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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 1 www.medresumos.com.br ESTERILIZAÇÃO A esterilização é a retirada total de condições de reprodução da vida, seja a que nível for. Assim, o processo de esterilização compreende aquela realizada em materiais cirúrgicos que serão utilizados em seres humanos pelo médico, como compreende também os métodos cirúrgicos realizados para evitar a gravidez. LEGISLAÇÃO PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - CASA CIVIL - CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. LEI Nº 9.263, DE 12 DE JANEIRO DE 1996 Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o disposto nesta Lei. Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: (Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional - Mensagem nº 928, de 19.8.1997) I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce; [Capacidade civil determina alguém que está no gozo de saúde mental, tendo capacidade de manifestar validamente a sua vontade] [A decisão de esterilização, pela mãe, só pode acontecer depois do ato cirúrgico, uma vez que o momento da gravidez envolve uma série de alterações psicológicas para a mulher onde esse consentimento não é tido como válido] II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos [Caso a equipe médica chegue ao consentimento que o útero da gestante, após um parto, não seja capaz de suportar uma nova gestação, a esterilização pode ser uma opção, atendendo é claro a autonomia da paciente, pois a situação é de risco e não perigo] § 1º É condição para que se realize a esterilização o registro de expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes. § 2º É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores. § 3º Não será considerada a manifestação de vontade, na forma do § 1º, expressa durante ocorrência de alterações na capacidade de discernimento por influência de álcool, drogas, estados emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente. § 4º A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será executada através da laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método cientificamente aceito, sendo vedada através da histerectomia e ooforectomia. § 5º Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges [Sendo o consentimento do casal por escrito] § 6º A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente incapazes somente poderá ocorrer mediante autorização judicial, regulamentada na forma da Lei. A esterilização cirúrgica constitui-se no único método de contracepção definitiva, sendo definido como método irreversível. As técnicas laparoscópicas para as mulheres e a vasectomia para os homens vêm sendo empregadas com frequência cada vez maior. Nas provas de residência médica, o que mais é cobrado é a identificação da paciente que pode ser submetida a contracepção cirúrgica. Para essa questão, devemos tomar nota da legislação brasileira. Na teoria, no Brasil, devemos Arlindo Ugulino Netto. BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 2016 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.263-1996?OpenDocument file:///D:/Meus%20Documentos/FAMENE/MEDICINA%20P3%202008.2/BIOÉTICA%20-%20Ronivaldo%20Barros/Textos/Mensagem_Veto/Mv928-97.htm Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 2 www.medresumos.com.br considerar que a lei não é restritiva para a realização da esterilização, mas sim, é abrangente, pois o Brasil, diante de suas condições socioeconômicas, não pode ser dar ao luxo que os casais tenham muitos filhos. Note que a legislação é bastante clara nessa abrangência. LEI 9263 DE 12/01/1996 Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: I. Em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos ou (e não “e”) pelo menos, com 2 filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce. II. Risco de vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos. Outra pergunta frequente é sobre o momento ideal para ligar as trompas da paciente. O que se vê muito na prática é a realização da ligação no mesmo ato da cesárea. Isso, entretanto, é uma conduta que deve ser desestimulada (inclusive, é considerada crime). É, portanto, proibido ligar as trompas da paciente durante o ciclo gravídico-puerperal: é necessário esperar cerca de 42 dias após o parto ou o aborto para ligar a trompa. Esse intervalo é dado porque a paciente pode mudar de ideia e se arrepender da decisão tomada durante o período de gestação. Artigo 4: Parágrafo único. É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de parto, aborto ou até o 42º dia de pós-parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores, ou quando a mulher for portadora de doença de base e a exposição a segundo ato anestésico ou cirúrgico representar maior risco para sua saúde. É necessário relatório escrito e assinado por dois médicos. Portanto, em resumo, a paciente que pode ser submetida à esterilização definitiva é aquela que tenha: ≥25 anos OU ≥ 2 filhos vivos; contanto que: Seja longe do dia do parto e do puerpério; Haja um consentimento do casal; > 60 dias entre a vontade e a cirurgia. OBS 1 : Exceções à regra para que a laqueadura possa ser realizada no mesmo ato da cesárea são: risco de morte da gestante e cesáreas de repetição. ESTERILIZAÇÃO FEMININA Pode ser realizada no momento de uma laparotomia para uma cesariana ou para uma outra cirurgia no abdome. O local ideal para o procedimento é a região ístmica. Minilaparotomia após parto vaginal: no período pós-parto imediato, a posição em que se encontram as trompas facilita o procedimento, que é realizado através de uma incisão infra ou transumbilical (ou técnica de Sauter). É importante frisar que a legislação brasileira vigente não prevê a laqueadura neste período, salvo em raras exceções. Minilaparotomia no intervalo: é geralmente realizada como um procedimento ambulatorial com incisão suprapúbica transversal. Laparoscopia: procedimento que requer anestesia geral. ESTERILIZAÇÃO MASCULINA A vasectomiaé realizada sob anestesia local e consiste na ressecção do ducto deferente. Apresenta índice de Pearl entre 0,1 a 0,15% homens/ano. As principais complicações incluem epididimite congestiva, hematoma do escroto e infecção da ferida operatória. Não se associa a aumento de incidência de câncer de próstata (como se acreditava antigamente), câncer de testículo, urolitíase ou aterosclerose. Importante lembrar que o procedimento não causa impotência, e aconselha-se o uso de preservativo ou outro método contraceptivo nos três primeiros meses do pós-cirúrgico, pois pode haver espermatozoides presentes no ejaculado durante este período. OBS 2 : A princípio, a laqueadura e a vasectomia são métodos considerados como irreversíveis.
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