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Civilização Grega

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Civilização Grega: a constituição da cidadania clássica e as relações sociais marcadas pela escravidão
 Mas quem era cidadão em Atenas (capital da Grécia)? Vamos procurar entender. Não eram todos os habitantes da cidade! Em uma população calculada em 400 mil pessoas, eles somavam 40 mil.
Deve-se entender que a noção de cidadania para os gregos estava intimamente vinculada à defesa militar da cidade. Somente aqueles que estavam aptos para o combate e dispostos a arriscar a própria vida para defende-la tinham o direito à cidadania plena. Encontravam-se nesta categoria todos os guerreiros que fossem também proprietários de terra e, portanto, capazes de se equipar às próprias custas. Com base em tais critérios, mulheres e crianças estavam excluídos dessa categoria por não serem combatentes, apesar de leais à cidade.
Os  escravos, em geral capturados em guerra, eram considerados potenciais inimigos. Quanto aos
estrangeiros, as cidades gregas jamais mostraram disposição para incorporá-los. Ao proibir que adquirissem
terras, deixavam clara esta disposição.  Por isso não lhes era atribuída a responsabilidade de defender a cidade e, conseqüentemente, não se cogitava em que se tornassem cidadãos. Tudo isso fazia com que o universo de cidadãos se restringisse a escassos 10% da população. Em comparação com o moderno conceito de democracia, a grega era bastante limitada, pois, de fato, excluía a maioria da população das decisões políticas. A democracia grega difere da moderna ainda em outro ponto: era uma democracia
direta, enquanto a nossa é representativa.
ESCRAVISMO  e DEMOCRACIA
O direito grego considerava escravo, simultaneamente, uma pessoa que tinha direito à proteção e uma  mercadoria que podia ser vendida, doada, leiloada. Enquanto ser humano, fazia parte de uma comunidade doméstica que o protegia, sendo tido come membro da família de seu proprietário.
A civilização grega é considerada, desde muito tempo, como a mais refinada e expressiva da
antiguidade. No entanto, existem dois aspectos básicos que merecem uma reflexão maior, quando se analisa aquela civilização: a escravidão e a democracia.
Com relação à escravidão, sua importância foi tão significativa que os autores marxistas
consideram a Grécia e Roma como sociedades que vivenciaram o modo de produção escravista. As cidades estado gregas tornaram a escravidão pela primeira vez absoluta e dominante, transformando-a, desse modo, em modo de produção bem definido.
Sem a escravidão, não haveria o Estado grego, não haveria arte nem ciências gregas. Sem a escravidão não haveria o império romano e sem a base do helenismo e do Império Romano não haveria o mundo moderno. Foi nas cidades ‗comerciais‘ – e principalmente em Atenas – que o escravismo grego alcançou verdadeiro apogeu. Fora as atividades políticas, privilégios dos cidadãos, quase não houve ofício ou ocupação em que não encontrássemos escravos. As tarefas domésticas parecem ter sido uma das poucas atividades rejeitadas pelos cidadãos. O escravo urbano ocupava-se nas tarefas de produção domésticas. Buscava os gêneros alimentares na propriedade senhorial ou comprava-os no mercado e preparava os alimentos. Fiar, tecer, e confeccionar vestimentas eram outras importantes atividades, principalmente da escrava. Estas tarefas eram dirigidas pela senhora da casa; não raro, o escravo ocupava-se, alternadamente, no trabalho doméstico urbano e na parcela agrária senhorial, se a distância permitisse. Mesmo as famílias mais pobres esforçavam-se em ter, pelo menos, um escravo.
O cativo constituía importante fonte de renda senhorial. Era comum a compra de escravos para
alugá-los a particulares e ao Estado. As grandes obras e as minas eram mercado seguro para esta forma de aplicação. Era igualmente comum conceder uma ampla liberdade de iniciativa e movimento aos escravos sob a obrigação de entrega de uma renda periódica prefixada. Estes cativos podiam até mesmo habitar
independentemente e chegar a juntar considerável pecúlio, se habilidosos e cometidos. Nesta situação,
labutavam escravos dedicados a diversas atividades artesanais ou a várias formas de prestação de serviços. Em Atenas e outras regiões da Grécia, escravos foram empregados como ‗funcionários públicos‘; comprados pelo Estado, trabalhavam como varredores, agentes policiais, carrascos, verificadores de pesos e medidas, escrivães....Geralmente recebiam o suficiente, segundo parece, para se vestires e alimentarem.
As condições de vida e trabalho do escavo urbano dependiam mais do contexto em que
trabalhavam e das funções que exerciam do que se seu status jurídico. Um escavo do Estado empregado em importante função burocrática vivia existência aprazível. Um cativo exercendo tarefas duras e pesadas como o transporte de mercadorias ou a moagem de grãos podia vegetar execravelmente. No geral, a vida do escravo urbano parece ter sido suportável, segundo os padrões da época.
Na Grécia Antiga, os escravos mineradores conheceram os mais duros padrões de trabalho e
existência. A importante produção argentífera ateniense do Láurio sustentou-se essencialmente sobre o trabalho escravo. O trabalho era pesadíssimo, o repouso escasso, a comida pouca. Acredita-se ter sido comum os escravos trabalharem acorrentados e receberem castigos físicos. Dormiam em ‗senzalas estreitas, insalubres e estritamente vigiadas. A fuga de cativos mineradores era fato corriqueiro e, quando da invasão da Ática pelos espartanos, na última década da guerra do Peloponeso, milhares de escravos desertaram e fugiram.
―Para Aristóteles, o escravo é uma propriedade instrumental provida de alma. Todos os seres, desde o primeiro instante do seu nascimento, são por assim dizer marcados pela natureza, uns para comandar, outros para obedecer. Considerado do ponto de vista da natureza, o escravo é para o senhor aquilo que o corpo é para a alma. Todos aqueles que só têm para nos oferecer o uso do corpo estão condenados pela natureza à escravidão. É melhor para eles servir do que serem abandonados a si próprios. Em resumo, é naturalmente escravo todo aquele que tem pouca alma e tão poucas qualidades que se sujeita a colocar-se na dependência de outrem. (...)”
Com relação à democracia que, no plano político, é, sem dúvida, a grande contribuição dos gregos para o mundo moderno, é necessário que se façam algumas considerações. De fato, para muitos
críticos, é bastante estranho que, numa cidade como Atenas, por exemplo, se fale de democracia, quando se sabe que as mulheres, os metecos e os escravos não possuíam qualquer direito político. Mais uma vez temos que considerar a questão sob a ótica da época. Não podemos julgar a democracia grega a partir dos nossos conceitos atuais.  É importante entender a democracia a partir de três conceitos básicos: a igualdade política, a igualdade social e governo do povo. A igualdade política significa que é democrático um Estado onde a lei é a mesma para todos (isonomia), igual também a participação nos negócios (isegoria) e no Poder (isocracia) A igualdade social se traduzia na possibilidade de todos os cidadãos participarem da vida pública, até mesmo os pobres. E o governo do povo significa que todo e cada cidadão tem o dever de participar dos assuntos da cidade. Uma das mais expressivas conceituações da democracia ateniense foi formulada no século V a. C., por Péricles:
“Nossa constituição política não segue as leis de outras cidades, antes lhe serve de exemplo. Nosso governo se chama democracia, porque a administração serve aos interesses da maioria e não de uma minoria. De acordo com nossas leis, somos todos iguais no que se refere aos negócios privados. Quanto à participação na vida pública, porém, cada qual obtém a consideração de acordo com seus méritos e, mais importante, é o valor pessoal que a classe à que pertence, isto quer dizer que ninguém sente o obstáculo de sua pobreza ou  da condição social inferior quando o seu valor o capacite a prestar serviços a cidade.(...) Por estas razões e muitas mais ainda nossa cidade é digna de admiração.”
CURIOSIDADES DAHISTÓRIA
Os gregos foram os pioneiros nas definições de Política e Democracia, tanto que respectivamente Aristóteles e Platão escreveram as obras sublimes A POLÍTICA e A REPÚBLICA.
Referências:
http://www.bartolomea.com.br/frames/downloads/historiantiga_e_media.pdf

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