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Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Nefrologia Doença Renal Crônica Definição Redução progressiva e irreversível da taxa de filtração glomerular Marcadores de lesão renal (um ou mais): • Albuminúria (> 30 mg/24h; relação albumina/creatinina 30 mg/g) • Distúrbios eletrolíticos e outros devido a lesões tubulares • Anormalidades estruturais detectadas por exame de imagem (ex. nefropatia parenquimatosa crônica, múltiplos cistos, redução do tamanho renal e até assimetria renal) • História de transplante renal • TFG diminuída <60mL/min/1,73m2 (categorias de TFG G3a-G5) A TFG esperada é de >90mL/min/1,73m2. No entanto, há uma perda até fisiológica esperada a partir dos 50 anos de idade. Epidemiologia • Censo 2018: cerca de 130.000 dialíticos no Brasil • Principais causas: 1º HAS, 2º DM, 3º Glomerulonefrites cronificadas, 4º rins policísticos... • Taxa de mortalidade anual: 18% Classificação • Estágio 1 significa TFG dentro do padrão, mas com algum fator que induza a lesão renal (ex. múltiplos cistos, HAS e outros). Screening - Identificação dos grupos de risco: • Idosos • Hipertensos • Diabéticos • Doença aterosclerótica • Insuficiência cardíaca • Doenças urológicas (exemplo: litíase, HPB) • Doenças sistêmicas autoimunes (exemplo: LES, esclerodermia) • Drogas nefrotóxicas (ex. AINHs, contraste iodado) • História familiar de DRC (glomerulopatias) • Doenças renais císticas (exemplo: DRPAD) • IRA previamente TFGE* ALBUMINÚRIA (PROTEINÚRIA)** 1 ≥90 A1 (<30) A2 (30-300) A3 (300) 2 60-89 - + ++ 3a 45-59 + ++ +++ 3b 30-45 ++ +++ +++ 4 15-29 +++ +++ +++ 5 <15 +++ +++ +++ Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA • Outros grupos de risco – fumantes, obesos, Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), hiperuricêmicos, síndrome metabólica etc. Taxa de Filtração Glomerular - Cockroft-Gault ("#$%&'(')) ∙ -)./ 01 ∙ 23)(4&5&5( 6é3&8( ("#$%&'(')) ∙ -)./ 01 ∙ 23)(4&5&5( 6é3&8( ∙ 0,85 Creatinina – avalia função renal (de acordo com estágios da DRC) Proteinúria (albuminúria) – avalia prognóstico em relação à progressão da disfunção renal Ambas estão associadas a eventos cardiovasculares Fisiopatologia da DRC 1- Inflamação: Injúria endotelial (diversas causas/ hemodinâmicas, imunológicas, metabólicas) 2- Proliferação: atração de células e citocinas inflamatórias 3- Fibrose Conduta na DRC É sempre importante lembrar que a DRC é de progressão inexorável! O objetivo é frear a progressão e reduzir morbimortalidade • Tratamento da proteinúria – relação com progressão da DRC o iECA/bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina 2 o Antiproteinúricos têm papel hemodinâmico e celular importante na redução/controle da progressão na DRC o Alvo albuminúria entre 30-300 mg/g ou o menor valor possível Os bloqueadores do SRAA atuam vasodilatando a arteríola aferente, diminuindo a pressão no sistema intraglomerular e aliviando a lesão glomerular e proteinúria. ATENÇÃO: em pacientes com TFG < 30, é prudente suspender o uso de iECA/BRA pois encontram-se em estágio já dependente de uma hipertensão intraglomerular para manter função. Medidas Assessórias Restrição proteica – 0,6 a 0,8 g/kg/ dia (reduz proteinúria e hiperfiltração) Controle intensivo de PA – alvo PAs <130 x 80 mmHg Controle intensivo do diabetes – Alvo HbA1c < 7,0% Atingir metas de controle de dislipidemia • LDLc <100 mg/dL • Em diabéticos – LDLc < 70 mg/dL • Triglicérides < 150 mg/dL • Ácido úrico < 7,5 Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Interromper tabagismo Tratar a obesidade CA < 102 cm em homens e < 88 cm em mulheres Redução da ingesta de sódio para < 2,4 g/dia Prática de atividades físicas Tratamento das doenças de base Redução da taxa de progressão da DRC Tratamento dos sintomas e das complicações relacionadas à DRC Ajustar dose de medicamentos de excreção ou metabolização renal Metformina deve ser mantida até TFG > 30 Prevenção de doença cardiovascular Saber o momento de suspender os iECA/BRA com TFG < 30 mL/minuto Preparar o paciente para TRS Alterações clínicas e laboratoriais – a partir do estágio 3a • Fases iniciais – adaptação funcional/ hiperfiltração • Sintomas – mais exuberantes à medida que a doença progride o Noctúria – presente desde as fases mais precoces o Edema, dispneia o Piora do controle pressórico – retenção hidrossalina pela redução da massa glomerular, ativação do SRAA o Náuseas, vômitos, anorexia, emagrecimento – geralmente associados a níveis elevados de ureia o Piora status neurológico/cognitivo Neuropatia – padrão sensitivo-motor distal Disfunção erétil Retençao hídrica Causada por redução da massa de néfrons funcionantes e retenção hidrossalina – ativação do SRAA. Piora do status cardiológico em pacientes com insuficiência cardíaca Sintomas relacionados: edema/anasarca/dispneia e piora do controle pressórico. Tratamento: Diuréticos • Diuréticos de alça (furosemida, bumetamina) em estágios mais avançados da DRC • Tiazídicos (clortalidona, HCTz, indapamida) • Poupadores de potássio (espironolactona), mas deve ser evitado em hipercalemia Controle da acidose A partir do estágio 4, com a redução mais significativa da massa de glomérulos íntegros, há comprometimento da reabsorção tubular de bicarbonato Aumento do catabolismo e aumento na produção de H+ Acidose está associada a progressão da DRC, aumento de catabolismo muscular/desnutrição, piora do metabolismo mineral ósseo e do controle da anemia Tratamento: • Bicarbonato de sódio VO Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA (Alvo bicarbonato > 22 mEq/L) • Dieta – Restrição proteica (0,6 a 0,8 g/dia) • Se refratária, indicação de HD Hipercalemia A partir do estágio 3a já se inicia redução da eliminação de K Aumento do catabolismo Principal complicação são arritmias fatais Tratamento: Suspensão de iECA/BRA/espironolactona em fases avançadas ou quando não há bom controle da hipercalemia Controle nutricional Diuréticos de alça (expoliação) Bicarbonato de sódio (shift de potássio do extra para o intracelular) Medidas de cardioproteção – urgência Anemia na DRC Assintomática nas fases mais iniciais ou quando hemoglobina se encontra acima de 9,0-10,0 g/dL. Piora de status cardiológico, funcional e cognitivo em idosos. • Estado inflamatório persistente/hepcidina – redução da absorção e da mobilização dos estoques de ferro corporais, bloqueio da maturação de eritrócitos e produção de eritropoietina • Hiperparatireoidismo • Perdas sanguíneas • Deficiência de ferro, vitamina B12/ácido fólico • Redução da meia-vida das hemácias • Deficiência de EPO – quantitativa e/ou qualitativa Tratamento • Alvo de hemoglobina entre 10,0 e 12,0 g/dL (níveis mais altos são associados a aumento de RCV) • Reposição dos estoques de ferro: sat Fe 20 a 40% e ferritina 200 a 500 ng/mL • Uso de agentes estimuladores da eritropoese principalmente em Hb < 9 • Correção de vitamina B12/ácido fólico somente se necessário • Esse manejo é valido também para pacientes em diálise • Em pacientes a partir do estagio 4, é melhor fazer reposição EV. Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Distúrbio do Metabolismo Mineral Ósseo (DMO) na DRC Complicação comum da DRC com distúrbio do cálcio, fósforo, PTH e vitamina D. Aumento da prevalência com o avanço da DRC O termo osteodistrofia renal é aplicado apenas para o espectro ósseo do acometimento do DMO A complicação mais dramática da DMO é a calcificação vascular k 1. O rim tem perda de glomérulos que é mais significantea partir do estágio 3B 2. Redução da 1-a-hidroxilase que ativa a vitamina D + perda de excreção renal de Fosfato, cursando, então com hiperfosfatemia. 3. A redução da fosfatúria gera aumento do FGF 23 (hormônio fosfatúrico), o qual possui ainda a função de pró-fibrótico e inibe vitamina D. 4. Queda em Cálcio e Vitamina D, estimulam o paratormônio, o que age desminerilizando ossos e aumentando Ca sérico 5. No entento, o cálcio acaba por quelar com potássio, sugindo, então, calcificações vasculares, musculares e em outros órgãos. Tratamento • Reposição de 25-hidroxivitamina D (>30 ng/mL) • Restrição de fósforo na dieta • Quelantes de fósforo – cálcicos (exemplo: CaCO3, acetato de cálcio) e não cálcicos (exemplo: sevelamer, carbonato de lantano) • Análogos de vitamina D (exemplo: paricalcitol) • Vitamina D ativa (calcitriol VO ou EV) • Calcimiméticos (cinacalcete): enganam a paratireoide, impedindo o aumento de PTH • Alvos: o Ca e P nos limites da normalidade o PTH 200-300 pg/mL o Pacientes em diálise 2 a 9 vezes o valor normal ¯ ®
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