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MÓDULO 5- PE-NP2
OS PROBLEMAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM: AS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS; O PAPEL DO PSICÓLOGO FRENTE À QUEIXA ESCOLAR
            Em relação às possibilidades de compreensão do fracasso escolar as autoras criticam a visão tradicional. Acreditam que tal perspectiva demonstra um descompromisso da Psicologia com as questões políticas, econômicas e sociais. A visão tradicional centra no indivíduo, em sua família ou no seu meio sociocultural as causas do não aprender. Assim, buscam em Marx, Leontiev, Giroux e Vigotski, entre outros autores, o referencial teórico crítico para pensar o papel da escola na constituição do indivíduo e da sociedade.
Á partir de uma perspectiva crítica, as autoras consideram o jogo de forças e interesses políticos presentes em uma determinada sociedade como aspectos significativos para se compreender o processo de produção do fracasso escolar. Tal processo é pensado como sendo multideterminado, ou seja, sofre a ação das forças sociais, políticas, econômicas e culturais presentes num determinado grupo social, é, portanto, produzido, constituído no tecido de relações que envolvem os sujeitos.
Tendo em conta o referencial teórico crítico, as autoras apresentam possibilidades de ação para o psicólogo escolar junto á demanda de queixa escolar e também em relação à sua atuação em instituições de ensino.
O melhor lugar para um psicólogo escolar é o lugar possível, dentro ou fora da instituição, desde que ele se coloque dentro da educação e assuma um compromisso teórico e prático com as questões da escola, já que independentemente do espaço profissional que possa estar ocupando, ela deve se constituir no foco principal de sua reflexão, ou seja, é do trabalho que se desenvolve em seu interior que emergem as grandes questões para as quais deve buscar tanto os recursos explicativos quanto os recursos metodológicos que possam orientar sua ação. (Meira,2000,p.36)
   Apresentamos a seguir as principais idéias apresentadas pelas autoras do texto em relação ao trabalho do psicólogo escolar, seu papel, objeto de estudo, modo de compreender a demanda escolar e possibilidades de ação.
AÇÃO JUNTO Á DEMANDA DE QUEIXA ESCOLAR
Papel do Psicólogo Escolar
 Seu papel deve ser o de mediador no processo de elaboração das condições para que a queixa possa vir a se superada. Tal processo deve ser realizado junto com todos os segmentos envolvidos: família, escola, criança.
Objeto de Estudo
O objeto de estudo é o modo como o comportamento de uma criança (alvo da queixa) é influenciado pela educação em geral e pela educação oferecida na escola, ou seja, é o processo de produção da queixa e seus efeitos nos indivíduos envolvidos nesse processo.
Ação do Psicólogo Escolar
             Deve estar voltada para a descrição e análise da relação entre o processo de produção da queixa escolar e os processos de subjetivação/objetivação dos indivíduos nele envolvidos, como uma condição necessária á superação das histórias de fracasso escolar. (p.29)
Compreensão da Queixa
            A queixa é apenas a aparência, é preciso olhar o entorno, o que a envolve e a possibilita. A queixa deve ser compreendida como sendo constituída por múltiplas determinações. Devemos buscar com todos os envolvidos as ações, os acontecimentos, as concepções que produziram e motivaram o encaminhamento de tal criança.
Intervenção
 Desenvolver ações voltadas aos vários segmentos envolvidos no processo (professores, alunos, familiares) no sentido de tornar pensável o processo de produção da queixa e conseqüentemente as estratégias necessárias para que a mesma possa ser superada.
ATUAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO
Papel do Psicólogo Escolar
 Auxiliar a escola a remover os obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam os processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico. (p.43)
Objeto de estudo
 É o encontro entre os sujeitos e a educação.
Ações do Psicólogo Escolar
Refletir sobre os diferentes aspectos que compõem o cotidiano escolar.
Analisar criticamente essa realidade concebendo-a como construção social e, portanto, possível de transformação pela ação humana.
Planejar ações que contribuam para as transformações necessárias.
Implantar projetos que traduzam o compromisso ético, político e profissional com a construção dos processos educacionais.
Etapas do Processo de Intervenção
Avaliação da realidade escolar; discussão com os vários segmentos envolvidos; elaboração e execução do plano de intervenção.
PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA REALIDADE ESCOLAR.  
Veja alguns exemplos de dados que são interessantes de se obter nesse processo de avaliação e onde buscá-los.
Na organização da escola
Verificar por exemplo quantas classes, turmas, funcionários, existem e se isso é adequado para a demanda. Há reuniões com professores, com a comunidade escolar, quais atividades  a escola oferece?
Recursos físicos
Quais são esses recursos?São adequados ás necessidades da comunidade?
Corpo docente
Qual a formação dos professores, a experiência profissional, as condições de trabalho?
Proposta pedagógica
A proposta pedagógica é algo concreto, acontece na realidade ou é apenas algo que está escrito no plano escolar? Ela é compartilhada por todos? Como é o sistema de progressão?
Equipe que dirige a escola
 Como foi formada? Qual a experiência desses profissinais?
Organização dos segmentos que compõe a escola
Há Grêmio Estudantil, Associação de Pais, etc. Como funcionam esses segmentos?
Quais as condições sócio-econômicas da clientela.
Como foi formado esse bairro? Qual a história dessa escola?
Como os diferentes segmentos compreendem seus problemas?
Quais as expectativas em relação ao trabalho do psicólogo escolar? Qual as possibilidades e limites para a implantação de projetos? Quais os parceiros em potencial?
O RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
            Sintetiza os principais procedimentos utilizados, contém uma apresentação geral dos dados, indica de forma clara as questões que devem ser trabalhadas e como isso pode ser feito.
Deve ser apresentado aos vários segmentos envolvidos para discussão, reflexão sobre o que foi compreendido e o que está sendo proposto enquanto estratégia de trabalho.
PLANO DE INTERVENÇÃO
Responde ao que foi percebido na avaliação, é composto por um conjunto de estratégias de ação, deve ser implementado pelos vários autores do processo, contém ações que poderão ser realizadas a curto, médio e longo prazo.
Veja alguns dos itens que compõe o plano de intervenção: Objetivo Geral. Objetivo Específico, Estratégias, Condições objetivas para a realização das intervenções: recursos físicos, humanos, horários, etc.
Em linhas gerais a ação do psicólogo escolar deve contribuir para: gestão democrática da escola; resgate da autonomia dos sujeitos; formação de vínculos; ampliação da participação popular; planejamento condizente com o desenvolvimento, o interesse e as necessidades dos alunos; identificação e remoção dos obstáculos que possam impedir os alunos de construir conhecimento. Cabe lembrar que no processo de intervenção devemos considerar a especificidade de cada caso.
MÓDULO 6:
 
MODELO DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO FRENTE AOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM EM UMA PERSPECTIVA CRÍTICA EM PSICOLOGIA ESCOLAR
         Tendo em conta a demanda de profissionais da psicologia e da comunidade em geral para o atendimento psicológico de crianças e adolescentes cuja queixa tem origem em questões escolares, Beatriz de Paula Souza e Cintia Copit Freller, psicólogas da equipe do Serviço de Psicologia Escolar da USP, desenvolvem uma abordagem de atendimento a qual denominam de Orientação à Queixa Escolar.
O trabalho de Orientação à Queixa Escolar parte de uma perspectiva crítica, dialética, que enfatiza a importância dos fatores sociais na constituição dos sujeitos. Nesse sentido, a queixa escolar é compreendida como um emergente de uma rede de relações que envolvem a criança, a família, e a escola.
O objeto de estudo é essa rede de relações e o objetivodo trabalho é movimentar tal rede para que se caminhe no sentido do desenvolvimento de todos os segmentos envolvidos.
            O trabalho proposto, em linhas gerais, estrutura-se a partir dos seguintes princípios técnicos: colher e problematizar as versões sobre a queixa junto às pessoas envolvidas; promover a circulação das informações e das reflexões nessa rede de relações visando à busca conjunta de alternativas para a superação da queixa; identificar, mobilizar e fortalecer as potencialidades presentes em todos os indivíduos envolvidos no processo. Trata-se de uma ação breve e centrada na queixa que não pode ser confundida com o psicodiagnóstico.
            Embora não se trate de uma estruturação rígida, a autora do texto propõe os seguintes procedimentos para o trabalho de orientação à queixa escolar.
TRIAGEM DE ORIENTAÇÃO
Pode ser feita de forma individual ou grupal. Como geralmente são os pais que procuram pelo atendimento, esse primeiro encontro é realizado com eles.
Os principais objetivos dessa triagem são: apresentar o trabalho que é oferecido; ouvir a versão dos pais sobre a queixa; investigar e pensar a demanda com eles buscando alternativas para a movimentação da queixa, para que se comece a caminhar em busca de soluções; verificar a natureza da queixa estabelecendo prioridades.
Em alguns casos pode ocorrer que o trabalho já seja encerrado nesse primeiro momento, por exemplo: quando nesse encontro os pais vislumbram possibilidades de modificação em relação à queixa.  Nessa situação combina-se que os pais podem posteriormente retornar para continuidade de atendimento, caso seja necessário. Também pode ocorrer o encaminhamento para outro tipo de atendimento especializado quando se julga importante, embora não seja esse o objetivo do trabalho.
Quando se entende que há questões escolares importantes para serem trabalhadas se dá continuidade ao processo partindo para o encontro com as crianças ou adolescentes.
ENCONTROS COM CRIANÇAS OU ADOLESCENTES
            São realizados em média seis encontros com as crianças. Os principais objetivos desses encontros são: ouvir a versão delas, saber como percebem,  como pensam e sentem a queixa; valorizar a condição de sujeito da sua própria história; perceber e acolher as necessidades, sofrimentos e dificuldades apresentadas, tornando-as pensáveis pelas crianças; reconhecer as potencialidades individuais necessárias  para que se possa (re) conquistar a capacidade de aprender.
Nesses encontros são utilizados recursos, tais como: materiais lúdicos, material escolar, etc. Não se utiliza teste.
INTERLOCUÇÃO COM A ESCOLA
O contato com a escola se inicia através do relatório que a mesma  envia  sobre a criança, também pode ocorrer após os encontros com pais e crianças e em outros momentos que se fizerem necessários para o bom andamento do trabalho.
Alguns aspectos devem ser observados pois funcionam como facilitadores dessa interlocução com a escola, por exemplo: fazer o encontro na própria escola, ouvir a queixa esclarecendo-a e pensando-a junto com a professora, diretora, coordenadora; perceber e valorizar os recursos e esforços realizados pela escola para a resolução da questão, entre outros.
ENTREVISTAS DE FECHAMENTO
Essas entrevistas são feitas com o aluno, a família e a escola. Os principais objetivos são: releitura do caso considerando as novas informações, visões, perspectivas; avaliar o processo e seus efeitos mobilizadores; combinar o acompanhamento, que é um encontro realizado após algum tempo de encerramento da orientação à queixa escolar. Esse encontro visa  verificar, com todos os envolvidos, os resultados do trabalho realizado.
 
PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA - EMÍLIA FERREIRO
            Conforme nos relata a autora do texto, as dificuldades no processo de alfabetização de crianças em idade escolar tem sido uma das principais causas de encaminhamento para atendimento psicológico.
            O analfabetismo ou analfabetismo funcional é um problema da Educação e é também um problema da Psicologia em função do sofrimento psíquico que tal situação pode vir a gerar para as pessoas em tal condição.  Não dominar os códigos para leitura e escrita é uma questão muito séria, conduz à exclusão social, tecnológica e política desses indivíduos.
            Tendo em vista a importância de se trabalhar no sentido da superação das dificuldades existentes no processo de alfabetização, a autora, relatando o trabalho que realiza, nos aponta uma base teórica e um conjunto de estratégias de ação para o enfrentamento desse problema.
BASE TEÓRICA
            Sem deixar de considerar as questões sociais e políticas que envolvem o contexto educacional a autora nos mostra a relevância do domínio, por parte do profissional da psicologia, do ferramental teórico oferecido pela psicogênese da língua escrita no enfrentamento dos problemas de alfabetização.           
            A psicogênese da língua escrita é o resultado das pesquisas desenvolvidas por Emília Ferreiro que foi orientada por Jean Piaget. Apresentamos a seguir, resumidamente, algumas das idéias presentes no trabalho de Emília Ferreiro e que foram apontadas pela autora do texto.
            Aprender a ler e escrever não é simplesmente um trabalho mecânico de decodificação som-grafia, para aprender a ler e escrever é necessário que se compreenda o que a escrita representa e como essa representação funciona. Para tanto as crianças vão construindo hipóteses. Tais hipóteses seguem um determinado percurso até que se chegue ao domínio da escrita. Nesse percurso é possível observar diferentes níveis no processo de construção da noção de escrita, a saber: nível pré-silábico; silábico; silábico-alfabético e alfabético.
NÍVEL PRÉ – SILÁBICO
Inicialmente as crianças não fazem uma distinção clara entre desenho e escrita, elas trabalham com a hipótese de que os caracteres gráficos representam as características dos objetos ou idéias. Posteriormente começam a fazer a  distinção entre desenho e escrita, mas ainda não têm a clareza de que o que se representa graficamente é o som da palavra e não o objeto em si. Assim podem ficar confusas quando observam que um objeto grande como um trem pode ser representado por uma palavra tão pequena. A isso chamamos realismo nominal.
NÍVEL SILÁBICO  
            Nesse nível as crianças compreendem que a escrita representa o som das palavras. Tal compreensão segue uma lógica própria dessa fase. As crianças percebem que as palavras estão divididas em sílabas, e acreditam que a cada sílaba, corresponde uma única letra. Por exemplo, para representar a palavra “BONECA”, a criança pode escrever: “RAT”. Nesse exemplo a criança também não considerou o valor sonoro das letras escolhidas para a escrita da palavra.
NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO
É considerado como um nível de transição entre o nível anterior e o posterior, daí sua nomenclatura. Nele a lógica silábica aparece misturada com a lógica alfabética. Perceber que a fala pode ser subdividida em unidades menores, em fonemas, o que constitui a lógica alfabética, não é tão simples para os aprendizes nesse momento. Os fonemas (menos as vogais) têm som artificial e a compreensão de tal conceito exige maior abstração do que o conceito de sílaba. Por exemplo, para representar a palavra “BONECA”, a criança pode escrever: “BONK” ou “BNCA”, aqui ocorreram trocas ou omissões de letras. Tais produções, normais nesse momento evolutivo, são, às vezes, erroneamente classificadas como distúrbios de aprendizagem, dislexia ou déficit de atenção
NÍVEL ALFABÉTICO
È uma escrita quase convencional, mas ainda podem ocorrer algumas trocas  ou omissão de letras. Trocam o P pelo B; D por F ou V, confundem S-Z-Ç-SS; R-RR; G-J; GU-QU; H-LH-NH. Por exemplo, para representar a palavra: “CASA” a criança pode escrever: “CAZA”.
Nos nossos exemplos enfatizamos mais os aspectos gráficos da produção infantil, no entanto, cabe lembrar que os aspectos construtivos, (o que a criança quis representar), precisam ser considerados juntamente com os aspectos gráficos (o que elaescreveu).
Posteriormente a escrita das frases trará outros e novos desafios para as crianças.
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Durante os atendimentos com as crianças ou jovens o principal objetivo do  trabalho, relatado pela autora,  é o resgate das possibilidades de pensar e de  aprender  desses indivíduos, busca-se que eles possam ocupar o lugar de sujeito da  aprendizagem, que se sintam capazes para isso.
“Nossas intervenções nestes casos dirigem-se a ajudá-las apropriarem-se de seu pensamento e de suas hipóteses, a problematizar e fornecer algumas informações sobre a leitura e a escrita que qualquer adulto letrado pode oferecer sem tornar-se, por isso, professor.” (p.141)
Nos atendimentos se utilizam jogos, materiais plásticos e gráficos escolhidos considerando as necessidades e interesses das crianças.
TRABALHO COM OS PAIS
Durante os encontros realizados com os pais é comum que os mesmos repitam o discurso veiculado pela escola: a criança não sabe nada, escreve tudo errado, etc. É esse olhar desqualificador e sofrido dos pais sobre os saberes construídos pela criança que deve ser o principal objeto de intervenção. Busca-se criar condições para que a criança possa ser percebida por eles como um sujeito capaz, que está em processo, construindo conhecimento.
TRABALHO COM A ESCOLA
MÓDULO 7:
 Junto á escola procura-se enfatizar os saberes revelados, as possibilidades apresentadas pela criança. È importante que se possa re-significar o olhar que o professor tem sobre o seu aluno para que o processo de ensino-aprendizagem seja posto em movimento e tenha continuidade.
PSICÓLOGO ESCOLAR COMO MEDIADOR NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE EM UMA ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA
 
           Aguiar e Galdini (2003), iniciam suas reflexões acerca das possibilidades de trabalho do psicólogo em relação á formação de professores apresentando os pressupostos teóricos e metodológicos que fundamentam suas ações.
Segundo Galdini e Aguiar (2003), pensar a formação de professores requer olhar para além da dimensão técnica, não se trata apenas de buscar quais estratégias são mais adequadas para a realização desse trabalho, é necessário levar em conta quais são os pressupostos teóricos que fundamentam tal ação. Por traz de toda ação educativa, quer estejamos conscientes disso ou não, existe uma visão de homem, mundo, sociedade, cultura , educação. Há um conjunto de representações, constituídas à partir de nossas histórias,  que direcionam nossas ações e é preciso reconhecê-las, desvelá-las para superar a alienação e produzir a transformação social.
Não é possível pensar a formação de um profissional sem levar em conta o contexto social, político e ideológico no qual ele se insere. Assim, a relação professor – instituição - sociedade deve ser considerada dialeticamente.
 No texto, o professor, concebido como ser histórico, social, transformador, sujeito ativo, investigador da sua realidade é visto como capaz de produzir idéias e práticas sociais que possam responder aos desafios apresentados pela educação. O professor, diante de condições excludentes e alienantes, impostas por um precário sistema de ensino, pode colaborar com a transformação do ambiente escolar, no sentido de que este venha auxiliar os indivíduos no resgate da possibilidade de pensar autonomamente e no exercício efetivo da cidadania. Tendo em conta tal concepção de professor como o psicólogo pode trabalhar para auxiliar a formação desse profissional?
Buscando responder a esse desafio as autoras relatam o trabalho que realizaram o qual resumidamente apresentamos a seguir.
Foram realizados dez encontros, de uma hora cada, com aproximadamente doze professores que já estavam trabalhando na escola. O objetivo foi realizar uma intervenção que possibilitasse “a reflexão, re-significação e, assim a produção de novos sentidos sobre a vivência de ser professor” (p.91)
Inicialmente foi feita a configuração do universo escolar, ou seja, buscaram na instituição quais eram as condições físicas e relacionais existentes, qual a filosofia veiculada na escola, a proposta pedagógica, etc.  Para tanto foram feitas observações e entrevistas com todos os segmentos envolvidos, corpo docente e discente.
Durante os encontros com os professores foi criado um espaço de acolhimento, de escuta no qual falaram sobre as situações vividas, pensaram, sentiram, refletiram sobre os determinantes de suas ações e buscaram conjuntamente alternativas para o enfrentamento dos desafios propostos no cotidiano escolar. Como estratégias para esse trabalho foram realizadas dinâmicas de grupo. Tais dinâmicas visavam permitir ao professor a apropriação dos determinantes que os constituíam e também pensar o social na constituição da subjetividade dos sujeitos.
 Outros temas também foram abordados durante os encontros, por exemplo: quem era o aluno real? O que ele pensava, sentia, buscava? Como era a relação professor –  aluno ? Através de discussões de casos buscaram pensar o papel do outro na constituição dos sujeitos bem como estratégias de enfrentamento para as questões vividas.
ANÁLISE INSTITUCIONAL DO PROBLEMA DA INDISCIPLINA
            Esse texto relata o trabalho desenvolvido por Beatriz de Paula Souza em uma escola pública da cidade de São Paulo com cinco classes de 3ª. série do ensino fundamental. Aborda a questão da indisciplina na escola, queixa freqüente por parte de um grande número de escolas públicas.
            Segundo a autora, a indisciplina geralmente é compreendida como sendo um sinal de distúrbio, um desvio, algo a ser tratado. Mas o que é indisciplina?
            O conceito de indisciplina não é o mesmo para todas as pessoas, ele varia conforme a exigência de cada um. Algo pode ser considerado indisciplina para mim e não ser indisciplina para você. Isso depende dos parâmetros que estabelecemos.
Não estar em conformidade com as regras, não obedecer, desviar-se dos parâmetros estabelecidos por determinado grupo social pode ser sinal de saúde e não de doença, pode ser denúncia, pedido de socorro para sair de um conjunto de condições inadequadas para a vida psíquica, para o desenvolvimento saudável. Convêm lembrar que a transgressão e a agressividade são componentes fundamentais do desenvolvimento individual e social. Nesse sentido, trabalhar com essa questão requer primeiramente que se  compreenda o que os indivíduos entendem por indisciplina. Qual a função da indisciplina naquele grupo social, naquele momento histórico? O que se pede? O que se denuncia? Essas são questões que nos permitem começar a delinear as ações necessárias para o desenvolvimento da proposta de trabalho.
Apresentamos a seguir, resumidamente, a experiência relatada pela autora.
A partir da queixa da escola em relação à indisciplina dos alunos foram realizadas reuniões com as professoras cujos objetivos foram: clarificar a queixa, estabelecer o contrato de trabalho, compreender um pouco do contexto no qual essa queixa era produzida e os recursos já utilizados pelas profissionais no sentido de superá-la. A proposta inicial era que se verificasse a versão dos alunos acerca dessa questão e que posteriormente os dados obtidos pudessem ser pensados juntamente com as professoras.
Foi pedido para que os alunos expressassem no papel, escrevendo ou desenhando como essa situação era percebida por eles. Esse material possibilitou que se chegasse a alguns dados, tais como: vários alunos repetentes estavam revoltados com essa situação; durante o ano ocorreram muitas trocas de professoras; alguns conteúdos e estratégias pedagógicas não estavam adequados ás necessidades desses alunos; presença de racismo e machismo entre os alunos. Tais dados foram discutidos com o grupo de trabalho e várias propostas de ações foram adotadas, por exemplo: adequação dos conteúdos pedagógicos às necessidades da turma; alteração de estratégias pedagógicas; revisão dos mecanismos escolares que reforçavam a divisão entre meninos e meninas (o machismo); trabalhos com o tema racismo, etc. Os resultados obtidos variaram dependendo do grau de envolvimento dos agentessociais, foram mais positivos junto aos professores mais compromissados com a questão.
MÓDULO 8:
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL - O PAPEL DO PSICÓLOGO
O trabalho interdisciplinar relatado pelo autor adota a perspectiva sócio-histórica como fundamentação teórica principal e foi elaborado com auxilio dos seguintes profissionais: sociólogo, pedagogo, psicólogo.
 A perspectiva adotada nesse texto difere da perspectiva clássica ou tradicional. Na abordagem tradicional, pretende-se, a partir de dados objetivos e cientificamente testados acerca das profissões, do mundo do trabalho e do próprio indivíduo, auxiliá-lo a fazer a escolha adequada. Acredita-se dessa forma que se está realizando um trabalho de forma neutra, livre de ideologias. Será que isso é mesmo possível?
Nessa perspectiva também não se considera a imagem que os indivíduos constroem acerca das profissões.
Na perspectiva sócio-histórica busca-se dar condições para que a própria pessoa faça sua reflexão e tome sua decisão entendendo da forma mais ampla possível todos os fatores que influenciam a sua escolha (pressão familiar, ideologia presente no grupo social, etc.). Escolher requer conhecimento da realidade, autoconhecimento, informação sobre as profissões e é também um ato de coragem que envolve a vontade, a intuição e o bom senso.
Segundo o autor, também é importante desmistificar a idéia de que o orientador fará um diagnóstico e um prognóstico indicando qual é a melhor decisão.
DESCRIÇÃO DO PROGRAMA - ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA
O ponto de partida para o trabalho relatado nesse texto é a imagem que a pessoa constrói acerca das profissões. Como a imagem é construída? Ela é construída a partir da inserção do sujeito no mundo, sua história, suas vivências. Como o sujeito se identifica com ela? Na medida em que essa imagem corresponde ás suas necessidades, anseios, valores e desejos. Portanto, algumas imagens agradam, outras não.
Passaremos a descrever o programa desenvolvido destacando os principais objetivos descritos no texto pelo autor e algumas das ações realizadas para que tais objetivos fossem alcançados.
O programa é organizado em três módulos intitulados: significado da escolha; o trabalho ; autoconhecimento e informação profissional.
MÓDULO I - SIGNIFICADO DA ESCOLHA ( quatro sessões)
1ª.Sessão - apresentação do programa e integração dos membros do grupo.
2ª.Sessão - três temas são colocados em pauta: mercado de trabalho, meios de comunicação e vestibular.
Procedimentos: coloca-se para o grupo três questões abordando cada um dos temas, individualmente os participantes devem concordar ou discordar. Depois que cada um apresenta para o grupo sua posição este é dividido entre os que concordam e os que discordam das questões, cada qual também deve apresentar argumentos que defendam a posição adotada. Não há certo ou errado, o objetivo é a explicitação dos valores presentes e a possibilidade que todos ouçam argumentos favoráveis e contrários as suas posições. Também se pretende que  através da discussão e reflexão acerca dos temas propostos, os indivíduos possam ampliar, criticar ou modificar os pontos de vista.
3ª.Sessão - dois temas são trabalhados e discutidos: a relação gênero-escolha e desempenho escolar-escolha.
 Tema gênero - escolha: segundo os dados do IBGE a maioria dos homens escolhe a área de exatas e as mulheres geralmente escolhem as áreas de humanas e biológicas . Por quê? Objetiva-se discutir o modo pelo qual os interesses e a personalidade são afetados por meio da socialização na cultura e como a elaboração das questões culturais afetam os salários.
Tema desempenho escolar - escolha: O gosto pelas disciplinas é utilizado como mote para se discutir questões mais gerais, tais como: significado, importância e o modo de se fazer escolhas.
 O fato de se ter um bom desempenho escolar em uma determinada disciplina não é garantia de que a melhor escolha profissional deve ser aquela área de conhecimento. Não existe um indicador capaz de apontar de antemão qual a melhor escolha, porque, se existisse, não haveria escolha. Qualquer escolha implica conflito, risco, perda.
Ver procedimento do sorvete no texto: BOCK, S. D.. A proposta de Orientação Profissional na abordagem sócio-histórica. In: Orientação Profissional – A abordagem Sócio-histórica. BOCK, S.D. São Paulo: Cortez, 2002. pg. 86 a 94.
4ª.Sessão - se faz uma síntese do primeiro módulo também se busca fortalecer os vínculos existentes no grupo.
Procedimentos: Dinâmica de grupo.  Leitura e discussão do texto: A Profissão. Temas abordados: aquisição de conhecimento, escola, educação, teste vocacional, família, ensino profissionalizante, competição, ascensão social, trabalho manual e intelectual, etc.
MÓDULO II - O TRABALHO ( duas sessões)
5ª.Sessão - o objetivo é retomar, aprofundar o conceito de trabalho e refletir sobre o modo como o mesmo ocorre na sociedade atual.
Procedimentos: Um grupo “monta” uma empresa do setor primário e o outro do setor secundário. Observam-se todos os elementos necessários ao funcionamento de uma empresa: matéria-prima, instrumentos, conhecimentos, habilidades, etc. problematizam-se questões relacionadas ao mundo do trabalho até se chegar ao “conceito genérico de trabalho: ação humana que transforma, pelo uso de instrumentos, a natureza para obter coisas necessárias á vida.”(p.95) Posteriormente estende-se o conceito e a reflexão ao setor terciário.
6ª.Sessão - continuação da atividade anterior pensando as questões no contexto atual.
Procedimentos: é exibido um filme cujo enredo aborda a questão do emprego e do desemprego. Na discussão do filme é feita também uma reflexão sobre a ideologia oficial acerca da questão do desemprego que aponta soluções individualizantes para o problema.
MÓDULO III - AUTOCONHECIMENTO E INFORMAÇÃO PROFISSIONAL (9 sessões)
            Nesse módulo são intercaladas sessões que visam o autoconhecimento com sessões de caráter informativo acerca das profissões. As duas últimas sessões são para o fechamento, a conclusão do trabalho.
“Por autoconhecimento entende-se a análise da trajetória de vida do próprio sujeito, quanto às formas de escolha e à compreensão de como construiu sua individualidade.”(p.96)
Objetiva-se, através de dinâmicas de grupo, auxiliar o indivíduo a  perceber quais são seus  interesses, habilidades e características para que ele possa planejar o que  pretende mudar, desenvolver ou construir em relação a esses aspectos. Não se busca relacionar as características pessoais às profissões.
            O trabalho de informação profissional visa auxiliar na ampliação do conhecimento que os indivíduos têm acerca das profissões.
“Não se pretende que ele descubra uma nova profissão, mas que confronte as caras ou imagens que tem das profissões, construídas ao longo de sua vida, com uma definição mais formal. Também não se pretende modificar as identificações que possivelmente o orientando já tenha, mas possibilitar “transferências” dessas identificações para outras profissões menos conhecidas ou mesmo desconhecidas pelo sujeito”(p.97)
Para o trabalho de informação profissional são utilizados materiais e procedimentos, tais como: Jogo de Fichas sobre as profissões, Guia do Estudante da Editora Abril, etc. Leitura, seleção, classificação do material em diferentes grupos profissionais, entre outros.

Outros materiais