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Aula 01
Direito Tributário p/ AFRFB - 2016 (com videoaulas)
Professor: Fábio Dutra
05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA
Direito Tributário para AFRFB-2016 
Curso de Teoria e Questões 
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AULA 01: Limitações Constitucionais ao Poder de 
Tributar (Princípios Tributários) 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Observações sobre a aula 01 
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 02 
Princípios Constitucionais Tributários 06 
Lista das Questões Comentadas em Aula 75 
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 93 
 
Observações sobre a Aula 
 Olá, amigo(a)! Tudo bem com você? 
Seja muito bem-vindo ao nosso curso de Direito Tributário para o cargo 
de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil!!! 
Fico muito grato por você está lendo essa aula, pois isso é o sinal de 
que você depositou a sua confiança em nosso trabalho. Justamente por esse 
motivo é que estamos trabalhando dias e noites ± algumas madrugadas, 
inclusive ± para trazer aulas que venham agregar verdadeiro conhecimento 
para as temidas provas dos concursos da Receita Federal. 
Vamos ao que interessa! 
Na aula de hoje, estudaremos a primeira parte das limitações 
constitucionais ao poder de tributar. Vamos tratar apenas dos princípios 
constitucionais, sendo que as imunidades ficarão para a próxima aula (parte 
II). Ok? 
Saiba que a aula de hoje é muito importante para a compreensão do 
Direito Tributário, como um todo. Portanto, fique de olhos bem abertos! 
Prepare o café, a caneta e... bons estudos! 
Comecemos! 
 
 
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1 ± LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR 
 Prezado candidato, vamos manter o foco total a partir de agora, pois 
HVVH�DVVXQWR�³GHVSHQFD´�HP�SURYDV�GH�FRQFXUVR, e eu tenho certeza de 
que haverá pelo menos uma questão sobre o tema na sua prova! Por essa 
razão, vamos nos aprofundar no ponto certo para que você domine o assunto e 
VHMD�FDSD]�GH�³GHWRQDU´�D�TXHVWmR�TXH�FDLU��7XGR�EHP"�Vamos lá! 
 Conforme você já deve ter estudado no Direito Constitucional, para a 
formação de um Estado são necessários três elementos: território, povo e 
governo soberano. 
 Perceba que é dessa soberania do governo que surge o poder de 
tributar do Estado. Na aula passada, nós já havíamos aprendido que o 
Estado existe para a consecução do bem comum, e é para isso que ele é 
dotado de poderes que o colocam em condições de superioridade em relação 
aos contribuintes. Afinal de contas, se não houvesse certa coação, ninguém se 
sentiria obrigado em contribuir. 
 Assim, os entes federados receberam competência tributária (assunto 
a ser detalhado em momento oportuno), que é o poder constitucional para 
instituir tributos - impostos, taxas, contribuições de melhorias, por exemplo. 
 Contudo, precisamos entender que o poder de tributar não é 
ilimitado, pois se o fosse, a vontade arrecadatória estatal poderia ser 
desmedida a ponto de prejudicar a vida financeira dos cidadãos. Muito lógico, 
não?! 
 Nesse rumo, para que tal poder represente a vontade do povo em um 
Estado democrático de direito, ele deve estar previsto no texto constitucional. 
Podemos dizer que o poder de tributar é um poder de direito. Portanto, a 
relação entre contribuinte e Estado deve ser dotada de juridicidade, e 
não simplesmente uma imposição de poder. 
 Com isso, nossa Constituição Federal impõe limitações ao poder de 
tributar, por meio de princípios e de imunidades tributárias, em seus 
artigos 150, 151 e 152. 
 Basicamente, podemos dizer que as limitações ao poder de tributar 
são constituídas por princípios e regras que disciplinam o exercício da 
competência para instituir e modificar tributos. 
 
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As limitações constitucionais ao poder de tributar são 
constituídas por princípios e imunidades. Guarde isso! 
 Há que se ressaltar, no entanto, que nem todas as limitações foram 
previstas nesse trecho, ou mesmo no texto constitucional, pois o próprio 
art. 150 menciona que pode haver outras garantias asseguradas aos 
contribuintes, além daquelas previstas naquele texto. 
 De fato, há limitações previstas em outras partes da CF/88, como a 
imunidade de pagamento de taxas para obtenção de certidões na hipótese 
prevista no art. 5°, XXXIV, b. Além disso, o § 2°do mesmo artigo menciona 
que os direitos e garantias expressos na CF não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em 
que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 É relevante observar também que cabe à lei complementar regular as 
limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146, II, CF/88). Preste 
atenção, pois isso cai bastante em prova. 
 
A lei complementar apenas regula as limitações 
constitucionais ao poder de tributar, não tendo 
autonomia para instituir novas limitações. 
 Cumpre-nos destacar também a relação entre as limitações ao poder de 
tributar e as cláusulas pétreas. Você já ouvir falar sobre isso? 
O legislador constituinte determinou ± art. 60, § 4°, IV, da CF ± que os 
direitos e garantias individuais não podem ser abolidos por emendas 
constitucionais. A essa proibição denominamos cláusula pétrea. Tais normas 
são previstas como uma espécie de blindagem, para que a Constituição não 
sofra sucessivas emendas que a desvirtue dos princípios que foram nela 
consolidados quando houve sua promulgação. 
 Com base no que acabamos de aprender, grande parte das limitações 
constitucionais ao poder de tributar podem ser consideradas como direitos 
individuais do contribuinte, sendo, portanto, cláusulas pétreas. 
 Não é possível, portanto, que uma emenda constitucional venha reduzir, 
criar exceções ou mesmo suprimir uma limitação ao poder de tributar, pois 
estaria abolindo um direito individual. Note que o contrário não é proibido, ou 
seja, é permitido que uma emenda constitucional venha acrescentar 
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novos direitos aos contribuintes, instituindo outras limitações ao poder 
de tributar. 
 Devemos estar atentos também ao fato de que a forma federativa de 
Estado também é uma cláusula pétrea (art. 60, §4°, I). Como ainda vamos 
ver, a imunidade recíproca (imunidade, como vimos, é uma forma de limitação 
ao poder de tributar) proíbe que os entes federados instituam impostos sobre o 
patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros. Nesse contexto, se uma 
emenda constitucional permite que a União cobre impostos sobre o patrimônio 
dos Municípios, por exemplo, estaria violando uma cláusula pétrea também. 
 Portanto, não é somente a limitação ao poder de tributar referente aos 
direitos dos contribuintes que podem ser caracterizadas como cláusulas 
pétreas. O exemplo que eu dei em relação à imunidade recíproca ilustra que 
devemos analisar cada situação para verificar se a emenda está ferindo ou não 
o art. 60, § 4° e suas hipóteses. 
 Abaixo, vou exemplificar as limitações que já foram consideradas peloSTF como cláusulas pétreas: 
‡ Princípio da anterioridade (previsto no art. 150, III, b, da CF/88); 
‡ Princípio da anterioridade nonagesimal (previsto no art. 195, § 6°, 
da CF/88) 
‡ Princípio da imunidade tributária recíproca (previsto no art. 150, 
VI, a, da CF/88); 
‡ Imunidade dos templos de qualquer culto (prevista no art, 150, VI, 
b, da CF/88); 
‡ Imunidade do patrimônio, renda e serviços dos partidos políticos, 
entidades sindicais e instituições de educação e assistência social sem 
fins lucrativos (prevista no art, 150, VI, c, da CF/88); 
‡ Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua 
impressão (prevista no art. 150, VI, d, da CF/88). 
Agora que já tivemos uma noção razoável do que são as limitações 
constitucionais ao poder de tributar, podemos começar a falar dos princípios 
tributários. 
 
Questão 01 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada 
Em matéria tributária, de acordo com a Constituição Federal, compete à Lei 
Complementar instituir as limitações constitucionais ao poder de tributar. 
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Comentário: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, cabe à lei complementar 
regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. No entanto, a 
instituição de novas limitações é tarefa exclusiva do legislador constituinte. 
Questão errada. 
Questão 02 ± CESPE/MPE-RR/2008 
 
Consoante jurisprudência firmada pelo STF, o poder que tem o Estado de 
tributar sofre limitações que são tratadas como cláusulas pétreas. 
Comentário: De fato, como vimos, muitas das limitações constitucionais ao 
poder de tributar já foram consideradas pelo STF como cláusulas pétreas. 
Questão correta. 
Questão 03 ± CESPE/Juiz-Sergipe/2004 
 
O poder de tributar decorre de uma relação de poder e não de uma relação 
jurídica, de modo que seu exercício não depende de previsão expressa no 
texto constitucional. 
 
Comentário: A relação entre o contribuinte e o fisco é dotada de juridicidade, 
pois existe uma lei instituiu o tributo. Como a lei é criada pelos representantes 
do povo, não podemos afirmar que há uma relação de poder, mas sim uma 
relação jurídica à que se sujeitam os próprios contribuintes. Questão errada. 
 
Questão 04 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 
Lei ordinária pode estabelecer normas gerais em matéria de legislação 
tributária, mas somente lei complementar pode regular as limitações 
constitucionais ao poder de tributar. 
Comentário: Realmente, somente lei complementar pode regular as 
limitações constitucionais ao poder de tributar. 
 
No entanto, o art. 146, III, da CF/88, estabelece que apenas lei complementar 
pode estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária 
(estudaremos isso em outra aula). Isso é o que torna a questão errada. 
 
Questão 05 ± FCC/Proc. Leg.-Câmara-SP/2014 
 
1D�VHomR�GHQRPLQDGD�GDV� ³OLPLWDo}HV� FRQVWLWXFLRQDLV�DR�SRGHU�GH� WULEXWDU´� R�
texto constitucional dispõe sobre 
a) princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir 
e modificar tributos. 
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b) o rol taxativo dos impostos instituídos pela Constituição Federal para os 
entes federados, que não têm poder de instituir, mas apenas para cobrar. 
c) capacidade tributária para cobrar tributos. 
d) imunidades e isenções tributárias. 
e) todos os institutos tributários que atuam no campo da cobrança dos tributos 
instituídos na Constituição Federal. 
 
Comentário: Não será necessário analisar todos as assertivas, já que a 
questão é bastante direta. De acordo com o que estudamos, as limitações 
constitucionais ao poder de tributar são constituídas por princípios ou regras 
que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. 
Portanto, a resposta é a Alternativa A. 
 
2 ± PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
2.1 ± Princípio da Legalidade 
O princípio da legalidade (art. 150, I, da CF/88) prevê a necessidade de 
que uma lei seja editada para instituir ou aumentar um tributo. Trata-se, na 
verdade, de uma forma de representação popular. Afinal de contas, as leis são 
editadas pelo Congresso Nacional, onde estão aqueles que representam a 
vontade do povo. 
 'H�DFRUGR�FRP�R�DUW���ƒ��,,��GD�&)�����³QLQJXpP�VHUi�REULJDGR�D�ID]HU�
RX�GHL[DU�GH�ID]HU�DOJXPD�FRLVD�VHQmR�HP�YLUWXGH�GH�OHL´��&RPR�o tributo é 
uma prestação pecuniária compulsória (é uma obrigação, portanto), deve 
ser instituído em lei, como decorre do seu próprio conceito, estampado no 
art. 3° do CTN. 
 Da mesma forma, as multas tributárias, apesar de se distanciarem do 
conceito de tributo, devem ser instituídas em lei, pois elas são prestações 
obrigatórias, assim como aqueles. 
 Tal princípio também é denominado por alguns estudiosos de princípio da 
reserva legal. Portanto, caro candidato, você pode considerar correta a 
questão que fizer menção tanto à legalidade quanto ao princípio da 
reserva legal. 
 
³A instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal 
de Justiça afronta o princípio da reserva legal´���67)��$',�
1.709) 
Obs.: Os emolumentos cartorários são taxas judiciárias. 
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 Embora o dispositivo constitucional apenas se refira à instituição e 
majoração de tributos, devemos considerar que a norma que institui ou majora 
é a mesma que reduz ou extingue o tributo. 
 Em consonância com o disposto na CF/88 acerca do princípio da 
legalidade, o CTN ressalta, entre outros aspectos, que a instituição/extinção e 
a majoração/redução de tributos deve ser feita somente por lei, conforme 
vemos a seguir: 
³�$UW������6RPHQWH�D�OHL�SRGH�HVWDEHOHFHU� 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução ������´ 
 Outro ponto a ser estudado é a possibilidade de delegação do Congresso 
Nacional ao Presidente da República, para editar as chamadas leis delegadas. 
A princípio, seria estranho dizer que o Presidente da República poderia editar 
leis, mas como tal permissão foi prevista no texto da CF/88, não há qualquer 
vício nessa norma. 
 O que você precisa saber sobre o tema é que o Chefe do Executivo ( o 
Presidente da República) pode criar leis delegadas, inclusive sobre 
matéria tributária, pois tal assunto não foi proibido no § 1° do art. 68 da 
CF/88, o qual elenca as restrições de tais normas. Além disso, saiba que este 
instrumento normativo foi usado poucas vezes, por ser mais fácil editar uma 
medida provisória. 
 As medidas provisórias (MPs) são atos normativos editados pelo 
Presidente da República que possuem vida curta, e devem obedecer aos 
requisitos constitucionais de urgência e relevância (art. 62, caput). Além disso, 
são imediatamente submetidas ao Congresso Nacional, podendo ser ou não 
convertidas em lei. 
 
De acordo com o STF (RE 217.162/DF), os requisitos 
de urgência e relevância são políticos. Isto é, em 
princípio, a sua apreciação fica a cargo do Presidente da 
República. Contudo, admite-se o controle judicial se 
houver excesso do poder de legislar. 
 Há muitas discussões a respeito da possibilidade de que as medidas 
provisórias tratem sobre matéria tributáriae se elas seriam capazes de instituir 
tributos. 
 O que o aluno deve guardar a respeito do assunto é que as MPs podem 
tratar sim de matéria tributária bem como instituir tributos, inclusive isso 
consta na Magna Carta (art. 62, § 2°), quando esta dispõe sobre a instituição e 
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majoração de impostos por meio de MP, e que, além disso, esse tem sido o 
entendimento do STF: 
EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Medida provisória. Força de lei. 3. A Medida 
Provisória, tendo força de lei, é instrumento idôneo para instituir e 
modificar tributos e contribuições sociais. Precedentes. 4. Agravo 
regimental a que se nega provimento. 
(STF, AI 236.976/MG-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Néri da Silva, Julgamento 
em 17/08/1999) 
 Destaque-se que a MP não pode tudo na seara tributária, pois a CF 
(art. 62, 1°, III) proibiu a edição de MPs que versem sobre matéria 
reservada a lei complementar. Há vários temas, em matéria tributária, cujo 
tratamento é restrito às leis complementares. 
Veremos durante este curso todas as situações em que tal requisito se 
faz necessário. Vai ser muito importante gravar todas as hipóteses, pois nem 
sempre a questão pergunta diretamente se uma MP pode regulamentar 
matérias destinadas às LCs. Algumas questões mencionam o assunto, e 
perguntam se é possível se utilizar de uma MP para regulamentar aquilo. 
A grosso modo, você já pode fazer uma leitura nos arts. 146; 146-A; 
148; 153, VII; 154, I; 195, § § 4° e 11. Há ainda outros temas em Direito 
Tributário que devem ser tratados por lei complementar. Contudo, são bem 
específicos de cada tributo, motivo pelo qual deixarei para estudarmos quando 
estivermos nos aprofundando sobre cada assunto, ok? 
2.1.1 ± Exceções ao Princípio da Legalidade 
 Vimos até aqui que a regra geral é que a instituição/extinção e a 
majoração/redução devem obedecer ao princípio da legalidade ou reserva 
legal, correto? 
Para a instituição e extinção, devemos considerar que a regra não possui 
exceção, ou seja, todos tributos são criados e extintos por lei! Contudo, 
isso não se repete quando o assunto é majoração/redução de tributos. 
 No texto constitucional inicial, foram previstas quatro exceções ao 
princípio da legalidade, no que se refere à alteração unicamente de alíquotas 
dentro dos limites legais, quais sejam: 
‡ Imposto de Importação (II); 
‡ Imposto de Exportação (IE); 
‡ Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); 
‡ Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). 
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Segundo o CTN, é possível a alteração das alíquotas e bases de cálculo. 
Saiba que isso não deve ser encarado como verdadeiro, pois a CF 
recepcionou apenas a alteração de alíquotas como exceção ao 
princípio da legalidade. 
 Nesses casos, a alteração das alíquotas não ocorre por lei, mas por atos 
infralegais (por decreto do Presidente da República, por exemplo). Mas por que 
esses tributos gozam de tal privilégio? 
Ora, trata-se de tributos extrafiscais, cuja finalidade principal não é 
arrecadar, mas sim regular a economia. Nós já estudamos as classificações dos 
tributos na aula anterior, lembra? 
 Pois bem, para cumprir com os fins que lhes foram propostos é mais do 
que necessário haver certa flexibilização para que o Governo intervenha na 
economia com agilidade e eficácia. 
 Além dessas exceções ao princípio da legalidade, duas outras surgiram 
com a Emenda Constitucional 33/2001, tratando sobre a tributação de 
combustíveis. 
 A primeira delas se refere à CIDE-Combustíveis, tributo que já foi por 
nós estudado também na aula anterior. A exceção foi prevista no art. 177, § 
4°, I, b, da CF/88, que afirma que a alíquota da referida contribuição 
poderá ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo. 
 Caro aluno, entenda que restabelecer a alíquota significa elevá-la ao 
limite máximo fixado inicialmente pela lei. Ou seja, a lei, quando cria o tributo, 
prevê certa alíquota, como, por exemplo, 30%. Com a redução por ato do 
Poder Executivo, a alíquota poderia ser reduzida para 10%. Neste caso, para 
permanecer como exceção ao princípio da legalidade, as alíquotas só poderiam 
ser restabelecidas ao que foi inicialmente previsto, que é 30%. 
Caso fosse cobrado algo além desse percentual, estaria caracterizada a 
majoração de alíquotas, que deverá ocorrer por meio de uma lei. 
A segunda das exceções que foram criadas pela EC 33/2001 é a 
referente ao ICMS-Combustíveis, prevista no art. 155, § 4°, IV, da CF/88. 
Perceba, pela redação do dispositivo em análise, que as alíquotas serão fixadas 
mediante deliberação dos Estados e do DF, por meio de convênios 
interestaduais, que, hoje, são realizados no âmbito do Conselho de Política 
Fazendária (CONFAZ). 
Observação: O ICMS-Combustíveis, também denominado ICMS-monofásico, 
é o imposto de incidência monofásica (uma incidência em toda etapa de 
circulação da mercadoria), que se aplica tão somente aos combustíveis e 
lubrificantes definidos em lei complementar, conforme estabelece o art. 155, 
†��ƒ��;,,��³K´��3RU�RUD��p�VRPHQWH�LVVR�TXH�YRFr�SUHFLVD�SDUD�DFHUWDU�TXHVW}HV�
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relativas ao princípio da legalidade. 
 
 
1mR�FDLD�HP�³SHJDGLQKDV´��DILUPDQGR�TXH�DV�DOtTXRWDV�GR�
ICMS podem ser fixadas por decreto estadual! Não 
existe essa possibilidade! 
Neste caso, a fixação das alíquotas sempre estará excetuada da 
legalidade, mesmo que haja aumento superior ao que foi inicialmente previsto, 
pois isso é o que se extrai da norma constitucional��1D�DOtQHD�³F´�GHVVH�PHVPR�
inciso IV, fala-se sobre o restabelecimento, mas veja que ele se refere a outro 
princípio, o da anterioridade, que será posteriormente estudado por nós ainda 
nesta aula. Pela riqueza de detalhes, deixarei abaixo um breve resumo do que 
estudamos neste último tópico: 
‡ Existem 6 tributos, cuja alteração de alíquotas (e não as bases de 
cálculos) está excetuada da legalidade, que são: II, IE, IPI, IOF, CIDE-
Combustíveis e ICMS-Combustíveis; 
‡ As exceções da CIDE-Combustíveis e do ICMS-Combustíveis só 
entraram na CF com a EC 33/2001, e são justamente elas que guardam 
peculiaridades; 
‡ A CIDE-Combustíveis, embora possa ter sua alíquota alterada por 
decreto do Poder Executivo, este somente poderá reduzir e 
RESTABELECER as alíquotas ao máximo que foi inicialmente 
previsto. 
‡ O ICMS-Combustíveis deve ser alterado mediante deliberação dos 
Estados e do DF, mas pode ter a alíquota livremente fixada, sem se 
sujeitar ao rito legal. 
 Creio que com esse resumo não tenha ficado difícil para ninguém. Afinal, 
basta que o aluno guarde as 4 exceções que foram incialmente previstas, as 
duas que vieram depois, e que cada uma dessas duas últimas possui uma 
peculiaridade, que as distingue entre si e das outras 4. 
 Por fim, eu gostaria de acrescentar algumas situações em matéria 
tributária que escapam do rigor da lei, ou seja, são exceções ao princípio da 
legalidade. Trata-se da atualização do valor monetário da base de 
cálculo do tributo e da fixação do prazo para recolhimento da exação 
tributária. 
 A atualizaçãodo valor monetário da base de cálculo foi expressamente 
permitida pelo § 2° do art. 97 do CTN. Ressalte-se que não se deve 
confundir atualização com aumento, este está sujeito a edição de lei. 
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 Portanto, os entes federados devem observar o índice oficial de correção 
monetária para atualizar a base de cálculo dos tributos. A correção que for 
realizada em valor superior a tal índice revela aumento de tributo e isso só é 
possível por lei, como vimos. Não poderia, portanto, ser realizada por ato do 
Poder Executivo (decreto, por exemplo). 
 Nesse sentido, vejamos a seguinte súmula do STJ: 
Súmula STJ 160 ± É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante 
decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. 
 No que se refere ao prazo para recolhimento dos tributos, o STF (RE 
195.218/MG) já se posicionou no sentido de que, se a matéria não foi prevista 
no art. 97 do CTN (dispositivo que relaciona as situações que se sujeitam ao 
princípio da legalidade), não há motivo para criar tal restrição. 
 
Há exceção ao princípio da legalidade, no que se refere à 
majoração de alíquotas, não sendo extensível às bases 
de cálculo (permite-se, neste caso, apenas a atualização 
monetária). 
Resumindo, além das exceções relativas à alteração de alíquotas dos 
tributos citados, temos as seguintes matérias que não necessitam obedecer ao 
princípio da legalidade: 
‡ Atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo; 
‡ Alteração do prazo para recolhimento dos tributos. 
 
 
Questão 06 ± FGV/Juiz-TJ-MS /2008 
A vedação que impede a União, os Estados, o DF e os Municípios de exigir ou 
aumentar tributo sem lei que o estabeleça consagra o princípio da legalidade 
tributária. 
Comentário: A questão conceituou o princípio da legalidade, estando, 
portanto, correta. 
 
 
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Questão 07 ± CESPE/AGU/2004 
As alíquotas dos impostos de importação e exportação podem ser alteradas por 
decreto, de acordo com os limites previstos em lei, o que constitui atenuação 
ao princípio da legalidade. 
Comentário: Conforme preceitua o art. 153, § 1º, da CF/88, as alíquotas do 
II, IE, IPI e IOF podem ser alteradas por decreto, que é um ato infralegal. 
Questão correta. 
Questão 08 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013 
O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não 
superior ao índice oficial de correção monetária. 
Comentário: Trata-se de interpretação a contrario sensu da Súmula 160 do 
STJ. Questão correta. 
Questão 09 ± CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 
De acordo com o princípio da legalidade, apenas a lei, em sentido formal, 
configura o veículo apto para instituir tributo, razão pela qual é vedada a 
instituição de tributo por intermédio de medida provisória. 
Comentário: Apenas lei, em sentido formal, ou instrumento normativo de 
igual força pode instituir tributo. O entendimento do STF é no sentido da 
possibilidade de as MPs instituírem ou modificarem tributos, ressalvados os 
que estiverem sujeitos à reserva de lei complementar. Questão errada. 
Questão 10 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 
 
É vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios exigir ou aumentar 
tributo sem lei que estabeleça essa exigência ou esse aumento, não se 
aplicando essa vedação aos empréstimos compulsórios para atender a 
despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa 
ou sua iminência. 
 
Comentário: Assertiva bastante forçada, não é mesmo? Instituição ou 
majoração de empréstimo compulsório sujeita-se à edição de lei 
complementar. Questão errada. 
 
 
 
 
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Questão 11 ± FCC/AFR-SP/2013 
É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a legalidade 
tributária estrita, incluída na Constituição Federal de 1988 pela Emenda 
Constitucional 42, de 19 de dezembro de 2003. 
Comentário: O princípio da legalidade existiu em quase todas as constituições 
brasileiras, tendo sido previsto na CF/88 desde a sua promulgação. Portanto, a 
questão encontra-se errada. 
Questão 12 ± INÉDITA/2014 
O princípio da legalidade, previsto no art. 150, I, da CF/88, dispõe que a 
instituição ou majoração de tributos deve ser feita por meio de lei. De acordo 
com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os tributos podem ser 
também instituídos ou majorados por medida provisória. 
Comentário: O STF entende que a medida provisória tem força de lei, 
podendo instituir ou modificar tributos. Questão correta. 
Questão 13 ± INÉDITA/2014 
O princípio da legalidade, previsto no art. 150, I, da CF/88, dispõe que a 
instituição ou majoração de tributos deve ser feita por meio de lei. No entanto, 
admite-se, em alguns casos, a instituição de tributos extrafiscais por meio de 
decreto do Poder Executivo. 
Comentário: Não há exceções quanto à instituição de tributos, devendo ser 
respeitado o princípio da legalidade. Questão errada. 
Questão 14 ± INÉDITA/2014 
As alíquotas do ICMS monofásico, incidente sobre os combustíveis e 
lubrificantes definidos em lei complementar, podem ser livremente fixadas pelo 
Poder Executivo estadual, por meio de decreto. 
Comentário: Não confunda! Embora seja exceção à legalidade, a alteração 
das alíquotas do ICMS somente se faz possível mediante celebração de 
convênios interestaduais, no âmbito do CONFAZ. Questão errada. 
 
 
 
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2.2 ± Princípio da Isonomia 
 O estudo desse princípio exige o conhecimento de diversos 
entendimentos jurisprudenciais. Veremos todos os principais que já 
caíram e que possam vir a cair em provas de concurso. Por isso, vamos 
fazer da seguinte forma: estudaremos inicialmente os conceitos básicos do 
princípio, para, logo em seguida, partir para a análise dos posicionamentos dos 
tribunais. Ok? 
 Precisamos saber, basicamente, que isonomia significa o mesmo que 
igualdade. Você deve estar pensando que igualdade seria tributar TODOS 
contribuintes igualmente, certo? Entretanto, esse pensamento não está 
correto. Vejamos o que a nossa CF fala acerca do princípio da isonomia: 
³$UW�������6HP�SUHMXt]R�GH�RXWUDV�JDUDQWLDV�DVVHJXUDGDV�DR�FRQWULEXLQWH��
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem 
em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de 
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente 
GD�GHQRPLQDomR�MXUtGLFD�GRV�UHQGLPHQWRV��WtWXORV�RX�GLUHLWRV�´ 
 Antes de analisarmos a norma, quero ressaltar que o princípio da 
isonomia possui como destinatários tanto o legislador (Poder Legislativo) 
aplicador da lei (Poder Executivo e Judiciário). No primeiro caso, dizemos que 
se trata da igualdade na lei; no segundo, igualdade perante a lei. Valedizer, o 
princípio deve ser obedecido não só no momento da elaboração das 
leis, mas também na sua aplicação. 
 Observe que, segundo o texto constitucional, é vedado a todos os entes 
federativos conferir tratamento desigual entre pessoas que se encontram em 
situação equivalente. Note que isso não significa tratar a todos igualmente, 
pois, da mesma forma que é vedado desigualar pessoas que se encontram em 
situações iguais, também é proibido tratar igualmente os contribuintes que são 
financeiramente desiguais. 
 Com efeito, sH� ³$´� DXIHUH� PDLRUHV� UHQGLPHQWRV� GR� TXH� %�� QDGD� PDLV�
MXVWR�GR�TXH�³$´�WHQKD�TXH�DUFDU�FRP�R�SDJDPHQWR�GH�YDORUHV�PDLRUHV��D�WtWXOR�
de tributo. Por outro lado, se duas pessoas podem ser consideradas iguais, sob 
a ótica tributária, nada mais injusto do que tributá-las de maneira diferente. 
 Como já vimos na aula anterior, já foi julgado no STF (HC 77.530/RS), a 
adoção ao princípio do pecunia non olet. De acordo com o tribunal, para que 
não haja ofensa ao princípio da isonomia, os rendimentos auferidos com 
atividades ilícitas devem ser tributados. Isso ocorre porque seria injusto 
tributar quem aufere rendimentos decorrentes de atividades lícitas, e não fazer 
o mesmo com aqueles que ganham a vida ilicitamente, concordam? 
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Outro aspecto curioso é o parâmetro utilizado para igualar ou desigualar 
os contribuintes. Trata-se da capacidade contributiva das pessoas, 
princípio que guarda íntima relação com a isonomia e que, por tal motivo, o 
estudaremos dentro do tópico a seguir. 
2.2.1 ± O princípio da capacidade contributiva 
 Primeiramente, devemos ressaltar que o princípio da capacidade 
contributiva não se limita a um parâmetro de isonomia tributária. Na verdade, 
ele existe para a busca da justiça na tributação, que pode ser considerada, a 
grosso modo, sinônimo de equidade. 
 Nesse contexto, surgem duas acepções para a equidade na tributação, 
quais sejam: 
‡ Equidade Vertical: contribuintes que possuem capacidade contributiva 
diferente devem contribuir de forma desigual. 
‡ Equidade Horizontal: contribuintes que possuem igual capacidade 
contributiva devem ser tributados de maneira igual. 
Tal princípio foi previsto na CF/88 no art. 145 § 1°, como vemos a 
seguir: 
³$UW������������� 
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à 
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses 
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da 
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do 
FRQWULEXLQWH�´ 
Embora o dispositivo em análise só faça menção aos impostos, o 
entendimento que o STF (RE 406.955-AgR) tem é o de que esse princípio 
(capacidade contributiva) também pode ser extensível a outras 
espécies tributárias, obedecendo, é claro, as singularidades de cada uma 
delas. 
 Partindo desse pressuposto, a capacidade contributiva é aferida de várias 
formas, adequando-se aos diversos impostos, bem como aos demais tributos 
aos quais se aplica o subprincípio. 
 
A aplicação da capacidade contributiva aos tributos 
ocorre de maneira distinta. 
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 Por exemplo, a progressividade ocorre quando a incidência 
tributária é mais gravosa sobre aqueles que possuem maior 
capacidade contributiva. É o que ocorre com o Imposto de Renda, em que 
as pessoas que auferem maiores rendas contribuem com alíquotas maiores. 
Para facilitar o seu entendimento, note a diferença entre a 
proporcionalidade e a progressividade. Alíquotas progressivas ocorrem quando 
o percentual a ser aplicado sobre a renda aumenta, à medida que a renda 
aumenta. Já a proporcionalidade está presente quando a mesma alíquota é 
aplicada sobre qualquer renda. 
 Quanto a este aspecto, é relevante demonstrarmos o entendimento do 
STF acerca da progressividade dos impostos. Primeiramente, devemos 
diferenciar os impostos reais dos impostos pessoais: 
Impostos reais Æ São impostos incidentes sobre o patrimônio, 
desconsiderando as características pessoais dos contribuintes. 
Impostos pessoais Æ São os impostos que estabelecem diferenças 
tributárias em função das condições pessoais de cada contribuinte. 
 Com base nessa definição, o STF entendia que a progressividade 
somente seria aplicável aos impostos pessoais, já que os impostos reais não 
consideram as características pessoais dos contribuintes. Em relação a estes, a 
progressividade somente seria possível se houvesse norma 
constitucional dispondo neste sentido. 
 Foi com base nesta linha de raciocínio que o STF editou a Súmula 656, 
vedando a progressividade das alíquotas do ITBI, e também a Súmula 668, 
permitindo a progressividade fiscal do IPTU apenas após a sua permissão no 
texto constitucional, que ocorreu com a EC 29/00. 
 Contudo, em 2013, o STF demonstrou estar alterando seu entendimento, 
ao julgar o RE 562.045, relativamente à progressividade das alíquotas do 
ITCMD, típico imposto real. Vejamos: 
³(0(17$�� 5(&8562� (;75$25',1È5,2�� &2167,78&,21$/�� 75,%87È5,2��
LEI ESTADUAL: PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE IMPOSTO SOBRE 
TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS. 
CONSTITUCIONALIDADE. ART. 145, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL TRIBUTÁRIA. 
OBSERVÂNCIA DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. RECURSO 
(;75$25',1È5,2�3529,'2�´� 
(...) 
Transcrição parcial do voto da Min. Ellen Gracie: 
³3RU� UHYHODU� HIHWLYD� H� DWXDO� FDSDFLGDGH� FRQWULEXtiva inerente ao acréscimo 
SDWULPRQLDO��R�LPSRVWR�VREUH�WUDQVPLVVmR�³FDXVD�PRUWLV´��WDPEpP�FRQKHFLGR�
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como imposto sobre heranças ou sobre a sucessão, é um imposto que bem 
se vocaciona à tributação progressiva.´ 
 
(STF, RE 562.045/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
06/02/2013, publicado em 27/11/2013) 
 Não obstante a citada jurisprudência, as súmulas continuam em vigor, 
de modo que recomendamos considerá-las corretas, caso sejam 
cobradas em prova. Por outro lado, se a mencionar o caso específico do 
ITCMD, é mais coerente respondê-la com base na mais recente 
jurisprudência desta Corte. 
Deve-se considerar também que, para o STF (AI 583.636-MS), a 
adequação do tributo de acordo com a capacidade contributiva não é 
obtida apenas como a alteração de alíquotas, mas também pode ser 
concretizada, por meio do escalonamento das bases de cálculo. Como 
assim? 
A base de cálculo do IPTU, por exemplo, é o valor venal do imóvel. 
Contudo, para se chegar ao valor venal, vários critérios são utilizados pelos 
municípios. Um dos critérios poderia ser o tipo de construção (precário, 
popular, médio, fino e luxo). Ou seja, à medida que o padrão da construção 
aumenta, haverá consequente escalonamento da base de cálculo. Como o 
tributo é calculado multiplicando-se a base de cálculo pela alíquota, de acordo 
com a Suprema Corte, trata-VH�GH�³índice hábil à mensuração da frivolidade ou 
da essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da 
capacidade contributiva´�Observação: Valor venal é o valor pelo qual o imóvel é comercializado, com 
pagamento à vista, em condições normais de mercado. Para o 
estabelecimento desse valor, os Municípios normalmente consideram os 
seguintes fatores: tamanho do terreno, localização do terreno, área 
construída, tipo de acabamento. 
 
 
A capacidade contributiva pode ser mensurada não só 
pela aplicação de diferentes alíquotas, mas também 
pelo escalonamento da base de cálculo. 
 Voltando nossa análise do art. 145, o dispositivo confere alguns poderes 
à administração tributária, para que ela seja capaz de aplicar o princípio da 
capacidade contributiva com efetividade. Dessa forma, é facultado a ela 
identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do 
contribuinte. 
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Perceba que tal poder não é ilimitado, já que devem ser 
respeitados os direitos individuais dos contribuintes, e 
nos termos da lei. 
2.2.2 ± Princípio da Isonomia e a Jurisprudência 
Agora que já estudamos o princípio da isonomia, vamos trabalhar os 
entendimentos que os tribunais vêm adotando acerca desse princípio: 
‡ Fere o princípio da isonomia a discriminação com base na função 
ou ocupação exercida (STF, AI 157.871-AgR) 
 No caso concreto, o contribuinte estava requerendo isenção de IPTU, em 
decorrência de ser funcionário público. Note que o próprio art. 150, II, da 
CF/88, proíbe qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função 
exercida. 
 Nesse rumo, o STF também já considerou inconstitucional lei 
complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público 
do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer 
taxas ou emolumentos (ADI 3.260). 
‡ Não fere o princípio da isonomia o tratamento desigual a 
microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) cujos sócios 
têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do 
Estado (ADI 1.643, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-12-2002, 
Plenário, DJ de 14-3-2003.) 
 Vejamos inicialmente o que estabelece o art. 179, da CF/88: 
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim 
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las 
pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, 
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por 
meio de lei. 
 Com base na norma constitucional, em 1996 foi editada a Lei 9.317/96, 
instituindo o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições 
das microempresas e empresas de pequeno porte (SIMPLES), conferindo 
tratamento diferenciado, simplificado e favorecido às ME e EPP. 
 Contudo, nem todos os micro e pequenos empresários estavam 
aptos a ingressarem no SIMPLES, haja vista a vedação do art. 9º, XIII, 
desta norma, impedindo as empresas de profissionais liberais (corretores, 
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médicos, dentistas, veterinários, engenheiros etc.) de optarem pelo regime 
diferenciado. 
 Esse foi o motivo pelo qual a Confederação Nacional das Profissões 
Liberais ajuizou ADI perante o STF, com base na justificativa de que a exclusão 
dessas empresas estaria ofendendo o princípio da isonomia. 
 O STF se manifestou no sentido de que tais profissionais têm condições 
de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado, isto é, sem 
gozarem de tratamento favorecido, como as demais empresas. São 
profissionais com preparo científico, técnico e profissional, não 
sofrendo impacto causado pelas grandes empresas, tal como ocorre com 
um pequeno supermercado, por exemplo. 
 
A Lei 9.317/96 foi revogada pela Lei Complementar 123/2006! 
Com o DGYHQWR�GD�(&��������LQFOXLQGR�D�DOtQHD�³G´�DR�LQFLVR�,,,��GR�FDSXW�GR�
art. 146, da CF/88, passou a ser exigido lei complementar para dispor sobre 
o tratamento diferenciado e favorecido às ME e EPP. O objetivo foi 
estabelecer que uma lei complementar nacional dispusesse sobre as normas 
gerais a respeito desse tema, visando conferir uniformidade ao tratamento 
diferenciado. 
 
Com isso, em 1º de Julho de 2007, ocorreu a revogação da Lei 9.317/96 pela 
LC 123/2006, instituindo o Simples Nacional. Esta lei complementar 
continuou excluindo os profissionais liberais da sistemática desse regime 
tributário diferenciado, com base no seu art. 17, XI. 
 
Foi apenas com a edição da LC 147/2014, responsável por diversas 
alterações na LC 123/2006, que ocorreu a efetiva revogação do inciso XI, de 
forma que atualmente os profissionais liberais passaram a poder optar pelo 
Simples Nacional. 
 
De qualquer modo, a jurisprudência acima pode vir a ser cobrada na sua 
prova, ao tratar do princípio da isonomia. Evidentemente, se a questão 
estiver versando sobre o Simples Nacional, sua resposta se pautará 
na mais recente alteração, que permite a opção de tais empresas 
pelo Simples Nacional. 
‡ Não fere o princípio da isonomia quando a lei estimula a 
contratação de empregados com determinadas características (por 
exemplo, idade mais elevada), por meio de incentivos fiscais (ADI 1.276, 
Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-8-2002) 
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 No caso concreto, a Assembleia Legislativa de SP, por motivos 
extrafiscais, criou incentivo fiscal para estimular a contratação de empregados 
com mais de quarenta anos de idade. De acordo com a Suprema Corte, tais 
normas não ferem o princípio da isonomia. 
‡ Não fere o princípio da isonomia a sobrecarga imposta aos bancos 
comerciais e às entidades financeiras, no que se refere à contribuição 
previdenciária sobre a folha de salários. (AC 1.109-MC, Rel. p/ o ac. 
Min. Ayres Britto, julgamento em 31-5-2007, Plenário, DJ de 9-10-
2007.) 
 Realmente, não há que se falar em conflito com o princípio da isonomia 
neste caso, já que o art. 195, § 9º, da Constituição prevê que as contribuições 
sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo 
diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa 
ou da condição estrutural do mercado de trabalho. 
‡ Não afronta o princípio da isonomia norma que proíbe a adoção do 
regime de admissão temporária para as operações de importação 
amparadas por arrendamento mercantil. (RE 429.306/PR, Rel. Min. 
Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 16/3/11) 
 'H�DFRUGR�FRP�D�/HL�����������³a entrada no território nacional dos bens 
objeto de arrendamento mercantil, contratado com entidades arrendadoras 
domiciliadas no exterior, não se confunde com o regime de admissão 
temporária´�� 
Consoante a Suprema &RUWH��³o arrendamento mercantil foi adotado no 
Brasil para que os interessados possam usufruir de suas virtudes intrínsecas, 
mas não para que obtenham tratamento fiscal mais benéfico, se 
comparado ao previsto em relação às operações de compra e venda 
financiada´� 
 
O que seria o arrendamento mercantil e qual a sua relação com o 
regime de admissão temporária? 
A Lei 6.099/74 vedou as pessoas que estejam realizando operações de 
arrendamento mercantil(leasing) se valerem dos benefícios da admissão 
temporária (suspensão do pagamento dos tributos na importação temporária 
de bens do exterior). As operações de arrendamento mercantil consistem 
basicamente naquelas em que o bem é "locado" ao arrendatário, ficando este 
obrigado ao pagamento de parcelas. Ao final do contrato, o arrendatário 
pode devolver o bem, arrendá-lo novamente ou adquiri-lo, pagando apenas 
um valor residual (valor este muitas vezes insignificante em relação ao valor 
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do produto). Então, na prática, os arrendatários acabam por adquirir o bem 
arrendado ao final do contrato. Portanto, embora não haja transferência do 
bem coma realização do contrato de arrendamento mercantil, o objetivo final 
é internalizar o produto definitivamente no Brasil. Entendemos que foi esse o 
motivo de o legislador proibir o regime de admissão temporária para tais 
operações. 
Dito isso, você precisa entender que o STF decidiu que essa vedação não 
viola o princípio da isonomia, já que tem por objetivo evitar que o leasing se 
torne opção por excelência devido às virtudes tributárias e não em razão da 
função social e do escopo empresarial que a avença tem. 
‡ Não afronta o princípio da isonomia a vedação de importação de 
automóveis usados, sob a alegação de a União estar atuando contra as 
pessoas de menor capacidade econômica (STF, RE 312.511, rel. min. 
Moreira Alves, Primeira Turma, DJ de 28.06.2002) 
 A proibição de importação de veículos usados consta na Portaria n° 8/91 
do Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), e não pode ser 
considerada como discriminação, tendo em vista que está de acordo com os 
interesses fazendários. Afinal de contas, o art. 237 da CF/88 delega a 
competência de controle do comércio exterior ao Ministério da Fazenda. 
2.2.3 ± Princípio da Capacidade Contributiva e o Sigilo Bancário 
 Na segunda parte do § 1°, do art. 145, da CF/88, ao tratar do princípio 
GD�FDSDFLGDGH�FRQWULEXWLYD��IRL�GLWR�TXH�p�³facultado à administração tributária, 
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, 
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os 
UHQGLPHQWRV�H�DV�DWLYLGDGHV�HFRQ{PLFDV�GR�FRQWULEXLQWH�´ 
 Com base nesse dispositivo, a LC 105/2001 estabeleceu o seguinte: 
Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar 
documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os 
referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver 
processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e 
tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade 
administrativa competente. 
 Isso significa que as autoridades e os agentes fiscais tributários, sejam 
eles da União, dos Estados, do DF e dos Municípios podem examinar as 
informações bancárias do contribuinte, independentemente de ordem 
judicial nesse sentido, bastando que haja processo administrativo 
instaurado ou procedimento fiscal em curso e que tais exames sejam 
considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. 
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 Essa previsão foi levada ao Judiciário, tendo em vista que os interesses 
arrecadatórios parecem suprimir os direitos individuais, relativos à proteção da 
intimidade e da vida privada das pessoas. Assim, em 1997, o STJ apontou no 
sentido da impossibilidade de quebra de sigilo bancário com base em 
procedimento administrativo-fiscal. 
 Em 2011, o STF teve a oportunidade de apreciar a matéria em sede 
cautelar, momento em que considerou constitucional a norma questionada. 
Posteriormente, a Suprema Corte, ao julgar o RE 389.808, adotou posição 
oposta, no sentido de inconstitucionalidade da norma. Tal decisão, contudo, 
produz efeitos concretos, não expurgando o dispositivo legal do ordenamento 
jurídico. 
Como ainda não temos decisão pacífica sobre o assunto, o candidato 
deve conhecer a jurisprudência, mas não se esquecer de que o dispositivo da 
LC 105/2001 continua válido. Logo, na prática, a autoridade administrativa 
possui a prerrogativa de enviar às instituições financeiras requisições, 
solicitando a movimentação financeira do contribuinte, relativa ao período 
objeto de procedimento fiscal. 
 
Questão 15 ± ESAF/ATRFB/2009 
 
Em razão do princípio constitucional da isonomia, não deve ser diferenciado, 
por meio de isenções ou incidência tributária menos gravosa, o tratamento de 
situações que não revelem capacidade contributiva ou que mereçam um 
tratamento fiscal ajustado à sua menor expressão econômica. 
Comentário: Deve haver, sempre que possível, a diferenciação da carga 
tributária imposta aos contribuintes, em função da capacidade contributiva de 
cada um. Conforme estudamos, embora a CF/88 tenha se restringido aos 
impostos, para o STF, tal princípio é aplicável às demais espécies tributárias. 
Questão errada. 
Questão 16 ± CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 
Dados os princípios da personalização e da capacidade contributiva, os 
impostos devem, sempre que possível, ter caráter pessoal e ser graduados de 
acordo com a capacidade econômica do contribuinte, sendo facultado à 
administração, respeitados os direitos individuais e os termos da lei, identificar 
os rendimentos do contribuinte, seu patrimônio e suas atividades econômicas. 
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Comentário: A questão realizou cópia do art. 145, § 1º, da CF/88. Questão 
correta. 
 
 
Se a questão apenas mencionar os impostos, está 
correta, pois seguiu a CF. Por outro lado, se houver 
menção à jurisprudência do STF, o princípio se aplica a 
outras espécies tributárias. 
 
Questão 17 ± ESAF/MDIC/2012 
 
A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o 
tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que o STF 
entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a 
adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por 
arrendamento mercantil. 
Comentário: O arrendamento mercantil não se confunde com o regime de 
admissão temporária, nos termos da Lei 6.099/74. O STF, ao analisar o 
dispositivo legal, entendeu que não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo 
em vista que o arrendamento mercantil não deve ser utilizado para obter 
tratamento fiscal mais benéfico do que as operações de compra e venda 
financiadas. Questão errada. 
Questão 18 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada 
 
Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue 
o seguinte item: A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação 
do regime de admissão temporária não constitui violação ao princípio da 
isonomia tributária. 
Comentário: O STF, ao analisar o dispositivo da Lei 6.099/74, entendeu que 
não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo em vista que o arrendamento 
mercantil não deve ser utilizado para obter tratamento fiscal mais benéfico do 
que as operações de comprae venda financiadas. Questão correta. 
Questão 19 ± CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 
Segundo o STF, é constitucional lei estadual que estabelece alíquotas 
diferenciadas do imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) 
em razão do tipo do veículo, por entender que não há tributo progressivo 
quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em 
consideração a capacidade contributiva. 
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Comentário: Como vimos, via de regra, os impostos reais não podem ser 
progressivos. No caso concreto, a lei estadual estava estabelecendo alíquotas 
diferenciadas em função do tipo de veículo, o que não parece ser um critério 
que leva em consideração a capacidade contributiva, correto? 
Nesse sentido, o STF decidiu que não há tributo progressivo quando as 
alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a 
capacidade contributiva. Questão correta. 
Questão 20 ± ESAF/MDIC/2012 
 
Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos 
extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de 
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do 
simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho 
sem assistência do Estado. 
 
Comentário: Conforme a jurisprudência do STF, Não fere o princípio da 
isonomia o tratamento desigual a microempresas (ME) e empresas de pequeno 
porte (EPP) cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem 
assistência do Estado. Questão correta. 
 
Questão 21 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada 
 
Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos 
extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de 
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do 
simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho 
sem assistência do Estado. 
Comentário: Repare como as bancas gostam de cobrar essa jurisprudência. 
Esta assertiva está idêntica à anterior. Questão correta. 
Questão 22 ± ESAF/MDIC/2012 
 
Viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de 
incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de 
quarenta anos. 
 
Comentário: O STF já decidiu que não há violação do princípio da isonomia se 
a lei institui incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com 
mais de quarenta anos. Questão errada. 
 
 
 
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Questão 23 ± ESAF/MDIC/2012 
 
Não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e 
prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia. 
Comentário: O STF já permitiu a o tratamento desigual a microempresas e 
empresas de pequeno porte, dependendo de condições a elas peculiares. 
Ademais disso, o art. 195, § 9º, da Constituição prevê que as contribuições 
sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo 
diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa 
ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Questão errada. 
Questão 24 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada 
 
Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue 
o seguinte item: A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades 
financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, 
fere o princípio da isonomia tributária. 
Comentário: De acordo com os comentários acima, a própria CF prevê, em 
seu art. 195, § 9º, a possibilidade de diferenciar as alíquotas ou bases 
decálculo das contribuições sociais a cargo do empregador, dependendo, entre 
outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do 
mercado de trabalho. Questão errada. 
Questão 25 ± ESAF/ATRFB/2009 
 
A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, estabelece 
a isonomia, vale dizer, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente. Sobre a isonomia, é correto afirmar que 
diante da regra mencionada, o tratamento tributário diferenciado dado às 
microempresas e empresas de pequeno porte, por exemplo, deve ser 
considerado inconstitucional. 
 
Comentário: O tratamento tributário diferenciado dado às microempresas e 
empresas de pequeno porte não pode ser considerado ofensível ao princípio da 
isonomia, haja vista sua previsão constitucional (art. 146, III, d, da CF/88). 
Questão errada. 
 
Questão 26 ± ESAF/ISS-RJ/2010 
O princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, inciso II, da 
Constituição, proíbe o tratamento desigual entre contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente. Entretanto, tal princípio exige a sua 
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leitura em harmonia com os demais princípios constitucionais. Destarte, pode-
se concluir, exceto, que: 
a) em matéria tributária, as distinções podem se dar em função da capacidade 
contributiva ou por razões extrafiscais que estejam alicerçadas no interesse 
público. 
b) relativamente às microempresas e empresas de pequeno porte, a 
Constituição prevê que lhes seja dado tratamento diferenciado e favorecido, 
por lei complementar, inclusive com regimes especiais ou simplificados. 
c) a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no 
tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o 
princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional. 
d) determinado segmento econômico prejudicado por crise internacional que 
tenha fortemente atingido o setor não permite tratamento tributário 
diferenciado sem ofensa ao princípio da isonomia. 
e) a proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao 
princípio da isonomia. 
Comentário: 
Alternativa A: Pode haver tratamento desigual em função de diferentes 
capacidades contributivas, como também podemos ter distinções por razões 
extrafiscais, como, por exemplo, a aplicação de IPTU progressivo no tempo, 
em caso de não aproveitamento de solo urbano, nos termos do art. 182, § 4º, 
da CF/88. Item correto. 
Alternativa B: De fato, há essa permissão no art. 146, III, d, da CF/88. Item 
correto. 
Alternativa C: Tal distinção está prevista no art. 195, § 9º, da CF/88, não 
havendo, por conseguinte, ofensa ao princípio da isonomia. Item correto. 
Alternativa D: O intuito do princípio da isonomia é tratar diferentemente os 
desiguais, na medida de suas desigualdades. Portanto, se um segmento 
econômico foi prejudicado por crise internacional, é mais do que razoável e 
isonômico que haja tratamento tributário diferenciado. Item errado. 
Alternativa E: O STF entende que não afronta o princípio da isonomia a 
vedação de importação de automóveis usados, sob a alegação de a União estar 
atuando contra as pessoas de menor capacidade econômica. Item correto. 
Gabarito: Letra D 
 
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Questão 27 ± ESAF/MDIC/2012 
 
O princípio da capacidade contributiva, que informa o ordenamento jurídico 
tributário, estabelece que, sempre que possível, os impostos terão caráter 
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, 
facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a 
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da 
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 
Sobre ele, assinale a opção incorreta. 
 
a) Tal princípio aplica-se somente às pessoas físicas. 
b) Constitui subprincípio do princípio da solidariedade. 
c) Visa, entre outros objetivos, a assegurar o mínimo vital, ou mínimo 
existencial. 
d) Constitui subprincípio do princípio da igualdade. 
e) É compatível com a progressividade de alíquotas. 
Comentário: 
Alternativa A: Não há qualquer restrição quanto a isso. Logo, o princípio da 
capacidade contributiva aplica-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas 
jurídicas. Item errado. 
Alternativa B: O fato de tributar mais quem aufere mais renda está 
intimamente ligado ao princípio da solidariedade, pois aqueles que menos 
contribuem (por possuírem menor capacidade contributiva) são os que mais 
usufruem dos serviços prestados pelo poder público. Item correto. 
Alternativa C: O princípio da capacidade contributiva tem como um de seus 
objetivos assegurar que o Estado não subtrairá a riqueza mínima do 
contribuinte, utilizada para a sua manutenção. Item correto. 
Alternativa D: Podemos dizer que constitui subprincípio da igualdade, pois, 
como dito na aula, confere tratamento desigual conforme as diferentes 
capacidades contributivas. Item correto. 
Alternativa E: A progressividade é um instrumento para conferir maior 
justeza na tributação das distintas capacidades contributivas, pois se tributa 
proporcionalmente mais quem aufere maiores rendimentos. Item correto. 
Gabarito: Letra A 
Questão 28 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada 
 
Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue 
o seguinte item: Lei complementar estadual que isenta os membros do 
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Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e 
quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia. 
Comentário: De fato, esse tem sido o entendimento do STF, que foi estudado 
em aula. Questão correta. 
Questão 29 ± ESAF/ISS-RJ/2010 
O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a 
capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O 
escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. Ao associar o tipo 
de construção (precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento 
crescente da avaliação do valor venal do imóvel, pode-se graduar o valor do 
tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da 
essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da 
capacidade contributiva. 
Comentário: Conforme explicamos durante a aula, não só a modulação da 
alíquota é capaz de adequar o tributo de acordo com a capacidade contributiva 
de cada contribuinte, mas também o escalonamento da base de cálculo. A 
questão foi elaborada com base na jurisprudência do STF, copiando parte da 
ementa do AI 583.636-AgR. Questão correta. 
2.3 ± Princípio do Não Confisco 
Dando continuidade ao estudo dos princípios constitucionais tributários, 
veremos agora o Princípio do Não Confisco, previsto no art. 150, IV, da CF/88 
(acompanhe na sua Constituição Federal). Na realidade, embora 
majoritariamente conhecido por princípio do não confisco, o que a 
Constituição quis proteger foi a tributação com efeito confiscatório, 
que é diferente do confisco em si. 
 Veja que confiscar bens significa aplicar pena de perdimento nos bens 
dos contribuintes. Tendo em vista que a perda de bens é considerada uma 
SXQLomR�SHOD�SUySULD�0DJQD�&DUWD��DUW���ƒ��;/9,��³E´���o tributo não poderia 
ser confiscatório, pois o art. 3° do CTN assevera que o tributo não 
constitui sanção por ato ilícito. 
 Então, o que seria a tributação com efeito confiscatório? Ora, seria uma 
sobrecarga de tributos de tal forma que se assemelhe a uma punição, pois o 
Estado estaria absorvendo boa parte da riqueza gerada pelos 
contribuintes. 
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 Destaque-se que, para Luciano Amaro 1 , o princípio da vedação ao 
confisco atua em conjunto com o princípio da capacidade contributiva, pois 
ambos visam preservar a capacidade econômica do contribuinte. 
 Agora que já sabemos o que é efeito de confisco, resta saber quando se 
configura a verdadeira tributação com efeito confiscatório. A principal 
informação que temos que gravar aqui é que se trata de um conceito 
indeterminado. Diante disso, muitas vezes o Judiciário se vale dos princípios 
da razoabilidade ou proporcionalidade para conseguir enquadrar a 
situação no verdadeiro efeito confiscatório. 
 De qualquer modo, para o Supremo Tribunal Federal, a caracterização do 
efeito confiscatório deve ser obtida, analisando a totalidade de tributos a 
que um contribuinte está submetido, dentro de determinado período, 
em relação à mesma pessoa política. Ou seja, se o objetivo é descobrir se 
determinado imposto federal está sendo utilizado com efeito de confisco, há 
que se verificar todo o ônus tributário com que certo contribuinte arca em 
relação à União. 
 
Princípio do não confisco: Totalidade da carga 
tributária / Mesma pessoa política (União, por exemplo). 
No que se refere às taxas, para o STF (ADI-MC-QO 2.551/MG), a 
análise a ser feita é entre a relação do custo do serviço prestado ao 
contribuinte e o que foi efetivamente cobrado dele. Nesses casos, o 
princípio objetiva evitar a onerosidade excessiva da atividade prestada pelo 
Estado. 
 Cumpre-nos ressaltar que, embora não se trate de tributo, as multas 
tributárias também estão sujeitas ao princípio do não confisco. Esse é o 
entendimento adotado pelo STF (ADI 551/RJ): 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. §§ 2.º E 3.º DO ART. 
57 DO ATO DAS DOSPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA 
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES 
MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO DE 
TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA 
REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e 
sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório 
desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em 
 
1 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 20ª Edição. 2014. Pág. 270. 
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contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional 
federal. Ação julgada procedente. 
(STF, ADI 551/RJ, Plenário, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 
24/10/2002) 
 Com efeito, se um determinado contribuinte sonega tributo em certo 
montante, e o ente federado institui uma multa de,por exemplo, cinco vezes o 
valor que foi sonegado, resta claro que se trata de efeito confiscatório. 
 
O princípio da vedação ao efeito de confisco também é 
aplicável às multas tributárias (tanto moratórias como 
punitivas). No entanto, as multas não se 
confundem com tributos (aprendemos isso na aula 
anterior). 
 Por último, fique atento ao fato de que a aplicação do princípio do 
não confisco deve ser atenuada, quando se trata de tributos 
extrafiscais. Tais tributos são utilizados como forma de controle, e por isso 
mesmo a doutrina e a jurisprudência aceitam que se estipule alíquotas 
elevadas nesses tributos. 
 Nesse contexto, as alíquotas do IPI em relação aos cigarros, por 
exemplo, chegam a 300%, não sendo caracterizado confisco, haja vista que o 
interesse do Estado é o de que as pessoas evitem fumar. Portanto, a 
sobrecarga tem intuito extrafiscal, qual seja o de inibir certo 
comportamento das pessoas. 
2.1 ± Princípio do Não Confisco e a Tributação do Patrimônio 
 A tributação sobre o patrimônio ocorre de várias formas. No 
ordenamento jurídico pátrio, existe a possibilidade de os entes federados 
instituírem impostos sobre a propriedade de bens imóveis (urbanos e rurais) e 
veículos automotores. Não podemos nos esquecer que também há 
competência tributária para se tributar a transmissão dos bens imóveis e 
móveis. 
 Dessa forma, a doutrina considera que a tributação do patrimônio pode 
ser analisada sob as perspectivas estática e dinâmica. 
Na perspectiva estática, a tributação do patrimônio é analisada 
desconsiderando-se quaisquer alterações no valor do bem, bem como os 
rendimentos porventura gerados. Assim sendo, analisando-se a tributação dos 
impostos sobre o patrimônio com base nesta perspectiva, percebe-se que há 
efeito confiscatório, já que a propriedade do bem móvel ou imóvel só se 
adquire uma única vez, quando da aquisição do bem, ao passo que a 
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tributação ocorre todos os anos, enquanto se mantiver a propriedade sobre o 
bem. Assim ocorre com o IPTU, ITR e IPVA. 
 De outra banda, Ricardo Alexandre 2 argumenta que, ao analisar a 
tributação do patrimônio com base na perspectiva dinâmica, percebe-se que a 
propriedade do bem é capaz de gerar acréscimos patrimoniais, como é o caso 
dos rendimentos produzidos pelos aluguéis. Logo, sob a perspectiva 
dinâmica a incidência tributária sobre o patrimônio não seria 
confiscatória. 
 Por fim, cabe destacar um detalhe cobrado pela ESAF em uma de suas 
provas anteriores, no que diz respeito à tributação da transmissão da 
propriedade. Seguindo o entendimento de Aires Barreto3, a ESAF considerou 
que a incidência tributária sobre a transmissão de propriedade pode 
ser confiscatória, já que a transmissão da propriedade imobiliária não 
caracteriza riqueza renovável. 
 
Questão 30 ± ESAF/AFRFB/2014 
Sobre o entendimento do STF acerca da vedação da utilização, por parte da 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, dos tributos com efeitos de 
confisco, pode-se afirmar que por veicular um conceito jurídico indeterminado, 
e não havendo diretriz objetiva e genérica, aplicável a todas as circunstâncias, 
é permitido aos Tribunais que procedam à avaliação dos excessos 
eventualmente praticados pelo Estado, com apoio no prudente critério do Juiz. 
Comentário: Por se tratar de um conceito jurídico indeterminado, cabe ao Juiz 
determinar quando há ou não incidência tributária confiscatória. Questão 
correta. 
Questão 31 ± FGV/SEAD-AP/2010 
A vedação à instituição de tributos com efeito de confisco não atinge as multas 
moratórias ou punitivas, que podem ser fixadas em qualquer patamar 
conforme admitido pela jurisprudência. 
 
2 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8ª Edição. 2014. Pág. xxx 
3 BARRETO, Aires. Vedação ao efeito de confisco. Publicada na Revista de Direito Tributário. São Paulo. V. 64, 1994, 
pág. 10. 
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Comentário: Vimos que o princípio que a tributação com efeito confiscatório é 
aplicável tanto aos tributos quanto às multas, sejam elas moratórias ou 
punitivas. Portanto, a questão está errada. 
Questão 32 ± ESAF/AFRFB/2009 
 
Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem 
garantias dos contribuintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que a 
identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade 
da carga tributária, mas sim em cada tributo isoladamente. 
Comentário: Como vimos, para o STF, deve-se avaliar a totalidade da carga 
tributária a que o contribuinte esteja sujeito em relação à mesma pessoa 
política. Na presente questão, como se afirma que o conceito é incorreto ± e 
realmente é -, a questão está correta. 
Questão 33 ± CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 
Conforme o caso concreto, é facultado à União, aos estados, ao DF e aos 
municípios, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
utilizar tributo com efeito de confisco. 
Comentário: De modo algum, pois é exatamente o contrário, ou seja, é 
vedado a todos os entes federados utilizar o tributo com efeito de confisco. 
Questão errada. 
Questão 34 ± ESAF/AFRFB/2009 
 
O princípio do não-confisco ajuda a dimensionar o alcance do princípio da 
progressividade, já que exige equilíbrio, moderação e medida na quantificação 
dos tributos. 
 
Comentário: Se não houvesse um princípio que vedasse a invasão desmedida 
ao patrimônio do contribuinte, por meio de tributos, a progressividade das 
alíquotas não teria nenhuma restrição. Questão correta. 
 
Questão 35 ± ESAF/AFRFB/2009 
 
Uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por 
exemplo, não significa necessariamente confisco. 
 
Comentário: Quando se trata de tributos extrafiscais (que é o caso do IPI), há 
a atenuação do princípio do não confisco, pois a finalidade principal do Estado 
é a intervenção na economia, e não a arrecadação. Conforme exemplificado, os 
cigarros são tributados em 300% de IPI. Questão correta. 
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Questão 36 ± ESAF/AFRFB/2009 
Os impostos sobre o patrimônio podem ser confiscatórios, quando 
considerados em sua perspectiva estática. 
Comentário: Quando se analisa a incidência dos impostos sobre o patrimônio 
sob a perspectiva estática, percebe-se que há efeito confiscatório, já que esta 
analise desconsidera as alterações no valor do bem. Questão correta. 
Questão 37 ± ESAF/AFRFB/2009 
O imposto de transmissão causa mortis, na sua perspectiva dinâmica, pode ser 
confiscatório. 
Comentário: Como a transmissão da propriedade não configura riqueza 
renovável, a incidência de impostos sobre tal fato caracteriza efeito 
confiscatório, ainda que analisado sob a perspectiva dinâmica. Questão 
correta. 
Questão 38 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013 
Configura-se o caráter confiscatório de determinado tributo sempre que o 
efeito cumulativo, resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas 
pela mesma entidade estatal, afetar, substancialmente e de maneira 
irrazoável,

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