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Apostila Historia do Brasil

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HISTÓRIA DO BRASIL 
Apostila Digital Licenciada para Carlos ramos de Araujo junior - carlosaraujo1222@hotmail.com (Proibida a Revenda)
 
 
Apostila Digital Licenciada para Carlos ramos de Araujo junior - carlosaraujo1222@hotmail.com (Proibida a Revenda)
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
História do Brasil 1 
 
 
 
 
(Olá candidato. Antes de iniciarmos, gostaria de fazer alguns 
esclarecimentos a respeito do conteúdo. Alguns tópicos 
encontrados a seguir não constarão no edital, como por exemplo 
as revoltas nativistas. Apesar disso o período em que elas 
ocorreram é pedido. Em casos como esse, mesmo tentando 
resumir o conteúdo para que ele não fique muito cansativo, 
achamos melhor deixá-los como parte do texto. Se na tentativa 
de resumir, você notar algum assunto particular faltando, por 
favor, entre em contato conosco. Nossa equipe de tutores está à 
disposição). 
 
Brasil Colonial 
Somente em 1530 é que Portugal finalmente decide iniciar 
a colonização das terras brasileiras. Alguns motivos fizeram 
com que os portugueses se interessassem pelas terras que lhe 
cabiam na América, o primeiro motivo é pelo fato de estarem 
com medo de perder as terras, já que os franceses ignoravam 
o Tratado de Tordesilhas. Outro fato é o de que o comércio de 
especiarias estava ficando cada vez mais complicado, já que as 
despesas da viagem eram enormes e esses produtos 
enfrentavam baixa nos preços. Para completar o cenário, a 
Espanha havia encontrado ouro e prata na América. 
O marco da ocupação começa coma expedição de Martim 
Afonso, que enviado pelo rei em 1530, promove incursões pelo 
interior, na esperança de encontrar ouro e prata. Apesar de 
não encontrar sucesso nessa empreitada ele consegue fundar 
em 1532 a vila de São Vicente, no litoral do atual estado de São 
Paulo. 
 
I. Capitanias Hereditárias 
Foram introduzidas mudas de cana-de-açúcar e o primeiro 
engenho foi construído. Com o êxito da sua expedição, a Coroa 
Portuguesa promove a ocupação do território de forma 
sistemática. Foi implantado o sistema de capitanias 
hereditárias, sistema que já havia sido implantado na 
colonização das ilhas do Atlântico. Primeiro foram dividido 
toda a área que lhe cabia pelo Tratado de Tordesilhas em 
quinze grandes faixas. Esses lotes de terra eram concedidos a 
altos funcionários da Corte, chefes militares e membros da 
baixa nobreza. Dois documentos regulamentavam as 
capitanias, a Carta de Doação, onde era oficializado a 
concessão e o Foral, que fixava os direitos e tributos que 
deveriam ser pagos ao rei e ao capitão donatário. 
 O donatário tinha o direito de posse, mas não era o 
proprietário da terra. Cabia ele apenas ocupar, defender e 
administrar. O sistema de capitanias tinha por característica 
principal a descentralização administrativa, a participação da 
iniciativa privada e a transferência de poderes a particulares. 
 
Contudo o objetivo criador das capitanias nunca foi 
alcançado. Apenas duas delas deram certo, a de Pernambuco e 
a de São Vicente, que alcançaram resultados graças à plantação 
da cana-de-açúcar. As causas desse fracasso se deu pelos 
seguintes motivos: não houve capital necessário para a 
instalação de uma atividade econômica; a incapacidade de 
atrair colonos; hostilidade de grupos indígenas que resistiram 
ao trabalho compulsório. Esse sistema acabou durando até 
meados do século XVIII, algumas capitanias foram 
readquiridas. Em 1754, todas já haviam sido incorporadas pela 
Corte. 
 
II. Governo Geral 
Como as capitanias não deram certo, a Corte cria em 1548, 
o cargo de governador-geral, uma espécie de rei da colônia, 
que centralizava o poder já que este estava acima dos 
donatários. A sede do Governo ficava na capitania da Bahia, 
que já havia sido adquirida pela Corte. O governador-geral era 
auxiliado por um provedor-mor e por um ouvidor-mor, um 
ficava responsável pelas finanças, enquanto o outro aplicava a 
justiça. Os três primeiros governadores-gerais foram Tomé de 
Sousa, Duarte da Costa e Mem de Sá. 
 
III. A Economia Colonial 
Desde o início do processo de colonização, a economia 
colonial sempre assumiu um caráter exportador. A 
monocultura de produtos tropicais garantia uma maior 
rentabilidade. O principal objetivo era o lucro, e foi a partir daí 
que surge a mão-de-obra escrava. 
As primeiras mudas de cana-de-açúcar haviam sido 
trazidas por Martim Afonso e plantadas por ele em São 
Vicente. Em quase todas as capitanias foi tentado fazer o 
cultivo. Contudo, somente as capitanias da Bahia e de 
Pernambuco é que consolidaram essa forma de colonização na 
América. E meados do século XVI, elas já haviam se tornado os 
maiores produtores de açúcar da colônia. Em 1585, 
Pernambuco já possuía 66 engenhos e a Bahia 36. 
Algumas circunstâncias possibilitaram que o plantio da 
cana se consolidasse no Brasil com mais facilidade, como: a 
experiência portuguesa; a existência de condições 
apropriadas; a possibilidade de obtenção de crédito com 
banqueiros holandeses; o interesse em se refinar a maior parte 
do açúcar produzido na colônia para ser comercializados na 
Europa. 
A unidade de produção de açúcar era o engenho, este 
composto por um moinho, canavial, maquinas e edificações. Na 
parte mais alta do terreno ficava a casa-grande, residência do 
proprietário, a senzala, habitação dos escravos e uma capela. 
Como quase toda a produção no Brasil estava na 
monocultura, o país sofreu diversas vezes com a fome. A Coroa 
portuguesa chegou a estabelecer normas que obrigassem a 
produção de diversos gêneros alimentícios, como a mandioca. 
Outras atividades econômicas também foram desenvolvidas 
no Brasil, como a produção de fumo e algodão, que eram 
plantas já cultivadas pelos indígenas. 
 
IV. Os Escravos 
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, a mão-de-obra 
indígena foi amplamente utilizada na extração do pau-brasil. 
Contudo quando é implantada a lavoura de cana-de-açúcar, a 
tentativa de se escravizar os indígenas acabou não dando 
certo. Em 1570, já era proibido a escravização dos nativos. 
Pressionados pela expansão da produção, os portugueses 
começaram a recorrer à mão-de-obra africana, oferecida pelos 
traficantes nos portos brasileiros, e ao contrário dos indígenas, 
como viriam de um lugar estranho, tinham mais dificuldade 
em resistir à escravidão. 
 
 
1. A sociedade colonial: 
economia, cultura, trabalho 
escravo, os bandeirantes e os 
jesuítas. 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
História do Brasil 2 
Apesar dos jesuítas terem sido contra a escravização dos 
indígenas, os negros não tiveram o mesmo apoio, ao contrário, 
para eles a escravidão desses povos era vista como uma forma 
deles pagarem pelos seus pecados. A substituição de uma mão-
de-obra pela outra se deu de forma gradual, somente depois de 
1600 é que os números de escravos superaram a de indígenas 
escravizados. 
 
O comércio de escravos negros já era feita desde 1443. 
Eram originários de diversas partes da África, o que dificultava 
ainda mais a comunicação entre eles. Antes da colonização da 
América, o tráfico negreiro era feito através de escambo, no 
decorrer do século XVI, o tráfico se tornou mais complexo, 
passando a mobilizar muito mais pessoas. 
As condições de viagem eram tão precárias, que os navios 
que os traziam ganharam o nome de tumbeiro. Eram postos de 
100 a 400 pessoas no mesmo lugar, eles viajavam quase nus, 
recebendo muito pouco alimento e água. O navio levava em 
média 35 dias para chegar em Pernambuco. Muitos escravos 
não agüentavam as condições de viagem e acabam morrendo. 
Os que conseguiam chegar a América se deparavam com 
um mundo completamente estranho e hostil. Marido, mulher e 
filhos eram separados e vendidos. Quando chegando nas 
fazendas encontravam condições de trabalho desumanas. As 
mulheres ficavam encarregadas de fazer todo o serviço 
doméstico, além de satisfazerem sexualmente seus donos. Elesviviam sempre sob a ameaça de castigos físicos. 
As formas de resistência desse povo se deram de diversas 
formas, alguns se adaptavam e aceitavam pacificamente, 
outros se revoltavam e feriam seus senhores ou queimavam as 
plantações de cana, outros entravam em depressão, conhecida 
como banzo, e se matavam. Contudo uma forma de resistência 
que ficou bastante conhecida foi a fuga, muitas coletivas, por 
meio dela eles conquistavam a sua liberdade e reconstruíam 
comunidades semelhantes às da África, chamadas de 
quilombolas. A vida econômica nessas comunidades era a de 
subsistência e do trabalho artesanal. O mais famoso quilombo 
do período colonial foi o de Palmares. 
 
V. União Ibérica 
Com a morte de Dom Sebastião e a de seu tio-avô, chegava 
ao fim a dinastia Avis. Esse fato colocou Portugal em uma 
posição ruim, já que Filipe II da Espanha reivindicou o trono 
para si. Em 1581, foi assinado o Tratado de Tomar, que unia os 
dois países sob um só monarca. Essa união perdurou até 1640. 
Na colônia, essa união significou o fim dos limites 
estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas, permitindo a livre 
circulação. Esse fato permitiu que Portugal ampliasse seu 
território. Contudo, ao mesmo tempo em que crescia seu 
território, nações que antes mantiveram relações amigáveis 
com Portugal passaram a ser hostilizadas, como foi o caso da 
Holanda. A colônia portuguesa também foi dividida em duas 
unidades, o Estado do Maranhão e o Estado do Brasil, com sede 
na Bahia. 
 
V-a. Invasão Holandesa no Brasil 
As invasões holandesas foram o maior conflito político-
militar da colônia. Embora concentradas no atual Nordeste, 
não se resumiram a um episódio regional. Fizeram parte do 
quadro de relações internacionais entre os Estados europeus: 
foi uma luta pelo controle do açúcar, bem como das fontes de 
suprimento de escravos. 
O projeto de ocupação da Região Nordeste do Brasil pela 
Companhia Holandesa das Índias Ocidentais passou a 
concentrar-se na ocupação de Pernambuco, já que era lá que 
estava concentrada a maior produção de açúcar. Foram sete 
anos de guerra, até que Portugal desiste. Durante todo o 
conflito, a produção de açúcar ficou comprometida, 
retornando apenas com o governo de Maurício Nassau. 
 
V-b. Restauração de Portugal 
Em 1640, já inconformados coma situação, a população e 
as elites portuguesas se unem ao duque de Bragança, que é 
proclamado rei de Portugal, iniciando assim a dinastia de 
Bragança. Ao mesmo tempo uma aliança com a Inglaterra foi 
formada, dando direito reservados a produtos ingleses. 
 
V-c. Insurreição Pernambucana 
Em 1641, a Holanda invade colônias portuguesas na África, 
três anos depois, o então governador de Pernambuco Maurício 
Nassau é afastado, gerando grande descontentamento na 
população, dívidas atrasadas também foram cobradas, 
levando a população a uma luta armada contra o domínio 
holandês. 
Esse conflito durou nove anos, tendo sido iniciado em 
1945. Quase toda a população foi mobilizada, mas somente em 
1951 é que Portugal manda tropas para ajudar os 
combatentes. Quando os combatentes luso-brasileiros 
sitiaram Recife, é que em 1654 os holandeses assinam a sua 
rendição e se retiram. 
Depois de expulsos, os holandeses acabaram levando suas 
técnicas de produção de açúcar para as Antilhas. Em poucos 
anos, a produção nessa região cresceu, chegando a competir 
com a America portuguesa. Com o aumento da produção, o 
preço do açúcar começou a cair, gerando uma crise nos 
engenhos. Apesar disse o açúcar continuou sendo o principal 
item de exportação da colônia. 
 
VI. Bandeirantes 
Desde o início da colonização, os portugueses 
demonstraram interesse em buscar ouro e prata no interior do 
país. Algumas tentativas foram feitas, mas infelizmente 
fracassadas, a colonização acabou por se fixar somente no 
litoral, desenvolvendo a cultura de cana-de-açúcar. Somente 
em São Paulo é que a economia tomou um rumo diferente. A 
vila de São Paulo acabou por desempenhar um papel 
importante no desbravamento do território brasileiro. Como o 
clima não favorecia a plantação de cana, a população se 
dedicou a caça e venda de índios. A atividade era realizada por 
meio de expedições conhecidas como bandeiras. 
Além de caçar indígenas, os bandeirantes iam atrás de ouro 
e prata. Os que se dedicavam a caça dos nativos eram 
chamados de bandeiras de apresamento, já os que iam atrás de 
metais preciosos eram chamados de bandeiras de prospecção. 
Na segunda metade do século XVII, o número de bandeirantes 
atrás de ouro e prata cresceu. Contudo somente no final do 
século XVII é que se encontraria ouro na região que hoje é 
conhecida como Minas Gerais. 
 
Companhia de Jesus 
A Companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola em 
1534, como resposta para os movimentos religiosos, em 
especial a reforma protestante e a contrarreforma, que 
aconteciam na Europa. Seu objetivo era espalhar a fé católica 
pelo mundo. 
Os primeiros representantes da Ordem jesuítica chegaram 
ao Brasil comandados pelo padre Manuel da Nóbrega, no ano 
de 1549, em uma expedição comandada por Tomé de Souza. 
Após desembarcarem na Bahia, ajudaram na fundação da 
cidade de Salvador, além de percorrerem as capitanias 
vizinhas. 
O Projeto Educacional Jesuítico não era apenas um projeto 
de catequização, mas sim um projeto bem mais amplo, um 
projeto de transformação social, pois tinha como função 
propor e implementar mudanças radicais na cultura indígena 
brasileira. 
Uma das estratégias adotadas por Manuel da Nóbrega na 
conversão dos gentios foi a construção de aldeias de 
catequização, que se situavam próximas das vilas e cidades 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
História do Brasil 3 
portuguesas. Essas aldeias eram habitadas pelos padres 
jesuítas e pelos índios a serem convertidos. 
No ano de 1553, José de Anchieta chega ao Brasil. Anchieta 
esteve à frente do Colégio na vila de São Paulo de Piratininga, 
fundada em 1554. Durante seu tempo no colégio fez contato 
intenso com os grupos indígenas locais, o que auxiliou na 
elaboração de um guia de gramática e um dicionário. 
A partir da década de 1580, a missão realizava-se por meio 
de visitas esporádicas aos grupos localizados nas matas. Essas 
visitas eram espaçadas e demoravam até quinze dias ou mais, 
umas das outras, e os padres não permaneciam muito tempo 
entre os grupos. Devido ao segundo contato ser sempre 
demorado, quando aconteciam os índios já não detinham as 
orientações anteriores. 
Na segunda metade do século XVIII, a presença dos jesuítas 
no Brasil sofreu um duro golpe. Nessa época, o influente 
ministro Marquês de Pombal decidiu que os jesuítas deveriam 
ser expulsos do Brasil por conta da grande autonomia política 
e econômica que conseguiam com a catequese. A justificativa 
para tal ação adveio da ocorrência das Guerras Guaraníticas, 
onde os padres das missões do sul armaram os índios contra 
as autoridades portuguesas em uma sangrenta guerra. 
Apesar desse episódio, a herança religiosa dos jesuítas 
ainda se encontra manifesta em vários setores da nossa 
sociedade. Muitas escolas tradicionais do país, bem como 
várias instituições de ensino superior espalhadas nos mais 
diversos pontos do território brasileiro, ainda são 
administradas por setores dirigentes da Igreja Católica. 
Somente no século XIX, foi que as escolas laicas passaram a 
ganhar maior espaço no cenário educacional brasileiro. 
 
VII. O Ouro em Minas gerais 
A descoberta do ouro em Minas Gerais acabou por 
transformar completamente o perfil econômico da colônia. 
Com essa nova atividade, a sociedade acabou ficando mais 
complexa, com o grande aumento do fluxo comercial, o tráfico 
de escravos aumenta, novos grupos sociais também surgem 
nesse novo cenário. A integração das capitanias acabou por 
formar uma rede de abastecimento para servir a região 
mineradora. As capitanias do nordeste e do sul forneciamcarne, de São Paulo, diversos gêneros alimentícios foram 
produzidos para mandar para lá. Esse aumento do comércio 
interno favoreceu a criação de estradas que ligavam o litoral 
ao interior da colônia. Novas cidades também surgiram. 
Com a notícia de que havia se encontrado ouro na colônia 
se espalhando, mais gente vinha tentar a sorte nessa região. Os 
paulistas eram a maioria, criando núcleos de exploração. Como 
havia sido um paulista a descobrir ao ouro, eles achavam que 
tinham direitos especiais sobre a terra. Muitos que vinham de 
outras regiões vestiam botam de cano longo, logo esses 
aventureiros ganharam o apelido de emboabas. 
Quando um dos líderes dos emboabas enfrentou, junto 
com uma frente armada e conseguiu expulsar os paulistas da 
região de Sabará, o ato foi entendido por eles como uma 
declaração de guerra. Esse conflito ficou conhecido como 
Guerra dos Emboabas. Os paulistas revidaram, atacando 
diversas vezes os acampamentos, mas sem sucesso. 
Após a guerra os paulistas partiram para outros lugares em 
busca de ouro, foram encontrados no Mato Grosso e em Goiás. 
Essas descobertas fizeram com que houvesse um novo fluxo de 
pessoas para essas regiões, desenvolvendo assim a formação 
de novos núcleos populacionais. Foi encontrado também 
nessas duas capitanias diamantes. 
Para se administrar a região, que cada dia atraia mais 
pessoas, a Coroa tomou diversas medidas, como a criação das 
capitanias de São Paulo e Minas Gerais, a criação da 
Intendência das Minas, que seria o órgão encarregado de 
administrar toda a zona mineradora. O Regimento das Minas 
do Ouro foi criado ao mesmo tempo, nele todos os depósitos 
auríferos descobertos deveriam ser divididos em datas. 
Com a mineração dando grande lucro, a Coroa portuguesa 
procurou aumentar ainda mais a sua receita através dos 
impostos cobrados. Os principais impostos cobrados foram o 
quinto e a capitação. O quinto era o tributo que mais 
desagradou a população, pois ele obrigava cada minerador 
pagar a Portugal a quinta parte de todo o ouro extraído. Com 
todos os impostos, a sonegação e o contrabando foram praticas 
comuns na época. 
O auge da mineração aconteceu entre os anos de 1730 e 
1750. Depois da década de 50 a produção do ouro começou a 
cair, levando a população mineira a desenvolver atividades 
complementares como a agricultura e a pecuária. 
 
VIII. A Inconfidência Mineira 
A partir de 1750, com a queda no ritmo da mineração, os 
mineiros não conseguiam mais atingir a cota mínima de 100 
arrobas de ouro por ano, Portugal, inconformado com a 
diminuição dos lucros, resolveu empreender um novo 
imposto: a derrama. Sua cobrança serviria para complementar 
os valores das dívidas que os mineradores acumulavam junto 
à Coroa. Sua arrecadação era feita pelo confisco de bens e 
propriedades que pudessem ser de interesse da Coroa. 
 
Sendo esse um imposto extremamente impopular, as elites 
intelectuais e econômicas, influenciadas pelo iluminismo 
francês, começam a articular um levante contra a Coroa. O 
plano seria colocado em prática em fevereiro de 1789, data 
que estava marcada para ser a derrama. 
Entre os inconfidentes estavam poetas como Claudio 
Manoel da Costa e Tomas Antonio Gonzaga; os padres Carlos 
Correia de Toledo, o coronel Joaquim Silvério dos Reis; e o 
alferes Tiradentes, um dos poucos participantes de origem 
popular dessa rebelião. Esse movimento teve caráter 
separatista, eles iriam proclamar a independência e a 
proclamação de um republica na região de Minas Gerais. 
Com a data da cobrança chegando, as reunião tornaram-se 
cada vez mais frequentes. Quando chegou a data da derrama, 
descobre-se que ela seria revogada e que uma denúncia sobre 
a insurreição havia sido feito. Foi instaurado um inquérito, 
onde na delação de Joaquim Silvério dos reis denuncia seus 
companheiros em troca do perdão de suas dívidas. 
Como o movimento era composto por pessoas da elite, o 
único a assumir a responsabilidade foi Tiradentes, que foi 
enforcado e esquartejado. Seu corpo foi exposto nas vias de 
acesso a Minas. A Inconfidência Mineira, no final, nunca 
aconteceu. 
Apesar do seu caráter separatista, é bom ressaltar que eles 
não pretendiam acabar com a escravidão, nem lutar pela 
independência do Brasil. A Inconfidência foi um movimento 
restrito a região mineira. 
 
IX. Conjuração Baiana 
Ao contrário da Inconfidência Mineira, a Conjuração 
baiana foi um revolta de caráter social, apoiada pela população 
mais pobre, que estava inconformada coma escassez de 
alimentos e a fome vivida na época. Os revoltosos tinham o 
objetivo de por fim a escravidão e propostas de mudanças mais 
radicais. 
Em agosto de 1798, panfletos foram espalhados, 
convocando a população a participar de uma revolta que 
estava sendo preparada. Nesses panfletos, críticas aos 
impostos e reivindicação para os militares eram feitas. 
Inspirados pela Revolução Francesa, os manifestantes também 
mostravam idéias como a formação de uma república, 
liberdade, igualdade, entre outros. 
Com o crescente número de panfletos, o governo iniciou 
uma investigação para descobrir o autor. As investigações 
recaíram sobre Luís Gonzaga das Virgens, em sua casa foram 
encontrados documentos que acabaram por comprometê-lo. 
Coma prisão de Gonzaga das Virgens, o alfaiate João de Deus 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
História do Brasil 4 
tentou libertá-lo, mas antes que conseguisse, ele e seu 
companheiros foram traídos. No total, o processo envolveu 49 
réus, muitos deles sendo alfaiates. 
No final tanto Gonzaga das Virgens como João de Deus, 
foram condenados a forca. Mais dois revoltosos receberam a 
pena de morte, mas um deles conseguiu fugir. Apesar de não 
ter dado certo, os dois movimentos se transformaram em 
símbolos de luta pela independência. 
 
X. Chegada da Corte portuguesa no Brasil 
Logo depois, em 1780, a Revolução Industrial inglesa 
tomaria forma. A produção de manufaturas se acelerava e 
atingia proporções nunca imaginadas, e com elas as antigas 
regras de comércio começariam a cair por terra, incluindo o 
Mercantilismo. 
Para completar o cenário, em 1789, outro evento 
movimentaria novamente toda a Europa. Um movimento 
francês de cunho liberalista acabaria por derrubar o que 
parecia ser estável: a monarquia. Com a morte de Luís XVI, em 
1793, a monarquia começava a perder seu caráter divino. A 
figura do rei como um ícone central e de controle de Estado 
começava a perder forma. Em meio a esta Revolução é que 
surge um personagem que começaria a mudar a história do 
Brasil: Napoleão Bonaparte. 
No século XIX, ele tornou-se soberano do império Francês 
tendo como objetivo alcançar a hegemonia na Europa. Para 
alcançar tal intento, devastou o exército de diversos países 
europeus, exceto as forças militares inglesas. Neste momento, 
Portugal era governado por D. João VI, e sendo os portugueses 
aliados dos ingleses, Dom João acabou ficando em uma 
situação delicada: ir contra Napoleão e correr o risco de uma 
invasão francesa ou esperar para ver a Inglaterra invadir o 
Brasil? 
A saída encontrada, em conluio com os ingleses, foi a 
mudança da Corte portuguesa para o Brasil. Em novembro de 
1807, sob a proteção da força naval inglesa, D. João, sua 
linhagem e a nobreza que o rodeava mudaram-se para o Brasil. 
Em sua chegada, D. João passou alguns dias em Salvador e deu 
uma injeção de ânimo na economia brasileira determinando a 
abertura dos portos. 
Após sair de Salvador, o rei foi para o Rio de Janeiro, lá 
chegando em oito de março de 1808, transformando a cidade 
em sede do governo português. A chegada da família real ao 
Brasil e sua instalação no Rio de Janeiro trouxeram para a 
colônia o status de Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves. 
Já em solo brasileiro, o pacto é quebrado e os portos são 
finalmente abertos. 
 
X-a. Revolução Pernambucana 
Em 1817, aconteceu a revolução pernambucana,movimento em que os revoltosos queriam proclamar a 
República e com isso acabar com o sistema de governo 
existente. Diversos motivos levaram eles a montar esse 
levante: o grande gasto da Corte; rivalidade entre os 
brasileiros e portugueses; influência da independência dos 
EUA; influência da Revolução Francesa; independência de 
algumas colônias espanholas. 
Em Recife os revoltosos organizaram um governo 
provisório que tinha representantes do clero, do comércio, do 
exército, da justiça e dos fazendeiros. Ao tomar conhecimento 
da revolta, Dom João enviou a Pernambuco vários soldados 
para retomar a cidade. Enquanto o porto de Recife era 
bloqueado, tropas baianas atacavam por terra. Apesar de 
lutarem, os rebeldes foram cercados e derrotados, mas muitos 
fugiram para o interior. Os principais líderes foram julgados e 
condenados a morte. 
 
 
 
 
Questões 
 
01. (TJ-SC - Analista Administrativo - TJ-SC/2009) 
Sobre o Período Colonial Brasileiro, assinale a alternativa 
INCORRETA: 
(A) De 1500 a 1530 a economia brasileira gravitou em 
torno do pau-brasil. Após 1530, declinando o comércio com as 
Índias, a coroa portuguesa decidiu-se pela colonização do 
Brasil. 
(B) A extração do pau-brasil foi declarada estanco, ou seja, 
passou a ser um monopólio real, cabendo ao rei conceder a 
permissão a alguém para explorar comercialmente a madeira. 
O primeiro arrendatário a ser beneficiado com o estanco foi 
Fernando de Noronha, em 1502. 
(C) A administração colonial foi efetuada inicialmente por 
meio do sistema de Capitanias Hereditárias. Com seu fracasso 
foram instituídos os Governos Gerais, não para acabar com as 
capitanias, mas para centralizar sua administração. 
(D) A administração colonial foi efetuada inicialmente por 
meio do sistema de Capitanias Hereditárias. Com seu fracasso 
foram instituídos os Governos Gerais, não para acabar com as 
capitanias, mas para centralizar sua administração. 
(E) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de 
São Vicente, fundada no litoral paulista em 1532. 
 
02. (Prefeitura de Betim – MG - Professor PII – História 
- Prefeitura de Betim – MG/2015) Sobre a economia do 
Brasil colonial, assinale a alternativa CORRETA. 
(A) Com a descoberta do ouro, foi introduzida a mão de 
obra escrava negra. 
(B) O ciclo do açúcar foi irrelevante e pouco rentável. 
(C) A colônia podia desenvolver-se livremente sem 
nenhuma interferência da metrópole. 
(D) A economia da colônia foi controlada e limitada pelas 
práticas mercantilistas. 
 
03. (TJ-SC - Assistente Social - TJ-SC/2010) Sobre o 
Período Colonial brasileiro, assinale a única alternativa que 
está INCORRETA: 
(A) Portugal só deu início à colonização das terras 
conquistadas, que passaram a chamar-se Brasil, devido à 
pressão que sofria com o declínio de seu comércio com o 
oriente e com a sistemática ameaça estrangeira no território 
brasileiro. 
(B) O sistema de Capitanias Hereditárias foi implantado 
por D. João III mas não teve o sucesso esperado. Entre os 
fatores que contribuíram para o fracasso das capitanias 
podemos citar: falta de terras férteis em algumas regiões, falta 
de interesse dos donatários, conflitos com os indígenas, falta 
de recursos financeiros para o empreendimento por parte de 
quem recebia a capitania. 
(C) Tomé de Souza foi o primeiro Governador-Geral do 
Brasil e a sede do governo geral foi estabelecida na Bahia. 
(D) A estrutura econômica brasileira do período colonial 
tinha como principais características a monocultura, o 
latifúndio, o trabalho escravo e a produção para o mercado 
externo. 
(E) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de 
Santos, fundada em 1532. 
 
04. (PC-SC - Investigador de Polícia – ACAFE/2008) 
Sobre a economia do período colonial do Brasil, todas as 
alternativas estão corretas, exceto a: 
(A) O ciclo do ouro contribuiu para a formação de núcleos 
urbanos no interior do Brasil e para a transferência da capital 
da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. 
(B) A propriedade agrícola no qual se baseava o sistema 
colonial tinha duas características básicas: a monocultura e o 
trabalho escravo. 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
História do Brasil 5 
(C) O pau-brasil foi um dos primeiros produtos explorados 
no Brasil, sendo obtido pelos europeus numa relação de 
escambo com os nativos. 
(D) O ciclo da cana-de-açúcar foi fundamental para a 
criação de um mercado econômico interno, realizando a 
ligação comercial entre o litoral e o interior da colônia. 
 
05. (Prefeitura de Padre Bernardo – GO – Contador – 
Itame/2015) Durante o período colonial brasileiro, a função 
do Ouvidor-mor possuía por finalidade: 
(A) Cuidar da justiça. 
(B) Governar a capitania. 
(C) Arrecadar impostos. 
(D) Comandar do exército. 
 
06. (APMBB - Tecnólogo de Administração Policial 
Militar – VUNESP/2010) Sobre o processo de colonização do 
Brasil, é correto afirmar que: 
(A) a principal tarefa do espaço colonial era o de fornecer 
para a metrópole riquezas materiais, como os escravos 
indígenas e as pequenas manufaturas. 
(B) a metrópole incentivava o livre comércio da colônia 
com as nações europeias e os colonos tinham plena autonomia 
para escravizar os indígenas. 
(C) a colônia, produtora de matérias-primas, de gêneros 
tropicais e consumidora de manufaturados metropolitanos, 
estava submetida ao monopólio comercial da metrópole. 
(D) o pacto colonial instituiu relações econômicas 
igualitárias entre a colônia e a metrópole, o que garantiu um 
forte desenvolvimento manufatureiro na colônia. 
(E) o exclusivo metropolitano assegurava para o espaço 
colonial liberdade política e religiosa, além de incentivar a 
utilização de mão de obra livre na colônia. 
 
Respostas 
 
01: D / 02: D / 03: E / 04: D / 05: A / 06: C. 
 
 
 
O período Joanino e a Independência 
 
No final do século XVIII, as bases do sistema mercantilista 
começavam a demonstrar sinais de fraqueza, provocadas pelas 
transformações na visão de economia e de Estado, que 
ocorreram na Europa, a partir da segunda metade do século, 
com grande repercussão nas colônias. 
A passagem do capitalismo comercial para o capitalismo 
industrial e as novas ideias iluministas e liberais contribuíram 
para enfraquecer o absolutismo e garantir a ascensão da 
burguesia, como no caso da Revolução Francesa em 1789. Nas 
colônias, a Revolução Americana de 1776, que inclusive 
influenciou de certa forma a revolução na França; a Conjuração 
Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana de 1798 mostraram a 
insatisfação de muitos setores da sociedade com o pacto 
colonial, marcados pelas restrições comerciais. 
Quando Napoleão começa sua campanha de expansão na 
Europa, depara-se com um inimigo poderoso: a Inglaterra. 
Derrotado em algumas campanhas militares contra o reino 
inglês, Napoleão decide por fim decretar restrições ao 
comércio com a ilha. Em 21 de novembro de 1806, foi 
decretado que os países que estavam sob o domínio do 
Império francês estavam proibidos de fazer comércio ou 
autorizar o acesso aos portos para navios ingleses. A medida 
visava enfraquecer o concorrente, afim de poder dominá-lo. 
Para que o bloqueio fosse efetivo, Napoleão necessitava 
que todas as nações sob sua influência aderissem totalmente 
ao acordo, o que foi feito pela Rússia e Pela Áustria, mas não 
por Portugal. Por que Portugal foi contrário? 
Portugal era um pequeno reino na Península Ibérica, que 
dependia muitos de suas colônias para o sustento de suas 
economias. O principal parceiro econômico de Portugal era a 
Inglaterra. Desde 1703 os dois países estavam sob um acordo 
econômico conhecido Tratado de Methuen, que recebeu o 
nome em função do embaixador inglês que conduziu as 
negociações. O Tratado estabelecia o comércio de panos 
ingleses e vinhos portugueses, o que a longo prazo provou-se 
desvantajoso para Portugal, pois o volume panos que chegava 
era maior que o volumede vinhos que saía. Com o 
investimento na produção de vinho, Portugal perdeu muitas 
das áreas de produção de alimento, o que obrigou-o a importar 
parte da produção. Além dos alimentos, Portugal, que deixou 
de investir em sua indústria, e importava uma grande 
quantidade de produtos manufaturados da Inglaterra. 
Por conta de todos os fatores citados, o Bloqueio 
Continental era desvantajoso para o pequeno país, que optou 
por não aderir à estratégia de Napoleão. Sentindo-se 
prejudicado pela decisão portuguesa, e vendo que seus 
esforços para impedir o comércio não estavam rendendo o 
esperado, em agosto de 1807 Napoleão envia um ultimato ao 
Príncipe Regente, D. João: ou Portugal rompia suas relações 
com a Inglaterra, ou seria invadido. 
Como Portugal manteve-se firme em sua decisão, a França 
assinou em conjunto com a Espanha o Tratado de 
Fontainebleau, que dividia o território português entre os dois 
países e extinguia a dinastia dos Bragança, à qual pertencia D. 
João. 
Buscando manter suas relações comerciais, a Inglaterra, 
que ainda possuía uma poderosa marinha, pressionou 
Portugal, através de seu embaixador em Lisboa, lorde 
Strangford, a fugir para o Brasil. 
Em novembro de 1807, o Príncipe Regente reuniu a família 
real e toda sua corte, totalizando cerca de 15 mil pessoas, e 
partiu para o Brasil, aportando em 22 de janeiro de 1808 na 
Bahia. 
A vinda da família real para o Brasil não representava para 
a Inglaterra a manutenção de seus negócios, mas sim sua 
expansão. Assim que chegou ao Brasil, o príncipe regente 
assinou uma Carta Régia, que abriu o comércio da colônia para 
as “nações amigas” 
Segue abaixo um trecho do documento 
 
“Eu, o Príncipe Regente, [...] sou servido ordenar [...] o 
seguinte: primeiro, que sejam admissíveis nas Alfândegas do 
Brasil todos e quaisquer gêneros, fazendas, e mercadorias 
transportadas, ou em navios estrangeiros das potências que se 
conservam em paz e harmonia com a minha Real Coroa, ou em 
navios dos meus vassalos [...]. Segundo: que não só os meus 
vassalos, mas também os sobreditos estrangeiros possam 
exportar para os portos que bem lhes parecer a benefício do 
comércio, e agricultura, que tanto desejo promover todos, e 
quaisquer gêneros, e produções coloniais, à exceção do pau-
brasil [...] ficando entretanto como em suspenso, e sem vigor 
todas as leis, cartas régias, ou outras ordens que até aqui 
proibiam neste Estado do Brasil o recíproco comércio, e 
navegação entre os meus vassalos, e estrangeiros. O que tudo 
assim fareis executar com o zelo, e atividade que de vós espero. 
Escrita na Bahia aos vinte e oito de janeiro de mil oitocentos e 
oito. [...]” 
 
2. A independência e o 
nascimento do Estado 
Brasileiro. 
3. A organização do Estado 
Monárquico. 
4. A vida intelectual, política e 
artística do século XIX. 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
História do Brasil 6 
O tratado foi muito benéfico para a Inglaterra, que poderia 
comercializar livremente com o Brasil, sem intermédio 
português. 
Ainda no ano de 1808, o Príncipe Regente extinguiu a lei 
que proibia a instalação de manufaturas no Brasil. 
Pouco depois de sua chegada ao Brasil, toda a corte 
portuguesa é transferida para o Rio de janeiro, chegando na 
cidade em 7 de março de 1808. A capital havia sido transferida 
de salvador para o Rio de janeiro em 1750, para facilitar a 
fiscalização e estar mais próxima da região produtora de Ouro. 
Entre outros motivos, o Rio de janeiro era uma parada 
estratégica para navios que travessavam a costa brasileira. 
Ao chegar ao Rio, a primeira medida a ser cumprida era a 
de encontrar residências para todos os membros que 
acompanhavam a família real. Aproximadamente 15 mil 
pessoas vieram para o Brasil em quatorze navios trazendo 
suas riquezas, documentos, bibliotecas, coleções de arte e tudo 
que puderam trazer. 
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi 
recebida com festa: o povo aglomerou-se no porto e nas 
principais ruas para acompanhar a Família Real em procissão 
até a Catedral, onde, após uma missa em ação de graças, o rei 
concedeu o primeiro "beija-mão". 
A chegada repentina de milhares de portugueses 
representou um aumento substancial da população do Rio de 
Janeiro, e exerceu impacto imediato nos moradores da cidade. 
Havia uma escassez crônica de moradias, e foram necessárias 
medidas drásticas para instalar os portugueses. Antes mesmo 
da chegada da frota, o vice-rei invocou uma lei impopular que 
dava à Coroa o direito de confiscar casas particulares com 
pouquíssima formalidade. Funcionários do governo 
percorriam a cidade escolhendo arbitrariamente as 
residências adequadas e escrevendo a giz em seus portas as 
iniciais “PR” que significavam Príncipe Regente, o sinal 
indicava que os moradores deveriam desocupar prontamente 
suas casas. À medida que as requisições prosseguiram, essas 
iniciais tornaram-se popularmente conhecidas pelos cariocas 
como “Ponha-se na Rua”. Com a chegada da família real ao 
Brasil, em 1808, 10 mil casas foram pintadas com as letras 
“PR”. O vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu 
sua residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Paço, 
que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua família. 
A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro 
provocou uma grande transformação na cidade. D. João teve 
que organizar a estrutura administrativa do governo, já que a 
colônia era impedida de possuir determinadas estruturas. 
Nomeou ministros de Estado, colocou em funcionamento 
diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e 
criou o Banco do Brasil (1808). Em abril de 1808, foi criado o 
Arquivo Central, que reunia mapas e cartas geográficas do 
Brasil e projetos de obras públicas. Em maio, D. João criou a 
Imprensa Régia e, em setembro, surgiu a Gazeta do Rio de 
Janeiro. Logo vieram livros didáticos, técnicos e de poesia. Em 
janeiro de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com 60 mil 
volumes trazidos de Lisboa. Criaram-se as Escolas de Cirurgia 
e Academia de Marinha (1808), a Aula de Comércio e 
Academia Militar (1810) e a Academia Médico-cirúrgica 
(1813). A ciência também ganhou com a criação do 
Observatório Astronômico (1808), do Jardim Botânico (1810) 
e do Laboratório de Química (1818). Em 1813, foi inaugurado 
o Teatro São João (atual João Caetano). Em 1820, foi a vez da 
Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura-
civil. 
O Rio de Janeiro passou por uma grande transformação, 
expandiu-se, ganhou chafarizes, para que houvesse 
fornecimento de água, pontes e calçadas, assim a realeza 
poderia caminhar despreocupadamente. Construíram-se ruas 
e estradas, e a iluminação pública foi instalada. 
 
Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores, 
escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio de Janeiro 
para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Entre 
os principais artistas da Missão estava Jean-Baptiste Debret. 
Ele foi chamado de "a alma da Missão Francesa". Era 
desenhista, aquarelista, pintor cenográfico, decorador, 
professor de pintura e organizador da primeira exposição de 
arte no Brasil (1829). Em 1818, trabalhou no projeto de 
ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os festejos da 
aclamação de dom João VI como rei de Portugal, Brasil e 
Algarves. 
Em "Viagem Pitoresca ao Brasil", coleção composta de três 
volumes com um total de 150 ilustrações, Debret retrata e 
descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a 
nobreza e as cenas do cotidiano brasileiro. 
A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos, 
médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que fizeram 
viagens e expedições regulares ao Brasil – trouxe informações 
sobre o que acontecia pelo mundo e também tornou este país 
conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais e revistas 
que aqueles profissionais publicavam. Foi uma mudança 
profunda,mas que não alterou os costumes da grande maioria 
da população carioca, composta de escravos e trabalhadores 
assalariados. 
As mudanças promovidas por D. João provocaram o 
aumento da população na cidade do Rio de Janeiro, que por 
volta de 1820, somava mais de 100 mil habitantes, entre os 
quais muitos eram estrangeiros – portugueses, comerciantes 
ingleses, corpos diplomáticos – ou mesmo resultado do 
deslocamento da população interna que procurava novas 
oportunidades na capital. Ainda assim, aproximadamente 
metade da população da cidade era escrava, fator que 
manteve-se constante até o fim do Império Brasileiro. 
As construções passaram a seguir os padrões europeus. 
Novos elementos foram incorporados ao mobiliário; espelhos, 
bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instrumentos 
musicais, relógios de parede. 
D. João tratou de revidar o ataque francês em Portugal, 
ordenando a invasão e conquista da Guiana Francesa em 1809, 
que permaneceu sob poder brasileiro até 1817, quando foi 
devolvida. 
A presença inglesa também faz notar-se cada vez mais. 
Com a Abertura dos Portos, promovida em 1808, o mercado 
brasileiro pôde ser penetrado pelos produtos ingleses, que 
acabaram por sufocar a produção local, como no caso das 
manufaturas. Em 1808, o Alvará de Liberdade Industrial 
revogou uma proibição de 1785 sobre a instalação de 
manufaturas do Brasil, que, porém, tiveram vida curta devido 
aos acordos comerciais entre as nações. 
Munido das instruções de Londres, o plenipotenciário 
inglês no Rio de Janeiro, Lord Strangford, após inúmeras 
conversações, conseguiu mais um êxito para o seu país: firmou 
com os portugueses os Tratados de 1810, que foram três 
medidas que beneficiaram o comércio inglês: Tratado de 
Comércio e Navegação, Tratado de Amizade e Aliança e 
o Tratado dos Paquetes (embarcações). 
Por força do Tratado de Comércio e Navegação, as 
mercadorias importadas da Inglaterra, ao entrar no Brasil, 
sofreriam uma taxação de 15% sobre seu valor, os produtos 
portugueses seriam tributa dos em 16% e os dos demais 
países, em 24%; outrossim, criava-se o direito de 
extraterritorialidade judicial para os súditos ingleses (criação 
dos juízes conservadores) e declarava-se franco o porto de 
Santa Catarina. 
O Tratado de Aliança e Amizade determinava a redução do 
tráfico negreiro para o Brasil, bem como o compromisso de D. 
João de não permitir o estabelecimento do Santo Ofício 
(Inquisição) no Brasil. 
 
 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
História do Brasil 7 
O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves 
Com a derrota de Napoleão em 1815, foi realizada uma 
reunião entre os líderes das nações europeias, conhecida como 
Congresso de Viena. No congresso ficou decidido que os reis de 
países invadidos pela França deveriam voltar a ocupar seus 
tronos. Com o objetivo de atrapalhar as relações entre 
Portugal e Inglaterra, Talleyrand, que representou a França 
durante o congresso, sugeriu que D. João permanecesse no 
Brasil, unificando os reinos que já dominava. A medida era 
importante para conter os avanços ingleses sobre a colônia, já 
que até então, a família real ainda governava Portugal, e estava 
em situação de fuga, o que permitia que os ingleses 
impusessem suas vontades. Com a elevação para reino, ficava 
confirmada a soberania portuguesa sobre o Brasil. 
D. João e sua corte não queriam retornar ao empobrecido 
Portugal. Em 16 de dezembro de 1815, foi assinada a elevação 
do Brasil à categoria de Reino-Unido aos de Portugal e 
Algarves (uma região ao sul de Portugal), legitimando assim a 
permanência da casa dos Bragança em nosso país. D. João 
consagrou-se, com essa medida, e foi intitulado pela Graça de 
Deus Príncipe-Regente de Portugal, Brasil e Algarves, daquém 
e d’além-mar em África, senhor da Guiné, e da Conquista, 
Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia. 
Essa medida feriu ainda mais os brios da população 
lusitana, que desde 1807, passava por grave crise financeira e 
pela falta de gêneros de primeira necessidade. 
Embora D. João tenha tomado inúmeras medidas para 
transformar o Brasil na legítima sede da monarquia lusitana, 
as mudanças atingiam diretamente a corte e o Rio de Janeiro. 
A situação socioeconômica brasileira ainda era precária. Como 
resposta, houveram protestos, como a Revolução 
Pernambucana de 1917 
Pesados impostos, descaso administrativo, arbitrária e 
opressiva administração militar, insatisfação popular, como 
também os ideais de nativismo e da extinção do colonialismo, 
defendidos pela Maçonaria e propagados em centros como o 
dissolvido Areópago de Itambé e o Seminário de Olinda, 
colocavam Pernambuco em uma situação propícia a uma 
tomada de posição revolucionária e emancipacionista. 
A revolta foi delatada, e em março de 1817 a prisão dos 
conspiradores foi ordenada, dando início à revolução, que 
possuía características republicanas, separatistas e anti-
lusitana. 
Resistindo e lutando contra as tropas do governo, foi 
criado um “Governo Provisório” composto de representantes: 
um militar, um magistrado, um religioso, um comerciante e um 
fazendeiro. Apesar de ter sido bem sucedida em seu início, 
contando inclusive com o apoio e a adesão dos estados da 
Paraíba e Rio Grande do Norte, a revolução foi sufocada 
Com a revolta sufocada, os principais líderes foram presos, 
alguns inclusive executados. As investigações (devassa) 
permaneceram até 6 de fevereiro de 1818, quando D. João 
assumiu a posição de rei de Portugal, Brasil e Algarves. Após a 
nomeação de D. João, alguns dos prisioneiros foram libertados 
e outros foram mandados para prisões na Bahia, onde 
permaneceram até 1821, sendo libertados após obterem o 
perdão real. Um dos membros mais expressivos da revolta foi 
o Frei Caneca. 
 
O Retorno de D. João para Portugal 
Enquanto a situação no Brasil mostrava-se favorável, com 
a mudança da sede do reino para o Rio de Janeiro e a relativa 
tranquilidade com que D. João governava, em Portugal a 
situação tornava-se cada vez mais complicada. 
Após a fuga para o Brasil e a abertura dos portos para as 
nações aliadas, o comércio português, que dependia 
imensamente do consumo brasileiro, entrou em decadência, 
pois não conseguia competir com os preços ingleses. 
 
O sentimento de superioridade portuguesa também foram 
abalados após a transferência da corte para o Brasil, 
juntamente com as reformas executadas no Rio de Janeiro para 
transformar a cidade em sede do governo real. Portugal, que 
antes era o coração do reino, abrigando a família real, a corte e 
todo o aparelho administrativo do Estado, havia sido deixado 
em segundo plano. 
Os portugueses também estavam descontentes com o 
governo. Após a expulsão dos franceses, D. João não retornou 
ao país, que passou a ser administrado pelo general inglês 
Beresford. 
A junção desses fatores gerou a Revolução Liberal do 
Porto, em 24 de agosto de 1820. Os revoltosos pretendiam 
anular o absolutismo e manter o Brasil em situação de colônia. 
Em dezembro do mesmo ano o movimento saiu vitorioso, e 
foram eleitos os deputados às Cortes de Lisboa (Assembleia 
Constituinte), que passaram a atuar como órgão governativo 
do Reino Unido; provisoriamente, adotou-se a Constituição 
que a Espanha recém elaborara. 
O movimento foi seguido por comerciantes portugueses e 
pela aristocracia rural, que passaram a exigir o de D. João e deu 
seu filho e herdeiro, D. Pedro, o juramento à constituição e o 
acatamento das decisões das Cortes. Enquanto isso, as 
províncias passaram a ser governadas por juntas governativas 
provisórias. 
Após intensa pressão, em 25 de abril de 1821, D. João 
retorna para Portugal levando o dinheiro e o ouro existentes 
no Banco do Brasil. 
Para garantir o domínio do território, D. Pedro fica no país, 
ocupando a função de Regente do Reino do Brasil, o que se 
tornou um obstáculo aos planos de recolonização. 
 
O dia doFico e a Independência do Brasil 
Após o regresso de D. João, a presença de D. Pedro 
incomodava as Cortes de Lisboa, que trataram muito mal os 
deputados brasileiros enviados para Portugal. Além disso, 
buscavam tomar medidas cada vez mais voltados à 
recolonização, como a exigência do retorno imediato do 
regente para Portugal e a supressão de Tribunais e 
Repartições aqui instalados. 
Percebendo que as medidas tomadas implicariam em 
prejuízo, a aristocracia brasileira passou a apoiar o movimento 
emancipatório brasileiro. Após receber um abaixo-assinado 
com aproximadamente 8 mil assinaturas, D. Pedro rompe suas 
relações com as Cortes, no dia 9 de janeiro de 1822, em um 
episódio que ficou conhecido como Dia do Fico, pois o regente 
reafirmava sua intenção de permanecer no Brasil, através da 
frase: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, 
estou pronto! Digam ao povo que fico". 
Após o episódio, a tropa militar portuguesa aquartelada no 
Rio de Janeiro foi obrigada a sair da cidade, rumando para 
Niterói e depois para a Europa. 
Após algumas medidas, como a criação do Conselho dos 
Procuradores-Gerais das Províncias do Brasil, com atribuições 
legislativas; o decreto do “Cumpra-se”, subordinando a 
execução das decisões das Cortes à aprovação do regente; a 
aceitação por D. Pedro do título de Defensor Perpétuo do 
Brasil, oferecido pela Maçonaria; a convocação de uma 
Assembleia Constituinte Brasileira e a proibição do 
desembarque de tropas portuguesas no Brasil, todas durante 
o ano de 1822, em 7 de setembro é declarada a Independência 
do Brasil. 
 
O Primeiro Reinado (1822-1832) 
Apesar de ter sido considerado um movimento pacífico, a 
Independência do Brasil gerou algumas desavenças e opiniões 
contrárias. Em alguns pontos do novo Império, mais 
precisamente na capital da Bahia e nas províncias do Piauí, 
Maranhão, Pará e Cisplatina, as tropas portuguesas que ainda 
se encontravam no país não quiseram aceitar a autoridade do 
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História do Brasil 8 
novo governo de D. Pedro. A Bahia constituiu o principal foco 
da resistência, com o brigadeiro Madeira de Melo no comando 
das forças portuguesas. 
Antes de oficializar o movimento de separação entre Brasil 
e Portugal, alguns apoiadores da independência já passavam 
por hostilizações, como foi o caso do Convento da Lapa, que 
fora assaltado e a superiora, Joana Angélica, assassinada. As 
revoltas nas províncias foram contidas através do poder 
militar, garantindo a unidade territorial. 
Outro fator de destaque no movimento de independência 
foi a pouca participação popular, visto que em alguns casos, as 
regiões mais afastadas levaram muito tempo para saber que o 
Brasil agora possuía um Imperador. 
Uma das principais figuras e articulador da ideia de um 
Império brasileiro, indo na contramão dos ideais republicanos 
que caracterizaram as revoltas América Espanhola, foi o 
estadista José Bonifácio. Após a Independência, Bonifácio 
configurava-se na principal figura política do País. Havia 
estudado e lecionado na Europa. Ao regressar ao Brasil, havia 
se tornado um dos principais articuladores da Independência. 
Quando D. Pedro assumiu o posto de imperador, Bonifácio 
foi escolhido para ocupar a pasta do Reino e dos Estrangeiros. 
Embora tivesse ideias liberais, logo divergiu dos brasileiros 
que também promoveram a Independência. Eram 
discordâncias quanto à 'prática' que efetivaria o Estado 
Nacional. Bonifácio desconfiava dos republicanos, pois achava 
que estes poderiam convulsionar o País e possivelmente 
ameaçar a integridade e a estrutura brasileira. Era um exagero, 
pois se tratava de grupos em disputa de projeção política, que 
agiam dentro de uma igual linha ideológica: essencialmente 
conservadores. Mesmo assim, Bonifácio não se esquivava de 
seus objetivos, era partidário de um poder altamente 
centralizado e forte. Na verdade, ao querer o regime 
monárquico rígido, pretendia, na figura de ministro, participar 
do poder decisivamente. 
 
A Primeira Constituição Brasileira 
Antes mesmo da independência, D. Pedro já havia 
convocado uma Assembleia Constituinte, que foi instalada em 
3 de maio de 1823. Mesmo com a ideia de criação de uma 
constituição para, entre outros, limitar os poderes do monarca, 
D. Pedro sempre mostrou-se autoritário, fazendo com que 
muitos deputados constituintes se opusessem à conduta de D. 
Pedro. Entre os que mais criticaram o imperador estavam os 
irmãos Andrada, que passaram para a oposição. 
O governo imperial era criticado principalmente pelas 
medidas que tomava, como a indicação de portugueses para 
altos cargos pelo imperador, o que levava muitos brasileiros a 
acreditarem que D. Pedro planejava devolver o Brasil ao 
domínio português 
Na oposição, Antônio Carlos de Andrada elaborou um 
anteprojeto da Constituição baseado no modelo português, 
limitando os poderes do imperador, assumindo um caráter 
nitidamente classista e demonstrando uma xenofobia 
extremada. Esse anteprojeto de constituição ficou conhecido 
como Constituição da Mandioca, pois segundo ela só 
poderiam ser eleitores ou candidatos aqueles que tivessem 
certa renda equivalente a 150 alqueires de farinha de 
mandioca. O critério utilizado demonstra um predomínio da 
elite agrária sobre o campo da política, que além de defender a 
posse de terras para poder exercer os direitos políticos, 
também mantinha a escravidão como forma de mão-de-obra. 
A influência do modelo europeu adotado pode ser 
observada na forma como o anteprojeto de Andrada dividia os 
poderes do Estado: 
 
Poder Executivo: poder exercido pelo imperador, no caso 
D. Pedro I, e seus ministros de Estado. 
Poder Legislativo: constituído pela Assembleia Geral, ou 
seja, pelos deputados e senadores, sendo os primeiros eleitos 
de quatro em quatro anos, e os segundos com mandato 
vitalício. 
Poder Judiciário: composto pelos juízes e pelos tribunais. 
Seu órgão máximo, como o é até hoje, era o Supremo Tribunal 
de Justiça. 
Constava, pois, no projeto da constituição, o predomínio do 
poder legislativo sobre o executivo, o que contrariou 
profundamente D. Pedro I, já que tinha ideais absolutistas e 
centralizadores. 
O anteprojeto estava sendo discutido quando D. Pedro I 
ordenou o cerco ao prédio da Assembleia, reunida em sessão 
permanente, em um episódio que ficou conhecido como Noite 
da Agonia, e determinou a dissolução da Constituinte, em 12 
de novembro de 1823. Em seguida, o imperador nomeou um 
Conselho de Estado, incumbindo-o de redigir uma 
Constituição para o País. 
A Constituição foi outorgada em 15 de março de 1824, com 
um caráter unitário e centralizador, dividindo o Estado em 
quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e 
Moderador, esse último de exclusividade do imperador, 
permitia a D. Pedro ter a decisão final sobre todos os assuntos 
que lhe interessassem. 
As eleições seriam censitárias e indiretas, e a Igreja ficaria 
subordinada ao Estado. Essa Constituição, que vigorou até 
1889, na realidade consagrava as aspirações da aristocracia 
rural, pois o Império ficava estruturado à sua imagem: liberal 
na forma, mas conservador na prática. 
 
A Confederação do Equador 
Inconformados com o caráter elitista da Constituição de 
1824 e com o uso de um poder centralizador por parte de D. 
Pedro I, representantes de algumas províncias do nordeste 
defendiam a federação de algumas províncias do nordeste e a 
separação destas do Brasil. 
Em Pernambuco, que já possuía um histórico de aversão 
aos portugueses e ao domínio imperial, com a revolução de 
1817, sentiram o peso do autoritarismo real quando D. Pedro 
I depôs o então governador, Manuel de Carvalho Paes de 
Andrade, e indicou um substituto para o cargo. A troca do 
governo seria o último episódio que antecedeu a formação do 
movimento que ficou conhecido como Confederação do 
Equador. 
A Confederação teve iníciocom a ação de lideranças e 
populares pernambucanas, e logo ganhou força e espalhou-se 
para outros estados do nordeste. Rio Grande do Norte, Ceará e 
Paraíba também se juntaram ao movimento. Impassíveis às 
tentativas de negociação do Império, os revoltosos buscaram 
criar uma constituição de caráter republicano e liberal. Além 
disso, o novo governo resolveu abolir a escravidão e organizou 
forças contra as tropas imperiais. 
Após as primeiras ações estabelecidas pela Confederação, 
alguns dos líderes decidiram radicalizar alguns pontos do 
novo governo, como a ampliação dos direitos políticos e 
reformas sociais. O rumo tomado por Frei Caneca e Cipriano 
Barata fez com que os apoiadores do movimento ligados 
diretamente à elite regional o abandonassem, temendo perder 
privilégios políticos e sociais já existentes. 
O governo imperial reagiu ferozmente ao movimento, 
utilizando inclusive a contratação de mercenários ingleses 
para conter o levante. Os ataques do império e o 
enfraquecimento interno levaram ao fim da revolta, que teve 
dezesseis condenados à morte, entre eles, Frei Caneca, que foi 
fuzilado. 
 
A Cisplatina 
Desde o período colonial, a coroa portuguesa possuía o 
desejo de expandir seu Império até as margens do Rio da Prata, 
na porção sul do continente. Com a conquista de Napoleão 
sobre a Europa e a deposição do rei espanhol Fernando VII em 
1808, as colônias espanholas na América começaram a 
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História do Brasil 9 
rebelar-se ao longo da década seguinte, gerando vários 
movimentos de independência. 
Percebendo a instabilidade política, em 1820, a Cisplatina 
foi invadida como parte das ações políticas do imperador Dom 
João VI. Uma das justificativas para a invasão reside no fato de 
a mulher de D. João, Carlota Joaquina, ser espanhola e irmã de 
Fernando VII, e desejava manter o domínio de um espanhol 
sobre a região. Outro fator de destaque é que a Cisplatina era 
um ponto estratégico no domínio e soberania do reino 
brasileiro, e conquistá-la poderia garantir que revoltas liberais 
não se espalhassem por território brasileiro. 
Durante o processo de independência brasileira, poucos 
anos após a anexação, a Cisplatina tornou-se palco de revoltas 
que buscavam separá-la do domínio brasileiro e conquistar a 
independência. Apesar das lutas e da resistência, as 
expedições militares conseguiram conter a revolta, mantendo 
o controle sobre o território. 
Em 1825, o general Juan Antonio Lavalleja, com o apoio de 
lideranças políticas argentinas, organizou um movimento de 
emancipação da Cisplatina, declarando sua anexação à 
República das Províncias do Rio da Prata, que integrava o 
território argentino. A mudança não foi aceita por D. Pedro I, 
que declarou guerra contra os revoltosos, algo que durante os 
próximos anos enfraqueceria tanto a economia brasileira, por 
ter que arcar com os custos da guerra, quanto a imagem de D. 
Pedro I, pois muitos consideravam a disputa como algo 
infundado, já que a Cisplatina não possuía muitos traços em 
comum com o restante do país. Em 1828, após anos de 
tentativa infrutífera de recuperar a antiga província, o Brasil 
retira-se do conflito, e os rebeldes vitoriosos proclamam a 
Republica Oriental do Uruguai. 
Muitos jornalistas teciam duras críticas ao imperador. 
Outro fato que manchou ainda mais a imagem do imperador 
foi o assassinato do jornalista e médico Líbero Badaró, grande 
opositor de D. Pedro. Badaró representava uma das figuras 
que criticava o autoritarismo de Dom Pedro I e seu governo 
imperial nos periódicos de divulgação de ideias liberais: o 
"Farol Paulistano" e o "Observador Constitucional". O 
jornalista foi misteriosamente assassinado, na cidade de São 
Paulo, em 1830. 
No mesmo ano, as forças liberais brasileiras, espelhadas 
na Revolução Liberal de 1830, que eliminou o absolutismo dos 
Bourbons, na França, aumentaram as críticas à conduta 
política do Imperador. Com a dissolução da Câmara dos 
Deputados e o assassinato de Líbero Badaró, aumentou ainda 
mais a insatisfação dos políticos brasileiros, que passaram a 
articular a derrubada de D. Pedro I. 
Em março de 1831, depois de uma desastrosa viagem a 
Minas Gerais, onde o Imperador sofreu a hostilidade dos 
políticos locais, o Partido Português resolveu promover uma 
grande festa em apoio ao governante, prontamente repelida 
pelo povo do Rio de Janeiro, manipulado pela elite dirigente. A 
luta entre brasileiros e portugueses em treze de março, 
conhecida como Noite das Garrafadas, era o prelúdio do fim. 
Em 7 de abril de 1831, depois de sucessivas trocas 
ministeriais e incapaz de deter os distúrbios de rua, 
promovidos por populares e que contavam agora com a 
adesão de tropas do governo, D. Pedro abdicou do trono 
brasileiro, em favor de seu filho, o príncipe D. Pedro de 
Alcântara, na época com cinco anos incompletos. 
A abdicação de D. Pedro ocorreu tanto pela pressão política 
que o imperador sofria da elite e populares brasileiros, quanto 
pela tentativa de assegurar os direitos de sua filha, Maria da 
Glória, pois com a morte de D. João VI em Portugal, a Coroa iria, 
por direito, a D. Pedro I, que preferiu abdicar o trono 
português em benefício da filha e deixou o trono brasileiro 
para seu filho Pedro de Alcântara. Assim terminava o Primeiro 
Reinado. 
 
 
O Período Regencial (1831-1840) 
Com a volta de D. Pedro I para Portugal, o direito ao trono 
brasileiro foi transferido para seu filho, que além de suas 
variadas qualidades, ficou conhecido pelo extenso nome que 
possuía: Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador 
Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel 
Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon. Apesar do grande 
nome, o menino Pedro tinha apenas cinco anos de idade 
quando seu pai resolve regressar ao país de origem. 
A pouca idade do futuro imperador era algo que 
preocupava os políticos brasileiros favoráveis à manutenção 
do império, pois o menino não possuía idade para governar e 
uma possível revolução poderia ocorrer se nada fosse feito. 
Para garantir a manutenção do sistema político, foi definido 
que o Brasil seria governado por regentes até que o imperador 
completasse a idade de dezoito anos, e estivesse enfim apto a 
assumir o poder. 
O periodo regencial foi marcado no Brasil pela 
instabilidade política e pelas revoltas, que foram controladas 
após o imperador assumir o poder. 
No meio político, formaram-se tres grupos distintos que 
lutavam pelo poder, formados basicamentes pelos mesmos 
segmentos que já dominavam o país desde o periodo colonial. 
Dividiam-se entre os restauradores, os liberais 
moderados e os liberais exaltados. 
Restauradores: Também conhecidos por Caramurus, 
defendiam a continuação do governo de D. Pedro I, com um 
histórico de apoio ao monarca e sua conduta absolutista. 
Quando o imperador abdicou ao trono, defenderam sua volta, 
pois consideravam que o único meio de manter a tranquilidade 
política e a unidade nacional era através da monarquia 
autoritária. Muitos deles também foram antigos beneficiados 
do governo imperial, como José Bonifácio, que após saída de D. 
Pedro I, passou a ser tutor de D. Pedro II. Estavam presentes 
no Senado e eram representados pelo Clube Militar. Após a 
morte de D. Pedro I em 1834, defenderam o conservadorismo 
e estiveram presentes na aclamação precoce de D. Pedro II em 
1840. 
Liberais Moderados: Também chamados de chimangos 
ou chapéus-redondos, eram entendidos como a direita 
liberal, compostos de uma parcela da aristocracia rural, com 
uma tendência monarquista, já que esta garantia a eles a 
proteção de seus privilégios. Defendiam uma monarquia 
constitucional, pois eram contra o domínio total do imperador. 
Apesar do nome de liberais, a definição era mais um enfeite do 
que uma orientação de pensamento. Na prática eram 
conservadores e contra qualquer tipo de abertura política ou 
reforma social,defendendo a manutenção da ordem vigente. 
Uniam-se sob a égide da Sociedade Defensora da Liberdade e 
Independência Nacional, fundada por Evaristo da Veiga. 
Empenharam-se no combate aos restauradores e exaltados 
federalistas, na defesa da ordem e da centralização, 
fornecendo subsídios para a orientação governista. 
Liberais Exaltados: Também chamados de Chapéus-de-
palha, os liberais exaltados eram representados não só por 
algumas parcelas da aristocracia rural, como também por 
outros segmento sociais. Apresentavam-se divididos em 
camadas sobrepostas, constituindo-se inicialmente por uma 
camada de homens livres, destituídos de propriedades, ou 
pequenos proprietários. Variando de região para região, 
desenvolviam atividades nos centros urbanos ou nos campos, 
oscilando numa relação de dependência, entre a classe domi-
nante e a classe que fornecia o trabalho. Seguia-se o aglo-
merado urbano e rural marginalizado de recursos: agregados, 
lavradores e citadinos, dedicados a pequenos expedientes e 
biscates. 
Os liberais exaltados defendiam interesses opostos aos 
moderados, ou seja, buscavam reformas sociais e políticas que 
beneficiassem uma parcela maior da população, em especial 
seus representantes. Buscavam uma maior autonomia para as 
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História do Brasil 10 
províncias e mudanças na constituição de 1824, defendendo 
inclusive o fim da monarquia e a substituição por uma 
Republica federalista. Organizavam-se em tomo da Sociedade 
Federal e de clubes federalistas espalhados pelas províncias. 
 
A Regência Trina Provisória 
 
No momento da abdicação, estando os deputados em 
férias, formou-se a Regência Trina Provisória, que deveria 
governar até 17 de junho de 1831. 
Instalada em 7 de abril de 1831, a regência trina era uma 
exigência da Constituição para o caso de não haver parentes 
próximos do soberano com mais de 35 anos e em condições de 
assumir o poder. O poder dos regentes é limitado. Não podem, 
por exemplo, dissolver a Câmara, que, na prática, torna-se o 
centro do poder do país. 
Na composição da Regência Provisória assinalou-se, 
sobretudo, uma tentativa de equilíbrio político. 
Os seus componentes eram Campos Vergueiro, 
representante das tendências liberais; Carneiro de Campos, 
representante do conservadorismo e Francisco de Lima e 
Silva, representante da força militar no equilíbrio das 
tendências. 
Essa regência manteve a Constituição de 1824, concedeu 
anistia aos presos políticos, reintegrou o ministério demitido 
por D. Pedro e promulgou a Lei Regencial de abril de 1831, que 
limitava os poderes dos regentes. 
 
A Regência Trina Permanente 
Eleita em junho de 1831, foi composta por Bráulio Muniz, 
Costa Carvalho e Francisco de Lima e Silva, Com o padre Diogo 
Antônio Feijó no Ministério da Justiça. 
Entre as principais realizações da Regência Trina 
Permanente está a criação da Guarda nacional, com o 
propósito de defender a constituição, a integridade, a 
liberdade e a independência do Império Brasileiro. Sua criação 
desorganiza o Exército, e começa a se constituir no país uma 
força armada vinculada diretamente à aristocracia rural, com 
organização descentralizada, composta por membros da elite 
agrária e seus agregados. Para compor os quadros da Guarda 
nacional era necessário possuir amplos direitos políticos, ou 
seja, pelas determinações constitucionais, poderiam fazer 
parte dela aqueles que dispusessem de altos ganhos anuais. 
Com a criação da Guarda e suas exigências para 
participação, surgiram os coronéis, que eram grandes 
proprietários rurais que compravam suas patentes militares 
do Estado. Na prática, eles foram responsáveis pela 
organização de milícias locais, responsáveis por manter a 
ordem pública e proteger os interesses privados daqueles que 
as comandavam. O coronelismo esteve profundamente 
enraizado no cenário político brasileiro do século XIX e início 
do século XX, tendo seu auge durante os anos da República 
Velha. 
Em 29 de novembro de 1832 é aprovado o Código do 
Processo Criminal, que altera a organização do Poder 
Judiciário. Os juízes de paz, eleitos diretamente sob o controle 
dos senhores locais, passam a acumular amplos poderes nas 
localidades sob sua jurisdição. 
 
Ato Adicional de 1834 
O Ato Adicional de 1834 foi uma revisão da Constituição de 
1824. Promulgado em 12 de agosto, possuía caráter 
descentralizador, instituindo a criação de assembleias 
legislativas nas províncias, a supressão do Conselho de Estado 
e a Regência Una. O Rio de Janeiro foi considerado um 
território neutro. 
 
Regência Una 
Apesar de uma tentativa frustrada de assumir o poder em 
1832, abandonando o cargo de Ministro da Justiça logo em 
seguida, o padre Feijó obteve a maioria dos votos na eleição 
para Regente em 1835. Empossado dia 12 de outubro de 1835 
para um mandato de quatro anos, padre Feijó não completa 
dois anos no cargo. Seu governo é marcado por intensa 
oposição parlamentar e rebeliões provinciais, como a 
Cabanagem, no Pará, e o início da Guerra dos Farrapos, no Rio 
Grande do Sul. Com poucos recursos para governar e isolado 
politicamente, renuncia em 19 de setembro de 1837. 
 
Segunda regência Una 
Com a renúncia de Feijó e o desgaste dos liberais, os 
conservadores obtêm maioria na Câmara dos Deputados e 
elegem Pedro de Araújo Lima como novo regente único do 
Império, em 19 de setembro de 1837. A segunda regência una 
é marcada por uma reação conservadora. Várias conquistas 
liberais são abolidas. A Lei de Interpretação do Ato Adicional, 
aprovada em 12 de maio de 1840, restringe o poder provincial 
e fortalece o poder central do Império. Acuados, os liberais 
aproximam-se dos partidários de dom Pedro. Juntos, articulam 
o chamado golpe da maioridade, em 23 de julho de 1840. 
 
Revoltas no Período Regencial 
Em muitas partes do império a insatisfação com o governo 
cresceu muito, levando alguns grupos a apelarem para a luta 
armada e a revolta como forma de protesto. 
 
Cabanagem (1833-1840) 
A Cabanagem foi uma revolta que ocorreu entre 1833 e 
1839, na região do Grão-Pará, que compreende os atuais 
estados de Amazonas e Pará. A revolta começou a partir de 
pequenos focos de resistência que aumentaram conforme o 
governo tentava sufocar os protestos impondo leis mais 
rígidas e a obrigação de participação no exército daqueles que 
fossem considerados praticantes de atos suspeitos. A 
cabanagem contou com grande participação da população 
pobre, principalmente os Cabanos, pessoas que viviam em 
cabanas na beira dos rios. Os revoltosos tomaram a cidade de 
Belém, porém foram derrotados pelas tropas imperiais. 
 
Revolução Farroupilha (1835-1845) 
A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi uma 
revolta promovida por grandes proprietários de terras no Rio 
Grande do Sul, conhecidos como estancieiros. O objetivo de 
seus líderes era de separar-se do restante do país. 
A revolta começa pelo descontentamento de produtores do 
sul do país em relação à produtores estrangeiros de Charque, 
principalmente os platinos e argentinos que comercializavam 
e concorriam com os estancieiros pelo mercado do produto no 
Brasil, utilizado principalmente na alimentação de escravos. 
Em 1835, insatisfeitos com o governo, os estancieiros 
iniciam a revolta, tendo Bento Gonçalves como principal chefe 
do movimento, comandando as tropas farroupilhas que 
dominaram Porto Alegre. Com as vitórias obtidas foi 
proclamado um governo independente em 1836, conhecido 
como Republica do Piratini, com Bento Gonçalves apontado 
como presidente. 
Em 1839, o movimento farroupilha conseguiu ampliar-se. 
Forças rebeldes, comandadas por Giuseppe Garibaldi e Davi 
Canabarro, conquistaram Santa Catarina e proclamaram a 
República Juliana. A revolta consegue ser contida somente 
após a coroação de D. Pedro II e os esforços do Barão de Caxias, 
encerrando os conflitos em 1 de março de 1845.Revolta dos Malês (1835) 
Em Salvador, nas primeiras décadas do século XIX, os 
negros escravos ou libertos correspondiam a cerca de metade 
da população. Pertenciam a vários grupos étnicos, culturais e 
religiosos, entre os quais os muçulmanos – genericamente 
denominados malês -, que protagonizaram a Revolta dos 
Malês, em 1835. 
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História do Brasil 11 
O exército rebelde era formado, em sua maioria, por 
“negros de ganho”, escravos que vendiam produtos de porta 
em porta e, ao fim do dia, dividiam os lucros com os senhores. 
Podiam circular mais livremente pela cidade que os escravos 
das fazendas, o que facilitava a organização do movimento. 
Além disso, alguns conseguiam economizar e comprar a 
liberdade. Os revoltosos lutavam contra a escravidão e a 
imposição da religião católica, em detrimento da religião 
muçulmana. 
A repressão oficial resultou no fim da Revolta dos Malês, 
que teve muitos mortos, presos e feridos. Mais de quinhentos 
negros libertos foram degredados para a África. 
 
Sabinada (1837-1838) 
A Sabinada ocorreu na Bahia, com o objetivo de implantar 
uma república independente. Foi liderada pelo médico 
Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, e por isso ficou 
conhecida como Sabinada. O principal objetivo da revolta era 
instituir uma república baiana, mas só enquanto o herdeiro do 
trono imperial não atingisse a maioridade legal. 
Diferentemente de outras revoltas ocorridas no período, a 
sabinada não contou com o apoio das camadas populares e 
nem com os grandes proprietários rurais da região, o que 
garantiu ao exército imperial uma vitória rápida. 
 
Balaiada (1838-1841) 
A Balaiada ocorreu no Maranhão, se iniciando em 1838, e 
recebeu esse nome devido ao apelido de uma das principais 
lideranças do movimento, Manoel Francisco dos Anjos 
Ferreira, o "Balaio". Ao contrário de outras revoltas, 
representou a luta da população pobre contra os grandes 
proprietários rurais da região. A miséria, a fome, a escravidão 
e os maus tratos foram os principais fatores de 
descontentamento popular que levaram a população a se 
revoltar. 
A principal riqueza produzida na província, o algodão, 
sofria forte concorrência no mercado internacional, e com isso 
o produto perdeu preço e compradores no exterior. Além da 
insatisfação popular, a classe média maranhense também se 
encontrava descontente com o governo imperial e suas 
medidas econômicas, encontrando na população oprimida 
uma forma de combatê-los. 
Os revoltosos conseguiram tomar a cidade de Caxias em 
1839 e estabelecer um governo provisório, com medidas que 
causaram grande repercussão, como o fim da Guarda Nacional 
e a expulsão dos portugueses que residiam na cidade. 
Com a radicalização que a revolta tomou, como a adesão de 
escravos foragidos, a classe média que apoiava as revoltas 
aliou-se ao exército imperial, o que enfraqueceu bastante o 
movimento e garantiu vitória do exército em 1841, com um 
saldo de mais de 12 mil sertanejos e escravos mortos em 
batalhas. Os revoltosos que acabaram presos foram anistiados 
pelo imperador. 
 
A Maioridade 
Durante o período em que aguardava a maioridade, o 
jovem Pedro preparou-se para exercer sua função, como 
demonstra uma carta1 enviada para a irmã, a rainha Maria da 
Glória, de Portugal 
“Querida e muito amada irmã. Aproveitamos a viagem a 
Paris que faz o Sr. Antônio Carlos d’Andrada, irmão do nosso 
Tutor, para dar-lhe notícias. Há muito tempo estamos privados 
das suas, assim como das de nossa querida Mamãe [...] Aqui 
esforçamo-nos em seguir o seu exemplo: Escrita, Aritmética, 
Geografia, Desenho, Francês, Inglês, Música e Dança dividem os 
nossos momentos; fazemos constantes esforços para adquirir 
conhecimento e somente a nossa aplicação pode trazer um 
 
1 Fonte: Schwarcz, Lilian. As Barbas do Imperador. 
pouco de lenitivo às vivas saudades que nos faz experimentar a 
separação [...]” 
 
Com todos os problemas e a instabilidade ocorridos 
durante as regências, desde 1835 já havia um movimento que 
buscava antecipar a coroação de D. Pedro II, que pela 
constituição deveria acontecer em 1843, quando o monarca 
fizesse dezoito anos. 
Os liberais ou progressistas, fora do poder desde a 
renúncia do Regente Feijó, apoiaram a ideia de reduzir a idade 
para a coroação, esperando voltar ao governo. Os 
conservadores ou regressistas viam a proposta de antecipação 
como forma de consolidar a Monarquia e de preservar a 
unidade do Império. No Governo, desde a eleição de Pedro de 
Araújo Lima para o cargo de Regente Uno do Império, os 
conservadores pareciam não estar seguros da continuidade do 
regime regencial, que se mostrara incapaz no combate às 
várias revoltas e na manutenção da ordem política. 
Em 1837, já com uma regência conservadora, propôs-se a 
revisão do Ato nesses termos, numa discussão que se arrastou 
até 1840. Finalmente nesse ano os conservadores 
conseguiram passar essas reformas, prontamente 
respondidas pelos liberais com a sugestão ao parlamento de 
adiantar a maioridade de D. Pedro II, já naquele ano, sob a 
justificativa da necessidade da figura imperial para a 
pacificação da nação. 
 
O Segundo Reinado 
Em 1840, com apenas 14 anos, D. Pedro II tornou-se 
imperador do Brasil, posição que iria manter por quase 
cinquenta anos. D. Pedro II realizou parcerias com a Elite 
Agrária do País, classe de grande influência no século XIX. 
Tendo-os como aliados, os favores começaram a prevalecer. O 
Imperador dava toda condição e estrutura para que essa Elite 
continuasse produzindo cada vez mais e em troca recebia todo 
apoio político necessário para se consolidar no poder. Dessa 
maneira, em pouco tempo, o Segundo Reinado conseguiu fazer 
do Brasil um País estável e próspero. 
Em relação à Economia o Café se transformou e se 
consolidou como o principal produto brasileiro para 
exportação, provocando um grande crescimento econômico. 
Inicialmente produzido no Vale do Paraíba, São Paulo, e região 
Fluminense, se expandiu rapidamente por se tornar um 
produto de grande aceitação mundial. 
Nasce assim uma nova Elite, agora concentrada no Sudeste, 
a Elite Cafeeira, que se tornaram mais ricos que os antigos 
Senhores de Engenhos produtores de açúcar. 
 
Liberais e Conservadores 
O grupo político dos liberais moderados dividiu-se por 
volta de 1837 nas alas regressista e progressista, formando, a 
partir de 1840, dois partidos políticos. O Partido Conservador, 
constituído pelos regressistas e apelidado de Saquarema e o 
Partido Liberal, formado pelos progressistas e chamado de 
Luzia. 
Luzias e Saquaremas dominaram o cenário político do 
Segundo Reinado. Os conservadores defendiam um governo 
imperial forte e centralizado, enquanto os liberais lutavam por 
uma descentralização, concedendo certa autonomia às 
províncias. No entanto, quando conquistavam o poder, liberais 
e conservadores não apresentavam atitudes muito diferentes. 
 
As Eleições do Cacete 
Para auxiliar o novo imperador do país, foi instaurado o 
Ministério da Maioridade, de orientação liberal, conhecido 
como o Ministério dos Irmãos, pois era formado, entre outros, 
pelos irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco de Andrada e 
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História do Brasil 12 
os irmãos Cavalcanti, futuros Viscondes de Albuquerque e de 
Suassuna. 
No entanto, enquanto o ministério era liberal, a câmara 
contava com a maioria conservadora, o que dificultava a 
aprovação das decisões ministeriais. Para resolver o impasse, 
ela foi dissolvida e novas eleições convocadas. 
O pleito foi marcado por fraudes e uso de violência física. 
Para garantir a vitória do Partido Liberal, o governo alterou 
todo o processo eleitoral nomeando novos presidentes para as 
províncias e

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