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FACULDADE UNYLEYA LICENCIATURA EM COMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA EM PEDAGOGIA PORTFÓLIO ACADÊMICO EDUCAÇÃO INCLUSIVA Por: Ângela Soares Resende Brasília-DF 2019 2 FACULDADE UNILEYA LICENCIATURA EM COMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA EM PEDAGOGIA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Portfolio Acadêmico apresentado para a Faculdade UnyLeya de modo a atender a Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015 na atividade de Projetos e Práticas Educacionais I. Brasília-DF 2019 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 04 2. DIÁRIO DE LEITURA.................................................................................... 07 3. DIÁRIO DE PESQUISA................................................................................ 11 4. CONCLUSÃO............................................................................................... 16 5. REFERÊNCIAS............................................................................................. 18 4 1. INTRODUÇÃO Ingressei na Faculdade Unileya no Segundo semestre de 2019, com a determinação de concluir o curso de Complementação Pedagógica em Pedagogia. Desde o primeiro dia de aula procurei observar a metodologia de ensino aplicada pela Instituição e pude ver que seria muito para o meu desenvolvimento acadêmico o ingresso nessa Instituição de Ensino. Ao longo dos semestres fui adquirindo aprendizado e experiências que foram me deixando mais madura para competir no mercado de trabalho do qual tenho interesse em ingressar, as discussões apresentadas durante as aulas eram de extrema importância, procurei me atentar em cada detalhe que era passado, de maneira que isso foi facilitado, devido a qualidade de ensino dos professores, onde procuraram tirar todas as minhas dúvidas. Busquei a escola Raio de Luz para poder realizar um estudo aprofundado sobre a Educação Inclusiva, pois vi que a escola buscar incluir os alunos especiais nas tarefas do dia a dia, foi visto que a Educação inclusiva compreende a Educação especial dentro da escola regular e transforma a escola em um espaço para todos. Ela favorece a diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida escolar. Há, entretanto, necessidades que interferem de maneira significativa no processo de aprendizagem e que exigem uma atitude educativa específica da escola como, por exemplo, a utilização de recursos e apoio especializados para garantir a aprendizagem de todos os alunos. A diretora e os professores reconhecem, cada vez mais, a diversidade humana e as diferenças individuais que compõem seu grupo de alunos e se deparam com a urgência de transformar o sistema educacional e garantir um ensino de qualidade para todos os estudantes. Não basta que a escola receba a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais, é preciso que ofereça condições para a operacionalização desse projeto pedagógico inclusivo. A inclusão deve garantir a todas as crianças e jovens o acesso à 5 aprendizagem por meio de todas as possibilidades de desenvolvimento que a escolarização oferece. O presente portfólio tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa em que se discutiu e analisou as percepções e as vivências dos professores sobre o processo de inclusão e suas implicações para o desenvolvimento do professor e dos alunos envolvidos com a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais em classes regulares. Para alcançar esses objetivos, adotou-se a perspectiva teórico- metodológica da Psicologia Histórico-Cultural, que toma como objeto de estudo o sujeito histórico, que se constitui na relação com a cultura. Para a inclusão se concretizar, é necessária uma mobilização em vários âmbitos, como o político, o social e o institucional, no entanto, como nossa proposta era discutir o papel do professor nesse processo, priorizamos a análise da importância de seu papel nesse contexto, ressaltando, contudo, que a questão da inclusão não pode ser tomada como responsabilidade unicamente do professor. As crenças exprimem percepções e pensamentos que funcionam como filtros na interpretação da realidade, podendo influenciar o comportamento do professor em relação a esse aluno. Assim, as crenças que o professor tem sobre os alunos com necessidades especiais influenciam o seu modo de ensiná-los. Essas crenças são resultantes das representações que foram construídas ao longo da história sobre a criança com necessidades especiais que, muitas vezes, têm em sua base rótulos e estigmas. Assim, ao entrar na escola tanto esse sujeito como os professores terão que se defrontar com essas representações e enfrentar o desafio de superá-las. Em razão disto, as representações que o professor tem acerca deste aluno definirá a forma de relação entre eles e, em consequência, as possibilidades de desenvolvimento do aluno. A partir dessas considerações, pode-se pensar que o professor também precisa ser olhado como sujeito que necessita de subsídios, de condições especiais, para desenvolver o trabalho de inclusão. Nesse sentido, compreender sua vivência sobre a inclusão permite identificar suas 6 necessidades e investir em sua formação. Logo, o entendimento da percepção e da vivência dos professores sobre os alunos com necessidades educacionais especiais, a análise dos preconceitos existentes e a conscientização dos professores sobre seu papel na inclusão são fatores importantes e determinantes para o processo de desenvolvimento educacional pleno desses alunos. 7 2. DIÁRIO DE LEITURA A preocupação sobre as práticas inclusivas nas escolas do Brasil começou após a Declaração de Salamanca, com desafios e dúvidas. Ainda hoje, os professores do ensino regular se queixam dizendo que não têm conhecimento suficiente ou preparo formal para lidar com crianças com necessidades educacionais especiais, especialmente quando estas apresentam disfunções graves, como paralisia cerebral, deficiência intelectual e comportamentos desafiadores. A colaboração entre profissionais da Educação Especial e Regular pode ser uma alternativa para enfrentar tais desafios. O objetivo deste relato foi o de apresentar um breve histórico de um programa de pesquisa, ensino e extensão que busca aproximar os professores do ensino comum que têm alunos com necessidades especiais em suas salas de aula. A literatura sobre a educação inclusiva aponta várias estratégias para as escolas minimizarem as barreiras de aprendizagem e caminhar em direção à qualidade de ensino para todos os alunos. Entre essas estratégias, destacam- - se a recomendação de oferecer informações e quebrar mitos e preconceitos; garantir formação permanente para todos os profissionais envolvidos no processo; valorizar o professor, que é o responsável por importantes tarefas da escola; e estabelecer sistemas de colaboração e/ou de cooperação, criando e/ou fortalecimento uma rede de apoio. Enfim, os estudos sobre a inclusão escolar têm forçado a adesão ao princípio de que os professores não devem trabalhar sozinhos, mas em equipes compostas por um grupo de pessoas cujas respostas e funções sejam derivadas de filosofia e objetivos mútuos (MADDUX, 1988 apud GARGIULO, 2003). Autores como Wood (1998) e Federico, Herrold e Venn (1999) defendem que os modelos de colaboração entre professores, pais e demais profissionais das escolas, que têm sido implementados para atender à diversidade, já são reconhecidos como estratégias poderosas e bem sucedidas. O poder dasequipes colaborativas está na capacidade de encontrar educadores com talento e habilidades únicos para promover sentimento positivo 8 interdependente para desenvolver as habilidades criativas de solução de problemas, bem como para promover apoio mútuo e responsabilidade compartilhada. Dentre as formas de trabalho colaborativo na escola encontramos dois modelos: o coensino ou ensino colaborativo e a consultoria colaborativa. Bauwens, Hourcade e Friend (1989) foram os primeiros a descrever uma associação entre professores do ensino regular e especial, e nomearam essa relação de ensino colaborativo. Cook e Friend (1995) abreviaram o termo ensino colaborativo para coensino e, progressivamente, clarearam as características inerentes a uma verdadeira relação de colaboração, definindo coensino como: dois ou mais profissionais dando instruções substantivas para um diverso ou misto grupo de alunos num único espaço físico (COOK; FRIEND, 1995, p. 2). No presente talvez uma das mudanças mais desafiadoras para os professores seria abandonar este papel tradicionalmente individual, de controle absoluto da sala de aula, para começar a agir de forma a compartilhar objetivos, tomadas de decisões, instruções, responsabilidades, avaliação da aprendizagem, resolução de problemas e enfim tudo o que envolve a administração da sala de aula. Nesse sentido, os professores e profissionais precisam começar a pensar como “nossa” classe para superar medos e tensões inevitáveis associados às mudanças (BAUWENS; HOURCADE; FRIEND, 1995). Entretanto, para que a inclusão de fato se concretize, é necessário que os professores estejam preparados para lidar com esse tipo de situação. O art. 59, inciso III, diz que os sistemas de ensino devem assegurar aos educandos com necessidades especiais “professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns” (Brasil, 1996, p. 44). Os professores enfrentam dificuldades não só em transmitir para esses alunos as disciplinas específicas em suas áreas de formação, mas falta também o próprio conhecimento “para lidar com a língua brasileira de sinais 9 (libras) e com a presença de intérpretes em suas aulas” (SILVEIRA e SOUZA, 2011, p. 38). Isso se torna ainda mais complicado quando se trata de professores de ciências, como a Química, pois enfrentam grandes dificuldades em lidar com a construção do conhecimento científico voltado para esse grupo específico. Por exemplo, os alunos surdos sofrem muito com essa questão, porque a Química contém uma linguagem específica, que muitas vezes não tem como ser traduzida para LIBRAS, dificultando, assim, a construção do conhecimento. Segundo Silveira e Souza (2011, p.38), o resultado é que mesmo estando em sala de aula, muitos alunos com necessidades especiais acabam sendo apartados ou excluídos – ocorre um distanciamento deles, que não conseguem dar continuidade aos estudos. Além dos professores que não são bem preparados, as próprias instituições de ensino não contam com recursos físicos e didáticos que visam atender às necessidades desses alunos. Por exemplo, alunos cegos necessitam de todos os livros didáticos em Braile, cadeirantes precisam que a estrutura física da escola esteja preparada para recebê-los, tendo, por exemplo, rampas, corrimãos, banheiros adaptados, entre outros aspectos. Infelizmente, não é isso que se vê em muitas escolas da rede pública, principalmente em escolas mais afastadas do centro urbano, que carecem de condições mínimas para continuarem funcionando. Focalizando, porém, no educador, existem cada vez mais pesquisas pautadas nessa formação dos professores voltada para a educação inclusiva. Uma atividade que pode ajudar durante essa formação é “estabelecer uma via de comunicação com instituições e escolas que trabalham com alunos com necessidades educacionais especiais” (SILVA e RETONDO, 2008, p. 28). A elaboração de vários projetos pode ser de auxílio nesse sentido, bem como a inclusão da disciplina Aspectos éticos-políticos-educacionais da normalização e integração da pessoa portadora de necessidades especiais, nos cursos de graduação citados, conforme a indicação do Ministério da Educação, portaria 1.793/94 (Brasil, 1994). 10 A educação inclusiva no Brasil ainda está em seu estado embrionário, e sabemos que o apoio e o investimento dos governos são necessários. Todavia, esperamos que o contínuo aprimoramento de projetos nesse sentido, tanto na formação, como na formação continuada de professores, com o tempo sane ou pelo menos minimize os pontos decadentes do atendimento aos portadores de necessidades especiais. No Brasil, o Plano Nacional de Educação (2011-2020) considera como público alvo da educação inclusiva educandos com deficiência intelectual, física, auditiva, visual e múltipla, alunos com transtorno global do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades; estabelecendo assim a Educação Especial como modalidade de ensino que perpassa todos os segmentos da escolarização, realiza o atendimento educacional especializado (AEE) disponibiliza serviços e recursos próprios e orienta alunos e professora quanto a sua utilização no ensino regular. É direito do aluno, portanto, receber apoio de caráter especializado e recursos diferenciados como: ensino de linguagens e códigos de comunicação e sinalização (deficiência visual e auditiva); atividades voltadas para o desenvolvimento de estratégias de pensamento (deficiência intelectual), adaptação de material e ambiente físico (deficiência física), ampliação ou de recursos ou conteúdos transtorno global e altas habilidades. Considerada nessa perspectiva, ou seja, como modalidade de ensino regular que oferece recursos especializados e de caráter diferenciado para o desenvolvimento da aprendizagem, a educação inclusiva incorpora as demandas da sociedade contemporânea, pois não apenas apoia e acolhe a diversidade entre todos os estudantes como também permite a construção de um projeto pedagógico direcionado a todos, mas que atende as necessidades de cada um não como problemas a serem consertados, mas como oportunidades para enriquecimento do aprendizado construído coletivamente. https://www.infoescola.com/educacao/plano-nacional-de-educacao-pne/ https://www.infoescola.com/pedagogia/educacao-especial/ https://www.infoescola.com/pedagogia/educacao-especial/ 11 3. DIÁRIO DE PESQUISA O diário de pesquisa visa analisar a percepção e as vivências de professores sobre seu papel na inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Outro aspecto que se pretendeu investigar diz respeito aos sentimentos vividos por professores e alunos com necessidades educacionais especiais que, muitas vezes, resultam em insucesso: identidades em crise; sofrimento gerado pela vergonha e/ou culpa, pelo sentimento de incompetência; etc. Para isso, recorremos à Psicologia Histórico-Cultural, utilizando os pressupostos de seu principal representante, Vygotsky, além de autores como Rey, Souza, entre outros, que partem dessa mesma base. A investigação tem se dado com professores de uma escola na região de Planaltina chamada de Radio de Luz, a escola realiza a atividade inclusiva, e tem uma estrutura e profissionais voltados especialmente para essas crianças. A escola oferece uma sala somente para esses alunos onde o ensino é diferenciado de acordo com a necessidade de cada um, e durante os intervalos as crianças realizam atividades recreativas com as outras crianças de toda a escola. Possui rampas de acesso desde a entrada até o acesso aos banheiros, nos parques e playgrounds, banheiros com pios e sanitários acessíveis e até mesmo bebedouros adaptados. Duas professoras dos quais as mesmas falam libras e um Coordenadoraespecialmente para essas crianças. Foram realizadas observações em vários espaços da escola. Os resultados indicaram que os professores possuem percepções que se contrapõem aos pressupostos da educação inclusiva, como uma visão do aluno com necessidades especiais como incapaz, que necessita de tratamento médico por meio de remédios, colocando no aluno a origem e a solução dos problemas que vivem em sala de aula. Além disso, percebe-se que os professores também são afetados com essa questão, pois o fato de não saberem como trabalhar com o aluno provoca mal-estares que os levam a buscar fora de sua sala de aula e de sua prática docente as causas para o insucesso que vivenciam. 12 Após uma breve contextualização sobre a formação e preparo dos professores para a inclusão escolar, segundo suas vivências e percepções, cabe questionar em que medida as representações sobre a formação e as condições materiais de sua realização influenciam sua vivência e percepção sobre os alunos com necessidades educacionais especiais. Antes de responder a esses questionamentos, é importante uma discussão prévia sobre os resultados. A primeira ideia trazida por algumas professoras foi de que o processo de inclusão é válido por questões políticas e sociais. Observa-se como as professoras de Educação Especial, assumem uma postura mais crítica em relação à inclusão algumas professoras questionam os reais motivos das políticas públicas em promovê-la, enquanto a outra critica a postura dos professores e aprova as políticas na medida em que obrigam a escola a se envolver com a questão da Educação Especial. De outro lado, outros professores, de classe regular, entendem que a inclusão é válida por promover a socialização não só do aluno, mas dos demais atores da escola e revela que a inclusão não inclui, pois entende que a aprendizagem do aluno não ocorre e não tem como ocorrer. Esse fato conduz a outro questionamento: será possível incluir apenas promovendo a socialização do aluno? Acreditamos que não, pois incluir equivale a propiciar ao sujeito incluído o acesso a todos os bens de cultura oferecidos aos demais alunos. Logo, se é possível às demais crianças aprenderem, para que a inclusão se efetive, o aluno com necessidades especiais também deve acessar esses conhecimentos, apropriando-se deles e cabe à escola encontrar formas de promover essa apropriação. Esses resultados corroboram as ideias de Gomes e Rey sobre o processo de inclusão, quando dizem que os professores limitam a questão da inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais apenas a uma possibilidade de socialização e a interesses alheios, que frisam a delimitação, massificação e padronização do desenvolvimento humano. 13 Portanto, com base nas falas das professoras, fica evidente a tendência de se considerar a inclusão escolar como uma possibilidade de socialização e que tem em sua base alguns interesses políticos, apresentando-se, portanto, muito mais relacionada ao objetivo de aproximação e convivência de tais alunos com o restante da sala e com o professor do que um real desenvolvimento cognitivo e social do sujeito. É claro que essa possibilidade de interação social dos alunos com necessidades educacionais especiais visando ao seu bem-estar social e dos demais atores da escola é um fator importante, mas não pode se limitar a isso, sem investir no desenvolvimento cognitivo/social, como se estes se estruturassem como processos dicotômicos. Vygostsky também nos ajuda a compreender essa questão, quando traz a ideia de que o aluno com necessidades educacionais especiais é beneficiado sim com o processo de inclusão em seu aspecto cognitivo e social, pois ele não é menos desenvolvido do que aqueles que não possuem necessidades educacionais especiais, mas um sujeito que se desenvolve de outro modo. Portanto, o autor considera o aspecto individual do desenvolvimento do sujeito, em que cada um, dependendo de sua condição física, psicológica e social, desenvolve-se de forma singular, própria, mas sempre se desenvolve. Assim, os alunos com necessidades educacionais especiais atingem o desenvolvimento da mesma forma que os demais alunos; contudo, de um modo diferente, por outra via, com outros meios que ele denomina de compensação e cabe à escola acessar esses meios e modos singulares para poder promovê-lo. Vygostsky discute a ideia de que a inclusão do aluno com necessidades especiais é importante, mas que é preciso que o professor tenha conhecimento sobre as especificidades do desenvolvimento desses alunos, para que estes possam se beneficiar do processo de inclusão, atingindo níveis mais elevados de desenvolvimento. O problema que vemos nesta ideia do autor é a forma 14 como ela aparece na escola: os professores querem conhecer o diagnóstico do aluno, ou seja, sua deficiência e não seu potencial de desenvolvimento. Diante dessa discussão, pode-se pensar que essas percepções dos professores sobre alunos com necessidades educacionais especiais se sustentam em fortes representações sociais, que têm em sua base, sobretudo, o preconceito decorrente do desconhecimento sobre os alunos e o próprio processo de inclusão. Ou, ainda, que mesmo tendo conhecimentos efetivos sobre as deficiências e os processos de inclusão, as representações são tão fortes que se sobrepõem aos conhecimentos científicos. O acesso às percepções dos professores sobre os alunos com necessidades educacionais especiais nos permite afirmar que as percepções dos docentes investigados não se coadunam com os pressupostos da educação inclusiva. Conforme se demonstrou na análise, essas percepções se sustentam em crenças que têm em sua base a incapacidade dos sujeitos para frequentar o ensino regular, visto necessitarem de atendimento de especialistas ou mesmo de medicação. Essa constatação nos leva a concluir que o processo de inclusão nessa escola está ocorrendo de forma perversa, causando sofrimento aos alunos com necessidades educacionais especiais e aos professores, não se constituindo, portanto, como ações promotoras de desenvolvimento. Os dados acessados na pesquisa revelam os conflitos desencadeados pela inclusão de alunos com necessidades especiais: o fato de não saber como trabalhar com o aluno leva o professor a buscar fora de sua sala de aula as causas para o insucesso que vivencia. Assim, muitas vezes, trava-se uma luta entre os professores, e neste caso, as professoras da Educação Especial e as de classes regulares, que, ao invés de se unirem, aproveitando uma política pública que visa promover a inclusão (independentemente de ser ou não a mais adequada), optam por competir entre si, em um jogo de culpabilização e desresponsabilizarão que em nada contribui para o processo de inclusão, mas, 15 ao contrário, cria um clima prejudicial a todos os alunos e professores da escola. Também foi constatado que na escola não se exercita a escuta, visto que os professores têm uma visão cristalizada sobre o que e quem são o aluno, a escola e a família, o que inviabiliza o diálogo e a reflexão. Resultam desse fato as dificuldades de comunicação, compreensão e sensibilidade em todas as instâncias de relações. . 4. CONCLUSÃO O que foi constatado nesse estudo é que a exposição permanente dos professores ao fracasso no processo de inclusão/exclusão gera grande sofrimento, o que, a nosso ver, está na base do adoecimento que relata a matéria e que presenciamos na escola. Logo, adoecimento gerado não pelo aluno com necessidades especiais ou por suas famílias, mas pelas condições em que realizam ou tentam realizar suas ações docentes, as quais envolvem aspectos organizacionais, institucionais, sociais, políticos, identitários, dentre outros. 16 Falar de inclusão, em nossa sociedade, é um desafio. Porque simplesmente, estadita sociedade possui barreiras para separar as escolas regulares dos alunos com necessidades especiais. A primeira, e mais difícil, é o preconceito. A segunda é a estrutura física, que embora não seja tão difícil de ser superada, o poder público não tem disponibilizado verbas suficientes para que estas barreiras sejam superadas. Outra barreira é a falta de conhecimento a respeito dos direitos dos deficientes por parte dos seus familiares. Como lutar por direitos se não se sabe nem mesmo que eles existem. Desta forma, é urgente o início de um trabalho de divulgação dos direitos que os deficientes possuem, para assim eles possam, de fato, lutar por tais direitos.Quanto às nossas escolas, de fato, elas não estão mesmo preparadas para recebê-los. Entretanto, se for esperar que ela se prepare literalmente, esta inclusão demorará ainda mais para ocorrer. Desta forma, é que preciso que as escolas dêem o primeiro passo para o processo de inclusão, que é aceitar que ele se matricule. Entretanto, apesar de toda e qualquer dificuldade, nada deve impedir que a inclusão aconteça. Mesmo porque, uma vez que a inclusão está prevista na nossa Carta maior, a Constituição, isto faz da inclusão direito inalienável e como direito subjetivo, que é, poderá se constituir um crime a escola que não receber os alunos que tiver necessidades especiais. Parece que os professores também estão correndo esse risco, visto que, como se lê na referida reportagem, as instâncias governamentais querem trata o professor. Haverá medicação para os gestores e as famílias e deste modo os problemas serão solucionados? O problema da Educação deve ser curado pela Medicina? E o papel da Psicologia, da Sociologia, da própria Educação e suas teorias, sobretudo relativas à inclusão, em nada contribui para o enfrentamento dos problemas observados na escola? Enfim, esses questionamentos são sem dúvida de extrema importância para o avanço do processo de inclusão e entendemos que tanto a Psicologia como a Educação tem um grande papel nesse processo, ao passo que 17 poderão oferecer contribuições para a compreensão das relações complexas e conflitantes envolvendo o processo de inclusão e tentar promover melhores condições de trabalho e desenvolvimento aos sujeitos envolvidos, como professores, alunos, gestão, entre outros. A educação inclusiva no Brasil ainda está em seu estado embrionário, e sabemos que o apoio e o investimento dos governos são necessários. Todavia, esperamos que o contínuo aprimoramento de projetos nesse sentido, tanto na formação, como na formação continuada de professores, com o tempo sane ou pelo menos minimize os pontos decadentes do atendimento aos portadores de necessidades especiais. 5. REFERÊNCIAS ARGÜELLES, M. E.; HUGHES, M. T.; SCHUMM, J. S. Co-Teaching: A Different Approach to Inclusion. Principal (Reston, Va.), v. 79, n. 4, p. 50-51, 2000. 18 BAUWENS, J.; HOURCADE, J. J.; FRIEND, M. Cooperative teaching: a model for general and special Education. Remedial and Special Education, v. 10, n. 2, p. 17-22, 1989. BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/Secretaria de Educação Especial (SEESP). Censo Escolar. E. Lopes. Flexibilização Curricular: um caminho para o atendimento de aluno com deficiência. PDE, Universidade Estadual de Londrina. Paraná. 2008. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/786-2.pdf Educação Inclusiva – Um pouco de História. Disponível em: http://www.rioeduca.net/blogViews.php?bid=20&id=3444 FAVERO, Osmar (org.). Tomar a educação inclusiva. Brasília: Unesco, 2009. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001846/184683por.pdf MENDES, E. G.; TOYODA, C. Y. Projeto S.O.S. Inclusão - Consultoria colaborativa para favorecer a inclusão escolar num sistema educacional municipal. Relatório Final. (MEC/SESu Processo 269/03/ PRO-EX/UFSCAR). Universidade Federal de São Carlos. Mimeo, 2005. Plano Nacional de Educação. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/ PUGACH, M.; L. JOHNSON. Collaborative practitioners, collaborative schools. Denver, Colo: Love Publishing, 1995. Rey FG. Sujeito e subjetividade. São Paulo:Thomson;2003. p.290. Saviani D. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Rev Bras Educ. 2009;14(40):143-55. Souza VLT. As interações na escola e seus significados e sentidos na formação de valores [Tese de Doutorado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Educação;2004. 284p. Vygotsky LS. Obras completas. Tomo Cinco. Cuba: Editorial Pueblo y Educación;1995. p.304. Vitalino CR. Análise da necessidade de preparação pedagógica de professores de cursos de licenciatura para inclusão de alunos com 19 necessidades educacionais especiais. Rev Bras Educ Espec. 2007;13(3):399-414. SANTOS, F. M. S.O.S. Inclusão: análise da documentação do programa de consultoria colaborativa baseada nos estudos de casos. Iniciação Científica (Graduação em Pedagogia) – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Universidade Federal de São Carlos, 2006. WALTHER-THOMAS, C. Co-teaching experiences: The benefits and problems that teachers and principals report over time. Journal of Learning Disabilities, n. 30, p. 395-407, 1997.
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