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SEMINÁRIO V

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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
 Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
 Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH
 Licenciatura em Pedagogia- EAD
 UNIRIO/CEDERJ
 DISCIPLINA: Seminário de Práticas Educativas 5
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 SACKS, O. O Caso do Pintor Daltônico
O livro “Antropólogo em Marte” de SACKS, relata no capítulo “O Caso do Pintor Daltônico” a história de um pintor Chamado Sr. I, que vivia uma vida normal. Aos 65 anos de idade sofreu um acidente que mudou sua vida por completo, o mesmo decide fazer uma carta ao neurologista Sacks, que é especialista em distúrbios neurológicos, contando o que havia acontecido consigo em busca de ajuda.
Após o acidente de carro o Sr. I começa a ter problemas com sua visão, ao dirigir sente-se como se estivesse em um nevoeiro, tudo cinzento. Quando chega ao seu ateliê se espanta ao ver suas telas pintadas com cores extraordinárias, tudo totalmente em cinza, sem cor, sem sentido algum, uma aparência desagradável. Pois a perda da cor em sua visão foi a pior coisa que aconteceu naquele momento de sua vida, porque o mesmo sabia de cor nome e números de cores em seu ateliê. 
As cores de seus quadros extraordinários já não tinham mais sentidos a sua vida, isso era perturbador para ele. Perturbador ver tudo, todos, e suas obras em cinza, preto e branco. 
“O sr. I. mal podia suportar a nova aparência das pessoas (“como estátuas cinzentas animadas”), tanto quanto não suportava sua própria aparência no espelho: passou a evitar encontros sociais e a achar impossível uma relação sexual. Via a carne dos outros, de sua mulher e a sua própria, como se fosse de um cinza repulsivo; “cor-de-carne” passou a ser “cor-de-rato” para ele. E isso continuava ocorrendo mesmo quando fechava os olhos, já que sua nítida imaginação visual tinha sido preservada, só que agora igualmente sem cores.” (SACKS, 1992, p. 25)
Dependendo do contraste das coisas que tinham cor, Sr. I não conseguia enxergar, tendo ausência completa de sua visão. Assim, tudo que tinha cor, era mais difícil para Sr. I enxergar, preferindo ver aquilo que de natureza era preto e branco, como se a percepção para ele fosse normal. 
Após semanas cansado de muita coisa, pois o daltonismo mudou muita coisa em sua vida não só profissional, mas em vários aspectos, como a música, alimentos, seu bem estar, humor. Sr. I decide mudar completamente seu ateliê, transformando tudo em um universo com várias escalas em cinza, preto e branco, um ambiente cinzento onde todos pudessem ver sua realidade, sólida e tridimensional, tudo à sua volta era preto e branco, 24 horas por dia. Para Sr. I suas telas coloridas já não eram mais suportáveis, pois não eram nítidas, preferindo imagens em preto e branco pois eram mais toleráveis. 
Pode-se imaginar o quão aterrorizante é para alguém seja pintor ou não, principalmente para ele, ser diagnosticado com acromatopsia, pintando durante à vida toda, tanto quanto ficar cego por completo. Poder não sentir mais o extraordinário das cores, a ponto de pressionar os globos oculares para ver se enxerga tudo como era antes. Como cita Sacks:
Certa vez, ficou deprimido com um arco-íris, que apenas como um semicírculo sem cor do céu. Chegou a considerar suas ocasionais enxaquecas “insípidas” – anteriormente elas provocavam alucinações geométricas de cores brilhantes; agora, porém, até elas estavam destituídas de cor. Às vezes ele tentava evocar as cores pressionando os globos oculares, mas às faíscas e formas resultantes faltava igualmente a cor. Antes, seus sonhos com freqüência eram em cores vidas, sobretudo quando sonhava com paisagens e pinturas; agora eram desbotados e pálidos, ou violentos e contrastados, desprovidos tanto de cor como de gradações sutis de tonalidade. (SACKS, 1992, p 29)
Após vários exames feitos por Sacks em Sr. I, foi confirmado sua acromatopsia de origem cerebral, com ênfase também ao psicológico. Assim, Sr. I começou em Fevereiro mais calmo e determinado a começar a pintar em preto e branco, primeira imagem inspirada num nascer do sol, cujo nome foi “AURORA NUCLEAR”. A partir daí produziu imagens fortes com tamanha intensidade e sentimento, expressando através da pintura o estado em que ele se encontra, surgindo assim, formas em preto e branco.
Diante desse texto podemos perceber o quanto se faz necessário no ensino ir além, a “normalidade” já faz parte, temos que despertar dentro do que é considerado anormal ou diferente um olhar capaz de reconhecer novos caminhos.

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