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SUMÁRIO NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (RESOLUÇÃO CNJ Nº 230∕2016)- ART. 19 1. INCLUSÃO, DIREITOS E GARANTIAS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (LEI Nº 13.146/2015; LEI Nº 11.126/2005 E CONSTITUIÇÃO FEDERAL). 2. NORMAS GERAIS E CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE DAS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA OU COM MOBILIDADE REDUZIDA (LEI Nº 10.098/2000 E DECRETO 5.296/2004). 3. PRIORIDADE DE ATENDIMENTO ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA (LEI Nº 10.048/2000 E DECRETO 5.296/2004). 4. DIREITOS NO SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO (LEI Nº 8.899/1994 E DECRETO 3.691/2000). 5. SÍMBOLO DE IDENTIFICAÇÃO DE PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA (LEI Nº 8.160/1991). 6. NORMAS DE APOIO ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA E SUA INTEGRAÇÃO SOCIAL (LEI Nº 7.853/1989 E DECRETO 3.298/1999). Clique nos links do sumário para ir direto ao conteúdo desejado. 😉 Os melhores professores, um único objetivo, SUA APROVAÇÃO! Siga a Nova nas Redes Sociais: A Resolução nº 230∕2016 do Conselho Nacional de Justiça tem por objetivo orientar a forma como as atividades dos órgãos do Poder Judiciário, bem como os serviços auxiliares devem se adequar à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, bem como à Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. A Convenção, bem como a Lei Brasileira de Inclusão tem como diretrizes o art. 5º, caput da Constituição Federal que preceitua que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. A conseqüência disto é a garantia de que o direito à igualdade será sempre respeitado. Necessário também dizer que a Convenção traz em seu art. 3º, os princípios gerais que devem pautar os direitos da pessoa com deficiência, dentre eles: respeito pela igualdade inerente à autonomia individual. Isto significa dizer que a pessoa com deficiência tem garantida a liberdade de fazer suas próprias escolhas, não dependendo para isto da opinião ou autorização de outrem. Ainda, como princípio geral, a não discriminação e a plena e efetiva participação e inclusão na sociedade. Estes princípios deixam claro que a pessoa com deficiência, não deve, por conta desta condição, sofrer qualquer tipo de discriminação, pelo contrário, deverá ter garantida sua participação e inclusão na sociedade. Também de grande relevância, a Convenção estabelece a igualdade de oportunidades, a acessibilidade e a igualdade entre o homem e a mulher. Por estes princípios, à pessoa com deficiência devem ser garantidas a acessibilidade aos cargos, bem como a igualdade de oportunidades, bem como igualdade de gênero. Destaca-se, neste tocante, que as pessoas com deficiência devem ter acesso a cargos, respeitada sua condição e atendidas suas necessidades para exercício do trabalho. Trata-se de uma conseqüência do princípio da isonomia. O art. 19 da Resolução nº 230/16 preceitua o seguinte: Art. 19. Os editais de concursos públicos para ingresso nos quadros do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares deverão prever, nos objetos de avaliação, disciplina que abarque os direitos das pessoas com deficiência. Assim, denota-se que deverá constar nos editais de concursos públicos para provimento de cargos do Poder Judiciário e serviços auxiliares, a exigência da disciplina relativa aos direitos das pessoas com deficiência. Resta claro que a Resolução determina que os concursos públicos devam cobrar o conhecimento dos candidatos sobre os direitos das pessoas com deficiência, de forma que as pessoas conheçam de forma efetiva referidos direitos e, por conseqüência óbvia passem a cumprí-los, diante da necessidade de respeito ao próximo e principalmente da não discriminação. Desta forma, a seguir será elaborado o conteúdo relativo à legislação que trata sobre os direitos da pessoa com deficiência. #FicaDica A Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência estabelece como princípios gerais: como princípio geral, a não discriminação e a plena e efetiva participação e inclusão na sociedade. 1. INCLUSÃO, DIREITOS E GARANTIAS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (LEI Nº 13.146/2015; LEI Nº 11.126/2005 E CONSTITUIÇÃO FEDERAL). Na Constituição Federal existem diversos dispositivos que determinam direitos que devem ser assegurados às pessoas com deficiência. São os seguintes: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; O art. 7º da CF preceitua os direitos dos trabalhadores. No inciso XXXI consta a proibição de que a pessoa com deficiência sofra qualquer discriminação no tocante ao valor do seu salário e dos critérios que serão utilizados para sua admissão. Este dispositivo encontra-se em total consonância com o princípio da igualdade que garante à pessoa com deficiência, o tratamento em igualdade de condições com qualquer outra pessoa. Assim, não poderão ser oferecidos salários menores ou estabelecidos critérios para admissão que coloquem a pessoa com deficiência em desigualdade. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; O art. 23, inciso II estabelece como competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios os cuidados com a saúde, assistência, proteção e garantia às pessoas com deficiência. Assim, compete a todos os entes federativos, conjuntamente, a prestação de todos os cuidados necessários para com as pessoas nestas condições. Por sua vez, o art. 24, inciso XIV estabelece que caberá à União de forma concorrente com os Estados e Distrito Federal elaborar normas que tratem sobre a proteção e integração social das pessoas com deficiência. Assim, caberá à União elaborar as normas gerais e aos Estados e Distrito Federal, as normas específicas, de acordo com as necessidades e peculiaridades de suas respectivas regiões. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; Já o art. 37, inciso VIII preceitua que caberá à administração pública, seja ela direta ou indireta, observar e cumprir lei específica sobre o assunto, que determina a reserva de percentual de cargos e empresas públicos para pessoas com deficiência e definir seus critérios de admissão. Vale observar que, embora à princípio pareça uma norma contrária ao princípio da igualdade, em verdade, o que o dispositivo garante é a isonomia. Assim, como desdobramento do princípio da igualdade, a isonomia garante que as pessoas iguais sejam tratadas da mesma forma, enquanto aquelas que tenham alguma desigualdade, sejam tratadas de acordo com esta desigualdade. Diante disto, a pessoa que tem deficiência deverá ter as mesmas oportunidades, mas, em razão desta condição deverão concorrer a cargos e empregos públicos em vagas que sejam destinadas para todos aqueles estejam nesta mesma situação. Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivosda União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: I- portadores de deficiência; O art. 40 versa sobre o regime previdenciário. Assim, no § 4º, inciso I é vedado que sejam adotados requisitos ou critérios diferenciados para que os servidores recebam aposentadoria, exceto em relação aos que tenham alguma deficiência. Assim, a norma traz uma exceção, ou seja, situação em que é possível serem criados critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria daqueles que tenham alguma deficiência. Mais uma vez, verifica-se que se trata de uma norma que busca a isonomia entre os indivíduos. FIQUE ATENTO! A CF define que poderão ser adotados requisitos ou critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria daqueles que tenham alguma deficiência. Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. O art. 100, § 2º determina que os pagamentos realizados pela Fazenda de valores de natureza alimentar, serão pagos com prioridade quando o titular do crédito seja pessoa com deficiência. Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (...) IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. O art. 201, § 1º trata da previdência social. Assim, determina que a previdência social contará com a contribuição de toda sociedade, sendo sua filiação obrigatória. Em razão desta norma, mensalmente os trabalhadores registrados devem contribuir para a previdência, com descontos mensais efetuados em seu pagamento. Ademais, para que sejam concedidas aposentadorias, não se podem criar critérios diferenciados para cada trabalhador, sendo, mais uma vez, a exceção, quando se tratar de segurado portador de deficiência. O art. 203, incisos IV e V, por sua vez, trata da assistência social. Refere-se à assistência que será prestada a todos aqueles que necessitarem, mesmo que não tenham contribuído para a seguridade social. Dentre os objetivos da assistência social está a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência, de forma que possam ser integradas à vida na comunidade e não sejam discriminadas por, muitas vezes, em razão desta condição não terem meios de prover seu sustento. Assim, é garantido o pagamento mensal de um benefício no valor de um salário mínimo à pessoa com deficiência que não tenha meios de sustentar-se ou não tenha auxílio de seus familiares. Trata-se de uma conseqüência da dignidade da pessoa humana, princípio norteador da Constituição Federal. #FicaDica A pessoa com deficiência que não tenha condições de sustentar-se e que não tenha auxílio de sua família, terá direito a um benefício mensal no valor de um salário mínimo. Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; As universidades, conforme determinado no art. 207 da CF, devem garantir a prestação de atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Isto significa dizer que a pessoa com deficiência, preferencialmente, deverá obter educação na rede regular de ensino, não devendo, sempre que possível, ser separada dos demais alunos. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art. 227, § 2º. O art. 227 CF estabelece que é um dever conjunto da família, sociedade e Estado assegurar o direito à vida, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão de toda criança, adolescente e jovem, por se tratarem de pessoas em situação peculiar de desenvolvimento.Ademais, o Estado, por meio de política pública, deverá desenvolver programa de assistência integral a estas pessoas mencionadas acima, inclusive com a prestação de atendimento especializado àqueles que tenham deficiência. Esta inclusão deverá ser feita de forma ampla com o treinamento para o trabalho e convivência comunitária, eliminação de barreiras arquitetônicas nos logradouros e prédios, bem como facilitando o acesso aos serviços e aos locais. O art. 244 estabelece que lei específica que deverá regular a forma como logradouros, prédios públicos e meios de transporte coletivos serão adaptados ao acesso das pessoas com deficiência. LEI 13.146/2015 A lei 13.146/2015 conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência foi criada para inserção no ordenamento jurídico brasileiro das normas para proteção e inclusão da pessoa com deficiência de acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e Protocolos Facultativos, que são tratados internacionais assinados pelo Brasil e ratificados pelo Congresso Nacional, conforme previsto no art. 1º e parágrafo único, abaixo transcrito. Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, em conformidade com o procedimento previsto no § 3o do art. 5o da Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor para o Brasil, no plano jurídco externo, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados peloDecreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009, data de início de sua vigência no plano interno. Art. 2 o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 1o A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de participação. § 2 o O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência. Segundo o Estatuto, a pessoa com deficiência é aquela que possui um impedimento de longo prazo que poderá ser de natureza física, mental, intelectual e sensorial, condição esta que poderá obstruir a participação desta pessoa na sociedade em igualdade de condições com as demais. Se necessária a avaliação da pessoa para que se conclua ter deficiência, o § 1º determina que isto deverá ser realizado de forma ampla por profissionais de diversas áreas de forma multidisciplinar ou interdisciplinar. Para tanto, devem ser considerados os seguintes elementos: impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; a limitação no desempenho de atividades e a restrição de participação. Art. 3 o Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva; III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social; IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes; d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação; e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas; f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias; V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações; VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais; VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico; VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso; X - residências inclusivas: unidades de oferta doServiço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) localizadas em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequadas, que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento das necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos com deficiência, em situação de dependência, que não dispõem de condições de autossustentabilidade e com vínculos familiares fragilizados ou rompidos; XI - moradia para a vida independente da pessoa com deficiência: moradia com estruturas adequadas capazes de proporcionar serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência; XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas atividades diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas; XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas; XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal. O art. 3º traz diversos conceitos de necessário conhecimento para as questões que envolvem pessoas com deficiências e os direitos a que fazem jus. Art. 4 o Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. § 1o Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas. § 2o A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa. O art. 4º determina que a pessoa com deficiência deverá ter direito à igualdade de oportunidades como as demais pessoas, não podendo em situação alguma sofrer qualquer forma de discriminação. O § 1º determina que a discriminação seria qualquer forma de distinção, restrição ou exclusão que tenha como objetivo prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento de direitos e liberdades das pessoas com deficiência. O § 2º estabelece que a pessoa com deficiência não é obrigada a se utilizar de benefícios que decorram de ação afirmativa. Assim, uma pessoa com deficiência, não está obrigada a, por exemplo, em um concurso público, inscrever-se em vaga destinada a pessoas nesta condição. Art. 5 o A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante. Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência. A pessoa com deficiência, conforme previsto no art. 5º, deverá estar protegida de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante. Ademais, são considerados especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso com deficiência. #FicaDica São considerados especialmente vulneráveis: a criança, o adolescente, a mulher e o idoso com deficiência. Art. 6 o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. O art. 6º é de grande importância, pois define que a deficiência não é causa que torne uma pessoa incapaz para os atos de sua vida civil. Inclusive, por força do Estatuto, a pessoa com deficiência deixou de ser considerada incapaz. Diante disto, a pessoa com deficiência tem plena capacidade e liberdade para casar-se e constituir união estável, exercer seus direitos sexuais e reprodutivos, planejar sobre o número de filhos e ter acesso às informações e tratamentos de reprodução assistida, conservar sua fertilidade, exercer os direitos relativos à família e à convivência familiar e comunitária e finalmente, exercer a guarda, tutela, curatela e adotar, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Resta claro que a deficiência não faz com que a pessoa dependa de terceiros para a tomada de decisões relativas à sua vida pessoal e familiar. FIQUE ATENTO! A pessoa com deficiência poderá casar-se, ter união estável, ter filhos e por eles responder, em igualdade de condições com as demais pessoas. Art. 7 o É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa com deficiência. Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos que caracterizem as violações previstas nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Público para as providências cabíveis. Art. 8 o É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico. Todos têm o dever de comunicar às autoridades sobre qualquer forma de ameaça ou violação dos direitos da pessoa com deficiência. Inclusive, caberá ao Poder Judiciário, quando tomar conhecimento de qualquer destas violações, remeter os documentos ao Ministério Público para que adote as medidas cabíveis para proteção dos direitos das pessoas com deficiência. Ademais, é dever conjunto do Estado, da sociedade e da família assegurar que a pessoa com deficiência tenha seus direitos respeitados. Art. 9 o A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de: I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público; III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas; IV - disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transporte coletivo de passageiros e garantia de segurança no embarque e no desembarque; V - acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis; VI - recebimentode restituição de imposto de renda; VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências. § 1 o Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo. § 2 o Nos serviços de emergência públicos e privados, a prioridade conferida por esta Lei é condicionada aos protocolos de atendimento médico. Por força do art. 9º, a pessoa com deficiência tem direito de receber atendimento prioritário em situações que necessite de proteção e socorro; atendimento nos entes públicos e nas instituições particulares; pontos de parada nos transportes públicos que lhes permita o embarque e desembarque em segurança; acesso e informações e recursos de comunicação; tramitação processual e para recebimento de restituição de imposto de renda. Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida. Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua proteção e segurança. O Poder Público tem o dever de garantir que a dignidade de todos os indivíduos seja preservada. Assim, conforme preceitua o art. 10, parágrafo único, em situações de risco, emergência ou estado de calamidade pública deverá dar prioridade de atendimento à pessoa com deficiência em razão de sua vulnerabilidade. Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização forçada. Parágrafo único. O consentimento da pessoa com deficiência em situação de curatela poderá ser suprido, na forma da lei. Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa com deficiência é indispensável para a realização de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica. § 1o Em caso de pessoa com deficiência em situação de curatela, deve ser assegurada sua participação, no maior grau possível, para a obtenção de consentimento. § 2o A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência em situação de tutela ou de curatela deve ser realizada, em caráter excepcional, apenas quando houver indícios de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia comparável com participantes não tutelados ou curatelados. Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de morte e de emergência em saúde, resguardado seu superior interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis. Os arts. 11 a 13 tratam dos direitos da pessoa com deficiência em relação à sua saúde. Assim, não poderão ser submetidos a qualquer intervenção cirúrgica ou tratamento médico sem sua autorização. Da mesma forma, a pessoa não poderá ser internada de forma forçada. A única exceção em relação à manifestação de consentimento refere-se à pessoa que esteja em situação de curatela, ou seja, aquela que não possa expressar sua opinião e que por conta disto, tenha recebido um curador para lhe representar. Portanto, reforça o art. 12 que, se a pessoa não estiver em situação de curatela, ela deverá expressar seu consentimento de forma prévia, livre e esclarecida sobre qualquer procedimento, tratamento, internação ou submissão à pesquisa científica a que por ventura precise se submeter. Sobre a submissão à atendimento ou tratamento sem consentimento prévio, deverá ocorrer apenas em situação em que haja risco de morte e emergência, em atenção ao determinado pelo art. 13. Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. § 1 o As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. § 2 o A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho de igual valor. § 3 o É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer discriminação em razão de sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames admissional e periódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional, bem como exigência de aptidão plena. § 4 o A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profissionais oferecidos pelo empregador, em igualdade de oportunidades com os demais empregados. § 5 o É garantida aos trabalhadores com deficiência acessibilidade em cursos de formação e de capacitação. O art. 34 do Estatuto refere-se aos direitos relacionados ao trabalho garantidos à pessoa com deficiência. Em primeiro lugar, é garantida a livre escolha ao trabalho. O ambiente em que será realizado deverá ser inclusivo e adequado às necessidades da pessoa. Inclusive, conforme consta no § 1º, as pessoas jurídicas públicas ou privadas devem garantir que o ambiente de trabalho de uma pessoa com deficiência seja inclusivo e acessível. Também é garantido à pessoa com deficiência, igualdade de oportunidades, bem como de remuneração. Ademais, tanto na fase de seleção para a vaga de emprego quanto durante sua realização, a pessoa com deficiência não poderá sofrer qualquer forma de discriminação em razão de sua condição. Deverá ainda ter direito à participação em cursos, treinamentos, programas de educação continuada, promoções e bonificações, tudo em igualdade de condições com as demais pessoas. Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas de trabalho e emprego promover e garantir condições de acesso e de permanência da pessoa com deficiência no campo de trabalho. Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos o cooperativismo e o associativismo, devem prever a participação da pessoa com deficiência e a disponibilização de linhas de crédito, quando necessárias. (...) Ainda sobre direito ao trabalho, o Estatuto da Pessoa com Deficiência determina que devem ser efetivadas pelo Estado políticas públicas com o objetivo de promoção do trabalho e emprego e também garantia de acesso e permanência das pessoas com deficiência. Destaque para o parágrafo único que determina que devem haver programas de estímulo ao empreendedorismo e ao trabalho autônomo da pessoa com deficiência, inclusive, com a disponibilização de linhas de crédito para desenvolvimento e implementação de seu negócio. Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. § 1 o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. § 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. § 3 o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. § 4 o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano. Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. § 1 o A definição da curatela não alcançao direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. § 2 o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado. § 3 o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado. Os arts. 84 e 85 tratam da capacidade da pessoa com deficiência. Como dito acima, com o advento do Estatuto, a deficiência deixou de ser uma causa que afasta a capacidade civil da pessoa. Contudo, em determinadas situações em que a pessoa, de fato, em razão da deficiência, não possa exprimir seu consentimento de forma livre e consciente, poderá ser submetida à curatela. Isto significa dizer que será nomeado um curador especial que passa a representar a pessoa sempre que necessário nos atos de sua vida civil. A curatela é medida protetiva e extraordinária, que deve durar o menor tempo possível. Ademais, se destina aos atos de natureza patrimonial e negocial, devendo ser nomeado como curador aquele com quem a pessoa com deficiência tenha maior afinidade e convívio diário. Assim, não se estende aos direitos fundamentais da pessoa, tais quais: direito ao próprio corpo, à sexualidade, à saúde, à educação, ao trabalho, conforme determina o § 3º. Por sua vez, o Estatuto inovou ao trazer uma nova forma de assistência à pessoa com deficiência. O § 2º traz a tomada de decisão apoiada. Trata-se de instituto por meio do qual a pessoa com deficiência aponta pelo menos duas pessoas idôneas, de sua confiança e convívio para auxiliá-la em situações que necessitem da tomada de decisões em âmbito civil. Basicamente estas pessoas poderão ampará-la para lhe prestar informações sobre a forma como deva agir em total observância aos seus interesses. FIQUE ATENTO! A deficiência não é mais considerada causa de incapacidade civil da pessoa. Apenas em situações excepcionais é será nomeado um curador para representar seus interesses. Lei 11.126/2005 A lei 11.126/05 dispõe sobre o direito do portador de deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia. Art. 1 o É assegurado à pessoa com deficiência visual acompanhada de cão-guia o direito de ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público, de uso público e privados de uso coletivo, desde que observadas as condições impostas por esta Lei. § 1 o A deficiência visual referida no caput deste artigo restringe-se à cegueira e à baixa visão. Art. 3 o Constitui ato de discriminação, a ser apenado com interdição e multa, qualquer tentativa voltada a impedir ou dificultar o gozo do direito previsto no art. 1o desta Lei. Art. 4 o Serão objeto de regulamento os requisitos mínimos para identificação do cão-guia, a forma de comprovação de treinamento do usuário, o valor da multa e o tempo de interdição impostos à empresa de transporte ou ao estabelecimento público ou privado responsável pela discriminação. A lei mencionada assegura à pessoa com deficiência visual, a garantia de ser acompanhada por cão-guia, inclusive podendo ingressar em ambientes e meios de transporte e nele permanecer na presença do animal. Conforme previsto no § 1º deverá, para fazer jus ao direito, a pessoa deverá ter cegueira ou baixa visão. A baixa visão ocorre quando a pessoa tem menos de 30% (trinta por cento) da capacidade visual nos dois olhos. Eventual discriminação poderá ser apenada com interdição do estabelecimento e imposição de multa. #FicaDica Pessoa com cegueira ou baixa visão tem o direito de andar e ingressar nos locais na presença de cão-guia. 2. NORMAS GERAIS E CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE DAS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA OU COM MOBILIDADE REDUZIDA (LEI Nº 10.098/2000 E DECRETO 5.296/2004). Lei 10.098/2000 A Lei 10.098/2000 tem como objetivo estabelecer normas gerais e critérios para a promoção de acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O objetivo da lei é a tomada de medidas que busquem suprimir barreiras e obstáculos nas vias e espaços públicos. Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para todas as pessoas, inclusive para aquelas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório de urbanização e parte da via pública, normalmente segregado e em nível diferente, destina-se somente à circulação de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano e de vegetação Art. 4o As vias públicas, os parques e os demais espaços de uso público existentes, assim como as respectivas instalações de serviços e mobiliários urbanos deverão ser adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade que vise à maior eficiência das modificações, no sentido de promover mais ampla acessibilidade às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Parágrafo único. No mínimo 5% (cinco por cento) de cada brinquedo e equipamento de lazer existentes nos locais referidos no caput devem ser adaptados e identificados, tanto quanto tecnicamente possível, para possibilitar sua utilização por pessoas com deficiência, inclusive visual, ou com mobilidade reduzida. Dentre as medidas previstas na lei estão o planejamento e urbanização das vias públicas de parques e demais espaços de forma que permitam o acesso de todas as pessoas, inclusive aquelas que tenham deficiência ou mobilidade reduzida. O art. 4º prevê que as vias, parques e espaços públicos devem ser adaptados, inclusive atentando para a ordem de prioridade para que as modificações promovidas nestes locais possam permitir a mais ampla acessibilidade das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. No parágrafo único a determinação é que pelo menos 5% (cinco por cento) dos brinquedos e equipamentos de lazer situados nos parques e espaços públicos sejam adaptados e identificados para permitir a utilização pelas pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. #FicaDica Parques e espaços públicos de lazer devem ter no mínimo 5% (cinco por cento) de cada brinquedo ou equipamento acessível às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Art. 5o O projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e privados de uso comunitário, nestes compreendidos os itinerários e as passagens de pedestres, os percursos de entrada e de saída de veículos, as escadas e rampas, deverão observar os parâmetros estabelecidos pelas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. O art. 5º trata das modificações que devem ser realizadas nos espaços públicos em relação aos itinerários e passagens de pedestres, percursos de entrada e saída de veículos, acessos a locais por meio de escadas e rampas. Deverão ser observadas as normas técnicas de acessibilidade para garantir a ampla utilização pelas pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, devendo, portanto, serem afastadas quaisquer barreiras ou obstáculos. Art. 6o Os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques, praças, jardinse espaços livres públicos deverão ser acessíveis e dispor, pelo menos, de um sanitário e um lavatório que atendam às especificações das normas técnicas da ABNT. O art. 6º trata da construção ou adaptação de banheiros públicos em praças, parques, jardins e espaços livres públicos para que se tornem acessíveis às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Deverá ter pelo menos um sanitário e lavatório que atenda às condições de acesso das pessoas nesta condição. Art. 7o Em todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas em vias ou em espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção. Parágrafo único. As vagas a que se refere o caput deste artigo deverão ser em número equivalente a dois por cento do total, garantida, no mínimo, uma vaga, devidamente sinalizada e com as especificações técnicas de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes. O art. 7º trata das áreas de estacionamento localizadas em espaço público. Determina o dispositivo que deverão ser reservadas vagas próximas aos acessos destinadas às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A quantidade de vagas reservadas deverá corresponder a 2% (dois por cento) do total, garantindo no mínimo, uma vaga em cada local. #FicaDica Devem ser destinadas 2% (dois por cento) do total de vagas, com no mínimo uma por espaço público para a pessoa com deficiência. DECRETO 5.296/2004 O Decreto 5.296/2004 regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000 e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. A primeira estabelece a prioridade de atendimento às pessoas com necessidade e a segunda, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Art. 2 o Ficam sujeitos ao cumprimento das disposições deste Decreto, sempre que houver interação com a matéria nele regulamentada: I - a aprovação de projeto de natureza arquitetônica e urbanística, de comunicação e informação, de transporte coletivo, bem como a execução de qualquer tipo de obra, quando tenham destinação pública ou coletiva; II - a outorga de concessão, permissão, autorização ou habilitação de qualquer natureza; III - a aprovação de financiamento de projetos com a utilização de recursos públicos, dentre eles os projetos de natureza arquitetônica e urbanística, os tocantes à comunicação e informação e os referentes ao transporte coletivo, por meio de qualquer instrumento, tais como convênio, acordo, ajuste, contrato ou similar; e IV - a concessão de aval da União na obtenção de empréstimos e financiamentos internacionais por entes públicos ou privados. Art. 3 o Serão aplicadas sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, previstas em lei, quando não forem observadas as normas deste Decreto. Art. 4 o O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, os Conselhos Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, e as organizações representativas de pessoas portadoras de deficiência terão legitimidade para acompanhar e sugerir medidas para o cumprimento dos requisitos estabelecidos neste Decreto. O Decreto 5.296/2004, como mencionado acima, tem por objetivo regulamentar as Leis 10.098/2000 e 10.048/2000 que tratam respectivamente das medidas que devem ser adotadas para tornar acessíveis os locais públicos, bem como que garante a prioridade às pessoas com deficiência. O Decreto preceitua os meios a serem utilizados para o cumprimento das duas leis mencionadas acima, tais como: outorgas de concessão, permissão e autorização; aprovação de financiamentos de projetos com disponibilização de recursos públicos; concessão de aval da União para obtenção de empréstimos e financiamentos internacionais pelos entes públicos ou privados. Inclusive, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, bem como os Conselhos Estaduais, do Distrito Federal e Municípios poderão acompanhar e fazer sugestões para o cumprimento destas disposições do Decreto. 3. PRIORIDADE DE ATENDIMENTO ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA (LEI Nº 10.048/2000 E DECRETO 5.296/2004). LEI 10.048/2000 A Lei 10048/2000 determina quais pessoas terão prioridade de atendimento, conforme especificado no art. 1º. Art. 1 o As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pessoas com crianças de colo e os obesos terão atendimento prioritário, nos termos desta Lei. Art. 2 o As repartições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos estão obrigadas a dispensar atendimento prioritário, por meio de serviços individualizados que assegurem tratamento diferenciado e atendimento imediato às pessoas a que se refere o art. 1o. Parágrafo único. É assegurada, em todas as instituições financeiras, a prioridade de atendimento às pessoas mencionadas no art. 1o. A prioridade de atendimento se manifesta na prestação de serviços individualizados que assegurem tratamento diferenciado para as pessoas com deficiência. Art. 3 o As empresas públicas de transporte e as concessionárias de transporte coletivo reservarão assentos, devidamente identificados, aos idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras de deficiência e pessoas acompanhadas por crianças de colo. O art. 3º determina que as empresas que prestam transporte coletivo à população devam garantir assentos identificados às pessoas que gozam de prioridade. Art. 4 o Os logradouros e sanitários públicos, bem como os edifícios de uso público, terão normas de construção, para efeito de licenciamento da respectiva edificação, baixadas pela autoridade competente, destinadas a facilitar o acesso e uso desses locais pelas pessoas portadoras de deficiência. Art. 5 o Os veículos de transporte coletivo a serem produzidos após doze meses da publicação desta Lei serão planejados de forma a facilitar o acesso a seu interior das pessoas portadoras de deficiência. § 2 o Os proprietários de veículos de transporte coletivo em utilização terão o prazo de cento e oitenta dias, a contar da regulamentação desta Lei, para proceder às adaptações necessárias ao acesso facilitado das pessoas portadoras de deficiência. O art. 4º determina que as vias públicas e sanitários devem ser construídos ou adaptados para facilitação de acesso e uso das pessoas com deficiência. Da mesma forma, o art. 5º determina que os veículos de transporte coletivo terão prazo de 180 (cento e oitenta) dias para promoverem as adaptações necessárias ao acesso das pessoas com deficiência. Art. 6o A infração ao disposto nesta Lei sujeitará os responsáveis: I – no caso de servidor ou de chefia responsável pela repartição pública, às penalidades previstas na legislação específica; II – no caso de empresas concessionárias de serviço público, a multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), por veículos sem as condições previstas nos arts. 3o e 5o; III – no caso das instituições financeiras, às penalidades previstas no art. 44, incisos I, II e III, da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único. As penalidades de que trata este artigo serão elevadas ao dobro, em caso de reincidência. Eventual descumprimento das normas acima mencionadas poderá gerar responsabilização do chefe da repartição pública; fixação de multa. #FicaDica A pessoa com deficiência terá prioridade de acesso e assentos reservados nos meios de transporte públicos. DECRETO 5.296/2004 O Decreto 5.296/2004 regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimentoàs pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Art. 2 o Ficam sujeitos ao cumprimento das disposições deste Decreto, sempre que houver interação com a matéria nele regulamentada: I - a aprovação de projeto de natureza arquitetônica e urbanística, de comunicação e informação, de transporte coletivo, bem como a execução de qualquer tipo de obra, quando tenham destinação pública ou coletiva; II - a outorga de concessão, permissão, autorização ou habilitação de qualquer natureza; III - a aprovação de financiamento de projetos com a utilização de recursos públicos, dentre eles os projetos de natureza arquitetônica e urbanística, os tocantes à comunicação e informação e os referentes ao transporte coletivo, por meio de qualquer instrumento, tais como convênio, acordo, ajuste, contrato ou similar; e IV - a concessão de aval da União na obtenção de empréstimos e financiamentos internacionais por entes públicos ou privados. Art. 3 o Serão aplicadas sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, previstas em lei, quando não forem observadas as normas deste Decreto. Art. 4 o O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, os Conselhos Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, e as organizações representativas de pessoas portadoras de deficiência terão legitimidade para acompanhar e sugerir medidas para o cumprimento dos requisitos estabelecidos neste Decreto. O Decreto 5.296/2004, como mencionado acima, tem por objetivo regulamentar as Leis 10.098/2000 e 10.048/2000 que tratam respectivamente das medidas que devem ser adotadas para tornar acessíveis os locais públicos, bem como que garante a prioridade às pessoas com deficiência. O Decreto preceitua os meios a serem utilizados para o cumprimento das duas leis mencionadas acima, tais como: outorgas de concessão, permissão e autorização; aprovação de financiamentos de projetos com disponibilização de recursos públicos; concessão de aval da União para obtenção de empréstimos e financiamentos internacionais pelos entes públicos ou privados. Inclusive, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, bem como os Conselhos Estaduais, do Distrito Federal e Municípios poderão acompanhar e fazer sugestões para o cumprimento destas disposições do Decreto. 4. DIREITOS NO SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO (LEI Nº 8.899/1994 E DECRETO 3.691/2000). Lei 8.899/1994 Art. 1º É concedido passe livre às pessoas portadoras de deficiência, comprovadamente carentes, no sistema de transporte coletivo interestadual. Art. 2º O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de noventa dias a contar de sua publicação. Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. A Lei 8.899/1994 tem por objetivo a determinação de que deverá ser concedido passe livre às pessoas com deficiência para o sistema de transporte coletivo e interestadual, quando comprovado que são carentes. Decreto 3.691/2000 O Decreto 3.691/2000 tem por objetivo regulamentar a Lei 8.899/94 que, como visto acima, dispõe sobre o transporte das pessoas com deficiência. Art. 1 o As empresas permissionárias e autorizatárias de transporte interestadual de passageiros reservarão dois assentos de cada veículo, destinado a serviço convencional, para ocupação das pessoas beneficiadas pelo art. 1o da Lei no 8.899, de 29 de junho de 1994, observado o que dispõem as Leis nos 7.853, de 24 de outubro de 1989, 8.742, de 7 de dezembro de 1993, 10.048, de 8 de novembro de 2000, e os Decretos nos 1.744, de 8 de dezembro de 1995, e 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Art. 2 o O Ministro de Estado dos Transportes disciplinará, no prazo de até trinta dias, o disposto neste Decreto. O Decreto determina que as empresas permissionárias e autorizadas de transporte interestadual de passageiros devem reservas dois assentos devidamente identificados para utilização pelas pessoas com deficiência. 5. SÍMBOLO DE IDENTIFICAÇÃO DE PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA (LEI Nº 8.160/1991). A lei 8.160/91 estabelece a caracterização de símbolo que permita a identificação de pessoas portadoras de deficiência auditiva. Art. 1º É obrigatória a colocação, de forma visível, do "Símbolo Internacional de Surdez" em todos os locais que possibilitem acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva, e em todos os serviços que forem postos à sua disposição ou que possibilitem o seu uso. Art. 2º O "Símbolo Internacional de Surdez" deverá ser colocado, obrigatoriamente, em local visível ao público, não sendo permitida nenhuma modificação ou adição ao desenho reproduzido no anexo a esta lei. Art. 3º É proibida a utilização do "Símbolo Internacional de Surdez" para finalidade outra que não seja a de identificar, assinalar ou indicar local ou serviço habilitado ao uso de pessoas portadoras de deficiência auditiva. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica à reprodução do símbolo em publicações e outros meios de comunicação relevantes para os interesses do deficiente auditivo, a exemplo de adesivos específicos para veículos por ele conduzidos. Art. 4º O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de noventa dias, a contar de sua vigência. Nos termos do art. 1º é obrigatória a colocação de forma visível do Símbolo Internacional de Surdez em todos os locais que possibilitem o acesso, a circulação e utilização por pessoas com deficiência auditiva. O símbolo, como determina o art. 2º, deverá ser colocado em local visível ao público, sendo proibida sua utilização com outras finalidades. 6. NORMAS DE APOIO ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA E SUA INTEGRAÇÃO SOCIAL (LEI Nº 7.853/1989 E DECRETO 3.298/1999). A Lei nº 7.853/1989 tem por objetivo dispor sobre o apoio a ser prestado às pessoas com deficiência, sua integração social. Dispõe também sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde e institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, bem como disciplina a atuação do Ministério Público e define crimes. Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social, nos termos desta Lei. § 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito. § 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade. O art. 1º determina que o objetivo da lei será estabelecer normas gerais que assegurem o exercício de direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência, bem como a sua integração social. Dentre os valores para que referidos direitos sejam efetivados estão: a igualdade de tratamento e oportunidade; a justiça social; o respeito à dignidade da pessoa humana, o qual é fundamento da Constituição Federal e o bem-estar. Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitosà educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios; b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas; c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino; d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência; e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo; f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino; II - na área da saúde: a) a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planejamento familiar, ao aconselhamento genético, ao acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, à nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao controle da gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do metabolismo e seu diagnóstico e ao encaminhamento precoce de outras doenças causadoras de deficiência; b) o desenvolvimento de programas especiais de prevenção de acidente do trabalho e de trânsito, e de tratamento adequado a suas vítimas; c) a criação de uma rede de serviços especializados em reabilitação e habilitação; d) a garantia de acesso das pessoas portadoras de deficiência aos estabelecimentos de saúde públicos e privados, e de seu adequado tratamento neles, sob normas técnicas e padrões de conduta apropriados; e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao deficiente grave não internado; f) o desenvolvimento de programas de saúde voltados para as pessoas portadoras de deficiência, desenvolvidos com a participação da sociedade e que lhes ensejem a integração social; III - na área da formação profissional e do trabalho: a) o apoio governamental à formação profissional, e a garantia de acesso aos serviços concernentes, inclusive aos cursos regulares voltados à formação profissional; b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento e à manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial, destinados às pessoas portadoras de deficiência que não tenham acesso aos empregos comuns; c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de deficiência; d) a adoção de legislação específica que discipline a reserva de mercado de trabalho, em favor das pessoas portadoras de deficiência, nas entidades da Administração Pública e do setor privado, e que regulamente a organização de oficinas e congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a situação, nelas, das pessoas portadoras de deficiência; IV - na área de recursos humanos: a) a formação de professores de nível médio para a Educação Especial, de técnicos de nível médio especializados na habilitação e reabilitação, e de instrutores para formação profissional; b) a formação e qualificação de recursos humanos que, nas diversas áreas de conhecimento, inclusive de nível superior, atendam à demanda e às necessidades reais das pessoas portadoras de deficiências; c) o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em todas as áreas do conhecimento relacionadas com a pessoa portadora de deficiência; V - na área das edificações: a) a adoção e a efetiva execução de normas que garantam a funcionalidade das edificações e vias públicas, que evitem ou removam os óbices às pessoas portadoras de deficiência, permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a meios de transporte. O art. 2º disciplina que caberá ao Poder Público e seus respectivos órgãos, a adoção de medidas para que as pessoas com deficiência tenham seus direitos garantidos e efetivados. Assim determina que na área da educação, deverá ser garantida a inclusão da pessoa com deficiência ao sistema educacional. Para tanto, deverá ser prestada educação especial desde a pré-escola até o 2º grau, inclusive o ensino supletivo. Ademais, caberá ao Poder Público preparar os profissionais de ensino, habilitando-os ou reabilitando-os para a prestação de ensino às pessoas com deficiência. Deverão, segundo a lei, serem inseridas no ensino tanto público quanto privado, escolas especiais. Será também um dever do Poder Público garantir ensino público às pessoas com deficiência, bem como seu acesso a material escolar, merenda e bolsa de estudos. Na letra “f”, inciso I do art. 2º consta a obrigação do Poder Público de matricular de forma compulsória em cursos regulares oferecidos por estabelecimentos públicos ou privados, de alunos que embora tenham deficiência, sejam capazes de se integrarem ao sistema regular de ensino. Na área da saúde, devem ser oferecidas políticas públicas preventivas que envolvam o planejamento familiar, aconselhamento genético, acompanhamento da gravidez, imunização, controle de doenças do metabolismo e seu diagnóstico. Devem também ser oferecidos programas de prevenção a acidentes de trabalho e de trânsito, bem como o tratamento adequado às vítimas. Importante medida determina ao Poder Público a criação de uma rede de serviços especializados em reabilitação e habilitação. Na área de formação profissional e do trabalho, a lei determina que o Poder Público deve oferecer apoio governamental à formação profissional; empenho para que surjam vagas e sejam mantidos os empregos. Ademais, caberá também à título de políticas públicas, a promoção de ações que permitam a inserção de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho seja no Poder Público, seja na iniciativa privada. Na área de recursos humanos, deverá ser promovida a formação de professores de nível médio para a educação especial, técnicos de nível médio especializados em habilitação e reabilitação. Finalmente, deverá ser promovido o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico para as áreas de conhecimento relacionadas à pessoa com deficiência. Na área de edificação, devem ser adotadas e executadas normas que em relação à construção das edificações e vias públicas, de forma que sejam removidos óbices que impeçam ou dificultem o acesso da pessoa com deficiência. Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de interesses coletivos, difusos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da pessoa com deficiência. É certo que, embora a lei preveja, nem sempre o Poder Público ou mesmo as empresas privadas cumprem as disposiçõeslegais. Assim, o art. 3º determina que, para que sejam garantidos os direitos das pessoas com deficiência, é possível a propositura de medidas judiciais para combaterem qualquer forma de omissão. Para tanto, poderão ser propostas medidas judiciais por diversos entes, quais sejam: Ministério Público; Defensoria Pública; União; Estados, Municípios, Distrito Federal e associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública e fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais a proteção dos interesses e a promoção de direitos da pessoa com deficiência. Denota-se que se trata de um rol bastante amplo de legitimados para a propositura de demandas diante da importância de garantia dos direitos da pessoa com deficiência. Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou particular, certidões, informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10 (dez) dias úteis. O art. 6º determina que o Ministério Público poderá instaurar inquérito civil ou requisitar informações de quem quer que seja para verificar se, de fato, os direitos das pessoas com deficiência estão sendo cumpridos. Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa: I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de sua deficiência; II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua deficiência; III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa em razão de sua deficiência; IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico- hospitalar e ambulatorial à pessoa com deficiência; V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil pública objeto desta Lei, quando requisitados. O art. 8º, por sua vez, traz diversas condutas que são consideradas crime, cuja pena é de reclusão de dois a cinco anos e multa. São algumas destas condutas: obstar o acesso de aluno com deficiência ao ensino; obstar inscrição em concurso público ou o acesso a qualquer cargo ou emprego público em razão da deficiência; recusar, retardar ou dificultar internação ou não prestar assistência médico- hospitalar; omitir-se, retardar ou frustrar execução de ordem judicial ou propositura de ação civil pública. FIQUE ATENTO! O Ministério Público; a Defensoria Pública; a União; os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, bem como autarquia, empresa pública e fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais a proteção dos interesses e a promoção de direitos da pessoa com deficiência poderão ajuizar medidas judiciais que busquem o cumprimento e efetivação dos direitos da pessoa com deficiência, seja por meio de ações individuais ou coletivas. #FicaDica Os direitos da pessoa com deficiência são indisponíveis, ou seja, o indivíduo deles não poderá abrir mão. DECRETO 3.298/1999 O Decreto 3.298/99 tem por objetivo dispor sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolidando normas de proteção e trazendo outras medidas necessárias para sua efetivação. Art. 1 o A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência. Art. 2 o Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Art. 3 o Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. O art. 3º traz os conceitos do que é considerada deficiência, deficiência permanente e incapacidade. Art. 5 o A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em consonância com o Programa Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aos seguintes princípios; I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto sócio-econômico e cultural; II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico; e III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, sem privilégios ou paternalismos. O art. 5º estabelece os princípios que regem a Política Nacional para integração da pessoa com deficiência, sendo eles: o desenvolvimento de ação conjunta entre o Estado e a sociedade civil; criação de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que garantam à pessoa com deficiência, o pleno exercício de seus direitos e o respeito às pessoas nesta condição, de forma que tenham acesso às oportunidades de forma igualitária. Art. 6 o São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: I - estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a inclusão social da pessoa portadora de deficiência; II - adotar estratégias de articulação com órgãos e entidades públicos e privados, bem assim com organismos internacionais e estrangeiros para a implantação desta Política; III - incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação, à saúde, ao trabalho, à edificação pública, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à habitação, à cultura, ao esporte e ao lazer; IV - viabilizar a participação da pessoa portadora de deficiência em todas as fases de implementação dessa Política, por intermédio de suas entidades representativas; V - ampliar as alternativas de inserção econômica da pessoa portadora de deficiência, proporcionando a ela qualificação profissional e incorporação no mercado de trabalho; e VI - garantir o efetivo atendimento das necessidades da pessoa portadora de deficiência, sem o cunho assistencialista. Por sua vez,
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