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APS – DIREITO PENAL-SOCIOLOGIA E TEORIA DO CRIME PROFª JÉSSICA RAQUEL SPONCHIADO Resenha Crítica: “Crônica de uma morte Anunciada” - Gabriel Garcia Marquez Esta história de um homem, potencialmente inocente, que é assassinado pela honra de uma mulher que perdeu a virgindade e é a quarta grande obra de Marquez de 1981. Um jovem, Santiago Nasar, está sendo assassinado, provavelmente sem saber o porquê. Mas além dele, todo mundo parece saber, pois seus assassinos não fazem segredo de suas intenções. O romance contado no livro é de forma jornalística. As circunstâncias em que uma aldeia inteira sabe sobre a morte do rapaz, mas ninguém pode impedi-lo, embora até mesmo os futuros criminosos agem mais por obrigação do que por convicção. Anos depois, o narrador em primeira pessoa questiona todas as testemunhas e refaz a trajetória do assassinato. Em uma aldeia na costa caribenha colombiana, celebra o casamento de Bayardo San Roman. Uma celebração luxuosa, que a noiva não ama o noivo. Angela foi rejeitada à noite por seu esposo, Bayardo San Román, porque não era virgem. Angela Vicário, a noiva, é trazida de volta para a casa de seus pais pelo marido à noite. O dia amanhece com a certeza de que os irmãos gêmeos, Vicario, vão assassinar o jovem Santiago para vingar a violação da honra de sua irmã Ángela e da família. Qualquer pessoa razoável nunca teria o sangue de outra pessoa em suas mãos só porque está tentando manter a honra da família. Foi um Homicídio praticado de surpresa, com premeditação e por vingança, homicídio qualificado por motivo torpe. O Art. 121 do Código Penal Brasileiro (Decreto Lei nº2.848 de 07 de Dezembro de 1940) no parágrafo segundo inciso I e IV prevê: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Homicídio qualificado § 2º Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; IV- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; Nós vemos coisas assim acontecerem o tempo todo. É quando rimos desconfortavelmente com a piada racista de alguém só para evitar ser um estraga prazeres, é quando alguém não fala quando o amigo usa uma expressão homossexual. Quantas vezes você apenas pensou: “Eu deveria ter dito alguma coisa”. Claro, nesses casos a vida de alguém não está necessariamente em risco, mas, ainda assim, muitos de nós agimos como as pessoas daquela aldeia em “Crônica de uma Morte Anunciada” todos os dias apenas de maneiras mais sutis. Então, quando ler este livro, não veja apenas como a crônica de uma cidade completamente incompetente, e sim como um aviso e um lembrete de que, às vezes, manter o status pode ser uma coisa muito perigosa. No final, Santiago foi morto sob a culpa de todo o lugar, de todas as pessoas que viviam lá e sabiam da intenção dos gêmeos e não a impediram. Apenas um, não sabia de nada, não percebeu, não fazia ideia: Santiago Nasar. Assim, a história da morte anunciada é uma crítica de Marquez pelas condições sociais em seu país ou continente e pode ser facilmente transferido para outras partes do mundo. Se o caso fosse no Brasil e nos dias atuais, qualquer pessoa, mesmo não sendo profissional de saúde, que esteja no local e tenha condições de ajudar a outrem que se encontra em perigo de vida, tem o dever de prestar assistência ou denunciar à polícia, caso saiba informações que possam ajudar a prevenir um assassinato ou identificar o agente dele. O Art. 135 do Código Penal Brasileiro (Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940) prevê: Código Penal Art. 135: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único- A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte”. O ex-ministro Chefe da Casa Civil José Dirceu disse que “Não há uma crise do sistema penitenciário há uma falência em toda estrutura de segurança pública”1. Sabemos sobre a crise do sistema prisional que sofremos atualmente no Brasil mas também sabemos do caos que é a segurança pública do país, principalmente no Rio de Janeiro, onde recentemente, em 14 de março de 2018, houve o assassinato de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL. Marielle chegou à Casa das Pretas para mediar um debate com jovens negras. Um carro seguiu ela até o local. Os criminosos estavam em um carro que emparelhou com o da vereadora e efetuaram vários disparos, que também mataram o motorista2. A vereadora foi atingida por três tiros na cabeça e um no pescoço. A munição de calibre 9 mm, utilizada pelos criminosos pertencia a um lote vendido à Polícia Federal em 2006. Aparentemente a execução se deve pelo fato de Marielle denunciar o 41º batalhão da Polícia Militar, de Acari, que fora apontado pelo Instituto de Segurança Pública como o mais mortífero dos cinco anos anteriores.3 As munições de calibre 9 mm que mataram Marielle eram do mesmo lote de parte dos projéteis utilizados na maior chacina do estado de São Paulo. Os assassinos de dezessete pessoas ocorreram em Barueri e Osasco, na Grande São Paulo, em 13 de Agosto de 2015, três policiais militares e um guarda civil foram condenados pelas mortes.4 Hoje o Brasil luta por várias causas justas: a desigualdade social, o racismo, a intolerância religiosa, a homofobia, entre outros, mas a luta pela vida e pela justiça motiva ainda mais as pessoas a saírem às ruas em forma de protestos para que se esclareça casos como o da Marielle. O que ninguém fez pelo Santiago Nasar, que foi assassinado em frente a sua própria casa em frente todos daquele 1- http://www.justificando.com/2018/01/08/sistema-penitenciario-cronica-de-uma-morte-anunciada/ 2- https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,manifestantes-vao-as-ruas-do-pais-apos-morte-de-marielle-e- anderson,70002228643 3 - https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/veja-tudo-o-que-ja-se-sabe-sobre-o-assassinato-da-vereadora- marielle.shtml 4- https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/municao-que-matou-marielle-e-do-mesmo-lote-usado-em-chacina-na- grande-sp-em-2015.ghtml http://www.justificando.com/2018/01/08/sistema-penitenciario-cronica-de-uma-morte-anunciada/ https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,manifestantes-vao-as-ruas-do-pais-apos-morte-de-marielle-e-anderson,70002228643 https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,manifestantes-vao-as-ruas-do-pais-apos-morte-de-marielle-e-anderson,70002228643 https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/veja-tudo-o-que-ja-se-sabe-sobre-o-assassinato-da-vereadora-marielle.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/veja-tudo-o-que-ja-se-sabe-sobre-o-assassinato-da-vereadora-marielle.shtml https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/municao-que-matou-marielle-e-do-mesmo-lote-usado-em-chacina-na-grande-sp-em-2015.ghtml https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/municao-que-matou-marielle-e-do-mesmo-lote-usado-em-chacina-na-grande-sp-em-2015.ghtml povoado, hoje, a população faz pela Marielle. Mas, mesmo com o povo nas rus, o brasileiro ainda tem medo, e com razão, de sair às ruas para trabalhar, estudar ou passear com sua família.
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