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Atualizado conforme: Lei 13.769/2018 - altera o CPP para estabelecer a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. Lei 13.721/2018 - altera o CPP para estabelecer prioridade à realização do exame de corpo de delito nos crimes de violência contra mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. Lei 13.718/2018 – alteração a espécie de ação penal nos crimes contra a dignidade sexual. Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência. Manual Caseiro de Processo Penal I Edição 2019.1 I Legislação Especial Edição 2019.1 Atualizado conforme: Lei 13.603/18 - Acrescenta a simplicidade nos processos dos Juizados Especiais Criminais. Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência. Lei 13.772/2018 que promoveu uma pequena mudança na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) para deixar expresso que a violação da intimidade da mulher é uma forma de violência doméstica, classificada como violência psicológica. 1 1 Sumário LAVAGEM DE CAPITAIS ........................................................................................................................................ 2 CRIMES HEDIONDOS ............................................................................................................................................ 25 JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS ...................................................................................................................... 54 LEI DE DROGAS ..................................................................................................................................................... 90 LEI MARIA DA PENHA ........................................................................................................................................ 166 LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ......................................................................................................... 218 LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ............................................................................................................... 241 ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................................................................................. 295 TORTURA............................................................................................................................................................... 311 IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL .............................................................................................................................. 333 INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO .................................................................... 354 EXECUÇÃO PENAL .............................................................................................................................................. 370 CRIMES DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .................................................................... 426 CRIMES NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - CDC ...................................................................... 466 ESTATUTO DO DESARMAMENTO ............................................................................................................... 46692 2 2 LAVAGEM DE CAPITAIS Lei nº 9.613/98 1. Histórico da Lei nº 9.613/98 A criminalização da Lavagem de Capitais surgiu na CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS contra o TRÁFICO DE ILÍCITO DE ENTORPECENTES, celebrado no ano de 1988, em Viena. Na referida Convenção, chegou-se a conclusão de que seria impossível o combate ao tráfico, se não houvesse uma repressão as movimentações financeiras realizadas pelo tráfico de drogas. É a partir de então que surge a criminalização da Lavagem de Capitais. → Surge da Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes. → Celebrada em Viena em dezembro de 1988. Somente após dez anos, em 1998 surge a lei brasileira que regulamentou a lavagem de capitais no Ordenamento Jurídico Brasileiro. 1.1 Lei nº 12.683/2012 O Ordenamento Jurídico Brasileiro demorou a regulamentar a matéria (lavagem de capitais). Somente após dez anos surge a Lei nº 9.613, vindo a sua edição em 1998. Além da morosidade em sua regulamentação, quando de seu advento, a lei fora criada com expressões que dificultavam a sua aplicação, ou seja, não estava surtindo os efeitos desejados. Desse modo, somente com a alteração trazida pela Lei nº 12.683 de 2012, foi que a lei ganhou maior aplicabilidade. →A Lei nº 12.683/12 surge da necessidade de se tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de capitais. A Lei nº produziu ao menos três grandes mudanças: E quais foram elas? a) Supressão do rol taxativo de crimes antecedentes →Antes do advento da Lei nº 12.683/12, o crime de lavagem de capitais somente estaria configurado se os valores ocultados fossem provenientes direta ou indiretamente de específicos crimes antecedentes. A lei brasileira contemplava um rol taxativo de crimes antecedentes. Dessa forma, não era qualquer crime que poderia dar ensejo a lavagem de capitais, mas só os especificados ao teor da Lei. Nesse contexto, os crimes antecedentes eram: a) tráfico de drogas; b) terrorismo; c) de terrorismo e seu financiamento; d) de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção; e) de extorsão mediante sequestro; f) contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou 3 3 preço para a prática ou omissão de atos administrativos; g) praticado contra o sistema financeiro nacional; h) praticado por organização criminosa; e por fim, i) praticado por particular contra a administração pública estrangeira. Assim, no caso da prática de crime que não constasse no referido rol, ainda que lavasse o dinheiro proveniente de delito, como o crime não constava expressamente do rol, não responderia pela infração tipificada ao teor do art. 1º da Lei de Lavagem de Capitais. Com a Nova redação do art. 1º, “caput”, da Lei 9.613/98, alterada pela Lei 12.683/12, fora revogado todos os tipos penais antecedentes da caracterização da lavagem de capitais. Assim: - revogou-se todos os crimes antecedentes; e - ampliação para o termo para infração penal; Além da revogação dos incisos do art. 1º, o caput do art. 1º sofreu também alteração, modificando a expressão crime por infração penal. Vale lembrar, a expressão infração penal, inclui o crime e a contravenção penal. →Anteriormente, só se tipificava a lavagem de capitais se o crime antecedente fosse um dos elencados na lei de lavagem de capitais. Com a referida modificação, passou-se a admitir quaisquer infração penais como crime antecedente. Qualquer mesmo? Renato Brasileiro ensina que deve referir-se a infração penal que tenha fonte produtora, ou seja, capaz de auferir renda. - Qualquer crime pode funcionar como crime antecedente do crime de lavagem de capitais? A partir da Lei nº 12.683 de 2012, desde que se trate de infração penal produtora (seja capaz de produzir bens, valores, passiveis de lavagem), qualquer delito *(crime ou contravenção) pode funcionar como antecedente da lavagem. Não pode ser objeto de lavagem crimes, que não geram produção (bens ou valores), por exemplo, o crime de prevaricação não pode ser crime antecedente da lavagem de capitais. Em síntese, agora, com a nova Lei, pode figurar como antecedente da lavagem, por ex., o roubo (não elencado no rol taxativo da Lei anterior) ou até mesmo a contravenção do jogo do bicho! Além disso, exige-se porémque a infração penal deve ser produtora de bens, direitos ou valores passíveis de lavagem (por Rogério Sanches). b) Aprimoramento das medidas assecuratórias - Em que consiste essas medidas assecuratórias? São medidas cautelares urgentes que visam resguardar o patrimônio do acusado, para que possa posteriormente suportar os efeitos da condenação, bem como, permitir o seu confisco ao término da persecutio criminis. 4 4 A importância da imposição das medidas assecuratórias é para que o patrimônio possa ser assegurado, posto que na maior parte das vezes, os referidos já estão em nome de terceiros, facilitando ainda mais sua transferência rapidamente, prejudicando o confisco ao final da persecução penal, ou seja, inviabilizando a restauração do prejuízo causado pelo delito. - Legislação Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. Atualmente, a medida pode recair não somente em face dos instrumentos, mas também sobre o produto direto ou indireto das infrações antecedentes, reforçando-se ainda mais o sistema das medidas assecuratórias. Entre as medidas assecuratórias, passou-se a admitir a chamada “alienação antecipada”: - Em que consiste essa alienação antecipada? Consiste na venda do bem no momento inicial das persecução penal, com o objetivo de preservar seus valores. O valor deverá ficar depositado. Consegue-se com isso, a preservação do bem. Se absolvido, o valor será restituído, em contrário, sendo condenado, o Estado fará o confisco. Nesse sentido, Renato Brasileiro conceitua a alienação antecipada de bens “consiste na expropriação antecipada de bens moveis ou imóveis, fungíveis, de fácil deterioração e de difícil conservação, que tenham sido objeto de medidas cautelares patrimoniais, adotada com o objetivo de preservar o valor dos bens”. c) Ampliação das pessoas físicas/jurídicas responsáveis pela comunicação de operações suspeitas – - GATEKEEPERS O legislador estabelece para essas pessoas o dever de conhecer seus clientes – Know Your Costumer. Obs.: fazer leitura do art. 9º da Lei (na integra). São espécies de verdadeiros garantidores, posto que tem o dever de conhecer o cliente, e adotar mecanismos, de modo a impedir que sua operação seja utilizada como estratégia para o crime de lavagem de capitais. 5 5 2. A expressão “Lavagem de dinheiro” A expressão “lavagem de dinheiro” tem origem nos Estados Unidos (money laundering), a partir da década de 1920, quando lavanderias na cidade de Chicago teriam sido utilizadas por gangsters para despistar a origem ilícita do dinheiro. Assim, por intermédio de um comércio legalizado, buscava-se justificar a origem criminosa do dinheiro arrecadado. Em virtude do exposto, a expressão restou consagrada. Cumpre destacarmos que, em alguns países, como na Espanha, utiliza-se a expressão Branqueamento de Capitais”. Nesse contexto, a expressão “lavagem” não constitui o ato de lavar o dinheiro utilizando-se água e produtos químicos. A metáfora simboliza, na verdade, a necessidade de o dinheiro sujo, cuja origem corresponde ao produto de determinada infração penal, ser lavado por várias formas na ordem econômico-financeira com o objetivo de conferir a ele uma aparência lícita (limpa), sem deixar rastro de sua origem espúria. 3. Conceito de Lavagem de Capitais É o ato ou a sequência de atos praticados para encobrir a natureza, localização ou propriedade de bens, direitos ou valores de origem delituosa, com o objetivo de reintroduzi-los à economia formal com aparência lícita. Exemplo: Traficante de Drogas que resolve abrir um posto de gasolina. Em verdade, o lucro não é proveniente do Posto de Gasolina, mas do tráfico. Denota-se que o indivíduo passa a praticar uma série de atos com a finalidade de encobrir (ocultar) a origem dos valores. 4. Gerações da lavagem de capitais 4.1 Leis de 1ª Geração O crime de tráfico de drogas era a única infração penal antecedente na lavagem de capitais. Inclusive, a criminalização da lavagem surgiu na Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico de entorpecentes em Viena. Assim, logo após a Convenção de Viena, as primeiras leis que incriminaram a lavagem de capitais traziam apenas o tráfico ilícito de drogas como crime antecedente, razão pela qual ficaram conhecidas como legislações de primeira geração. → O crime de tráfico de drogas era a única infração penal antecedente na lavagem de capitais. 4.2 Leis de 2ª Geração →Há uma ampliação dos crimes antecedentes. 6 6 Em decorrência da relevância e necessidade de se coibir a movimentação financeira do produto financeiro de outros delitos, também considerados graves, houve uma ampliação do rol dos crimes antecedentes numerus clausus), ou seja, um ROL TAXATIVO, dando origem, assim, às legislações de segunda geração. No Brasil, a Lei nº 9.613 de 98 era em sua redação original uma lei de segunda geração, pois contemplava em sua redação originária um rol taxativo de crimes antecedentes da lavagem de capitais. Você sabia? Em que pese esse entendimento, havia doutrina minoritária entendendo que a Lei nº 9.613 de 98 tratava-se já de lei de terceira geração, isto porque ao prever como crime antecedente a organização criminosa, ampliaria a possibilidade de incidência de quaisquer crimes na sua prática. Referida argumentação perdeu sentido, por ocasião da declaração do STF no julgamento do HC 96.007/SP, no qual restou assentado que o conceito de organizações criminosas não poderia ser extraído da Convenção de Palerma, sob pena de lesão ao disposto no art. 5°, XXXIX, da Constituição Federal. Ora, se o próprio Supremo assentou que não havia definição de organizações criminosas no ordenamento pátrio, pelo menos até o advento da Lei n° 12.694/12 (art. 2°), depreende-se que a Lei n° 9.613/98 era sim uma legislação de segunda geração, porquanto sobravam como infrações antecedentes apenas aquelas listadas nos demais incisos de seu art. 1°. 4.3 Leis de 3ª Geração Na 3ª geração – QUALQUER INFRAÇÃO PENAL pode funcionar como crime antecedente da lavagem de capitais, desde que de fonte produtora. Com as alterações oriundas da Lei nº 12.683, não há dúvidas que a atual lei de lavagem de capitais vigente no Ordenamento Jurídico Brasileiro é de terceira geração. Há, na verdade, uma única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem de capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores passíveis de mascaramento. Obs.: Deve-se estabelecer o mínimo de pena para a infração antecedente, a fim de não popularizar a lei de lavagem de capitais. →Atualmente a única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem de capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores passíveis de mascaramento. Vamos Esquematizar? 1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração O crime de tráfico de drogas era a única infração penal antecedente na lavagem de capitais. Existe um rol taxativo de infrações penais antecedentes. Admitem lavagem de dinheiro de qualquer infração penal antecedente. 7 7 → No Brasil, a Lei nº 9.613 de 98 era INICIALMENTE uma lei de segunda geração, pois contemplava em sua redação originária um rol taxativo de crimes antecedentes da lavagem de capitais. JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem dedinheiro e de abuso de autoridade, julgue o item subsequente. A lei brasileira que criminaliza a lavagem de dinheiro classifica-se como de terceira geração, pois admite que o delito de lavagem de dinheiro pode ter como precedente qualquer ilícito penal. CERTO! 5. Fases da lavagem de capitais 5.1 1ª Fase – Colocação (Placement): consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro. Consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro, dificultando a identificação da procedência dos valores de modo a evitar qualquer ligação entre o agente e o resultado obtido com a prática do crime antecedente. Diversas técnicas são utilizadas nesta fase, tais como o fracionamento de grandes quantias em pequenos valores, que escapam do controle administrativo imposto às instituições financeiras (art. 10, II, c/c art. 11, II, a, da Lei 9.613/98) - procedimento esse conhecido como smurfing, em alusão aos pequenos personagens da ficção na cor azul -, utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham com dinheiro em espécie, remessas ao exterior através de mulas, transferências eletrônicas para paraísos fiscais, troca por moeda estrangeira etc. A colocação é o estágio primário da lavagem e, portanto, o mais vulnerável à sua detecção, razão pela qual devem as autoridades centrar o foco dos maiores esforços de sua investigação nessa fase da lavagem. 5.2 2ª Fase – DISSIMULAÇÃO ou MASCARAMENTO (layering) Nesta fase são realizados diversos negócios ou movimentações financeiras, a fim de impedir o rastreamento e encobrir a origem ilícita dos valores. Realizam-se diversos negócios com a intenção de dificultar, ainda mais, o rastreamento da origem ilícita daqueles valores. 5.3. 3ª Fase – INTEGRAÇÃO (integration) Os referidos valores, agora com aparência licita, são reintroduzidos no sistema financeiro. Nesse contexto, com a aparência lícita, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, geralmente por meio de investimentos no mercado mobiliário ou imobiliário, transações de importação/exportação com preços superfaturados (ou subfaturados), ou aquisição de bens em geral (v.g., obras de arte, ouro, joias, embarcações, veículos automotores). 8 8 Conforme já decidiu o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para que se possa configurar o delito de lavagem de capitais. Vamos Esquematizar? 1ª Fase OCULTAÇÃO/PLACEMENT/CO NVERSÃO/COLOCAÇÃO: 2ª Fase DISSIMULAÇÃO/LAYERING/ MASCARAMENTO: 3ª Fase INTEGRAÇÃO/INTEGRATI- ON/RECYCLING: Consiste na introdução do dinheiro ilícito no Sistema Financeiro. A doutrina denomina “smurfing” técnica de pulverizar, fazer depósitos de uma grande quantidade de dinheiro, fracionadamente, para não levantar suspeitas quanto à origem dos valores. Nessa segunda fase é realizada uma série de negócios ou movimentações financeiras, dificultando a identificação da procedência ilícita dos valores. Para multiplicar/entrecruzar as operações realizadas e apagar o rastro do dinheiro sujo. Já com a aparência de lícitos, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, retornando através de investimentos na prática de novos delitos ou no mercado mobiliário ou imobiliário. Segundo a Jurisprudência do STF não é necessária a ocorrência dessas três fases para a consumação do delito. O STF aduz que as fases são modelos doutrinários e didáticos, não exigindo o seu cumprimento. (RHC 80816). JÁ CAIU CESPE: Para que se caracterize a prática do crime de lavagem, é necessário que o agente percorra todas as etapas, que são a colocação ou introdução do bem, direito ou valor no sistema financeiro, seguida da ocultação ou dissimulação desse bem, direito ou valor e a sua integração ao sistema econômico. ERRADO!!! Conforme já se manifestou o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para que se possa configurar o delito de lavagem de capitais. 6. Tipos de lavagem 7. Bem jurídico tutelado Há várias correntes que buscam definir qual é o bem jurídico tutelado no crime de lavagem de capitais. 1ª Posição → tutela o mesmo bem jurídico tutelado pela infração antecedente; referida corrente entende que lei de lavagem de dinheiro visa resguardar o mesmo bem jurídico tutelado pela infração antecedente. Assim, o branqueamento de capitais obtidos com o tráfico de drogas afetaria a saúde pública, ao asso que a lavagem de dinheiro derivado de furtos lesionaria o patrimônio. Esta corrente é minoritária e tem por crítica principal, o fato de que, protegeria um só crime, variados bens jurídicos conforme o caso. - Reforço de tutela ao bem jurídico do crime antecedente. 9 9 2ª Posição → o bem jurídico tutelado é a Administração da Justiça; o crime de lavagem seria semelhante ao de o favorecimento real, previsto no art. 349 do Código Penal, na medida em que a prática da lavagem de capitais torna difícil a recuperação do produto direto ou indireto da infração antecedente, dificultando a ação da Justiça, conclui-se assim que o bem jurídico tutelado por este delito é a administração da Justiça. Esta teoria também não fora adotada. 3ª Posição → o bem jurídico tutelado é a Ordem econômico-financeira: Esse seria o bem jurídico tutelado, pois gera o abuso do poder econômico, e gera uma concorrência desleal entre os comerciantes. É a posição adotada no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Corroborando, Renato Brasileiro (Legislação Criminal Comentada, 2015) “de acordo com a doutrina majoritária, funciona a lavagem como obstáculo à atração de capital estrangeiro, afetando o equilíbrio do mercado, a livre concorrência, as relações de consumo, a transparência, o acúmulo e o reinvestimento de capital sem lastro em atividades produtivas ou financeiras lícitas, turbando o funcionamento da economia formal e o equilíbrio entre seus operadores. Representa, enfim, um elemento de desestabilização econômica. Trata-se, portanto, de crime contra a ordem econômico-financeira”. É possível a aplicação do princípio da insignificância? Admite-se a INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA aos crimes de lavagem de capitais, desde que preenchidos os seus pressupostos. *Recordar da divergência do patamar do que é considerado insignificante nos crimes contra ordem econômica, STF: 20 mil; STJ: 10 mil, com exclusão da tipicidade material. 4ª Posição → Plurionfesividade: Referida corrente sustenta que a lavagem de dinheiro ofende mais de um bem jurídico. Nesse caso, há quem entenda que os bens jurídicos tutelados são a ordem econômico-financeira e a administração da justiça; ou ainda, mais o bem jurídico tutelado pela infração antecedente. 8. Da acessoriedade da lavagem de capitais →Trata-se de crime acessório também denominado de parasitário. O crime de lavagem de capitais é exemplo de crime acessório (também denominado de PARASITÁRIO), isto porque a tipificação do crime de lavagem de capitais está conectada a uma infração antecedente. Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro “a tipificação do crime acessório, diferido, remetido, sucedâneo, parasitário ou consequencial de lavagem de capitais está atrelada à prática de uma infração penal antecedente que produza o dinheiro, bem ou valor, que será objeto de ocultação. Deveras, pela própria 10 10 leitura do caput do art. 1° da Lei n° 9.613/98, com redação determinada pela Lei n° 12.683/12, percebe-se que o substantivo -infração penal- funciona como verdadeira elementar do art. 1°, existindo uma relação de acessoriedade objetiva entre as infrações. Portanto, a ausência da infração penal antecedente acaba por afastar a própria tipicidade do delito de lavagem de capitais”. → A infração penal “antecedente” é uma elementar do próprio tipo penal de lavagem de capitais. Cuidado: não se pode confundir a dependência para a configuraçãodo delito de lavagem de capitais com o crime antecedente (acessoriedade), com a autonomia do processamento dos delitos – infração ntecedente e lavagem de capitais. De acordo com o art. 2°, II, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei n° 12.683/12, o processo e julgamento dos crimes de lavagem de capitais independe do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos na Lei de Lavagem a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. Embora a lei tenha consagrado a autonomia do processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro, que não precisa tramitar obrigatoriamente com o feito referente à infração penal antecedente em um simultaneus processus, há de se ter extrema cautela com a interpretação desse dispositivo, eis que, na verdade, não há uma total e absoluta independência entre o delito de lavagem de capitais e o delito-base. →Os processos podem tramitar separadamente. A existência da infração penal antecedente deve ser analisada pelo outro juiz como uma questão prejudicial. JÁ CAIU CESPE: No crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, para se tipificar a conduta praticada, é necessário que os bens, direitos ou valores provenham de crime anterior e que o agente já tenha sido condenado judicialmente pelo crime previamente cometido. ERRADO!!! Inobstante seja o crime de lavagem de capitais crime acessório, também denominado de parasitário, não há necessidade de condenação judicial anterior para que o crime reste caracterizado e/ou seja punido pelo delito de lavagem de capitais. Ademais, os processos podem tramitar em separado. Nesse sentido, vejamos o que dispõe a legislação: Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. O processo e julgamento do processo de lavagem independe do processo e julgamento da infração antecedente. (Teoria da Acessoriedade Limitada). 11 11 Obs.1: Apesar de haver uma conexão probatória entre a infração antecedente e a lavagem de capitais, a reunião dos processos não é obrigatória. Se possível, poderá ser determinada, cabendo essa decisão ao juízo competente para o julgamento da lavagem de capitais. →Quem decidirá sobre a junção dos processos, será o do Juiz competente para o processo e julgamento do delito da Lavagem de Capitais. Conexão Probatória Art. 76. A competência será determinada pela conexão: (...) III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. Lei 9.613/98 - Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...) II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. *Trata-se de um acréscimo inserido pela Lei nº 12.863 de 2012. Obs.2: A condenação em relação à infração penal antecedente não é condição sine que non para eventual condenação pelo crime de lavagem de capitais. Se os processos não tramitarem simultaneamente, a existência da infração antecedente deve ser enfrentada, no processo de lavagem, como verdadeira questão prejudicial homogênea. Assim, concluímos que a lavagem poderá ser julgada independentemente da infração penal antecedente. - A infração penal antecedente será levantada como uma questão prejudicial de natureza homogênea. Obs.3: Trabalha-se com a teoria da acessoriedade limitada: conduta típica + ilícito. Na esfera da participação criminal, denomina-se acessoriedade limitada o grau de dependência segundo o qual só se pode castigar a conduta do partícipe quando o fato principal for típico e antijurídico. Obs.4: se a exclusão da conduta antecedente for em decorrência de exclusão de culpabilidade, isso não impede eventual responsabilização pelo crime de lavagem. De igual modo, ocorrendo a extinção da punibilidade do crime antecedente ao de lavagem de capitais, não haverá impedimento para o processamento do crime de lavagem de capitais. Em síntese, para a tipificação do delito de lavagem de capitais, há necessidade de que o delito prévio seja ao menos típico e antijurídico, o que torna impossível a prática da lavagem se o fato antecedente previsto na lei não puder ser considerado crime. Adota-se o princípio da acessoriedade limitada, 9. Sujeitos do crime →Trata-se de crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. 12 12 Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. A lei não exige qualquer qualidade especial do agente para a responsabilização dos delitos esculpidos ao teor da Lei nº 9.613 de 98. Somente se admite, nesse âmbito, a responsabilização penal das pessoas físicas. Autolavagem: trata da possibilidade do autor da infração antecedente também ser responsabilizado pelo crime de lavagem de capitais. O agente responderia: • pela infração antecedente; + • lavagem de dinheiro. 1ª Corrente: sustenta não ser possível, não se admitindo a autolavagem no Brasil, pois aduzem que a ocultação seria um desdobramento natural do crime. →Teoria minoritária. De maneira análoga ao que acontece no delito de receptação, do qual não podem ser sujeito ativo o autor, coautor ou partícipe do crime antecedente, para o autor da infração precedente o aproveitamento do produto auferido configuraria mero exaurimento impunível, integrando-se ao próprio objetivo desejado (meta optata) da atividade delituosa. A título de exemplo, costuma-se citar a hipótese em que o agente compra bem imóvel depois de obter vantagem indevida, mediante a prática de corrupção passiva (art. 317 do CP). O agente registra a propriedade no próprio nome, passando a residir no local. Em tal situação, não seria possível a punição por lavagem, eis que a ocultação dos valores obtidos com o crime antecedente, pelo menos para o seu autor, estaria inserida no curso normal do desenvolvimento da intenção do agente, configurando o denominado fato posterior não punível. Argumenta-se ainda, que quando o agente atua para ocultar o crime praticado, ele atua amparado pelo princípio que veda a autoincriminação. 2ª Corrente: entende ser possível a autolavagem. Obs.1: O direito de não autoincriminação não lhe assegura o direito de praticar outras atividades ilícitas. Tanto é verdade que, comete falsa identidade, aquele que se identifica falsamente para encobrir uma prática delitiva anterior (não fica amparado pela direito a não-autoincriminação). →Teoria que prevalece, sendo acolhida. A Jurisprudência adotada a 2ª Corrente: STF HC 92.279. O Supremo Tribunal Federal tem precedentes no sentido de que o crime de lavagem de capitais não funciona como mero exaurimento da infração antecedente, já que a Lei n. 9.613/98 não exclui a possibilidade de que o ilícito penal antecedente e a lavagem de capitais 13 13 subsequente tenham a mesma autoria, sendo aquele independente em relação a esta (STF, Plenário, Inq. 2.471/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 29/09/2011). No sentido de que a lavagem de dinheiro é crime autônomo, não se constituindo em mero exaurimento da infração antecedente, razão pela qual não haverá bis in idem ou litispendência entre os processos instaurados contra o mesmo acusado pelo branqueamento de capitais e pela infração penal antecedente: STF, 2ª Turma, HC 92.279/RN, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 24/06/2008, DJe 177 18/09/2008. Na mesma linha, segundo o STJ, é possível que o autor da infração antecedente responda por lavagem de dinheiro, dada à diversidade dosbens jurídicos atingidos e à autonomia deste delito: STJ, 5ª Turma, REsp 1.234.097/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 03/11/2011, DJe 17/11/2011. Desnecessidade de participação na infração antecedente Não há necessidade de participacao do autor na infracao penal antecedente para que se configure o crime de lavagem, ou seja, é possível que o sujeito seja agente delitivo no crime de lavagem sem que tenha participado do crime antecedente, desde que tenha consciencia de que os valores por ele ocultado são provenientes da infração antecedente. Advogado como sujeito ativo do crime de lavagem de capitais Inicialmente, cumpre destarcamos que o exercício da advocacia não funciona como uminidade da lavagem de capitais. O advogado pode ser responsabilizado? - pode ser responsabilizado? SIM. - tem obrigação de comunicar operações suspeitas? Ao advogado se impõe o dever de comunicar operações suspeitas de lavagem de capitais às autoridades competentes? Até que ponto esse suposto dever de comunicação é compatível com o sigilo constitucional inerente ao exercício da advocacia? A omissão do advogado em comunicar operações suspeitas pode gerar eventual responsabilidade criminal pela prática do crime de lavagem de capitais? Obs.1: Conforme já destacado acima, o exercício da advocacia não é causa de imunidade em relação à lavagem de capitais. STJ HC 50.933. Obs.2: Embora a lei não expresse de forma clara a pessoa do advogado, entende-se que nesse rol, em decorrência das atividades por este prestada, poder-se-á visualizar a intenção do legislador em inserir o advogado. - Lei 12.863, de 2012 Art. 9º. Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: 14 14 Parágrafo único: Sujeitam-se as mesmas obrigações: XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: Doutrina - Advogados de representação contenciosa: são advogados que atuam na defesa de seus clientes em um processo judicial. Nesse caso, não estão obrigados a comunicar operações suspeitas, sob pena de violação ao sigilo constitucional, inerente a advocacia. - Advogados de operação: diz respeito a atividade de consultoria jurídica não processual (empresarial; tributária). Nesse caso, diante do dever do “know your customer”, existe a obrigação de comunicação de operações suspeitas. →OAB entendeu que os advogados não estariam incluídos entre as referidas pessoas. O advogado que recebe honorários provenientes de infração penal fica com o valor, mesmo sabendo da origem desse dinheiro? Se o serviço advocatício for prestado e o contrato não for fraudulento, o advogado não poderá ser responsabilizado pelo crime de lavagem de capitais. Se, todavia, souber que o valor é ilícito, nada impede que tais valores sejam objeto de medidas assecuratórias. 10. Tipo Objetivo 10.1 Ocultar: esconder a coisa, tirar de circulação, subtrair da vista. Consuma-se com o simples encobrimento. Para que se possa falar em lavagem de capitais, é necessário que a ocultação ocorra com o objetivo de lhe conferir uma aparência licita, e não meramente esconder a coisa objeto de subtração. 10.2 Dissimular: disfarçar, escamotear, tornar pouco perceptível. → Tipo Misto Alternativo: O crime do art. 1º da Lei de Lavagem de Capitais, é crime de AÇÃO MÚLTIPLA, também denominado de conteúdo variado ou tipo misto alternativo. A prática de duas condutas descritas no tipo (ocultar e issimular) não gera concursos de crimes, respondendo o agente por apenas um delito, se praticado no mesmo contexto fático. Distinção entre exaurimento da infração penal antecedente e o crime de lavagem de capitais É imprescindível que tenhamos ciência de que o mero fato de usufruir dos valores obtidos pela prática de um crime não configura o crime de lavagem e capitais. Dessa forma, só podemos falar que haverá lavagem 15 15 de capitais quanto se tentar dar uma destinação ao dinheiro, com as finalidades específicas exigidas no tipo penal em estudo. O simples fato de usufruir do lucro advindo do crime não configura o crime de lavagem. Natureza instantânea ou permanente do crime de lavagem de capitais Para melhor compreensão do tema, imagine a seguinte situação hipotética: no ano de 2005 a 2009 “A” praticou jogo do bicho. Esse dinheiro obtido é depositado em conta no exterior em nome de laranjas, valor depositado em 2009 e permanece até hoje (2017). Ocorre que, em 2009, o jogo do bicho não era infração penal antecedente. Depois de 2009 não houve mais a prática de jogo do bicho. Mas o dinheiro existe até hoje em conta no exterior. Nessa sentido, indaga-se: existe o crime de lavagem de capitais nesse exemplo? Temos duas correntes: Para uma 1º corrente, trata-se de um crime instantâneo de efeitos permanentes. Noutra banda, para uma 2º correste seria crime permanente (crime cuja consumação se prolonga no tempo, porém durante todo esse período o agente detém o poder de fazer cessar a execução do delito). Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro “os verbos utilizados no art. 1°, caput, da Lei n° 9.613/98 – ocultar e dissimular - denotam a existência de crime de natureza permanente, com um continuum riminoso com execução em andamento enquanto o bem permanecer escondido. Como se sabe, compreende-se por crime permanente aquele delito cuja consumação, pela natureza do bem jurídico ofendido, pode protrair-se no tempo, desde que nas mãos do agente o poder de fazer cessar a conduta delituosa”. Entendendo que o crime é permanente, caso o agente iniciasse a consumação do delito de lavagem de produto de uma infração penal antecedente que não figurava no rol do art. 1º antes do advento da Lei nº 12.683 de 2012 e a consumação se prolongasse até o momento posterior ao início da vigência da lei, ela já incidiria nesse fato, isso é, já se poderia falar em lavagem de dinheiro, justamente porque o crime permanente e sua consumação ainda estava ocorrendo no momento em que a novel lei iniciou a sua vigência, nos moldes da Súmula 711 do STF (Coleção Leis Especiais para Concurso, Gabriel Habib, 2016). Súmula n. 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. 11. Tipo Subjetivo No Ordenamento Jurídico Brasileiro o crime de lavagem é punido exclusivamente à título de dolo. → O crime de lavagem de capitais só é punido à titulo de dolo. 16 16 Quais as modalidades de dolo podem ser objeto de punição no crime de lavagem de capitais? a) dolo direto; b) dolo eventual: assume o risco de produzir o resultado. É punido à título de dolo eventual. - Salvo para o art. 1º, §2º, II. (Não admite punição à titulo de dolo eventual). Teoria da Cegueira Deliberada Também denominada de Teoria das instruções da Avestruz. Essa teoria tem origem na jurisprudência norte americana e consiste na análise do aspecto subjetivo da conduta do agente, isso é, verificação do elemento subjetivo do tipo legal de crime de lavagem de dinheiro, mais especificamente o dolo indireto eventual. →A expressão Teoria do Avestruz: o avestruz, ao menor sinal de perigo, enterra a sua cabeça na terra e não vê o que está se passando ao redor. Segundo Renato Brasileiro “essa teoria surge no direito norte americano e vem sendo muito utilizada para os crimes de lavagem de capitais, onde é muito comum que o agente não queira tomar conhecimento da origem ilícita dos valores por ele ocultados, hipótese em que o agente assume o risco de produzir o resultado, daí por que pode ser responsabilizado pelos crimes de lavagem a títulode dolo eventual”. Quando o agente deliberadamente evitar a consciência quanto a origem ilícita dos bens, por ele ocultados, deverá responder pelo crime à titulo de dolo eventual. O agente deliberadamente evita a consciência quanto a origem dos bens. Essa teoria tem incidência caso o agente possua consciência da possível origem do dinheiro o qual está tratando, mas, mesmo assim, deliberadamente cegue-se para tal fato, voluntariamente criando mecanismos que obstam a sua plena consciência da origem ilícita do dinheiro ou deixando de buscar informações que lhe permitam concluir tal origem. Se o agente tem condições de ter consciência sobre a origem ilícita do dinheiro e deliberadamente fecha os olhos para tal fato, pratica o delito de Lavagem de Dinheiro, pois age assumindo o risco de ocultar ou dissimular dinheiro sujo, proveniente de infração penal. (Coleção Leis Especiais para Concurso, Gabriel Habib, 2016). - Caso do Branco do Brasil em Fortaleza. 12. Objeto Material Bem Jurídico Objeto Material Bem da vida que é tutelado pelo tipo penal. São as pessoas ou coisas sobre as quais recai a conduta do agente. 17 17 No crime de lavagem de capitais o objeto material são os bens, direitos ou valores, provenientes direta ou indiretamente, de infração penal. →Produto direto/indireto da infração penal. Produto direto: resultado imediato da operação da conduta delituosa. Produto indireto: dinheiro angariado com a venda do produto. 13. Lavagem da lavagem (lavagem em cadeia) Com o advento da Lei nº 12.683/2012 qualquer infração penal pode figurar como crime antecedente da lavagem de capitais (inclusive, uma outra lavagem de capitais). Nesse sentido, a lavagem em cadeia é a lavagem de capitais que tem como infração penal antecedente um outro crime de lavagem de capitais. →Uma lavagem de capitais é infração penal antecedente de uma outra lavagem de capitais. 14. Regime Especial de Regularização cambial e tributária (RERCT) de valores não declarados mantidos no exterior e extinção da punibilidade do crime de lavagem de capitais. Lei n. 13.254/16 - Art. 1º É instituído o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), para declaração voluntária de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados com omissão ou incorreção em relação a dados essenciais, remetidos ou mantidos no exterior, ou repatriados por residentes ou domiciliados no País, conforme a legislação cambial ou tributária, nos termos e condições desta Lei. Lei n. 13.254/16 - Art. 5º A adesão ao programa dar-se-á mediante entrega da declaração dos recursos, bens e direitos sujeitos à regularização prevista no caput do art. 4o e pagamento integral do imposto previsto no art. 6º e da multa prevista no art. 8º desta Lei. § 1º O cumprimento das condições previstas no caput antes de decisão criminal, em relação aos bens a serem regularizados, extinguirá a punibilidade dos crimes previstos: Lei n. 13.254/16 - Art. 5ºA adesão ao programa dar-se-á mediante entrega da declaração dos recursos, bens e direitos sujeitos à regularização prevista no caput do art. 4o e pagamento integral do imposto previsto no art. 6º e da multa prevista no art. 8º desta Lei. § 1º O cumprimento das condições previstas no caput antes de decisão criminal, em relação aos bens a serem regularizados, extinguirá a punibilidade dos crimes previstos: I – no art. 1º e nos incisos I, II e V do art. 2º da Lei n. 8.137/90; II – na Lei n. 4.729/65; 18 18 III – no art. 337-A do Código Penal; IV - nos seguintes arts. do CP, quando exaurida sua potencialidade lesiva com a prática dos crimes previstos nos incisos I a III: a) 297; b) 298; c) 299; d) 304 VI – no caput e no parágrafo único do art. 22 da Lei n. 7.492/86; VII - no art. 1º da Lei n. 9.613/98, quando o objeto do crime for bem, direito ou valor proveniente, direta ou indiretamente, dos crimes previstos nos incisos I a VI; § 2º A extinção da punibilidade a que se refere o § 1º: II - somente ocorrerá se o cumprimento das condições se der antes do trânsito em julgado da decisão criminal condenatória; III - produzirá, em relação à administração pública, a extinção de todas as obrigações de natureza cambial ou financeira, principais ou acessórias, inclusive as meramente formais, que pudessem ser exigíveis em relação aos bens e direitos declarados, ressalvadas as previstas nesta Lei. 15. Justa Causa Duplicada Quando se oferece a denúncia em face do crime de lavagem de capitais, a Lei nº 9.613 exige-se não apenas o lastro probatório mínimo do crime de lavagem de capitais, mas é preciso também o lastro probatório mínimo da infração penal antecedente. Legislação Art. 2º, §1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. Nesse sentido, preleciona Gabriel Habib (Coleção Leis Especiais para Concurso, 2016) “além dos requisitos genéricos descritos no art.41 do Código de Processo Penal, que são os indícios suficientes da existência da infração penal antecedente. Essa demonstração na denúncia é fundamental para viabilizar o oferecimento da denúncia”. JÁ CAIU CESPE 19 19 JÁ CAIU CESPE: No que concerne aos crimes em espécie, julgue o item seguinte. Em crimes de lavagem de dinheiro, dada a natureza do delito praticado, é incabível a tentativa. ERRADO!!!O crime de lavagem de dinheiro admite tentativa. Vejamos: Art. 1º, § 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal. (Lei nº 9.613/98). JÁ CAIU CESPE: No crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, para se tipificar a conduta praticada, é necessário que os bens, direitos ou valores provenham de crime anterior e que o agente já tenha sido condenado judicialmente pelo crime previamente cometido. ERRADO!!! Inobstante seja o crime de lavagem de capitais crime acessório, também denominado de parasitário, não há necessidade de condenação judicial anterior para que o crime reste caracterizado e/ou seja punido pelo delito de lavagem de capitais. Nesse sentido, vejamos o que dispõe a legislação: Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. O processo e julgamento do processo de lavagem independe do processo e julgamento da infração antecedente. (Teoria da Acessoriedade Limitada). Segundo ensina o Professor Renato Brasileiro, embora a lei tenha consagrado a autonomia do processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro, que não precisa tramitar obrigatoriamente com o feito referente à infração penal antecedente em um simultaneus processus, há de se ter extrema cautela com a interpretação desse dispositivo, eis que, na verdade, não há uma total e absoluta independência entre o delito de lavagem de capitais e o delito-base. Na verdade, essa autonomia é apenas relativa. Isso porque a tipificação do crime acessório, diferido, remetido, sucedâneo, parasitário ou consequencial de lavagem de capitais está atrelada à prática de uma infração penal antecedente que produza o dinheiro, bem ou valor, que será objeto de ocultação. Assim, chegamos a conclusão de que a autonomia é em relação aos processos, mas não a existência do delito em si, visto que o crime de lavagem pressupõe o delito antecedente. JÁ CAIU CESPE: O processo e o julgamento dos crimes de lavagem de dinheiro independem do processo e do julgamento dos crimes antecedentes, ainda que praticados em outro país. CERTO! Conforme o art. 2º, inc.II da Lei nº 9.613/98, determina expressamente que o processo e o julgamento do crime de lavagem de dinheiro não dependem do processo e do julgamento do crime antecedente, mesmo que praticado em outro país. JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem de dinheiro e de abuso de autoridade, julgue o item subsequente. 20 20 De acordo com a jurisprudência do STJ, o delito de lavagem de dinheiro absorve a infração penal antecedente. ERRADO!!! Em sede de lavagem ocorre a dupla imputação, não havendo absorção. JÁ CAIU CESPE: A respeito dos crimes de lavagem de dinheiro e de abuso de autoridade, julgue o item subsequente. A lei brasileira que criminaliza a lavagem de dinheiro classifica-se como de terceira geração, pois admite que o delito de lavagem de dinheiro pode ter como precedente qualquer ilícito penal. CERTO! Na 3ª geração – QUALQUER INFRAÇÃO PENAL pode funcionar como crime antecedente da lavagem de capitais, desde que de fonte produtora. Com as alterações oriundas da Lei nº 12.683, não há dúvidas que a atual lei de lavagem de capitais vigente no Ordenamento Jurídico Brasileiro é de terceira geração. Atualmente a única condição para que esse delito-base possa figurar como antecedente da lavagem de capitais, a de que se trata de infração produtora, ou seja, aquela capaz de gerar bens, direitos ou valores passíveis de mascaramento. Vamos esquematizar as demais gerações? 1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração O crime de tráfico de drogas era a única infração penal antecedente na lavagem de capitais. Existe um rol taxativo de infrações penais antecedentes. → No Brasil, a Lei nº 9.613 de 98 era INICIALMENTE uma lei de segunda geração, pois contemplava em sua redação originária um rol taxativo de crimes antecedentes da lavagem de capitais. Admitem lavagem de dinheiro de qualquer infração penal antecedente. JÁ CAIU CESPE: Em se tratando de crimes de lavagem de dinheiro, o processo e o julgamento será da competência da justiça federal quando a infração penal antecedente for de competência da justiça federal. CERTO! Nos termos do art. 2º, III - são da competência da Justiça Federal: b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal. JÁ CAIU CESPE: Para que se caracterize a prática do crime de lavagem, é necessário que o agente percorra todas as etapas, que são a colocação ou introdução do bem, direito ou valor no sistema financeiro, seguida da ocultação ou dissimulação desse bem, direito ou valor e a sua integração ao sistema econômico. ERRADO!!! Conforme já se manifestou o STF, NÃO há necessidade do preenchimento das três fases para que se possa configurar o delito de lavagem de capitais. 21 21 Fase da Lavagem de Capitais: vamos esquematizar? 1ª Fase OCULTAÇÃO/PLACEMENT/CON VERSÃO/COLOCAÇÃO: 2ª Fase DISSIMULAÇÃO/LAYERING /MASCARAMENTO: 3ª Fase INTEGRAÇÃO/INTEGRAT ION/RECYCLING: Consiste na introdução do dinheiro ilícito no Sistema Financeiro. A doutrina denomina “smurfing” técnica de pulverizar, fazer depósitos de uma grande quantidade de dinheiro, fracionadamente, para não levantar suspeitas quanto à origem dos valores. Nessa segunda fase é realizada uma série de negócios ou movimentações financeiras, dificultando a identificação da procedência ilícita dos valores. Para multiplicar/entrecruzar as operações realizadas e apagar o rastro do dinheiro sujo. Já com a aparência de lícitos, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, retornando através de investimentos na prática de novos delitos ou no mercado mobiliário ou imobiliário. A fase de layering, ou dissimulação, na lavagem de dinheiro, é aquela em que se busca dar aos recursos financeiros a aparência de legítimos, à qual se sucede a fase de integração (integration). JÁ CAIU CESPE: No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue o item subsequente. O crime de lavagem de capitais, consoante entendimento consolidado na doutrina e na jurisprudência, divide- se em três etapas independentes: colocação (placement), dissimulação (layering) e integração (integration), não se exigindo, para a consumação do delito, a ocorrência dessas três fases. CERTO! Segundo a Jurisprudência do STF não é necessária a ocorrência dessas três fases para a consumação do delito. O STF aduz que as fases são modelos doutrinários e didáticos, não exigindo o seu cumprimento. (RHC 80816). JÁ CAIU CESPE: Acerca da legislação penal especial e dos crimes contra a administração pública e contra a fé pública, julgue os itens subsequentes. Aquele que ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal, praticará o delito de receptação. ERRADO!!! In casu, restará configurado o delito de lavagem de capitais, conforme o art. 1º da referida lei. Vejamos: Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. JÁ CAIU CESPE: Consoante a Lei nº 9.613/1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores, deverá ser decretada, em favor da União, a perda dos bens, direitos e valores objeto de crime de lavagem e ocultação de bens, sem qualquer ressalva. 22 22 ERRADO!!! O erro da assertiva está relacionado ao caráter absoluto apontado, quando, em verdade, admite- se ressalvas. Vejamos: Art. 4º § 10. Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, o juiz decretará, em favor, conforme o caso, da União ou do Estado: III - a perda dos bens não reclamados no prazo de 90 (noventa) dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé. JÁ CAIU CESPE: Para a configuração do crime de lavagem ou ocultação de valores, é imprescindível o especial elemento subjetivo, sob pena de exclusão da tipicidade. CERTO! Isso porque o crime de lavagem de capitais só é punido à titulo de dolo. Desse modo, exige-se o dolo, seja ele direto ou eventual, não se admitindo a lavagem de capitais na modalidade culposa. Não é necessário que o agente tenha conhecimento específico da infração antecedente praticada, bastando para a reprovação que tenha conhecimento da origem e natureza delituosa dos valores, bens ou direitos envolvidos. Segundo doutrina majoritária, o crime de lavagem exige especial fim de agir, consubstanciado na vontade de reciclar o capital sujo por meio de diversas operações comerciais ou financeiras com o objetivo de conferir a ele uma aparência supostamente lícita. JÁ CAIU CESPE: No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue o item subsequente. O crime de lavagem de capitais, delito autônomo em relação aos delitos que o antecedam, não está inserido no rol dos crimes hediondos. CERTO! Jurisprudência: O crime de lavagem de dinheiro, por ser autônomo, não depende da instauração de processo administrativo- fiscal. Os fatos descritos na denúncia, se comprovados, podem tipificar o crime descrito na norma penal vigente, devendo, quanto a este, prosseguir a ação penal. Precedentes." (HC 85.949, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 22-8-2006, Primeira Turma, DJ de 6-11-2006.) A repatriação dos valores objeto do crime de lavagem de dinheiro não tem qualquer consequência em relação à tipicidade da conduta, que já estava consumada quando da devolução do dinheiro ao erário alemão. O crime de lavagem de dinheiro em tese praticado no Brasil não se confunde com o crime contra o sistema financeiro nacional pelo qual o paciente está sendo processado na Alemanha. A lavagem de dinheiro é crime autônomo, não se constituindo em mero exaurimento docrime antecedente. Assim, não há bis in idem ou litispendência entre os processos instaurados contra o paciente no Brasil e na Alemanha." (HC 92.279, rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 24-6- 2008, Segunda Turma, DJE de 19-9- 2008). No mais, efetivamente não se encontra no rol dos crimes hediondos. JÁ CAIU CESPE: Conforme a jurisprudência do STJ, não impede o prosseguimento da apuração de cometimento do crime de lavagem de dinheiro a extinção da punibilidade dos delitos antecedentes. 23 23 CERTO! Uma vez ocorrendo a extinção da punibilidade do crime antecedente ao de lavagem de capitais, não haverá impedimento para o processamento do crime de lavagem de capitais. Nesse sentido, vejamos o que dispõe a legislação: Art. 2º. § 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. JÁ CAIU CESPE: No que se refere à legitimidade para o polo passivo da ação penal por lavagem de capitais, é dispensável a participação do acusado do crime de lavagem de dinheiro nos delitos a ele antecedentes, sendo suficiente que ele tenha conhecimento da ilicitude dos valores, dos bens ou de direitos cuja origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade tenha sido ocultada ou dissimulada. CERTO! No Ordenamento Jurídico Brasileiro, a participação na infração antecedente não é condição para que se possa ser sujeito ativo do crime de lavagem de capitais. Desde que tenha conhecimento quanto à origem ilícita dos valores, é perfeitamente possível que o agente responda pelo crime de lavagem de capitais, mesmo sem ter concorrido para a prática da infração antecedente. JÁ CAIU CESPE: É crime ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal, sendo a pena referente a esse crime aumentada de um a dois terços, caso tenha sido cometido de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. CERTO! A assertiva encontra-se em consonância ao previsto no art. 1º, §4º da Lei de lavagem de capitais. Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. § 4º A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. JÁ CAIU CESPE: Acerca do crime de lavagem de dinheiro e da prevenção e combate a esse tipo de crime, julgue os itens que se seguem. A expressão lavagem de dinheiro surgiu nos Estados Unidos da América e era usada para se referir a uma rede de lavanderias usadas para facilitar a colocação em circulação de dinheiro oriundo de operações ilícitas. CERTO! Terminologia – A expressão “lavagem de dinheiro” tem origem nos Estados Unidos (money laundering), a partir da década de 1920, quando lavanderias na cidade de Chicago teriam sido utilizadas por gangsters para despistar a origem ilícita do dinheiro. Assim, por intermédio de um comércio legalizado, buscava-se justificar a origem criminosa do dinheiro arrecadado. Em virtude do exposto, a expressão restou consagrada. (Renato Brasileiro). JÁ CAIU CESPE: Se o acusado por crime de lavagem de capital, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz 24 24 determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar sua prisão preventiva. ERRADO!!! A assertiva encontra-se equivocada, isso porque nos termos do art. 2º, § 2º da Lei de lavagem de dinheiro, “no processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo”. ***Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Referido dispositivo NÃO SE APLICA no contexto da lei de lavagem de capitais, conforme vedação expressa). JÁ CAIU CESPE: As medidas assecuratórias previstas na lei sobre drogas (Lei n.º 11.343/2006) e na que dispõe sobre lavagem de capitais (Lei n.º 9.613/1998) podem ser decretadas tanto na fase de inquérito policial quanto na etapa processual, impondo-se, em ambas as normas, como condição especial para o conhecimento do pedido de restituição de bens apreendidos, o comparecimento pessoal do acusado em juízo. CERTO! Assertiva correta, conforme dispõe a legislação. Vejamos: Art. 4º. § 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1º. Dos Informativos: Lavagem de Dinheiro 2017 Condenação por lavagem no “caso Maluf” Pratica o crime de lavagem de dinheiro o Deputado Federal que encobre (oculta) o dinheiro recebido decorrente de corrupção passiva, utilizando-se, para tanto, de contas bancárias e fundos de investimentos situados na Ilha de Jersey, abertos em nome de empresas “offshores”, com o objetivo de encobrir a verdadeira origem, natureza e propriedade dos referidos aportes financeiros. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). Lavagem de dinheiro, na modalidade “ocultar”, é crime permanente O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98, quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime permanente. A característica básica dos delitos permanentes está na circunstância de que a execução desses crimes não se dá em um momento definido e específico, mas em um alongar temporal. Quem oculta e mantém oculto algo, prolonga a ação até que o fato se torne conhecido. http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjpro_B9LvUAhXKgpAKHT3mAbUQjRwIBw&url=http://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/relogio-circular&psig=AFQjCNGWCMzuGr8C5EH1JvgmVsdRGtX4Ow&ust=1497480695318968 25 25 Assim, o prazo prescricional somente tem início quando as autoridades tomam conhecimento da conduta do agente. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). Culpabilidade de parlamentar que exerce mandato há muitos anos é mais intensa Na primeira fase da dosimetria em caso de condenação por lavagem de dinheiro, o órgão julgador poderá aumentar a pena-base do Deputado Federal que exerce mandato há muitos anos, sob o argumento de que sua culpabilidade é mais intensa. A transgressão da lei por parte de quem usualmente é depositário da confiança popular para o exercício do poder enseja juízo de reprovação muito mais intenso do que seria cabível em se tratando de um cidadão comum. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). Reprovabilidade do crime cometido por “homem público” é maior Se um Deputado Federal que exerce mandato há muitos anos é condenado, o órgão julgador poderá aumentar a pena- base atribuindo destaque negativo para a “reprovabilidade”. A circunstância de o réu ser homem de longa vida pública, acostumado com regras jurídicas, enseja uma maior reprovabilidadeem sua conduta considerando a sua capacidade acentuada de conhecer e compreender a necessidade de observar as normas. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). Pena pode ser aumentada se a lavagem de dinheiro ocorreu por meio de várias transações financeiras envolvendo diversos países A pena-base pode ser aumentada, no que tange às “circunstâncias do crime”, se a lavagem de dinheiro ocorreu num contexto de múltiplas transações financeiras e de múltipla transnacionalidade, o que interfere na ordem jurídica de mais de um Estado soberano. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). Pena pode ser aumentada se o crime de lavagem envolveu grandes somas de valores Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base poderá ser aumentada (“consequências do crime”) tendo em vista que, neste caso, considera-se que o delito violou o bem jurídico tutelado de forma muito mais intensa do que o usual. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). Crimes Hediondos Lei nº 8.072/90 26 26 1. Lei nº 8.072/90 e sua origem histórica | previsão constitucional A Lei nº 8.072/90 foi a primeira lei no ordenamento jurídico brasileiro a disciplinar os crimes hediondos, sendo objeto de várias reformas desde a sua edição. Nessa esteira, nos remetendo ao contexto histórico temos que o termo “crimes hediondos” é fruto da Constituição Federal, sendo a referida expressão descrita ao teor do art. 5º. Vejamos. A CF dispõe “a lei definirá os CRIMES HEDIONDOS”– trata-se de uma norma de eficácia limitada (depende de regulamentação por lei ordinária para a sua aplicação). Art. 5º. XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem. Em um primeiro momento, na redação original o único crime hediondo no Brasil era a extorsão mediante sequestro. 2. Conceito de crime hediondos Candidato, o que se entende por crime hediondo? Excelência, existem determinados critérios para definir o que é crime hediondo, a saber: critério legal, critério judicial e critério misto. Sistemas/critérios para definir os crimes hediondos! a) Critério Legal: crime hediondo é aquele que a lei define como tal. É aquele que a lei classifica como hediondo, pouco importando a gravidade no plano abstrato. b) Critério Judicial: é o juiz, no caso concreto, que vai analisar e definir se o crime é ou não hediondo. c) Critério Misto: o legislador fornece parâmetros mínimos, possuindo o juiz liberdade dentro desse parâmetro para classifica-lo como crime hediondo ou não. Critério legal Critério judicial Critério misto Cabe ao legislador enunciar, de forma exaustiva, os crimes que devem ser considerados hediondos. Levando-se em consideração os elementos do caso concreto, confere-se ao magistrado ampla liberdade para identificar a natureza hedionda de determinada conduta delituosa. O legislador apresenta preceitos mínimos, cabendo ao juiz enquadrar determinada conduta delituosa como hedionda. 27 27 ➔ O Ordenamento Jurídico brasileiro adota o CRITÉRIO LEGAL, é a conclusão que podemos extrair da leitura do art. 5º, XLIII da CF “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem”. Para regulamentar o referido inciso, vem o art. 1º da Lei nº 8.072/90 “são considerados crimes hediondos os seguintes crimes, todos tipificados ao teor do Código Penal, consumados ou tentados”. • Crimes hediondos versus tentativa → a natureza tentada de um crime rotulado pela lei não exclui a sua hediondez. A tentativa não altera a classificação do crime como hediondo, funcionando como uma mera causa de redução de pena (1 a 2/3). Dessa forma, temos que “para fins de reconhecimento da natureza hedionda, pouco importa que o delito seja consumado ou tentado”. Obs.1: Cuidado! Determinadas questões negam a natureza hedionda quando o crime é na sua modalidade tentada, o que se apresenta equivocado, posto que a legislação dispõe que será hediondo tanto o crime na sua forma consumada quanto tentada. • É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes hediondos? Não, pois os crimes hediondos são logicamente incompatíveis com o princípio da insignificância. A própria CF exigiu um tratamento diferenciado, sendo mais rigoroso em relação aos crimes hediondos e equiparados. O art. 5º, XLIII da Constituição Federal impõe patamar mínimo ao legislador, revestindo-se a norma constitucional em verdadeiro “mandado constitucional de criminalização”. Candidato, o que se entende por Mandado Constitucional de Criminalização? Os mandados de criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de forma adequada e, dentro do possível, integral. As Constituições modernas não se limitam a especificar restrições ao poder do Estado e passam a conter preocupações com a defesa ativa do indivíduo e da sociedade em geral. A própria Constituição impõe a criminalização visando à proteção de bens e valores constitucionais, pois do Estado, espera-se mais de uma atividade defensiva. Requer-se torne eficaz a Constituição, dando vida aos valores que ela contemplou. 28 28 Conclusão: A Lei nº 8.072/90 define os crimes hediondos, anunciando as consequências penais e processuais, obedecendo mandado constitucional de criminalização, esculpida no art. 5º, XLIII da Constituição Federal. O STF considera os crimes hediondos como de “máximo potencial ofensivo”: Crimes de menor potencial ofensivo Crimes de médio potencial ofensivo Crimes de elevado potencial ofensivo São as contravenções penais e crimes com pena máxima de anos, sendo da competência do Juizado Especial Criminal, admitem os benefícios da transação penal e da composição dos danos civis. São aqueles que admitem a suspensão condicional do processo) – art. 89 da Lei 9.099/95. São os crimes com pena mínima de até 1 (um) ano, pouco importando a pena máxima. São aqueles incompatíveis com os benefícios da Lei nº 9.099/95 – não cabe transação penal; não cabe suspensão condicional do processo. Crimes de máximo potencial ofensivo Esses crimes são aqueles previstos no art. 5º, XLII, XLIII e XLIV da Constituição Federal. São aqueles previstos no art. 5º da CF, XLII, XLIII, XLIV: LII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; LIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá- los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 3. Rol dos crimes hediondos O rol dos crimes hediondos é taxativo, estampado ao teor do art. 1º da Lei nº 8.072/90. Assim, o juiz não pode no caso concreto definir aquela conduta como crime hediondo se não estiver capitulado no referido rol. Deverá fazer um juízo de adequação caso concreto versus crime estipulado nalegislação. Caso o crime esteja capitulado no rol de crimes hediondos, será assim considerado. 3.1 Natureza hedionda do crime de homicídio Na redação original da Lei nº 8.072/90, o crime de homicídio não constava no rol dos crimes hediondos, passando a ser considerado como tal apenas com o advento da Lei Glória Perez (Lei nº 8.930/94). 29 29 Quando a Lei n° 8.072/90 entrou em vigor em 26 de julho de 1990, o crime de homicídio, mesmo que qualificado, não era etiquetado como hediondo. Ocorre que, em virtude das chacinas da Candelária e de Vigário Geral, e do assassinato da artista da Rede Globo Daniela Perez, fato este ocorrido no final do ano de 1992, houve enorme clamor social provocado pela mídia para que o crime de homicídio fosse incluído no rol dos crimes hediondos. (Renato Brasileiro, pág. 199, 2017). O homicídio SEMPRE é crime hediondo? O homicídio qualificado é crime hediondo, homicídio privilegiado, por sua vez, não é hediondo. Por fim, o homicídio simples, em regra, não é crime hediondo, contudo, será considerado hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente e homicídio qualificado. Ante o exposto, contemplamos que nem sempre o homicídio é considerado crime hediondo. Logo: Homicídio qualificado Hediondo Homicídio privilegiado NÃO é hediondo Homicídio simples Em regra, NÃO É hediondo. Exceção: quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. Homicídio híbrido (qualificado-privilegiado) Não é crime hediondo. Candidato, o homicídio hibrido (qualificado-privilegiado) é considerado hediondo? Excelência, inicialmente cumpre destacarmos que é dominante o entendimento no sentido da possibilidade de reconhecimento da figura do homicídio qualificado-privilegiado, combinando-se os§§ 1º e 2° do art. 121 do Código Penal, desde que a qualificadora tenha natureza objetiva (incisos III e IV). Nesse sentido, os tribunais entendem que não poderá ser considerado hediondo, pois a hediondez é incompatível com o privilégio. Há, contudo, doutrina argumentando que sendo o privilégio uma mera causa de diminuição de pena, não deveria afastar o caráter hediondo (posição para provas de MP e Delegado/discursiva e oral). A posição do STJ, majoritária, é no sentido de que o homicídio hibrido não é crime hediondo. Lembre-se! Homicídio qualificado-privilegiado é hediondo? Não. Na eventual hipótese de os jurados reconheceram a existência de homicídio qualificado-privilegiado, tal crime jamais poderá ser considerado hediondo. Primeiro, porque não há qualquer referência ao homicídio privilegiado na Lei. Segundo, porque seria absolutamente incoerente rotular como hediondo um crime de homicídio, por exemplo, mediante valor moral ou social. Por fim, como as causas de diminuição de pena enumeradas 30 30 no art. 121, §1º do CP, tem natureza subjetiva, e as qualificadoras porventura reconhecida neste homicídio qualificado-privilegiado devem, obrigatoriamente, ter natureza objetiva, há de se reconhecer a natureza preponderante daquelas, aplicando-se raciocínio semelhante àquele constante do art.67 do Código Penal. STJ: “(...) Entendendo não haver contradição no reconhecimento de qualificadora de caráter objetivo (modo de execução do crime), e do privilégio, sempre de natureza subjetiva”. (STF, 1º Turma, HC 89.921|PR). O homicídio qualificado-privilegiado não pode ser considerado hediondo (STJ, HC 153.728|SP). 3.2 Natureza hedionda do crime de lesão corporal A lesão corporal, em regra, não é crime hediondo. Atualmente, apenas em duas hipóteses é que a lesão corporal será considerada crime hediondo: →Lesão gravíssima ou lesão corporal seguida de morte quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; A referida hipótese legal fora acrescentada com o advento da Lei 13.142/2015, a qual alterou o Código Penal, assim como a Lei de Crimes Hediondos. 31 31 Acessar: http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/comentarios-sobre-lei-131422015-que.html 3.3 Natureza hedionda do crime de Latrocínio (art. 157,§3º, in fine) O crime de latrocínio está previsto no art. 157, §3º, parte final, do Código Penal, restando caracterizado quando, da violência empregada durante e em razão da prática do crime de roubo, ocorrer a produção do resultado morte, hipótese em que a pena a ser aplicada será de reclusão de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa. Cumpre destacarmos que, o §3º do art. 157 prevê duas formas por meio das quais o crime de roubo é qualificado, lesão grave ou morte. Atenção! Somente a subtração seguida de morte da vítima é considerada latrocínio e sofre as consequências impostas pela Lei nº 8.072/90. Lembre-se! Roubo qualificado pela lesão grave não é latrocínio, e consequentemente, não é crime hediondo. Para a ocorrência da qualificadora do latrocínio, o resultado morte deve ter sido causado ao menos culposamente. O art. 157, §3º dispõe que se da violência resulta morte, logo, não há latrocínio quando a morte decorre de grave ameaça. http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/comentarios-sobre-lei-131422015-que.html 32 32 Além disso, para que haja latrocínio é necessário que a morte decorra da violência empregada durante e em razão do assalto. É necessário o fator tempo e o fator nexo, faltando um desses fatores, não há que se falar em latrocínio. Súmula 610, STF. Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração dos bens da vítima. 3.4 Natureza hedionda do crime de Extorsão A extorsão, em regra, não é crime hediondo, contudo será considerado hediondo “quando qualificado pela morte”. De acordo com art. 1º, inciso III, da Lei n. 8.072/90, o delito de extorsão qualificada pela morte previsto no art. 158, §2º, do Código Penal, também é considerado crime hediondo. Da mesma forma que ocorre com o crime de roubo, a extorsão somente será considerada hedionda quando qualificada pela morte. → A extorsão em regra não é crime hediondo. Porém, quando for qualificada pela morte, será delito desta natureza (Art. 1º, III, Lei 8.072/90). →Há polêmica envolvendo o sequestro relâmpago (art. 158, § 3º, do CP), que é uma modalidade qualificada da extorsão. Por força da Lei nº. 11.923/09, foi acrescido o §3º ao art. 158 do Código Penal, para tipificar o denominado sequestro relâmpago: “Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§2º e 3º, respectivamente”. Esse crime, havendo morte, é hediondo? Apesar da tipificação dessa nova modalidade delituosa pela Lei n. 11.923/09, a Lei dos crimes hediondos não foi alterada a fim de se nela fazer inserir o referido crime, do que deriva a conclusão de que tal delito não pode ser considerado hediondo, ainda que qualificado pelo resultado morte (CP, art. 158, §3º, in fine). Houve evidente desídia por parte do legislador no tocante ao crime do art. 158, 33 33 §3º, qualificado pelo resultado morte. Prevalece que essa desídia não permite considerar o sequestro relâmpago qualificado pelo resultado morte como crime hediondo, sob pena de se fazer evidente analogia in malam partem, violando-se, por consequência, o princípio da legalidade, sendo este o entendimento que prevalece. 3.5 Natureza hedionda do crime de Extorsão mediante sequestro
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