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Engenharia Civil Semestre 2019.1 Prof.: Washington Pinheiro – Engº Civil – Esp. Estruturas e Fundações 5GEOD - Gestão de Projetos e Obras AULA 05A PRECEDÊNCIA Agora que as atividades já foram identificadas e contemplam a totalidade do escopo do projeto, o passo que se nos afigura é estabelecer a lógica que coordena essas atividades. É preciso estabelecer a sequência das atividades, a ordem em que elas ocorrem e que tipo de dependência existe entre elas. A sequência lógica das atividades do projeto recebe o nome de precedência. Esse passo do planejamento precisa ser bem executado porque o produto final que é o cronograma com as datas previstas para cada atividade, é obviamente afetado pela sequência definida. ROTEIRO PREDECESSORAS E SUCESSORAS QUADRO DE SEQUENCIAÇÃO CIRCULARIDADE DEPENDÊNCIA MANDATÓRIA DEPENDÊNCIA PREFERENCIAL OUTROS TIPOS DE DEPENDÊNCIA 5.1 PREDECESSORASE SUCESSORAS Quando a lista de todas as atividades do projeto estiver preparada, passa-se a determinara relação entre elas, isto é, a amarrá-las umas às outras, a definir a precedência. Embora várias atividades possam ocorrer concorrentemente, relações de interdependência podem ser estabelecidas, formando-se cadeias que, em seu aspecto visual global, produzirão uma malha de atividades. Na montagem do planejamento, o importante é identificar bem as predecessoras de cada atividade, que são aquelas cuja conclusão deve necessariamente ocorrer para que a atividade em questão possa começar. É importante ressaltar o termo imediatamente: Na construção de um prédio, por exemplo, a pintura do 10º andar obviamente não pode acontecer antes da concretagem dos pilares do 4º andar, mas esta não se caracteriza como uma atividade imediatamente anterior— a aplicação da massa corrida, ao contrário, seria imediatamente anterior. Outros termos usualmente empregados para as atividades predecessoras são: precedentes, antecedente ou antecessora. O conceito de sucessora é exatamente o inverso do de predecessora. Uma atividade sucessora a outra é aquela que pode ser iniciada imediatamente após a conclusão desta. Não é difícil perceber que, se A é predecessora de B, então B é sucessora de A. Outros termos usualmente empregados para as atividades sucessoras; sucedentes e subsequentes. Ter em mente a noção de dependência imediata é fundamental para que não se crie vínculos redundantes na rede. Assim, por exemplo, se B depende de A, e C depende de B, é desnecessário dizer que C depende de A — ao informar que a predecessora imediata é B, a dependência remota com A vem "a reboque" Basta ver a figura a seguir. Nem toda atividade tem predecessora. As atividades iniciais de um projeto não têm predecessoras, pois podem ser iniciadas a partir do instante zero, não dependendo da ocorrência anterior de nenhuma outra tarefa. Nem toda atividade tem sucessora. As atividades finais do projeto não tem sucessoras, pois nada vem em seguida a elas. 5.2 QUADRO DE SEQUENCIAÇÃO O quadro de sequenciação é a tabela em que se definem e se registram as atividades e suas relações de interdependência. Tipicamente ele possui três colunas: Interpretar o quadro de sequenciação das atividades referentes a concretagem de um bloco de fundação: A experiência tem mostrado que raciocinar em termos de predecessoras é mais intuitivo. Fica mais prático fazer a pergunta "De quem esta atividade depende?" do que perguntar "Quem depende desta atividade?" (ou "Para quem esta atividade abre caminho?"), que é a indagação de quem prefere raciocinar em termos de sucessoras. Cabe ao planejador escolher a maneira que melhor lhe convier. Os programas de computador permitem informar e visualizar tanto predecessoras quanto sucessoras. É muito comum, principalmente em planejamento com grande quantidade de atividades, que algumas delas fiquem sem predecessoras e sem sucessoras, o que não faz sentido — elas ficam "boiando" no cronograma, Acredite: isso acontece muito! O planejador deve sempre ter o cuidado de checar se as atividades sem sucessora realmente são atividades finais, e se aquelas sem predecessora sio realmente atividades iniciais. 5.3 CIRCULARIDADE Quando se trabalha com redes com muitas atividades, às vezes o planejador se perde e termina criando por descuido o que se chama de circularidade ou circuito. É o caso de a atividade A ser predecessora da atividade B, que é predecessora de C que, por sua vez, figura como predecessora de A. É fácil perceber que a circularidade — também chamada pelo termo inglês loop — é ilógica e precisa ser eliminada. Os programas de computador mais usuais detectam a circularidade e dão aviso de erro. 5.4 DEPENDÊNCIA MANDATÓRIA A dependência entre duas atividades é dito mandatória ou de lógica rígida (hard logic), quando a ligação entre elas é obrigatória. Acontece quando uma atividade necessariamente tem de vir antes de outra. Por exemplo, em uma edificação é impossível fazer o pilar sem a sua sapata — eles então constituem uma dependência mandatória: sapata é predecessora obrigatória de pilar. Outros exemplos comuns são: • armação e concreto • chapisco e alvenaria: • assentamento de tubo e reaterro de vala. Geralmente, as dependências mandatórias são inerentes à natureza do trabalho que está sendo feito, por se tratar da impossibilidade física de uma coisa ocorrer sem que a anterior tenha sido executada. Há também dependências mandatórias contratuais. Basta pensar no caso em que uma área só pode ser liberada para o construtor depois de desapropriada. Há ainda dependências mandatórias externas, que são aquelas que envolvem relacionamento entre atividades do projeto e atividades que não são do projeto. Exemplo é a limpeza do terreno depender da emissão da licença ambiental fornecida pelo órgão competente. 5.5 DEPENDÊNCIA PREFERENCIAL Outro tipo de dependência é a preferencial, também conhecida como arbitrada, discricionária ou de lógica fina (soft logic). Essa é uma dependência criada por conveniência da equipe executora do projeto, em função do plano de ataque da obra. Essa dependência não é obrigatória. O vinculo criado entre as duas atividades é definido, mas existem outras sequências aceitáveis. Como exemplo: na construção de um edifício, a alvenaria do 2º pavimento não necessariamente depende da alvenaria do 1° pavimento, pois não há nenhuma restrição de ordem física. É bem possível "pular" o primeiro pavimento e atacar logo o segundo, mas por uma questão de lógica construtiva o planejador pode vincular as duas atividades. Enquanto a dependência mandatória é geralmente de ordem física, a preferencial é de ordem lógica 5.6 OUTROS TIPOS DE DEPENDÊNCIA Tratamos das dependências entre atividades, sempre consideramos que uma atividade só poderia começar quando sua predecessora terminasse, ou seja, consideramos que as dependências eram todas do tipo término-início (TI). Esse tipo de vínculo entre duas atividades A e B impõe que, para que B comece, A deverá ter sido totalmente concluída — o término de A é condição necessária para o inicio de B. A ligação TI é a ligação-padrão. Embora válida para a maioria dos casos, a dependência TI nem sempre reflete o tipo de lógica que se quer imprimir à rede. Um exemplo típico é o vínculo entre as atividades concretagem e desforma. Apesar de aquela ser predecessora desta, a relação precisa guardar uma defasagem entre as atividades, uma vez que é sabido que não se pode remover as fôrmas de uma estrutura antes do período de cura do concreto. Outro tipo de ligação útil é quando uma atividade não precisa que sua predecessora esteja 100% terminada. Em outras palavras, B pode começar sem que A esteja concluída, havendo uma sobreposição entre elas. Esse tipo de ligação é chamado II (início-início),aceitando também início com defasagem (lead). Um exemplo é instalação hidráulica (A) e instalação elétrica (B), que podem ser iniciadas juntas (II). E alvenaria (A) e chapisco (B) de um mesmo pavimento — não é preciso que toda a alvenaria do andar tenha terminado para que o chapisco comece a ser feito, bastando que a alvenaria esteja por alguns dias "na dianteira", Esse tipo de ligação é também chamado de adiantamento ou antecipação, mas são termos imprecisos. O terceiro tipo de ligação possível é o TT (término- término). É o caso em que se estipula que o término de uma atividade está vinculado ao término de sua predecessora, ou seja, o fim de B depende do fim de A, Um exemplo seria montagem da subestação (A) e aluguel de gerador (B) — o término da montagem decreta o fim da necessidade do gerador alugado. O quarto e último tipo de dependência é o IT (inicio- término). Esse tipo de vinculo é muito pouco utilizado. É o caso em que uma atividade só pode terminar quando se iniciar outra, ou seja, o fim de B depende do início de A. Um exemplo seria partida da subestação e aluguel de gerador — o início da operação da subestação amarra o fim da necessidade do gerador alugado. Em suma: Dos quatro tipos de dependência, o TI é o mais utilizado (é a ligação naturaI entre duas atividades). Em seguida vem o II. Ligações TT e IT são muito rara se pouco a parecem nos planejamentos corriqueiros, Existem também defasagens negativas, Exemplo: TI-2 dias — começo de B acontece 2 dias antes do término de A. O uso excessivo de ligações II, TT e IT “trava“ a rede por impor muita restrição. Quanto mais detalhada a EAP menor a necessidade de o planejador usar defasagens. Isso porque os pacotes de trabalho serão menores e mais sequenciais entre si (TI). Ex.: Para um pavimento, alvenaria e chapisco são ll + n dias; porém, se o planejador desmembrasse a alvenaria em paredes PI, P2 etc, o chapisco seria programado para iniciar depois de uma delas, com o vínculo TI e não mais II. Por influência dos softwares estrangeiros, sigIas inglesas também são empregadas para identificar as dependências: TI = FS (finish-start) II = SS (start-start) IT = SF (start-finish) TT = FF (finish-finish) O método das Flechas (ADM) só admite ligação TI. O método dos Blocos (PDM) admite todos os tipos de ligação.