.C. Neste momento, o rei da 
Assíria reduziu o território de Israel, anexando a Galiléia e Gileade (DONNER, 1997, p.354). 
(2) O segundo momento foi em 722 a.C. quando o então vassalo do império assírio no poder 
do reino de Israel, Oséias de Efraim, acreditou que poderia se livrar do poder do império e 
acabou sendo capturado pelo filho de Tiglath-Falar III, Salmanaser V (DONNER, 1997, 
p.361). 
Na primeira data de 732 a.C., segundo a passagem dos anais de Tiglath-Falasar III 
(ITP, p.82-83 apud LIVERANI, p.188), apresenta um total de 13.520 deportados 
(LIVERANI, 2014, p.188). No segundo momento, como visto no capítulo II desta pesquisa, 
foram deportados 27.290 samaritanos (LIVERANI, 2014, p.189). 
De acordo com Liverani, (2014), a quantidade de mais de 40 mil deportados de Israel 
fornecidas pelos anais assírios parecem realistas e fazem referência à um grande percentual da 
população. Porém, as deportações não se referem apenas à família real e à corte palatina, mas 
também à população comum agropastoril das vilas e das pequenas cidades (LIVERANI, 2014, 
p.191). 
Donner (1997) argumenta que a classe alta teria sido deportada para a Mesopotâmia e 
a Média, assim como a chegada de uma elite estrangeira. Esta nova elite, seja lá de onde 
tenham vindo, com o passar do tempo se misturou com a população autóctone (DONNER, 
1997, p.361,62). 
É necessário esclarecer que, por mais que o número de pouco mais de 40 mil 
deportados possa parecer enorme, uma informação apresentada por Finkelstein (2015) possui 
a capacidade de configurar uma outra imagem sobre as regiões de Israel e a sua capital, no 
período posterior as deportações assírias. Finkelstein, no livro O Reino esquecido – 
22 
 
Arqueologia e História do Israel Norte, diz que a população de Israel em ambos os lados do 
rio Jordão, em meados do século VIII a.C., poderia ser estimada em 350 mil (FINKELSTEIN, 
2015, p.137). O número possui certa grandeza se o compararmos com a quantidade de 
deportados de pouco mais de 40 mil pessoas. Com essa diferença, toda a análise se direciona 
para uma permanência de mais de 200 mil habitantes na região, considerando que podem ter 
havido algumas possíveis baixas durante as batalhas, o que aponta para uma realidade onde os 
deportados foram uma minoria ao final de tudo. 
O mesmo autor aliás, em co-autoria com Silberman (2003), diz que a troca da 
população, os que foram deportados para a região de Israel e entorno e os que foram levados 
embora, esteve longe de ser total. Fazendo referência ao número possível da população, citado 
acima, constitui não mais que 1/5 da população. Conclui-se que Teglaht-Falasar III parece ter 
expatriado principalmente aldeões rebeldes das colinas da Galiléia e a população dos 
principais centros, como Megido. Sargon II, por sua vez, teria deportado, em especial, a 
aristocracia de Samaria, e talvez soldados e artesãos com habilidades necessárias. Dessa 
forma, como resultado, a maioria dos israelitas sobreviventes foi deixada na terra. A 
deportação, sendo assim, parece ter sido mínima (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2003, 
p.302-03). 
Compreende-se todo o processo que teria ocorrido em Israel, e desta forma, ao analisar 
falas como a de Andrade (1994, p.16), em uma publicação lançada pela Casa Publicadora das 
Assembléias de Deus (CPAD), que diz: “Em 723 a.C. a Assíria destrói Israel e deporta as dez 
tribos que o compunham. Desaparece o Reino do Norte, fundado por Jeroboão, depois de uma 
atribulada existência de dois séculos”, deve-se tomar certo cuidado com as propostas de 
algumas publicações, e posteriormente, com as interpretações oriundasdestas. À final, a 
questão abordada nesta pesquisa pautou-se em buscar bibliografias que pesquisaram e 
pesquisam a história do antigo reino de Israel-norte como possível fonte de histórias ainda 
não reveladas. Compreendeu-se, durante o decorrer da pesquisa, que houveram muitas 
narrativas e situações na história que não são fáceis de serem observadas pelo público 
acadêmico, muitos menos, deva ser, para o público leigo. 
 
3.2 ARGUMENTOS CONTRÁRIOS A NÃO-DEPORTAÇÃO TOTAL 
Pelo motivo do tema proposto nesta pesquisa resultar em finalidades que podem levar 
a grandes questionamentos e novas possibilidades de se compreender a história do antigo 
reino de Israel-norte, é natural que existam argumentos que venham a discordar da hipótese 
proposta neste trabalho. Sendo assim, nesta parte, a pesquisa apresenta dois dos três principais 
23 
 
argumentos levantados contra a hipótese de não-deportação da maioria da população. Ou seja, 
os argumentos que defendem que “sim”, “todos” ou pelo menos “a grande maioria” dos 
israelitas foram deportados até o ano de 722 a.C. 
O primeiro argumento é: 1 - o argumento sobre a demografia da região no período 
pós-deportação assíria, e 2 - o argumento dos textos reais assírios. O terceiro argumento seria 
pautado na autoridade do texto bíblico. Entretanto, particularmente sobre a Bíblia, o artigo se 
concentrará em um capítulo à parte. 
 
1 - Baixa densidade demográfica. 
Os argumentos apresentados neste trecho partem daqueles observados na obra de 
Richard A. Horsley, Arqueologia, História e Sociedade na Galiléia. Este primeiro argumento 
se baseia nas informações provenientes de escavações arqueológicas na região da baixa 
galileia, onde se observa uma baixa continuação demográfica e uma lacuna na região que 
perdurou da conquista assíria até o período persa (séc. VI a.C.) (HORSLEY, 2000, p.29). 
Essa compreensão advém do campo das pesquisas de superfície que encontram uma 
Baixa Galileia subitamente repovoada no período persa depois de um período assírio 
subitamente despovoado. Entretanto, estes próprios estudos sugerem a necessidade de 
coordenação das pesquisas de superfície arqueológicas e de demais pesquisas históricas 
(HORSLEY, 2000, p. 173). Além do mais, Finkelstein; Silberman (2004, p.303) aponta que 
“levantamentos e escavações no vale de Jezrael confirmam a surpreendente continuidade 
demográfica. E cerca da metade dos sítios rurais perto de Samaria permaneceu ocupada nos 
séculos subsequentes”. 
 
2 – Validade dos anais assírios. 
O segundo argumento se baseia na confiança das informações apresentadas pelas 
inscrições assírias. Ou seja, que a deportação completa dos povos israelitas é confirmada 
exatamente porque as inscrições reais assírias afirmam que “todos foram deportados”. 
Chega a ser compreensível a interpretação positiva das informações apresentadas nas 
inscrições assírias. Como afirma Liverani (2014) 
Nesse contexto de remodelação demográfica e territorial a serviço dos interesses 
assírios e sob atento controle de guarnições e funcionários assírios, a prática de 
“deportação cruzada”, que envolveu algo como 4,5 milhões de pessoas num período 
de três séculos, desempenhou um papel essencial (LIVERANI, 2014, p.193). 
 
Um número de 4,5 milhões de deportados em três séculos passa a ser uma quantidade 
expressiva que demonstra o poder que o império Assírio adquiriu com essa prática. Junta-se a 
24 
 
isso, a leitura das inscrições reais assírias que demonstravam que a conquista de uma região 
comportava tremendos prejuízos: cidades destruídas, vilas incendiadas, colheitas e gado 
saqueados, árvores frutíferas e vinhedos cortados, habitantes massacrados e o “resto” 
deportado (LIVERANI, 2014, p.191) não é de se subestimar que o império realmente teria 
capacidade de deportar toda a população do reino do Norte caso quisesse. 
Porém, ainda de acordo com Liverani, (2014, p.191), a insistência e o regozijo das 
narrativas podem fazer parte de uma “propaganda do terror”, mas não pode haver dúvida de 
que as operações de guerra, com a presença do exército inimigo e a posterior conquista, 
traduziam-se em enormes prejuízos para os conquistados. 
Essa possibilidade de inscrições com poderio propagandístico também é levantada por 
Bustenay Oded, considerado um dos principais autores que se concentraram na pesquisa sobre 
a prática de deportação assíria. De acordo com Silva da Silva, fazendo referência a Oded 
(1979, p.19 apud Silva da Silva, 2016, p.32) 
O autor (Oded) enfatiza ainda que não podemos deixar de levar em consideração o 
caráter propagandístico dessas inscrições e um consequente exagero dos escribas nos 
números citados, como, por exemplo, algumas IR de Senaqueribe anunciam que 
“Senaqueribe deportou mais de 200.000 habitantes da cidade de Judá”, embora não 
haja dados que comprovem esse número. 
 
Fato é que, como bem demonstrado no ponto 3.1, a quantidade de israelitas deportados 
soma pouco mais de 40 mil de acordo com os próprios dados assírios. Na comparação com a 
quantidade de habitantes existentes no norte, na forma proposta por Finkelstein (2015) de 
pouco mais de 350 mil, não resta escolha à não ser concluir que neste caso de Israel, levando 
em consideração os dados de Finkelstein, (2015; 2003), que o número de deportados foi 
mínimo em comparação com a quantidade da população ali existente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Capítulo IV – O poder de uma ideologia 
 
Se não houve deportação em massa, por que a compreensão de um fim total de toda a 
população do Israel antigo ainda perdura? Neste ponto, diferente dos argumentos 
anteriormente apresentados, é irresponsável desviar para uma outra possibilidade de 
influência que não seja a Bíblia. É preciso considerar a forte influência da tradição bíblica 
sobre o assunto que neste trabalho é abordado. Observem o texto do livro de 2 Reis, e 
analisem a fala: 
No nono ano de Oséias, o rei da Assíria tomou Samaria e deportou Israel para a 
Assíria, estabelecendo-o em Hala e às margens do Habor, rio de Gozã, e nas cidades 
dos medos. Isso aconteceu porque os israelitas pecaram contra Iahweh seu Deus [...]. 
Adoraram outros deuses, e os costumes estabelecidos pelos reis de Israel. [...] Então 
Iahweh irritou-se sobremaneira contra Israel e arrojou-se para longe de sua face. 
Restou apenas a tribo de Judá (2 Reis 17:6-8;18)8. 
 
Diferente das ideias anteriores sobre argumentos que não são de conhecimento do 
grande público, afinal, entendimento sobre um império que reinou no antigo oriente médio 
com o nome de “Assíria” não se enquadra em um assunto daqueles que chamam a atenção e 
instigam a curiosidade, sem contar que entender de temas que levam em consideração a 
densidade demográfica no mundo antigo não é muito usual. A Bíblia, ao contrário, por muitos 
anos, foi, e continua sendo um dos maiores livros do mundo. O seu poder de influência e 
persuasão, para além do debate de “certo e errado”, é gigantesco e impactante. – Não seria 
correto ignorar que, devido à todo este poder de influência sobre o assunto específico deste 
trabalho, o livro sagrado de Cristãos, e em parte de Judeus, possui a sua parcela de 
responsabilidade sobre o questionamento atual. 
Poder-se-ia argumentar que os estudos acadêmicos em língua portuguesa não são 
muito comuns neste tema, e a falta de artigos escritos para o grande público denota que a 
compreensão corrente, de que Israel foi totalmente deportada, continua sendo a mais aceita. – 
Aliás, o fato de um documento oficial do Ministério das relações exteriores de Israel 
transmitir e propagar esta mesma compreensão corrente, e ainda como representante de um 
Estado moderno, fundamentaria esta afirmação. Afinal, o governo de Israel é uma das 
administrações que mais investem em educação e ensino, com toda a probabilidade já teriam 
investigado questões como o tema proposto nesta pesquisa e descoberto algo, se é que 
existiriaalgo para ser descoberto. 
A questão que responsabiliza a influência da leitura bíblica sobre o assunto, no que 
concerne a propagação da visão de que o antigo reino de Israel e a sua população tenham sido 
 
8 Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. 
26 
 
deportado em sua maioria, é muito bem apresentada pelo principal autor utilizado nesta 
pesquisa, Israel Finkelstein, em suas duas obras, O Reino esquecido – Arqueologia e História 
do Israel Norte, e A Bíblia não tinha razão, obra escrita em co-autoria de Neil Asher 
Silberman. 
Sem objetivar alongar a pesquisa para além de seus limites, existem algumas questões 
que precisam ser apresentadas para um melhor esclarecimento e para que a compreensão do 
autor possa ser entendida sobre o “porquê” a leitura bíblica sobre os ocorridos em Israel 
detém um papel importantíssimo na propagação da imagem de um “fim das 10 tribos de 
Israel”. 
Ao retornar ao capítulo II, o leitor observará nas breves considerações iniciais uma 
pequena apresentação de como se organiza a visão conservadora sobre os reinados do rei Davi 
e Salomão, na mítica “monarquia unida”. Toda a questão pode se resumir à partir deste 
ponto. 
Existe um conjunto de textos bíblicos que comumente são conhecidos no campo 
acadêmico através da sigla ‘OHDr’, “Obra Histórica Deuteronomista”. Essa obra 
historiográfica recebe este nome, de acordo com Liverani (2014, p.226), por que segue “No 
mesmo estilo e com os mesmos conceitos-base do Deuteronômio”. Na verdade, o que ocorre é 
uma longa obra historiográfica, que justamente recebe o nome de “história deuteronomista” 
que atravessa os livros de Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis (LIVERANI, 2014, p.226). 
Liverani (2014, p.226) argumenta que a obra histórica em questão deve ser atribuída a 
uma corrente, ou escola, de pensamento (e não à apenas um único autor) que teve início com a 
reforma de um rei de Judá chamado Josias, e que se prolongou posteriormente por algumas 
gerações. 
A história se enquadra quase como um “quebra-cabeças”, mas é necessária para a 
análise de toda a questão. Finkelstein; Silberman (2003) argumenta que toda a história do 
reino de Judá pode ser contada à partir da queda da capital do reino do Norte, Samaria, em 
722 a.C., pela forma como analisamos nesta pesquisa. Somente após esta queda é que Judá se 
transformou num Estado completamente desenvolvido, com a necessária quantidade de 
sacerdotes e escribas treinados para empreender uma tarefa. 
Mas qual tarefa? De acordo com Finkelstein; Silberman (2003), após a queda de Israel 
para os Assírios, Judá se viu em uma situação repentina de um mundo não-israelita, e ela 
agora tinha o que era necessário para a confecção de um texto definitivo e motivador, a 
confecção inicial da Bíblia (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2003, p.311). Este é os 
primórdios do contexto da chamada “história deuteronomista”, como argumentou Liverani 
27 
 
(2014), mas como visto, um rei específico se tornou personagem importantíssimo sobre esta 
questão, Josias. 
Este rei, Josias (640-609 a.C.), foi um governante que subiu ao trono ainda muito 
jovem, em um período no qual o império assírio havia perdido o controle sobre as províncias 
mais distantes. Foi no governo de Josias, que segundo o texto bíblico (2Rs 22:8-10), no 18º 
ano de governo (622), que o sacerdote Hilqiyahu (Helcias) entregou ao secretário do rei um 
manuscrito que continha a Lei e que tivera sido encontrada no Templo de Jerusalém 
(LIVERANI, 2014, p.224). 
O sumo sacerdote Helcias disse ao secretário Safã: “Achei o livro da Lei no Templo 
de Iahweh.” Helcias deu o livro a Safã, que o leu. [...] Depois o secretário Safã 
anunciou ao rei: “O sacerdote Helcias deu-me um livro”, e Safã leu-o diante do rei. 
Ao ouvir as palavras contidas no livro da Lei, o rei rasgou as vestes. Ordenou ao 
sacerdote Helcias, a Aicam, filho de Safã, a Acobor, filho de Micas, ao secretário 
Safã e a Asaías, ministro do rei: Ide consultar Iahweh por mim, pelo povo e por todo 
Judá a respeito das palavras deste livro que acaba de ser encontrado. (2Reis 22:8-
13a9). 
 
Não se sabe ao certo qual texto era, nem o seu tamanho, mas apenas que era o “livro 
da Lei”. Como afirma Liverani (2014) estudiosos consideram que este texto devia ter uma 
conexão com o livro do Deuteronômio e com o núcleo originário do “estrato” redacional 
definido como “deuteronomista”. Sobre o conteúdo deste “texto”, Liverani (2014, p.222) diz 
A questão é complexa e debatida, e é difícil precisar qual o núcleo originário [...] 
Uma razoável possibilidade é que o texto que Josias pretende ter encontrado no 
templo corresponda a Deuteronômio 4-28: o chamado “Código deuteronomista” (Dt 
12-25) e também seu enquadramento como “pacto da aliança”, mediado por Moisés, 
entre Yahweh e à Lei por parte do povo em troca de bênçãos ou para evitar 
maldições. 
 
Certo é que a “descoberta” deste Livro da Lei vai influenciar o rei Josias a desenvolver 
uma série de reformas baseadas nesta ‘Obra’. Finkelstein; Silberman (2003, p.231) denota que 
A ambição de Josias era se expandir para o norte e apoderar-se dos territórios nas 
regiões montanhosas que antes tinham pertencido ao reino do norte. Dessa maneira, 
a Bíblia sustenta essa ambição, explicando que o reino do norte se estabeleceu nos 
territórios da mítica monarquia unificada, a qual era governada de Jerusalém; que 
era um Estado israelita irmão; que seu povo era formado por israelitas que deveriam 
ter realizado o culto em Jerusalém; que os israelitas ainda vivendo naqueles 
territórios deveriam voltar seus olhos para Jerusalém; e que Josias, o herdeiro da 
casa de Davi e da promessa eterna de YHWH a Davi, é o único e verdadeiro 
legatário dos territórios do reino derrotado de Israel (FINKELSTEIN; 
SILBERMAN, 2003, p.231). 
 
Como dito, após a queda de Samaria e do Reino do Norte, Judá passou por uma 
revolução econômica, tendo a riqueza começado a se acumular, em especial em Jerusalém, 
onde as políticas diplomáticas e econômicas do reino eram determinadas e as instituições da 
 
9 Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. 
28 
 
nação eram controladas (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2003, p.333) e de repente o rei de 
Judá “descobre” um texto que reafirma e autoriza todas as suas atitudes e que lhe outorga uma 
autoridade que anteriormente o reino havia ‘esquecido’. 
O grande problema é que, como afirma Finkelstein; Silberman (2003), antes da 
cristalização do reino de Judá como Estado plenamente estabelecido, as ideias religiosas eram 
várias e diversas. Existia sim um culto no Templo de Jerusalém, todavia, esse culto não era 
único. Existiam incontáveis cultos da fertilidade e dos ancestrais na zona rural e ainda uma 
mistura espalhada da veneração de Javé junto com outros deuses. 
A arqueologia evidencia que práticas semelhantes existiam em Israel-norte. Porém, 
devido a centralização crescente de poder no reino de Judá e o surgimento desta nova atitude 
focada na lei e na prática religiosa, o poder de influência de Jerusalém começou a ganhar cada 
vez mais corpo, resultando em uma nova agenda política e territorial: a unificação completa 
de Israel (Judá-Sul + Israel-Norte) (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2003, p.334). Porém, 
como argumenta Finkelstein; Silberman (2003), essa escola de pensamento, que floresceu 
desde o final do século VIII a.C., insistia, agora, que os cultos da zona rural eram 
pecaminosos, e que apenas Javé deveria ser venerado. Esse movimento ‘somente Javé’ iniciou 
um duro e amargo conflito com os costumes e rituais judaicos que eram mais antigos e 
tradicionais. 
[...] a intenção do ‘movimento somente YHWH (Javé)’ era criar uma ortodoxia 
inquestionável de veneração e uma única história da nação, centralizada em 
Jerusalém. E foi muito bem-sucedido na elaboração do que se tornaram as leisdo 
Deuteronômio e a história deuteronomista (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2003, 
p.336). 
 
Como neste tempo o reino de Israel não passava de lembranças desbotadas, com suas 
cidades devastadas pelos assírios, Judá, seguindo a onda da prosperidade, passa a desenvolver 
ambições territoriais e começa a afirmar ser o único herdeiro legítimo dos extensos territórios 
de Israel. “A ideologia e a teologia do historiador da última monarquia estavam baseadas em 
vários pilares, entre os quais o mais importante era a ideia de que o culto israelita deveria ser 
totalmente centralizado no Templo de Jerusalém” (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2003, 
p.231). 
Aqui surgiria um grande problema, tanto cultural, quanto religioso. Um dos maiores 
centros rivais de Jerusalém, era Betel, localizada nas regiões do antigo Israel-norte. “O centro 
de culto em Betel representava concorrência perigosa para as ambições políticas, territoriais e 
teológicas de Judá”, agora, já no século VII a.C., sob o reinado de Josias (FINKELSTEIN; 
SILBERMAN, 2003, p.231). Como a confecção final da Bíblia não ocorrerá antes do Exílio 
29 
 
ou Pós-exílio de Judá (587 a.C.), muitos argumentam que grande parte do conteúdo da Bíblia 
é fruto de um complexo trabalho redacional, em grande parte revisionista. 
De acordo com Liverani (2014, p.227), o êxito pratico desse ponto de divisão 
ideológica é que a escrita da “história” de todos os reis de Israel que viveram no período 
anterior à essas reformas de influencia deuteronomista, sem exceção, serão considerados 
culpados de apostasia por sua tolerância ou favorecimento em relação aos cultos baalistas 
(culto à Baal). Porém, sobre os reis passados de Judá, o juízo é alternado, em reis bons e 
outros ruins. “A avaliação histórica desses juízos estava sob os olhos de todos: o reino de 
Israel fora efetivamente subvertido pela punição divina, ao passo que o de Judá tinha passado 
por alternadas vicissitudes” (LIVERANI, 2014, p.227). 
Finkelstein; Silberman (2003) afirmam que o reino de Israel-norte nasceu nos vales 
férteis e nas colinas onduladas do norte de Israel e cresceu para existir entre os reinos mais 
ricos, mais cosmopolitas e mais poderosos da região. Hoje, todavia, está quase totalmente 
esquecido, exceto pelo papel infame que desempenha nos livros bíblicos dos Reis. O outro 
reino, Judá, surgiu em um região inóspita e rochosa do sul. Sobreviveu mantendo o 
isolamento e uma feroz devoção ao seu templo e a sua dinastia real. Esses reinos representam 
dois lados da antiga experiência de Israel, duas sociedades muito diferentes, com atitudes e 
identidades nacionais distintas (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2003, p.41). 
Compreende-se a história de Israel-norte porque observa-se através das lentes do autor 
judaíta, deuteronomista. Finkelstein (2015, p.191;196) afirma 
Trabalhos arqueológicos nas terras altas e nos vales do Norte nas últimas três 
décadas, em escavações e pesquisas, possibilitaram delinear a história completa do 
Reino do Norte, uma história que está mal contada na Bíblia e ideologicamente 
distorcida, a fim de servir aos objetivos de Judá num momento em que Israel não 
existia mais. [...] 
Foi somente após a queda do Reino do Norte e o movimento de um grande número 
de israelitas para Judá que provocou a ascensão da ideologia pan-israelita no Sul. A 
nova visão promoveu a ideia de supremacia e legitimidade única da dinastia 
davídica e do Templo de Jerusalém [...]. 
 
Dito isto, e mais uma vez fazendo uso das palavras de Finkelstein (2015), fica 
demonstrado como a ideologia política da História Deuteronomista na Bíblia representa uma 
realidade posterior à queda do Reino do Norte. Ela é, segundo Finkelstein (2015, p.18) “judá-
cêntrica”. Estudos bíblicos, arqueológicos e históricos do Antigo Israel tem sido dominados 
pela tradição histórica judaico-cristã, que foi formatada pela Bíblia Hebraica, ou seja, pelo 
texto judaíta. “A Bíblia é o que é, e por isso os estudos acadêmicos basicamente lidam com 
Judá sob a perspectiva judaíta de Israel, que foi formulada aproximadamente um século após 
o colapso do Reino do Norte” (FINKELSTEIN, 2015, p.18-19). 
30 
 
Fica evidente a intenção dos autores bíblicos em caracterizar a região do reino do 
Norte como totalmente devastada e após as deportações sendo habitadas completamente por 
estrangeiros não-israelitas. Essa visão, de que as “10 tribos de Israel” estavam para sempre 
perdidas, sendo assim, não passa de ideologia propagada como tradição. 
Pessoas continuaram vivendo nas suas casas, transmitindo por gerações seus costumes, 
histórias, contos e cultura, seus modos de ver e de enxergar o mundo. “A conclusão histórica 
mais provável, portanto, parece ser a continuidade da população israelita nos tempos 
posteriores” (HORSLEY, 2000, p.30). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
Considerações finais 
 
Após percorrer este trajeto, finda-se esta pesquisa na demonstração de que, baseando-
se na proposta inicial, responde-se, não de maneira completa, mas apenas introdutoriamente, o 
problema de pesquisa proposto. Teria a Assíria deportado toda, ou pelo menos, a grande parte 
da população do antigo reino do norte-Israel? – Considera-se que não. 
A insistente leitura contemporânea de se analisar a história do reino do norte à partir 
da linha bíblica, demonstrou-se ser de forte influência dos autores judaítas, que 
desenvolveram uma imagem muito negativa do norte, por motivos ideológicos e teológicos. 
Devido a Bíblia possuir um campo de influência muito grande, a imagem que dela se oriunda 
do reino de Israel, sob as diversas dinastias, sobretudo a dinastia dos Omridas, carrega um 
pesado fardo de parcialidade. Corrompe-se, assim, as possibilidades de descobrir uma história 
de Israel que seja franca e passível de ser vista sem ideologias antigas. 
Entretanto, mesmo está forte tendência dos autores bíblicos não podem anular o vasto 
campo da arqueologia e dos estudos históricos contemporâneos que demonstram que a 
quantidade de habitantes existentes por volta do século VIII a.C., em comparação com o 
número de deportados, baseando-se na quantidade apresentada pelos anais reais assírios, 
aponta para uma permanência considerável de habitantes vivendo nas regiões do Israel-norte, 
mesmo após os processos de deportações praticados pelos assírios. Este resultado possibilita 
que novas pesquisas sejam feitas na região da Galileia, particularmente no 1º século d.C., 
buscando encontrar ali fontes e vestígios deste passado israelita que durante muito tempo não 
tivera sido considerado. 
Uma vez grande parte da população tendo permanecido em seus lares, mesmo vivendo 
sob o jugo de um império estrangeiro, teriam conseguido transmitir a sua crença, costumes e 
tradições, sendo transmitidas estas culturas através das gerações, até chegar a períodos 
posteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
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