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Manual Caseiro - Legislação Penal Especial 2019

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Atualizado conforme: 
 
Lei 13.769/2018 - altera o CPP para estabelecer a substituição da 
prisão preventiva por prisão domiciliar da mulher gestante ou que for 
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. 
 
 Lei 13.721/2018 - altera o CPP para estabelecer prioridade à 
realização do exame de corpo de delito nos crimes de violência contra 
mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
 
Lei 13.718/2018 – alteração a espécie de ação penal nos crimes 
contra a dignidade sexual. 
 
Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de medidas 
protetivas de urgência. 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
de 
 
Processo Penal I 
 
 
 
Edição 2019.1 
 
 
 
I 
 
 
Legislação Especial 
 
 
Edição 2019.1 
Atualizado conforme: 
 
 
Lei 13.603/18 - Acrescenta a simplicidade nos processos 
dos Juizados Especiais Criminais. 
 
Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de 
medidas protetivas de urgência. 
 
Lei 13.772/2018 que promoveu uma pequena mudança na 
Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) para deixar 
expresso que a violação da intimidade da mulher é uma forma 
de violência doméstica, classificada como violência 
psicológica. 
 
 
 
 
 
1 
1 
 
Sumário 
 
LAVAGEM DE CAPITAIS ........................................................................................................................................ 2 
CRIMES HEDIONDOS ............................................................................................................................................ 25 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS ...................................................................................................................... 54 
LEI DE DROGAS ..................................................................................................................................................... 90 
LEI MARIA DA PENHA ........................................................................................................................................ 166 
LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ......................................................................................................... 218 
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ............................................................................................................... 241 
ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................................................................................. 295 
TORTURA............................................................................................................................................................... 311 
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL .............................................................................................................................. 333 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO .................................................................... 354 
EXECUÇÃO PENAL .............................................................................................................................................. 370 
CRIMES DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .................................................................... 426 
CRIMES NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - CDC ...................................................................... 466 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO ............................................................................................................... 46692 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
2 
LAVAGEM DE CAPITAIS 
Lei nº 9.613/98 
 
1. Histórico da Lei nº 9.613/98 
A criminalização da Lavagem de Capitais surgiu na CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS contra o 
TRÁFICO DE ILÍCITO DE ENTORPECENTES, celebrado no ano de 1988, em Viena. 
Na referida Convenção, chegou-se a conclusão de que seria impossível o combate ao tráfico, se não houvesse 
uma repressão as movimentações financeiras realizadas pelo tráfico de drogas. 
É a partir de então que surge a criminalização da Lavagem de Capitais. 
→ Surge da Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes. 
→ Celebrada em Viena em dezembro de 1988. Somente após dez anos, em 1998 surge a lei brasileira que 
regulamentou a lavagem de capitais no Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
 
1.1 Lei nº 12.683/2012 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro demorou a regulamentar a matéria (lavagem de capitais). Somente após 
dez anos surge a Lei nº 9.613, vindo a sua edição em 1998. Além da morosidade em sua regulamentação, 
quando de seu advento, a lei fora criada com expressões que dificultavam a sua aplicação, ou seja, não estava 
surtindo os efeitos desejados. Desse modo, somente com a alteração trazida pela Lei nº 12.683 de 2012, foi 
que a lei ganhou maior aplicabilidade. 
→A Lei nº 12.683/12 surge da necessidade de se tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de 
lavagem de capitais. 
A Lei nº produziu ao menos três grandes mudanças: 
E quais foram elas? 
a) Supressão do rol taxativo de crimes antecedentes 
→Antes do advento da Lei nº 12.683/12, o crime de lavagem de capitais somente estaria configurado 
se os valores ocultados fossem provenientes direta ou indiretamente de específicos crimes 
antecedentes. A lei brasileira contemplava um rol taxativo de crimes antecedentes. 
Dessa forma, não era qualquer crime que poderia dar ensejo a lavagem de capitais, mas só os 
especificados ao teor da Lei. 
Nesse contexto, os crimes antecedentes eram: a) tráfico de drogas; b) terrorismo; c) de terrorismo e 
seu financiamento; d) de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua 
produção; e) de extorsão mediante sequestro; f) contra a Administração Pública, inclusive a 
exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou 
 
 
 
 
3 
3 
preço para a prática ou omissão de atos administrativos; g) praticado contra o sistema financeiro 
nacional; h) praticado por organização criminosa; e por fim, i) praticado por particular contra a 
administração pública estrangeira. 
Assim, no caso da prática de crime que não constasse no referido rol, ainda que lavasse o dinheiro 
proveniente de delito, como o crime não constava expressamente do rol, não responderia pela infração 
tipificada ao teor do art. 1º da Lei de Lavagem de Capitais. 
Com a Nova redação do art. 1º, “caput”, da Lei 9.613/98, alterada pela Lei 12.683/12, fora revogado 
todos os tipos penais antecedentes da caracterização da lavagem de capitais. Assim: 
- revogou-se todos os crimes antecedentes; e 
- ampliação para o termo para infração penal; 
Além da revogação dos incisos do art. 1º, o caput do art. 1º sofreu também alteração, modificando a 
expressão crime por infração penal. Vale lembrar, a expressão infração penal, inclui o crime e a 
contravenção penal. 
→Anteriormente, só se tipificava a lavagem de capitais se o crime antecedente fosse um dos 
elencados na lei de lavagem de capitais. 
Com a referida modificação, passou-se a admitir quaisquer infração penais como crime antecedente. 
Qualquer mesmo? Renato Brasileiro ensina que deve referir-se a infração penal que tenha fonte 
produtora, ou seja, capaz de auferir renda. 
- Qualquer crime pode funcionar como crime antecedente do crime de lavagem de capitais? A partir 
da Lei nº 12.683 de 2012, desde que se trate de infração penal produtora (seja capaz de produzir bens, 
valores, passiveis de lavagem), qualquer delito *(crime ou contravenção) pode funcionar como 
antecedente da lavagem. Não pode ser objeto de lavagem crimes, que não geram produção (bens ou 
valores), por exemplo, o crime de prevaricação não pode ser crime antecedente da lavagem de 
capitais. 
Em síntese, agora, com a nova Lei, pode figurar como antecedente da lavagem, por ex., o roubo (não 
elencado no rol taxativo da Lei anterior) ou até mesmo a contravenção do jogo do bicho! Além disso, 
exige-se porémque a infração penal deve ser produtora de bens, direitos ou valores passíveis de 
lavagem (por Rogério Sanches). 
b) Aprimoramento das medidas assecuratórias 
- Em que consiste essas medidas assecuratórias? São medidas cautelares urgentes que visam 
resguardar o patrimônio do acusado, para que possa posteriormente suportar os efeitos da 
condenação, bem como, permitir o seu confisco ao término da persecutio criminis. 
 
 
 
 
4 
4 
A importância da imposição das medidas assecuratórias é para que o patrimônio possa ser assegurado, 
posto que na maior parte das vezes, os referidos já estão em nome de terceiros, facilitando ainda mais 
sua transferência rapidamente, prejudicando o confisco ao final da persecução penal, ou seja, 
inviabilizando a restauração do prejuízo causado pelo delito. 
- Legislação 
Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado 
de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de 
infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado 
ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou 
proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. 
Atualmente, a medida pode recair não somente em face dos instrumentos, mas também sobre o 
produto direto ou indireto das infrações antecedentes, reforçando-se ainda mais o sistema das medidas 
assecuratórias. 
 
Entre as medidas assecuratórias, passou-se a admitir a chamada “alienação antecipada”: 
- Em que consiste essa alienação antecipada? 
Consiste na venda do bem no momento inicial das persecução penal, com o objetivo de preservar 
seus valores. O valor deverá ficar depositado. Consegue-se com isso, a preservação do bem. Se 
absolvido, o valor será restituído, em contrário, sendo condenado, o Estado 
fará o confisco. 
Nesse sentido, Renato Brasileiro conceitua a alienação antecipada de bens “consiste na expropriação 
antecipada de bens moveis ou imóveis, fungíveis, de fácil deterioração e de difícil conservação, que 
tenham sido objeto de medidas cautelares patrimoniais, adotada com o objetivo de preservar o valor 
dos bens”. 
 
c) Ampliação das pessoas físicas/jurídicas responsáveis pela comunicação de operações suspeitas – 
- GATEKEEPERS 
O legislador estabelece para essas pessoas o dever de conhecer seus clientes – Know Your Costumer. 
Obs.: fazer leitura do art. 9º da Lei (na integra). 
São espécies de verdadeiros garantidores, posto que tem o dever de conhecer o cliente, e adotar 
mecanismos, de modo a impedir que sua operação seja utilizada como estratégia para o crime de 
lavagem de capitais. 
 
 
 
 
 
5 
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2. A expressão “Lavagem de dinheiro” 
A expressão “lavagem de dinheiro” tem origem nos Estados Unidos (money laundering), a partir da década 
de 1920, quando lavanderias na cidade de Chicago teriam sido utilizadas por gangsters para despistar a 
origem ilícita do dinheiro. Assim, por intermédio de um comércio legalizado, buscava-se justificar a origem 
criminosa do dinheiro arrecadado. 
Em virtude do exposto, a expressão restou consagrada. 
Cumpre destacarmos que, em alguns países, como na Espanha, utiliza-se a expressão Branqueamento de 
Capitais”. 
Nesse contexto, a expressão “lavagem” não constitui o ato de lavar o dinheiro utilizando-se água e produtos 
químicos. A metáfora simboliza, na verdade, a necessidade de o dinheiro sujo, cuja origem corresponde ao 
produto de determinada infração penal, ser lavado por várias formas na ordem econômico-financeira com o 
objetivo de conferir a ele uma aparência lícita (limpa), sem deixar rastro de sua origem espúria. 
 
3. Conceito de Lavagem de Capitais 
É o ato ou a sequência de atos praticados para encobrir a natureza, localização ou propriedade de bens, 
direitos ou valores de origem delituosa, com o objetivo de reintroduzi-los à economia formal com aparência 
lícita. 
Exemplo: Traficante de Drogas que resolve abrir um posto de gasolina. Em verdade, o lucro não é 
proveniente do Posto de Gasolina, mas do tráfico. Denota-se que o indivíduo passa a praticar uma série de 
atos com a finalidade de encobrir (ocultar) a origem dos valores. 
 
4. Gerações da lavagem de capitais 
4.1 Leis de 1ª Geração 
O crime de tráfico de drogas era a única infração penal antecedente na lavagem de capitais. Inclusive, a 
criminalização da lavagem surgiu na Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico de entorpecentes em 
Viena. Assim, logo após a Convenção de Viena, as primeiras leis que incriminaram a lavagem de capitais 
traziam apenas o tráfico ilícito de drogas como crime antecedente, razão pela qual ficaram conhecidas como 
legislações de primeira geração. 
→ O crime de tráfico de drogas era a única infração penal antecedente na lavagem de capitais. 
4.2 Leis de 2ª Geração 
→Há uma ampliação dos crimes antecedentes. 
 
 
 
 
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6 
Em decorrência da relevância e necessidade de se coibir a movimentação financeira do produto financeiro 
de outros delitos, também considerados graves, houve uma ampliação do rol dos crimes antecedentes 
numerus clausus), ou seja, um ROL TAXATIVO, dando origem, assim, às legislações de segunda geração. 
No Brasil, a Lei nº 9.613 de 98 era em sua redação original uma lei de segunda geração, pois contemplava 
em sua redação originária um rol taxativo de crimes antecedentes da lavagem de capitais. 
Você sabia? 
Em que pese esse entendimento, havia doutrina minoritária entendendo que a Lei nº 9.613 de 98 tratava-se 
já de lei de terceira geração, isto porque ao prever como crime antecedente a organização criminosa, 
ampliaria a possibilidade de incidência de quaisquer crimes na sua prática. 
Referida argumentação perdeu sentido, por ocasião da declaração do STF no julgamento do HC 96.007/SP, 
no qual restou assentado que o conceito de organizações criminosas não poderia ser extraído da Convenção 
de Palerma, sob pena de lesão ao disposto no art. 5°, XXXIX, da Constituição Federal. Ora, se o próprio 
Supremo assentou que não havia definição de organizações criminosas no ordenamento pátrio, pelo menos 
até o advento da Lei n° 12.694/12 (art. 2°), depreende-se que a Lei n° 9.613/98 era sim uma legislação de 
segunda geração, porquanto sobravam como infrações antecedentes apenas aquelas listadas nos demais 
incisos de seu art. 1°. 
 
4.3 Leis de 3ª Geração 
Na 3ª geração – QUALQUER INFRAÇÃO PENAL pode funcionar como crime antecedente da lavagem de 
capitais, desde que de fonte produtora. 
Com as alterações oriundas da Lei nº 12.683, não há dúvidas que a atual lei de lavagem de capitais vigente 
no Ordenamento Jurídico Brasileiro é de terceira geração. 
Há, na verdade, uma única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem 
de capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores 
passíveis de mascaramento. Obs.: Deve-se estabelecer o mínimo de pena para a infração antecedente, a fim 
de não popularizar a lei de lavagem de capitais. 
→Atualmente a única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem de 
capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores 
passíveis de mascaramento. 
Vamos Esquematizar? 
1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 
O crime de tráfico de drogas era 
a única infração penal 
antecedente na lavagem de 
capitais. 
Existe um rol taxativo de 
infrações penais antecedentes. 
 
Admitem lavagem de dinheiro 
de qualquer infração penal 
antecedente. 
 
 
 
 
 
7 
7 
→ No Brasil, a Lei nº 9.613 de 
98 era INICIALMENTE uma lei 
de segunda geração, pois 
contemplava em sua redação 
originária um rol taxativo de 
crimes antecedentes da lavagem 
de capitais. 
 
JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem dedinheiro e de abuso de autoridade, julgue o 
item subsequente. 
A lei brasileira que criminaliza a lavagem de dinheiro classifica-se como de terceira geração, pois admite 
que o delito de lavagem de dinheiro pode ter como precedente qualquer ilícito penal. CERTO! 
5. Fases da lavagem de capitais 
5.1 1ª Fase – Colocação (Placement): consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro. 
Consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro, dificultando a identificação da procedência 
dos valores de modo a evitar qualquer ligação entre o agente e o resultado obtido com a prática do crime 
antecedente. Diversas técnicas são utilizadas nesta fase, tais como o fracionamento de grandes quantias em 
pequenos valores, que escapam do controle administrativo imposto às instituições financeiras (art. 10, II, c/c 
art. 11, II, a, da Lei 9.613/98) - procedimento esse conhecido como smurfing, em alusão aos pequenos 
personagens da ficção na cor azul -, utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham 
com dinheiro em espécie, remessas ao exterior através de mulas, transferências eletrônicas para paraísos 
fiscais, troca por moeda estrangeira etc. 
A colocação é o estágio primário da lavagem e, portanto, o mais vulnerável à sua detecção, razão pela qual 
devem as autoridades centrar o foco dos maiores esforços de sua investigação nessa fase da lavagem. 
5.2 2ª Fase – DISSIMULAÇÃO ou MASCARAMENTO (layering) 
Nesta fase são realizados diversos negócios ou movimentações financeiras, a fim de impedir o rastreamento 
e encobrir a origem ilícita dos valores. 
Realizam-se diversos negócios com a intenção de dificultar, ainda mais, o rastreamento da origem ilícita 
daqueles valores. 
5.3. 3ª Fase – INTEGRAÇÃO (integration) 
Os referidos valores, agora com aparência licita, são reintroduzidos no sistema financeiro. 
Nesse contexto, com a aparência lícita, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, 
geralmente por meio de investimentos no mercado mobiliário ou imobiliário, transações de 
importação/exportação com preços superfaturados (ou subfaturados), ou aquisição de bens em geral (v.g., 
obras de arte, ouro, joias, embarcações, veículos automotores). 
 
 
 
 
8 
8 
Conforme já decidiu o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para que se possa 
configurar o delito de lavagem de capitais. 
Vamos Esquematizar? 
1ª Fase 
OCULTAÇÃO/PLACEMENT/CO
NVERSÃO/COLOCAÇÃO: 
2ª Fase 
DISSIMULAÇÃO/LAYERING/
MASCARAMENTO: 
3ª Fase 
INTEGRAÇÃO/INTEGRATI-
ON/RECYCLING: 
Consiste na introdução do dinheiro 
ilícito no Sistema Financeiro. A 
doutrina denomina “smurfing” 
técnica de pulverizar, fazer 
depósitos de uma grande 
quantidade de dinheiro, 
fracionadamente, para não levantar 
suspeitas quanto à origem dos 
valores. 
Nessa segunda fase é realizada 
uma série de negócios ou 
movimentações financeiras, 
dificultando a identificação da 
procedência ilícita dos valores. 
Para multiplicar/entrecruzar as 
operações realizadas e apagar o 
rastro do dinheiro sujo. 
Já com a aparência de lícitos, 
os bens são formalmente 
incorporados ao sistema 
econômico, retornando através 
de investimentos na prática de 
novos delitos ou no mercado 
mobiliário ou imobiliário. 
 
 Segundo a Jurisprudência do STF não é necessária a ocorrência dessas três fases para a consumação 
do delito. O STF aduz que as fases são modelos doutrinários e didáticos, não exigindo o seu cumprimento. 
(RHC 80816). 
JÁ CAIU CESPE: Para que se caracterize a prática do crime de lavagem, é necessário que o agente 
percorra todas as etapas, que são a colocação ou introdução do bem, direito ou valor no sistema financeiro, 
seguida da ocultação ou dissimulação desse bem, direito ou valor e a sua integração ao sistema econômico. 
ERRADO!!! Conforme já se manifestou o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para 
que se possa configurar o delito de lavagem de capitais. 
 
6. Tipos de lavagem 
7. Bem jurídico tutelado 
Há várias correntes que buscam definir qual é o bem jurídico tutelado no crime de lavagem de capitais. 
 
1ª Posição → tutela o mesmo bem jurídico tutelado pela infração antecedente; referida corrente entende que 
lei de lavagem de dinheiro visa resguardar o mesmo bem jurídico tutelado pela infração antecedente. Assim, 
o branqueamento de capitais obtidos com o tráfico de drogas afetaria a saúde pública, ao asso que a lavagem 
de dinheiro derivado de furtos lesionaria o patrimônio. Esta corrente é minoritária e tem por crítica principal, 
o fato de que, protegeria um só crime, variados bens jurídicos conforme o caso. 
- Reforço de tutela ao bem jurídico do crime antecedente. 
 
 
 
 
 
9 
9 
2ª Posição → o bem jurídico tutelado é a Administração da Justiça; o crime de lavagem seria semelhante ao 
de o favorecimento real, previsto no art. 349 do Código Penal, na medida em que a prática da lavagem de 
capitais torna difícil a recuperação do produto direto ou indireto da infração antecedente, dificultando a ação 
da Justiça, conclui-se assim que o bem jurídico tutelado por este delito é a administração da Justiça. Esta 
teoria também não fora adotada. 
 
3ª Posição → o bem jurídico tutelado é a Ordem econômico-financeira: Esse seria o bem jurídico tutelado, 
pois gera o abuso do poder econômico, e gera uma concorrência desleal entre os comerciantes. É a posição 
adotada no Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
Corroborando, Renato Brasileiro (Legislação Criminal Comentada, 2015) “de acordo com a doutrina 
majoritária, funciona a lavagem como obstáculo à atração de capital estrangeiro, afetando o equilíbrio do 
mercado, a livre concorrência, as relações de consumo, a transparência, o acúmulo e o reinvestimento de 
capital sem lastro em atividades produtivas ou financeiras lícitas, turbando o funcionamento da economia 
formal e o equilíbrio entre seus operadores. Representa, enfim, um elemento de desestabilização econômica. 
Trata-se, portanto, de crime contra a ordem econômico-financeira”. 
 É possível a aplicação do princípio da insignificância? Admite-se a INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO 
DA INSIGNIFICÂNCIA aos crimes de lavagem de capitais, desde que preenchidos os seus pressupostos. 
*Recordar da divergência do patamar do que é considerado insignificante nos crimes contra ordem 
econômica, STF: 20 mil; STJ: 10 mil, com exclusão da tipicidade material. 
 
4ª Posição → Plurionfesividade: Referida corrente sustenta que a lavagem de dinheiro ofende mais de um 
bem jurídico. Nesse caso, há quem entenda que os bens jurídicos tutelados são a ordem econômico-financeira 
e a administração da justiça; ou ainda, mais o bem jurídico tutelado pela infração antecedente. 
 
8. Da acessoriedade da lavagem de capitais 
 
→Trata-se de crime acessório também denominado de parasitário. 
O crime de lavagem de capitais é exemplo de crime acessório (também denominado de PARASITÁRIO), 
isto porque a tipificação do crime de lavagem de capitais está conectada a uma infração antecedente. 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro “a tipificação do crime acessório, diferido, remetido, 
sucedâneo, parasitário ou consequencial de lavagem de capitais está atrelada à prática de uma infração 
penal antecedente que produza o dinheiro, bem ou valor, que será objeto de ocultação. Deveras, pela própria 
 
 
 
 
10 
10 
leitura do caput do art. 1° da Lei n° 9.613/98, com redação determinada pela Lei n° 12.683/12, percebe-se 
que o substantivo -infração penal- funciona como verdadeira elementar do art. 1°, existindo uma relação de 
acessoriedade objetiva entre as infrações. Portanto, a ausência da infração penal antecedente acaba por 
afastar a própria tipicidade do delito de lavagem de capitais”. 
 
→ A infração penal “antecedente” é uma elementar do próprio tipo penal de lavagem de capitais. 
Cuidado: não se pode confundir a dependência para a configuraçãodo delito de lavagem de capitais com o 
crime antecedente (acessoriedade), com a autonomia do processamento dos delitos – infração ntecedente e 
lavagem de capitais. 
 
De acordo com o art. 2°, II, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei n° 12.683/12, o processo e 
julgamento dos crimes de lavagem de capitais independe do processo e julgamento das infrações penais 
antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos na 
Lei de Lavagem a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. 
Embora a lei tenha consagrado a autonomia do processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro, que 
não precisa tramitar obrigatoriamente com o feito referente à infração penal antecedente em um simultaneus 
processus, há de se ter extrema cautela com a interpretação desse dispositivo, eis que, na verdade, não há 
uma total e absoluta independência entre o delito de lavagem de capitais e o delito-base. 
→Os processos podem tramitar separadamente. A existência da infração penal antecedente deve ser 
analisada pelo outro juiz como uma questão prejudicial. 
JÁ CAIU CESPE: No crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, para se tipificar a 
conduta praticada, é necessário que os bens, direitos ou valores provenham de crime anterior e que o agente 
já tenha sido condenado judicialmente pelo crime previamente cometido. 
ERRADO!!! Inobstante seja o crime de lavagem de capitais crime acessório, também denominado de 
parasitário, não há necessidade de condenação judicial anterior para que o crime reste caracterizado e/ou seja 
punido pelo delito de lavagem de capitais. Ademais, os processos podem tramitar em separado. 
Nesse sentido, vejamos o que dispõe a legislação: 
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: II - independem do processo e julgamento 
das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para 
os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. 
 O processo e julgamento do processo de lavagem independe do processo e julgamento da infração 
antecedente. (Teoria da Acessoriedade Limitada). 
 
 
 
 
11 
11 
Obs.1: Apesar de haver uma conexão probatória entre a infração antecedente e a lavagem de capitais, a 
reunião dos processos não é obrigatória. Se possível, poderá ser determinada, cabendo essa decisão ao juízo 
competente para o julgamento da lavagem de capitais. 
→Quem decidirá sobre a junção dos processos, será o do Juiz competente para o processo e julgamento do 
delito da Lavagem de Capitais. 
Conexão Probatória 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: (...) III - quando a prova de uma infração ou de 
qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. 
Lei 9.613/98 - Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...) II - independem do 
processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao 
juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. 
*Trata-se de um acréscimo inserido pela Lei nº 12.863 de 2012. 
 
Obs.2: A condenação em relação à infração penal antecedente não é condição sine que non para eventual 
condenação pelo crime de lavagem de capitais. Se os processos não tramitarem simultaneamente, a existência 
da infração antecedente deve ser enfrentada, no processo de lavagem, como verdadeira questão prejudicial 
homogênea. 
Assim, concluímos que a lavagem poderá ser julgada independentemente da infração penal antecedente. 
- A infração penal antecedente será levantada como uma questão prejudicial de natureza homogênea. 
 Obs.3: Trabalha-se com a teoria da acessoriedade limitada: conduta típica + ilícito. 
Na esfera da participação criminal, denomina-se acessoriedade limitada o grau de dependência segundo o 
qual só se pode castigar a conduta do partícipe quando o fato principal for típico e antijurídico. 
Obs.4: se a exclusão da conduta antecedente for em decorrência de exclusão de culpabilidade, isso não 
impede eventual responsabilização pelo crime de lavagem. De igual modo, ocorrendo a extinção da 
punibilidade do crime antecedente ao de lavagem de capitais, não haverá impedimento para o processamento 
do crime de lavagem de capitais. 
Em síntese, para a tipificação do delito de lavagem de capitais, há necessidade de que o delito prévio 
seja ao menos típico e antijurídico, o que torna impossível a prática da lavagem se o fato antecedente previsto 
na lei não puder ser considerado crime. Adota-se o princípio da acessoriedade limitada, 
 
9. Sujeitos do crime 
→Trata-se de crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. 
 
 
 
 
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Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. A lei não exige qualquer qualidade 
especial do agente para a responsabilização dos delitos esculpidos ao teor da Lei nº 9.613 de 98. 
Somente se admite, nesse âmbito, a responsabilização penal das pessoas físicas. 
 Autolavagem: trata da possibilidade do autor da infração antecedente também ser responsabilizado 
pelo crime de lavagem de capitais. 
O agente responderia: 
• pela infração antecedente; + 
• lavagem de dinheiro. 
 
1ª Corrente: sustenta não ser possível, não se admitindo a autolavagem no Brasil, pois aduzem que a 
ocultação seria um desdobramento natural do crime. 
→Teoria minoritária. 
De maneira análoga ao que acontece no delito de receptação, do qual não podem ser sujeito ativo o autor, 
coautor ou partícipe do crime antecedente, para o autor da infração precedente o aproveitamento do produto 
auferido configuraria mero exaurimento impunível, integrando-se ao próprio objetivo desejado (meta optata) 
da atividade delituosa. A título de exemplo, costuma-se citar a hipótese em que o agente compra bem imóvel 
depois de obter vantagem indevida, mediante a prática de corrupção passiva (art. 317 do CP). O agente 
registra a propriedade no próprio nome, passando a residir no local. Em tal situação, não seria possível a 
punição por lavagem, eis que a ocultação dos valores obtidos com o crime antecedente, pelo menos para o 
seu autor, estaria inserida no curso normal do desenvolvimento da intenção do agente, configurando o 
denominado fato posterior não punível. 
Argumenta-se ainda, que quando o agente atua para ocultar o crime praticado, ele atua amparado pelo 
princípio que veda a autoincriminação. 
 
2ª Corrente: entende ser possível a autolavagem. 
Obs.1: O direito de não autoincriminação não lhe assegura o direito de praticar outras atividades ilícitas. 
Tanto é verdade que, comete falsa identidade, aquele que se identifica falsamente para encobrir uma prática 
delitiva anterior (não fica amparado pela direito a não-autoincriminação). 
→Teoria que prevalece, sendo acolhida. 
 
A Jurisprudência adotada a 2ª Corrente: STF HC 92.279. O Supremo Tribunal Federal tem precedentes no 
sentido de que o crime de lavagem de capitais não funciona como mero exaurimento da infração antecedente, 
já que a Lei n. 9.613/98 não exclui a possibilidade de que o ilícito penal antecedente e a lavagem de capitais 
 
 
 
 
13 
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subsequente tenham a mesma autoria, sendo aquele independente em relação a esta (STF, Plenário, Inq. 
2.471/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 29/09/2011). No sentido de que a lavagem de dinheiro é crime 
autônomo, não se constituindo em mero exaurimento da infração antecedente, razão pela qual não haverá bis 
in idem ou litispendência entre os processos instaurados contra o mesmo acusado pelo branqueamento de 
capitais e pela infração penal antecedente: STF, 2ª Turma, HC 92.279/RN, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 
24/06/2008, DJe 177 18/09/2008. Na mesma linha, segundo o STJ, é possível que o autor da infração 
antecedente responda por lavagem de dinheiro, dada à diversidade dosbens jurídicos atingidos e à autonomia 
deste delito: STJ, 5ª Turma, REsp 1.234.097/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 03/11/2011, DJe 17/11/2011. 
Desnecessidade de participação na infração antecedente 
Não há necessidade de participacao do autor na infracao penal antecedente para que se configure o crime de 
lavagem, ou seja, é possível que o sujeito seja agente delitivo no crime de lavagem sem que tenha participado 
do crime antecedente, desde que tenha consciencia de que os valores por ele ocultado são provenientes da 
infração antecedente. 
 Advogado como sujeito ativo do crime de lavagem de capitais 
Inicialmente, cumpre destarcamos que o exercício da advocacia não funciona como uminidade da lavagem 
de capitais. 
O advogado pode ser responsabilizado? 
- pode ser responsabilizado? SIM. 
- tem obrigação de comunicar operações suspeitas? 
 
Ao advogado se impõe o dever de comunicar operações suspeitas de lavagem de capitais às autoridades 
competentes? Até que ponto esse suposto dever de comunicação é compatível com o sigilo constitucional 
inerente ao exercício da advocacia? A omissão do advogado em comunicar operações suspeitas pode gerar 
eventual responsabilidade criminal pela prática do crime de lavagem de capitais? 
Obs.1: Conforme já destacado acima, o exercício da advocacia não é causa de imunidade em relação à 
lavagem de capitais. STJ HC 50.933. 
Obs.2: Embora a lei não expresse de forma clara a pessoa do advogado, entende-se que nesse rol, em 
decorrência das atividades por este prestada, poder-se-á visualizar a intenção do legislador em inserir o 
advogado. 
- Lei 12.863, de 2012 
Art. 9º. Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em 
caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: 
 
 
 
 
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Parágrafo único: Sujeitam-se as mesmas obrigações: 
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, 
consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: 
 Doutrina 
- Advogados de representação contenciosa: são advogados que atuam na defesa de seus clientes em um 
processo judicial. Nesse caso, não estão obrigados a comunicar operações suspeitas, sob pena de violação 
ao sigilo constitucional, inerente a advocacia. 
- Advogados de operação: diz respeito a atividade de consultoria jurídica não processual (empresarial; 
tributária). Nesse caso, diante do dever do “know your customer”, existe a obrigação de comunicação de 
operações suspeitas. 
→OAB entendeu que os advogados não estariam incluídos entre as referidas pessoas. 
 
O advogado que recebe honorários provenientes de infração penal fica com o valor, mesmo sabendo da 
origem desse dinheiro? Se o serviço advocatício for prestado e o contrato não for fraudulento, o advogado 
não poderá ser responsabilizado pelo crime de lavagem de capitais. Se, todavia, souber que o valor é ilícito, 
nada impede que tais valores sejam objeto de medidas assecuratórias. 
 
10. Tipo Objetivo 
 
10.1 Ocultar: esconder a coisa, tirar de circulação, subtrair da vista. Consuma-se com o simples 
encobrimento. Para que se possa falar em lavagem de capitais, é necessário que a ocultação ocorra com o 
objetivo de lhe conferir uma aparência licita, e não meramente esconder a coisa objeto de subtração. 
10.2 Dissimular: disfarçar, escamotear, tornar pouco perceptível. 
 
→ Tipo Misto Alternativo: O crime do art. 1º da Lei de Lavagem de Capitais, é crime de AÇÃO 
MÚLTIPLA, também denominado de conteúdo variado ou tipo misto alternativo. A prática de duas condutas 
descritas no tipo (ocultar e issimular) não gera concursos de crimes, respondendo o agente por apenas um 
delito, se praticado no mesmo contexto fático. 
 
Distinção entre exaurimento da infração penal antecedente e o crime de lavagem de capitais 
É imprescindível que tenhamos ciência de que o mero fato de usufruir dos valores obtidos pela prática de 
um crime não configura o crime de lavagem e capitais. Dessa forma, só podemos falar que haverá lavagem 
 
 
 
 
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15 
de capitais quanto se tentar dar uma destinação ao dinheiro, com as finalidades específicas exigidas no tipo 
penal em estudo. 
O simples fato de usufruir do lucro advindo do crime não configura o crime de lavagem. 
Natureza instantânea ou permanente do crime de lavagem de capitais 
Para melhor compreensão do tema, imagine a seguinte situação hipotética: no ano de 2005 a 2009 “A” 
praticou jogo do bicho. Esse dinheiro obtido é depositado em conta no exterior em nome de laranjas, valor 
depositado em 2009 e permanece até hoje (2017). 
Ocorre que, em 2009, o jogo do bicho não era infração penal antecedente. Depois de 2009 não houve mais a 
prática de jogo do bicho. Mas o dinheiro existe até hoje em conta no exterior. 
Nessa sentido, indaga-se: existe o crime de lavagem de capitais nesse exemplo? Temos duas correntes: 
 
Para uma 1º corrente, trata-se de um crime instantâneo de efeitos permanentes. Noutra banda, para uma 2º 
correste seria crime permanente (crime cuja consumação se prolonga no tempo, porém durante todo esse 
período o agente detém o poder de fazer cessar a execução do delito). 
Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro “os verbos utilizados no art. 1°, caput, da Lei n° 9.613/98 – 
ocultar e dissimular - denotam a existência de crime de natureza permanente, com um continuum riminoso 
com execução em andamento enquanto o bem permanecer escondido. Como se sabe, compreende-se por 
crime permanente aquele delito cuja consumação, pela natureza do bem jurídico ofendido, pode protrair-se 
no tempo, desde que nas mãos do agente o poder de fazer cessar a conduta delituosa”. 
 
Entendendo que o crime é permanente, caso o agente iniciasse a consumação do delito de lavagem de 
produto de uma infração penal antecedente que não figurava no rol do art. 1º antes do advento da Lei nº 
12.683 de 2012 e a consumação se prolongasse até o momento posterior ao início da vigência da lei, ela já 
incidiria nesse fato, isso é, já se poderia falar em lavagem de dinheiro, justamente porque o crime 
permanente e sua consumação ainda estava ocorrendo no momento em que a novel lei iniciou a sua vigência, 
nos moldes da Súmula 711 do STF (Coleção Leis Especiais para Concurso, Gabriel Habib, 2016). 
Súmula n. 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se 
a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. 
 
11. Tipo Subjetivo 
No Ordenamento Jurídico Brasileiro o crime de lavagem é punido exclusivamente à título de dolo. 
→ O crime de lavagem de capitais só é punido à titulo de dolo. 
 
 
 
 
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Quais as modalidades de dolo podem ser objeto de punição no crime de lavagem de capitais? 
a) dolo direto; 
b) dolo eventual: assume o risco de produzir o resultado. É punido à título de dolo eventual. 
- Salvo para o art. 1º, §2º, II. (Não admite punição à titulo de dolo eventual). 
 Teoria da Cegueira Deliberada 
Também denominada de Teoria das instruções da Avestruz. Essa teoria tem origem na jurisprudência norte 
americana e consiste na análise do aspecto subjetivo da conduta do agente, isso é, verificação do elemento 
subjetivo do tipo legal de crime de lavagem de dinheiro, mais especificamente o dolo indireto eventual. 
→A expressão Teoria do Avestruz: o avestruz, ao menor sinal de perigo, enterra a sua cabeça na terra e não 
vê o que está se passando ao redor. 
Segundo Renato Brasileiro “essa teoria surge no direito norte americano e vem sendo muito utilizada para 
os crimes de lavagem de capitais, onde é muito comum que o agente não queira tomar conhecimento da 
origem ilícita dos valores por ele ocultados, hipótese em que o agente assume o risco de produzir o resultado, 
daí por que pode ser responsabilizado pelos crimes de lavagem a títulode dolo eventual”. 
Quando o agente deliberadamente evitar a consciência quanto a origem ilícita dos bens, por ele ocultados, 
deverá responder pelo crime à titulo de dolo eventual. 
O agente deliberadamente evita a consciência quanto a origem dos bens. 
Essa teoria tem incidência caso o agente possua consciência da possível origem do dinheiro o qual está 
tratando, mas, mesmo assim, deliberadamente cegue-se para tal fato, voluntariamente criando mecanismos 
que obstam a sua plena consciência da origem ilícita do dinheiro ou deixando de buscar informações que lhe 
permitam concluir tal origem. 
Se o agente tem condições de ter consciência sobre a origem ilícita do dinheiro e deliberadamente fecha os 
olhos para tal fato, pratica o delito de Lavagem de Dinheiro, pois age assumindo o risco de ocultar ou 
dissimular dinheiro sujo, proveniente de infração penal. (Coleção Leis Especiais para Concurso, Gabriel 
Habib, 2016). 
- Caso do Branco do Brasil em Fortaleza. 
 
 
 
12. Objeto Material 
Bem Jurídico Objeto Material 
Bem da vida que é tutelado pelo tipo penal. São as pessoas ou coisas sobre as quais recai a 
conduta do agente. 
 
 
 
 
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No crime de lavagem de capitais o objeto material são os bens, direitos ou valores, provenientes direta ou 
indiretamente, de infração penal. 
 
→Produto direto/indireto da infração penal. 
Produto direto: resultado imediato da operação da conduta delituosa. 
Produto indireto: dinheiro angariado com a venda do produto. 
 
13. Lavagem da lavagem (lavagem em cadeia) 
Com o advento da Lei nº 12.683/2012 qualquer infração penal pode figurar como crime antecedente da 
lavagem de capitais (inclusive, uma outra lavagem de capitais). 
Nesse sentido, a lavagem em cadeia é a lavagem de capitais que tem como infração penal antecedente um 
outro crime de lavagem de capitais. 
→Uma lavagem de capitais é infração penal antecedente de uma outra lavagem de capitais. 
 
14. Regime Especial de Regularização cambial e tributária (RERCT) de valores não declarados 
mantidos no exterior e extinção da punibilidade do crime de lavagem de capitais. 
 
Lei n. 13.254/16 - Art. 1º É instituído o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), 
para declaração voluntária de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados com 
omissão ou incorreção em relação a dados essenciais, remetidos ou mantidos no exterior, ou repatriados por 
residentes ou domiciliados no País, conforme a legislação cambial ou tributária, nos termos e condições desta 
Lei. 
 
Lei n. 13.254/16 - Art. 5º A adesão ao programa dar-se-á mediante entrega da declaração dos recursos, bens 
e direitos sujeitos à regularização prevista no caput do art. 4o e pagamento integral do imposto previsto no 
art. 6º e da multa prevista no art. 8º desta Lei. 
 
§ 1º O cumprimento das condições previstas no caput antes de decisão criminal, em relação aos bens a serem 
regularizados, extinguirá a punibilidade dos crimes previstos: 
Lei n. 13.254/16 - Art. 5ºA adesão ao programa dar-se-á mediante entrega da declaração dos recursos, bens 
e direitos sujeitos à regularização prevista no caput do art. 4o e pagamento integral do imposto previsto no 
art. 6º e da multa prevista no art. 8º desta Lei. 
§ 1º O cumprimento das condições previstas no caput antes de decisão criminal, em relação aos bens a serem 
regularizados, extinguirá a punibilidade dos crimes previstos: 
I – no art. 1º e nos incisos I, II e V do art. 2º da Lei n. 8.137/90; II – na Lei n. 4.729/65; 
 
 
 
 
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III – no art. 337-A do Código Penal; 
IV - nos seguintes arts. do CP, quando exaurida sua potencialidade lesiva com a prática dos crimes 
previstos nos incisos I a III: 
a) 297; b) 298; c) 299; d) 304 
VI – no caput e no parágrafo único do art. 22 da Lei n. 7.492/86; 
VII - no art. 1º da Lei n. 9.613/98, quando o objeto do crime for bem, direito ou valor proveniente, direta 
ou indiretamente, dos crimes previstos nos incisos I a VI; 
§ 2º A extinção da punibilidade a que se refere o § 1º: 
II - somente ocorrerá se o cumprimento das condições se der antes do trânsito em julgado da decisão 
criminal condenatória; 
III - produzirá, em relação à administração pública, a extinção de todas as obrigações de natureza cambial 
ou financeira, principais ou acessórias, inclusive as meramente formais, que pudessem ser exigíveis em 
relação aos bens e direitos declarados, ressalvadas as previstas nesta Lei. 
 
15. Justa Causa Duplicada 
Quando se oferece a denúncia em face do crime de lavagem de capitais, a Lei nº 9.613 exige-se não apenas 
o lastro probatório mínimo do crime de lavagem de capitais, mas é preciso também o lastro probatório 
mínimo da infração penal antecedente. 
 
Legislação 
Art. 2º, §1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal 
antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, 
ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. 
 
Nesse sentido, preleciona Gabriel Habib (Coleção Leis Especiais para Concurso, 2016) “além dos requisitos 
genéricos descritos no art.41 do Código de Processo Penal, que são os indícios suficientes da existência da 
infração penal antecedente. Essa demonstração na denúncia é fundamental para viabilizar o oferecimento 
da denúncia”. 
 
 
JÁ CAIU CESPE 
 
 
 
 
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JÁ CAIU CESPE: No que concerne aos crimes em espécie, julgue o item seguinte. Em crimes de 
lavagem de dinheiro, dada a natureza do delito praticado, é incabível a tentativa. 
ERRADO!!!O crime de lavagem de dinheiro admite tentativa. Vejamos: 
Art. 1º, § 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal. (Lei nº 9.613/98). 
JÁ CAIU CESPE: No crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, para se tipificar a 
conduta praticada, é necessário que os bens, direitos ou valores provenham de crime anterior e que o agente 
já tenha sido condenado judicialmente pelo crime previamente cometido. 
ERRADO!!! Inobstante seja o crime de lavagem de capitais crime acessório, também denominado de 
parasitário, não há necessidade de condenação judicial anterior para que o crime reste caracterizado e/ou seja 
punido pelo delito de lavagem de capitais. Nesse sentido, vejamos o que dispõe a legislação: 
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: II - independem do processo e julgamento 
das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os 
crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. 
 O processo e julgamento do processo de lavagem independe do processo e julgamento da infração 
antecedente. (Teoria da Acessoriedade Limitada). 
 Segundo ensina o Professor Renato Brasileiro, embora a lei tenha consagrado a 
autonomia do processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro, que não precisa tramitar 
obrigatoriamente com o feito referente à infração penal antecedente em um simultaneus processus, há de se 
ter extrema cautela com a interpretação desse dispositivo, eis que, na verdade, não há uma total e absoluta 
independência entre o delito de lavagem de capitais e o delito-base. Na verdade, essa autonomia é apenas 
relativa. Isso porque a tipificação do crime acessório, diferido, remetido, sucedâneo, parasitário ou 
consequencial de lavagem de capitais está atrelada à prática de uma infração penal antecedente que produza 
o dinheiro, bem ou valor, que será objeto de ocultação. 
Assim, chegamos a conclusão de que a autonomia é em relação aos processos, mas não a existência do delito 
em si, visto que o crime de lavagem pressupõe o delito antecedente. 
JÁ CAIU CESPE: O processo e o julgamento dos crimes de lavagem de dinheiro independem do 
processo e do julgamento dos crimes antecedentes, ainda que praticados em outro país. 
CERTO! Conforme o art. 2º, inc.II da Lei nº 9.613/98, determina expressamente que o processo e o 
julgamento do crime de lavagem de dinheiro não dependem do processo e do julgamento do crime 
antecedente, mesmo que praticado em outro país. 
JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem de dinheiro e de abuso de autoridade, julgue o 
item subsequente. 
 
 
 
 
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De acordo com a jurisprudência do STJ, o delito de lavagem de dinheiro absorve a infração penal antecedente. 
ERRADO!!! Em sede de lavagem ocorre a dupla imputação, não havendo absorção. 
JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem de dinheiro e de abuso de autoridade, julgue o 
item subsequente. 
A lei brasileira que criminaliza a lavagem de dinheiro classifica-se como de terceira geração, pois admite 
que o delito de lavagem de dinheiro pode ter como precedente qualquer ilícito penal. 
CERTO! Na 3ª geração – QUALQUER INFRAÇÃO PENAL pode funcionar como crime antecedente da 
lavagem de capitais, desde que de fonte produtora. 
Com as alterações oriundas da Lei nº 12.683, não há dúvidas que a atual lei de lavagem de capitais vigente 
no Ordenamento Jurídico Brasileiro é de terceira geração. 
Atualmente a única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem de 
capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores 
passíveis de mascaramento. 
Vamos esquematizar as demais gerações? 
1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 
O crime de tráfico de drogas era 
a única infração penal 
antecedente na lavagem de 
capitais. 
Existe um rol taxativo de 
infrações penais antecedentes. 
 
→ No Brasil, a Lei nº 9.613 de 
98 era INICIALMENTE uma lei 
de segunda geração, pois 
contemplava em sua redação 
originária um rol taxativo de 
crimes antecedentes da lavagem 
de capitais. 
Admitem lavagem de dinheiro 
de qualquer infração penal 
antecedente. 
 
 
JÁ CAIU CESPE: Em se tratando de crimes de lavagem de dinheiro, o processo e o julgamento 
será da competência da justiça federal quando a infração penal antecedente for de competência da justiça 
federal. 
CERTO! Nos termos do art. 2º, III - são da competência da Justiça Federal: b) quando a infração penal 
antecedente for de competência da Justiça Federal. 
JÁ CAIU CESPE: Para que se caracterize a prática do crime de lavagem, é necessário que o agente 
percorra todas as etapas, que são a colocação ou introdução do bem, direito ou valor no sistema financeiro, 
seguida da ocultação ou dissimulação desse bem, direito ou valor e a sua integração ao sistema econômico. 
ERRADO!!! Conforme já se manifestou o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para 
que se possa configurar o delito de lavagem de capitais. 
 
 
 
 
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Fase da Lavagem de Capitais: 
vamos esquematizar? 
1ª Fase 
OCULTAÇÃO/PLACEMENT/CON
VERSÃO/COLOCAÇÃO: 
2ª Fase 
DISSIMULAÇÃO/LAYERING
/MASCARAMENTO: 
3ª Fase 
INTEGRAÇÃO/INTEGRAT
ION/RECYCLING: 
Consiste na introdução do dinheiro 
ilícito no Sistema Financeiro. A 
doutrina denomina “smurfing” 
técnica de pulverizar, fazer depósitos 
de uma grande quantidade de 
dinheiro, fracionadamente, para não 
levantar suspeitas quanto à origem 
dos valores. 
Nessa segunda fase é realizada 
uma série de negócios ou 
movimentações financeiras, 
dificultando a identificação da 
procedência ilícita dos valores. 
Para multiplicar/entrecruzar as 
operações realizadas e apagar o 
rastro do dinheiro sujo. 
Já com a aparência de lícitos, 
os bens são formalmente 
incorporados ao sistema 
econômico, retornando 
através de investimentos na 
prática de novos delitos ou 
no mercado mobiliário ou 
imobiliário. 
 A fase de layering, ou dissimulação, na lavagem de dinheiro, é aquela em que se busca dar aos recursos 
financeiros a aparência de legítimos, à qual se sucede a fase de integração (integration). 
JÁ CAIU CESPE: No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue 
o item subsequente. 
O crime de lavagem de capitais, consoante entendimento consolidado na doutrina e na jurisprudência, divide-
se em três etapas independentes: colocação (placement), dissimulação (layering) e integração (integration), 
não se exigindo, para a consumação do delito, a ocorrência dessas três fases. 
CERTO! Segundo a Jurisprudência do STF não é necessária a ocorrência dessas três fases para a 
consumação do delito. O STF aduz que as fases são modelos doutrinários e didáticos, não exigindo o seu 
cumprimento. (RHC 80816). 
JÁ CAIU CESPE: Acerca da legislação penal especial e dos crimes contra a administração pública 
e contra a fé pública, julgue os itens subsequentes. 
Aquele que ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade 
de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal, praticará o delito de 
receptação. 
ERRADO!!! In casu, restará configurado o delito de lavagem de capitais, conforme o art. 1º da referida lei. 
Vejamos: 
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de 
bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. 
JÁ CAIU CESPE: Consoante a Lei nº 9.613/1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem e ocultação 
de bens, direitos e valores, deverá ser decretada, em favor da União, a perda dos bens, direitos e valores 
objeto de crime de lavagem e ocultação de bens, sem qualquer ressalva. 
 
 
 
 
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ERRADO!!! O erro da assertiva está relacionado ao caráter absoluto apontado, quando, em verdade, admite-
se ressalvas. Vejamos: 
Art. 4º § 10. Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, o juiz decretará, em favor, 
conforme o caso, da União ou do Estado: III - a perda dos bens não reclamados no prazo de 90 (noventa) 
dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de 
boa-fé. 
JÁ CAIU CESPE: Para a configuração do crime de lavagem ou ocultação de valores, é 
imprescindível o especial elemento subjetivo, sob pena de exclusão da tipicidade. 
CERTO! Isso porque o crime de lavagem de capitais só é punido à titulo de dolo. Desse modo, exige-se 
o dolo, seja ele direto ou eventual, não se admitindo a lavagem de capitais na modalidade culposa. Não é 
necessário que o agente tenha conhecimento específico da infração antecedente praticada, bastando para a 
reprovação que tenha conhecimento da origem e natureza delituosa dos valores, bens ou direitos envolvidos. 
Segundo doutrina majoritária, o crime de lavagem exige especial fim de agir, consubstanciado na vontade de 
reciclar o capital sujo por meio de diversas operações comerciais ou financeiras com o objetivo de conferir 
a ele uma aparência supostamente lícita. 
JÁ CAIU CESPE: No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue 
o item subsequente. 
O crime de lavagem de capitais, delito autônomo em relação aos delitos que o antecedam, não está inserido 
no rol dos crimes hediondos. 
CERTO! 
Jurisprudência: 
O crime de lavagem de dinheiro, por ser autônomo, não depende da instauração de processo administrativo-
fiscal. Os fatos descritos na denúncia, se comprovados, podem tipificar o crime descrito na norma penal 
vigente, devendo, quanto a este, prosseguir a ação penal. Precedentes." (HC 85.949, rel. min. Cármen Lúcia, 
julgamento em 22-8-2006, Primeira Turma, DJ de 6-11-2006.) 
A repatriação dos valores objeto do crime de lavagem de dinheiro não tem qualquer consequência em relação 
à tipicidade da conduta, que já estava consumada quando da devolução do dinheiro ao erário alemão. O crime 
de lavagem de dinheiro em tese praticado no Brasil não se confunde com o crime contra o sistema financeiro 
nacional pelo qual o paciente está sendo processado na Alemanha. A lavagem de dinheiro é crime autônomo, 
não se constituindo em mero exaurimento docrime antecedente. Assim, não há bis in idem ou litispendência 
entre os processos instaurados contra o paciente no Brasil e na Alemanha." (HC 92.279, rel. min. Joaquim 
Barbosa, julgamento em 24-6- 2008, Segunda Turma, DJE de 19-9- 2008). 
No mais, efetivamente não se encontra no rol dos crimes hediondos. 
JÁ CAIU CESPE: Conforme a jurisprudência do STJ, não impede o prosseguimento da apuração de 
cometimento do crime de lavagem de dinheiro a extinção da punibilidade dos delitos antecedentes. 
 
 
 
 
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CERTO! Uma vez ocorrendo a extinção da punibilidade do crime antecedente ao de lavagem de capitais, 
não haverá impedimento para o processamento do crime de lavagem de capitais. Nesse sentido, vejamos o 
que dispõe a legislação: 
Art. 2º. § 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, 
sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a 
punibilidade da infração penal antecedente. 
JÁ CAIU CESPE: No que se refere à legitimidade para o polo passivo da ação penal por lavagem de 
capitais, é dispensável a participação do acusado do crime de lavagem de dinheiro nos delitos a ele 
antecedentes, sendo suficiente que ele tenha conhecimento da ilicitude dos valores, dos bens ou de direitos 
cuja origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade tenha sido ocultada ou dissimulada. 
CERTO! No Ordenamento Jurídico Brasileiro, a participação na infração antecedente não é condição para 
que se possa ser sujeito ativo do crime de lavagem de capitais. Desde que tenha conhecimento quanto à 
origem ilícita dos valores, é perfeitamente possível que o agente responda pelo crime de lavagem de capitais, 
mesmo sem ter concorrido para a prática da infração antecedente. 
JÁ CAIU CESPE: É crime ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, 
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração 
penal, sendo a pena referente a esse crime aumentada de um a dois terços, caso tenha sido cometido de forma 
reiterada ou por intermédio de organização criminosa. 
CERTO! A assertiva encontra-se em consonância ao previsto no art. 1º, §4º da Lei de lavagem de capitais. 
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de 
bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. § 4º A pena será 
aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por 
intermédio de organização criminosa. 
JÁ CAIU CESPE: Acerca do crime de lavagem de dinheiro e da prevenção e combate a esse tipo de 
crime, julgue os itens que se seguem. 
A expressão lavagem de dinheiro surgiu nos Estados Unidos da América e era usada para se referir a uma 
rede de lavanderias usadas para facilitar a colocação em circulação de dinheiro oriundo de operações ilícitas. 
CERTO! Terminologia – A expressão “lavagem de dinheiro” tem origem nos Estados Unidos (money 
laundering), a partir da década de 1920, quando lavanderias na cidade de Chicago teriam sido utilizadas por 
gangsters para despistar a origem ilícita do dinheiro. Assim, por intermédio de um comércio legalizado, 
buscava-se justificar a origem criminosa do dinheiro arrecadado. Em virtude do exposto, a expressão restou 
consagrada. (Renato Brasileiro). 
JÁ CAIU CESPE: Se o acusado por crime de lavagem de capital, citado por edital, não comparecer 
nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz 
 
 
 
 
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determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar sua prisão 
preventiva. 
ERRADO!!! A assertiva encontra-se equivocada, isso porque nos termos do art. 2º, § 2º da Lei de lavagem 
de dinheiro, “no processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei 
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem 
constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor 
dativo”. 
***Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos 
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas 
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
(Referido dispositivo NÃO SE APLICA no contexto da lei de lavagem de capitais, conforme vedação 
expressa). 
JÁ CAIU CESPE: As medidas assecuratórias previstas na lei sobre drogas (Lei n.º 11.343/2006) e 
na que dispõe sobre lavagem de capitais (Lei n.º 9.613/1998) podem ser decretadas tanto na fase de inquérito 
policial quanto na etapa processual, impondo-se, em ambas as normas, como condição especial para o 
conhecimento do pedido de restituição de bens apreendidos, o comparecimento pessoal do acusado em juízo. 
CERTO! Assertiva correta, conforme dispõe a legislação. Vejamos: 
Art. 4º. § 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de 
interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários 
à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1º. 
 
Dos Informativos: Lavagem de Dinheiro 
 
2017 
 
Condenação por lavagem no “caso Maluf” 
 
Pratica o crime de lavagem de dinheiro o Deputado Federal que encobre (oculta) o dinheiro recebido decorrente de 
corrupção passiva, utilizando-se, para tanto, de contas bancárias e fundos de investimentos situados na Ilha de Jersey, 
abertos em nome de empresas “offshores”, com o objetivo de encobrir a verdadeira origem, natureza e propriedade 
dos referidos aportes financeiros. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 
866). 
 
Lavagem de dinheiro, na modalidade “ocultar”, é crime permanente 
 
O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98, 
quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime permanente. 
A característica básica dos delitos permanentes está na circunstância de que a execução 
desses crimes não se dá em um momento definido e específico, mas em um alongar temporal. 
Quem oculta e mantém oculto algo, prolonga a ação até que o fato se torne conhecido. 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjpro_B9LvUAhXKgpAKHT3mAbUQjRwIBw&url=http://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/relogio-circular&psig=AFQjCNGWCMzuGr8C5EH1JvgmVsdRGtX4Ow&ust=1497480695318968
 
 
 
 
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Assim, o prazo prescricional somente tem início quando as autoridades tomam conhecimento da conduta do agente. 
STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
Culpabilidade de parlamentar que exerce mandato há muitos anos é mais intensa 
 
Na primeira fase da dosimetria em caso de condenação por lavagem de dinheiro, o órgão 
julgador poderá aumentar a pena-base do Deputado Federal que exerce mandato há muitos anos, sob o argumento 
de que sua culpabilidade é mais intensa. 
A transgressão da lei por parte de quem usualmente é depositário da confiança popular para o exercício do poder 
enseja juízo de reprovação muito mais intenso do que seria cabível em se tratando de um cidadão comum. STF. 1ª 
Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
Reprovabilidade do crime cometido por “homem público” é maior 
 
Se um Deputado Federal que exerce mandato há muitos anos é condenado, o órgão julgador poderá aumentar a pena-
base atribuindo destaque negativo para a “reprovabilidade”. 
A circunstância de o réu ser homem de longa vida pública, acostumado com regras jurídicas, enseja uma maior 
reprovabilidadeem sua conduta considerando a sua capacidade acentuada de conhecer e compreender a necessidade 
de observar as normas. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
Pena pode ser aumentada se a lavagem de dinheiro ocorreu por meio de várias transações financeiras 
envolvendo diversos países 
 
A pena-base pode ser aumentada, no que tange às “circunstâncias do crime”, se a lavagem de dinheiro ocorreu num 
contexto de múltiplas transações financeiras e de múltipla transnacionalidade, o que interfere na ordem jurídica de 
mais de um Estado soberano. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
Pena pode ser aumentada se o crime de lavagem envolveu grandes somas de valores 
 
Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base poderá ser aumentada (“consequências do crime”) 
tendo em vista que, neste caso, considera-se que o delito violou o bem jurídico tutelado de forma muito mais intensa 
do que o usual. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crimes Hediondos 
Lei nº 8.072/90 
 
 
 
 
 
 
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26 
1. Lei nº 8.072/90 e sua origem histórica | previsão constitucional 
 
A Lei nº 8.072/90 foi a primeira lei no ordenamento jurídico brasileiro a disciplinar os crimes 
hediondos, sendo objeto de várias reformas desde a sua edição. Nessa esteira, nos remetendo ao 
contexto histórico temos que o termo “crimes hediondos” é fruto da Constituição Federal, sendo a 
referida expressão descrita ao teor do art. 5º. Vejamos. 
A CF dispõe “a lei definirá os CRIMES HEDIONDOS”– trata-se de uma norma de eficácia limitada 
(depende de regulamentação por lei ordinária para a sua aplicação). 
 
Art. 5º. XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evita-los, se omitirem. 
 
Em um primeiro momento, na redação original o único crime hediondo no Brasil era a extorsão 
mediante sequestro. 
 
2. Conceito de crime hediondos 
 
Candidato, o que se entende por crime hediondo? Excelência, existem determinados critérios para 
definir o que é crime hediondo, a saber: critério legal, critério judicial e critério misto. 
Sistemas/critérios para definir os crimes hediondos! 
 
a) Critério Legal: crime hediondo é aquele que a lei define como tal. É aquele que a lei 
classifica como hediondo, pouco importando a gravidade no plano abstrato. 
b) Critério Judicial: é o juiz, no caso concreto, que vai analisar e definir se o crime é ou não 
hediondo. 
c) Critério Misto: o legislador fornece parâmetros mínimos, possuindo o juiz liberdade dentro 
desse parâmetro para classifica-lo como crime hediondo ou não. 
Critério legal Critério judicial Critério misto 
Cabe ao legislador enunciar, 
de forma exaustiva, os crimes 
que devem ser considerados 
hediondos. 
Levando-se em consideração 
os elementos do caso 
concreto, confere-se ao 
magistrado ampla liberdade 
para identificar a natureza 
hedionda de determinada 
conduta delituosa. 
O legislador apresenta 
preceitos mínimos, cabendo 
ao juiz enquadrar 
determinada conduta 
delituosa como hedionda. 
 
 
 
 
 
27 
27 
➔ O Ordenamento Jurídico brasileiro adota o CRITÉRIO LEGAL, é a conclusão que podemos 
extrair da leitura do art. 5º, XLIII da CF “A lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem”. 
 
Para regulamentar o referido inciso, vem o art. 1º da Lei nº 8.072/90 “são considerados crimes 
hediondos os seguintes crimes, todos tipificados ao teor do Código Penal, consumados ou 
tentados”. 
 
• Crimes hediondos versus tentativa → a natureza tentada de um crime rotulado pela lei não 
exclui a sua hediondez. A tentativa não altera a classificação do crime como hediondo, 
funcionando como uma mera causa de redução de pena (1 a 2/3). Dessa forma, temos que 
“para fins de reconhecimento da natureza hedionda, pouco importa que o delito seja 
consumado ou tentado”. 
 
Obs.1: Cuidado! Determinadas questões negam a natureza hedionda quando o crime é na sua 
modalidade tentada, o que se apresenta equivocado, posto que a legislação dispõe que será 
hediondo tanto o crime na sua forma consumada quanto tentada. 
 
• É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes hediondos? Não, pois os 
crimes hediondos são logicamente incompatíveis com o princípio da insignificância. A 
própria CF exigiu um tratamento diferenciado, sendo mais rigoroso em relação aos crimes 
hediondos e equiparados. 
 
O art. 5º, XLIII da Constituição Federal impõe patamar mínimo ao legislador, revestindo-se a 
norma constitucional em verdadeiro “mandado constitucional de criminalização”. 
Candidato, o que se entende por Mandado Constitucional de Criminalização? 
 
Os mandados de criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário 
não tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados 
bens ou interesses de forma adequada e, dentro do possível, integral. 
 
As Constituições modernas não se limitam a especificar restrições ao poder do Estado e 
passam a conter preocupações com a defesa ativa do indivíduo e da sociedade em geral. 
A própria Constituição impõe a criminalização visando à proteção de bens e valores 
constitucionais, pois do Estado, espera-se mais de uma atividade defensiva. Requer-se 
torne eficaz a Constituição, dando vida aos valores que ela contemplou. 
 
 
 
 
 
28 
28 
Conclusão: A Lei nº 8.072/90 define os crimes hediondos, anunciando as consequências 
penais e processuais, obedecendo mandado constitucional de criminalização, esculpida no 
art. 5º, XLIII da Constituição Federal. 
 
O STF considera os crimes hediondos como de “máximo potencial ofensivo”: 
Crimes de menor potencial 
ofensivo 
Crimes de médio potencial 
ofensivo 
Crimes de elevado potencial 
ofensivo 
São as contravenções 
penais e crimes com pena 
máxima de anos, sendo da 
competência do Juizado 
Especial Criminal, 
admitem os benefícios da 
transação penal e da 
composição dos danos 
civis. 
São aqueles que admitem a 
suspensão condicional do 
processo) – art. 89 da Lei 
9.099/95. São os crimes 
com pena mínima de até 1 
(um) ano, pouco 
importando a pena máxima. 
São aqueles incompatíveis 
com os benefícios da Lei nº 
9.099/95 – não cabe 
transação penal; não cabe 
suspensão condicional do 
processo. 
Crimes de máximo potencial ofensivo 
Esses crimes são aqueles previstos no art. 5º, XLII, XLIII e XLIV da Constituição 
Federal. 
São aqueles previstos no art. 5º da CF, XLII, XLIII, XLIV: 
 
LII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à 
pena de reclusão, nos termos da lei; 
LIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e 
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá- los, se omitirem; 
 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, 
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 
 
 
3. Rol dos crimes hediondos 
 
O rol dos crimes hediondos é taxativo, estampado ao teor do art. 1º da Lei nº 8.072/90. Assim, o juiz 
não pode no caso concreto definir aquela conduta como crime hediondo se não estiver capitulado no 
referido rol. Deverá fazer um juízo de adequação caso concreto versus crime estipulado nalegislação. 
Caso o crime esteja capitulado no rol de crimes hediondos, será assim considerado. 
3.1 Natureza hedionda do crime de homicídio 
Na redação original da Lei nº 8.072/90, o crime de homicídio não constava no rol dos crimes 
hediondos, passando a ser considerado como tal apenas com o advento da Lei Glória Perez (Lei nº 
8.930/94). 
 
 
 
 
29 
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Quando a Lei n° 8.072/90 entrou em vigor em 26 de julho de 1990, o crime de homicídio, mesmo que 
qualificado, não era etiquetado como hediondo. Ocorre que, em virtude das chacinas da Candelária e de 
Vigário Geral, e do assassinato da artista da Rede Globo Daniela Perez, fato este ocorrido no final do ano 
de 1992, houve enorme clamor social provocado pela mídia para que o crime de homicídio fosse incluído no 
rol dos crimes hediondos. (Renato Brasileiro, pág. 199, 2017). 
 
O homicídio SEMPRE é crime hediondo? O homicídio qualificado é crime hediondo, homicídio 
privilegiado, por sua vez, não é hediondo. Por fim, o homicídio simples, em regra, não é crime 
hediondo, contudo, será considerado hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente e homicídio qualificado. Ante o exposto, 
contemplamos que nem sempre o homicídio é considerado crime hediondo. 
Logo: 
Homicídio qualificado Hediondo 
Homicídio privilegiado NÃO é hediondo 
Homicídio simples Em regra, NÃO É hediondo. 
Exceção: quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente. 
Homicídio híbrido (qualificado-privilegiado) Não é crime hediondo. 
 
Candidato, o homicídio hibrido (qualificado-privilegiado) é considerado hediondo? Excelência, 
inicialmente cumpre destacarmos que é dominante o entendimento no sentido da possibilidade de 
reconhecimento da figura do homicídio qualificado-privilegiado, combinando-se os§§ 1º e 2° do art. 
121 do Código Penal, desde que a qualificadora tenha natureza objetiva (incisos III e IV). 
Nesse sentido, os tribunais entendem que não poderá ser considerado hediondo, pois a hediondez é 
incompatível com o privilégio. Há, contudo, doutrina argumentando que sendo o privilégio uma mera 
causa de diminuição de pena, não deveria afastar o caráter hediondo (posição para provas de MP e 
Delegado/discursiva e oral). 
A posição do STJ, majoritária, é no sentido de que o homicídio hibrido não é crime hediondo. 
Lembre-se! Homicídio qualificado-privilegiado é hediondo? Não. Na eventual hipótese de os jurados 
reconheceram a existência de homicídio qualificado-privilegiado, tal crime jamais poderá ser 
considerado hediondo. Primeiro, porque não há qualquer referência ao homicídio privilegiado na Lei. 
Segundo, porque seria absolutamente incoerente rotular como hediondo um crime de homicídio, por 
exemplo, mediante valor moral ou social. Por fim, como as causas de diminuição de pena enumeradas 
 
 
 
 
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no art. 121, §1º do CP, tem natureza subjetiva, e as qualificadoras porventura reconhecida neste 
homicídio qualificado-privilegiado devem, obrigatoriamente, ter natureza objetiva, há de se 
reconhecer a natureza preponderante daquelas, aplicando-se raciocínio semelhante àquele constante 
do art.67 do Código Penal. 
 STJ: “(...) Entendendo não haver contradição no reconhecimento de 
qualificadora de caráter objetivo (modo de execução do crime), e do privilégio, sempre de natureza 
subjetiva”. (STF, 1º Turma, HC 89.921|PR). O homicídio qualificado-privilegiado não pode ser 
considerado hediondo (STJ, HC 153.728|SP). 
 
3.2 Natureza hedionda do crime de lesão corporal 
A lesão corporal, em regra, não é crime hediondo. Atualmente, apenas em duas hipóteses é que a 
lesão corporal será considerada crime hediondo: 
→Lesão gravíssima ou lesão corporal seguida de morte quando praticadas contra autoridade ou 
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; 
A referida hipótese legal fora acrescentada com o advento da Lei 13.142/2015, a qual alterou o 
Código Penal, assim como a Lei de Crimes Hediondos. 
 
 
 
 
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31 
 
 
 
Acessar: http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/comentarios-sobre-lei-131422015-que.html 
 
3.3 Natureza hedionda do crime de Latrocínio (art. 157,§3º, in fine) 
O crime de latrocínio está previsto no art. 157, §3º, parte final, do Código Penal, restando 
caracterizado quando, da violência empregada durante e em razão da prática do crime de roubo, 
ocorrer a produção do resultado morte, hipótese em que a pena a ser aplicada será de reclusão de 20 
a 30 anos, sem prejuízo da multa. 
Cumpre destacarmos que, o §3º do art. 157 prevê duas formas por meio das quais o crime de roubo é 
qualificado, lesão grave ou morte. 
Atenção! Somente a subtração seguida de morte da vítima é considerada latrocínio e sofre as 
consequências impostas pela Lei nº 8.072/90. Lembre-se! Roubo qualificado pela lesão grave não é 
latrocínio, e consequentemente, não é crime hediondo. 
Para a ocorrência da qualificadora do latrocínio, o resultado morte deve ter sido causado ao menos 
culposamente. 
O art. 157, §3º dispõe que se da violência resulta morte, logo, não há latrocínio quando a morte 
decorre de grave ameaça. 
http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/comentarios-sobre-lei-131422015-que.html
 
 
 
 
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Além disso, para que haja latrocínio é necessário que a morte decorra da violência empregada durante 
e em razão do assalto. É necessário o fator tempo e o fator nexo, faltando um desses fatores, não há 
que se falar em latrocínio. 
 
 
Súmula 610, STF. Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o 
agente a subtração dos bens da vítima. 
 
3.4 Natureza hedionda do crime de Extorsão 
A extorsão, em regra, não é crime hediondo, contudo será considerado hediondo “quando qualificado 
pela morte”. 
De acordo com art. 1º, inciso III, da Lei n. 8.072/90, o delito de extorsão qualificada pela morte 
previsto no art. 158, §2º, do Código Penal, também é considerado crime hediondo. Da mesma forma 
que ocorre com o crime de roubo, a extorsão somente será considerada hedionda quando qualificada 
pela morte. 
→ A extorsão em regra não é crime hediondo. Porém, quando for qualificada pela morte, será delito 
desta natureza (Art. 1º, III, Lei 8.072/90). 
 
→Há polêmica envolvendo o sequestro relâmpago (art. 158, § 3º, do CP), que é uma modalidade 
qualificada da extorsão. 
Por força da Lei nº. 11.923/09, foi acrescido o §3º ao art. 158 do Código Penal, para tipificar o 
denominado sequestro relâmpago: “Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da 
vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, 
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as 
penas previstas no art. 159, §§2º e 3º, respectivamente”. 
 
Esse crime, havendo morte, é hediondo? 
Apesar da tipificação dessa nova modalidade delituosa pela Lei n. 11.923/09, a Lei dos crimes 
hediondos não foi alterada a fim de se nela fazer inserir o referido crime, do que deriva a conclusão 
de que tal delito não pode ser considerado hediondo, ainda que qualificado pelo resultado morte (CP, 
art. 158, §3º, in fine). Houve evidente desídia por parte do legislador no tocante ao crime do art. 158, 
 
 
 
 
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§3º, qualificado pelo resultado morte. Prevalece que essa desídia não permite considerar o sequestro 
relâmpago qualificado pelo resultado morte como crime hediondo, sob pena de se fazer evidente 
analogia in malam partem, violando-se, por consequência, o princípio da legalidade, sendo este o 
entendimento que prevalece. 
 
3.5 Natureza hedionda do crime de Extorsão mediante sequestro

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