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Matéria Direito Internacional Privado (Referência: Prof. Danilo Garnica Simini)

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
INTRODUÇÃO
FUNÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Resolver conflitos de leis decorrentes de uma relação jurídica com conexão internacional. Ver qual lei aplica-se em cada caso, qual o direito aplicado (nacional ou estrangeiro). 
Relação Jurídica: qual lei aplicar?
Conflito de leis decorrente de uma relação jurídica com conexão internacional 
Brasil – Brasil // Brasil – Argentina 
Pergunta da prova: Existe exceção ao princípio da extraterritorialidade? Sim, pois o Juiz pode julgar um caso dentro do Brasil de acordo com uma lei estrangeira.
Segundo Gustavo Bregaldo existe devido dois fatores:
1 - SOCIEDADE TRANSNACIONAL: as fronteiras físicas já não significam mais tanta coisa. Há uma diversidade legislativa (ex. casamento, uma forma em cada lugar, mesmo que a sociedade esteja mais próxima uma da outra, cada país continua tendo sua legislação tratando do mesmo assunto de formas diferentes). 
2 – DIVERSIDADE LEGISLATIVA: cada país tem a sua legislação, ou seja, temos uma diversidade legislativa. Existem leis diferentes que tratam do mesmo assunto, por isso há um conflito de lei. 
O que pode gerar conflito de leis! 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: disciplina jurídica da sociedade internacional. Princípios e regras voltado à atuação da sociedade internacional (sujeitos, estados, organizações, indivíduos...). 
Suas normas são chamadas normas diretas = regulamentam diretamente as condutas dos sujeitos envolvidos. 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: disciplina/ramo do direito que resolve conflitos de lei decorrentes de uma relação jurídica com conexão internacional. 
Suas normas são chamadas normas indiretas/indicativas = não resolvem o caso concreto, apenas indicam o direito aplicado (nacional ou estrangeiro).
FONTES:
Internacionais/externas (já foram estudadas em D.I.P)
Nacionais/internas:
1- Constituição Federal (Art. 4º CF/88 = princípios que regem as relações internacionais da RFB, princípios que devem ser analisados durante as políticas externas). Operação entre os povos para o progresso da humanidade. 
Essência do Direito Internacional Privado: respeito à diversidade jurídica. Evitar uma visão xenófoba. 
- Recusa sem motivo: aplicação da lei estrangeira, submissão à jurisdição estrangeira, cooperação jurídica internacional = INCONSTITUCIONAIS 
- extradição: carta rogatória, homologação da decisão estrangeira (quando a CF apresenta as competências do STJ) 
2- LINDB: Art. 7º ao 18 (Imprimir). Fala de casamento, bens, obrigações, sucessões.
3- CPC: competência internacional; cooperação jurídica internacional
4- Lei 9.307/96 (lei de arbitragem) 
APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO
NORMA: 
- objeto de conexão: tema/assunto/matéria: indicar qual critério (direito nacional ou estrangeiro)
- elemento: critério: indicar qual critério (direito nacional ou estrangeiro)
Art. 7º, “caput”, LINDB: 
-objetos de conexão: começo e fim da personalidade, nome, capacidade, direitos de família
-elemento de conexão: domicílio (na prova chuta esse que a chance é maior porque é o que mais tem
- Se for capacidade: o elemento é domicílio, então analisa na lei de acordo com o domicílio da pessoa. É o elemento de conexão. 
Art. 8º, “caput”, LINDB
Objeto de conexão: bens 
Elemento de conexão: lei de país onde o bem está situado
Art. 10, caput 
- objeto de conexão: sucessões 
- elemento: lei do país onde o de cujus morava 
INSTITUTOS BÁSICOS DO DIREITO INTERNACIONAL - que auxiliam na correta aplicação do direito.
- objeto de conexão: assunto que se trata a norma
- elemento de conexão: critério de aplicação
a) Qualificação: delimitação do objeto de conexão. Primeiro se verifica qual é o assunto discutido para depois aplicar o elemento de conexão (ex. questão da capacidade domicílio). 
b) Reenvio: “um direito joga a bola para o outro”, exemplo: país A diz que se aplica naquele caso o direito do país B, mas o país B diz que o direito a ser aplicado é o do país A ou de um país C. 
Seguindo o exemplo, de A – B é chamado de reenvio de primeiro grau, de B – C é chamado de reenvio de segundo grau. 
Para se resolver essa situação no Brasil, devemos observar o artigo 16 da LINDB – “quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”.
No Brasil é PROIBIDO o reenvio de primeiro grau. Em um caso brasileiro, se um país estrangeiro reenviar o juiz deve ignorar, pois é proibido. 
c) Ordem pública: se o direito estrangeiro ofender a ordem pública brasileira ele não será aplicado no Brasil – doutrina diz que ordem pública são as regras de um país. Exemplo: leis estrangeiras que remetem a tortura. 
d) Direito adquirido: uma vez preenchido seus requisitos o sujeito não pode perder esse direito, esse direito acompanha a pessoa aonde é que ela vá, o direito adquirido no estrangeiro deve ser respeitado em outros países. Em regra se respeita o direito adquirido, mas ele não produzirá efeitos no Brasil, se for contrario a ordem pública. Exemplo: poligamia, em muitos países é aceito, mas o sujeito não poderá se casar novamente no Brasil. Os casamentos anteriores serão respeitados, o que não pode é casar de novo.
VERIFICAÇÃO E PROVA DO DIREITO ESTRANGEIRO
Estando o magistrado diante de um caso de direito internacional privado, o mesmo deverá decidir se é aplicável o direito brasileiro ou o estrangeiro, e, verificando a inaplicabilidade da norma brasileira, determinará qual a legislação estrangeira aplicável àquele caso concreto. A aplicação da lei estrangeira pelo juiz pode ser dar ex officio, quando dela tenha conhecimento e mesmo sendo está contra a vontade das partes.
Nos casos em que desconhecer a norma estrangeira, já que não é obrigado a conhecê-la e nem tem o dever de prová-la, é permitido ao juiz, pelo art. 14 da LINDB, reclamar a prova do direito estrangeiro de quem a alega, tendo o juiz o dever de inteirar-se das normas mesmo quando não fornecida pelas partes.
A observância do direito estrangeiro, seja ex officio pelo juiz ou quando invocado pela parte litigante, poderá se dar das seguintes formas: a) o magistrado deverá aplicar a lei estrangeira, mesmo sem alegação e prova da parte interessada, sempre que o direito privado (lex fori) julgar competente aquela lei; b) se o juiz não conhecer o direito estrangeiro poderá exigir prova da parte a quem aproveita (CPC, art. 337); c) o interessado, sem a provocação do juiz, poderá alegar a lei que lhe é aplicável, propondo-se a provar sua existência e conteúdo e d) o órgão judicante poderá de ofício investigar a norma estrangeira alegada pela parte, se a prova apresentada não o convencer, não estando o mesmo adstrito às afirmações ou provas produzidas por ela.
Nos casos em que, mesmo tomando todas as providências necessárias, seja impossível determinar com segurança qual o direito alienígena deva ser aplicado, os juristas têm apontado algumas soluções, como: a) a conversão do julgamento em diligência; b) o julgamento do litígio contra a parte que alegou o direito estrangeiro e não demonstrou o mesmo; c) a aplicação do ius communis vigente no fórum, na falta de prova concludente do direito alienígena; d) rejeição da demanda fundada em tal lei, julgando a ação improcedentes; e) a decisão conforme a norma provavelmente em vigor no país em que se cogita e f) julgamento de acordo com os princípios gerais de direito, ou seja, com um direito comum a que a norma alienígena se coaduna
Caso o juiz tenha que aplicar o direito estrangeiro em algum caso, ele pode:
· Pesquisar o direito estrangeiro, caso não o conheça.
· Aplicação de oficio do direito estrangeiro, caso ele já tenha aplicado antes.
	
· Art. 14 LINDB – caso não conheça, as partes comprovam a existência e a vigência do direito estrangeiro.
“Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência”. 
Quando o juiz for aplicar o direito estrangeiro, equiparado a lei ordinária, irá passar pelo controle de constitucionalidade – a constituiçãodos dois países, o Brasil e o de origem. Também tem que aplicar o controle de convencionalidade, tem que ser compatível com os acordos/tratados e convenções internacionais. 
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
1. Concorrente: sujeito pode entrar com a ação no Brasil ou no estrangeiro, pode escolher (art. 21 e 22 CPC).
Situações: 
a) o réu tem domicilio no Brasil, pode entrar com a ação no Brasil. 
b) local do cumprimento da obrigação. Obrigação acertada na França para construir uma casa no Brasil, pode entrar com a ação, no Brasil ou na França. 
c) fato ao ato praticado no Brasil – se o ato ocorreu no Brasil, pode entrar com a ação aqui. 
2. Exclusiva: só pode entrar com a ação no Brasil, obrigatoriamente, não há escolha (art. 23 CPC). 
Situações: 
a) ação de alimentos – pode entrar com a ação no Brasil se o credor tiver domicilio ou residência no Brasil, ainda que more em outro país; ou se o réu tem vinculo no Brasil (ex. econômico).
b) ações que envolvam relações de consumo desde que o consumidor possua domicílio ou residência no Brasil – ação de indenização de atraso de voo por exemplo. 
c) quando as partes submeterem à jurisprudência nacional. 
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA:
Hipóteses: art. 23 CPC
I- Ações = móveis situados no Brasil. Sempre que se referir a imóveis no Brasil é obrigatório entrar com a ação no Brasil. 
II- Sucessão = mesmo se for estrangeiro, morar fora do país, se houver bens situados no Brasil para partilha, o processo terá que ser realizado aqui (quando a pessoa morre faz um inventário p/ dividir os bens entre os herdeiros). *um bem em cada país, um inventário em cada país. 
III- Divórcio/Separação Judicial/Dissolução de União Estável = partilha de bens situados no Brasil
Art. 25 CPC: Cláusula de eleição de foro: escolhe a autoridade competente, logo, só será válida nos casos de Competência Concorrente. É a possibilidade de escolher onde se entrará com a ação, no Brasil ou no território estrangeiro. Não pode usar essa cláusula para afastar a competência do Brasil. Tem que lembrar se é competência concorrente ou exclusiva, se for exclusiva não pode tirar a competência do Brasil! PROVA
Competência do juiz também, do judiciário do local. Se não alegar logo de cara presume-se que está aceitando isso, aí ocorre “preclusão” e não pode mudar depois. 
LITISPENDÊNCIA INTERNACIONAL
Quando tem duas ações idênticas (com os mesmos elementos da ação, partes, pedido e causa de pedir) tramitando ao mesmo tempo uma no estrangeiro e uma em território brasileiro. 
Exemplo: um processo tramitando aqui no Brasil e um processo idêntico tramitando na Argentina.
PROVA: Prevalece aquela que transitar em julgado em primeiro lugar. Mas não é o trânsito em julgado interno, tem que ter ainda a homologação pelo STJ. 
Brasil X Argentina
20/08/2019 15/08/2019 = trânsito em julgado. 
Sentença estrangeira para ser cumprida no Brasil precisa ser homologada no STF. Em princípio nesse exemplo acima, a sentença no estrangeiro prevaleceria, no entanto, até que ela seja homologada no STF a sentença do Brasil já transitou, nesse caso então prevalece a do Brasil. Art. 24, parágrafo único – se houver uma ação em andamento no Brasil, não impede que o STF homologue a decisão estrangeira. 
COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL:
É o meio através do qual os Estados se articulam para solucionar questões decorrentes de processos que tramitam em seus territórios. Dica: tudo que envolve cooperação internacional será ligada a órgãos federais da união. 
-Soberania: exercer o poder dentro do seu território. Um juiz brasileiro, por exemplo, exerce seus poderes apenas no território brasileiro, precisa respeitar a soberania do outro país, vai precisar da cooperação jurídica internacional para resolver assuntos que envolva território estrangeiro. 
-União: manter relações com Estados estrangeiros 
Instrumentos/mecanismos da cooperação jurídica internacional = extradição, carta rogatória, homologação de decisão estrangeira, auxílio direto 
EXTRADIÇÃO um estado solicita a outro estado que este entregue indivíduo acusado ou já condenado pela prática de crime. Somente ilícitos penais (somente crime) que gera extradição. 
ESPÉCIES DE EXTRADIÇÃO 
-extradição instrutória: instrução penal, será extraditado p/ responder a um processo
-extradição executória: será extraditado para que se cumpra a pena
O estatuto do estrangeiro foi revogado, agora se usa a Lei de Imigração
-extradição ativa: quando ele (estado) solicita: estado requerente
-extradição passiva: quando ele (estado) recebe: estado requerido
DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO
-br nato: não será extraditado. Pode o Brasil requerer (ativo), mas não pode ser nesse caso requerido (passivo)
-br naturalizado: crime comum = antes da naturalização / tráfico de drogas = antes ou depois da naturalização (nessas hipóteses será extraditado)
Estrangeiro poderá ser extraditado a não ser que ele tenha cometido um crime político ou de opinião
FUNDAMENTOS DA EXTRADIÇÃO 
Pergunta! Como se fundamenta um pedido de extradição?
- existência de um tratado internacional (exemplo. Brasil e Itália possuem tratados e quando ocorre a necessidade da extradição se fundamentam nesse tratado). 
- promessa de reciprocidade: caso não haja tratados entre os países utilizaram a promessa de reciprocidade para fundamentar a extradição. Essa promessa é de análise, ou seja, o país se compromete a analisar a hipótese de extradição e posteriormente se o outro país precisar irá retribuir o que fizeram.  Este princípio é suficiente para levar um Estado a atender a um requerimento de outro ente internacional, na medida em que os efeitos são aceitos igualmente por ambos os Estados. No Direito internacional a reciprocidade implica o direito de igualdade e de respeito mútuo entre os Estados. 
Pergunta! Se um sujeito estrangeiro pratica crime em territorio estrangeiro e foge para o Brasil e aqui acaba tendo um filho – o fato dele ter filho brasileiro não impede a extradição e sim a exclusão. 
PROCESSO DE EXTRADIÇÃO NO BRASIL
- quando esse pedido de extradição chega no Brasil é enviado para o STF que realiza o exame de legalidade do pedido. Ele pode tomar duas decisoes: 
1. Não autorizar – se não for autorizado o pedido é arquivado, essa decisão é irrecorrível, termina no STF. 
2. Autorizar – se for autorizado é encaminhado ao presidente da república. As decisões que ele pode tomar são: extraditar ou não extraditar. Mesmo que o STF tenha autorizado a palavra final é do presidente, a decisão do STF não vincula a decisão do presidente. 
PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXTRADIÇÃO
- princípio da identidade: o fato que é imputado ao extraditando deve ser ilícito nos dois países. Mesmo que os tipos penais (nomes) sejam diferentes, o importante é que o ato seja ilícito. 
As penas devem ser parecidas nos crimes dos dois países, se não forem parecidas, forem desproporcionais (ex. pena de morte ou pena perpétua) o país estrangeiro deve se comprometer a comutar a pena (através dessa operação torna a pena mais parecida com a nossa). 
CARTA ROGATÓRIA 
Há dois países envolvidos, um país chamado de estado rogante (o que envia a carta revogatória pedindo a extradição) e o estado rogado (quem está recebendo a carta, o pedido). 
Exemplo: em um processo o juiz precisa ouvir uma testemunha estrangeira, ele irá enviar uma carta rogatória para que isso seja feito 
- carta ativa: é quando o país emite (BR estado rogante) 
- carta passiva: é quando o país recebi (BR estado rogado)
DIVISÃO DA CARTA ROGATÓRIA 
- conteúdo: segue o direito do estado rogante (ex. se fizerem uma norma nos EUA que toda carta levará uma foto do Trump, todas as cartas recebidas dos EUA obedecerão essa norma). 
- cumprimento: segue o direito do estado rogado (ex. juiz brasileiro manda carta revogatória para o EUA para intimar uma testemunha e lá, nos EUA a intimação é feita por pombo correio – não tem como reclamar tem que seguir o direito de la). 
CARTA REVOGÁTORIA ATIVA NO BRASIL (art. 260 CPC) – requisitos (rogante – enviando). 
I – indicaçãodos juízes da origem e de cumprimento do ato, quem está mandando e quem vai receber 
II – inteiro teor da petição, do despacho e das procurações – cópia, documentos mínimos, obrigatórios mas na dúvida tira cópia de tudo. 
III – indicação do ato a ser cumprido – indicar a finalidade dela
IV – encerramento com assinatura do juiz. 
CARTA REVOGATÓRIA PASSIVA NO BRASIL (rogado - Brasil recebendo do exterior) 
Quem recebe é o STJ – realiza-se o juízo de delibação, o STJ, em regra não analisa o mérito da ação que deu origem a carta rogatória, o conteúdo da ação, ele verifica se está presente ou não os requisitos para que a carta rogatória seja cumprida. Se puder ser cumprida o STJ confere o “exeguatur” (execute-se) à carta revogatória, para que ela seja cumprida, mas não é o STJ que irá cumprir, é a justiça federal que dá cumprimento a carta. O STJ pode não conceder o “exequatur” nas hipóteses previstas no artigo 17 da LINDB. Não concede quando a carta rogatória for contrária a ordem pública, aos bons costumes e a soberania nacional – art. 17 LINDB e art. 23 CPC (OBS: ações de cobrança de dívida de jogo não eram aceitas, mas agora há um novo entendimento de que o sujeito tem direito a defesa, então concederam o “exequatur”). 
Art. 23 CPC – o STJ não concede caso a carta rogatório tratam de assunto de competência exclusiva da competência brasileira – que envolve a soberania. 
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE CARTAS ROGATÓRIAS 
Essa convecção foi estabelecida no âmbito da OEA (organização dos estados americanos). Essa convenção fala sobre cartas rogatórias que envolvem direito civil e direito comercial (empresarial). Essas cartas rogatórias estão relacionadas aos atos de simples tramitação, como citações e intimações. Essas cartas rogatórias devem ser expedidas nos 4 idiomas oficiais da OEA (inglês, espanhol, francês e português) ou nos idiomas dos estados rogante e rogado. 
PROTOCOLO DE LAS LEÑAS
Esse trato é sobre carta rogatória no MERCOSUL. Essas cartas podem envolver direito civil, administrativo, comercial e trabalhista. Também diz respeito a cartas relacionadas aos atos de simples tramitação e os idiomas são do estado rogante e estado rogado. 
OBS: direito alienígena = direito estrangeiro. 
JULGADOS SOBRE CARTA ROGATÓRIA
Não ofende a ordem pública a concessão de “exequatur” para citar alguém a se defender contra a cobrança de dívida de jogo contraída e exigida em Estado estrangeiro, onde tais pretensões são licitas – antes não era concedido, pois se entendia que como no Brasil não se exige dívida de jogo não poderia conceder o “exequatur”, mas agora se entende que o réu tem direito de defesa.
Não ofende a ordem pública a rogatória por meio da qual autoridades estrangeiras requeiram a realização de diligências que também estejam previstas no ordenamento jurídico brasileiro. 
Não é ofensiva à ordem pública a rogatória que determine o fornecimento de identificação de usuário de número IP, o que possibilita a identificação de usuário da internet que esteja causando danos a outrem. 
Fere a soberania nacional a rogatória que veja satisfazer a requisição de bens e direitos contra a União (rogatória que visa a executar bens da União). 
A rogatória que meramente pede a realização de um interrogatório não ataca a ordem pública e a soberania nacional, por ser um ato simples instrução processual e meio hábil ao exercício do direito de defesa. 
A citação de pessoa domiciliada no Brasil para responder a processo no exterior ofenderá a ordem pública se o processo se referir á competência exclusiva da justiça brasileira. 
A citação de pessoa domiciliada no Brasil em processo de competência concorrente da justiça pátria não ofende a ordem pública, inclusive porque permite o exercício do direito de defesa perante a justiça rogante. 
AUXÍLIO DIRETO (art. 28 – 34 CPC) 
É uma novidade do CPC de 2015, instrumento recente, em razão disso a jurisprudência do STJ ainda é imprecisa, sobre quando é carta rogatório e auxilio direito. 
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
Quando é troca de informações entre autoridades não jurisdicionais é cabível auxilio direto. Ele tem sido muito utilizado em questões investigativas, troca de informações bancárias dos envolvidos e etc. 
Art. 32 CPC – “No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento” – autoridade central é uma autoridade central de um estado que fica responsável por facilitar esses pedidos de cooperação. Se for uma questão apenas administrativa a propria autoridade resolve. Mas caso seja um outro caso como, apreensão de bens, é encaminhado à AGU/MPF - justiça federal. No auxilio direito não precisa passar pelo STJ, diferentemnte da carta rogatória, no auxílio direto não há intervenção do STJ 
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. 
OBS: No caso da carta rogatória a autoridade central é o departamento de recuperação de ativos e cooperação jurídica internacional do ministério da justiça. 
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos:
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA (art. 960-965 CPC)
Alguns livros falam homologação de sentença estrangeira, mas o CPC utiliza o termo homologação de decisão estrangeira. Além de decisões judiciais as administrativas também são homologadas
Art. 961 - A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado.
§ 1º É passível de homologação a decisão judicial definitiva, bem como a decisão não judicial que, pela lei brasileira, teria natureza jurisdicional.
A decisão administrativa estrangeria se fosse no Brasil seria judicial? Se fosse terá que homologar aqui. Exemplo: divorcio no Japão é feito em prefeituras, ação administrativa, aqui é feito de forma judicial, mas é homologada a decisão do Japão aqui no Brasil. Através da homologação considera-se válida a decisão estrangeira, apta a produzir efeitos no Brasil. É um instrumento de colaboração jurídica internacional e também é uma forma de aplicação do direito estrangeiro. 
Homologação: o assunto é regulamento pela lei interna de cada pais e ao mesmo tempo por tratados internacionais 
PROVA: e se houver um conflito entre a lei interna e um trato internacional sobre a homologação? Doutrina fala que prevalece a mais favorável à homologação, aquela que facilitar mais a homologação.
Homologação diz respeito a uma decisão judicial tramita em julgado, mas também pode haver homologação de decisão interlocutória (uma decisão antes de tramitar em julgado o processo), ela é aceita através de carta rogatória 
PROCESSO DE HOMOLOGAÇÃO NO BRASIL
Quando a homologação chega ao Brasil é encaminhada ao STJ, eles realizam o exame ou juízo de delibação, ou seja, o STJ analisa se estão presentes ou não os requisitos para que a decisão possa ser homologada. Os requisitos são (art. 963 CPC – acumulativos, todos devem estar presentes 
Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:
I - ser proferida por autoridade competente;
OBS: STJ não homologa se for um caso de competência exclusiva (Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira). 
II- ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;
O que o STJ entende de citação regular? Citação através de carta rogatória. 
III - ser eficaz no país em que foi proferida;
Não basta ser apta no Brasil, também deve ser no país estrangeiro que a proferiu
IV - não ofender a coisa julgada brasileira;
V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado;
VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.
O STJ ao verificar os requisitos poderá homologar a decisão, pode ainda ser homologado, de forma integral ou parcial. Quem dá cumprimento é a justiça federal.
Sentença arbitral estrangeira também necessitam de homologação aqui no Brasil, caso seja necessário o cumprimento aqui. 
Uma sentença pena estrangeira pode ser homologa no Brasil? Sim, mas somente em relação aos efeitos civis (uma sentença pode ser em parte penal e em parte civil – pena e multa). 
Uma sentença da corte interamericana precisa homologar antes ou pode executar direto? O Brasil se submete a jurisdição do tribunal internacional, sendo assim, não considera como uma decisão estrangeira, então pode executar direto. 
DIREITO CIVIL INTERNACIONAL 
1. Bens 
2. Direito de família (casamento/divórcio – alimentos – sequestro internacional de criança - adoção internacional) 
3. Obrigações/contratos
4. Sucessões 
5. Pessoas jurídicas 
1. BENS
Regra geral - art. 8, caput, LINDB - Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. 
Esse critério é chamado dos bens é chamado “lex rei sitae”. Se sujeito quiser saber se um bem da França é regular, ele deve observar a lei francesa. Agora quando se fala de capacidade para dispor dos bens (comprar, vender, doar) a capacidade será analisada a partir da lei do pais de domicilio, se por exemplo, o sujeito querer comprar um bem na Franca, mas mora no Brasil, a sua capacidade para comprar é analisada de acordo com a lei do Brasil. 
Regra geral: A “lex rei sitae” se aplica a Bens Imóveis em relação aos Bens Móveis em situação permanente (ex. quadro da monalisa). Se a plica a lei no qual o imóvel se encontra. 
Exceção
– bens em transito (art. 8, § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares). Bens em trânsito – são os bens que o proprietário leva com ele ou os bens que se destinam a transporte para outros lugares, exemplo, a bagagem de um viajante ou a aliança que o sujeito usa. Em relação dos bens em transito se aplica as leis do país do domicilio do proprietário.
 – navios e aeronaves – se aplica a lei do país da bandeira, do registro, da matrícula. 
LEI APLICÁVEL AO PENHOR
Art. 8o LINDB Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
OBS: Nem sempre o bem fica com o credor. Para se resolver casos de penhor o importante é quem ficou na posse do bem no momento da constituição do penhor. Em relação ao penhor aplica-se a lei do domicilio da pessoa que ficou na posse da coisa penhada. Não é necessariamente onde se encontraram para combinar o penhor.
2. DIREITO DE FAMÍLIA 
· CASAMENTO
Primeiro em relação a casamento é necessário analisar a capacidade, a capacidade se analisa a partir da lei do país de domicilio do sujeito. Ex. um brasileiro quer se casar com uma paraguaia aqui no Brasil, ele tem domicilio no Brasil e ela domicilio em Paraguai. Esse casamento não poderá ocorrer no Brasil, pois a capacidade para casamento na lei paraguaia é 21 anos. Poderá casar caso a paraguaia complete a idade mínima, ou venha a ser domiciliada no Brasil. 
A formalidade e impedimentos do casamento são analisadas de acordo com a lei do pais da celebração, no caso do exemplo acima, de acordo com a lei do Brasil
- casamento consular: consulado trata de assuntos de interesse privado das pessoas, faz certidão de nascimento, de óbito e casamento. Existe para facilitar a vida das pessoas, não é uma obrigação. Para ser um casamento consular os noivos devem ter a mesma nacionalidade (ex. dois brasileiros residentes nos EUA podem se casar no consulado brasileiro nos EUA ou perante uma autoridade competente local, pois o casamento consular não é obrigatório; agora se forem de nacionalidade diferentes só poderão se casal através de autoridade competente do local) Há dois tipos: 
a) Casamento de brasileiro no exterior
b) Casamento de estrangeiro no Brasil
Quando se fala em casamento consular a capacidade, as formalidades e os impedimentos são analisados de acordo com as leis do país da nacionalidade dos noivos. É diferente da regra geral, (casamento realizado por autoridade competente do local, as formalidades da cerimonia seguem as normas do local do casamento), nesse caso não se aplica, valerá a nacionalidade. 
- divorcio consular (apenas consensual) assim como o casamento deve seguir requisitos, tais como:
1 Ambos devem ser brasileiros. 
2 O casamento que será desfeito deve ter sido realizado no Brasil ou em consulado brasileiro
OBS: Precisa ser o mesmo consulado que a pessoa casou? não, pode ser em qualquer consulado brasileiro, não é porque casou no consulado de NY que tem que se separar lá, pode se separar no consulado de Milão, por exemplo. 
3 Inexistencia de filhos menores ou incapazes (toda vez que houver menor ou incapaz deve haver a presença do MP)
4 Assistência de advogado 
- lei aplicável aos regimes de bens – art. 7º, § 4º LINDB “O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal”.
1º situação: Observar se os noivos até a data do casamento tiverem o mesmo domicilio, aplica-se ao regime de bens a lei desse domicilio em comum. 
2º situação: domicílios diferentes aplica-se a lei do primeiro domicilio conjugal. 
EXERCÍCIOS 
1) Pedro ajuizou ação representando seu cliente na comarca de Ribeirão Preto e requereu a oitiva de uma testemunha residente nos Estados Unidos. O magistrado de Ribeirão Preto deferiu seu pedido e expediu a carta rogatória endereçada aos Estados Unidos. Após o deferimento Pedro teve ciência de que as intimações de testemunhas nos Estados Unidos são feitas por mensagem de celular e, com receio da eficácia de tal procedimento, o questiona, solicitando que a intimação seja feita por Oficial de Justiça, como ocorre no Brasil. O questionamento de Pedro surtirá efeito? Explique. 
- Não surtirá efeito, tendo em vista que, o cumprimento da carta rogatória segue o direito do estado rogado, não tendo o que discutir. 
2) Você ajuizou ação, na qualidade de advogado, junto à Comarca de Campinas/SP. No decorrer do processo houve a alegação de que o magistrado deveria julgar o caso de acordo com a lei do Estado alemão. O magistrado extinguiu o feito sem julgamento de mérito sob a alegação de que não é obrigado a conhecer o direito estrangeiro, pois em seu concurso de ingresso na magistratura só lhe foi cobrado o direito brasileiro. A extinção prematura do processo encontra amparo legal? Explique de forma fundamentada.
- Não possui amparo legal, pois nesses casos em que o juiz tenha que aplicar o direito estrangeiro em algum caso sem que desconheça a norma estrangeira, já que não é obrigado a conhecê-la e nem tem o dever de prová-la, é permitido ao juiz, pelo art. 14 da LINDB, reclamar a prova do direito estrangeiro de quem a alega, tendo o juiz o dever de inteirar-se das normas mesmo quando não fornecida pelas partes ou encaminhar um pedido de auxilio direto
3) No ano de 2018 o Superior Tribunal de Justiça recebe sentença estrangeira para homologação. A sentença diz respeito à processo ajuizado na França onde se discutiu a propriedade de imóvel localizado em Ribeirão Preto. Ademais, a sentença estrangeira era desprovida de fundamentação. Diante do relato acima, a sentença estrangeiraserá homologada pelo Superior Tribunal de Justiça? Explique de forma fundamentada. 
- Não, pois bens imóveis situados no Brasil tem competencia exclusiva, a ação deveria se ajuizado no Brasil. Sentença sem fundamentação não é homologada no STJ. 
4) Pedro (devedor) possui domicílio no Brasil e dá como penhor à João (credor), domiciliado na Argentina, um bem para garantir o pagamento de uma dívida. No momento da constituição do penhor a posse do bem apenhado é transferida para João (credor). Dias depois a dívida é paga e Pedro retoma a posse do bem. Nesse caso qual a lei aplicável ao penhor? Responde de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 
- A lei da argentina, pois em relação ao penhor deve se analisar a posse do bem, pois aplica-se a lei do pais de domicilio de quem ficou com a posse do bem. Mesmo que depois retome a posse do bem, a lei aplicável é a brasileira. 
5) José é argentino e possui domicílio no Paraguai. No mês de janeiro de 2018 resolve passar férias no Brasil e aluga um carro para poder conhecer melhor o litoral brasileiro. Ocorre que nos primeiros dias de sua viagem se envolve em um acidente de trânsito ao dirigir de forma imprudente, vindo a colidir com um veículo conduzido por João, de nacionalidade chilena e domiciliado no Uruguai, que também passava férias no Brasil. O acidente causado por José fez com que o veículo de propriedade de João ficasse muito danificado, demandando reparos. Com base nessas informações, responda: eventual ação de indenização movida por João em face de José poderia ser ajuizada no Judiciário brasileiro? Responda de forma fundamentada
- O Brasil tem competência, pois se trata de uma competência concorrente. Poderão adentrar com a ação, pois o fato ocorreu no Brasil, mesmo que as partes sejam estrangeiras e tenham domicílio em outro país. 
6) Situação I: Maria, 18 anos, é domiciliada no Paraguai, onde a capacidade para se contrair matrimônio é alcançada a partir dos 20 anos. Felipe, 20 anos, é domiciliado no Brasil, onde a capacidade plena para se contrair matrimônio é atingida com dezoito anos de idade. Maria e Felipe pretendem se casar no Brasil, porém a autoridade brasileira indefere o pedido sob a alegação que 2 Maria não possui capacidade para se casar. Situação II: Fernanda e Vitor são italianos domiciliados na China e pretendem se casar no Brasil. A lei brasileira determina que o casamento deverá ser realizado a portas abertas e a lei da China estabelece que o casal poderá escolher se o casamento será público ou não. Fernanda e Vitor desejam que o casamento seja realizado a portas fechadas a fim de evitar a aglomeração de curiosos. Na Situação I alegação da autoridade está correta? Responda de forma fundamentada. Na Situação II o desejo dos noivos será atendido? Responda de forma fundamentada. 
- O indeferimento está certo, pois a capacidade para casamento se analisa de acodo com a lei do domicílio da pessoa. 
- O casamento será com portas abertas, pois a respeito de formalidades do casamento, se aplica a lei do local da cerimônia. 
7) José é chileno, domiciliado na Argentina e possui imóveis alugados no Brasil, sendo que recebe mensalmente verba decorrente desses contratos de locação. José possui um filho chileno e este deseja ajuizar ação de fixação de alimentos em face do pai. O Judiciário brasileiro possui competência para apreciar tal demanda? Caso a resposta seja positiva seria possível o filho ajuizar a referida ação apenas no Judiciário brasileiro ou também em Judiciário estrangeiro?	
- Pode entrar com ação de alimentos quando o devedor tiver vínculo com o Brasil, como José tem imóveis aqui, vinculo econômico, poderá entrar com a ação. O filho também pode entrar com a ação no estrangeiro, pois se trata se competência concorrente, fica a critério das partes, ingressas aqui ou no estrangeiro. 
8) José é argentino e domiciliado no Brasil. Maria é francesa e domiciliada na Itália. Ambos se conhecem em uma viagem aos Estados Unidos e resolvem se casar em Cancun, no México. Logo após o casamento fixam domicílio na Argentina, onde constituem família, tendo três filhos. Dez anos depois, o casal de muda para o Brasil onde vive até o final da vida. A partir da situação narrada, indique qual a lei aplicável ao regime de bens?
- onde se casam não é necessariamente onde vão constituir seu primeiro domicilio. Nesse caso o primeiro domicilio conjugal é na Argentina, então sendo assim, aplica-se a lei de regime de bens da Argentina. 
9) José é brasileiro e Maria é argentina. Eles se casaram na Alemanha em 2015 e no ano de 2016 se mudaram os Estados Unidos. Posteriormente, no ano de 2017, tiveram dois filhos gêmeos. Mais recentemente, já no ano de 2018, resolveram se divorciar e procuraram o Consulado do Brasil em Nova Iorque. O casal irá conseguir se divorciar no consulado? Caso o divórcio tenha sido consensual e realizado perante a autoridade norte-americana a sentença estrangeira deve ser homologada junto ao Superior Tribunal de Justiça caso José retorne ao Brasil? Explique de forma fundamentada.
- não poderão, pois possuem nacionalidades diferentes (precisam ser brasileiros) e se casaram na Alemanha (tem que ser no Brasil ou no consulado) e possuem filhos menores (não podem possuir). Como tem filhos menores precisará homologar, só dispensa homologação em divorcio puro. 
Art. 961, §5º CPC – “A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça”. – DEPENDE do tipo de divórcio, o STJ faz a seguinte divisão divorcio puro (só se discuti o fim do casamento – dispensa homologação) e qualificado (se discute outras questões além do termino, como guarda dos filhos, alimentos etc. – exige homologação).
· ALIMENTOS 
Prestação internacional de alimentos – convenção de Nova Iorque sobre cobrança de alimentos no estrangeiro, a mais famosa, a qual o Brasil é signatário, realizada pela ONU: cada estado signatário deve indicar sua autoridade remetente (função de encaminhar os pedidos de cooperação em matéria de alimentos) e a sua instituição intermediária (recebi os pedidos que vem de fora). 
No brasil a procuradoria geral da republica atua como os dois, autoridade remetente e instituição intermediaria, ao mesmo tempo encaminha e recebe os pedidos de cooperação.
- PEDIDO: O pedido pode ter como objeto a fixação de alimentos, a revisão dos alimentos, a exoneração de alimentos, execução de alimentos} todas na justiça federal ou homologação} STJ (acordo feito no estrangeiro, para surtir efeitos aqui é necessário que seja homologado). O pedido é analisado de acordo com a lei de quem está recebendo, intermediaria. O judiciário dos países envolvidos poderão solicitar novas informações através de carta rogatória e essa carta rogatória será cumprida sem qualquer custas ou taxas. 
- CONTEÚDO: deve obter - a qualificação das partes; exposições de motivos devidamente comprovados; também pode apresentar outras informações relevantes, principalmente informações referentes a situações econômicas do requerente e requerido. Juiz leva em consideração o binômio de necessidade e possibilidade 
Se por acaso houver divergência sobre a interpretação ou aplicação da convenção entre os países a corte internacional de justiça poderá ser acionada. 
· SEQUESTRO INTERNACIONAL DE CRIANÇA
Há uma única convenção que trata desse assunto - Convenção sobre os aspectos civis dos sequestros internacionais de crianças – não discute questão penal e sim civis. 
A convenção deixa de ser aplicada quando o indivíduo alcança 16 anos de idade. O sequestro ocorre quando se tem uma transferência ou retenção ilícita de uma criança em um país diferente do país de residência habitual da criança. Se torna ilícita quando ocorre violação a um direito de guarda que vinha sendo exercido de forma efetiva no momento da transferência ou da retenção. De acordo com o STF existe uma presunção de retorno da criança, ou seja, presume-se que essa criança deva voltar ao seu pais de domicilio habitual.Essa presunção é relativa, pois a própria convenção apresenta algumas situações que afasta essa presunção, ou seja, quando o retorno da criança poderá ser indeferido? 
A primeira situação – se ficar demonstrado que o titular do direito de guarda não estava exercendo de forma efetiva do momento da transferência ou retenção ou se ficar demonstrado que o titular do direito de guarda concordou com a transferência ou retenção.
Segunda situação – se ficar demonstrado que o retorno na criança poderá colocar em risco a sua integridade (país onde era residia está em guerra).
Cada pais signatário da convenção deve indicar a sua autoridade central, no Brasil a autoridade responsável por essa matéria é a secretaria especial de direitos humanos (órgão do governo federal).
· ADOÇÃO INTERNACIONAL (art. 51 ECA)
Convenções internacionais que tratam do assunto
I. Convenção das nações unidas sobre os direitos da criança (1989) – essa convenção acabou inspirando a criação do ECA aqui no Brasil. Essa convenção não trata especificamente de adoção internacional, ela fala um pouco sobre o assunto. Fala que a adoção internacional é possível desde alguns requisitos sejam observados, tais como: 
1 – a adoção deve atender a melhor interesse da criança. Deve se analisar o caso concreto, qual a melhor decisão para a criança/adolescente, o mais importante é o bem estar da pessoa adotada. 
2 – a adoção deve ser autorizada pelas autoridades competentes
3 – a adoção internacional é medida excepcional – só pode colocar uma criança em uma família adotiva em outro país quando não foi possível colocar a criança em uma família do seu país, sempre que possível a criança deve permanecer no seu pais. 
4 – a adoção não pode permitir benefícios financeiros para aqueles que dela participem – a adoção não pode ser um negócio, uma fonte de renda. 
II. Convenção relativa à proteção da criança e a cooperação em matéria de adoção internacional (1993) essa convenção especificamente trata sobre a adoção internacional. A convenção fala que cada estado signatário (parte da convenção) deve indicar a sua autoridade central (que recebe e encaminha os pedidos de cooperação) em matéria de adoção. O Brasil tem duas autoridades centrais: uma autoridade central federal que é a secretaria especial de direitos humanos e uma autoridade central estadual que são as chamadas comissões estaduais judiciais de adoção. 
Estatuto da criança e do adolescente – ECA 
O próprio estatuto faz menção à convenção de 1993, se fundamenta nela. 
- Requisitos da adoção internacional (art. 51, § 1º) 
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso concreto
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família adotiva brasileira
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado
OBS: § 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. 
- Procedimento da adoção internacional (art. 52) 
Procedimento bifásico, tem uma fase extrajudicial e depois uma fase judicial. 
Exemplo: casal que mora na Espanha quer adotar uma criança brasileira, eles procuram a autoridade central do pais de acolhida (onde a criança irá morar, no caso a Espanha), e fazem um pedido de habilitação de adoção internacional, essa autoridade irá colher as informações necessárias que são colocadas em um relatório encaminhado para a autoridade central estadual no Brasil, com cópia para a federal, a federal só é notificada sobre o que está ocorrendo. Chegando no Brasil a autoridade central estadual irá analisar a documentação, e caso necessário poderá solicitar maiores informações. Se os documentos analisados estiverem corretos, a autoridade central estadual emite um documento que se chama laudo de habilitação à adoção internacional, que tem data máxima de validade de um ano (primeira fase extrajudicial – sem interferência do judiciário). 
Segunda fase judicial - assim que o casal consegue o laudo dão entrada com o pedido no judiciário brasileiro, a partir daí terá um processo judicial de adoção. O processo terá o andamento e caso seja concedido o direito à adoção com o trânsito em julgado o juiz expedi um alvará para que a criança consiga tirar seu passaporte e consiga sair do país. Antes do transito em julgado da decisão do juiz que concede a adoção a criança ou adolescente não pode sair do país. 
3. OBRIGAÇÕES/CONTRATOS
Art. 9º LINDB - Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
§ 1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.
REGRA GERAL: art. 9º, caput, LINDB – obrigações entre presentes. Exemplo: dois brasileiros domiciliados no Brasil assinam contrato na França, a lei aplicável a esse contrato é a lei da França. A lei francesa regira os direitos e deveres das partes, as causas de nulidade com contrato e etc. Agora para se analisar a capacidade das partes para contratar é analisa a lei de domicilio dos contratantes, ou seja, a brasileira. 
Se no contrato ficar estabelecido clausula de escolha da lei aplicável (país) é válido, de acordo com a OAB. Porém, mesmo que as partes escolham a lei aplicável ao contrato, capacidade para contratar ainda se segue a lei do domicilio.
Obrigações entre partes ausentes- contrato celebrado a distância. O critério, neste caso, aplica-se a lei do país de residência do proponente.
4. SUCESSÕES
Autoridade competente para se organizar um inventario é a autoridade brasileira.
Art. 10 caput LINDB - Em matéria de sucessões a lei aplicável, em regra, é a lei do último domicilio do ‘de cujus’.
Uma juíza brasileira analisará o inventário de acordo com a lei do último domicilio do ‘de cujus’. (REGRA GERAL)
Sucessão de bens de estrangeiro situados no Brasil (regra especial- art. 10 parágrafo 1º LINDB)
I) “De cujos” – estrangeiro
II) Bens situados no Brasil
III) Cônjuge ou filho brasileiro
Aplicação da lei mais favorável ao herdeiro brasileiro.
Art. 10, parágrafo 29, LINDB – capacidade para suceder 
No direito civil pode ter a capacidade de direito e a capacidade de fato. A capacidade de direito eu estou questionando quem são os herdeiros, é algo genérico, está pensando nas categorias analisa a partir da lei do domicilio do “de cujos” e a capacidade de fato se analisa de acordo com a lei do domicilio do herdeiro. 
Exemplo: Susane que matou os pais com a ajuda do namorado, era filha, ou seja, tinha capacidade de direito, mas no caso concreto não tinha capacidade de fato, pois na lei brasileira quando indigno perde-se a capacidade de fato, como ela matou o autor da herança o direito é considerado indigno. 
Caso a Susane morasse em um país X onde não se perde a herança ao matar os pais – se o juiz for legalista pela lei pura seria dado a herança, mas o juiz poderia deixar de aplicar o direito estrangeiros por ofender ordem pública e bons costumes. 
· Execução de testamento celebrado no estrangeiro 
Um sujeito mora nos EUA, faz um testamento na França sobre bens situados no Brasil, o juiz brasileiro terá que analisar a validade material e formal do testamento. 
Validade material analisa o conteúdo (quem são os herdeiros, quem recebe primeiro e depois, quanto cada um recebe) na material o juiz irá analisar de acordo com a lei do último domicilio do “de cujos”. 
E na validade formal é analisa a formalidades do testamento (será que tinha que ser público, privado, precisava de testemunhas e etc) se analisa de acordo com a lei do pais de celebração do testamento (França).
EXERCÍCIOS 
Túlio, brasileiro, é casado com Alexia, de nacionalidade sueca, estando o casal domiciliado no Brasil. Durante um cruzeiro marítimo, na Grécia, ela, após a ceia, veio a falecer em razão de uma intoxicação alimentar. Alexia,quando ainda era noiva de Túlio, havia realizado um testamento em Lisboa, dispondo sobre os seus bens, entre eles, três apartamentos situados no Rio de Janeiro
À luz das regras de Direito Internacional Privado, assinale a afirmativa correta.
a)	Se houver discussão acerca da validade do testamento, no que diz respeito à observância das formalidades, deverá ser aplicada a legislação brasileira, pois Alexia encontrava se domiciliada no Brasil – INCORRETA, o testamento foi feita em Lisboa, ou seja, validade formal é analisa de acordo com a lei do pais de celebração do testamento (Lisboa). 
b)	Se houver discussão acerca da validade do testamento, no que diz respeito à observância das formalidades, deverá ser aplicada a legislação portuguesa, local em que foi realizado o ato de disposição da última vontade de Alexia – CORRETA, validade formal é analisada de acordo com a lei do último domicilio do “de cujus”, ou seja, lei portuguesa. Última vontade é testamento. 
c)	A autoridade judiciária brasileira não é competente para proceder ao inventário e à partilha de bens, porquanto Alexia faleceu na Grécia, e não no Brasil – INCORRETA, os bens são situados no Brasil, sendo assim, o Brasil tem competência exclusiva art. 23 CPC. 
d)	Se houver discussão acerca do regime sucessório, deverá ser aplicada a legislação sueca, em razão da nacionalidade do de cujus – INCORRETA, aplica-se a lei mais favorável ao herdeiro brasileiro (se analisa a lei do último domicilio, a lei de nacionalidade do “de cujus” e lei brasileira – e se aplica a lei mais favorável, art. 10). 
5. PESSOAS JURÍDICAS 
Qual a lei aplicável a uma pessoa jurídica? De acordo com a doutrina e o artigo 11 da LINDB, a lei aplicável a pessoa jurídica é a lei do deu país de constituição, ou seja, é a lei do país onde a pessoa jurídica teve os seus atos constitutivos registrados. Exemplo: se o contrato social foi registrado na Argentina, essa pessoa jurídica será uma pessoa jurídica estrangeira na visão do Brasil. 
Pessoa jurídica estrangeira precisa de autorização para realizar atos no Brasil? Deve se diferenciar o funcionamento e uma simples atuação: 
Funcionamento é algo continuo, duradouro, a pessoa jurídica estrangeira pretende criar aqui no Brasil agencias filiais ou estabelecimentos - nesse caso exige autorização do governo brasileiro. 
Simples situação é algo esporádico, de vez em quando - nesse caso dispensa autorização do governo brasileiro. 
EXERCÍCIOS 
1. José é argentino e faleceu no ano de 2019 na cidade de Barcelona, Espanha, local onde constituiu domicilio até o ultimo dia de sua vida. Jose deixou um filho brasileiro e apenas um apartamento na cidade de Ribeirão Preto como patrimônio. Nesse contexto indique qual a autoridade competente para analisar o inventario de José, bem como indique qual a lei irá reger a sucessão de José.
A autoridade competente para analisar o inventario de José será obrigatoriamente a autoridade brasileira, pois o bem está situado no Brasil (art. 23 CPC – COMPETENCIA EXCLUSIVA). Já a sucessão de José será regida pela lei mais favorável ao herdeiro brasileiro (regra especial, artigo 10, §4º, LINDB), sendo analisada a lei do último domicilio do “de cujus” (Barcelona), a lei de nacionalidade do “de cujus” (Argentina) e a lei Brasileira. 
2. Dois processos idênticos foram ajuizados no Brasil e na Argentina. O processo na Argentina chegou até o último grau de jurisdição na Argentina, tendo transitado em julgado em 20 de fevereiro de 2019. O processo idêntico no Brasil transitou em julgado em 25 de fevereiro. A sentença estrangeira chegou ao Superior Tribunal de Justiça para homologação no dia 02 de abril de 2019. Nesse contexto qual o processo irá prevalecer? Explique de forma fundamentada.
Sentença estrangeira para ser cumprida no Brasil precisa ser homologada no STF. Em princípio neste exemplo, a sentença no estrangeiro prevaleceria, no entanto, até que ela seja homologada no STF a sentença no Brasil já transitou, nesse caso então prevalece a do Brasil – sentença estrangeira para ser homologada não pode ferir coisa julgada no Brasil. Art. 24, parágrafo único – se houver uma ação em andamento no Brasil, não impede que o STF homologue a decisão estrangeira (Argentina). 
3. Lucca, italiano e domiciliado na França, celebra contrato de compra e venda de imóvel localizado no Brasil com Pierre, francês e domiciliado em Portugal. As partes estabelecem no contrato (cláusula 25) que eventuais discordâncias sobre o negócio deverão ser discutidas no judiciário da Itália, pais de nacionalidade de Lucca. Por outro lado, não estabelecem no contrato qual será a lei que deverá fundamentar a análise dos prazos de usucapião e prazos para reclamação de defeitos existentes no imóvel. A clausula citada é válida? Qual a lei que deverá embasar a análise dos prazos de usucapião e de reclamação dos defeitos existentes no imóvel? 
A clausula 25 estipulada entre as partes é invalidade, uma vez que competência sobre bem imóvel situado no território brasileiro é exclusiva do Brasil. 
A clausula de eleição de foro existe, mas não pode ser utilizada para afastar competência exclusiva da justiça brasileira, como o contrato em questão tem como objeto imóvel situado no Brasil, no art. como vimos no art. 23 CPC imóveis situados no Brasil a competência é exclusiva do Brasil, só se pode fazer eleição de foro em competência concorrente. 
A lei que deverá embasar a análise do usucapião e dos defeitos no imóvel será a lei brasileira, uma vez que possui competência, de acordo com o artigo 8º, caput da LINDB, sendo matéria de bem situado no Brasil. 
4. Ricardo, brasileiro naturalizado, mora na cidade do Rio de Janeiro há 9 anos. Em visita a parentes italianos, conhece Giulia, residente em Roma, com quem passa a ter um relacionamento amoroso. Após 3 anos de namoro a distância, ficam noivos e celebram matrimonio em território italiano. De comum acordo, o casal estabelece seu primeiro domicilio em São Paulo, onde ambos possuem oportunidades de trabalho. À luz das regras de direito internacional privado, veiculadas na lei de introdução às normas do direito brasileiro (LINDB), não havendo pacto antenupcial, explique de forma fundamentada qual a legislação que irá reger o regime de bens entre os cônjuges. 
A legislação que irá reger o regime d bens entre os cônjuges é a brasileira, por terem constituído seu primeiro domicilio em São Paulo, e segundo o artigo 7º, §4º da LINDB o regime de bens obedece a lei do primeiro domicilio conjugal. 
Nesses casos deve se analisar se tinham ou não o mesmo domicilio em comum até a data do casamento, caso tenham se aplicará a lei do local do domicilio, mas se tiverem até a data do casamento domicílios diferentes aplicasse a lei do primeiro domicilio conjugal. 
MATÉRIA EXAME
SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS
Controvérsia internacional é todo e qualquer litigio envolvendo estados ou organizações internacionais sobre qualquer assunto e que apresente qualquer gravidade. Exemplo: Brasil e Argentina não estão entrando em acordo a respeito de um tratado internacional.
Espera-se que resolvam de forma pacifica, a guerra é utilizada como última opção. É utilizado meios/mecanismos de solução de controvérsias internacionais. A doutrina diz que esses meios ou mecanismos são dotados, tem como característica:
· Características 
- o voluntarismo, ou seja, eles só podem ser utilizados se for está a vontade dos envolvidos. Sendo assim não se pode obrigar um país, por exemplo, a fazer uma mediação. 
- não há hierarquia entre os meios/mecanismos 
- sempre que possível devem ser preventivos. O ideal seria que os países utilizassem esses meios antes da controvérsia acontecer, não é isso que ocorre sempre. 
- a lista dos meios/mecanismos não é exaustiva, ou seja, ela é exemplificativa, nada impede que um novo meio seja criado. 
· Classificação 
a) Obrigatoriedade dos meios/das decisões 
- meios obrigatórios e meios facultativos: o que é obrigatório é a decisão que surge como consequência da utilização do meio.Exemplo, arbitragem, a decisão do árbitro é vinculante, as partes devem cumprir 
- meios facultativos: exemplo, a mediação. O mediador faz apenas uma proposta, se as partes não cumprirem não acarreta nenhuma sanção sobre eles. 
b) Fundamentação das decisões 
- meios políticos e diplomáticos: as decisões não são proferidas com base no direito, pode ser uma proposta política – são facultativos.
- meios jurídicos: as decisões são dadas com base em normas jurídicas – são obrigatórios 
· Meios políticos e diplomáticos 
a) Negociações: através das negociações os países estabelecem contatos direitos. Nas negociações não há participação de um terceiro que irá resolver o problema, os países dialogam diretamente, quem faz essas negociações são geralmente os agentes diplomáticos, mas podem ser o presidente ou ministro das relações exteriores. Essas negociações podem acontecem numa reunião, uma conferência internacional e assim por diante, não existe um procedimento, é bem flexível. 
b) Mediação: tem a participação de um terceiro, o mediador. Quem pode ser mediador: pode ser um estado, uma ONG, uma organização internacional ou até mesmo uma pessoa, não tem muita regra. Essa proposta feita pelos mediadores é apenas uma indicação, não é vinculante, ou seja, o não cumprimento não gera sanções. 
c) Conciliação: há uma comissão de conciliação, é um órgão colegiado (mais de uma pessoa, diferentemente da mediação). Essa comissão geralmente é composta por um número ímpar, para evitar empates, e formada por pessoas neutras e ligadas aos estados envolvidos. 
d) Bons ofícios: há uma pessoa que aproxima as partes em conflito e ela proporciona um lugar neutro, aproximar as partes em conflito. A diferença em relação ao mediador é que ele apresenta uma proposta agora nos bons ofícios apenas aproxima as partes. 
e) Consultas: os países periodicamente se consultam para saber se tem algum problema. Ele não necessariamente resolve o conflito, é para ver se há conflito.
f) Inquérito: serve para investigar algum fato que precisa ser resolvido para que haja solução para um conflito. A ONU geralmente nomeia peritos no assunto para investigar. 
· Meios jurídicos 
a) Tribunais internacionais
- corte internacional de justiça: fica em Haia na Holanda, é o órgão/tribunal jurisdicional da ONU. É composto por 15 juízes com mandato de 09 anos com direito a reeleição, e são eleitos pelo conselho de segurança da ONU e pela assembleia geral da ONU. 
Os requisitos para ser um juiz da corte internacional de justiça são: 1 – gozar de alta consideração moral; 2 – reconhecida competência em direito internacional ou possuir os mesmos requisitos para ocupar o mais lato posto no judiciário do seu país. 
A corte possui dupla competência:
1 competência consultiva: a corte pode se manifestar sobre um parecer sobre qualquer assunto do direito internacional, quem pode solicitar um parecer da corte é a assembleia Geral da ONU, conselho de segurança da ONU e demais entidades ligadas a ONU (UNESCO do criança esperança pode pedir um parecer por ter ligação com a ONU, um pais não pode acional um parecer na corte) o parecer da corte não é vinculante é apenas uma opinião; 
2 competência contenciosa: a corte irá julgar conflitos, litígios envolvendo somente estados, um indivíduo não pode acionar. Em regra a corte julga os estados signatários do estatuto da corte; exceção os países que não são signatários do estatuto ou até mesmo países que não façam parte da ONU, desde que haja autorização do conselho de segurança. 
 
A competência da corte não é automática, mesmo que o país seja signatário do estatuto da corte tem que manifestar sua concordância para que possa ser julgado perante a corte. Como o pais manifesta sua concordância para ser julgado perante a corte?
1 indicação em tratado internacional da corte internacional de justiça como foro competente para solucionar eventuais litígios decorrentes do tratado (ex. BR e AR fazem um tratado e colocam uma cláusula de resolução de conflito indicando como foro competente a corte internacional de justiça caso haja algum problema relacionado ao tratado). 
2 quando os países de comum acordo resolverem submeter o litigio a corte 
3 através da cláusula facultativa de jurisdição obrigatória (ex. BR faz uma declaração que a partir de x data os conflitos do país serão julgados pela corte) 
Processo: tem uma fase escrita onde os estados apresentam suas alegações por escrito, e dependendo do caso se marca audiência e uma oral.
Depois do processo a uma sentença “inter partes”, envolve apenas as partes envolvidas. Não existe recurso de apelação, o máximo que existe é um pedido de revisão
b) Arbitragem
Mecanismo de resolução de controvérsias, tanto internacionais quanto internas. É uma lei relativamente recente, agora que está tomando força. A arbitragem é um procedimento vinculante, é um procedimento obrigatório. A decisão do árbitro não é uma simples recomendação, tanto que se não for cumprida a parte vencedora pode pegar a decisão e entrar na justiça pois é título executivo. 
- Vantagens da arbitragem
1 escolha do julgador – na justiça comum não podemos escolher o juiz, é por meio de sorteio; já na arbitragem pode se escolher o arbitro, o julgador (ex. se o assunto em conflito é algo relacionado a engenharia, pode escolher um arbitro que entende do assunto, mas não é obrigatório). 
2 Celeridade – a arbitragem é mais rápida que a justiça, pois as partes podem combinar o prazo de duração da arbitragem. Se as partes não estipularem nenhum prazo a lei estipula o prazo de seis meses. 
3 Confidencialidade – na justiça a regra é a transparência e a exceção é o sigilo (há hipóteses específicas). Na arbitragem qualquer caso pode ser sigilosa, basta que as partes escolham isso, não precisa justificar. 
4 Julgamento e instancia única – não existe apelação na arbitragem como existe na justiça. 
5 Informalidade do procedimento – por que as partes escolhem como serão feito os procedimentos 
6 Cumprimento espontâneo das decisões – no Brasil não existe arbitragem compulsória, ninguém é obrigado a levar o conflito na arbitragem, consequentemente quando a parte opta pela arbitragem é porque ela está mais disposta a cumprir o que o arbitro decidir, as estáticas mostram que as decisões da arbitragem são quase sempre cumpridas. 
- Arbitralidade: são as condições ou requisitos necessários para que um conflito possa ser submetido a arbitragem. A ideia de arbitralidade é encontra no artigo 1º da Lei 9.307/96 (lei da arbitragem) - As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Arbitralidade subjetiva: está discutindo quem pode submeter um conflito a arbitragem = somente pessoas capazes 
Arbitralidade objetiva: está se discutindo quais assuntos podem ser resolvidos por meio da arbitragem = somente direitos materiais disponíveis (aquele que pode ser transacionado, negociado) 
Os dois requisitos devem estar presentes, tanto a subjetiva quanto a objetiva. 
- Espécies de arbitragem
1 institucional: as partes escolhem uma instituição que ficará responsável pela arbitragem. Cada instituição tem seu próprio regulamento, tabela de custas e honorários dos árbitros e lista de árbitros
 
2 avulsa ou “ad hoc”: na arbitragem avulsa não existe a escolhe de uma instituição, as partes escolhem diretamente o arbitro.
- Princípios da arbitragem
1 Autonomia da vontade: como no Brasil não existe arbitragem compulsória, consequentemente a vontade das partes da arbitragem deve ser respeitada em seu grau máximo (ex. se foi combinado que vai durar cinco meses, o arbitro deve proferir decisão no prazo de cinco meses).
2 Competência – competência: atribui-se ao arbitro competência para analisar a sua própria competência (ex. há um conflito submetido a arbitragem, daí surge uma dúvida se o direito em questão é disponível ou indisponível, será o próprio arbitro que irá analisar se ele é competente para arbitrar o conflito). 
3 Igualdade das partes: as partestem os mesmos direitos e deveres 
4 Contraditório: direito de se manifestar sobre as declarações da outra parte 
5 Imparcialidade do arbitro: as mesmas causas de impedimento e suspenção aplicadas aos juízes se aplicam aos árbitros, pois devem ter uma atuação imparcial (não pode ser parente, amigo, ter algum vínculo com as partes).
6 Livre convencimento do arbitro: o arbitro é livre para formar sua convicção (decisão) de acordo com o que foi produzido durante o procedimento arbitral. 
- Convenção de arbitragem (art. 3 LEI 9.307/96)
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.
Arbitragem é gênero, há duas espécies:
a) Clausula compromissória (art.4) – o conflito ainda não existe, as partes combinam que caso o conflito venha a existir seja resolvido pela convenção de arbitragem. 
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.
De acordo com a lei de arbitragem há dois tipos de clausulas compromissórias: 
i. Cheia (art. 5): é chamada de cheia, pois é uma clausula mais detalhada. As partes indicam a entidade arbitral ou indicam de que forma será instituída a arbitragem. 
Art. 5º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum órgão arbitral institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e processada de acordo com tais regras, podendo, igualmente, as partes estabelecer na própria cláusula, ou em outro documento, a forma convencionada para a instituição da arbitragem.
ii. Vazia (art. 6 e 7): é mais superficial, genérica. Exemplo duas pessoas fazem um contrato e colocam uma clausula, eventual divergências sobre este contrato serão resolvidas por meio da arbitragem. Sabe que fará arbitragem, mas não sabe como, é necessário que as partes combinem entre si sobre como será feita. 
PRIMEIRO PASSO: tentativa extrajudicial (ex. as partes se encontrarem no mineiro para fazerem um acordo) - Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o compromisso arbitral.
Caso a tentativa extrajudicial não dê certo - Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, comparecendo, recusar-se a firmar o compromisso arbitral, poderá a outra parte propor a demanda de que trata o art. 7º desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente, tocaria o julgamento da causa.
SEGUNDO PASSO: as partes podem pedir auxílio do judiciário, uma tentativa judicial. Ocorre a designação de audiência judicial (peço para o juiz marcar a audiência). 
Art. 7º Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim.
§ 1º O autor indicará, com precisão, o objeto da arbitragem, instruindo o pedido com o documento que contiver a cláusula compromissória.
Tentativa de conciliação do litigio - § 2º Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará, previamente, a conciliação acerca do litígio. Não obtendo sucesso, tentará o juiz conduzir as partes à celebração, de comum acordo, do compromisso arbitral. Tentativa de conciliação arbitral (como se estivessem transformando a clausula vazia em cheia). 
Caso ainda haja litígio, o juiz decide como será a arbitragem, não decide o conflito, decide apenas como será feita a arbitragem - § 3º Não concordando as partes sobre os termos do compromisso, decidirá o juiz, após ouvir o réu, sobre seu conteúdo, na própria audiência ou no prazo de dez dias, respeitadas as disposições da cláusula compromissória e atendendo ao disposto nos arts. 10 e 21, § 2º, desta Lei.
O juiz pode inclusive nomear o arbitro - § 4º Se a cláusula compromissória nada dispuser sobre a nomeação de árbitros, caberá ao juiz, ouvidas as partes, estatuir a respeito, podendo nomear árbitro único para a solução do litígio.
Se o autor (quem pediu a audiência) não aparecer, ocorre a extinção do processo sem julgamento do mérito - § 5º A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência designada para a lavratura do compromisso arbitral, importará a extinção do processo sem julgamento de mérito.
Se a ausência for do réu o juiz decide a respeito do conteúdo do compromisso e nomeia arbitro único § 6º Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, ouvido o autor, estatuir a respeito do conteúdo do compromisso, nomeando árbitro único.
§ 7º A sentença que julgar procedente o pedido valerá como compromisso arbitral.
 
b) Compromisso arbitral (art. 9 ao 12) – o conflito já existe. Há dois tipos de compromisso arbitral:
Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.
i. Judicial: as partes celebram o compromisso em um processo judicial. Desistem do processo judicial e levam o caso a arbitragem. As partes podem celebrar o compromisso antes do trânsito em julgado do processo. 
§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.
ii. Extrajudicial: não há um processo. Ele pode ser celebrado por instrumento público ou documento particular desde que assinado também por duas testemunhas 
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público.
INFORMAÇÕES DO COMPROMISSO (que devem constar nesse compromisso):
i. Obrigatórias (art. 10) 
Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:
I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros; - qualificação dos árbitros ou indicação da entidade arbitral. 
III - a matéria que será objeto da arbitragem; e
IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral. – é importante, pois a sentença estrangeira para ser executada no Brasil precisa ser homologada. 
ii. Facultativas (art. 11)
Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter:
I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem; - na obrigatória é onde será proferida a sentença e aqui neste caso é onde se desenvolveu a arbitragem – para saber se a arbitragem é internacional ou não é necessário se analisar onde foi proferida a sentença. As vezes a arbitragem é feita em um local (ex. SP) e a sentença é proferida em outro (ex. Paris) – o local onde a sentença foi proferida é que define se é internacional ou não. 
II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por eqüidade, se assim for convencionado pelas partes; - equidade é aplicação da ideia de justiça e igualdade o caso concreto, nesse caso o juiz julga de acordo com o que acha mais justo caso as partes tenham combinados, caso não tenham o julgamento será de direito. 
III - o prazo para apresentação da sentença arbitral; - as partes combinam o prazo; se as partes não combinarem nada o prazo que o arbitro tem para proferir a sentença é de 6 meses.
IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim convencionarem as partes; - as partes na arbitragem podem escolher a lei de qual país será aplicável 
V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitragem; - partes podem combinar o pagamento das despesas e honorários 
VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros. – se o árbitro não receber o pagamentoe houver essa informação ele executa judicialmente esse compromisso. Se não houver sido combinado nada sobre os honorários do arbitro o arbitro pode solicitar um juiz para que fixe os honorários. 
Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do árbitro, ou dos árbitros, no compromisso arbitral, este constituirá título executivo extrajudicial; não havendo tal estipulação, o árbitro requererá ao órgão do Poder Judiciário que seria competente para julgar, originariamente, a causa que os fixe por sentença.
Artigo 12 – extinção do compromisso arbitral 
Extingue-se o compromisso arbitral:
I - escusando-se qualquer dos árbitros, antes de aceitar a nomeação, desde que as partes tenham declarado, expressamente, não aceitar substituto; - quando as partes escolhem um arbitro especifico para realizar a arbitragem e esse árbitro não aceita realizar. 
II - falecendo ou ficando impossibilitado de dar seu voto algum dos árbitros, desde que as partes declarem, expressamente, não aceitar substituto; 
III - tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso III, desde que a parte interessada tenha notificado o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e apresentação da sentença arbitral. – ex. combinou uma arbitragem com o prazo de seis meses, passou esse prazo e o árbitro não concedeu sentença, a parte notifica o arbitro e dá um prazo de 10 dias para que ele defira a sentença, caso não cumpra esse prazo se extingue. 
DOS EFEITOS DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM
a. Efeito positivo: direcionado as partes. A partir do momentos que as partem celebram a convenção de arbitragem não poderá haver desistência unilateral (em conjunto pode). Exemplo: danilo e leticia celebram a arbitragem, um conflito surge, danilo entra com uma ação no judiciário contra leticia, ela será citada para apresentar contestação – leticia contrata um advogado, esse advogado deverá demonstrar a incompetência do judiciário por existir uma convenção de arbitragem, isso deve ser indicado pela parte logo de início, caso contrário o juiz entenderá que a parte aceita ser o poder judiciário competente 
b. Efeito negativo: direcionado ao poder judiciário. A partir da celebração da convenção da arbitragem o judiciário fica impedido de julgar o mérito do processo. 
OBS: Clausula de eleição de foro – as partes escolhem o judiciário e cláusula compromissória as partes escolhem a arbitragem para resolver o conflito – pode colocar no mesmo contrato as duas clausulas ou é incompatível? Sim, é possível, pois há situações que se pode acionar o judiciário, como por exemplo, se a parte não cumprir a sentença arbitrar, pode acionar o poder judiciário. 
DOS ARBITROS 
Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. – pode ser um estrangeiro. Arbitro tem o chamado dever de revelação, ou seja, antes do arbitro aceitar a nomeação ele deve revelar as partes qualquer fato que possa colocar em dúvida a sua imparcialidade por causas de impedimento e suspeição (a mesmas situações do CC). 
§ 1º As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, também, os respectivos suplentes – as partes podem nomear quantos árbitros desejar, desde que em número ímpar. 
§ 2º Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes estão autorizados, desde logo, a nomear mais um árbitro. Não havendo acordo, requererão as partes ao órgão do Poder Judiciário a que tocaria, originariamente, o julgamento da causa a nomeação do árbitro, aplicável, no que couber, o procedimento previsto no art. 7º desta Lei.
§ 3º As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros, ou adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada.
§ 4º Sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente do tribunal arbitral. Não havendo consenso, será designado presidente o mais idoso.
§ 4o As partes, de comum acordo, poderão afastar a aplicação de dispositivo do regulamento do órgão arbitral institucional ou entidade especializada que limite a escolha do árbitro único, coárbitro ou presidente do tribunal à respectiva lista de árbitros, autorizado o controle da escolha pelos órgãos competentes da instituição, sendo que, nos casos de impasse e arbitragem multiparte, deverá ser observado o que dispuser o regulamento aplicável.               
§ 5º O árbitro ou o presidente do tribunal designará, se julgar conveniente, um secretário, que poderá ser um dos árbitros.
§ 6º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.
§ 7º Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral determinar às partes o adiantamento de verbas para despesas e diligências que julgar necessárias.
- Responsabilidade do arbitro 
a. Penal: arbitro não é funcionário público, mas para fins penais é equiparado a um funcionário público (ex. se um arbitro aceita propina ele é julgado como é julgado um funcionário público, ou seja, corrupção). 
Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal.
b. Civil: quem causa prejuízo a alguém essa pessoa será responsabilizada pelo prejuízo – regra básica que vale para todos. 
PROCEDIMENTO ARBITRAL 
É bem flexível, ou as partes adotam uma instituição arbitrar e seguem as regras dela ou as partes podem combinar como será feito o procedimento arbitral. A doutrina divide o procedimento arbitral em 3 fases: 
1- Fase de instauração de arbitragem;
2- Fase de organização da arbitragem; e
3- Fase de desenvolvimento da arbitragem.
1. Instauração da arbitragem: possui duas etapas – etapa preliminar e etapa de aceitação do arbitro. Na preliminar a parte comunica a outra sua intenção de dar início a arbitragem e são tomadas as providencias para indicação e nomeação do arbitro se for o caso. 
A etapa mais importante é a de aceitação do arbitro (art. 19 LEI 9.301/96) arbitro não é obrigado a aceitar a nomeação e não precisa explicar o porquê. Com a aceitação da nomeação por parte do arbitro se dá início a arbitragem. É importante saber o incio da arbitragem em razão dos prazos da arbitragem. 
PROVA - caso o arbitro seja amigo de alguma das partes da arbitragem não poderá ser arbitro, pois as exceções dos juízos são os mesmos aplicados ao árbitros, nesse caso imparcialidade esta corrompida. O que se pode fazer para tirar o arbitro depois que a nomeação por ele foi aceita? a aparte interessada formula a petição de exceção de recusa do arbitro. Essa petição de exceção de recusa é direcionada ao próprio arbitro. Se o arbitro acolhe a exceção de recusa “sai fora” da arbitragem, se houver escolhido um suplemente ele se torna o novo arbitro, ou se nomeia outro arbitro. 
Se o árbitro não acolher ele continua na arbitragem até a sentença arbitral, depois de dada a sentença a aparte interessada pode entrar na justiça para que a justiça declare nula a sentença arbitral. 
Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários.
§ 1º Instituída a arbitragem e entendendo o árbitro ou o tribunal arbitral que há necessidade de explicitar questão disposta na convenção de arbitragem, será elaborado, juntamente com as partes, adendo firmado por todos, que passará a fazer parte integrante da convenção de arbitragem. 
§ 2º A instituição da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição
2. Organização da arbitragem: é celebrado um TERMO DE ARBITRAGEM, que é um cronograma de atos a serem desenvolvidos.
3. Desenvolvimento da arbitragem: é a fase de desenvolvimento da arbitragem. Nessa fase há 3 etapas, quais sejam: 
a) Etapa postulatória: as partes apresentam alegações iniciais por escrito e, se for o caso, juntam documentos. Após apresentadas as alegações, ocorre uma audiência de tentativa de conciliação. O árbitro

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