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1 SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA. SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER, ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA. SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM, A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA. Compreendendo os Enunciados A palavra compreensão Quando a questão é de compreensão o juízo de valor do leitor é irrelevante, não importa, deve ser desconsiderado. Limita-se as ideias contidas apenas no texto de fato. Geralmente os enunciados que aparecem nas questões são: • De acordo com o texto • Para o autor • Conforme o texto • A ideia principal do texto é: A palavra interpretação • Nas questões de interpretação, a vivência e o conhecimento prévio do leitor sobre o tema determinado ou sobre o autor do texto e de suas condições de produção são extremamente relevantes para resolução da questão. Os enunciados geralmente são • Infere-se do que texto que : • Deduz-se do que texto que: • Conclui-se do que texto que: “ Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim, e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam nas flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e arranca-nos a voz da garganta. E, porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada!” Maiakovski O QUE ESTÁ ESCRITO, ESCRITO ESTÁ! “Vovó colocou o xale nos ombros” “ O que vovó colocou nos ombros?” Conceito de Texto Texto é qualquer conjunto de elementos que , capazes de serem captados por nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e gustação), possam funcionar como meio de interação, registro, conservação e transmissão de informação. Gurgel, Maria Cristina Lírio. Leitura: representações e ensino. In: Valente, André (org). Aulas de português: Perspectivas inovadoras. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999, p.209. Tipologia Textual São três as tipologias textuais: Narração – Desenvolvimento de ações. Tempo em andamento. Dissertação – desenvolvimento de ideias. Temporais e atemporais. Descrição – retrato através de palavras. Tempo estático. Injuntivo - Utiliza linguagem simples e direta, os verbos são empregados no modo imperativo. Ex: bula de remédio, manuais, etc. Gêneros Textuais É a variedade de textos que circulam na sociedade. • Carta • E-mail • Letra de música • Bilhete • Bula de remédio • Charge • Quadrinhos • Cartum • Símbolos • Ícones • Imagens • Mapas • Textos jornalísticos • Poemas e poesias • Blog / fotolog • Horóscopo A Tormenta de Quinquinha A Tormenta de Quinquinha Sempre saía de sua casa no horário, sua roupa parecia combinar com as cores do muro, seu batom era de um tom avermelhado que às vezes lhe causava uma sensação de morte. Naquele dia em que o sol queimava seus lábios sem batom , houve uma grande tormenta em sua vida! Maria Joaquina, Quinquinha como era chamada pela vizinhança, saíra de casa duas horas mais cedo, seu José estranhou: - Já vai minha filha? Está tão escuro ainda, mal chegou! E ela cética respondeu: -Realmente está cedo, para o senhor cuidar da vida das pessoas. Nunca respondera daquela forma, andava sempre bem humorada. Seu José que se levantava às 5:00 para varrer a calçada, apenas resmungou e continuou varrendo as folhas de sete copas. Já se passava pouco mais de meio dia quando finalmente resolveu entrar na clínica. Quinquinha que era cobradora de coletivo não fora trabalhar naquela manhã de sexta feira. Voltemos à noite passada. Carlos seu antigo namorado, tinha lhe reencontrado em um ambiente em que as moscas pareciam gente querendo devorar a gordurosa carne da churrascaria de rodízio barato. Ela a princípio se exitou em sentar-se à mesa, mas Carlos insistiu: - Senta minha querida! Há muito tempo que não a vejo! Ela sussurrou timidamente: - Não posso, tenho marido! Quinquinha tinha uma fidelidade inabalável. Mas o charme dos olhos de mel e os cabelos indianos de Carlos, realmente a seduziram. Carlos se levantou, puxou uma das cadeiras e balbuciou: -Senta, hoje é por minha conta. A conversa entre Carlos e Maria Joaquina perdurou até a noite, logo depois da churrascaria foram ao Paradise Motel. O batom de Quinquinha parecia marcas de sangue na branca cueca de Carlos, no lixeiro do banheiro do motel já constavam seis preservativos usados, e muito exausta Quinquinha disse: -Essa é a última Carlos, meu marido não gosta que chego em casa tarde. Carlos cinicamente respondeu: - Quem? O José? E mais uma vez naquela noite Quinquinha gemeu de prazer. E ao final do gemido, Carlos gritou: - Não! Não é possível! Assustada Quinquinha o indagou: - Que aconteceu? - O preservativo estourou! - Fica calmo, eu tomo anticoncepcional - Oh! minha linda, não é isso, há mais de um ano, eu sou soro positivo! Naquela madrugada começava a tormenta de Quinquinha! Autor Hélio Taques Imagens A Morte e a Donzela – Baldung Hans O Sono- Salvador Dali A Persistência da Memória - Salvador Dali Mulher a chorar- Pablo Picasso Guernica- Pablo Picasso Abaporu- Tarsila do Amaral O círculo Mágico – John Willian Waterhouse Os amantes- René Magritte Dran Intertexto • A intertextualidade é a relação entre dois textos em que um cita o outro. Paródia • Ela geralmente é parecida com a obra de origem, e quase sempre tem sentidos diferentes. Paráfrase • Uma paráfrase é uma reafirmação das ideias de um texto ou uma passagem usando outras palavras. O ato de paráfrase é também chamado de parafrasear. TEXTO O SINALEIRO DO TREM ESTAVA VERMELHO. PARÁFRASE O TREM NÃO ESTAVA AUTORIZADO A SEGUIR Pressuposição Em alguns textos existem informações que não estão explícitas, mas podem ser interpretadas por meio de algumas pistas. A criança parou de chorar A essas informações que não estão explícitas no texto, mas que podem ser deduzidas pelo leitor a partir de marcas concretas, denominamos pressuposição. Texto I No primeiro dia de aula, um professor cumprimentava os alunos, quando se dirigiu para um deles e disse: - Você parou de colar? Texto II Certa vez, em um famoso programa de entrevistas, perguntou a um candidato à presidência da república : - Casamento gay: Você é contra ou a favor? Responder a essa pergunta era complicado, porque se ele dissesse que era contra, perderia milhões de votos. Se respondesse que era a favor, também. Então ele disfarçou e respondeu outra coisa. A entrevistadora, percebendo que ele não queria responder, avisou então que iria mudar de assunto. O candidato ainda respirava aliviado quando veio esta outra pergunta: - Se você descobrisse que seu filho é gay, o que faria? Ele, surpreso, pensou um pouco e respondeu: - Eu ensinaria a ele o caminho correto. Subentendido • O subentendido também é uma informação implícita. Mas difere do pressuposto em um aspecto: as informações subentendidas não deixam marcas, não deixam pistas que comprometam o produtor do texto. Texto I Um casal está conversando. A mulher estuda e possui um grau de escolaridade maior que o marido. O marido parou de estudar anos atrás. Então, eles começam uma discussão e a mulher diz: Se você voltasse a estudar, nós brigaríamos menos! E o marido, ofendido, responde: - Você está me chamando de burro? Texto II Em uma reunião estavam presentes os presidentesde vários países. Quando o então presidente Hugo Chaves, da Venezuela, foi fazer uso da palavra, disse: “ sinto cheiro de enxofre. O diabo esteve aqui.” O presidente anterior a ele, no palanque, fora o ex- presidente dos EUA. Que implícito se pode retirar da fala de Mafalda, no último quadro? Trata-se de um pressuposto ou subentendido? Que implícito se pode retirar da fala de Mafalda, no último quadro? Trata-se de um pressuposto ou subentendido? Que a humanidade não funciona Que implícito se pode retirar da fala de Mafalda, no último quadro? Trata-se de um pressuposto ou subentendido? Que a humanidade não funciona subentendido A partir da tirinha podemos assinalar como correto que o cachorro é mais inteligente que o homem? A partir da tirinha podemos assinalar como correto que o cachorro é mais inteligente que o homem? Não, porque trata-se de um subentendido. A) Que pressuposto é ativado pela palavra agora? b) É possível perceber certa ironia no posicionamento do chargista e com qual finalidade? A) Que pressuposto é ativado pela palavra agora? Que antes, ela não aceitava Jesus. b) É possível perceber certa ironia no posicionamento do chargista e com qual finalidade? A) Que pressuposto é ativado pela palavra agora? Que antes, ela não aceitava Jesus. b) É possível perceber certa ironia no posicionamento do chargista e com qual finalidade? Sim, com a finalidade de criticar. O que você compreende desse texto? Estereótipo • Os estereótipos são, em muitos casos, desejáveis para se facilitar a comunicação. Entretanto, como estereótipo, em geral, apresenta uma visão simplificada e parcial das realidades, o leitor que pretenda fazer uma leitura crítica precisa saber identificar quando uma ideia é estereotipada, e precisa reconhecer se o verdadeiro estereótipo é falso ou verdadeiro, negativo ou positivo. Precisa analisar as ideias que o sustentam, que interesses ele representa. Etc ... • A televisão “emburrece” as pessoas. • As mulheres são interesseiras. • “Loira burra.” • Todo político é ladrão. • Filme brasileiro não presta. • Cidade maravilhosa • País do futebol Denotação • É o emprego de palavras no seu sentido próprio, comum, habitual, preciso, aquele que consta nos dicionários. Conotação • É o emprego de uma palavra tomada em um sentido figurado, que depende do contexto. • A prova de português vai ser sopa. • A sopa de legumes é rica em proteínas. Ambiguidade • A multiplicidade de sentidos, apresentada pelas palavras, em função do contexto em que são utilizadas, pode gerar ambiguidade, que é a propriedade de certas frases que apresentam vários sentidos. LULA ESTAVA EM MINHA COMPANHIA De noite, enquanto Lourenço lê o jornal, a esposa comenta: - Você já percebeu como vive o casal que mora aí em frente? Parecem dois pombinhos apaixonados! Todos os dias, quando ele chega em casa, traz flores para ela, abraça-a e os dois ficam se beijando apaixonadamente. Por que você não faz isso? E o maridão: - mas, querida, eu mal conheço essa mulher. POLISSEMIA • É o fato de uma determinada palavra ou expressão adquirir um novo sentido além de seu sentido original, guardando uma relação de sentido entre elas As questões 1 e 2 referem-se à sátira de imagem utilizada num blog, ironizando a brincadeira de uma suposta dica de outdoor para o refrigerante PEPSI, com determinada situação interdiscursiva relacionada ao ator Fábio Assunção. A suposta frase utilizada pelo ator Fábio Assunção como um personagem, no intuito de ironizar a propaganda do refrigerante PEPSI – “Eu deixei a coca.” –, associa a ambiguidade de uma mensagem de dois sentidos A) com o fato de começar a tomar o refrigerante PEPSI, deixando o refrigerante concorrente, COCACOLA, um dos mais vendidos e utilizados em todo o mundo. B) com o fato de deixar de usar cocaína (droga alcalóide derivada do arbusto coca), além de deixar de usufruir o refrigerante concorrente da PEPSI, a COCA-COLA. C) com a situação de saúde enfrentada pelo ator, como usuário de cocaína, causando, provavelmente, vários problemas durante as gravações de uma novela exibida em 2008 pela Rede Globo de Televisão. D) pelo grande sucesso do ator associado ao refrigerante PEPSI, o contrário do grande sucesso da concorrente COCA-COLA, uma das mais vendidas em todo o mundo. A) com o fato de começar a tomar o refrigerante PEPSI, deixando o refrigerante concorrente, COCACOLA, um dos mais vendidos e utilizados em todo o mundo. B) com o fato de deixar de usar cocaína (droga alcalóide derivada do arbusto coca), além de deixar de usufruir o refrigerante concorrente da PEPSI, a COCA-COLA. C) com a situação de saúde enfrentada pelo ator, como usuário de cocaína, causando, provavelmente, vários problemas durante as gravações de uma novela exibida em 2008 pela Rede Globo de Televisão. D) pelo grande sucesso do ator associado ao refrigerante PEPSI, o contrário do grande sucesso da concorrente COCA-COLA, uma das mais vendidas em todo o mundo. O gato morreu de fome O gato morreu faminto Charge Tirinhas Propaganda Crônica "É melhor você ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada. Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada, se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a sequência de bíceps e tríceps. Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí? Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução. Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!“ Arnaldo Jabor Persuasão Análise de Alternativas: EXTRAPOLAM as informações contidas no texto. LIMITAM as informações contidas no texto. Estão PARCIALMENTE corretas em relação às informações contidas no texto. CONTRADIZEM as informações do texto. Não abordam de forma direta o TEMA do texto. Dicas Gerais: Alternativas iguais se excluem. Há enunciados afirmativos que podem ser usados para responder questões. Lembre-se de que você está procurando a resposta mais certa ou a mais errada. Não mude sua resposta por achar que ela é muito obvia. Não utilize conhecimento de mundo para responder a qualquer questão de texto. Todas as questões devem ser respondidas exclusivamente com base no texto. Em caso de dúvida, procure usar a conclusão como parâmetro. Intencionalidade do texto Procure sempre relacionar a intencionalidade do texto à tipologia. Principais: informar, persuadir, criticar, comover, ironizar, satirizar... Ponto de vista do autor Impressões gerais do autor sobre o tema. Fragmentos de texto que contenham o ponto de vista do autor.(Nesse caso, verifique a existência de adjetivos, advérbios com carga semântica e verbos com carga semântica.) Linguagem formal / culta / padrão Nesse caso, trata-se de uma questão de gramática. Assim, você deve observar se há construções coloquiais, típicas da oralidade. Questões de vocabulário Procure referências no texto ou use a técnica do desmembramento da palavra. Ambiguidade Análise de enunciados com duplo sentido. TEXTO Para o Brasilseria ótimo que a atual onda de crescimento pudesse se generalizar por toda a América Latina. Podemos inferir do texto que: A) De que no Brasil não tínhamos crescimento. B) O Brasil vive um bom crescimento, no entanto, ainda não serve de exemplo. C) O Brasil não rara vezes cresceu. D) De que no Brasil a atual onda de crescimento é culpa do IPI Reduzido. E) Atualmente, o Brasil não é o único da América Latina com crescimento considerável. Podemos inferir do texto que: A) De que no Brasil não tínhamos crescimento. B) O Brasil vive um bom crescimento, no entanto, ainda não serve de exemplo. C) O Brasil não rara vezes cresceu. D) De que no Brasil a atual onda de crescimento é culpa do IPI Reduzido. E) Atualmente, o Brasil não é o único da América Latina com crescimento considerável. I- Antes não tínhamos crescimento . II- Na América latina, só o Brasil cresce III- O Brasil pode se tornar uma potência mundial. Ambiguidade A multiplicidade de sentidos, apresentada pelas palavras, em função do contexto em que são utilizadas, pode gerar ambiguidade, que é a propriedade de certas frases que apresentam vários sentidos. LULA ESTAVA EM MINHA COMPANHIA De noite, enquanto Lourenço lê o jornal, a esposa comenta: Você já percebeu como vive o casal que mora aí em frente? Parecem dois pombinhos apaixonados! Todos os dias, quando ele chega em casa, traz flores para ela, abraça-a e os dois ficam se beijando apaixonadamente. Por que você não faz isso? E o maridão: mas, querida, eu mal conheço essa mulher. O bom esportista não esquenta a cabeça: usa boné Zás. I- A mensagem do anúncio não é clara devido à ambiguidade causada pelo verbo esquenta. II- No anúncio ocorre um caso de polissemia, pois o verbo esquenta apresenta dois sentidos: “ aquecer” e “preocupar-se”. III- O anúncio explora somente um dos sentidos do verbo esquentar. CADELA Pretinha era assim, quase não comia direito, tinha que obrigá-la a se alimentar, de vez em quando saía com ela para passear, tomar um ar puro, ver outros ambientes, para ver se A bichana comia mas, isso não me agradava, minha cadela tinha cio e isso me causava ciúmes. Fui a uma festa, me aprontei, passei meu perfume, fiquei charmoso, estava a fim de procurar um flerte, minha cadelinha parecia sentir a traição, olhava de rabo de olho a minha movimentação dentro do quarto, pelo espelho eu via tudo. - já te disse, você não pode ir com o papai! Peguei a corda, amarrei suas patinhas bem tratadas na perna da cama, deixei-lhe um pouco de água e apaguei a luz. Foi então que ela começou a gritar, não suportei o choro, dava-me agonia de ver minha Pretinha ali, chorando. Angustiado amordacei-lhe a boca com uma focinheira. - fique bem quietinha, seja boazinha comigo, volto mais tarde. Peguei a chave do carro e me mandei. No bar, conheci uma garota chamada Suzy, branca como a neve e quente como o rum. De cabelos ruivos, olhos tristes mas, atraentes, um belo par de coxas que nunca vi igual em toda a minha vida. Fomos para o puteiro, Suzy, tinha seus truques, cheio de fantasia amarrei-lhe ao pé da cama e a deixei em posição canina. Ela delirou sem gritar ou chorar. Foi uma ótima noite, pena que me custou caro, cerca de trezentos ou quatrocentos reais, dei o que tinha na carteira, Suzy mereceu, comportou-se como uma verdadeira cadela. Ao voltar para casa com um imenso apetite, abri a porta do quarto e lá estava pretinha, caída, trêmula e chorosa, desamarrei a focinheira e fui e dormir. Algumas horas depois... Acordei enquadrado na Penha e Pretinha estava alforriada. Autor Hélio Taques Artigo de Opinião "Cura gay", modesta contribuição "Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby." São palavras do papa Francisco ao deixar o Brasil, no voo entre Rio e Roma. A mensagem é esperançosa, mas, ao contrário do que o papa diz, o problema no Brasil é o lobby antigay, liderado pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Deputados que consideram a homossexualidade uma doença propõem a "cura gay". Querem alterar a resolução do Conselho Federal de Psicologia que impede seus profissionais de tratar homossexuais como doentes. O que é um gay? Como diz a palavra inglesa, é uma pessoa alegre. Se os homossexuais são felizes, por que submetê- los à terapia? Terapia é própria para obsessivos, como é o caso de quem odeia constatar que homossexual é uma pessoa feliz. Isto sim é doença: a homofobia, aliás, como toda fobia. E há inúmeras: desde a eleuterofobia, o medo da liberdade que, com certeza, caracteriza os fundamentalistas, até a malaxofobia, o medo de amar sobretudo quem de nós difere. Sugiro aos deputados cortar o mal pela raiz: proibir a promíscua narrativa de "Branca de Neve e os Sete Anões", a relação pedófila entre o lobo mau e a Chapeuzinho Vermelho e, na Bíblia, o relato da íntima ligação entre Jônatas e Davi, aquele que "ele amava como a sua própria alma". (1 Livro de Samuel, 18). Segundo censo do IBGE, há no Brasil 60 mil casais assumidamente gays. São pelo menos 120 mil pessoas que, em princípio, deveriam ser "submetidas a tratamento". Considerando que a Parada de Orgulho LGBT reúne, em São Paulo, cerca de 4 milhões de pessoas, haveria que construir uma clínica do tamanho de 50 Maracanãs para abrigar toda essa gente. O processo terapêutico certamente teria início com uma sessão de exorcismo, já que, no fundo, a obsessão fundamentalista considera a homossexualidade muito mais coisa do demônio do que doença. Outra sugestão é comprar um armário para cada gay e obrigá-lo a ficar lá dentro. Dizem os moralistas que qualquer um tem direito de ser gay, não deve é sair do armário. Imagino que, terminado o processo de "cura gay", haverá uma grande Parada de Ex-Gays subindo a rampa da Câmara em Brasília para agradecer aos deputados que, iluminados, aprovaram a medida. Ainda que todos os gays sejam confinados na clínica dos deputados, de uma coisa não poderão se queixar: será divertido contar ali com shows de Daniela Mercury e sir Elton Hercules John. Saiba Feliciano que Alan Chambers, ex-presidente da associação Exodus International, destinada a curar gays, declarou em junho deste ano que também é gay, pediu perdão pelos sofrimentos causados a homossexuais e fechou a entidade. À luz do Evangelho, o melhor é seguir o conselho de santo Agostinho: "Ama e faz o que quiseres." Ou, como diz Francisco, sejamos todos irmãos. CARLOS ALBERTO LIBANIO CHRISTO, 68, o Frei Betto, é assessor de movimentos sociais e escritor, autor de "O que a Vida me Ensinou" (Saraiva)
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