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CENTRO ECUMÊNICO DE ESTUDOS RELIGIOSOS DO ESTADO DO MARANHÃO – CEERCEMA CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA Jaicianne Pereira Benicio A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICA NA APRENDIZAGEM DO ENSINO INFANTIL ALDEIAS ALTAS – MA 2019 Jaicianne Pereira Benicio A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICA NA APRENDIZAGEM DO ENSINO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à coordenação do curso de Graduação em Pedagogia plena como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Esp. Cristiane Vieira Silva. ALDEIAS ALTAS – MA 2019 A IMPORTÂNCIA DE ATIVIDADES LÚDICA NA APRENDIZAGEM DO ENSINO INFANTIL Jaicianne Pereira Benicio Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia do Centro Ecumênico De Estudos Religiosos Do Estado Do Maranhão – CEERCEMA como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia, sob a orientação da Professora Especialista Cristiane Vieira Silva Prof. Orientador Membro da Banca Membro da Banca ALDEIAS ALTAS- MA 2019 Dedico este trabalho aquele que tudo ver, que tudo pode e que a todos fortalece. Obrigada Deus, pela força sem igual e pela fé inabalável. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por me abençoar e me presentear com a dadiva da vida, sou grata por todos os dias de vida e de aprendizagem, pela força nos momentos difíceis e por me socorrer e sustentar nos dias de aflições, por me fortalecer quando pensei ser fraca e por ter me ajudado e dado forças na construção desse trabalho. Agradeço especialmente aos meus pais Janeselma Sousa e Fernando Araújo que sempre estiveram ao meu lado, me apoiando, me corrigindo nos momentos necessários e me presenteando com o melhor que eles poderiam: o amor, carinho e educação. Ao meu esposo Francisco das Chagas e ao meu amado filho Luís Felippe, que me incentivaram, me deram apoio e força nos momentos difíceis, que compreenderam meus momentos de ausência para total dedicação aos estudos e realização deste trabalho. As minhas irmãs Anne Jaqueline e Jayanne pelo carinho, pelas conversas e por me proporcionar momentos de distração e felizes, amo vocês! Aos meus sobrinhos, tios e avós que nos gestos pequenos contribuíram para a realização do meu sonho. Aos meus amigos e companheiros de curso especialmente as queridas Roises Viana, Samara, Felismina, Eliane, Mirelle e Claudena, juntas compartilhamos momentos difíceis, momentos de aprendizagem, de sonhos e alegrias, tornaram-se mais que colegas de graduação, tornaram-se companheiras de vida. A todos os professores do curso de pedagogia, por todo o conhecimento compartilhado, vocês foram essenciais nessa trajetória. E por fim, a minha querida orientadora Cristiane Vieira Silva que me ajudou na construção desse trabalho, seus ensinamentos e dicas foram essenciais na realização deste, obrigada por toda dedicação. Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro. D. Pedro II RESUMO O presente trabalho tem como temática a importância da utilização do lúdico na educação infantil. Para isso, abordamos a historicidade da educação infantil, como ela evoluiu nos últimos anos para que seja possível a compreensão de como o lúdico passou a ser considerado e utilizado como ferramenta pedagógica. Aliado a isso, o trabalho se propõe a analisar como a prática lúdica contribui no ensino e na aprendizagem. Aqui tratamos também do processo histórico do lúdico de como ele vem sendo utilizado desde os primórdios da humanidade como ferramenta de ensino que facilita a aprendizagem e que desperta no educando curiosidade, autonomia, criatividade e atenção; apontando os benefícios e possibilidades para as crianças como educando e para os professores. Assim o trabalho se propõe a fazer uma análise de como a ludicidade pode ser trabalhada em sala de aula, os ganhos que essa ferramenta gera para o educando e para o professor e as possibilidades educativas através de um jogo, brincadeiras e oficinas; também será discutido o papel da gestão escolar como garantidora de ferramentas e possibilidades para o professor trabalhar e por fim ser mediador do lúdico no ensino. Palavras-chaves: Educação. Educação Infantil. Lúdico. Ludicidade. Professor. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 09 2. ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E DO LÚDICO ................................................................................................. 11 2.1. Histórico da Educação Infantil ......................................................... 11 2.2. As origens do Lúdico.........................................................................15 2.3. Contextualizando o que é jogo e o que é a brincadeira..................20 3. O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ENSINO-APRENDIZAGEM, UM RECURSO PEDAGÓGICO.............................................................................23 3.1. O Lúdico Como Estratégia De Ensino ............................................. 23 3.2. Brincadeiras, Oficinas E Jogos Como Atividades Pedagógicas Direcionadas .............................................................................................. 25 4. O LÚDICO NO CONTEXTO EDUCACIONAL................................................31 4.1. O Lúdico Dentro Do Ambiente Escolar.............................................31 4.2. O Papel Do Professor Como Mediador.............................................32 4.3. As Contribuições Da Ludicidade No Ensino E Na Aprendizagem...............................................................................................34 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................38 6. REFERÊNCIAS...............................................................................................40 9 1 INTRODUÇÃO Vivemos em uma sociedade altamente tecnológica e conectada, que demanda por informações a todo instante, buscamos a todo momento por mudanças, novas tecnologias de informação, notícias, novos conhecimentos. Essa busca incansável por saber altera o modo de ensinar e o modo de aprender, devido a essa série de fatores é de fundamental importância que o professor esteja em constante aprendizagem e na busca incessável por técnicas que aperfeiçoe e dinamizem o modo de ensinar. Por isso o lúdico é uma temática que vem ganhando espaço a cada dia, dado a sua relevância no ensino e na aprendizagem, principalmente nos dos menores, uma vez que esse método de ensino estimula o raciocínio, criatividade, a socialização, a curiosidade, fazendo com que os pequeninos busquem solução e mesmo que involuntariamente desenvolvam a habilidade de concentração. Deste modo, a ludicidade não pode ser vista apenas como divertimento ou entretenimento, uma vez que está enriquece o agir profissional do educador e traz melhorias significativas no aprendizado do aluno. A escolha dessa temática, nasceu na necessidade e interesse de compreender melhor o processo de utilização das atividades lúdicas como ferramenta pedagógica no ensino infantil. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar ao leitor a importância do lúdico no processo de ensino e aprendizagem, bem como, suas contribuições para a educação infantil. Nossa sociedade vive em constante mudança, toda hora surgem novas tecnologiase debates. O lúdico é uma ferramenta educacional utilizada desde os primórdios da humanidade, mas dada as mudanças aceleradas ocorridas nas últimas décadas, aumentou o número de estudos e pesquisas que comprovam a importância deste no processo de ensino e aprendizagem, principalmente no que se refere a educação infantil, dada a faixa etária dos alunos e a dificuldade de concentração que os pequeninos apresentam. No primeiro capítulo da pesquisa aborda-se os aspectos conceituais e históricos da educação infantil e das atividades lúdicas, este capítulo abre o trabalho fazendo um passeio na historicidade e evolução da educação infantil no país e das atividades lúdicas como ferramenta de ensino desde os primórdios da raça humana, além de uma breve contextualização entre jogos e brincadeiras, necessária à compreensão do trabalho. 10 No que concerne ao segundo capítulo, conversa-se sobre o lúdico como recurso pedagógico, as possibilidades educativas dentro de um jogo e de uma brincadeira e o papel das oficinas de construção em quanto atividade lúdicas. Ou seja, neste capítulo é discutido o lúdico como forma de educar e aprender, apresentando as suas possibilidades dentro da educação. Aborda-se no terceiro capítulo deste trabalho o papel do professor enquanto mediador e ser brincante, a importância do lúdico para a aprendizagem, além das dificuldades encontradas pelo educador na implementação do lúdico em seu projeto pedagógico. Ora, a realização deste estudo permitiu perceber a importância do lúdico, do brincar no processo de ensino e aprendizagem, faz-se importante a conscientização dos educadores essa visão de que as crianças aprendem brincando de forma natural. Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, onde foram referenciados os mais diversos estudiosos que tratam da temática aqui abordada. 11 2 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E DO LÚDICO. Este capítulo fará uma breve discussão a respeito da historicidade da educação infantil no Brasil e do surgimento das atividades lúdicas como ferramenta de ensino e aprendizagem. Pretende-se aqui discorrer a respeito dos conceitos históricos e teóricos da educação infantil e do lúdico, além de fazer uma relação entres esses eixos. 2.1 Histórico da Educação Infantil. Historicamente a criança era vista como um adulto em miniatura, sem ter nenhuma atividade especifica destinada à sua idade, em certo momento histórico da sociedade era normal que crianças trabalhassem para complementar a renda familiar, mas com o passar dos anos, várias transformações societárias foram ocorrendo, mudanças sociais, políticas entre outras mudanças ideológicas mudaram o modo como a sociedade enxergava a criança, a infância e a educação. No Brasil a educação infantil foi deixada às margens das políticas por um bom tempo, esta temática não estava nas pautas políticas e não era preocupação dos governantes pensar em políticas públicas voltadas para a educação dos pequeninos. Conforme Leite Filho (2008) nos fala, a educação para as crianças era pensada principalmente para as crianças ricas mas por outro lado também tinha como objetivo cuidar daquelas que não podiam ser cuidadas pelas mães, ou seja, em seus primórdios a educação infantil exercia um papel meramente assistencialista, cuidando dos pequenos enquanto os pais trabalhavam. Kuhlmann Jr. (2000) também ressalta o papel assistencialista da educação em suas origens nas suas pesquisas, segundo o autor o atendimento às crianças era baseado na pedagogia da submissão, uma vez que o objetivo era tornar as famílias desprovidas de dinheiro submissas ao mercado de trabalho, ou seja, a educação fornecida pelo estado não tinha a intenção de diminuir a desigualdades sociais na população e de tornar a educação acessível a todas as classes e sim tornar as camadas sociais mais pobres submissas aos ditames do mercado de trabalho. Baseando-se na estratégia citada acima, a partir da década de 20 e 30 foram criadas instituições de ensino infantil, com o principal objetivo de ofertar vagas para aquelas crianças que as mães trabalhavam e não tinham com quem deixa-las. Conforme Oliveira (2005) as primeiras instituições de educação infantil no país foram 12 criadas em Belo Horizonte no ano de 1908 e no ano seguinte na cidade do Rio de Janeiro. Cabe ressaltar aqui que a educação em si só passou a ser considerada relevante no cenário brasileiro a partir de 1990 após o advento da Constituição Federal e de uma série de protestos a favor da educação, de melhores condições de vida, saúde e por mais políticas públicas a favor do cidadão. No ano de 1922 aconteceu na cidade do Rio de Janeiro o Primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, Oliveira (2007) destaca que neste congresso foram discutidas temáticas sobre a educação moral e higiênica da criança, dessa forma foram surgindo as primeiras regulamentações no que se refere ao atendimento das crianças nas escolas maternais e nos jardins de infância. Ferronatto (2006) nos mostra que essa nova configuração social trouxe novas responsabilidades para o Estado, e ela se deu devido ao aumento significativo da urbanização, das fábricas, da participação das mulheres no mercado de trabalho e na mudança da estrutura das famílias - cada vez mais mulheres passavam a trabalhar fora de casa. Devido a essa série de mudanças, ocorreu um grande êxodo rural, várias famílias passaram a sair principalmente do norte e nordeste do país em busca de melhores oportunidades nas grandes capitais. Essa transformação no cenário do país exigia respostas rápidas do Estado, este por outro lado passou a ofertar mais vagas nas escolas através da criação de novas unidades. Assim, Oliveira (2005) destaca que como não havia experiências de educação infantil no país na época foi adotado o modelo que imitava as experiências europeias e norte-americanas. Estes modelos, via a criança como um ser carente que sofria várias privações entre elas a cultural e era função da escola suprir essa necessidade. Naquele momento, as escolas eram um ambiente altamente repressor, onde não estimulavam a criança (ser em plena formação) a pensar e a desenvolver senso crítico. Além de ser um ambiente repressor Ferronatto (2006) nos diz ainda que os investimentos por parte do Estado em educação infantil no país à época eram inferiores a real demanda. Os valores não eram suficientes para manter qualidade nas instalações de ensino, as salas eram superlotadas, faltava material, professores e formação acadêmica dos docentes. Essa combinação de fatores resultava na baixa qualidade do ensino e na precariedade no atendimento às crianças, além de desestimular a continuidade do ensino, assim muitas crianças acabavam por não terminar os estudos e entravam muito cedo no mercado informal de trabalho. 13 Inicialmente, como nos aponta Kramer (1998) as primeiras políticas públicas brasileiras voltadas para a educação infantil tinham o caráter altamente interventor, médico, sanitarista, alimentar e assistencialista, não existia a preocupação com o desenvolvimento da criança e nem com seus direitos e garantias fundamentais. Foi somente no final do século XX que o Estado passou a atuar como garantidor e defensor dos direitos das crianças. No ano de 1961 ocorreu uma importante mudança no que se refere a educação das crianças, a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei Nº 4024/61), em seu artigo 23º a LDB assegura que a educação pré-primária é destinada a crianças de até sete anos e que será oferecida pelos jardins de infância ou escolas maternais. Mas, adiante em seu artigo 24º aborda que empresas que tenham trabalhadoras, mães de crianças até sete anos serão incentivadas a organizar e manter por conta própria ou em conjunto com o poder públicoinstituições que atendam essas crianças. Em 1985, com o findar do período da Ditadura Militar começava-se a se mencionar na sociedade, segundo Oliveira (2007), que as creches não eram somente vinculadas à mulher ou a família, mas diziam a respeito às empresas e ao Estado, ou seja, à educação infantil estava deixando de ser considerada apenas de interesse da família, e sim de todos, principalmente do Estado como principal provedor de educação gratuita, isso foi incluído em campanhas eleitorais nos anos de 1985 e 1986. No final da década de 70 ocorreram diversas manifestações a favor da educação infantil organizadas por mães (principalmente por mães operárias, que trabalhavam em fábricas e tinham uma carga excessiva de trabalho), sindicatos e grupos de profissionais da educação. Campos (2006) ressalta que essas manifestações tinham como principal finalidade reivindicar por mais vagas nas creches e instituições de ensino infantil, construção de novas instalações, melhores condições de ensino e a garantia de permanência no ensino. A educação no país, passou a ser valorizada a partir de meados dos anos 90, devido a nova demanda por profissionalização e tecnização no país, o cenário educacional no país ganhou mais destaque após a promulgação da Constituição Federal de 1988, intitulada Constituição Cidadã, esta garantia uma série de direitos aos cidadãos, a partir de então a educação passou a ter mais visibilidade. Com a nova Constituição, a educação passou a um nova patamar, o de direito social como salienta o art. 6: 14 São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. BRASIL, Constituição Federal (1988) A educação vem garantida no rol dos direitos sociais, por se tratar daqueles que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e de trabalho para todos e são cedidos à todos pelo Estado. Mas adiante, o art. 208 no seu inciso IV mostra que o atendimento em creche e pré-escola de 0 a 6 anos de idade é responsabilidade do Estado. E este, deve prover os meios de ofertar educação de qualidade para todos. Porém, apesar do suporte legal a educação continuava a ser renegada pelos governantes, mas a conjuntura histórica da época fez com que esse quadro mudasse. Com a aprovação do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente - em 1990 houve a consolidação dos direitos da criança à educação que estavam garantidos na Constituição Federal. O ECA, revolucionou ao priorizar a educação das crianças, ao responsabilizar o Estado, família e sociedade no que se refere a educação dos menores. A aprovação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) como já mencionado anteriormente, veio para dá mais visibilidade e importância a esse novo momento pelo qual passava a sociedade brasileira que demandava por educação de qualidade. A Educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996, p. 12). Rosemberg (2002) destaca que foi a partir das transformações societárias, das lutas do povo e da aprovação da Lei de Diretrizes Bases (LDB), que incorpora creches e pré-escolas como instituições de educação infantil que se têm o devido reconhecimento desse seguimento para o Estado. Conforme a LDB, a educação infantil tem como objetivo o desenvolvimento integral da criança até os seus seis anos de idade em seu aspecto: físico, psicológico, social, afetivo e intelectual. Assim, Oliveira (1999) conta que: ... organizar condições para que as crianças interajam com outros adultos e outra crianças em situações variadas, construindo significações acerca do mundo e de si mesmas, enquanto desenvolvem formas mais complexas de sentir, pensar e solucionar problemas em clima de autonomia e cooperação. Podem as crianças, assim, constituir-se como 15 sujeitos únicos e históricos, membros de famílias que são igualmente singulares em uma sociedade concreta. (p.49). Percebe-se o rompimento definitivo do caráter assistencialista que as creches e instituições de educação infantil tinham, desde então projetos educacionais e propostas educacionais passaram a ser elaborados voltados exclusivamente para a educação infantil, estes estavam preocupados com a aprendizagem dos pequenos e da adequação do conteúdo a cada faixa etária. Dessa forma a LDB torna a educação infantil como uma das etapas da educação básica, assim sendo torna-se parte do sistema regular de ensino, exigindo regulamentação e normatização. Esse fator foi fundamental para mudar radicalmente o futuro da educação infantil no Brasil. Percebe-se o longo caminho que o ensino infantil percorreu até ganhar o status de prioridade e de ser política pública, antes visto como assistencialismo e aliado ao mercado para conformar as famílias da situação em que viviam, atualmente política que tem seus próprios recursos e que visa o crescimento integral da criança: social e psicológico, além de despertar seu interesse e criatividade. Ora dado a mudança no quadro educacional, estudiosos passam a dar mais importância para o cenário educacional do país e começa a se ter uma preocupação com a forma de ensinar as crianças. Assim passasse a dar mais importância ao lúdico como ferramenta de ensino e de aprendizagem, principalmente no ensino infantil, onde as crianças ainda são pequenas e tem dificuldade de se concentrar em determinado assunto por muito tempo. Porém, o lúdico não é uma novidade, trata-se de uma ferramenta antiga e que desde muito tempo já era utilizada em outros países como prática de ensino. 2.2 As Origens do Lúdico. Desde o gênesis, o ser humano é dotado de uma grande vontade de aprender e descobrir coisas novas. Foi assim com o fogo, com a invenção da roda, mas adiante do telefone, lâmpada, computador, celular, internet banda larga e etc., o homem foi com o passar dos anos estudando o ambiente no qual vivia e extraindo dele o que lhe era necessário para viver, foi dominando técnicas de caça e sobrevivência, facilitando o seu dia a dia através de novas tecnologias e foi através do desenvolvimento da educação e do conhecimento cientifico que as novas tecnológicas passaram a integrar o nosso cotidiano. 16 A etimologia da palavra lúdico vem do latim ludus que quer dizer brincar. Dessa forma associar o lúdico a aprendizagem, significa adicionar prazer, satisfação e felicidade, adjetivos que facilitam o ensino e a aprendizagem, principalmente de matérias consideradas mais difíceis e sem atrativos, como a matemática por exemplo: Ensinar e aprender matemática pode e deve ser uma experiência com bom êxito do sentido de algo que traz felicidade aos alunos. Curiosamente quase nunca se cita a felicidade dentro dos objetivos a serem alcançados no processo ensino-aprendizagem, é evidente que só poderemos falar de um trabalho docente bem feito quando todos alcançarmos um grau de felicidade satisfatório. (CORBALÁN, apud ALSINA, 1994, p. 14). Ora, o lúdico é o jogo, a brincadeira, o entretenimento, é o momento divertido que facilita o aprendizado e o torna mais atrativo e divertido, uma excelente ferramenta para os professores da educação infantil principalmente, pois estes lidam na sua prática profissional com crianças, especialistas no brincar e se divertir. Assim jogos e brincadeiras estão no cotidiano da vida humana desde os primórdios e fazem-se presentes no panorama sócio histórico da evolução da humanidade. “O lúdico como instrumento educativo já se fazia presente no universo criativo do homem desde a antiguidade” (ANDRADES E SANCHES, 2005). Conforme esses autores brincadeirase jogos sempre fizeram parte do cotidiano do homem, a contar da época das cavernas o ensino era facilitado através de técnicas e práticas que tornavam o ato de aprender mais dinâmico, porém, ainda não se fazia o uso da palavra lúdico. No período da Roma Antiga já se associavam a ideia do prazer ao ato de aprender. Na sua época Platão (que viveu de 427 há 348 a.C.) já destacava a importância de uma educação que se baseasse em jogos educativos, esportes e diversão, foi ele o percursor ao usar o recurso lúdico no ensino da matemática com o objetivo de facilitar o ensino e a aprendizagem, afirmava também que as crianças precisavam praticar juntos atividades educativas através do jogo, segundo o filosofo a utilização de jogos e brincadeiras era importante para o aprendizado das crianças. No século XV Rebelais (1484-1553) já exaltava a relevância do ensino através de jogos, afirmando que deveriam ensinar às crianças o prazer pela leitura, pelos desenhos, pelos jogos de cartas e fichas, pois estes serviam para o ensino de matemática e geometria. Ora, percebe-se que o recurso lúdico não é uma exclusividade das sociedades atuais, na verdade a utilização do lúdico como recurso de ensino data-se desde a 17 antiguidade. Em sua obra intitulada Les Lois, Platão já destacava a importância do jogo na educação. Brincando, aprenderá, o futuro construtor, a medir e a usar a trena; o guerreiro, a cavalgar e a fazer qualquer outro exercício, devendo o educador esforça-se por dirigir os prazeres e os gostos das crianças na direção que lhes permita alcançar a meta que se destinarem. (PLATÃO apud SILVEIRA, 1998, p. 41) Vale ressaltar que foi neste período que determinou-se a importância da educação sensorial, do uso do jogo como recurso didático nas mais variadas áreas do ensino. Comênio (1957) nos mostra que Lutero à sua época já prezava por método lúdico de ensino, onde o prazer estivesse associado ao aprender e as brincadeiras e o lazer à sala de aula. Que sejam instruídos com o método muito fácil, não só para que não se afastem dos estudos, mas até para que eles sejam atraídos como para verdadeiros deleites, para que as crianças experimentem nos estudos um prazer não menor que quando passam o dia inteiros a brincar com pedrinhas, bolas e corridas (COMÊNIO, 1957, p.156). Observa-se assim que Lutero era defensor do ensino lúdico, que estimulasse os alunos, ensino que desenvolvesse no educando o prazer de ir à escola aprender, ou seja para Lutero era importante aprender com prazer. Vários teóricos colaboraram e defenderam o uso do lúdico como ferramenta pedagógica de ensino, destaca-se os estudos de: Rousseau (1712) e Pestalozzi (1746) no século XVII, Dewey, no século XIX, Montessori, Vygotsky e Piaget. É a partir da conscientização da sociedade sobre a infância e de trabalhos como os dos estudiosos referenciados anteriormente que instaura-se a preparação de métodos próprios para educação das crianças. Este novo modelo era baseado na concepção de que as crianças aprendem de forma natural e espontânea através do contato com a natureza e com as pessoas ao seu redor, assim passou-se a ser utilizados jogos educativos e atividades sensoriais no ensino. Froebel, Montessori e Decroly foram pedagogos pioneiros à sua época ao criarem uma nova metodologia de ensino para a educação infantil. De acordo com Wajskop (1995), eles romperam com a metodologia tradicional de ensino e apesar de suas ideias serem antigas, elas continuam a influenciar as práticas pedagógicas da atualidade. De acordo com Pedroza (2005) o lúdico como ferramenta pedagógica de ensino, nasce através da preocupação de transmitir e ensinar as crianças de forma 18 mais dinâmica e que consiga prender a atenção dos pequenos estudantes. Foi através do desenvolvimento das Teorias da Escola Nova (movimento de renovação da educação) que o pensamento pedagógico conseguiu ter sua liberdade, a partir de então reformas importantes para o ensino foram realizadas e deram impulso para o debate sobre as necessárias reformas educacionais até alcançar a conquista da aprovação da Lei de Diretrizes Bases da Educação em 1996. Assim, desde de meados dos anos 90 no país tem se intensificado debates acerca da temática que vem ganhado cada vez mais espaço em meios acadêmicos e de pesquisas principalmente no que se refere à educação infantil, pois o brinquedo e o ato de brincar são essência da infância e seu uso de forma pedagógica possibilita e facilita a produção de conhecimento. Nas atividades lúdicas estão inclusos brinquedos, jogos, dinâmicas e o divertimento. A função didática desses suportes pedagógicos oportuniza o aprendizado, conhecimento e compreensão do mundo. Pois conforme aponta Coelho (2000) independentemente do tempo histórico, da situação e da sociedade, brincar é inerente à criança, pois elas vivem em mundo de fantasias, alegria e sonhos, onde por vezes o “faz de conta” e a realidade se confundem. Dohme (2003) nos diz que o lúdico refere-se a jogos pedagógicos, dinâmicas de grupo, brincadeiras, atividades de recorte e colagem, atividades físicas, cantigas de roda, dramatizações, teatro, atividades no computador, ou seja, atividades que acrescentam momentos de distração e divertimento no cotidiano da sala de aula. Conforme aponta Macedo (2000), o lúdico como ferramenta pedagógica possibilita a criação de um ambiente agradável no qual os educandos desenvolverão de forma significativa as suas habilidades. Ainda conforme o autor descreve, através de uma brincadeira há aquisição de novos saberes, o pequeno estudante também terá através do ato de brincar a oportunidade de desenvolver seu senso crítico, aprimorar coordenação motora e a capacidade de melhorar a sua atenção. Araújo (1992) diz que ao estudar a historicidade de atividades lúdicas e jogos averígua-se tratar de uma atividade muito importante e presente em todos os tempos: Revendo a história do jogo, certificamo-nos de que sua importância foi percebida em todos os tempos, principalmente quando se apresentava como fator essencial na construção da personalidade da criança. Desde a época anterior a Cristo já havia uma preocupação em discutir o valor proeminente do jogo na vida das crianças. Nos escritos de Leis, Livro VII, Platão preconizava o valor educativo do jogo, apesar de dar 19 à criança a liberdade do jogo somente até os seis anos de idade (ARAÚJO, 1992, p. 13) A autora explica que na era cristã vários pareceres a respeitos dos jogos foram sendo formulados. Alguns desses pareceres ressaltaram a sua importância no ensino, outros estudiosos porém discriminavam tanto as crianças como o interesse por qualquer que fosse a atividade lúdica. Comênio em seu livro A Escola da Infância (1628) destaca que o nível inicial de ensino era o colo da mãe e que este ensino inicial deveria ocorrer dentro dos lares, este criou um plano de ensino para o maternal que recomendava o uso de materiais audiovisuais e de livros com gravuras para educar as crianças pequenas. Segundo Oliveira (2011), Comênio mostrava que: O cultivo dos sentidos e da imaginação precedia o desenvolvimento do lado racional da criança. Impressões sensoriais advindas da experiência com manuseio de objetos seriam internalizadas e futuramente interpretadas pela razão. Também a exploração do mundo no brincar era vista como uma forma de educação pelos sentidos. Daí sua defesa de uma programação bem elaborada, com bons recursos materiais e boa racionalização do tempo e do espaço escolar, como garantia da boa "arte de ensinar", e da ideia de que fosse dada à criança a oportunidade de aprender coisas dentro de um campo abrangente de conhecimentos. OLIVEIRA (2011, p.37) Ou seja, desde de muito tempo filósofos e estudiosos contemporâneos como Comênio entendiam a importância de atividades sensoriais, de passeios ao ar livre, atividades commúsica e pinturas adequadas a idade certa dos alunos ajudavam e estimulavam a prática educativa e a aprendizagem. Conforme Rizzo (1982), o primeiro modelo de jardim de infância voltado para crianças de 3 a 6 anos que era baseado em linguagem afetiva, fazendo o uso de brinquedos e brincadeiras como técnica de ensino e aprendizagem, que valorizava atividades lúdicas e dinâmicas em sala de aula foi em Blankeburg na Alemanha no ano de 1837. Ainda segundo a análise do autor referenciado acima, foi Maria Montessori a pioneira no que se refere ao uso lúdico como ferramenta de ensino para crianças, com uso de técnicas práticas e simples do dia a dia. Montessori era doutora formada em medicina que dedicou sua vida a estudar crianças que tinham problemas mentais. Ela elaborou o Método Montessori para ajudar na aprendizagem e concentração das crianças, este foi largamente difundido por todo o mundo até os dias atuais. 20 Para Kishimoto (1993) os jogos fazem parte do patrimônio cultural de povo, no Brasil por exemplo tem a capoeira, o folclore, ciranda, amarelinha, jogos típicos e específicos de cada região entre tantos outros que foram sendo passado geração após geração. Estes devem sim ser incorporados no mundo infantil, desde que contribuam para a formação da personalidade da criança. A autora enfatiza a importância do uso correto de jogos e brincadeiras em sala de aula, e que por aqui foi a partir de 1930 que passou a ser feita a associação entre brincadeira, lazer e educação. Visto as mudanças no quadro da educação infantil no país e a priorização desse ramo da educação, os profissionais que atuavam nessa área começaram a passar por diversas formações, a preocupação em ensinar ficou mais visível e com isso surgiu a problemática: como ensinar para as crianças menores de maneira mais prática? Como despertar nelas a vontade de estar na escola e aprender? Vale ressaltar que o lúdico como estratégia de ensino já era utilizado no mundo, no Brasil a aplicação e interesse pelas práticas lúdicas ocorreu tardiamente. Foi a partir da validação da importância do ensino infantil e da importância deste na vida escolar do educando que passou-se a estudar o lúdico como ferramenta facilitadora no ensino, como nos lembra Macedo (2000). Diante do exposto pode-se concluir que esses estudiosos com suas teorias sobre a importância de atividades lúdicas como ferramenta de ensino, de acordo com Incontri (1997) abriram espaço para uma maior flexibilização e inovação nos modelos de ensino infantil nas escolas, construíram assim um novo espaço por meio de brinquedos, discos, gravuras, cores, espetáculos, espaços públicos, músicas, isto é, uma nova pedagogia que fez com que os educadores passassem a questionar suas práticas e buscarem uma nova formação. Observa-se também que o lúdico não é novidade da sociedade atual, existem estudos e interesse pela prática lúdica desde os primórdios da humanidade. 2.3 Contextualizando o jogo e a brincadeira. De acordo com o dicionário Aurélio (2010) a palavra jogo possui várias definições e dentre elas, podemos destacar “atividade lúdica ou competitiva em que há regras estabelecidas em que os participantes se opõem, pretendo ganhar ou conseguir melhor resultado”. Quanto a palavra brincadeira o dicionário Aurélio nos diz significar passatempo, entretenimento, diversão. Dessa forma, apresenta-se a 21 distinção básica entre jogo e brincadeira, ambos são passatempo, com regras, competitivas ou não, estão associados ao entretenimento e como veremos adiante ao ensino também. Kishimoto (2011) diz que é impossível definir com exatidão jogo, brincadeira e brincar, pois esses termos são sinônimos em si. No Brasil, por exemplo os termos são utilizados de maneira indistinta. A autora define brincadeira como: A ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo. Kishimoto (2011, p.26) Ora, percebe-se que os termos jogo, brincar e brincadeira estão intimamente ligados e diretamente alinhados à prática lúdica, ou seja, a aprender de maneira mais leve, por isso a dificuldade em definir com precisão cada um desses termos, pois eles acabam unidos coexistindo juntos. O jogo, sempre esteve presente em todos os tempos, entre adultos e crianças, com a finalidade lúdica de ensino ou simplesmente por diversão. Tezani (2004) ressalta que a importância do jogo como ferramenta educativa varia de ao longo dos anos, dependendo da sociedade e principalmente em momentos de crítica ao modelo societário vigente. Normalmente em períodos de contestação e crises políticas e econômicas há um aumento nos estudos a respeitos dos jogos como ferramenta de educação. Por exemplo, na época da ditadura militar brasileira houve uma expansão do ensino técnico, pois o país necessitava de profissionais técnicos. Com a garantia dos direitos da criança ao ensino e ao lazer, passou-se a priorizar o ensino através de técnicas que utilizam o lúdico como ferramenta de ensino. Para Rau (2007) a palavra lúdico significa brincar e ao mesmo tempo jogos, brincadeira, ou seja, a ludicidade caminha junto com o entretenimento e este por vez se alinha ao ensino, uma vez que quando brincando o ser descobre novos caminhos, desperta a curiosidade e a criatividade. No Brasil não existem estudos a respeito da evolução histórica dos brinquedos e do jogo. Na França, por exemplo a evolução histórica do brinquedo acompanha os grandes períodos da civilização ocidental, na Roma Antiga e na Grécia podemos citar o surgimento das primeiras reflexões sobre a importância do brincar e aprender brincando. Kishimoto (1994) retrata a importância dos jogos para a civilização romana, eles eram utilizados para preparar os soldados e formar cidadãos obedientes ao governo. 22 Foi a partir do século XVI que os humanistas passaram a visualizar o real valor educativo dos jogos, assim, os jesuítas passam a colocarem em práticas os jogos educativos, sendo os pioneiros nessa prática no país. Ora, o jogo sempre esteve presente nas mais variadas culturas e civilizações, de maneira geral tratava-se de uma forma de divertimento e de aproveitamento de tempo e que também era visto como um meio de preservação cultural e oportunidade para manifestar a religiosidade. De acordo com Silva (2011) através das brincadeiras e dos jogos as crianças aprendem sobre si e sobre o mundo que as rodeiam, aprendem também a controlar suas emoções, seus impulsos, a compartilhar e a se relacionar. Os jogos e brincadeiras são ferramentas essenciais para o desenvolvimento social e emocional das crianças. Para Fontes (2005) brincando a criança usa seu imaginário e a partir desse ato começa o desenvolvimento de pontos significativos na vida dos pequenos. O autor destaca a diferença básica entre brinquedo e o ato de brincar. Brinquedo é o objeto, suporte ao ato de brincar, ele torna possível algumas brincadeiras, conexões e aprendizados. Nos dias atuais as concepções acercado jogo não sofreu grandes alterações. O jogo ainda é tido como uma atividade de passatempo, sem relevância social: O jogo habita o espaço do contemporâneo com brincadeiras tradicionais, competições esportivas, jogos online, jogos de linguagem, jogos lógico-matemáticos, jogos de azar entre outros, sempre com noção de não sério, de passatempo [...] uma ótima atividade para ocupar o tempo a fim de que o sujeito não faça outra coisa pior. Bemvenuti (2009, p.30) Ou seja, o jogo é socialmente visto como passatempo, distração, algo a ser praticado durante um momento de lazer e de “falta do que fazer”. Mas adiante, veremos as possibilidades pedagógicas de ensino através dos jogos, pois estes quando bem utilizados são aliados ao ensinode qualidade e da aprendizagem eficaz. Assim, conclui-se que jogos e brincadeiras possuem os mesmos objetivos: entreter, divertir. E são exemplos de atividades lúdicas presentes no dia a dia de toda e qualquer atividade humana. Através dessas atividades o ser humano socializa, troca ideias, aprende, cria, troca experiências e conhecimentos. 23 3 O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM, UM RECURSO PEDAGÓGICO. Neste capitulo abordaremos o lúdico como recurso pedagógico, as vantagens proporcionadas pelo ensino baseado na ludicidade; o uso de jogos, oficinas e brincadeiras como atividades lúdicas direcionadas, pois estas quando monitoradas e adequadas a idade e conteúdo geram ganhos significativos ao ensino e aprendizagem. 3.1 O Lúdico como estratégia de ensino. Como já discorrido e defendido neste trabalho, o lúdico é uma ferramenta de grande importância quando alinhado ao ensino e a aprendizagem. E veio se consolidando como ferramenta no ensino com o passar dos anos, apesar de não se tratar de algo novo. Agora, iremos analisar as atividades lúdicas como recursos pedagógicos, métodos e técnicas. Foi através da incansável luta por resposta e da sempre presente inquietação de como facilitar o ensino, tornando-o agradável para o educando e para o educador que descobriu-se o potencial das atividades lúdicas e dos jogos como ferramenta pedagógica e metodológica de ensino, estes apresentaram-se como excelentes aliados no processo de ensino e aprendizagem, corroborando com isso (RAU 2007, p.32) nos diz que: “Toda prática pedagógica deve proporcionar alegria aos alunos no processo de aprendizagem”. Muitos estudiosos e pesquisadores a respeito da temática defendem a utilização de atividades lúdicas como prática pedagógica facilitadora do ensino, Macedo (2005) acredita que o ensino através do lúdico fortalece os laços entre docentes e discentes e torna a aprendizagem mais dinâmica e prática. Enquanto ciências, a ludicidade apoia-se em quatro eixos, de acordo com Santos (2014) são eles: Psicológico, que relaciona o processo de desenvolvimento e aprendizagem em qualquer idade da pessoa; Sociológico, visto que a atividade lúdica compreende o social e o cultural; Pedagógico, uma vez que serve de embasamento teórico; Epistemológico, pois possui conhecimentos científicos que abordam o jogo como importante fator de desenvolvimento. Bemvenuti (2009) nos fala que o lúdico é acima de tudo uma excelente ferramenta educativa pois representa a força que move toda a curiosidade de mundo 24 e vida, é o início de toda descoberta e criação. Através do lúdico, do ato de brincar, seja criança ou adulto há aprendizagem, há espaço para criação, para concepção de consciência e estabelecimento de relação. Para Luckesi (2000, p. 02) “o que a ludicidade traz de novo é o fato de que quando o ser humano age de forma lúdica vivência uma experiência plena”, em outras palavras o ser humano se envolve por inteiro na execução da atividade lúdica e tem uma experiência completa do aprender e criar. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural... facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. SANTOS (2011, p.12) Portanto, o ensino aliado a prática lúdica contribui para que o educando desperte interesse pela e consequentemente pelo aprendizado presente na mesma. Brincadeiras e jogos são exemplos de atividades lúdicas presente no cotidiano do ser humano, através dessas atividades o homem aprende, cria e troca conhecimentos. As atividades lúdicas como ferramenta de ensino possuem um imenso valor, elas vão além de jogos e brincadeiras. Tratam-se de atividades que tenham como objetivo ensinar divertindo em oposição à prática do ensino tradicional, essas atividades compreendem: oficinas, pinturas, teatro, musicais, atividades de corte e colagem, atividades físicas, de dança e entre tantas outras formas. Rau (2007) reafirma as palavras de Santos (2011) quando diz que o lúdico é um excelente recurso pedagógico e que contêm os componentes ideais para despertar o interesse do aluno. Por meio de atividades lúdicas o educador tem a oportunidade de inovar sua prática pedagógica, de levar aos seus educandos atividades divertidas que lhes propiciem maior interação e melhoria na forma de se relacionarem . Kishimoto (2011) retrata que o uso de jogos com finalidade pedagógica resultam em ensino aprendizagem, pois o professor trabalha o jogo com uma finalidade de ensino e a criança aprende com mais facilidade, de forma prazerosa e participativa. O lúdico é um importante instrumento didático para o professor, partindo desta perspectiva a brincadeira é vista como um meio preparatório para o momento de aprendizagem. De acordo com Macedo, Petty e Passos (2005), com o jogo a criança conquista novos conhecimentos e habilidades. Por isso cabe ao professor propiciar circunstâncias que gerem aprendizagem de forma motivadora, de modo a despertar o interesse da criança, desafiando-a e despertando o interesse pelo conteúdo. 25 Quando situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem. (KISHIMOTO, 1997, p. 36) Ora, utilizar o lúdico como ferramenta/estratégia de ensino na educação infantil contribuir para potencializar conhecimentos para o ensino e aprendizagem do educando, dessa forma, a partir do prazer que eles sentem naturalmente ao brincar, irão aprendendo. Em suas análises Almeida (2007) compreende que o desenvolvimento do saber através de atividades lúdicas ocorre de maneira mais fácil pois ao participar de uma atividade a criança determina metas, monta estratégias, planeja e utiliza raciocínio lógico, por menor que seja a idade desta. Assim, o uso da ludicidade através de músicas, jogos, brincadeiras, atividades de expressão corporal proporciona ao educador aulas mais práticas, dinâmicas e interessantes. O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside a base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo de ensino-aprendizagem. Vygotsky (apud ROLIM,GUERRA e TASSIGNY 2008, p.177 ) Portanto, a utilização de práticas lúdicas como recurso pedagógico e auxiliadora no processo de aprendizagem, enriquece a prática do docente e o faz desenvolver novas habilidades no seu agir profissional, além, de trazer enormes benefícios no quesito da aprendizagem das crianças, pois, estas aprendem de maneira mais eficaz e eficiente. 3.2 Brincadeira, Oficinas e Jogos Como Atividades Pedagógicas Direcionadas. O ensino infantil é formado por crianças que em média possuem entre 02 a 05 anos de idade. Nessa fase manter a concentração, sentar para ouvir a explicação do professor, manter o raciocínio em algo é muito difícil, pois a criança ainda não possui amadurecimento cognitivo e neurológico para tais feitos, por isso o professor deve dispor de ferramentas que possibilitem a compreensão e que torne a aprendizagem para essa faixa etária mais simples. Brincadeiras, oficinas, jogos, atividades de construção e pintura são exemplos de atividades pedagógicas que quando 26 direcionadas e adequadas a idade e ao grau de aprendizagem do educando possibilitam ganhos imensos no processo de ensino e aprendizagem. A construção de oficinas, a utilização de jogos e brincadeiras quando bem direcionadospossibilitam aos educadores uma aula mais dinâmica e que “prende” a atenção do educando por mais tempo, contribui para a aprendizagem de maneira mais natural e significativa para o educando, além de desenvolver áreas psíquicas, físicas e motoras. Ao utilizar-se dessas ferramentas o professor dispõe de técnicas e estratégias para o planejamento de suas aulas. E como Stacciarini (1999) ressalta, nos tempos modernos faz-se cada vez mais necessário o uso de métodos dinâmicos de ensino, uma vez que o modelo tradicional de ensino, vem a cada dia deixando de corresponder com as reais necessidades dos alunos. Silva (2011) ressalta que através do jogo as crianças aprendem melhor sobre si e sobre o mundo que as cerca, aprendem sobre compreensão, partilha, a controlar impulsos e desenvolvem o intelecto. Ou seja, o jogo desenvolve além das áreas psicomotoras, desenvolve áreas emocionais e relativas à aprendizagem, a regras e objetivos. O jogo como recurso educativo vem sendo alvo de constantes estudos e discussões, Kishimoto (2011) diz que quando o professor propicia através do jogo um momento de lazer e diversão ele também está proporcionando aos seus alunos acima de tudo um momento de aprendizagem e é justamente esta ação que dá ao jogo a dimensão educativa. O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto cultural e biológico é uma atividade livre, alegre que engloba uma significação. É de grade valor social, oferecendo inúmeras possibilidades educacionais, pois favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade... (RAU 2007, p.36). Observa-se a riqueza do jogo não somente como ferramenta pedagógica, mas também como ferramenta social. Através de uma partida de futebol por exemplo, podem se estabelecer novos vínculos sociais entre pessoas desconhecidas anteriormente. O jogo enquanto ferramenta educativa gera diversos benefícios, pois estimula a interação do educando e a socialização do mesmo. Além de desenvolver o lado emocional e psicológico. 27 Dallabona e Mendes (2004) nos falam que o lúdico é um dos métodos mais eficaz para envolver o educando nas atividades, é de grande importância as brincadeiras, oficinas e jogos nesse processo pedagógico, pois é por meio das atividades lúdicas que os conteúdos podem ser ensinados de maneira mais significativa, contribuindo assim para a melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem. Brincando o sujeito aumenta sua independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve habilidades motoras, exercita sua imaginação, sua criatividade, socializa-se, interage, reequilibra-se, recicla suas emoções, sua necessidade de conhecer e reinventar e, assim, constrói seus conhecimentos. (DALLABONA E MENDES, 2004, p.4). Brincadeiras, jogos, oficinas, teatro, pinturas e músicas são exemplos de atividades lúdicas que permitem às crianças utilizarem a imaginação, criar e recriar o mundo que as cerca, essas atividades permitem também que sejam trabalhados fatores como respeito à regras, compreensão, respeito, companheirismo, ajuda ao próximo, estimulo a leitura, desperta a curiosidade dentre outros fatores. Brougère (1998) defende a utilização do jogo como recurso pedagógico, pois conforme seus estudos o momento de uma atividade lúdica como o jogo oferece diversos benefícios para professor e aluno entre eles a maior interação entre ambos. Assim, Rau (2007, p.32) nos diz que: O entendimento do jogo como recurso pedagógico passa pela concepção de que, se a escola tem objetivos a atingir e o aluno busca a construção de seu conhecimento, qualquer atividade dirigida e orientada visa a um resultado e possui finalidades pedagógicas. Dessa forma, o uso do jogo ou quaisquer que sejam as atividades lúdicas quando realizadas pelo professor com o objetivo de ensinar, de facilitar e mediar a aprendizagem, pode ser compreendido como um recurso pedagógico que torna a aprendizagem mais simplificada e prazerosa. Através do jogo a criança se torna apto para atribuir diferentes significados a um objeto, Passos (2000) nos diz ainda que a criança desenvolve sua capacidade de abstração e começar a agir independentemente daquilo que vê, pois o jogo provoca um desafio na mente da mesma e a estimula a pensar antes de agir. Sendo assim, o jogo também possibilita a criança desenvolver habilidades cognitivas que lhes permite associar o que foi estudado com situações práticas do dia 28 a dia. Desse modo, pode-se dizer que o jogo é um grande aliado ao ensino da matemática por exemplo, utilizando-se de dinâmicas que relacionem problemas do cotidiano com a ludicidade o professor poderá obter grandes ganhos, como nos mostra Macedo (2005). Kishimoto (2011) afirma que a utilização do jogo potencializa o conhecimento adquirido e permite a exploração do conhecimento adquirido, assim, quando o professor utiliza-se do método lúdico para ensinar ele também está ensinando o aluno a relacionar a aprendizagem com momento de descontração e de prazer e consequentemente despertando o interesse da criança para o aprendizado. O jogo, enquanto atividade lúdica, além de ser prazeroso pode contribuir para estimular, na criança, diferentes esquemas de conhecimentos que são necessários para que haja a aprendizagem. Segundo Rau (2007, p.53): Muitos aspectos podem ser trabalhados por meio da confecção e da aplicação de jogos selecionados, com objetivos como: aprender a lidar com a ansiedade; refletir sobre limites; estimular a autonomia; desenvolver e aprimorar as funções neurossensoriomotoras; desenvolver a atenção e a concentração; ampliar a elaboração de estratégias; estimular o raciocínio lógico e a criatividade. Ora, o uso de jogos educativos é essencial tanto para o professor como para o aluno. Um se beneficia dessa prática tornando o seu agir profissional mais dinâmico e didático, o outro tendo uma aprendizagem mais dinâmica e espontânea. Almeida (1985) ressalta o lúdico no desenvolvimento infantil em três etapas: Estágio sensório-motor (compreende crianças de 0 a 2 anos), os jogos são caracterizados como exercícios motores, movimentos simples; Estágio pré-operatório (crianças de 2 a 6 anos) nesse estágio aparecem os jogos simbólicos, como imitação, faz-de-conta e outros; Estágio operatório (crianças a partir de 6/7 anos), nesta fase destacam-se os jogos com regras. Ora, o brincar não se trata apenas de um passatempo, quando direcionada e fundamentada a brincadeira influência potencialmente no desenvolvimento da criança, está por vez aprende valores importantes e que podem ser levados durante toda a vida. Zacharias (2002) ressalta que a utilização de jogos no ensino serve de estimulo para o desenvolvimento do educando e o ensino o valor de trabalho em grupo, por exemplo. Por meio dos jogos educativos o aluno aprende e passa a ser um agente transformador. Os jogos se caracterizam como importante ferramenta educativa pois 29 eles tem o potencial de estimular a imaginação, facilitar o processo de aprendizagem, auxiliar no controle da emoção e no processo de criação da auto estima. Para tanto o professor deve priorizar jogos que estimulem a imaginação, que despertem a curiosidade, que foquem em situações problemas do cotidiano, jogos que ofereçam desafios práticos. Ao realizar tais práticas o resultado inevitável é o aprendizado da criança, pois a mesma sente uma razão e necessidade durante a realização de jogos de exercitar a mente. Vygotsky (1999) ressalta que sobre essa perspectiva construtiva o jogo torna-se uma ferramenta educativa de valor inestimado. O autor ainda ressalta que o jogo propicia o desenvolvimento da fala, leitura, concentração e pensamento, assim os jogos educativos possuem fundamentalimportância no ensino e aprendizagem, pois estes faz com que os alunos desenvolvam concentração, inciativa e confiança. Para Rau (2007) o jogo como recurso pedagógico, deve ser contextualizado para o aluno através de materiais concretos e da atenção à sua historicidade, significa que ao definir um jogo a ser utilizado em sala de aula, o docente deve estar atento à sua funcionalidade, a sua aplicabilidade e a relação deste recurso com o conteúdo ministrado. Silveira (2009, p.19) ratifica afirmando que “o uso de jogos deve ser concebido como uma atividade que pretende auxiliar o aluno a pensar com clareza, desenvolvendo a criatividade e seu raciocínio lógico”. Desse modo, o uso de brincadeiras, jogos e outras atividades lúdicas não devem ser utilizados com o fim em si próprio. Para que essas atividades tenham objetivo pedagógico, o professor precisa ter claro o que deseja alcançar ao utilizar-se dessas ferramentas. De acordo com Lopes (2011) as mais variadas metodologias tornam-se ineficientes quando não são adequadas a forma de aprender da criança-educando. Por isso, cabe ao educador quando for definir uma atividade lúdica para ser utilizada no processo de ensino e aprendizagem levar em consideração a necessidade e a capacidade educacional de seus alunos, adequando dessa forma a sua pratica pedagógica ao modo de aprendizagem de seus educandos. Pinho e Spada (2007) ressaltam o valor da utilização de brincadeiras em sala de aula como suporte ao ensino, a correta aplicação desse método gera ganhos significativos na aprendizagem e no psicológico do educando, tornando a aprendizagem mais natural e eficaz. Uma oficina de construção de dominós de papelão por exemplo, ensina o educando com mais facilidade a contar e somar, uma 30 vez que este consegue se concentrar por mais tempo na atividade do que escrevendo no caderno. As oficinas pedagógicas são atividades que alinham teoria e prática e são infinitas as possibilidades de ensino através dessa metodologia de ensino. Uma oficina representa uma atividade prática onde se trabalha a criação de algo através de uma questão “problema”. Assim, existem várias maneiras de utilizar-se desse método na educação infantil, por exemplo: a construção de um calendário, através do ato os alunos aprendem os dias da semana, os meses do ano, a quantidade de dias do mês. Marcondes (2008) ressalta a importância dessa metodologia no ensino, pois através de oficinas os alunos constroem, se envolvem no processo e ainda aprendem. Para Castro e Costa (2011) as atividades lúdicas como: jogos, brincadeiras, oficinas de construção, teatro de bonecos dentre outras, auxiliam na absorção dos conteúdos e gera consequentemente uma aprendizagem mais significativa e tem o poder agregar conhecimentos para as crianças que participam de tais atividades. Observa-se que são infinitas as possibilidades de utilização das brincadeiras, jogos, dinâmicas e oficinas de construção como ferramenta pedagógica. Assim, faz- se fundamental para o educador estudar, discutir e implementar o lúdico no contexto educacional, uma vez comprovada sua importância e os ganhos com a utilização desses métodos no ensino e na construção da aprendizagem. 31 4 O LÚDICO NO CONTEXTO EDUCACIONAL. Neste capítulo discutiremos o lúdico dentro do ambiente escolar, sua utilização, os ganhos com essa prática, o papel da escola nas atividades lúdicas, o papel do professor enquanto mediador na prática lúdica, a importância de uma atividade direcionada. 4.1 O Lúdico Dentro do Ambiente Escolar. Para que o lúdico seja trabalhado da maneira mais eficaz possível, faz-se necessário que a escola oferte os meios viáveis para a prática lúdica, como: espaço adequado, ferramentas, recursos financeiros, material para as atividades e que o professor esteja preparado para lhe dar com as mais variadas personalidades, para interagir com todas as crianças e que tenha senso crítico apurado, para estar atento à todas as demandas dos educandos. Ensinar o lúdico é ver como o brincar na escola pode ser diferenciado dependendo dos contextos e situações; é buscar novas formas de trabalhar as informações; é ter novos paradigmas para a educação; é deixar de lado o modismo; é atribuir sentido e significado as ações educacionais; é contextualizar as brincadeiras com a vida e com o espaço no qual os alunos se inserem. Portanto, o brincar é uma ferramenta a mais que o educador pode lançar mão para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, proporcionando um ambiente escolar planejado e enriquecido, que possibilite a vivência das emoções, os processos de descoberta, a curiosidade, e o encantamento, os quais favorecem as bases para a construção do conhecimento. (SANTOS, 2014, p.7) A autora referenciada a cima nos mostra o brincar para além de uma mera “coisa” de criança como a sociedade acredita ser, ela trabalha o lúdico e o brincar como uma ferramenta de suma importância para o educador. Ainda de acordo com Santos (2014), é fundamental que mesmo na escola a criança continue a brincar, para que possa haver um ganho significativo na aprendizagem e em suas habilidades. Desse modo, o lúdico dentro do contexto escolar principalmente no que se refere a educação infantil deve ser incentivado pela direção, dando apoio aos professores no que se refere as atividades extraclasses, incentivando-os com capacitação, pesquisas, com materiais para a realização de atividades. Pois, para uma educação de qualidade é importante o compromisso, a busca por novas alternativas para contribuir com o ensino e a aprendizagem das crianças e através do 32 ensino lúdico se abrem novos caminhos e alternativas educativas que tornam a criança mais criativa, espontânea e dinâmica. A ideia de ludicidade no processo de ensino e a aprendizagem na educação infantil busca o entendimento de que a escola deve ser um lugar onde o aluno possa construir seu próprio conhecimento e dominar suas ações. No processo de ensino na pré-escola as atividades lúdicas são essenciais e necessárias para promover o desenvolvimento e a aprendizagem de modo que venham a transformar os conteúdos em conhecimentos expressivos para toda a vida. (FERREIRA, 2013, p.22). A escola aqui é compreendida como um ambiente acolhedor e alegre, que propicie os meios para o desenvolvimento integral da criança, espaço no qual a criança tenha prazer em estar e aprender. Ambiente no qual o educador, consiga trabalhar de forma mais significativa o ensino, que tenha os recursos adequados para que o aluno possa desenvolver integralmente suas habilidades. Assim, faz-se necessário analisarmos o papel do educador enquanto mediador na prática lúdica, pois é através do trabalho e do olhar aguçado de um professor que a prática lúdica ocorre no ambiente escolar. 4.2 O Papel do Professor como Mediador. A utilização do lúdico como instrumento de ensino transforma o ambiente escolar em um local desafiador, construtivo, criativo, dinâmico e divertido. Portanto, analisaremos nesse tópico a relação do professor como mediador nas atividades lúdicas e como essas enriquecem o agir profissional do educador. O educador que atua na educação infantil, precisa diariamente se apropriar de métodos e técnicas que facilitem o aprendizado e tornem as aulas mais dinâmicas e prazerosas para os pequeninos. Isso exige do professor um processo longo que compreende desde a escolha da atividade, adequação a idade dos alunos ao conteúdo e ao materiais disponíveis entre outros fatores. Andrade (2012) ressalta a importância do professor trabalhar atividades lúdicas como ferramenta de aprendizagem e destaca que cabe a este, o professor, ter a consciência de que quando brinca a criança está experimentando o mundo ao seu redor, fazendo novas descobertas, inventando, criando e aprendendo.Assim, faz-se fundamental nas aulas, atividades lúdicas que promovam todos esses adjetivos dados às crianças, desse modo, é essencial que as atividades lúdicas propostas sejam 33 propositivas, criativas, que estimulem curiosidade e confiança, que proporcionem autonomia e confiança. É de grande importância para o agir profissional do educador que ele seja, como nos diz Sacchetto (2011) um profissional critico, mediador, que proporcione desafios aos seus alunos, que desperte curiosidades neles, além disso, cabe ao professor propor ações que estimulem e incentivem seus alunos pela descoberta e aprendizagem. Desse modo, o professor que atua na educação infantil tem como desafio e dever, desenvolver seu agir profissional focado em brincadeiras educativas que ensinem e divirtam seus alunos, atentar à idade dos educandos, incentivar a solucionar problemas, a serem criativos e propositivos. Para Dias (2013), o professor precisa ter uma fundamentação bem estruturada, ter bastante atenção para que possa compreender a subjetividade e a particularidade de cada criança. Assim, trabalhar o lúdico permite ao educador inserir a criança no meio cultural, onde ela pode vivenciar a prática de acordo com a sua realidade, isso faz com que a criança se relacione com o ambiente escolar de maneira mais natural. É fundamental que o educador busque e desenvolva diferentes estratégias de ensino, que oportunizem o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo do educando. E que também se repense em sua prática pedagógica, ou seja, uma sistematização da prática docente apoiado na ludicidade que garantam que as crianças de fato construam conhecimentos verdadeiros. Dessa maneira, teremos uma educação cujo objetivo é formar pessoas críticas e que pensam por si. (FERREIRA, 2013, p.11). Por isso, que o agir profissional do educador que trabalha na educação infantil seja guiado pela prática lúdica, pois através desta ferramenta o profissional consegue trabalhar o desenvolvimento da criança integralmente, obtendo ganhos significativos no ensino e na aprendizagem. De acordo com Ferreira (2013) a educação tem como papel o desenvolvimento da criança em todos os aspectos, por conseguinte é de grande importância que o professor tenha uma formação especializada, que saiba mesclar a teoria à prática e esteja atento às características de cada criança e às suas condições de aprendizagem. • Possibilitar tempo, espaço e materiais para as crianças brincarem livremente; • Escutar o que as crianças têm a dizer, fortalecendo seus posicionamentos e autoestima; • Fomentar a autonomia durante os conflitos, para estimular o desenvolvimento emocional e o autoconhecimento das crianças; 34 • Possibilitar ações físicas que motivem as crianças a ser mentalmente ativas; • Proporcionar a troca de ideias para chegar a um acordo sobre as regras (...); • Incentivar a responsabilidade de cada criança quanto ao cumprimento das regras, motivar o desenvolvimento da iniciativa, agilidade e confiança em dizer o que sente e pensa (...) (FRIEDMANN, p. 54 e 55, 2012). Dessa forma, observa-se que o papel do professor como mediador da prática lúdica vai além de propor uma atividade, de implementar algo em sala de aula. O papel do professor aqui é também o de observador, o de ajudante, daquele que está preparado para tirar dúvidas e ouvir questionamentos, daquele escuta as inquietações dos alunos, do que incentiva a curiosidade e a descoberta de novos métodos, que incentiva a criatividade por meios de brincadeiras, mas que também ensina sobre regras e responsabilidades. Assim, se firma o papel do educador nas práticas lúdicas de acordo com Fernandes (2013) ao incentivar a criança da maneira adequada, o professor vai desenvolver ferramentas para que aquele pequeno ser em desenvolvimento possa vir a ser um adulto criativo, propositivo e inventivo. Nesse processo de aprender através de atividades lúdicas, que despertam interesse e curiosidade nos alunos, o professor tem papel de fundamental importância como mediador, sabendo utilizar o lúdico como ferramenta corretamente, o educador auxilia a criança no processo de aprendizagem, fazendo com que essa se desenvolva nos mais variados aspectos e propiciando uma educação integral e de qualidade. 4.3 As Contribuições do Ensino Lúdico no Ensino e Aprendizagem. Já discorremos ao longo dessa pesquisa a importância do lúdico no ensino, os ganhos que os professores tem ao utilizar-se desse método e porque ele faz-se importante no ensino das crianças. Mas, além de todos esses benefícios, o ensino através da prática lúdica tem se mostrado eficaz devido os seus ganhos na aprendizagem. A utilização das atividades lúdicas em sala de aula vem crescendo a cada dia dentro das instituições, pois este método oferece aprendizagem e incentivo à descobertas para os estudantes. Santos (2011) diz que a ludicidade deve ser incentivada nas práticas educacionais pois o brincar é a essência da infância, seu uso pedagogicamente 35 falando permite a produção e a fixação do conhecimento, ou seja, representa um enorme ganho no ensino, pois facilita o diálogo do professor com a criança e na aprendizagem, uma vez que esta através do lúdico ocorre de forma mais natural e facilitada. Assim, pode ser até soar repetitivo ou adagio popular, mas após leituras extensas e pesquisas a respeito da temática, baseando-se nos pesquisadores e autores da temática é possível dizer que a criança aprende brincando, pois em momento de distração, no qual ela se diverti, ela também interage com o professor com mais qualidade gerando ganhos exponenciais na aprendizagem e concentração. As crianças que estão na educação infantil são peritos em brincar, por esse motivo, jogos, brincadeiras, oficinas e dinâmicas devem fazer parte do dia a dia da sala de aula dos pequeninos, onde o lúdico pode ser trabalhado de forma interdisciplinar enriquecendo a prática pedagógica do docente e o aprendizado dos alunos, assim, percebe-se que o lúdico é uma ferramenta enriquecedora e benéfica tanto para o aluno como para o professor. O educador possui através da ferramenta lúdica infinitas possibilidades para tratar conteúdos disciplinares e interdisciplinares, através dessa ferramenta, o educador também tem a oportunidade de conhecer mais o aluno e quando possível ajudá-lo a compreender problemáticas além dos conteúdos didáticos. O ato de brincar é um meio pelo qual animais e seres humanos exploram as mais variadas experiências nas situações mais diversas e para diferentes propósitos. Para Moyles (2002) quando um adulto adquire um novo equipamento, ele prefere brincar (sair testando aleatoriamente) com as funcionalidades e controles deste ao ler o manual de instruções por completo. O brincar deve ser valorizado por aqueles envolvidos na educação e na criação das crianças pequenas, fazendo a escolha dos materiais lúdicos que são reservados no brincar, cujo objetivo deve ter seu efeito sobre o desenvolvimento da criança. Porque muitas crianças chegam à escola maternal incapazes de envolver-se no brincar, em virtude de uma educação passiva que via o brincar como uma atividade barulhenta, desorganizada e desnecessária. HOLTZ (1998,p.12) Observa-se com as palavras do autor referenciado a cima que na maioria das vezes os adultos não reconhecem e não dão a devida importância ao ato de brincar. Porém, este é um ato de imenso valor para criança e que se usado da maneira correta e com as ferramentas adequadas torna-se um ato de divertimento e educação. Ainda de conformidade com o autor supracitado, o ato de brincar não é apenas um momento 36 de divertimento barulhento e desorganizado, na verdade o brincar trata-se de uma excelente oportunidade para o aprendizado, para novas descobertas e experiências. Pesquisasrecentes ressaltam a importância do brincar, dos jogos e de atividades lúdicas no desenvolvimento infantil. Como ressalta o Estatuto da Criança, é um direito de toda criança de brincar e diverte-se e cabe a sociedade garantir a efetivação desse direito. Quando a criança brinca, e se relaciona com brinquedos educativos ela é levada pela mediação do professor e a partir disso, ela cria, experimenta, monta, usa a imaginação e através disso ela começa a distinguir a diferença entre certo e o errado, assim ela começa a refletir e superar suas limitações. (RODRIGUES E ROSIN, 2007, p. 11) Assim entende-se que o lúdico como ferramenta pedagógica está associado ao uso de dinâmicas, jogos, brincadeiras, criatividade, interesse no conteúdo de forma prazerosa, ajudando assim ao educando a desenvolver habilidades. Assim, essa ferramenta é utilizada como método para facilitar a construção da aprendizagem, possibilitando ao educando despertar autonomia, estímulos, alegria, diversão, identidade entre outras habilidades. Para Vasconcelos (2005) o lúdico no processo de ensino proporciona para o educando o desenvolvimento da aprendizagem aliada a criatividade, além de gerar mais vontade de aprender e participar da aula, o aluno deixa de ser um mero espectador e passa a interagir, trocar ideias e dialogar sobre o conteúdo. Dessa maneira, o lúdico também possibilita ao aluno desenvolver sua imaginação e socialização, principalmente por estarem interagindo com outras crianças. De acordo com Piaget (1998) a atividade lúdica é primordial na educação das crianças, pois esta é um “berço obrigatório” que estimula a aprendizagem da criança, visto que ensina a mesma sobre regras, limites, possibilidades, interação, observação. Diversos são os ganhos na aprendizagem tanto para o docente e para o discente através dos recursos pedagógicos lúdicos. Uma vez que esta ferramenta facilita e dinamiza o trabalho de ensino do educador, torna a aprendizagem mais dinâmica para o aluno. No contexto educacional o brincar proporciona meios de aprendizagem, assim o lúdico como ferramenta de ensino e aprendizagem é um estimulo para o aluno, uma vez que através do mesmo consegue-se trabalhar diversas áreas do desenvolvimento infantil, além de despertar em potencial o interesse da criança pelo assunto trabalhado 37 em sala de aula tornando a aprendizagem mais eficiente e eficácia como nos diz Lima (1998). Diante do exposto, percebe-se que são inúmeros os benefícios e ganhos para alunos e professores da utilização dessa prática pedagógica em sala de aula, ganhos para o profissional e para o educando. Por isso, o incentivo diário a prática lúdica faz- se necessário, através da formação continuada dos educadores e por meio da escola, oportunizando aos professores espaço adequado, materiais e apoio nas atividades lúdicas. 38 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através das pesquisas bibliográficas para a realização deste trabalho, ficou claro a importância de se utilizar o lúdico como ferramenta pedagógica de ensino na Educação Infantil. Nessa etapa do ensino, professores lidam com crianças de 2 a 5 anos, peritas na arte de brincar. Compreender o lúdico como ferramenta de ensino, é entender a possibilidade educativa e pedagógica por trás de jogos, brinquedos, brincadeiras e atividades lúdicas que envolvam momentos de distração e aprendizagem. Apesar dos altos ganhos com a prática lúdica, no país a visibilidade dessa ferramenta de ensino ocorreu historicamente com a valorização da educação infantil. Como o estudado, as crianças por muito tempo eram visualizadas como adultos em miniaturas e não se tinha a preocupação de atividades especificas voltadas para os pequenos, em certos momentos as crianças trabalhavam com os pais para complementar a renda da família. Com o reconhecimento dos direitos das crianças, diversos manifestos passaram a ser feitos para garantir o direito das mesmas à educação de qualidade. Assim, iniciou-se um longo processo de lutas sociais pela educação infantil, a promulgação da LDB (1961), da Constituição Federal (1988) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (1991) são considerados grandes marcos no que se refere a garantia de direitos das crianças e principalmente no que se refere à educação. Por conseguinte à garantia de direitos, inicia-se um processo de valorização da educação das crianças. Com isso, novos métodos de ensino passam ser adotados, uma vez que no passado a educação das crianças tinha caráter meramente assistencialista. Agora, a preocupação passa a ser a criança de forma integral, o desenvolver-se emocionalmente, psicologicamente, socialmente e culturalmente. Dessa forma o lúdico ganhou mais espaço na educação, passou a permear debates e discussões em espaços acadêmicos no que se refere a métodos facilitadores do ensino, porém, vale lembrar que o estudo do lúdico não é uma novidade da sociedade contemporânea, esse técnica de ensino para as crianças já era utilizada e estudada por filósofos como Platão e Comênio. Essa metodologia, contribui significativamente para o desenvolvimento integral da criança. Através do lúdico, a criança aprende de maneira mais simples, pois uma brincadeira desperta nela interesse, curiosidade, a estimula a socializar e 39 compartilhar, assim o lúdico invade o universo da criança, o brincar e o transforma em ferramenta pedagógica que enriquece a prática profissional, fortalecendo e tornando o ensino mais fácil e dinâmico. Por meio de brinquedos, brincadeiras, jogos, oficinas, teatro de bonecos, músicas e outras atividades lúdicas a criança aprende através do divertimento, pois, na idade escolar da Educação Infantil é impossível separar a criança do ato de brincar. Desse modo o professor, por meio do lúdico facilita a sua prática e tem ganhos significativos na aprendizagem das crianças. Vale ressaltar a relevância desse estudo e dessa discussão pertinente no meio acadêmico, pois é de suma importância a necessidade de refletir e refazer sempre que necessária a pratica educativa do professor no processo de ensino e aprendizagem na educação infantil. Assim, concluímos que o lúdico como ferramenta de ensino é muito importante e eficaz para o desenvolvimento da criança e de suas habilidades cognitivas, afetivas e sociais, dessa forma pode-se dizer que a prática contribui para o desenvolvimento integral da criança. Portanto, é essencial que os professores percebam que o lúdico vai além do brincar e do divertimento, pois essa prática exige uma intencionalidade e planejamento. 40 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Guido. O professor que não ensina. São Paulo: Summus,1986. ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola,1994. ANDRADE, O. G; SANCHES, G. M. M. B. Aprendendo com o Lúdico. In: O DESAFIO DAS LETRAS, 2005, Rolândia, Anais... Rolândia: FACCAR, 2005. ISSN: 1808-2548. ANDRADE, S. S. O lúdico na vida e na escola: desafios metodológicos. Curitiba: Appris, 2012. ARAÚJO, V. C. O jogo no contexto da educação psicomotora. São Paulo: Cortez, 1992. BEMVENUTI, Alice. O jogo na história: aspectos a desvelar. In Ulbra - Universidade Luterana do Brasil (org.). O lúdico na prática pedagógica. Curitiba: Ibpex,2009.p.17- 35. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996: Lei de Diretrizes E Bases da Educação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm, acesso em: 31 de agosto de 2019. BROUGÈRE, G. Jogo e a Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. CAMPOS, Maria M.; FULLGRAF, Jodete; WIGGERS, Verena. A qualidade da educação infantil brasileira: alguns resultados de pesquisa. Cadernos de Pesquisa,
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