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CAPÍTULO 4 ORÇAMENTO EMPRESARIAL A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender os conceitos da empresa como um Sistema. Entender o que são orçamentos e como podem ser aplicados nas empresas. Identifi car de que forma os orçamentos podem ser utilizados na gestão dos recursos fi nanceiros e resultados econômicos da empresa. Apurar os custos industriais e entender o seu refl exo no processo orçamentário da produção. Elaborar um orçamento, considerando as diversas áreas relacionadas, como o orçamento de vendas, o orçamento de produção e o orçamento das despesas operacionais. 194 Administração Financeira 195 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 CONTEXTUALIZAÇÃO Muitas vezes, indagamo-nos sobre a aplicabilidade e utilidade do Orçamento. Nesse sentido, algumas perguntas são frequentes, tais como: é viável implantar um sistema orçamentário? Qual é o grau do retorno de informações que pode fornecer para o gestor? Qual é o custo fi nanceiro e de treinamento de pessoal qualifi cado para a sua implantação? O sistema de controle orçamentário precisa ser claro, objetivo e corresponder às necessidades da organização. Mas, para apresentar um perfeito nível de adequação e corresponder às necessidades dos gestores, deve passar por um processo de “moldagem” para melhor se adequar à estrutura organizacional da empresa. A sua utilização é de grande relevância, pois empresas que o adotam são consideradas bem administradas. Toda empresa deve possuir metas e objetivos, caso contrário, fi cará difícil alcançar o sucesso no mercado. O sistema orçamentário contribui para a fi xação dessas metas e objetivos, e a integração de cada subsistema orçamentário auxilia a gestão de cada unidade de negócio (centros de responsabilidades), além de possibilitar uma efetiva delegação de poderes, pois o alto executivo não interfere nas atividades operacionais (delegação de autoridade e cobranças de responsabilidades). Entendemos que o processo orçamentário, quando bem implantado, poderá auxiliar os gestores na defi nição das metas a serem alcançadas pela empresa. Essas metas devem ser defi nidas de acordo com a realidade do mercado e dentro da possibilidade de serem cumpridas, pois nada é pior para a empresa do que defi nir metas inalcançáveis. Assim, é possível capacitar a equipe para que esteja melhor preparada para cumprir as estratégias da empresa. Toda empresa deve possuir metas e objetivos, caso contrário, fi cará difícil alcançar o sucesso no mercado. O PROCESSO ORÇAMENTÁRIO De modo geral, o controle orçamentário parece ser complexo. Mas muitos dos processos orçamentários podem ser simplifi cados se o gestor dispuser de uma equipe preparada para a sua implantação, que corresponder à estrutura organizacional da empresa. Passarelli e Bomfi m (2004, p. 17-18) diz que: A importância do sistema de Controle Orçamentário para a administração moderna comprova-se, facilmente, através da notável aceitação que o uso de orçamentos vem alcançando nas últimas décadas, apesar de sua complexidade. [...] a técnica orçamentária, apesar de simples em teoria, é de aplicação 196 Administração Financeira complexa, exige trabalhos de implantação relativamente dispendiosos e não costuma dar resultados plenamente satisfatórios antes de decorridos dois ou três anos de prática constante e de contínuos aperfeiçoamentos. Conforme Passarelli e Bomfi m (2004, p. 18), “[...] pesquisas recentes conduzidas nos Estados Unidos indicam que 95% das empresas consideradas bem administradas adotam uma ou outra forma de Controle Orçamentário”. Um dos problemas enfrentados para um bom controle orçamentário é a falta de profi ssionais qualifi cados. Nesse sentido, Passarelli e Bomfi m (2004, p. 18) aborda que: No Brasil, assim como em outros países de igual nível de desenvolvimento, a restrita difusão do método prende-se mais à insufi ciência de pessoal técnico realmente habilitado do que à falta de interesse ou a dúvidas quanto à efi ciência do método por parte das empresas. [...] a larga utilização do Controle Orçamentário explica-se, fundamentalmente, em razão da constatação de que objetivos e planos bem defi nidos constituem condição indispensável de sucesso empresarial. [...] ao barco que não defi niu o seu porto de destino (não fi xou objetivos e nem delineou rotas), nenhum vento será propício. É fundamental um plano orçamentário para auxiliar o gestor na decisão dos rumos de negócios da empresa, sempre percebendo o que ocorre no mercado, pois qualquer oscilação refl etirá no orçamento da empresa. OS LIMITES PARA A ELABORAÇÃO DOS ORÇAMENTOS É importante observar que não existem apenas vantagens. Devemos tomar cuidado com o plano orçamentário, ele não deve, em HIPÓTESE ALGUMA, ser superestimado. Os orçamentos são baseados em estimações. Por mais científi cas que sejam as análises, sabemos que os dados orçamentários serão sempre estimações; nesse caso, os orçamentos não devem ser seguidos rigidamente. Se alguma condição básica de infl uência direta nas informações orçadas sofrer alteração, a administração deve levar em consideração esse fator e tomar as medidas exigidas para correção ou, mesmo, agir conscientemente fora dos limites orçamentários (LEONE, 2000, p. 277). 197 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 Uma empresa que não implanta nenhum tipo de ferramenta orçamentária também permanecerá no mercado, talvez não tão bem quanto outra que possui o plano orçamentário implantado, mas prossegue com suas atividades. Engana- se quem imagina que um plano orçamentário por si só determina se haverá redução de pessoal ou não e, muito menos, substitui o papel do administrador. Somente quem decide são as pessoas, se não houver pessoas para a tomada de decisões, de nada adianta elaborar um excelente plano orçamentário. Portanto, a empresa precisa de pessoas, sem pessoas não será possível administrar o empreendimento. Vejamos o que Passarelli e Bomfi m (2004, p. 22) diz: Não se deve esquecer que o orçamento é um inestimável instrumento de administração, mas não deve, NUNCA, ser considerado como um substituto do administrador. Em outras palavras: não pense que você vai reduzir, drasticamente, o quadro de colaboradores pelo simples fato de passar a adotar o sistema orçamentário em sua empresa. [...] O orçamento, por si só, não administra coisa alguma, sendo extremamente dependente de decisões administrativas corretas para o seu efetivo funcionamento. Outro ponto limitante para a elaboração dos orçamentos é o risco de projetar algo fora do comum, criando situações desconfortáveis perante os demais gestores de cada área ou dos subordinados. O orçamento deve ser elaborado com estimativas realistas. Vejamos como Passarelli e Bomfi m (2004, p. 22) contribui neste aspecto: Fundamentalmente baseado em previsões, o Controle Orçamentário só pode ser efi ciente na medida em que essas estimativas forem criteriosamente desenvolvidas. Portanto, um constante trabalho de formação e atualização de profi ssionais aptos a formularem previsões razoavelmente corretas deve ser uma preocupação permanente na empresa. Pode-se, com facilidade, imaginar o que isso custa em termos de cursos, palestras, aquisição de publicações periódicas de atualização, remuneração condigna dos profi ssionais comprovadamente mais efi cientes, etc. A constante mudança de mercado também pode ocasionar impactos negativos ou positivos no plano orçamentário. Dependendo das tendências ou de acontecimentos repentinos não previstos, algumas distorções podem acontecer, por isso, é importante realizar constantemente revisões e adaptações. O orçamento deve ser elaborado e implantado de formaa receber todas e quaisquer adaptações e ajustes necessários durante o exercício social, ou seja, durante o ano. 198 Administração Financeira SISTEMA EMPRESA Podemos dizer que uma empresa é defi nida como uma união de esforços fi nanceiros, físicos e intelectuais, com a fi nalidade de criar e, consequentemente, transacionar produtos e serviços no mercado interno e/ou externo, resultando na formação e circulação de capital que possa trazer benefícios econômicos e utilidade social. Em outras palavras, é uma entidade constituída juridicamente, ou não, que exerce atividade econômica de produção, transformação, comércio ou prestação de serviços, podendo ter fi ns lucrativos, fi lantrópicos ou sociais. Na sociedade atual, a maioria da população em idade produtiva tem ou teve algum tipo de envolvimento com alguma empresa, seja como funcionário, seja como sócio acionista, seja como prestador de serviços, dentre outros vínculos. Conforme Padoveze (2009, p. 13), “a empresa é um sistema em que há recursos introduzidos, que são processados, e há a saída de produtos ou serviços”. Na mesma linha de raciocínio, Figueiredo e Caggiano (2008, p. 8) mencionam que “a empresa é uma unidade produtora que visa criar riquezas, transacionando em dois mercados, um fornecedor, outro consumidor”. Para facilitar a compreensão do sistema organizacional de uma empresa, deve haver, primeiramente, um reconhecimento do conjunto de departamentos que integram a organização, bem como das atividades desempenhadas por estes, haja vista que tais funções têm por fi nalidade propiciar a sustentabilidade da empresa no mercado. Mas vejamos a defi nição de sistema para compreendermos melhor o que é um sistema empresa. Beer (1969, p. 25) defi ne que “qualquer coisa que consiste em partes unidas entre si pode ser chamada de sistema, podem ser apontadas como agregados de pedaços e peças [...]”. Para Bio (1985, p.18), o sistema é “[...] um conjunto de elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem formando um todo unitário e complexo”. Em uma empresa, sempre ouvimos dizer que as “coisas” no seu ambiente funcionam corretamente quando existe a harmonia das atividades relacionadas entre si. Existem atividades que são exercidas em diversas áreas, departamentos ou setores da empresa para que a matéria-prima seja industrializada e transformada em produtos Em uma empresa, sempre ouvimos dizer que as “coisas” no seu ambiente funcionam corretamente quando existe a harmonia das atividades relacionadas entre si. 199 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 ou mercadorias para o consumidor. E, para que isso aconteça, as atividades exercidas nestes setores devem estar em harmonia. Por isso, chamamos de sistema empresa. Um conjunto no qual diversas partes, cada uma com sua função (no caso da empresa, como exemplo, os setores de produção, compras, vendas, administrativo, fi nanceiro, dentre outros) formam um todo (no caso da empresa, o resultado é o produto fi nal). Tomemos como exemplo um conjunto de funções relacionadas ao setor de projetos de uma empresa, em que os funcionários têm a função de elaborar o desenho de um determinado tipo de produto. A área de projetos, com base nas dimensões estruturadas, identifi cará os tipos de materiais necessários à produção desse produto. O setor de administração da produção necessita dessas informações para elaborar as planilhas de cálculo do tempo estimado da produção e saber quais os tipos de materiais que serão utilizados. Prosseguindo nessa cadeia de atividades, o departamento de compras realizará as cotações de preços e pesquisará os fornecedores com melhores preços, prazos e qualidade, para ter uma noção de quanto se gastaria na aquisição de insumos e matéria- prima necessária à fabricação do produto. Por sua vez, a área de custos apurará os valores necessários para a produção e identifi cará a margem de lucratividade ideal para manter a perenidade (a sobrevivência) da empresa no mercado. Para entendermos como uma empresa transforma recursos materiais, humanos, fi nanceiros, tecnológicos, dentre outros, em produtos e serviços que são destinados ao mercado, considerando o conceito de sistema empresa, observemos a Figura 15: 200 Administração Financeira Figura 15 – Visão sistêmica da empresa Fonte: Adaptado de Catelli (1999, p. 39). Na fi gura anterior você pode visualizar, de forma bastante simplifi cada, que a empresa é percebida como um sistema. Note que os recursos naturais, materiais, fi nanceiros, de tecnologia e de informação geram impactos no processo produtivo da empresa. Esse processo produtivo se resume na elaboração de produtos e serviços que serão disponibilizados ao mercado consumidor. A geração de produção e oferta ao mercado consumidor é o que proporcionará o Resultado Econômico para a empresa. Naturalmente, também diversos fatores externos à empresa, como o governo, as políticas econômicas, a relação entre fornecedores e clientes, podem, frequentemente, alterar a sua dinâmica. Isso signifi ca que, ao mesmo tempo em que a empresa precisa interagir no seu ambiente interno, também sofre a infl uência do ambiente externo, conforme podemos observar na fi gura a seguir: 201 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 Figura 16 − A infl uência do ambiente interno e externo na empresa (macrossistema) Fonte: Disponível em: <http://juliobattisti.com.br/tutoriais/ lucineiagomes/som001.asp>. Acesso em: 21 nov. 2011. De acordo com a fi gura anterior, há infl uência do governo com determinações legais e fi scais, do sistema fi nanceiro por causa da oferta de recursos fi nanceiros, do sindicato porque tem a função de intervir nas negociações salariais dos funcionários, da tecnologia porque possibilita otimizar processos, dos consumidores porque anseiam por qualidade e inovações, da comunidade porque busca o seu desenvolvimento local e regional para o desenvolvimento da cidade, da concorrência que traz a competitividade e a disponibilização da mão de obra com o objetivo de atingir o planejamento da produção da empresa. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ORGANIZACIONAL DE UMA EMPRESA A partir das considerações do item anterior, entendemos que a união dos departamentos integrantes de uma empresa resulta em um sistema organizacional, dentro do qual existe uma ordem hierárquica a ser respeitada em decorrência do agrupamento humano integrante da organização. Para que o sistema empresa tenha um bom funcionamento, é dividido em vários subsistemas, que são os seguintes: a) Institucional: também denominado de matriz, responsável pelos demais subsistemas, compreende a missão, assim como crenças e valores da organização. 202 Administração Financeira b) Gestão: é o responsável pelo processo de tomada de decisões, pois abrange as atividades de planejamento, gerenciamento e mecanismo de controle interno. c) Organização: é como a empresa está organizada, o tipo de estrutura empregada (vertical ou horizontal), o grau de autoridade e atribuição de responsabilidade. O objetivo é assegurar que todas as atividades da organização sejam desenvolvidas de forma ética, sendo infl uenciadas pelo subsistema institucional. d) Social: abrange o quadro funcional da empresa, incluindo-se nessa esfera a cultura e demais características inerentes ao capital intelectual da organização. Guerreiro (1996, p. 171) destaca os seguintes fatores que envolvem este subsistema: “necessidades dos indivíduos; criatividade; objetivos individuais; motivação; liderança; treinamento, etc.”. e) Informação: tendo em vista a atual dinâmica dos mercados como um todo, este subsistema aparece com considerável importância, pois consiste no conjunto de dados necessários para uma melhor tomadade decisão dos gestores da empresa. Guerreiro (1996, p. 172) enfatiza que: [...] dentre as inúmeras atividades executadas no âmbito da empresa, existem aquelas que objetivam basicamente a manipulação de informações. Elas geram essas informações através da manipulação (processamento) de dados derivados da execução das diversas atividades necessárias ao desenvolvimento das funções empresariais básicas. Essas atividades se caracterizam por três aspectos básicos: recebimento de dados, processamento e geração de informações. Os dados gerados nesta categoria buscam um elevado grau de excelência, eliminando a criação de atividades desnecessárias, o que resulta em um melhor procedimento de gestão. f) Físico-operacional: compreende as instalações físicas e equipamentos necessários para a realização das atividades inerentes à produção de bens e serviços desenvolvidos pela empresa. Nesse contexto, fi cam excluídos os funcionários, pois estão vinculados ao modus operandi do know how. Como exemplos de operacionalização das atividades “físico-operacional”, citamos os procedimentos de compras, produção, vendas, fi nanças, manutenção, entre outros. 203 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 MISSÃO DA EMPRESA A missão de cada empresa encontra-se ligada ao seu respectivo motivo básico de existência, notadamente correlacionado aos produtos e serviços oferecidos por ela junto ao mercado, visando à satisfação de seu público-alvo. O próprio conceito de sistema envolve a ideia de partes que interagem para alcançar um objetivo em comum. Assim, os diversos componentes do sistema empresa interagem, para que esta atinja seus objetivos. Por objetivo entende-se o alvo ou desígnio a que se quer atingir. São vários os objetivos de uma empresa, que poderiam ser classifi cados por hierarquia de importância e temporaneidade. O objetivo fundamental, isto é, o mais importante e permanente, é a sua missão (MOSIMANN; ALVES; FISCH, 1993, p. 19). De acordo com Padoveze (2009), a missão constitui o propósito da empresa e do seu negócio, portanto, deve comunicar interna e externamente. Ela deve ser escrita de forma objetiva e breve, compreendendo as atividades da empresa, o mercado de atuação, os produtos e serviços oferecidos, a sua diferenciação e o seu papel em relação a seus concorrentes e às principais conquistas que se quer atingir. Como exemplo, veja a transcrição da missão da empresa Petrobras: Missão da Empresa Petrobras Atuar na indústria de petróleo e gás de forma ética, segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, fornecendo produtos adequados às necessidades dos clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua. Fonte: Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/quem- somos/estrategia/>. Acesso em 10 maio 2016. Veja também a missão da empresa de cosméticos Avon: 204 Administração Financeira Missão da Empresa Avon - Ser líder global em beleza - Ser a marca de escolha das mulheres - Ser líder em vendas diretas - Ser o melhor lugar para se trabalhar - Ser a maior Fundação para as mulheres - Ser a empresa mais admirada Fonte: Disponível em: <http://www.avon.com.br/aavon>. Acesso em 10 maio 2016. É importante que a missão seja defi nida com muita clareza, uma vez que para ela convergirá o sistema organizacional da empresa por meio dos seus subsistemas. A EMPRESA COMO SISTEMA ABERTO Em todos os setores empresariais, as empresas apresentam as concepções de um sistema aberto. Os fatores externos infl uenciam de forma relevante nas empresas, segundo Tung (1974, p. 27), que diz o seguinte: No regime de livre comércio, o alvo da empresa é o maior lucro possível, conciliável com o seu crescimento a longo prazo e também com o bem-estar da coletividade, mediante o atendimento das suas necessidades. Para atingir esse objetivo, a tarefa da empresa seria a de determinar quais as necessidades ou desejos desta mesma coletividade, para depois organizar-se do ponto de vista da produção e da comercialização. Essa tarefa é contínua, pois as necessidades e os desejos dos homens sofrem alterações permanentes. Para que a empresa consiga maior lucro, cada setor de atividade deverá procurar aplicar métodos efi cientes, a partir de uma análise acuradamente elaborada. Então, o que acontece fora da empresa pode infl uenciar nas decisões tomadas pelos gestores de cada departamento dentro da empresa. Para reforçar essa concepção, Bio (1985, p. 18) ressalta que: Uma das implicações críticas dos conceitos de sistemas na Administração é justamente a concepção da empresa como 205 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 um sistema aberto, pois tal visão ressalta que o ambiente em que vive a empresa é essencialmente dinâmico, fazendo com que um sistema organizacional, para sobreviver, tenha de responder efi cazmente às pressões exercidas pelas mudanças contínuas e rápidas do ambiente. É importante ressaltar que cada decisão tomada, inclusive por dirigentes políticos, pode afetar o andamento das empresas e implicar a necessidade de tomadas de decisões, mudando estratégias e ações já previstas. Por exemplo, se determinadas empresas exportam alguns tipos de produtos, e na política econômica daquele país foi aplicada alguma lei protecionista referente a estes produtos, essas empresas deverão rever seus planos de expansão, pois, assim, não terão condições de buscar esses mercados. Por isso, é importante simular diversos cenários e analisar como a empresa reagiria a determinados acontecimentos no mercado. Isso poderia evitar diversos problemas futuros. Chiavenato (2000, p. 552) afi rma que o Orçamento Empresarial: [...] é perfeitamente aplicável à organização empresarial. A organização é um sistema criado pelo homem e mantém uma dinâmica interação com seu meio ambiente, sejam clientes, fornecedores, concorrentes, entidades sindicais, órgãos governamentais e outros agentes externos. As empresas que atuam no mercado nacional e internacional têm a necessidade de sempre estarem atualizadas e preparadas para as constantes e inevitáveis mudanças de mercado, as quais estão relacionadas aos aspectos fi nanceiros, políticos, econômicos e fatores macroeconômicos, entre muitos outros aspectos e fatores que infl uenciam diretamente no seu desenvolvimento. Enfi m, podemos afi rmar que são as constantes mutações internas e externas das organizações, decorrentes do ambiente em que estão inseridas, o motivo que as levam à sobrevivência no mercado competitivo. A amplitude de acontecimentos nacionais e internacionais implica diretamente a empresa, o que a leva a realizar intercâmbios com o meio, por intermédio dos quais angaria pontos importantes necessários à viabilidade da entidade, capacidade reprodutiva e adaptativa, resultando em sua continuidade. O mercado mundial é dinâmico e, diante disso, Kochanski (2000, p. 54) afi rma categoricamente que: “aquelas que ainda não se adequaram ou ainda não estão se adequando a este novo contexto mercadológico, irão sentir-se forçadas a adaptarem-se ou irão desaparecer do mercado rapidamente [...]”. A amplitude de acontecimentos nacionais e internacionais implica diretamente a empresa, o que a leva a realizar intercâmbios com o meio, por intermédio dos quais angaria pontos importantes necessários à viabilidade da entidade, capacidade reprodutiva e adaptativa, resultando em sua continuidade. 206 Administração Financeira Schein (1987 apud NAKAGAWA, 1993, p. 23-24) também estabelece a sua concepção de empresa a partir do sistema aberto da seguinte forma: a) a empresa deve ser concebida como um sistema aberto, o que signifi ca que ela se encontra em constante interação com todos os seus ambientes, absorvendomatérias-primas, recursos humanos, energia e informações, transformando- se em produtos e serviços, que são exportados para esses ambientes; b) a empresa deve ser concebida como um sistema de múltiplas fi nalidades ou funções, que envolvem múltiplas interações entre ela e seus diversos ambientes. Muitas atividades dos subsistemas existentes na empresa não podem ser compreendidas sem que se considerem essas múltiplas interações e funções; c) a empresa é constituída de muitos subsistemas que estão em interação dinâmica uns com os outros. Em vez de se analisarem os fenômenos organizacionais em termos de comportamento individual, cada vez se torna mais importante analisar o comportamento desses subsistemas, que sejam considerados em termos de coalizões, grupos, funções ou de outros elementos conceituais; d) devido ao fato de que os subsistemas, em graus variáveis, são interdependentes, as modifi cações ocorridas em um sistema, provavelmente, afetam o comportamento dos outros subsistemas; e) a empresa existe dentro de um conjunto de ambientes, alguns maiores, outros menores do que ela. Os ambientes, de diversos modos, fazem exigências e oferecem restrições à empresa e a seus subsistemas. O funcionamento total da empresa não pode ser compreendido, portanto, sem explícita referência a essas exigências e restrições e a maneira como ela os enfrenta a curto, médio e longo prazos; f) as numerosas vinculações entre empresa e seus ambientes tornam difícil especifi car claramente seus limites. Brito (2003, p. 31) aborda que o relacionamento entre os cenários poderá implicar a continuidade da empresa, pois ele entende que “[...] o processo de montagem de cenários deve ser visto como processo evolutivo, no qual frequência e disciplina são muito importantes [...]”. Portanto, de acordo com o autor, entende-se que a empresa, no seu processo de continuidade das atividades no mercado, deverá sempre criar novos cenários, conforme a realidade econômica de sua área de atuação. Esses cenários poderão contribuir para a defi nição de estratégias com vistas ao alcance de melhores resultados da empresa. 207 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 A EMPRESA COMO SISTEMA DINÂMICO Para entendermos o chamado “movimento sistêmico” que mantém a empresa em constante formação ou transformação, é importante estudar o que é empresa como um sistema dinâmico. A palavra “DINÂMICA” signifi ca que todas as coisas se transformam com a infl uência de outros fatores ou mecanismos existentes. A empresa processa, executa e operacionaliza as suas atividades a partir do momento em que os gestores utilizam a força decisória para a tomada de decisões. Isso quer dizer que as coisas somente acontecem quando alguma pessoa do comando da empresa “FAZ ACONTECER”. Catelli (1999, p. 39) corrobora que “[...] a empresa encontra-se permanentemente interagindo com seu ambiente. Como um sistema dinâmico, realiza uma atividade, ou um conjunto de atividades, que a mantém em constante mutação e requer que seja constantemente orientada ou reorientada para a sua fi nalidade principal”. O autor afi rma que todas as atividades da empresa precisam ser mapeadas e replanejadas, ou eliminadas (se necessário). A empresa está em um constante processo de mutação, o qual é necessário de acordo com o seu plano de negócios. Isso requer constante acompanhamento do processo orçamentário da empresa, pois deve-se avaliar mensalmente (de preferência) o que foi planejado e o que foi realizado, e esse resultado realizado (as mutações do resultado), quando for positivo ou negativo e tiver certa discrepância com o que foi planejado, sempre deverá ser investigado. Atividades de Estudos: 1) Para se elaborar o orçamento, a empresa precisa contar com uma equipe efi caz que contribua para o melhor desenvolvimento do processo orçamentário. Porém há alguns fatores limitativos nesse processo. Discorra sobre esses fatores limitativos. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 208 Administração Financeira 2) As atividades operacionais da empresa são geradas de acordo com o conceito de SISTEMA EMPRESA. É importante que esse conceito esteja inserido no modelo de gestão da empresa. Explique como podem ser identifi cadas as atividades do SISTEMA EMPRESA. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ TIPOS DE ORÇAMENTO E SUAS APLICAÇÕES Com as mudanças na sociedade, o desenvolvimento tecnológico e do mercado, aumentou a complexidade no desenvolvimento das atividades nas empresas. Dessa forma, tornou-se necessário aumentar o volume de informações com qualidade, para possibilitar aos gestores o controle do processo de produção e tomar decisões estratégicas, podendo prever o seu futuro. Nos tempos atuais, os empresários (os gestores) têm necessidade de planejar as ações e buscar o controle da empresa, e o processo orçamentário torna-se indispensável na administração de qualquer negócio. O processo orçamentário envolve a elaboração de planos detalhados de operações a serem cumpridas na empresa com o objetivo de obter lucro. Esses planos envolvem a previsão dos custos e despesas dentro da estrutura das políticas existentes, além de fi xar padrões para a atuação dos gestores com responsabilidades no negócio. O orçamento pode ser conceituado como um planejamento de operações detalhado em todas as suas fases para um período futuro, buscando retratar formalmente políticas, planos e metas estabelecidas pelos administradores, expressos em forma quantitativa. 209 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 Portanto, orçar signifi ca processar todos os dados constantes do sistema de informação e apresentá-los em forma de relatórios gerenciais, permitindo aos gestores terem uma visão do futuro da organização (de forma quantitativa) e poderem acompanhar de forma sistemática o cumprimento ou não do que foi orçado. Para Atkinson et al. (2000, p. 465), os orçamentos representam o seguinte: Um papel semelhante no planejamento e no controle para gerentes que estão dentro de unidades empresariais e que são parte central no projeto e na operação de sistema de contabilidade gerencial. [...] Os orçamentos nas empresas refl etem as condições quantitativas de como alocar recursos fi nanceiros para cada subunidade organizacional, com base em suas atividades e nos objetivos de curto prazo. [...] Assim, um orçamento é uma expressão quantitativa das entradas de dinheiro para determinar se um plano fi nanceiro atingirá os objetivos organizacionais. Orçamentação é o processo de preparação dos orçamentos. Em síntese, o orçamento é o instrumento que descreve o plano geral das operações, orientado por objetivos e metas propostos pela alta cúpula diretiva da empresa para um determinado período. Também podemos entender que o orçamento é o método de planejamento e controle fi nanceiro, vinculado aos planos operacionais e/ou de investimentos, com a fi nalidade de aperfeiçoar o rendimento de recursos físicos e monetários da empresa. Isso signifi ca compreender de forma quantitativa o que “pode acontecer” com os recursos e resultados da empresa, em períodos futuros. De certa forma, podemos tirar como conclusão que: Orçamento nada mais é do que colocar à frente aquilo que está acontecendo hoje, processando todos os dados constantes do sistema de informação contábil de hojee introduzindo os dados previstos para o próximo período, de acordo com as ferramentas para projeção que os gestores utilizam. O orçamento não deixa de ser uma pura repetição dos relatórios gerenciais atuais, só que com os dados previstos. Vejamos o que Lunkes (2003, p. 37) diz sobre o orçamento, seu desenvolvimento e importância nas empresas: 210 Administração Financeira - Na primeira fase predominou o orçamento empresarial, que teve como ênfase a projeção dos resultados e posterior controle. É um plano projetado para atender a um nível de atividade do próximo período. - A segunda fase privilegiou o orçamento contínuo, que tem como ênfase a revisão contínua, removendo-se os dados do mês recém-concluído e acrescentando-se dados orçados para o mesmo mês do ano seguinte. A aplicação desse método está se tornando bastante frequente nas empresas. - O passo seguinte foi o surgimento do orçamento de base zero (OBZ), com a projeção dos dados como se as operações estivessem começando da estaca zero e tivessem necessidade de justifi car os gastos. No orçamento de base zero os gestores estimam e justifi cam os valores orçados como se a empresa estivesse iniciando suas operações. - A quarta etapa apresenta o orçamento fl exível em destaque com a projeção dos dados das peças orçamentárias em vários níveis de atividade. O orçamento fl exível é projetado para cobrir uma gama de atividades, portanto, pode ser usado para estimar custos em qualquer nível de atividade. - Posteriormente, surgiu o orçamento por atividades como uma extensão do custeio baseado em atividades, com projeção dos recursos nas atividades e o uso de direcionadores para estimar e controlar resultados. O orçamento por atividades usa a informação sobre os direcionadores no planejamento e no processo de avaliação. - Finalmente, o orçamento perpétuo, que prevê o uso dos recursos fundamentado na relação causa-efeito. - Pode-se ainda considerar outros métodos, como o orçamento padrão, orçamento de tendência e orçamento incremental. A importância do sistema orçamentário está basicamente no modo de conduzir de forma ordenada as ideias e progredir, passo a passo, nas ações. Salientamos que o sistema orçamentário está ligado às constantes mudanças que ocorrem no mundo globalizado, especifi camente na área tecnológica. Dentro desse contexto, é importante que as empresas planejem os seus objetivos e suas atividades sempre considerando a necessidade de adaptar-se às novas realidades. No Brasil, o orçamento passou a ser foco de estudo a partir de 1940, mas apenas a partir de 1970 as empresas o adotaram com mais frequência em suas atividades. De modo geral, o processo orçamentário foi sendo adaptado às tendências das modernas teorias de gestão e, atualmente, deve apresentar as seguintes características: • Projetar o futuro da empresa no seu mercado de atuação; 211 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 • Flexibilizar sua aplicação de modo a facilitar sua operacionalização e compreensão dos resultados; • Ter a participação direta dos responsáveis na sua elaboração, acompanhamento e análise; • Ter um grau de acerto aceitável dentro da realidade da empresa e do mercado; • Ser adaptado ao ciclo operacional, o que possibilita verifi car o custo X benefício dos investimentos; • Demonstrar capacidade para apresentar com rapidez possíveis problemas na relação entre gastos e retornos fi nanceiros; e • Permitir o seu imediato ajuste operacional com encaminhamentos corretivos. A partir da década de 80, com o acentuado processo de globalização, as distâncias desapareceram e as fronteiras deixaram de ser um obstáculo para o mundo dos negócios. Isso permitiu que as empresas começassem a buscar matérias-primas e montar suas fábricas onde os custos são menores e com a possibilidade de oferecer seus produtos e serviços em qualquer parte do mundo. Como consequência, os padrões de consumo foram massifi cados e o capital fi nanceiro passou a buscar uma melhor rentabilidade global. Contudo, a competição nunca foi tão acirrada. O mercado recebe constantemente novos produtos importados ou de concorrentes locais com preços mais baixos, e, com isso, a necessidade de maior produtividade e redução dos custos é cada vez maior. Figueiredo e Caggiano (2008) abordam que todo este processo impacta no contexto externo das relações contratuais das empresas e, também, no seu ambiente interno, criando a demanda por melhores práticas de gestão. Podemos dizer que a empresa é uma instituição econômica que tem o objetivo de prover a sociedade dos produtos e serviços necessários ou desejados pelas pessoas, de acordo com a sociedade onde elas vivem. No entanto, esses objetivos somente serão viabilizados se o lucro for alcançado. Assim, as atividades das empresas devem estar sintonizadas com as metas fi xadas ao invés de serem realizadas de forma aleatória, isto é, necessitam ser planejadas e controladas. 212 Administração Financeira OBJETIVOS DOS ORÇAMENTOS Os Orçamentos possuem objetivos direcionados para o bom funcionamento das empresas. Para entendermos melhor o que signifi cam esses objetivos e sua aplicabilidade, buscamos os conceitos de alguns autores. Segundo Padoveze (1997, p. 354), o objetivo do plano orçamentário: [...] não é apenas prever o que vai acontecer e seu posterior controle. Ponto básico e, entendemos, fundamental, é o processo de estabelecer e coordenar objetivos para todas as áreas da empresa, de forma tal que todos trabalhem sinergicamente em busca dos planos de lucros. [...] No estabelecimento de objetivos haverá o envolvimento de todos, numa gestão participativa, ao mesmo tempo em que se delegará responsabilidades. Com isso, será possível a etapa fi nal, que é o controle do orçamento e a análise do desempenho e de suas variações. O autor afi rma que deve existir o envolvimento de todos os setores e todos os responsáveis de cada departamento, e as atividades deverão “estar alinhadas” de forma congruente. Warren, Reeve e Fees (2001, p. 179) abordam que “o orçamento envolve (1) o estabelecimento de metas específi cas, (2) a execução de planos para atingir suas metas e (3) a comparação periódica dos resultados efetivos com as metas”. O orçamento é constituído de planos específi cos em datas e unidades monetárias que visam atingir objetivos programados. É o plano fi nanceiro para implantar a estratégia da empresa em determinado exercício e, portanto, é uma ferramenta básica de gestão, que pode ser de curto prazo ou de longo prazo. O orçamento de curto prazo (geralmente um ano) é bastante detalhado e subdividido de acordo com as áreas da empresa. Sua função é quantifi car os planos e estabelecer as metas operacionais que determinam o que fazer, quando fazer, como fazer e quais recursos utilizar. O orçamento de longo prazo orienta a realização dos objetivos estratégicos. Com o sistema orçamentário, podem-se emitir diversos tipos de relatórios que contêm informações gerenciais importantes para a gestão de uma empresa, como os seguintes: • Relatórios de análise de desempenho por áreas de responsabilidade; O orçamento é constituído de planos específi cos em datas e unidades monetárias que visam atingir objetivos programados. 213 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 • Relatórios de análise de resultados, como a margem de contribuição por produto; • Relatórios de investimentos em imobilizado, que possibilitam a identifi cação do pay-back; • Relatórios de performance econômica e fi nanceira da empresa, como o ROAL - Retorno Operacional sobre os Ativos Líquidos - que é o resultado gerado em relação aos investimentos dos ativos, descontando-se os impostos recuperáveis conforme sua aquisição; • Demonstrações fi nanceiras,como o balanço patrimonial, a demonstração de resultado de exercício e a demonstração do fl uxo de caixa projetados. Quando se tratam de metas, na verdade, estamos falando em estabelecê-las para o resultado da empresa de forma global, mas sempre buscando “conectar” as atividades de cada departamento, uma vez que cada setor da empresa também possui suas metas individuais a serem atingidas. Em gestão, podemos compreender as metas como uma função administrativa de planejamento, a execução dos planos e das ações, de acordo com o processo orçamentário, como uma função administrativa de direção e a comparação dos resultados como uma função administrativa de controle. Em outras palavras, o Orçamento envolve: PLANEJAMENTO DIREÇÃO CONTROLE a) Planejamento O Planejamento é um conjunto de metas estabelecidas de acordo com as ações individuais e coletivas. Segundo Figueiredo e Caggiano (2008), ele é defi nido como o processo de refl exão precedido da ação, dirigido para a tomada de decisões com vistas no futuro. Para os autores, o processo de planejamento pode ser dividido em cinco etapas: 214 Administração Financeira 1 - Estabelecer os objetivos da empresa. 2 - Avaliar os possíveis cenários, relacionando os fatores internos e externos que poderão afetar as operações da empresa. 3 - Avaliar os recursos existentes para o uso efi ciente (mão de obra, máquinas, investimentos, tecnologia, estoque, capital, etc.). 4 - Defi nir a estratégia para alcançar os objetivos estabelecidos. 5 - Delinear um programa de ação e discriminar os recursos necessários. Em síntese, o processo de planejamento deve responder às seguintes perguntas: O que deve ser feito? Quando deve ser feito? Como deve ser feito? Quem deve fazê-lo? Para Sanvicente e Santos (1983), planejar é estabelecer com antecedência as ações a serem executadas para que sejam alcançados satisfatoriamente os objetivos por ventura fi xados para uma empresa e suas diversas unidades. O processo de planejamento pode ser dividido em três atividades: • Planejamento Estratégico: Avalia os riscos e oportunidades que o setor produtivo oferece e os pontos fortes e fracos da organização com vistas a defi nir as diretrizes políticas, os objetivos e os princípios da empresa. • Planejamento Programa: é um planejamento de longo prazo, normalmente de três a dez anos. • Planejamento Orçamentário: é elaborado com um nível de detalhes superior às necessidades mais imediatas. Normalmente, é o primeiro ano do planejamento de longo prazo, previsto e acompanhado mensalmente. O orçamento é uma ferramenta que demonstra uma ampla visão fi nanceira da empresa e o seu acompanhamento possibilita identifi car possíveis resultados fora do planejado. Nesse caso, providenciam-se os acertos necessários, evitando, assim, possíveis problemas futuros. b) Direção A Direção pode ser compreendida como o “tomar cuidado” para que as ações individuais e grupais sejam coordenadas da melhor forma possível. E essa direção deve ser bem orientada através das reuniões dos comitês de avaliação. 215 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 c) Controle O controle é um sistema de verifi cação do desempenho obtido com os objetivos traçados, de forma que ações corretivas possam ser implementadas. Sua existência é fundamental tanto para a execução de planejamento de curto como de longo prazo. Embora a maior ênfase esteja nas atividades de controle das operações de curto prazo, nas situações de planejamento de longo prazo, ele permite verifi car os avanços realizados e a necessidade de rever suas metas. Para Welsch (1983, p. 29), “controle é exercer continuamente um controle dinâmico, agressivo e fl exível das operações para assegurar conformidade realista com os planos e objetivos”. Dessa forma, o controle tem a função de assegurar que as atividades sejam executadas em conformidade com os planos traçados. A Figura 17 demonstra a relação entre os elementos no processo de planejamento e, posteriormente, o controle durante a sua execução. Figura 17 - Relacionamento entre os elementos no processo de planejamento de uma empresa Fonte: Steiner (1979, p.17) adaptado por Frezatti (2009, p. 15). De acordo com a fi gura anterior, todas as informações do passado da empresa, assim como a avaliação das necessidades dos gestores e dos investidores devem estar de acordo com a avaliação da atuação da empresa no mercado (riscos e oportunidades), e contribuir para a defi nição das novas estratégias. Por sua vez, essas estratégicas devem ser mapeadas em um plano orçamentário (o qual deve estar alocado em um banco de dados do Sistema de Informações Gerenciais) com o acompanhamento dos resultados dos eventos orçados e realizados da empresa. 216 Administração Financeira O controle é uma fi scalização exercida sobre as atividades, a fi m de evitar que elas se desviem das normas e metas pré-estabelecidas. O ideal é fazer o controle na medida em que as atividades vão se realizando, mas isso depende da implantação de um sistema de controle, que envolve custos de implantação e operação. Para termos uma ideia sobre a necessidade dos controles das operações por meio dos processos orçamentários e dos cuidados com a qualidade e o tipo de controle ideal para exercer em uma empresa, vamos observar o que Ricardo Semler (2002) descreve a partir da sua experiência sobre a emissão de relatórios, análise e decisões tomadas com base nas informações deles extraídos. Ricardo narra sua experiência como administrador da empresa que herdou da família. Em 1982 fomos visitados pelo presidente de uma poderosa empresa, uma das maiores dos EUA, que ao cabo de uma visita pela fábrica folheou nossos sistemas de relatórios mensais e orçamento. Naquela época tínhamos os números no quinto dia útil do mês em pastinhas organizadíssimas. Se você quisesse saber quanto tinha sido o consumo de café na subseção de Usinagem Leve III, era só procurar na página 67, quadro 112.6. O homem fi cou impressionadíssimo e disse que não esperava encontrar tanta efi ciência numa empresa brasileira, que era muitas vezes maior que nós, que gostaria de ver este mesmo sistema instalado na empresa deles. A partir deste dia andávamos como pavões, declarando a quem quisesse ouvir que o nosso sistema de orçamento era estado-da-arte, que o presidente de um grande grupo norte americano... Vocês com certeza conseguem imaginar a cena. Com o passar dos anos fomos percebendo que esses relatórios eram tão completos e sofi sticados que aconteciam dois fenômenos: um, descobrimos que nossas despesas eram altas demais e nunca abaixava porque tava lotado de neguinho na contabilidade que só fazia isto; dois, que tinha tanto número dentro da pasta que quase nenhum gerente lia – uma reunião para discutir um só departamento levava a tarde toda, e ninguém admitia que não tinha lido ou estudado os números (o que, por sinal, era humanamente impossível). Para encurtar uma longa história, o período em que menos soubemos o que realmente acontecia na empresa foi aquele. Alguns anos depois, essa poderosa empresa norte americana, sofrendo graves difi culdades fi nanceiras, foi perdendo participação no mercado e dinheiro, e atualmente está sendo dissolvida e vendida em pedaços. Moral da história: hoje temos um sistema simples, com poucas, mas relevantes informações, e somos capazes de agir sobre elas. Cortamos de quatrocentos para cinquenta centros de custo, decapitamos centenas de classifi cações contábeis, dezenas de linhas de demonstrativos, e agora está fi nalmente dando para enxergar a empresa. Poucos e grandes números, e disposição para agir sobre eles – o resto é estética (SEMLER, 2002, p. 73). 217 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 Observamos que, para um bom controle,é essencial a emissão de relatórios de acompanhamento orçamentário e gerencial, mas de nada adianta que sejam enormes e complexos, com muitas informações a ponto de difi cultar a sua interpretação e utilização dos dados na tomada de decisões. TIPOS DE ORÇAMENTOS Existem diversos tipos de orçamento para serem utilizados conforme a realidade da empresa e o seu campo de atuação. Dentre eles citamos: orçamento estático, orçamento fl exível, orçamento de tendências e orçamento base zero. a) Orçamento Estático O ORÇAMENTO ESTÁTICO é baseado a partir de um determinado volume de produção e vendas que a empresa deseja atingir. Se ocorrerem mudanças no ambiente do sistema empresa, os orçamentos para um determinado período perdem sua validade, já que estarão “engessados” de acordo com o volume de produção e vendas que outrora foram defi nidos. Segundo Padoveze (1997, p. 383), “caso a empresa, durante o período, considere que tais volumes não serão atingidos, parcela signifi cativa das peças orçamentárias tende a perder valor para o processo de acompanhamento, controle e análise das variações”. Se ocorrer qualquer incidente no mercado do mundo globalizado, como uma catástrofe natural, ou problemas na economia mundial ou em determinados países, isso poderá afetar de forma negativa os Orçamentos Estáticos. Mas, se ocorrerem fatores positivos na economia global ou de determinado país, isso também poderá afetar de forma negativa os Orçamentos Estáticos. Desse modo, eles NÃO PODERÃO SER ALTERADOS, a própria palavra já o defi ne: ESTÁTICO IMÓVEL. O orçamento estático é mais apropriado para planos com metas a serem atingidas em curto prazo, como períodos bimestrais ou trimestrais, mais facilmente observadas em sazonalidade ou moda. Esse tipo de orçamento torna-se inviável para períodos de um ano ou mais, pois os ajustes tornam-se necessários e o estático não possui essa “fl exibilidade”. 218 Administração Financeira b) Orçamento Flexível Como o período do exercício social nas empresas é de 12 meses, muitas vezes, a instituição precisa realizar ajustes no seu plano orçamentário para equilibrar seus objetivos e metas de resultados. Por isso, o orçamento não pode estar “engessado”. Vamos tomar como exemplo empresas do ramo eletrodoméstico em que o governo, por um decreto, reduz a alíquota do IPI no mês de junho de um determinado ano. Dessa forma, a redução da alíquota do IPI reduz o preço de venda do produto, o que leva ao possível aumento da procura no mercado. Desse modo, todas as previsões de vendas e de volume de produção precisam ser revistas para esse exercício social, pois será necessária maior aquisição de insumos, resultando no aumento de seus custos, além de outros custos e despesas que poderão ser necessários. O ORÇAMENTO FLEXÍVEL pode ser ajustado de acordo com as necessidades da empresa e com as mudanças de mercado. Como a empresa é dividida em departamentos, ela possui níveis de atividades executadas por seus responsáveis. De acordo com Warren, Reeve e Fees (2001, p. 184-185), “pode-se pensar num orçamento fl exível como uma série de orçamentos estáticos para diferentes níveis de atividades”. Esses níveis de atividades são níveis de processamento e requerem profundo conhecimento de custos, pois se ocorrerem mudanças no mercado que possam afetar o “turn-over” (rotatividade de funcionários) da empresa, afetará todas as peças orçamentárias de custos, envolvendo: salários, matéria-prima empregada para maior ou menor consumo, impostos ou encargos sociais de acordo com o volume a ser apurado em relação à nova realidade da empresa. Conforme Padoveze (1997, p. 383), “para tanto é necessário um profundo conhecimento dos padrões de comportamento dos custos”. Por conseguinte, essas mudanças afetarão tanto o planejamento do resultado da empresa como o planejamento dos seus recursos fi nanceiros. c) Orçamento de Tendências O ORÇAMENTO DE TENDÊNCIAS é uma prática orçamentária que utiliza dados passados para projetar o futuro, pois situações ocorridas no passado, decorrentes da estrutura organizacional já existente, servem de base para projetar situações futuras, uma vez que se corre o risco de tais situações acontecerem novamente. Nesse aspecto, é importante fazer uma média dos acontecimentos em um período de alguns exercícios sociais. Tal prática tem fornecido bons resultados em várias organizações O ORÇAMENTO FLEXÍVEL pode ser ajustado de acordo com as necessidades da empresa e com as mudanças de mercado. 219 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 empresariais. Mas, para haver sucesso neste tipo de planejamento orçamentário, deve-se levar em consideração que a realidade é muito dinâmica e que constantemente novos elementos surgem no processo, os quais também devem ser previstos. Conforme Padoveze (1997, p. 383-384), Na execução do orçamento de tendências sempre existirão eventos passados de conhecimento da empresa, que não se repetirão e que, portanto, não serão reproduzidos no orçamento. Da mesma forma, existirão eventos futuros que não terão um passado onde se possa basear novas estimativas, que deverão ser orçados de outra maneira. Muitas vezes, a empresa possui um mix padrão de produção e vendas. Por exemplo, a produção de barras de aço em determinadas bitolas torna-se um padrão e, assim, não há muitas mudanças no seu mix de produção. Para facilitar a elaboração do processo orçamentário, pode-se utilizar o orçamento de tendências, utilizando-se dados passados para projetar o futuro. d) Orçamento Base Zero O ORÇAMENTO BASE ZERO (OBZ) é uma proposta conceitual que, apesar de ser muito pouco difundida entre os gestores das empresas, tem apresentado uma contribuição relevante para o processo orçamentário. A própria expressão base-zero tem relação com a ideia de reavaliação de todos os programas e despesas propostos. Esse orçamento surgiu como uma contrapartida ao orçamento de tendências, pois, enquanto este se apoia em dados passados, o orçamento base zero parte de um novo estudo da empresa no mercado. Consiste em buscar novos elementos e nunca deve partir da observação dos dados passados. Serve como instrumento de questionamento das atividades existentes e de refl exão para a criação de outras mais efi cazes, por isso, é considerado, também, como uma metodologia gerencial para o planejamento e controle orçamentário. O OBZ muda a concepção de que o orçamento é igual ao já realizado com alguns acréscimos e supressões. Mas, por quê? Porque, para alguns estudiosos do tema, eles podem conter inefi ciências que o orçamento de tendências pode perpetuar. Padoveze (1997, p. 384, grifo do autor) diz que: A proposta do orçamento Base Zero está em rediscutir toda a empresa toda vez que se elabora o orçamento. Está em questionar cada gasto, buscando verifi car a real necessidade. Resumindo, a questão fundamental permanente para o 220 Administração Financeira orçamento base zero é a seguinte: não é porque aconteceu que deverá acontecer. [...] Nesta linha de pensamento, cada atividade da empresa será rediscutida, não em função de valores maiores ou menores, mas na razão ou não de sua existência. A partir da existência da atividade, será realizado um estudo, partindo-se do zero, de quanto deveria ser o gasto para manutenção daquela atividade. Na fi gura a seguir, observamos o conjunto das principais atividades. Figura 18 – Referência conceitual utilizada para descrever a atividade de uma empresa Fonte: Boisvert (1999, p. 63). Todas as atividades existentes na empresa têm uma razão de existir, e somente haverá a transformação de novos produtos e serviços se ocorrerem produção e vendas, por consequência, também às atividades administrativas de apoio e gerenciamento. Por esse motivo,o processo de acompanhamento das despesas defi ne responsabilidades claras com base na avaliação do "Previsto x Realizado". Assim sendo, todos os desvios são tratados e analisados por meio de relatórios que visam mostrar com clareza as causas dos desvios e o desenvolvimento de um plano de ação para eliminá-los. Através desta prática, o orçamento da empresa passa a ser baseado em regras bem defi nidas, com intensa participação dos funcionários na redução de despesas. A desvantagem do OBZ é o seu processo trabalhoso. Exige-se um longo tempo de preparação em comparação com outros orçamentos tradicionais e pode envolver um processo burocrático bastante extenso, pois todas as atividades operacionais da empresa precisam ser repensadas e planejadas. É como se a 221 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 empresa estivesse iniciando suas atividades a cada novo exercício social, o que não é viável para as empresas que possuem atividade contínua. Na maioria das empresas, seu uso é pouco frequente, contudo, pode ser aplicado a todas as empresas, públicas ou privadas, de qualquer porte. Esse tipo de orçamento pode ser útil na elaboração de projetos, ou seja, a cada projeto novo se realiza um orçamento a partir do zero. O orçamento base zero tem as seguintes características, conforme Lunkes (2010, p. 87): • analisar o custo-benefício de todos os projetos, processos e atividades, partindo de uma base ‘zero’; • focalizar objetivos e metas das unidades de negócio cujos recursos são consequência do caminho ou direção planejada; • assegurar a correta alocação de recursos com base no foco e nos fatores-chaves do negócio; • aprovar o nível de gastos após a elaboração com base em critérios previamente defi nidos; • desenvolver forma participativa, com intensa comunicação entre as áreas; e • fornecer subsídios decisórios inteligentes para a gestão. Para o seu desenvolvimento, Lunkes (2010) propõe sete etapas básicas, que são: 1ª etapa: Defi nição das estratégias, objetivos e metas das unidades. 2ª etapa: Identifi cação dos pacotes de decisão. 3ª etapa: Defi nição da matriz de responsabilidade. 4ª etapa: Elaboração das PBZs (Pacotes Base Zero), NBZs (Núcleos Base Zero), e VBZs (Variáveis Base Zero). 5ª etapa: Priorização dos pacotes de decisão. 6ª etapa: Aplicação dos recursos. 7ª etapa: Acompanhamento do OBZ. Para compreender melhor a elaboração das PBZs (Pacotes Base Zero), dos NBZs (Núcleos Base Zero), e das VBZs (Variáveis Base Zero), vamos buscar a contribuição de alguns autores. Pyhrr (1981 apud SANTANA, 2010, p. 12-13) “defi ne o pacote de base zero (PBZ) como um documento que identifi ca e descreve uma atividade específi ca de modo a que o gestor possa: (1) avaliá-la e priorizá-la em relação a outras atividades que concorram para a obtenção dos recursos imediatos; e (2) decidir aprová-la ou rejeitá-la”. 222 Administração Financeira Lunkes (2009 apud SANTANA, 2010, p. 13) exemplifi ca o pacote, dizendo que “podem-se utilizar: pacote aluguéis, pacote utilidades, pacote pessoal e pacote fretes, entre outros. O pacote de decisão pode ser dividido em unidades menores chamadas de NBZ e VBZ”. Prosseguindo, Santana (2010, p. 13) aborda que “a variável base zero (VBZ) é a menor unidade de acumulação dos gastos, como a conta contábil que registra consumo de recursos. Pode-se utilizar como exemplo a conta ‘cartuchos para impressora’, ‘canetas’, ‘disquetes’, entre outros, comenta o autor”. “O núcleo base zero (NBZ) é a junção de várias VBZ por apresentarem natureza de gasto semelhante e, também, para facilitar o controle pelo responsável. Um exemplo seria as VBZ citadas anteriormente classifi cadas na NBZ ‘material de escritório’”, exemplifi ca Lunkes (2009 apud SANTANA, 2010, p. 13). As vantagens do OBZ estão relacionadas com melhores planos e orçamentos, benefícios posteriores (obtidos durante o ano operacional) e desenvolvimento da equipe administrativa. Todavia, o OBZ não é muito comum nas empresas, pois demanda tempo de estudos e análises, e, atualmente, com a escassez de recursos fi nanceiros, torna-se dispendioso manter esse modelo orçamentário. SISTEMA DE ORÇAMENTOS O Sistema de Orçamentos é o modelo de mensuração que avalia e demonstra, sob um formato contábil, as projeções de desempenhos econômicos e fi nanceiros de uma empresa. Sua função é compilar as informações advindas de cada setor da empresa e apresentar os resultados da execução dos planos de ação que foram aprovados por cada gestor. Vamos demonstrar essa interação entre cada departamento na fi gura a seguir. 223 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 Figura 19 – Sistemas de informações gerenciais Fonte: Adaptado de Oliveira (1999, p. 248). Observe que o sistema de orçamentos relaciona todos os dados físicos relativos ao volume total de produção e vendas com os padrões das receitas, custos e despesas de cada área de responsabilidade, cada departamento. Após serem aprovados pela administração da empresa, com os respectivos planos de ação, são confi ados aos responsáveis por sua execução. Observamos, na fi gura anterior, que o FATURAMENTO gera informações para o sistema CONTÁBIL e para o sistema de CONTAS A RECEBER. Por conseguinte, INVENTÁRIO FÍSICO, VENDAS/DISTRIBUIÇÃO e CUSTOS também geram informações para o sistema CONTÁBIL. Os RECEBIMENTOS dos materiais para a produção geram informações para o sistema de CONTAS A PAGAR e para o sistema CONTÁBIL. O processo REPETITIVO, tais como erros na produção e reprocesso, o CONTROLE FABRIL e as informações da ORDEM DE PRODUÇÃO também possuem refl exo na CONTABILIDADE. Por conseguinte, todas informações do sistema da CONTABILIDADE são processadas e encontram-se na CONSOLIDAÇÃO dos informes para a gestão da empresa. O REFLEXO DOS ORÇAMENTOS NA EMPRESA Os orçamentos refl etem a necessidade da empresa – dos seus administradores - em comunicar aos seus gerentes ou responsáveis os planos 224 Administração Financeira de ação que devem ser executados de acordo com as políticas e diretrizes nele atribuídos. Deverão dar origem aos resultados projetados para avaliação e análise. Portanto, o que os orçamentos refl etem são as políticas, que estão presentes nas seguintes áreas: • Compras: busca no mercado a melhor relação de aquisição, tempo de entrega e preço; • Estoques: melhora cada vez mais a política de inventários, reduzindo- os para atender da melhor forma possível ao ponto de ressuprimento - que é o estoque mínimo que a empresa deve possuir sem afetar o custo fi nanceiro da estocagem e do planejamento e controle de produção; • Vendas: busca novas frentes de mercado. Uma das formas que as empresas encontraram para solucionar seus problemas de custos e despesas fi xas é a diluição destes em um maior volume de produção, o que só pode ser atingido com o aumento do volume de vendas; • Qualidade: produtos de qualidade possuem mercado garantido, pois qualidade é sinônimo de cliente satisfeito com sua durabilidade e garantia de conforto e bem-estar; • Seleção e remuneração do pessoal: para atender à demanda de trabalho da empresa, ela precisa contratar os profi ssionais mais qualifi cados no mercado, e profi ssionais qualifi cados requerem uma melhor remuneração; por conseguinte, isso refl ete na qualidade dos produtos; • Contabilidade por área de responsabilidade: todos os resultados deverão ter sua transparência evidenciada em relatórios contábeis por áreas de responsabilidades, pois o sistema de informação gerencial facilita essa “conversa” entre cada departamento. O orçamento refl etirá se o sistema de informações está adequadamente estruturado e capaz de mostrar aos gerentes os desvios que estão ocorrendo, merecendo ações corretivas ou não. Ressalta-se que os “desvios” são os resultados realizadosque não estão de acordo com o planejado/orçado de forma relevante. O padrão aceitável para as variações dos valores do resultado realizado em relação ao orçado são de 10%, o que estiver acima desse percentual é o que se entende por desvios e estes devem ser investigados. 225 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 POR QUE PREVER? A previsão orçamentária deve ser uma prática constante e necessária, mas a verdadeira previsão deve ser bem pensada, bem planejada, e apoiar-se em bases concretas, para que se possam medir todas as consequências. Quando elaboramos um orçamento, devemos levar em consideração que o principal objetivo da empresa é a venda, mas esta será efetivada somente se estiver precedida de um conjunto completo de previsões. Até a década de 90 tinha-se a compreensão de que a aquisição de um bem do ativo imobilizado – máquinas e equipamentos – permitia o aumento da produção com a redução de pessoal, ou seja, produzir mais com menos pessoal empregado, sem haver a preocupação se o mercado seria capaz de absorver esse aumento de produção ou não. Aqui, encontramos um problema, que é identifi car os custos do capital aplicado - a taxa de juros ou taxa de recuperação do capital -, demais gastos de funcionamento da máquina e se não seriam superiores à receita futura advinda dessa produção excedente. Dessa forma, seria possível adquirir uma nova máquina, produzir e TENTAR vender os produtos? A palavra “tentar” coloca dúvida. Não é mais possível tentar algo, como no passado. Arriscar para dar certo? Na tentativa e erro? Entende-se que não porque o custo de capital é muito elevado. Por que prever? A resposta está em evitar desperdícios desnecessários, pois não há mais como errar em um mundo competitivo como esse em que vivemos. COMO PREVER? Existe no meio gerencial uma pergunta constante: Como prever? 226 Administração Financeira Podemos compreender com as seguintes respostas: - É salutar que um planejamento orçamentário seja decomposto em períodos curtos, preferencialmente anuais ou semestrais. - A velocidade das informações e do mercado pode causar efeitos na elaboração das previsões orçamentárias. - As atividades da empresa – de cada departamento – deverão ser defi nidas, planejadas e harmonizadas. Perguntas frequentes como: a) Quais são as bases da previsão? b) Quais são os limites orçamentários? Essas perguntas sobre COMO PREVER somente têm fundamento na defi nição dos produtos ou serviços nos quais a empresa possa garantir suas vendas. Garantia de Vendas CARRO-CHEFE O orçamento necessita de dados numéricos que refl itam a situação do mercado atual e permitam planejar o crescimento que a empresa pretende para o ano seguinte. No orçamento de vendas, por exemplo, a empresa faz as previsões de acordo com o mercado de atuação e, com isso, saberá os recursos necessários para atender a demanda da produção. Tung (1975, p. 88) diz que no planejamento de vendas, “a empresa procura inteirar-se das suas próprias experiências, que poderão servir de indicação para maiores análises e investigações”. Para Sanvicente e Santos (1983, p. 53), “os critérios de detalhamento do orçamento de vendas são três: tempo, área geográfi ca e produto”. Em seguida, é importante que se faça uma previsão por produto e por período, levando em consideração o que o mercado pode absorver. Essa previsão comercial é fundamental para o sucesso do empreendimento e sua elaboração resulta da síntese de um conjunto de informações que são extraídas das seguintes áreas: a) Contabilidade: análise dos relatórios fi nanceiros e de vendas (por períodos anteriores); O orçamento necessita de dados numéricos que refl itam a situação do mercado atual e permitam planejar o crescimento que a empresa pretende para o ano seguinte. 227 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 b) Das estatísticas do departamento de vendas: principalmente da análise dos relatórios das vendas individuais ou em grupos de clientes, por períodos de entrega dos produtos; c) Do estudo dos mercados: uma expectativa realística só pode ser determinada se o mercado responder através da sua capacidade em absorver seus produtos. Com isso, pode-se entender que o Processo Orçamentário de uma empresa é de fundamental importância para criar um direcionador, ou seja, implementar determinados padrões de consumo e de resultados para que a empresa possa alcançá-los dentro do seu mercado de atuação. Atividades de Estudos: 1) O efi caz desempenho das atividades operacionais da empresa é defi nido de acordo com PLANEJAMENTO, DIREÇÃO e CONTROLE. Discorra sobre o Planejamento na elaboração do orçamento empresarial. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Existem diversos tipos de Orçamentos a serem implantados e utilizados pelas empresas. Cada um possui particularidades que melhor possam atender às necessidades dos gestores das empresas. Dentre os tipos de orçamentos existentes, discorra sobre o Orçamento Base Zero. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 228 Administração Financeira IMPLANTAÇÃO DO ORÇAMENTO EMPRESARIAL Quando falamos em plano orçamentário, devemos estar atentos ao orçamento e ao processo de gestão como ferramenta para direcionamento das atividades da empresa. Os gestores também devem compreender a utilidade das ferramentas orçamentárias e implementá-las. A mudança da mentalidade para aceitar os princípios fundamentais da elaboração dos orçamentos e sua implementação possibilita aos gestores ter condições de criar cenários necessários para prever possíveis acontecimentos na empresa e adequar as ferramentas orçamentárias a essa realidade. ORÇAMENTO E PROCESSO DE GESTÃO Ao tratarmos de processo de gestão, precisamos, primeiramente, defi nir o sistema empresa envolvido na elaboração e execução do orçamento empresarial. Sabemos que quanto menor for o porte da empresa, mais fácil será o acesso das informações ao administrador do negócio, a partir do profi ssional responsável pela elaboração do orçamento, pois a troca de informações praticamente acontece de forma instantânea. Em um processo de gestão, a avaliação das áreas de responsabilidades deve ser realizada em concordância com os objetivos da empresa, uma vez que estes objetivos devem atender às premissas do mercado. Por exemplo, se a empresa atua no ramo têxtil, o objetivo desta empresa é o atendimento do mercado neste segmento. Padoveze (2005, p. 22) afi rma que “o processo de gestão tem por fi nalidade permitir à empresa alcançar resultados dentro de um conjunto coordenado de diretrizes, para atingir as metas e os objetivos explicitados na declaração da visão empresarial”. Feito isso, cada área tem sua participação e cada uma delas deve ser avaliada de acordo com suas funções. Por exemplo: • A área fi nanceira deve ser avaliada diariamente para identifi car se houve sobra ou falta de caixa, conforme as informações que foram geradas da movimentação do setor de contas a receber e a pagar. 229 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 • O setor de contas a receber deve avaliar se as cobranças previstas ocorreram com coerência e avaliar os clientes inadimplentes. Isso é necessário, pois o setor fi nanceiro necessita da previsão de cobrança para programar a entrada de recursos fi nanceirosno caixa. • O setor de contas a pagar fornece as informações de previsão de pagamentos para o setor fi nanceiro. Se ocorrerem distorções de informações, pode prejudicar o andamento das atividades do setor fi nanceiro, pois as contas a pagar que não estão previstas ocasionam falta de recursos no caixa e, possivelmente, atrasos na sua liquidação. • O departamento de vendas deve ser avaliado de acordo com o Orçado x Realizado, pois, apesar da sinalização que o mercado oferece à empresa, uma previsão de vendas errônea coloca em risco a geração de receita e, possivelmente, leve à falta de caixa. Uma venda prevista e não realizada é um recurso fi nanceiro que deixa de ser registrado no caixa. Imagine você fazendo a previsão de uma receita de recursos fi nanceiros para a sua conta corrente pessoal. Você, com certeza, planejará onde investir esse dinheiro. Caso isso não ocorra, fi cará frustrado, já que havia uma EXPECTATIVA de obter um determinado resultado. Imagine esta situação acontecendo com uma empresa. Uma EXPECTATIVA FRUSTRADA pode colocar em risco toda a credibilidade da empresa perante os subalternos e a sociedade. O gestor não acreditará com tanta facilidade nos resultados previstos de um próximo processo orçamentário, além de colocar em risco a credibilidade do trabalho do responsável na elaboração do orçamento. Mas o que se pode fazer para evitar esse tipo de expectativa frustrada? Existe uma maneira, que se chama PROCESSO DECISÓRIO. É por meio do processo decisório que se tem a oportunidade de utilizar um modelo de gestão centralizado ou descentralizado. O processo decisório centralizado determina que somente uma pessoa decida e encaminhe todas as atividades inerentes à elaboração do orçamento. Mas, ao centralizar esta competência para apenas uma pessoa, existirão difi culdades entre profi ssionais ou até mesmo setores, difi cultando a obtenção de informações necessárias à elaboração do orçamento, uma vez que não terá o envolvimento de todos no processo. Em um processo decisório descentralizado, acontece a delegação de responsabilidade e autoridade. Isso se chama ACCOUNTABILITY, amplamente estudado em Controladoria, que consiste na obrigação que têm as pessoas O processo decisório centralizado determina que somente uma pessoa decida e encaminhe todas as atividades inerentes à elaboração do orçamento. 230 Administração Financeira envolvidas no processo decisório e operacional de prestar contas dos resultados obtidos, em função das suas responsabilidades vinculadas às suas funções, que decorrem da delegação de poder. Nesse sentido, Nakagawa (1994, p. 19) diz que: [...] sempre que alguém (principal) delega parte de seu poder ou direitos a outrem (agente), este assume a responsabilidade de, em nome daquele, agir de maneira coerente com relação ao objeto da delegação e, periodicamente, até o fi nal do mandato, prestar contas de seus desempenhos e resultados. A esta dupla responsabilidade, ou seja, agir de maneira coerente e prestar contas de desempenhos e resultados dá-se o nome de accountability. As responsabilidades de cada funcionário da empresa são determinadas em todos os níveis da organização, desde o operacional até o estratégico, ao mesmo tempo em que são delegados poderes específi cos e fornecidos os recursos necessários para o cumprimento das suas atribuições. Dentro dessa cadeia de accountability, a expectativa será sempre atingir a gestão efi ciente e efi caz dos negócios da empresa. Todos os envolvidos estarão engajados na consecução dos objetivos e nas metas estabelecidas dentro de seu âmbito de autoridade e responsabilidade. Para os níveis de chefi a da empresa, as responsabilidades de cada cargo estão normalmente explicitadas em descrições das atribuições do cargo, que delimitam claramente os níveis e limites de autoridade, com detalhamento dos resultados que a empresa espera obter. A prestação de contas dos resultados alcançados corresponde à obrigação derivada dessa delegação de autoridade, ou seja, cada parte envolvida no processo tem uma meta para atingir. A expectativa, neste nível de delegação de poder (autoridade), é que os gestores contratados sempre procurarão otimizar os interesses dos acionistas e investidores da empresa, além de buscar a sua satisfação pessoal e profi ssional. A responsabilidade (accountability), como se pode perceber, corresponde sempre à obrigação de executar algo e apresentar resultados que decorrem da autoridade delegada, e somente são quitadas com a prestação de contas. A autoridade é a base fundamental da delegação de poder e a responsabilidade corresponde ao compromisso e obrigação que a pessoa envolvida deve ter com um desempenho efi ciente e efi caz. Portanto, responsabilidade é a obrigação que o executor tem de realizar as atividades e prestar contas dos resultados obtidos. A autoridade pode ser delegada, mas a responsabilidade não, porque a 231 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Capítulo 4 responsabilidade dos resultados obtidos é, única e exclusivamente, atribuição das pessoas envolvidas na delegação de autoridade. Conforme Perez Júnior, Pestana e Franco (1995, p. 33-34), o conceito de autoridade e responsabilidade na gestão de negócios das empresas pode ser esclarecido utilizando uma cadeia de accountability, conforme exposto a seguir, na Figura 20: Figura 20 – Cadeia de accountability 1 Responsabilidade e Autoridade Agente Assume a Responsabilidade de Delega a Autoridade Acionista Majoritário Eleger o Conselho de Administração da entidade. Ao Conselho de Administração, para administrar o negócio e nomear a diretoria da entidade. Conselho de Administração Gerir o negócio e nomear a diretoria da entidade. À diretoria da entidade, para dirigir as atividades do negócio e contratar a gerência. Diretoria Dirigir o negócio e contratar a gerência. À gerência, para gerenciar o negócio e contratar supervisores e assistentes. Gerência Gerenciar as atividades do negócio e contratar supervisores e assistentes. Aos supervisores e assistentes, para executar as operações do negócio. 2 Prestação de Contas Agente Executa Reporta Supervisores e assistentes As atividades operacionais do negócio. À gerência, o resultado de suas atividades através de documentos e relatórios. Gerência O gerenciamento do negócio. À diretoria, o resultado de suas atividades através de relatórios gerenciais. Diretoria A direção do negócio. Ao Conselho de Administração, o resultado de suas atividades através das demonstrações contábeis e dos relatórios gerenciais. Conselho de Administração A administração do negócio. Aos acionistas majoritários e minoritários, o resultado de suas atividades através das demonstrações contábeis e do relatório da administração. Fonte: Perez Junior, Pestana e Franco (1995, p. 33-34). 232 Administração Financeira A fi gura anterior apresenta uma noção da delegação de autoridade e cobranças de responsabilidade. Crozatti (apud PADOVEZE, 2005, p. 21) estabelece que: O modelo de gestão ideal deve ser estruturado considerando- se os seguintes aspectos: o processo de gestão do sistema empresa (planejamento, execução, controle); a avaliação das áreas de suas responsabilidades; o processo decisório (centralização ou descentralização); o comportamento dos gestores (motivação, empreendedores). Crozatti (apud PADOVEZE, 2005) aborda, ainda, sobre a importância do comportamento dos gestores e afi rma que existem dois fatores importantes: a MOTIVAÇÃO e o EMPREENDEDORISMO. A motivação tem relação com a satisfação pessoal e envolve diversos fatores, inclusive pessoais e familiares, durante a sua vida cotidiana. A MOTIVAÇÃO precisa estar sempre presente. O gestor
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