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DISCIPLIANA – ATUALIDADES
PROFESSOR RAFAEL LEAL
PARTE 1- ASPECTOS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO
GLOBALIZAÇÃO
A globalização é um processo de integração social, econômica e cultural entre as diferentes regiões do planeta. A globalização é um dos termos mais frequentemente empregados para descrever a atual conjuntura do sistema capitalista e sua consolidação no mundo. Na prática, ela é vista como a total ou parcial integração entre as diferentes localidades do planeta e a maior instrumentalização proporcionada pelos sistemas de comunicação e transporte.
Mas o que é globalização exatamente?
O conceito de globalização é dado por diferentes maneiras conforme os mais diversos autores em Geografia, Ciências Sociais, Economia, Filosofia e História que se pautaram em seu estudo. Em uma tentativa de síntese, podemos dizer que a globalização é entendida como a integração com maior intensidade das relações socioespaciais em escala mundial, instrumentalizada pela conexão entre as 
Há um século, por exemplo, a velocidade da comunicação entre diferentes partes do planeta até existia, porém ela era muito menos rápida e eficiente que a dos dias atuais, que, por sua vez, poderá ser considerada menos eficiente em comparação com as prováveis evoluções técnicas que ocorrerão nas próximas décadas. Podemos dizer, então, que o mundo encontra-se cada dia mais globalizado.
O avanço realizado nos sistemas de comunicação e transporte, responsável pelo avanço e consolidação da globalização atual, propiciou uma integração que aconteceu de tal forma que tornou comum a expressão “aldeia global”. O termo “aldeia” faz referência a algo pequeno, onde todas as coisas estão próximas umas das outras, o que remete à ideia de que a integração mundial no meio técnico-informacional tornou o planeta metaforicamente menor.
A origem da Globalização
Não existe um total consenso sobre qual é a origem do processo de globalização. O termo em si só veio a ser elaborado a partir da década de 1980, tendo uma maior difusão após a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria. No entanto, são muitos os autores que defendem que a globalização tenha se iniciado a partir da expansão marítimo-comercial europeia, no final do século XV e início do século XVI, momento no qual o sistema capitalista iniciou sua expansão pelo mundo.
De toda forma, como já dissemos, ela foi gradativamente apresentando evoluções, recebendo incrementos substanciais com as transformações tecnológicas proporcionadas pelas três revoluções industriais. Nesse caso, cabe um destaque especial para a última delas, também chamada de Revolução Técnico-Científica-Informacional, iniciada a partir de meados do século XX e que ainda se encontra em fase de ocorrência. Nesse processo, intensificaram-se os avanços técnicos no contexto dos sistemas de informação, com destaque para a difusão dos aparelhos eletrônicos e da internet, além de uma maior evolução nos meios de transporte.
Portanto, a título de síntese, podemos considerar que, se a globalização iniciou-se há cerca de cinco séculos aproximadamente, ela consolidou-se de forma mais elaborada e desenvolvida ao longo dos últimos 50 anos, a partir da segunda metade do século XX em diante.
Características da globalização / aspectos positivos e negativos
Uma das características da globalização é o fato de ela se manifestar nos mais diversos campos que sustentam e compõem a sociedade: cultura, espaço geográfico, educação, política, direitos humanos, saúde e, principalmente, a economia. Dessa forma, quando uma prática cultural chinesa é vivenciada nos Estados Unidos ou quando uma manifestação tradicional africana é revivida no Brasil, temos a evidência de como as sociedades integram suas culturas, influenciando-se mutuamente.
Existem muitos autores que apontam os problemas e os aspectos negativos da globalização, embora existam muitas polêmicas e discordâncias no cerne desse debate. De toda forma, considera-se que o principal entre os problemas da globalização é uma eventual desigualdade social por ela proporcionada, em que o poder e a renda encontram-se em maior parte concentrados nas mãos de uma minoria, o que atrela a questão às contradições do capitalismo.
Efeitos da Globalização
Existem vários elementos que podem ser considerados como consequências da globalização no mundo. Uma das evidências mais emblemáticas é a configuração do espaço geográfico internacional em redes, sejam elas de transporte, de comunicação, de cidades, de trocas comerciais ou de capitais especulativos. Elas formam-se por pontos fixos – sendo algumas mais preponderantes que outras – e pelos fluxos desenvolvidos entre esses diferentes pontos.
Outro aspecto que merece destaque é a expansão das empresas multinacionais, também chamadas de transnacionais ou empresas globais. Muitas delas abandonam seus países de origem ou, simplesmente, expandem suas atividades em direção aos mais diversos locais em busca de um maior mercado consumidor, de isenção de impostos, de evitar tarifas alfandegárias e de angariar um menor custo com mão de obra e matérias-primas. O processo de expansão dessas empresas globais e suas indústrias reverberou no avanço da industrialização e da urbanização em diversos países subdesenvolvidos e emergentes, incluindo o Brasil.
Outra dinâmica propiciada pelo avanço da globalização é a formação dos acordos regionais ou dos blocos econômicos. Embora essa ocorrência possa ser inicialmente considerada como um entrave à globalização, pois acordos regionais poderiam impedir uma global interação econômica, ela é fundamental no sentido de permitir uma maior troca comercial entre os diferentes países e também propiciar ações conjunturais em grupos.
Por fim, cabe ressaltar que o avanço da globalização culminou também na expansão e consolidação do sistema capitalista, além de permitir sua rápida transformação. Assim, com a maior integração mundial, o sistema liberal – ou neoliberal – ampliou-se consideravelmente na maior parte das políticas econômicas nacionais, difundindo-se a ideia de que o Estado deve apresentar uma mínima intervenção na economia.
A globalização é, portanto, um tema complexo, com incontáveis aspectos e características. Sua manifestação não pode ser considerada linear, de forma a ser mais ou menos intensa a depender da região onde ela se estabelece, ganhando novos contornos e características. Podemos dizer, assim, que o mundo vive uma ampla e caótica inter-relação entre o local e o global
Exercícios 
1. Leia a frase para responder à questão. Fenômeno decorrente da implementação de novas tecnologias de comunicação e informação, isto é, de novas redes técnicas, que permitem a circulação de ideias, mensagens, pessoas e mercadorias num ritmo acelerado, e que acabaram por criar a interconexão entre os lugares em tempo simultâneo. PCN Geografia. Adaptado
A descrição revela o fenômeno da
a) conurbação.
b) metropolização.
c) globalização.
d) revolução industrial.
e) favelização.
2. A atual fase da evolução capitalista é denominada: Globalização. Assinale a afirmativa incorreta sobre esse fenômeno.
a) É marcado pela mundialização da produção, da circulação e do consumo.
b) Preocupa-se com a eliminação de barreiras entre nações, enfraquecendo as grandes corporações econômicas e fortalecendo o Estado.
c) Acelera o processo competitivo avançado na informatização, automatização e na robotização das atividades produtivas.
d) O espaço mundial tende a ficar cada vez mais homogêneo, pois tem acentuado as diferenças entre os países.
3. Você está fazendo uma pesquisa sobre a globalização e lê a seguinte passagem, em um livro:
A SOCIEDADE GLOBAL
As pessoas se alimentam, se vestem, moram, se comunicam, se divertem, por meio de bens e serviços mundiais, utilizando mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial, globalizado.
Suponhamos que você vá com seus amigos comer Big Mac e tomar Coca-Cola no Mc Donald’s. Em seguida, assiste a um filme de Steven Spielberg e volta para casa num ônibus de marca Mercedes.
Ao chegar em casa, liga seu aparelho de TV Philips para ver o videoclipde Michael Jackson e, em seguida, deve ouvir um CD do grupo Simply Red, gravado pela BMG Ariola Discos em seu equipamento AIWA.
 Veja quantas empresas transnacionais estiveram presentes nesse seu curto programa de algumas horas.
Adap. Praxedes et alli, 1997. O MERCOSUL. SP, Ed. Ática, 1997.
Com base no texto e em seus conhecimentos de Geografia e História, marque a resposta correta.
a) O capitalismo globalizado está eliminando as particularidades culturais dos povos da terra.
b) A cultura, transmitida por empresas transnacionais, tornou-se um fenômeno criador das novas nações.
c) A globalização do capitalismo neutralizou o surgimento de movimentos nacionalistas de forte cunho cultural e divisionista.
d) O capitalismo globalizado atinge apenas a Europa e a América do Norte.
e) Empresas transnacionais pertencem a países de uma mesma cultura.
4. A leitura exercício acima ajuda você a compreender que:
I. a globalização é um processo ideal para garantir o acesso a bens e serviços para toda a população.
II. a globalização é um fenômeno econômico e, ao mesmo tempo, cultural.
III. a globalização favorece a manutenção da diversidade de costumes.
IV. filmes, programas de TV e música são mercadorias como quaisquer outras.
V. as sedes das empresas transnacionais mencionadas são os EUA, Europa Ocidental e Japão.
Destas afirmativas estão corretas:
a) I, II e IV, apenas.
b) II,IV e V, apenas. 
c) II, III e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) III, IV e V, apenas.
5. Um dos fenômenos mais discutidos e polêmicos da atualidade é a "Globalização", a qual impacta de forma negativa:
a) na mão-de-obra desqualificada, desacelerando o fluxo migratório.
b) nos países subdesenvolvidos, aumentando o crescimento populacional.
c) no desenvolvimento econômico dos países industrializados desenvolvidos.
d) nos países subdesenvolvidos, provocando o fenômeno da "exclusão social".
e) na mão-de-obra qualificada, proporcionando o crescimento de ofertas de emprego e fazendo os salários caírem vertiginosamente.
6. IFTM 2012 - Globalização é o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa "aldeia-global", explorada pelas grandes corporações internacionais. Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Processo esse que é acompanhado por uma intensa revolução nas tecnologias de informação -telefones, computadores e televisão.
São características da globalização, exceto:
a) É marcada pela expansão mundial das grandes corporações internacionais. A cadeia de fast food McDonalds, por exemplo, possui 18 mil restaurantes em 91 países.
b) As transnacionais instalam suas fábricas em qualquer lugar do mundo onde existam as melhores vantagens fiscais, mão de obra e matérias-primas baratas. Essa tendência leva a uma transferência de empregos dos países ricos - que possuem altos salários e inúmeros benefícios - para as nações industriais emergentes, como os Tigres Asiáticos.
c) A crescente concorrência internacional tem obrigado as empresas a cortar custos, com o objetivo de obter preços menores e qualidade alta para os seus produtos. Nessa reestruturação estão sendo eliminados vários postos de trabalho, tendência que é chamada de desemprego estrutural.
d) O fim de milhares de empregos, no entanto, é acompanhado pela criação de outros pontos de trabalho. Novas oportunidades surgem, por exemplo, na área de informática, com o surgimento de um novo tipo de empresa, as de "inteligência intensiva", que se diferenciam das indústrias de capital ou mão de obra intensivas.
e) Caixas automáticos tomam o lugar de caixas de bancos, fábricas robotizadas dispensam operários, escritórios informatizados prescindem datilógrafos e contadores. Nos países subdesenvolvidos e pobres, o desemprego também é causado pelo deslocamento de fábricas para os países com custos de produção mais baixos.
7- O final da década de 1980 e início da década de 1990, mais especificamente de 1989 a 1991, foram marcados por mudanças radicais no mapa mundi político. Segundo Vesentini (1998): “Novos Estados nações (países) surgiram nesses três anos e outros desapareceram. Fronteiras aparentemente sólidas foram redefinidas”.
As transformações citadas acima levaram a uma nova ordem mundial, que pode ser definida como:
(A) bipolar, marcada pela disputa entre duas superpotências e pela oposição entre o capitalismo e o socialismo;
(B) multipolar, o que significa que existem vários pólos ou centros de poder no plano mundial;
(C) multipolar, marcado por conflitos entre vários sistemas socioeconômicos alternativos;
(D) bipolar, marcado pelo Estado Nacional, onde tudo gira ao redor das suas relações econômicas ou político-militares;
(E) bipolar, onde a principal contradição dessa ordem é o conflito Leste/Oeste, entre dois sistemas socioeconômicos.
8 O processo de globalização tem, na atualidade, provocado grandes mudanças tanto na esfera econômica, financeira e política quanto na vida social e cultural dos povos e nações, em escala mundial. A esse respeito, é possível afirmar, de modo correto, que:
(A) a maioria das instituições financeiras globais tem suas sedes localizadas nos países subdesenvolvidos.
(B) o avanço das telecomunicações e da informática e o uso da Internet são fundamentais para os fluxos financeiros mundiais.
(C) o Estado intervém diretamente na economia por meio de potentes investimentos no setor industrial, fortalecendo, assim, as empresas estatais.
(D) as transformações políticas, econômicas, sociais e tecnológicas dão-se, da mesma forma, nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
(E) os blocos econômicos regionais são constituídos com o objetivo único de formação de alianças para defender a autonomia política dos países membros.
9-Leia o fragmento a seguir sobre as características do processo de globalização.
"Suponhamos que você vá com seus amigos comer um cheeseburger e tomar Coca-Cola no McDonald's. Em seguida, assista a um filme de Steven Spielberg e volte para casa num carro Ford ou num ônibus Mercedes. Ao chegar, o telefone toca. Você atende num aparelho fabricado pela Siemmens e ouve um amigo lembrando-o de um videoclipe que começou há instantes na televisão: Michael Jackson em seu último lançamento. Você corre e liga o aparelho da marca Mitsubishi. Ao terminar o clipe, decide ouvir um CD do grupo Simply Red gravado pela BMG Ariola Discos, de propriedade da Warner, em seu equipamento Philips."
Sobre esse processo, é incorreto afirmar:
a) A globalização é um processo, ainda em curso, de integração de economias e mercados nacionais.
b) A globalização implica certa interdependência de países e de pessoas, além da uniformização de padrões de consumo em âmbito mundial.
c) As pessoas dependem crescentemente de mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial.
d) As pessoas podem usufruir de todos os produtos da economia globalizada porque a riqueza social é mais bem distribuída.
10) (UEPA) Dentre as características do mundo globalizado encontram-se os padrões tecnológicos avançados de organização da produção de bens e a formação de blocos econômicos.
A figura abaixo indica os países que participam da fabricação das partes que compõem um Boeing
Com base nas informações sobre o assunto retratado no texto e na figura, analise os itens abaixo e, posteriormente, assinale a alternativa correta.
I- As peças que compõem o Boeing são consideradas de alta tecnologia, por isso, são produzidas em nações industrializadas e com amplo domínio tecnológico.
II- Os países que participam da produção do Boeing investem somas elevadas em ciências e tecnologias e constituem os principais polos tecnológicos mundiais.
III- Os países que fazem parte da produção do Boeing, com o objetivo de fortalecer as relações econômicas internacionais, integram o Bloco Econômico Europeu.
IV- A produção do Boeing é realizada por vários países, porém há monopóliodo produto final pelo país responsável pela comercialização do Boeing.
a) Apenas I e III estão corretos.
b) Apenas II e III estão corretos.
c) Apenas II e IV estão corretos.
d) Apenas I, II e IV estão corretos.
e) Todos os itens estão corretos.
Gabarito
1. C
2. B
3. A
4. B
5. D
6. E
7. B
8. B
9. D
10. D 
QUESTÃO MIGRATÓRIA NA EUROPA
Para os mais de 300 mil imigrantes e refugiados que chegaram à Europa pelo Mar Mediterrâneo até agosto deste ano, arriscar a vida em embarcações sem nenhuma infraestrutura não é pior do que as circunstâncias que eles vivem em seus países. 
Vítimas de guerras civis, terrorismo, perseguições e miséria, eles buscam no continente uma chance de uma vida mais digna, mas nem sempre chegam à terra firme. Só em 2015, mais de 2.500 pessoas morreram afogadas na travessia, um número sem precedentes. 
Quem são os imigrantes?
De todo o contingente que cruzou o Mar Mediterrâneo em direção a Europa durante os primeiros seis meses de 2015, um terço era formado por homens, mulheres e crianças da Síria, cujos cidadãos têm sido quase universalmente reconhecidos como refugiados ou elegíveis a outras formas de proteção internacional. Os outros dois terços são majoritariamente originários de países como Afeganistão e Eritréia.
"Enquanto a Europa debate a melhor maneira de lidar com esta crescente crise no Mediterrâneo, os refugiados são a maioria dos que chegam à Europa em busca de proteção", afirmou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres.
No caso da África, países como Senegal, Mali, Guiné e Gâmbia concentram os maiores índices de imigrantes ilegais rumo a Europa. A maioria deles são homens solteiros na faixa dos 20 anos.
Para o pesquisador do observatório interdisciplinar de políticas públicas e professor de economia José Renato de Campos Araújo, esse aumento no fluxo de migratório se deve principalmente ao crescente número de conflitos internos em países da África e do Oriente Médio.
 
"A Europa é o foco de imigrantes, principalmente africanos, desde pelo menos a década de 1960, por causa da riqueza do continente. Mesmo com a crise europeia, a região ainda é convidativa. Ainda mais porque há um grande número de compatriotas, o que facilita a adaptação", explica.
Travessia milionária
Para atravessar o Mediterrâneo, os imigrantes se arriscam em embarcações superlotados sem o mínimo de segurança. Aliciados por traficantes de pessoas, os passageiros acabam desenbolsando quantias maiores do que R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo – um único barco pode render US$ 1 milhão.
Apesar do pagamento alto, eles não têm qualquer garantia de que terão seus pedidos de refúgio aceitos. Muitos não ficam no destino final e são mandados de volta aos seus respectivos países de origem. 
Pedidos de refúgio na Europa
A agência de refugiados da ONU indica que o maior grupo requerentes no continente é formado por sírios, com 122.800 requisições de asilo, ou 20% do número total de candidatos. Eritreus que fogem da guerra estão em segundo lugar. 
O destino preferido é a Alemanha, que no ano passado recebeu 202.700 requisições, ou 32% do total. A Suécia veio logo em seguida com 81.200, ou 13%. Seguem Itália, com 64.600, ou 10% do total, França, 62.800, ou 10%, e a Hungria, 42.800, ou 7%.
 
Criança caminha em direção ao centro de imigrantes em Roma (Arquivo)
No caso da África, países como Senegal, Mali, Guiné e Gâmbia, concentram os maiores índices de imigrantes ilegais rumo a Europa. A maioria deles são homens solteiros na faixa dos 20 anos.
Trajetória antes do destino ideal
Antes de chegarem aos países onde vão buscar refúgio, muitos migrantes passam por países vizinhos, como Turquia e Líbano, em busca de proteção. Mas como esses Estados vivem uma crise estrutural e econômica – até pela chegada cada vez maior de refugiados sem o devido apoio internacional –, a única opção acaba sendo seguir viagem.
Muitos dos milhares de imigrantes que chegam à Grécia todos os dias, principalmente a partir da vizinha Turquia, têm como objetivo atingir a Macedônia, onde pegam um trem superlotado para a Sérvia. Lá, eles tentam alcançar a União Europeia novamente, através da Hungria.
Tanto que, atualmente, a rota mais utilizada por aqueles que conseguem chegar à Europa, é a dos Balcãs Ocidentais (a fronteira terrestre húngara com a Sérvia), onde o número de migrantes detidos ultrapassou os 10 mil de janeiro a abril deste ano. No período entre 1º de Janeiro e 31 de maio, mais de 50 mil migrantes foram pegos nessa rota, um aumento de 880% em relação ao mesmo período de 2014.
Exercício
1- Um dos principais traços da dinâmica demográfica mundial é a migração internacional, que recria conflitos espaciais de diferentes ordens. Esse tipo de migração é explicado
a) pela incorporação de valores ocidentais no Oriente e de valores orientais no Ocidente, diminuindo as fronteiras simbólicas.
b) pela facilidade do fluxo de trabalhadores condicionados pelos novos meios de comunicação e transportes.
c) pela aprendizagem de idiomas dos países ricos como forma de incorporação às novas demandas da indústria.
d) pelo livre acesso dos indivíduos no interior dos países signatários de acordos de livre comércio e cooperação.
e) pelo aumento global do desemprego, que gera miséria nas nações de baixo índice de desenvolvimento humano.
2 As imagens de um menino sírio morto numa praia da Turquia viraram símbolo da crise migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentaram chegar à Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.
 
Sobre esse episódio, assinale a alternativa CORRETA: 
A) O mundo enfrentou a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a Comissão Europeia. Mais de um milhão de imigrantes atravessaram o Atlântico em janeiro de 2015 e mais de 2.643 pessoas morreram no mar quando tentavam chegar à Europa, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações).
B) A chegada de centenas de milhares de imigrantes confundiu os Estados Unidos, que autorizou a entrada dessas pessoas em seu território, mas ordenou que elas buscassem asilo no país, até que suas aplicações fossem processadas.
C) A Hungria anunciou que finalizou a construção de uma barreira constituída de três rolos de arame farpado que se estende ao longo de 175 km da fronteira com a Sérvia. A medida foi criticada pela França. A Comissão Europeia também deixou claro seu desagrado com a cerca húngara, mas o país não enfrenta sanção por construí-la.
D) Nenhuma das alternativas.
3) (UNIOESTE) Sobre o fenômeno migratório, leia as afirmativas abaixo: 
I. Os movimentos migratórios podem ser espontâneos ou forçados; um exemplo deste último tipo de migração é a dos refugiados de guerra.
II. Pode-se chamar de refugiados ambientais aos migrantes que deixam lugares por problemas ambientais que dificultam as condições de vida, como a seca, a desertificação, enchentes, etc
III. O fator trabalho é uma das razões centrais para os movimentos migratórios. É motivo, por exemplo, para a emigração de brasileiros para os EUA.
IV. A Europa foi um importante foco de imigração a partir do século XV até aproximadamente a metade do século XX, recebendo imigrantes das colônias e ex-colônias, que buscavam as boas condições de vida nas cidades européias. Atualmente, este continente transformou-se em área de emigração, com pessoas que se dirigem em busca de novas oportunidades em outros continentes, como o americano, o africano e o asiático.
V. O Brasil, no século XIX, foi área de atração de imigrantes que buscavam novas oportunidades, sendo o maior grupo o de origem latino-americana (paraguaios, argentinos, bolivianos, etc.). 
Assinale a opção que contem as afirmações corretas. 
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) III, IV e V.
d) IV e V.
e) V e I.
4- Tendo em vista a dinâmica mundial dos movimentos migratórios na atualidade, qual das afirmações a seguir pode ser considerada correta?
a) As graves crises econômicas e políticas que estão ocorrendona África, têm feito com que as fronteiras de alguns países sejam palco de afluxo de milhares de refugiados, produzindo o que podemos chamar de "fronteiras em caos".
b) A fronteira que separa a Europa do Noroeste da África mantém a mesma abertura da década de 50 e essa situação é de suma importância para o fluxo migratório em direção à Europa.
c) Na África, as migrações entre  países pobres não encontram impedimentos por parte dos Estados, fato que provoca uma grande mobilidade da população em todo o território africano.
d) As migrações oriundas da região do Caribe, em direção à América do Norte, não conhecem nenhum tipo de obstáculo, fato que tem contribuído para o aumento dos fluxos migratórios.
e) As "fronteiras abertas" dos países da Europa Ocidental têm permitido o livre fluxo de imigrantes oriundos, principalmente, dos países do Caribe e da África que apresentam graves problemas econômicos.
5- A Europa enfrenta atualmente uma grave crise de refugiados e migrantes. Desde o início de 2015, mais de 300 mil pessoas tentaram chegar ao continente por meio de travessias perigosas no Mediterrâneo. O fluxo intenso de pessoas está relacionado à situação de conflitos armados e de perseguição existente em vários países, principalmente na Ásia e na África. Segundo cálculo da Organização das Nações Unidas divulgado em julho, cerca de 62% dos que tentam chegar à Europa são considerados refugiados, ou seja, têm chances de receber asilo por fugir de perseguição, conflito ou guerra. Os demais são classificados como migrantes, o que significa que viajam em busca de melhores condições e não correm risco de vida em seu país de origem. Os principais países de origem dos refugiados e migrantes que tentaram chegar à Europa pelo Mediterrâneo entre janeiro e junho de 2015 são: 
a) Parte superior do formulário
a) Síria, Afeganistão e Eritreia. 
b) Síria, Sudão e Turquia.
c) Sudão, Turquia e Iraque.
d) Síria, Nigéria e Paquistão.
e) Nigéria, Paquistão e Sudão. 
6- Observe a figura a seguir.
Disponível em: <http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/10/o-naufragio-dos-imigrantes-na-europa.html>. Acesso em: 27 out. 2013.
 
Com base em seus conhecimentos relativos à temática apresentada na figura, é correto afirmar que:
a) a crise econômica e a instabilidade política na Europa têm promovido a emigração forçada de europeus para outros continentes.
b) apesar de os recentes naufrágios ocorridos próximo à Itália evidenciarem a grave situação em que vivem milhões de africanos, as medidas apontadas pela União Europeia são relativas ao aumento da fiscalização nas fronteiras.
c) há necessidade de erguer muros e aumentar a fiscalização em todas as fronteiras, a fim de evitar as levas de migrantes africanos, que aumentam a violência nas cidades europeias.
d) os imigrantes africanos, em geral, ocupam postos de trabalho bem remunerados, tirando empregos dos europeus e reforçando o sentimento xenofóbico.
e) após superarem os desastres resultantes de séculos de colonização europeia, os países da África continuam a receber ajuda econômica das grandes potências, não sendo justificável a imigração clandestina.
7- Passava das 22 horas de 17 de setembro quando Condé Karouno, de 18 anos, recebeu o sinal. Depois de três meses de espera e duas tentativas frustradas, uma massa humana de centenas de imigrantes, como ele, correu montanha abaixo, saltou as valas escavadas na areia e se jogou sobre as grades que demarcam a fronteira entre Nador, no Marrocos, e Melilla, enclave da Espanha no Norte da África.
(O Estado de S.Paulo, 03.11.2013.) 
Para combater o acesso ilegal ao continente europeu, a Espanha e outros países têm reforçado a repressão com a construção de barreiras em suas fronteiras. A partir da notícia, é correto afirmar que
a) a intolerância aos imigrantes africanos é um sinal da inabilidade diplomática europeia, diferente do que ocorre, por exemplo, nas fronteiras sul-americanas.
b) os imigrantes africanos fogem da fome, da miséria e das guerras civis, sujeitando-se ao risco da travessia e da permanência ilegais em território europeu.
c) os fluxos oriundos da África são motivados pela busca de formação escolar sólida, deficitária nas regiões de fronteira e incentivada pelos países europeus.
d) as barreiras possuem caráter simbólico e temporário, financiadas pelo governo marroquino até a melhora concreta em seus índices de desenvolvimento humano.
e) o governo espanhol vê nas barreiras uma frente de investimentos no atual período de crise, ao ampliar postos de trabalho nas áreas de fronteira.
Sobre o fenômeno representado no mapa abaixo, é correto afirmar que se trata:
 
(Fonte da figura: L’economie internacionale en mouvement.)
                   
1. do ritmo das atividades econômicas oriundas do relaxamento dos controles burocráticos e militares em alguns países do leste europeu.
2. da intensificação atual de grandes ondas de migração para a Europa, desencadeadas, sobretudo, pelos desequilíbrios econômicos entre sociedades ricas e pobres.
3. da intensificação de fluxos demográficos causados pelo recrudescimento das rivalidades étnicas, políticas e nacionais nos países do Oeste da Europa.
 
Está (ão) correta(s):
 
a) 1 apenas
b) 2 apenas
c) 2 e 3 apenas
d) 1 e 3 apenas
e) 1, 2 e 3
 
10-Analise a figura dos fluxos migratórios mundiais da atualidade e assinale a alternativa correta.
 
a) A maior parte dos atuais imigrantes sul-americanos residentes na América do Norte é constituída, sobretudo, de refugiados políticos das ditaduras de seus respectivos países.
b) O fluxo migratório da África para a Europa Ocidental advém da precária situação socioeconômica que caracteriza a maior parte dos países africanos, decorrência, em grande medida, da própria história da colonização dessas nações.
c) As três regiões de forte atração migratória observadas na figura levam-nos a crer que, por serem regiões de língua inglesa, atraem muitos estudantes de diversas partes do mundo.
d) Os grandes fluxos migratórios da Europa Oriental e Oriente Médio para a Europa Ocidental são decorrentes da perseguição religiosa, principalmente do fundamentalismo islâmico.
e) Catástrofes naturais como tsunamis, terremotos e vulcanismo podem explicar o fato de a Ásia ser a região de maior dispersão populacional do mundo, como mostra a figura.
GABARITO
1- E
2- A
3- A
4- A
5- A
6- B
7- B
8- B
9- B
10- B
11- Parte inferior do formulário
ÁFRICA: CONTINENTE POSSUI MAIOR NÚMERO DE CONFLITOS ARMADOS
Nem tudo é violência em Mali: feira diante da Grande Mesquita de Djenné, cidade histórica, que foi considerada patrimônio da humanidade pela Unesco
A França iniciou no dia 11 de janeiro uma intervenção militar em Mali, na África, para deter o avanço de rebeldes islâmicos, que já controlam parte do país africano. Mali é uma antiga colônia francesa e um dos países mais pobres do mundo, com metade da população de 12 milhões de habitantes vivendo abaixo da linha de pobreza.
Em março do ano passado, grupos ligados à rede terrorista Al Qaeda iniciaram um levante, após um golpe de Estado que derrubou o governo local. Eles conquistaram a região norte do país, localizada no meio do deserto do Saara, e ameaçavam chegar à capital, Bamako.
O governo do socialista François Hollande justificou a operação com o risco de Mali se tornar um foco de grupos terroristas, como o Afeganistão, nação asiática ocupada há 11 anos pelos Estados Unidos.
A França mantém relações comerciais na região e, atualmente, possui oito cidadãos reféns dos insurgentes de Mali. A Europa teme ataques terroristas em represália à invasão francesa.  Já a ONU estima que 4,2 milhões de malianos imigrarão por causa dos combates e, desta forma, precisarão de ajuda humanitária.
O roteiro da guerra civil em Mali é o mesmo de todos os conflitos na África nas últimas décadas: um país pobre sofre um golpe militar, que resulta em lutas sangrentas e população massacrada pela fome. O único elemento novo nessa trama é a atuação de radicais islâmicos, que assumiram o lugar das guerrilhas comunistas nos tempos da Guerra Fria.A África é o segundo maior e mais populoso continente do mundo. É também o continente com maior número de conflitos duradouros em todo o planeta, de acordo com a ONU. De um total de 54 países que compõem a África, 24 encontram-se atualmente em guerra civil ou em conflitos armados, de acordo com um levantamento do site Wars in the World.
As batalhas mais devastadoras ocorrem, hoje, em Ruanda, Somália, Mali, República Centro-africana, Darfur, Congo, Líbia, Nigéria, Somalilândia e Puntlândia (Estados declarados independentes da Somália em, respectivamente, 1991 e 1998). Esses combates envolvem 111 milícias, guerrilhas, grupos separatistas ou facções criminosas.
Os países em guerra ficam na chamada África Subsaariana, que compreende os territórios que não fazem parte da África do Norte e do Oriente Médio. A região é caracterizada pela pobreza, instabilidade política, economia precária, epidemias, baixos indicativos sociais e constantes embates entre governos e rebeldes.
São disputas que, neste século 21, carecem de contornos ideológicos ou claras motivações sociais e políticas. Distinguem-se, portanto, do movimento popular da Primavera Árabe.
Genocídios
No final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), movimentos nacionalistas e anticolonialistas travaram guerras para conquistar a independência das nações africanas. Nos anos 1970 e 1980, sucessivos golpes militares e disputas étnicas impediram a continuidade política e, consequentemente, o desenvolvimento da região.
De modo geral, as guerras africanas não são guerras entre países, mas conflitos internos. Eles têm como principais causas a falência do Estado, batalhas pelo controle do governo e a luta por autonomia de grupos étnicos.
O que mais chama atenção, contudo, é a brutalidade dessas disputas, sobretudo aquelas travadas após os anos 1990. Genocídios, massacres, estupros em massa, exército de crianças e extermínio de comunidades inteiras com facões e machados compõem a barbárie. A fome é outro instrumento usado pelas facções, que destroem as plantações e expulsam populações de seus lares.
Diferente das guerras no século 20, os atuais conflitos africanos matam, em 90% dos casos, civis, não militares.
Refugiados
Outra consequência dos conflitos é a expulsão de milhares de pessoas para campos de refugiados. Isso provoca, por sua vez, uma crise humanitária, com a proliferação de doenças e a fome que dizimam a população.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, na sigla em inglês) calcula em 43,3 milhões o número de pessoas expulsas de seus países, em todo o mundo, sendo que 15,2 milhões delas têm o status de refugiados. Afeganistão e Iraque, países ocupados pelas forças americanas no começo deste século, possuem o maior número de refugiados, seguidos de Somália e Congo. O maior campo de refugiados no mundo fica no Quênia, com 292 mil pessoas.
Mesmo com a ajuda humanitária, os países em guerra não conseguem se reconstruir. Ao final dos combates, a pouca infraestrutura existente e serviços foram devastados, atrasando ainda mais o progresso econômico. Teme-se que a guerra em Mali componha a mesma narrativa
ORIENTE MÉDIO: ENTENDA O CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE
Os conflitos que hoje assolam o Oriente Médio têm diferentes motivos. O principal deles diz respeito ao território: israelenses e palestinos lutam para assegurar terras sobre as quais, segundo eles, têm direito milenar. Outra questão diz respeito à cultura e à imposição de valores ocidentais às milenares tradições orientais. Pode-se ainda mencionar o fator econômico - talvez o preponderante: potências capitalistas desejam estabelecer um ponto estratégico na mais rica região petrolífera do planeta. E ainda existe a questão política.
As tensões perduram há séculos. Expulsos da Palestina pelos romanos já no século 1 da Era Cristã, os judeus acalentaram durante séculos o sonho de retornar à "Terra Prometida", enfrentando todo tipo de discriminação e perseguição. Todavia, o território, durante sua ausência, foi ocupado por outros povos que, igualmente, sentem-se no direito de nele permanecer de modo autônomo.
Durante o domínio britânico sobre a região, os ingleses permitiram a compra de terras na Palestina por ricos judeus de todo mundo que começaram a reocupar a região. Essa maciça migração de judeus para a Terra Santa chamou-se Sionismo, em referência à Colina de Sion, em Jerusalém.
Os ingleses após a Primeira Guerra Mundial, comprometeram-se a ajudar os judeus a construir um Estado livre e independente em território palestino, buscando, assim, enfraquecer os árabes e conquistar vantagens econômicas na região. Entre os anos 1930 e 1940, intensificou-se consideravelmente a imigração judaica para a Palestina.
O descontrolado ingresso de judeus na Palestina acarretou sérios problemas já às vésperas da Segunda Grande Guerra: as áreas de assentamento judeu e palestino não foram delimitadas e grupos de características étnicas e religiosas tão diferentes tiveram que compartilhar o mesmo território, de onde resultam graves hostilidades entre ambos.
Com o holocausto promovido pelos nazistas durante a Segunda Guerra, a opinião pública, sensibilizada com os sofrimentos dos judeus, concordou com a criação de um Estado judeu na Palestina. A recém-criada Organização das Nações Unidas estabeleceu que a solução para os problemas do Oriente Médio seria sua prioridade, com a anuência dos Estados Unidos e da Inglaterra, interessados em estabelecer um aliado na região, já que não confiavam nos Estados árabes que a cercavam. Os palestinos, por sua vez, também almejavam a criação de um Estado independente em território palestino e, para isso, contavam com o apoio dos países árabes.
Em 1947, a ONU estabeleceu a divisão do território palestino entre judeus, que ocupariam 57% das terras com seus 700 mil habitantes, e palestinos, cuja população de cerca de 1,3 milhão de habitantes ocuparia os restantes 43% do território.
Com a retirada das tropas britânicas que ocupavam a região, começou, em 1948, uma guerra entre Israel e a Liga Árabe, criada em 1945 e que reunia Estados Árabes que procuravam defender a independência e a integridade de seus membros. A guerra foi liderada pela Jordânia e pelo Egito. Israel venceu o conflito e ocupou áreas reservadas aos palestinos, ampliando para 75% o domínio sobre as terras da região. O Egito assumiu o controle sobre a Faixa de Gaza e a Jordânia criou a Cisjordânia.
Em 1956, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser declarou guerra a Inglaterra, França e Israel com o objetivo de assumir definitivamente o controle sobre o canal de Suez, em mãos europeias desde sua construção. Para isso contou com o apoio da União Soviética, país que, no contexto da Guerra Fria, apoiava todas as iniciativas de libertação nacional a fim de conquistar aliados para o bloco socialista. Durante o conflito, Israel ocupou a Península do Sinai, mas, devolveu-a logo em seguida, devido à pressão norte-americana.
Organização para a Libertação da Palestina (OLP)
Para defender a luta palestina no sentido da criação de um Estado autônomo, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1964, tendo como líder Iasser Arafat. Nas fileiras da OLP, surgiu o Al Fatah, braço armado da organização que prega a luta armada e o terrorismo para destruir Israel. A OLP só recentemente foi reconhecida por Israel como representante dos interesses palestinos na questão territorial. Até então, quando havia negociações de paz, seus membros ingressavam em delegações de países árabes como Egito e Jordânia.
Em 1967, novo conflito eclodiu entre árabes e israelenses. Após a retirada das tropas da ONU que guardavam a fronteira entre Egito e Israel, soldados israelenses avançaram sobre a Península do Sinai, a Faixa de Gaza e as colinas de Golã. As sucessivas ocupações de Israel sobre áreas de população palestina obrigaram-na a refugiar-se em países vizinhos - sobretudo ao sul do Líbano - onde passaram a viver em condições subumanas, acarretando problemas para esses países. Além disso, a partir do sul do Líbano, aOLP, passou a bombardear alvos israelenses na Galileia, levando o Exército de Israel a realizar violentas operações de represália contra o território libanês a partir de 1972.
A OLP adotou o terrorismo como estratégia de luta contra Israel que, por sua vez, com amplo apoio das potências ocidentais, desenvolvia respeitável aparato bélico.
Como resposta às invasões israelenses de 1967, no feriado judeu do Yom Kippur (Dia do Perdão) de 1968, Egito e Síria desfecharam ataque simultâneo a Israel que revidou prontamente, vencendo as forças agressoras. Nas áreas que iam sendo ocupadas por Israel, principalmente em Gaza e na Cisjordânia, surgiram colônias judaicas protegidas por soldados israelenses. A estratégia visava consolidar o domínio sobre o território. Atualmente, mais de 170 mil judeus vivem em assentamentos nos territórios ocupados por Israel.
Acordos de paz
Quando o presidente Anuar Sadat assumiu a presidência do Egito, assumiu uma postura de distanciamento da União Soviética e de aproximação dos Estados Unidos. Daí resultaram conversações de paz entre egípcios e israelenses que resultaram num acordo formalizado em Camp David, em 1979. Assinaram o acordo, sob os olhos do presidente norte-americano Jimmy Carter, o presidente egípcio, Sadat, e o primeiro-ministro israelense, o ultra-direitista, Menahem Begin. O acordo previa que Israel devolveria o Sinai para o Egito até 1982 e que em Gaza e na Cisjordânia nasceria uma "autoridade autônoma", da qual a OLP não participaria, e que governaria essas regiões por 5 anos, até a retirada definitiva de Israel. O acordo não agradou nem aos judeus instalados nas colônias do Sinai, de Gaza e da Cisjordânia, nem muito menos aos árabes que esperavam maiores concessões por parte dos israelenses. Por isso, Sadat, considerado por muitos, traidor da causa árabe no Oriente Médio, foi assassinado em 1981.
Intifada
Na década de 1980, as negociações sobre o futuro do Oriente Médio não avançaram. De um lado, os árabes iniciam a Intifada, rebelião popular em Gaza, cujo estopim foi o atropelamento e morte de quatro palestinos por um caminhão do exército israelense, em 1987. Adolescentes, munidos de paus e pedras, enfrentaram, nas ruas, os soldados de Israel e o levante se alastrou. A repressão israelense foi brutal. Desde então, os choques entre palestinos e colonos nas áreas de ocupação israelense têm sido frequentes.
Em 1992, porém, a eleição de Itzhak Rabin, membro do Partido Trabalhista, para Primeiro Ministro de Israel, favoreceu a retomada das conversações de paz entre árabes e israelenses. Simultaneamente, Arafat, enfraquecido pelas dissidências internas a OLP, já adotava uma postura menos belicista e mais conciliadora.
A disposição de ambos levou-os, em 1993, a um encontro em Oslo, onde ficou decidido que, de forma gradual, Israel devolveria a Faixa de Gaza (área pobre onde se espremem 800 mil palestinos) e de Jericó, na Jordânia, para a administração direta e autônoma dos palestinos, apesar dos cerca de 100 mil colonos judeus ali instalados permanecerem protegidos pelo exército israelense.
Ao acordo, opuseram-se as facções palestinas hostis a Arafat, alegando que as concessões de Israel eram pequenas frente aos desejos dos palestinos, e os israelenses que habitam as regiões a serem devolvidas. Em 4 de novembro de 1995, durante um comício pela paz na Praça dos Reis, em Tel Aviv, um estudante judeu de 27 anos, membro de uma organização paramilitar de extrema direita, assassinou Itzhak Rabin.
As negociações de paz não avançaram depois da eleição de Benjamin Netanyahu, do Likud, partido de direita israelense, para o cargo de primeiro ministro. Netanyahu não estava disposto a fazer concessões aos palestinos. Todavia, em 1999, realizaram-se eleições gerais em Israel e o Partido Trabalhista, representado agora por Ehud Barak, foi reconduzido ao poder, reabrindo as negociações de paz para a região. O grande obstáculo nesse momento é decidir sobre a situação de Jerusalém, cidade sagrada tanto para judeus quanto para muçulmanos.
Todavia, em setembro de 2000, um episódio marcaria o acirramento das tensões entre palestinos e israelenses, quando Ariel Sharon, líder do Partido Conservador e principal expoente do conservadorismo judeu, "visitou" a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém. O ato pareceu uma forte provocação aos árabes e deu início à "nova intifada". Ataques terroristas e confrontos diretos entre palestinos e israelenses tornaram-se cada vez mais frequentes, ameaçando perigosamente as conversações de paz.
A situação, porém, tornou-se mais violenta quando, no início de 2001, o mesmo Ariel Sharon foi eleito Primeiro Ministro de Israel, revelando o sentimento dominante entre os israelenses de não retomar as negociações para a criação do Estado Palestino enquanto durar a intifada.
Diante da violência dos atentados terroristas promovidos pelo Hamas e pelo Hezbolah, grupos extremistas árabes que pregam o extermínio dos judeus, as ações do exército israelense também têm sido cada vez mais crueis, atingindo, inclusive, a população civil das regiões dominadas.
1-Na esteira da discórdia entre judeus e palestinos nos territórios por eles disputados está o movimento sionista, apontado por muitos como um dos principais elementos relacionados com o aumento das tensões entre ambos os lados da questão. De toda forma, o sionismo não é a causa do problema em si, mas um de seus fatores históricos mais importantes.
Entende-se por sionismo:
a) a intenção proeminente dos povos árabes de tentar erradicar os judeus do Oriente Médio.
b) a crença religiosa de que judeus e muçulmanos são povos excludentes e que jamais entrarão em paz.
c) a busca dos judeus pela Terra Prometida, nos arredores de Jerusalém, com a consequente criação de seu Estado-Nação.
d) o movimento de resistência dos judeus frente às constantes ameaças árabes promovidas em todo o mundo.
2- Entre os vários eventos ocorridos no conflito entre Israel e Palestina, citam-se duas das guerras árabe-israelenses: a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yom Kippur (1973). Esses conflitos representaram, respectivamente:
a) a anexação por parte de Israel de vários territórios dos países árabes circundantes e a posterior tentativa desses países de reaverem as suas áreas.
b) o ataque deliberado dos palestinos contra os territórios israelenses e a intervenção militar estadunidense na região.
c) a resposta militar da Liga Árabe à criação do Estado de Israel pela ONU e a ofensiva militar israelense para retomar sua soberania territorial.
d) o combate inicial realizado entre Israel e Egito pelo Canal de Suez e a tentativa dos palestinos de agruparem para si a posse desse estratégico ponto de disputa.
3-VO governo sueco reconheceu o Estado da Palestina nesta quinta-feira, 30, por decreto. A Suécia se torna assim o primeiro país ocidental da União Europeia (UE) a tomar esta decisão. […] No início de outubro, o primeiro-ministro Stefan Löfven anunciou que a Suécia reconheceria o Estado da Palestina, o que provocou muitas críticas de Israel e dos Estados Unidos.
(Adaptado de: Carta Capital, 30 out. 2014. Suécia reconhece o Estado da Palestina. Disponível em: <www.cartacapital.com.br>. Acesso em: 09 mar. 2015).
O motivo das críticas de Israel e dos Estados Unidos mediante o reconhecimento do Estado da Palestina deve-se:
a) ao fato de os palestinos estarem entre os envolvidos nos atentatos de 11 de setembro de 2001.
b) às históricas disputas territoriais entre israelenses e palestinos e o constante apoio dado pelos EUA aos primeiros.
c) ao argumento de que a Suécia estaria indo contra a regulamentação da ONU, que dá proibição irrestrita à existência dos territórios palestinos sob um governo formal.
d) à ameaça que a legitimidade da Palestina representa ao comércio de petróleo, elemento abundante na região em questão. 
4-Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que previa a criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe em aceitar a decisão conduziu ao primeiro conflito entreIsrael e países árabes. A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia interesses anglo-franceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a Península do Sinai. O terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de Israel. Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), forças egípcias e sírias atacaram de surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora. A intervenção americano-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de outubro.
A partir do texto acima, assinale a opção correta.
a) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada pela ação bélica de tradicionais potências europeias no Oriente Médio.
b) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a terceira guerra árabe-israelense, Israel obteve rápida vitória.
c) A guerra do Yom Kippur ocorreu no momento em que, a partir de decisão da ONU, foi oficialmente instalado o Estado de Israel.
d) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel mantém suas dimensões territoriais tal como estabelecido pela resolução de 1947 aprovada pela ONU
5-A charge abaixo, publicada antes das primeiras negociações do processo de paz iniciado no final dos anos 70, retratava a postura dos Estados Unidos em relação a seu apoio a Israel.
(Jornal do Brasil, 15/06/97)
A posição norte-americana de ajuda a Israel, desde sua criação em 1948, em oposição ao mundo
árabe, é explicada pelo seguinte fato:
(A) constituição de Israel como um estado democrático, situado num território concedido aos
palestinos pela ONU
(B) situação estratégica de Israel como baluarte do ocidente, encravado numa região de conflitos,
como o Oriente Médio
(C) desempenho de Israel como ponto de apoio para o mundo capitalista, localizado numa área
alinhada ao mundo comunista
(D) formação de um Estado Livre Palestino como sustentáculo do mundo árabe, numa região
pertencente, por direito, a Israel
6- Analise este mapa: Envolvido, desde sua fundação, em conflitos na região, o Estado de Israel completou, em maio de 2008, 60 anos de existência. Considerando-se as disputas territoriais entre árabes e israelenses e outros conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que 
a) a Autoridade Nacional Palestina controla os territórios de Gaza e do sul do Líbano e, em 2006, com o auxílio da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Europeia, garantiu a soberania sobre essas regiões.
b) a cidade de Jerusalém, considerada sagrada por três religiões, foi ocupada por Israel em 1949, ao final da Primeira Guerra Árabe-Israelense, e, depois dos Acordos de Oslo, foi reconhecida pela ONU como capital do país.
c) a região das colinas de Golã, rica em fontes de água e ocupada por Israel durante a Segunda Guerra Árabe-Israelense, foi devolvida à Síria em 2000, como parte dos tratados de paz firmados entre os dois países.
d) o Governo de Israel promoveu, em 2005, a retirada de colonos judeus da faixa de Gaza, no entanto, apesar de pressões de organismos internacionais, manteve assentamentos judaicos no território da Cisjordânia.
7-Um dos grandes conflitos do Oriente Médio tem sido o confronto árabe-israelense, cujas origens remontam ao período que segue à:
A) Segunda Guerra Mundial, quando os países vencedores  apoiaram a Liga Árabe a invadir o território de Gaza retornando a palestina
B) Primeira Guerra Mundial, quando a Liga das Nações, pressionada  pelos Estados Unidos, dividiu o território Palestino para criar o  Estado de Israel.
C) Segunda Guerra Mundial, quando a ONU, através das forças de  paz, obrigaram Israel a abandonar o Sinai, garantindo o controle  do Canal de Suez ao Egito.
D) Primeira Guerra Mundial, quando a Liga das Nações aprovou  a Declaração Balfour, colocando a Palestina sob o governo da  Inglaterra.
E) Segunda Guerra Mundial, quando a ONU, retirando suas  tropas da região, permitiu a ocupação da colina de Golan e dos  territórios da Cisjordânia.
8Tendo encarado a besta do passado olho no olho, tendo pedido e recebido perdão e tendo feito correções, viremos agora a página – não para esquecê-lo, mas para não deixá-lo aprisionar-nos para sempre. Avancemos em direção a um futuro glorioso de uma nova sociedade sul-africana, em que as pessoas valham não em razão de irrelevâncias biológicas ou de outros estranhos atributos, mas porque são pessoas de valor infinito criadas à imagem de Deus. 
Desmond Tutu, no encerramento da Comissão da Verdade na África do Sul. Disponível em: http://td.camara.leg.br. Acesso em 17 dez. 2012 (adaptado).
No texto, relaciona-se a consolidação da democracia na África do Sul à superação de um legado
a) populista, que favorecia a cooptação de dissidentes políticos.
b) totalitarista, que bloqueava o diálogo com os movimentos sociais.
c) segregacionista, que impedia a universalização da cidadania.
d) estagnacionista, que disseminava a pauperização social.
e) fundamentalista, que engendrava conflitos religiosos.
9-De 1948 a 1991, vigorou na África do Sul o regime denominado apartheid. A esse respeito é correto afirmar:
a) Trata-se de uma política de segregação racial que excluía os negros da participação política, mas lhes reservava o livre direito à propriedade da terra.
b) Trata-se de uma política de segregação racial que previa uma lenta incorporação da população negra às atividades políticas do país.
c) Trata-se de uma política de segregação racial que excluía negros e asiáticos da participação política e restringia até mesmo a sua circulação pelo país.
d) Trata-se de uma política de integração racial baseada na perspectiva ideológica da mestiçagem cultural entre as diversas etnias negras.
e) Trata-se de uma política de segregação racial que propunha a eliminação gradual da minoria negra, como forma de garantir a dominação branca.
10-
O regime do Apartheid adotado de 1948 a 1994 na Africa do Sul fundamentava-se em ações estatais de segregacionismo racial. Na imagem, fuzileiros navais fazem valer a "lei do passe" que regulamentava o(a)
a. concentração fundiária, impedindo os negros de tomar posse legítima do uso da terra.
b. boicote econômico, proibindo os negros de consumir produtos ingleses sem resistência armada.
c. sincretismo religioso, vetando os ritos sagrados dos negros nas cerimônias oficiais do Estado.
d. controle sobre a movimentação, desautorizando os negros a transitar em determinadas áreas das cidades.
e. exclusão do mercado de trabalho, negando a população negra o acesso aos bens de consumo.
Gabarito 
1- c
2- a
3- b
4- b
5- b
6- d
7- a
8- c
9- c
10- d
A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL PARA O BRASIL E PARA O MUNDO
A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento desordenado da população mundial e intensidade dos impactos ambientais, surge o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, e faz do meio ambiente um tema literalmente estratégico e urgente.
Durante o período da chamada Revolução Industrial não havia preocupação com a questão ambiental. Os recursos naturais eram abundantes, e a poluição não era foco da atenção da sociedade industrial e intelectual da época.
A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento desordenado da população mundial e intensidade dos impactos ambientais, surge o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, e faz do meio ambiente um tema literalmente estratégico e urgente. O homem começa a entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza e a importância da reformulação de suas práticas ambientais.
Os limites:
A humanidade está usando 20% a mais de recursos naturais do que o planeta é capaz de repor. Com isso, está avançando sobre os estoques naturais da Terra, comprometendo as gerações atual e futuras segundo o Relatório Planeta Vivo 2002, elaborado pelo WWF e lançado este ano em Genebra.
De acordo com o relatório, o planeta tem 11,4 bilhões de hectares de terra e espaço marinho produtivos - ou 1,9 hectares de área produtiva per capita. Mas a humanidade está usandoo equivalente a 13,7 bilhões de hectares para produzir os grãos, peixes e crustáceos, carne e derivados, água e energia que consome. Cada um dos 6 bilhões de habitantes da Terra, portanto, usa uma área de 2,3 hectares. Essa área é a Pegada Ecológica de cada um. O fator de maior peso na composição da Pegada Ecológica hoje é a energia, sobretudo nos países mais desenvolvidos.
A Pegada Ecológica de 2,3 hectares é uma média. Mas há grandes diferenças entre as nações mais e menos desenvolvidas, como mostra o Relatório Planeta Vivo, que calculou a Pegada de 146 países com população acima de um milhão de habitantes. Os dados mais recentes (de 1999) mostram que enquanto a Pegada média do consumidor da África e da Ásia não chega 1,4 hectares por pessoa, a do consumidor da Europa Ocidental é de cerca de 5,0 hectares e a dos norte-americanos de 9,6 hectares.
Embora a Pegada brasileira seja de 2,3 hectares – dentro da média mundial, mas cerca de 20% acima da capacidade biológica produtiva do planeta.
Quanto falamos em emissões de poluentes, as diferenças dos índices emitidos pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento também são significativas: Um cidadão médio norte-americano, por exemplo, responde pela emissão anual de 20 toneladas anuais de dióxido de carbono; um britânico, por 9,2 toneladas; um chinês, por 2,5; um brasileiro, por 1,8; já um ganês ou um nicaragüense, só por 0,2; e um tanzaniano, por 0,1 tonelada anual. A China e o Leste da Ásia aumentaram em 100% o consumo de combustíveis fósseis em apenas cinco anos (1990/95). (Wolfgang Sachs, do Wuppertal Institute)
Nos países industrializados cresce cada vez mais o consumo de recursos naturais provindos dos países em desenvolvimento - a ponto de aqueles países já responderem por mais de 80% do consumo total no mundo. Segundo Sachs, 30% dos recursos naturais consumidos na Alemanha vêm de outros países; no Japão, 50%; nos países Baixos, 70%.
 
O desafio:
O grande desafio da humanidade é promover o desenvolvimento sustentável de forma rápida e eficiente.
Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando, mas não agimos para mudar completamente as coisas antes que seja demasiado tarde. Diz-se que uma rã posta na água fervente saltará rapidamente para fora, mas se a água for aquecida gradualmente, ela não se dará conta do aumento da temperatura e tranqüilamente se deixará ferver até morrer. Situação semelhante pode estar ocorrendo conosco em relação à gradual destruição do ambiente natural. Hoje, grande parte da sociedade se posiciona como mero espectador dos fatos, esquecendo-se de que somos todos responsáveis pelo futuro que estamos modelando. Devemos exercer a cidadania planetária, e rapidamente.
 
A luz no fim do túnel:
A conscientização ambiental de massa, só será possível com percepção e entendimento do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. O meio ambiente natural é o fundamento invisível das diferenças sócio econômicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O dia em que cada brasileiro entender como esta questão afeta sua vida de forma direta e irreversível, o meio ambiente não precisará mais de defensores. A sociedade já terá entendido que preservar o meio ambiente é preservar a própria pele, e fragilizar o meio ambiente, é fragilizar a economia, o emprego, a saúde, e tudo mais. Esta falta de entendimento compromete a adequada utilização de nossa maior vantagem competitiva frente ao mundo: recursos hídricos, matriz energética limpa e renovável, biodiversidade, a maior floresta do mundo, e tantas outras vantagens ambientais que nós brasileiros temos e que atrai o olhar do mundo.
Mas, se nada for feito de forma rápida e efetiva, as próximas gerações serão prejudicadas duplamente, pelos impactos ambientais e pela falta de visão de nossa geração em não explorar adequadamente a vantagem competitiva de nossos recursos naturais.
Sei, que somos a primeira geração a dispor de ferramentas para compreender as mudanças causadas pelo homem no ambiente da Terra, mas não gostaria de ser uma das últimas com a oportunidade de mudar o curso da história ambiental do planeta
CRISE HÍDRICA
Há um ano quase não se falava em crise hídrica e hoje não passa um dia sem que o assunto seja pauta em pelo menos um veículo da mídia brasileira. Mas, o que aconteceu de lá para cá para essa mudança radical? Será que a problemática não deu sinais de que estava chegando? Para entender melhor esse contexto, especialistas da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição que atua há 25 anos pela proteção da biodiversidade brasileira, elencaram 11 fatores que influenciam a questão da crise da água no Brasil. De rios voadores à água virtual!
1. A crise da água é apenas em São Paulo #sqn
Não, a escassez de recursos hídricos não é um problema exclusivo da maior cidade brasileira. Tanto que, enquanto só se falava em São Paulo, os níveis dos reservatórios do Rio de Janeiro estavam ainda piores. Agora, Belo Horizonte também já sinalizou que, se a seca continuar, precisará racionar água. Como essas três capitais estão no Sudeste, pode parecer que a crise está restrita a essa região, o que também não é verdade. O Sul do país está sendo considerado como ‘livre da crise’, mas já passou por situação parecida em 2006, quando uma estiagem atingiu o Paraná, ocasionando falta de água para milhares de pessoas. A seca chegou até mesmo a Curitiba, cidade reconhecida como capital ecológica do país. Isso nos leva a refletir se estamos tratando o problema atual de forma isolada, quando deveríamos agir e pensar em âmbito nacional. E na sua cidade, que tal verificar como a situação está?
2. Sem floresta não vai ter água, mas o poder público talvez pense que sim #fato
A proteção das florestas nativas nas regiões de mananciais, nas margens dos rios e reservatórios é essencial para a produção de água. Sem cobertura florestal, a água não consegue penetrar corretamente nos lençóis freáticos, causando diminuição na quantidade de água. Mais do mesmo? Todos sabem disso? Em 2012, grande discussão foi levantada quando o Código Florestal foi revisto. As alterações aprovadas implicaram na redução das Áreas de Proteção Permanente previstas em lei para as margens de rio dentro das propriedades rurais:  as matas ciliares (aquelas que protegem as margens dos rios) agora devem ter 15 metros, metade do que era obrigatório antes. Especialistas da área ambiental foram veementemente contra, pois apontavam para a importância da conservação dessas áreas que influenciam a produção de água. Mas, mesmo assim o projeto foi aprovado.
Durante as discussões para aprovação do novo código, processo que durou 13 anos, instituições de proteção ao meio ambiente como a Fundação Grupo Boticário, a SOS Mata Atlântica e a The Nature Conservancy investiram em ações na ordem inversa, garantindo a conservação de áreas-chave para a produção de água em diversas regiões. Elas investiram no Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), iniciativa que premia financeiramente proprietários de terra que conservam a mata nativa em suas propriedades, protegendo suas nascentes, além do exigido por lei.
3. Falta de infraestrutura e investimento #desdesempre
Às vezes, costumamos deixar algumas atitudes para a última hora, quando está ‘com a corda no pescoço’. Nesse caso, não foi diferente. Obras importantes como a construção do Sistema São Lourenço, previsto para 2011, traria água do interior até a Grande São Paulo. As obras começaram apenas em 2014 e têm previsão de ficar prontas em 2017. Isso quer dizer que, se elas tivessem começado em 2011, provavelmente teriam sido entregues em 2014, quando a crise estava se intensificando. Outro ponto importante é que, segundo o Plano Metropolitano de Água III da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a empresa não investiu nem 37% do previsto em obras.
4. Um mar de desperdício
Foto: Pedro Franca/Agência Senado
Presente na cadeia produtiva de qualquer insumo, o desperdício é dura realidade também na distribuição e no consumo de água. Estima-sehoje que em torno de um quarto da água tratada é perdida no trajeto entre as represas e as torneiras.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 110 litros por dia é suficiente para atender às necessidades de uma pessoa. Parece bastante, mas não é tanto assim. A cada dois minutos no banho, consumimos em média 12 litros de água. Se você é daquelas pessoas que gosta de refletir sobre os problemas do mundo num longo banho, saiba que se demorar 16 minutos terá consumido em torno de 96 litros. Isso sem contar o que usamos para escovar os dentes, dar descarga, lavarmos as mãos, cozinhar, lavar a roupa, além de matar a sede. Quando colocamos na ponta do lápis, percebemos a importância de cada um economizar ao máximo na sua rotina diária.
5. Racionar por quê? #cadeaáguaqueestavaaqui?
Mesmo sem muita cobertura da mídia em anos anteriores, em 2014 muito já se falava em falta de água e em uma possível crise hídrica bastante grave. Apesar disso, o racionamento oficial pelos órgãos competentes não aconteceu, por quê? Será que interesses políticos influenciaram as tomadas de decisão relacionadas à crise hídrica? Mais uma dúvida sem resposta exata para os tantos questionamentos que envolvem a situação. Independente das razões, o fato é que essa atitude piorou ainda mais um cenário já bastante complicado.
6. Com a palavra, São Pedro: falta chuva, sim, mas não é de hoje
Claramente a falta de chuva é um fator importante na equação da crise. Mas ela não veio tão de repente assim. Desde 2012, e principalmente no ano seguinte, a quantidade de chuvas foi caindo vertiginosamente. E muitas pessoas sabiam disso. O relatório 20–F da Sabesp, de 2012, afirmava que há anos observava-se a redução nos níveis pluviométricos. Diversas instituições ambientalistas também alertavam sobre a falta das chuvas, fruto de mudanças climáticas e desmatamentos que prejudicam o ciclo da água. Mesmo assim, quase nada foi feito. Por isso, não podemos apenas culpar São Pedro por ter sido econômico demais nas chuvas; ou por errar na pontaria.
7. O clima muda sem pedir permissão #otempotodo
A poluição e os Gases do Efeito Estufa (GEEs) que jogamos na atmosfera diariamente, têm alterado o clima e, consequentemente, as chuvas. Ainda não temos condições de saber exatamente os reais efeitos das mudanças climáticas, mas já estamos sentindo os eventos extremos, com grandes secas em algumas regiões e fortes tempestades em outras, bem como os seus resultados para nossas vidas.
As mudanças climáticas, que comprovadamente foram aceleradas pela ação do homem, tornam o clima irregular. Dessa forma, mesmo os especialistas acabam tendo dificuldade em prever quando, onde e quanto vai chover.
8. A água virtual que vai embora do país
Um quilo de carne consome 15 mil litros de água na produção - Crédito: Domínio Público
Você já ouviu falar em água virtual? É um conceito muito interessante criado pelo professor britânico John Anthony Allan, que calcula a quantidade de água utilizada na produção de bens de consumo. Ele leva em consideração não apenas a água contida no produto, mas a que foi usada em todas as etapas do seu processo de fabricação. Por exemplo, na produção de uma xícara de café são utilizados cerca de 140 litros de água.
Para a produção de um quilo de carne de gado, esse número chega a 15 mil litros de água. Essa quantidade astronômica de água, na maioria das vezes, nem fica para o consumo do brasileiro, pois o país é o maior exportador de carne bovina do mundo. De acordo com dados da Unesco, se somarmos todas as commodities que o Brasil exporta, enviamos ao exterior aproximadamente 112 trilhões de litros de água doce por ano, o equivalente a 45 milhões de piscinas olímpicas.
9. Rios Voadores regulam chuva em todo o país
Na natureza, tudo está interligado buscando um equilíbrio. Apesar de não parecer, mas um ecossistema que está a cerca de três mil quilômetros de distância pode ser fundamental para garantir a produção de água em outro. No caso do Brasil, existe o fenômeno chamado ‘rios voadores’: grandes massas de vapor de água se formam no Oceano Atlântico – na altura do litoral nordestino - e ao chegarem na região amazônica aumentam de volume ao incorporar a umidade evaporada pela floresta. Levados pelas correntes de ar em direção ao Sul do país, elas são importantes para a formação de chuvas em diversas regiões, como a Sudeste.  Portanto, o aumento no desmatamento da Amazônia, que após quatro anos em queda voltou a subir em 2013, pode reduzir os índices pluviométricos em outras regiões.
10. O Brasil tem uma imensa caixa d’água #cerrado
Da mesma forma que temos a caixa d’água em nossas casas para garantir que ela não falte, o Brasil também possui uma região que é essencial para que o recurso continue sendo produzido. É o Cerrado, que ocupa 22% do território nacional e concentra oito das 12 bacias hidrográficas do país (67%), além de possuir alta concentração de nascentes de rios que abastecem outras regiões brasileiras.
Apesar da sua importância, ele é o segundo bioma mais ameaçado do país e sofre com as pressões da agricultura e principalmente da pecuária e das queimadas não naturais. Além disso, o Cerrado é o que possui menor porcentagem de unidades de conservação de proteção integral, tendo apenas 8,21% do seu território legalmente protegido, sendo apenas 2,85% de proteção integral. Vale lembrar que não estamos fazendo nossa tarefa de casa: esse índice é muito abaixo da meta com a qual o Brasil se comprometeu com a ONU, em 2010, ao se tornar signatário das Metas de Aichi. O compromisso diz que, até 2020, o país deve ter 17% de áreas terrestres de grande importância ecológica protegidas por meio de sistemas estruturados de unidades de conservação.
11. “Águas, são muitas, infindas”. #realidadebrasileira
Esse é um pequeno trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, relatando à corte portuguesa sobre a incrível quantidade de água que o recém-descoberto Brasil tinha. Realmente somos um país privilegiado, com a maior reserva de água doce do mundo. Possuímos a maior bacia hidrográfica do planeta (Amazônica), bem como a maior planície alagável do mundo (Pantanal), entre outros recordes de água doce. O Brasil é referência em água no mundo. Porém, é preciso conservação, tecnologia e interesse político para que esse recurso seja revertido em benefício para os brasileiros.
É necessário que aprendamos com a natureza a busca pelo equilíbrio. Nenhum desses onze fatos deve ser encarado de modo isolado ou como se fosse mais importante que os demais. Todos estão interligados e fazem parte de um contexto que nos trouxe até a maior crise hídrica de nossa história, porque descuidamos de nosso patrimônio natural. O problema da água existe, mas a realidade sobre o que o casou e sobre como revertê-lo também estão aí.
A CRISE DE ENERGIA
No Brasil, mais de 90% da energia é produzida nas hidrelétricas, que dependem de água em níveis adequados em seus reservatórios para gerar energia. Infelizmente, este ano, a ausência de chuvas foi das maiores das últimas décadas, prejudicando a oferta de energia. Por isso, os consumidores terão uma meta a cumprir: reduzir o consumo de energia em, no mínimo, 20%.
Reservatórios se mantêm dentro do esperado
Os níveis dos reservatórios das regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste estão se mantendo dentro das expectativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para que o País chegue ao final de novembro com o mínimo de água que garanta segurança para a geração de energia necessária.
De acordo com documento compilado pelo operador no final do mês de maio e apresentado ontem pelo secretário de Energia do Estado de São Paulo e membro da Câmara de Gestão da Crise de Energia (CGCE), Mauro Arce, durante palestra na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), a expectativa é que nesta sexta-feira (dia 8) os reservatórios do Sudeste/Nordeste ficassem em 29,2% de sua capacidade.
Como os números relativos a hoje só serão consolidados no final da noite, a referência mais próxima é o resultado de ontem, quando o nível médio das represasestava em 29,46%. Levando-se em conta que nos últimos sete dias a redução diária média foi de 0,03 ponto percentual no volume de água, a meta deve ser cumprida com folga.
No Nordeste, apesar de a situação ser mais grave, em razão de haver praticamente apenas o rio São Francisco como fonte para alimentar as reservas, e este estar com seu volume de água muito abaixo da média, o nível das reservas chegou ontem a 26,70%, enquanto a estimativa ideal para hoje foi fixada pelo ONS em 26,60%. Nos últimos sete dias, também, a média diária de redução do volume de água naquela região foi de 0,07 ponto percentual, o que indica que a meta também deve ser cumprida.
Vale observar, porém, que o nível dos reservatórios pode variar em maior ou menor proporção em razão de chuvas, evaporação natural e aumento ou redução do consumo de energia a cada dia.
Apagão é inevitável se chuva for abaixo de 75% da média
A cota de redução no consumo de energia, a ser cumprida por todos os consumidores desde 1 de junho, continua dependente de um dos fatores que causaram a crise de energia - as chuvas. A meta de redução de 20% só terá resultado para os reservatórios das usinas se chover pelo menos 75% da média entre junho e novembro. Caso contrário, os apagões serão inevitáveis.
O comportamento atípico das chuvas este ano, que ficaram bem abaixo da média histórica, frustrou o planejamento energético. Em maio, choveu apenas 71% no Sudeste e 40% no Nordeste em relação ao esperado.
A crise energética evidenciou um problema até então encarado com timidez ou indiferença pelo poder público em todos os níveis: a iminente crise da água, resultado da superexploração e falta de preocupação ambiental com os mananciais. Má distribuição da água, desmatamento, desperdício e conflitos de uso são alguns dos problemas que tornam a escassez de água, não mais uma preocupação de ambientalistas e técnicos alarmistas, mas reconhecida até pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Em seu pronunciamento sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente, ele alertou sobre a necessidade de preservação das fontes naturais.
Essa situação é resultado de um padrão de desenvolvimento sem planejamento, que consome muita água e energia e não protege os mananciais. A distribuição dos recursos hídricos no país maximiza o problema, já que 68% da água brasileira está na região Norte, onde vive apenas 7% da população. Ao contrário, as regiões Sudeste e Nordeste concentram 43% e 29% da população, respectivamente, mas contam com somente 7% (SE) e 3% (NE) da disponibilidade hídrica.
A produção de água é uma das funções das florestas, mas 70% da população brasileira vive no Domínio da Mata Atlântica, cuja vegetação foi reduzida pelo desmatamento a menos de 8% da cobertura original. Por isso, a fonte está secando e as medidas conservacionistas são urgentes.
Além de manter as águas subterrâneas (lençol freático), a vegetação serve para proteger os corpos d´água, através das matas ciliares - faixa de mata de, no mínimo, 30 metros de cada lado dos rios, determinada pela lei. Elas formam uma barreira física, que filtra a água, impedindo a chegada de sedimentos e agrotóxicos. Além disso, colaboram para a manutenção da temperatura da água e conseqüentemente para a manutenção da vida aquática.
Considerada uma das três bacias brasileiras em situação mais crítica - junto com as dos rios Paraíba do Sul e São Francisco-, a Bacia do Piracicaba, na região de Campinas, em São Paulo, teve seu crescimento econômico ligado justamente à abundância hídrica. O resultado é uma população de cerca de 4 milhões de pessoas, irrigação, indústrias que usam muita água como insumo (cervejarias, refinarias etc.), poluição por esgotos, além da perda de um terço de sua água, que é bombeada para o Sistema Cantareira, para abastecer mais 3 milhões de pessoas na Grande São Paulo. A conseqüência é o risco, a curto prazo, de racionamento de água na região.
Energia a gás 
Substituir equipamentos industriais movidos a energia elétrica por outros a gás natural é a saída mais rápida neste momento de crise. E pode ser um bom negócio. A Brasilamarras, do Rio, fabricante de correntes para navios, passou seu forno de elétrico para gás. A conversão é recente e não permite cálculos, mas o professor do Programa de Energia da USP, Edmilson Moutinho dos Santos, diz que a transformação de equipamentos elétricos dá uma economia à indústria de até 15%. 
Ainda conforme a pesquisa, mais de 40% das pequenas e micro empresas acham que há alto risco de dispensa, contra 19,5% das grandes empresas - com mais de 500 empregados. O levantamento ouviu 401 indústrias nos dias 24 e 25 de maio.
Fernando Henrique Cardoso afirma que 'se não chover o país vai parar'
"Se não chover, o país vai parar." A frase dita pelo presidente Fernando Henrique Cardoso resume a situação da crise energética no país. FHC admitiu ainda que o governo brasileiro deveria ter percebido a escassez de energia antes de chegar à atual situação. "Deveríamos ter sido alertados e também alertado antes à população. É realmente injustificável. Por enquanto, a crise é temporária, mas se não chover no ano que vem, não saberemos o que fazer", disse ao Jornal do Brasil. "E não vamos pensar que poderemos resolver o problema com as termoelétricas porque nosso sistema é basicamente hidrológico."
Racionamento pode durar até maio de 2002
A Câmara de Gestão da Crise Energia (CGCE) analisa a extensão do plano de racionamento de eletricidade até maio de 2002, para permitir a plena recomposição dos reservatórios das usinas hidrelétricas das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A proposta, que já foi considerada pelo presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, foi defendida pelo deputado Eliseu Resende (PFL-MG) frente ao presidente da CGCE, Pedro Parente. "O próprio governo está entendendo que o racionamento deve durar um ano. Tanto que não fixou prazo", afirmou.
"Pedro Parente, com razão, não quis definir uma data final, mas tudo indica que o racionamento terá de abranger o período das chuvas e terminar só em abril ou em maio do ano que vem", completou Resende, ex-ministro dos Transportes e da Fazenda, ao deixar o Palácio do Planalto. Em princípio, a CGCE manteria o plano de racionamento de 1º de junho ao final de novembro, quando começa o período de chuvas na maior parte do País.
A decisão, entretanto, levará em conta a redução de consumo verificada nos cinco meses e também o início da geração de novas usinas. Rezende, por sua vez, defende que o racionamento seja suspenso somente no final do período de chuvas, depois de comprovada a produção adicional de energia. O deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) acrescentou que as restrições ao consumo podem apenas ser aliviadas quando as chuvas começarem.
"Mesmo que comece a chover intensamente, a redução do consumo tem de continuar, para podermos passar pelo próximo período de estiagem", declarou o Resende. "Somente o racionamento por um ano permitiria a recuperação dos níveis dos reservatórios." O ex-ministro foi informado por Parente que o governo deverá anunciar, dentro de dois meses, o programa de elevação da oferta de energia. Esse plano inclui obras de instalação de usinas termoelétricas e hidrelétricas, e a expansão de linhas de transmissão.
O programa ainda está em formulação pelo Ministério de Minas e Energia, pela Petrobrás e pela Eletrobrás. Na opinião de Resende, ainda não há necessidade de incluir as regiões Sul e Norte no racionamento de energia, cujas hidrelétricas mantêm seus reservatórios acima dos níveis de segurança.
Construção de novas usinas hidrelétricas
O Programa Emergencial de Aumento de Energia no País prevê ampliação ou construção de 20 novas hidrelétricas para aumentar a potência do País em cerca de 6.900 megawatts (MW). O programa, com investimentos de 2001 a 2003, foi anunciado pelo ministro de Minas e Energia, José Jorge, na audiência pública conjunta da Comissão de Infra-Estrutura do Senado e Comissão Especial Mista sobre Crise de Energia Elétrica.
Segundo Jorge, já neste ano as hidrelétricas

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