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27/08/2019 1 CONTEÚDO ABORDADO 1. OBRAS PORTUÁRIAS E COSTEIRAS, CONTINUAÇÃO... DISCIPLINA: PROTOS E VIAS NAVEGAVEIS (17B3) Prof. Eng. Civil, MSc. Danilo Gonçalves Batista Foto: Porto de Manaus (Extraída de Governo do amazonas, 2019) Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Cabeços de amarração Defensas marítimas 27/08/2019 2 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP INTRODUÇÃO AO TEMA Inseridas nas estruturas portuárias, as estruturas de acostagem e de amarração representam uma plataforma fixa que possibilita a aproximação e fixação dos navios em terra, criando condições de segurança indispensáveis para que se processem as respectivas operações portuárias (MORAIS, 2010). Existem diversos tipos de construção de Cais de Acostagem. O tipo de construção terá de ser adequado às características dos navios que vai receber. A sua estrutura pode, em função do tipo de construção, ser mais ou menos robusta ou resistente. É necessário que o cais de acostagem possa resistir às forças de reação oriundas do impacto das embarcações durante as manobras de atracação. Os cais de acostagem, de baixa profundidade são, geralmente, constituídos por estruturas robustas, obtidas com blocos de granito ou de concreto, ou construções em caixão de concreto armado, posteriormente cheias com areia, cascalho ou mesmo concreto. Este tipo de estruturas é muito robusta e de grande inercie. Locais de águas muito profundas, mas não superiores a 50 m, são, sobretudo utilizadas estruturas constituídas por estacas em concreto ou plataformas suspensas. Este tipo de estruturas é, necessariamente, mais crítica, relativamente às cargas que suporta. Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP INTRODUÇÃO AO TEMA Conforme destaca Morais (2010), com as estruturas portuárias criam-se condições que possibilitam o intercâmbio entre meios de transporte marítimos, terrestres e ferroviárias, auxiliados por meios mecânicos na transferência de matérias-primas, possuindo ainda zonas de armazenamento das mesmas As condições de segurança e operacionalidade num porto estão relacionadas com o comportamento dos navios amarrados e atracados ao cais, com o nível dos movimentos realizado pelas embarcações (manobras dentro do porto) e com a magnitude dos esforços nos cabos de amarração e nas defensas. Os parâmetros mais importantes na análise de sistemas de equipamentos de acostagem são os impulsos correspondentes à acostagem e amarração dos navios. O tipo de acostagem de um navio, depende de alguns fatores como: O tipo de cais de acostagem, quanto à sua estrutura; As condições de acostagem (profundidade da água, efeitos da maré e do vento); A acostagem é efectuada com outro navio; Características do navio e da sua condição de carga. 27/08/2019 3 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP INTRODUÇÃO AO TEMA Conforme destaca Morais (2010), não existe uma única solução de construção para estruturas de acostagem. A sua tipologia será sempre função das diversas condicionantes a que o projeto vai estar sujeito. Sendo assim dos diversos tipos de estruturas de acostagem destacam-se os seguintes: Estruturas por gravidade: estruturas que asseguram a sua estabilidade essencialmente devido ao peso próprio dos seus materiais, muitas vezes associados à ação do peso dos terrenos sobrejacente Estruturas em cortinas estacas-prancha: a retenção dos solos é garantida através das forças passivas geradas pelo terreno quando estão em contato com as estacas-prancha. Muitas vezes este tipo de estruturas está associada a sistemas de ancoragem que juntamente com o peso específico da plataforma superior (superstrutura) se opõe aos momentos fletores e aos impulsos horizontais gerados pelo terreno de contenção. Estruturas sobre estacas: a plataforma de trabalho está assente sobre estacas cravadas nas camadas inferiores do solo de fundação. Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Figura – Cais de estrutura fechada – cais de gravidade Figura – Aduelas com encaixes 2.1 – Cais de acostagem de estrutura fechada – cais de gravidade Figura – Cais de acostagem do tipo “L 27/08/2019 4 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Os tipos de estruturas de acostagem em estruturas fechadas mais comuns são os cais de blocos naturais, cais do tipo L, cais de aduelas e os cais em caixão. Este tipo de estrutura é de excelente resistência aos impactos de acostagem das embarcações e sofrem com mais intensidade os efeitos da massa de água deslocada pelas embarcações, principalmente em águas pouco profundas, conforme exemplo das Figuras apresentadas no slide próximo. Os equipamentos de apoio à acostagem e amarração são colocados na superestrutura, logo o dimensionamento deste tipo de estrutura portuária tem de contar com os casos mais desfavoráveis de acostagem e de amarração. Este dimensionamento terá também de contar com as juntas de dilatação da superestrutura, pelo que normalmente o projeto é feito contanto com as ações definidas entre juntas do cais. Pode ser de diversos tipos, desde blocos de concreto, caixões de concreto armado e aduelas de concreto armado com encaixes (no caso das profundidades serem baixas). 2.1 – Cais de acostagem de estrutura fechada – cais de gravidade Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Quando se opta por aduelas de concreto armado permite uma grande economia nos volumes de concreto, visto que os espaços vazios dentro das aduelas são preenchidos com materiais menos dispendiosos, materiais mais finos, sendo os mais usuais areia ou brita. Este tipo de peça é construída como uma seção de um caixão, que depois irá ser solidarizada com outras peças semelhantes, permitindo assim que após esta solidarização seja feito o preenchimento das células. Estas peças, por não terem um fundo, não flutuam, logo têm de ser colocadas no local da obra através da ajuda de guindastes. 2.1 – Cais de acostagem de estrutura fechada – cais de gravidade Figura - Estruturas de acostagem em blocos: naturais (esquerda) e artificiais (direita) (MOURÃO, 2010) 27/08/2019 5 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Figura – Cais de estrutura semi-aberto – cais em cortina de estacas-pranchas 2.2 – Cais de acostagem de estrutura semi-aberta – cais em cortina de estacas pranchas Figura – Cais em estacas Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Esta estrutura tem maior sensibilidade às cargas, sendo mais intenso o efeito da massa de água arrastada pelo navio em sua acostagem. Este efeito é ainda mais acentuado em águas menos profundas, conformeexemplo das figuras do slide anterior. Os cais de cortinas de estacas-prancha têm como uma das suas principais características o fato de serem estruturas leves. Este tipo de cais é construído através da cravação de perfis metálicos ou de concreto armado no solo. Estes elementos constituem células cilíndricas, cortinas ou caixões. Estas cortinas destinam-se à retenção de solos, à acostagem e amarração das embarcações. 2.2 – Cais de acostagem de estrutura semi-aberta – cais em cortina de estacas pranchas Figura - Utilização de cortinas de estacas-prancha: cais de acostagem (esquerda) e reforço das margens (direita) – (MOURÃO, 2010) 27/08/2019 6 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem 2.2 – Cais de acostagem de estrutura semi-aberta – cais em cortina de estacas pranchas Independente do tipo de Cais a ser implantado, tem-se que a topografia/batimetria é importante para determinar as curvas de nível do terreno costeiro ou fluvial e assim permitir a implantação da obra. Com esse levantamento é possível determinar o calado que o porto irá proporcionar, ou seja, determina-se a profundidade mínima da maré no período de baixa-mar e subtraindo-se cerca de 1,0m desse nível (que é a folga que deve ter entre a quilha do navio e o fundo do mar ou leito fluvial), obtém-se o calado; Caso o calado obtido seja inferior ao desejado, pode-se fazer uma dragagem no local ou afastar o cais da linha costeira ou borda fluvial, avançando-o no sentido do mar ou rio. Portanto, nessa situação deve-se fazer uma ponte de acesso entre o cais “off-shore” e a retroárea; Outro aspecto que pode ser avaliado da topografia/batimetria é a possibilidade ou não de se locar a retroárea junto à costa ou borda fluvial, pois, caso não haja espaço suficiente no terreno adjacente, deve-se avançar o aterro sobre o mar para a locação da retroárea. Uma alternativa a isso, seria fazer uma retroárea estruturada, ou seja, uma estrutura de vigas e lajes sobre o mar, apoiada sobre estacas, constituindo-se assim em uma estrutura portuária semi-aberta. Essa solução também pode ser dada caso o terreno costeiro não seja adequado para receber cargas de contêineres e equipamentos de operação portuária. Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Figura – Vista do cais e a construção da retroárea estruturada do terminal de contêineres (TECON-3) no Porto de Santos (ANDRADE GUTIERREZ, 2006). 2.2 – Cais de acostagem de estrutura semi-aberta – cais em cortina de estacas pranchas 27/08/2019 7 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem 2.3 – Cais de acostagem de estrutura aberta – cais com fundação em estacas ou dolfins Figura – Cais de estrutura aberto – cais com fundação em estacas Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Também conhecidas como estruturas com Paramento Aberto. Nestas estruturas de paramento aberto são representadas por estacas e plataformas suspensas, sem parede frontal. Estruturas extremamente sensíveis a cargas de acostagem, porém os efeitos da massa de água deslocada pela embarcação é quase inexistente, ou seja, o efeito da água arrastada pelo navio é atenuado em relação a estrutura fechada. Os locais para fixação de defensas é mais reduzido e as estacas contribuem para a energia total a absorver, conforme exemplo das Figuras apresentadas no slide anterior. Este tipo de estrutura é condicionada em larga escala pela especificidade da obra, uma vez que a cravação destes elementos depende da profundidade de perfuração no local onde estas vão ser colocadas, assim como das características geológicas e geotécnicas dos terrenos de fundação. 2.3 – Cais de acostagem de estrutura aberta – cais com fundação em estacas ou dolfins 27/08/2019 8 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem A adoção da estrutura aberta ocorre quando as características do terreno não permitem a colocação de um cais fechado ou semi-aberto ou quando este tipo de solução é muito dispendiosa. Assim, como solução podem ser colocadas estacas como elemento de fundação. A colocação de um grande número de estacas permite uma distribuição do peso próprio da superestrutura e dos equipamentos de superfície, como por exemplo, guindastes. Quando é necessário construir um cais em fundos aluvionares (depósitos de sedimentos clássicos, como, areia, cascalho ou lama), os elementos maciços poderiam sofrer grandes assentamentos com o tempo, logo opta-se pela colocação de estacas. A colocação de estacas é feita através da cravação de camisas metálicas, como as representadas na Figura apresentada no próximo slide, onde é colocada a armadura de aço, que posteriormente é feita a concretagem e colocação dos elementos que formam a superestrutura do cais. Uma vez que estas estruturas são de paramento aberto, a água pode circular livremente sob a superestrutura, reduzindo o amortecimento ao movimento das embarcações durante a acostagem. 2.3 – Cais de acostagem de estrutura aberta – cais com fundação em estacas ou dolfins Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Figura– Camisas metálicas 2.3 – Cais de acostagem de estrutura aberta – cais com fundação em estacas ou dolfins 27/08/2019 9 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Dolfim de Amarração - Estrutura portuária situada em local de maior profundidade com dimensões capazes de receber embarcações. Tal estrutura é independente da linha do cais que pode ser ou não dotada de plataforma de comprimento variável e em geral possui equipamentos. 2.3 – Cais de acostagem de estrutura aberta – cais com fundação em estacas ou dolfins Extraído de: http://www.navioseportos.com.br/site/index.php/uteis/glossarios Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem Figura - Porto de Aratu-Cadeias, no município de Cadeias, na Bahia (Extraído de CERRADOEDITORA, 2019). 2.3 – Cais de acostagem de estrutura aberta – cais com fundação em estacas ou dolfins 27/08/2019 10 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 2. Tipos de Estruturas de Acostagem (Extraído de INSTITUTO DE ENGENHARIA DO PARANÁ, 2019). 2.3 – Cais de acostagem de estrutura aberta – cais com fundação em estacas ou dolfins Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 3. Localização Geográfica de uma bacia portuária A localização da bacia portuária tem uma grande influência na seleção do sistema de defensas mais adequado, uma vez que dependem desta os fatores ambientais que têm influência direta no dimensionamentode defensas. Fatores como a variação do nível das marés, correntes, temperatura da água, incidência de ventos e probabilidade de ocorrência de fenômenos naturais como tempestades, furacões e tufões podem causar graves problemas à acostagem e amarração das embarcações, sendo por isso necessário definir medidas de proteção contra estes fatores. Um determinado porto pode também estar mais ou menos exposto a estes elementos naturais, fazendo com que as manobras possam ser mais ou menos complexas de executar. Os portos podem ser interiores, exteriores ou localizados ao largo, e ter proteção natural ou artificial. Consideram-se portos interiores os localizados em estuários (braço de mar que se forma pela desembocadura de um rio), zonas lagunares (depressão formada pela água, localizada na borda litorânea, comunicando-se com o mar através de um canal) ou deltas (foz de um rio formada por vários canais ou braços do leito do rio). Já os portos exteriores estão localizados diretamente na costa, geralmente protegidos através de quebra-mares. 27/08/2019 11 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 3. Localização Geográfica de uma bacia portuária Quanto à proteção, esta pode ser artificial, que é a mais comum, e é executada através de quebra-mares (Figura abaixo) e guias de corrente, de forma a que o interior da bacia portuária esteja protegido dos fenômenos da agitação. Pelo contrário, os portos com proteção natural não necessitam de melhoramentos, uma vez que a agitação não é suficiente para causar problemas às manobras no interior da bacia portuária. A título de exemplo, o porto de Santos, pode ser considerado um porto interior, uma vez que se localiza no estuário de Santos e não necessita de obras de proteção. Figura – Execução de quebra- mares Os quebra-mares são utilizados nos portos com o objetivo de tirar partido das suas características e possibilitar zonas de fraca ondulação, facilitando com isto a amarração de barcos, as operações de movimentação de cargas e a manutenção de navios, além de assegurarem a proteção das instalações portuárias propriamente ditas. Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP Obras para melhoramento dos portos Os portos podem necessitar de infraestrutura externa para criar áreas protegidas de ondas (quebra-mares, molhes e guias-correntes) e de Correntes (espigões). A finalidade destas obras é criar uma bacia portuária, proteger o canal de acesso em embocaduras costeiras e defender o litoral contra a erosão: Exemplos de obras de abrigo: molhes, quebra-mares e espigões, Exemplos de obras para melhoria de acesso: guias-correntes, canais de acesso e bacias (espera e evolução). Molhe : Estruturas perpendiculares e/ou oblíqua à costa, formando um escudo para portos e ancoradouros de barcos e protegendo uma parte da linha costeira a partir das ondas (bloqueio da energia das ondas incidentes). . 27/08/2019 12 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP Obras para melhoramento dos portos Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 4 – Principais tipos de defensas O tipo de defensa difere de acordo com o fabricante, tanto na forma como na capacidade de absorção de energia. Por outro lado podem-se enumerar alguns tipos de defensas que são produzidos por quase todos os fabricantes anteriormente mencionados: Defensa cilíndrica; Defensa em arco (Tipo V); Defensa modular (Tipo PI); Defensa de rodas; Defensa cónica; Defensa cilíndrica axial; Defensa pneumática e de espuma. • As duas últimas são defensas utilizadas preferencialmente em transferências entre navios em mar aberto, ou como defensas móveis, utilizadas em portos. 27/08/2019 13 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 4.1 – Defensas Cilíndricas As defensas cilíndricas, como as representadas na Figura abaixo, são fáceis de instalar uma vez que não têm de estar totalmente fixas ao paramento do cais, podendo estar suspensas por uma corrente. A facilidade de instalação faz com que as defensas cilíndricas apresentem grande versatilidade, sendo por isso ideais para a colocação em locais de difícil instalação, ou áreas onde não seja possível colocar defensas com sistemas de apoio que ocupem muito espaço. Figura – Exemplo de sistema de defensas cilíndricas. Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 4.2 – Defensas em arco (tipo V) As defensas em arco podem ser instaladas com qualquer orientação, como se pode verificar observando a Figura abaixo, sendo mais usualmente utilizadas com o seu eixo na vertical. Estas podem ser utilizadas para uma grande variedade de navios, sendo especialmente indicadas para embarcações que apresentam uma boa capacidade de deformação no casco. Figura – Exemplo de colocação de sistema de defensas em arco. 27/08/2019 14 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 4.3 – Defensa Modular (tipo PI) As defensas modulares são peças de fácil manutenção e colocação. Podem apresentar variadas configurações de instalação. São elementos de alto desempenho, uma vez que são constituídos por elementos individuais e são recomendados para espaços limitados de instalação. Na Figura abaixo pode ser observado um da possível colocação deste tipo de defensas em cais de acostagem. Figura– Exemplo de defensa modular (tipo PI). Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 4.4 – Defensa de Rodas As defensas de rodas são essencialmente utilizadas não para minimizar as reações no cais, mas para conduzir os navios em zonas estreitas, geralmente em direção a docas secas ou eclusas. Este tipo de defensa apresenta geralmente uma baixa resistência à compressão, pelo que a sua principal função não é a de proteção para as ações de acostagem, mas devido à sua muito baixa resistência à rotação tem grande utilidade em zonas de manobras difíceis. Na Figura abaixo, pode ser observado este tipo de defensa. Figura– Exemplo de defensa de roda. 27/08/2019 15 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 4.5 – Defensa Cônica As defensas cónicas, como a do exemplo apresentado na Figura abaixo, apresentam uma grande capacidade de absorção de energia sem uma grande transferência de forças às embarcações. Este tipo de defensa é de muito elevado desempenho, apresentando uma excelente relação energia-deformação, sendo hoje em dia as defensas que apresentam a maior capacidade de absorção de energia. A sua forma cónica permite que estes equipamentos resistam até elevadas pressões e ângulos de compressão. Figura– Exemplo de uma defensa cónica. Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 4.6 – Defensa Pneumática e de Espuma Este tipo de defensa é utilizado de forma diferente das já mencionadasuma vez que funciona em contato direto com a água, funcionando como uma defensa flutuante, podendo ser preenchida com ar ou espuma, como está representado na Figura abaixo. Vale ressaltar que os tipos mais usuais de defensas são tipo cone, modular (PI) e em arco (tipo V). Figura – Exemplo de defensa pneumática flutuante. 27/08/2019 16 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5 – Dimensionamento de Defensas Um determinado sistema de defensas deve ser projetado de forma a distribuir o esforço provocado no casco do navio pela maior área possível. A variação da altura das marés e a forma do casco do navio tem influência direta na dimensão do painel que assenta na defensa. A escolha do sistema de defensas mais apropriado para um determinado terminal não tem uma solução única. Para cada porto, existem condições específicas que tornam o dimensionamento mais complexo, de acordo com a zona geográfica e climática. A influência da ação do vento, variação das marés, características das bacias de manobra, profundidade dos canais de navegação e a natureza das estruturas de acostagem levam a que exista um grande número de soluções para um determinado tipo de problema. O sistema de defensas tem também de ser definido de acordo com a função de cada cais. No caso de estar em estudo um terminal multiuso a seleção torna-se ainda mais complexa uma vez que tem de ser feito um estudo contando com as características de diversos tipos de embarcações que irão lá estar atracados. O funcionamento das defensas baseia-se na lei de conservação de energia, ou seja, a energia cinética da embarcação durante as ações de acostagem é transferida ao cais, sendo absorvida pela própria estrutura, pelo casco do navio e pela deformação das defensas. Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5 – Dimensionamento de Defensas O estudo deve contemplar várias soluções possíveis, de forma a avaliar qual a melhor forma de equipar o cais. Numa primeira abordagem deve ser avaliado o tipo principal de embarcações que irão solicitar a estrutura, assim como as condições predominantes das manobras. O comportamento das defensas deve ser avaliado durante as ações de acostagem e de amarração, de forma a entender as cargas estáticas e dinâmicas a que as embarcações ficam sujeitas durante estes momentos. Quando um navio choca com uma defensa numa manobra de acostagem, estas deformam-se até que a velocidade do seu ponto de contato se anule. Parte desta energia é retribuída ao navio, fazendo com que mude os seus parâmetros de velocidade. Figura – Grande ruptura no casco após colisão frontal de um navio com o cais de acostagem A deformação máxima da defensa está associada a um esforço que deve ser absorvido pela estrutura de acostagem. Conhecida a energia transmitida pelo navio à estrutura, resta escolher um sistema de defensas adequado para receber tal energia. 27/08/2019 17 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1 – Esforços devido à atracação Os esforços de atracação consistem da ação do impacto das embarcações no momento da atracação destes em uma instalação portuária. Os sistemas de defensas são os responsáveis por absorver a energia cinética proveniente dos navios e embarcações neste momento e transmitir os esforços resultantes à estrutura da obra. Os sistemas de defensas são a primeira fronteira entre um navio e a estrutura de acostagem, garantindo a segurança das embarcações que atracam nos portos e das estruturas portuárias. Um aspecto importante a se considerar na introdução dos métodos de cálculo para a energia de atracação é o modo de atracação do navio na instalação portuária. As Figuras que seguem ilustram os principais modos de atracação praticados Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) 5.1 – Esforços devido à atracação Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 27/08/2019 18 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) 5.1 – Esforços devido à atracação Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1.1 - Esforços de atracação segundo recomendações da NBR 9782 Segundo as prescrições da NBR 9782, a energia cinética característica transmitida pela embarcação durante a atracação, e que deve ser considerada no dimensionamento das estruturas e defensas, é determinada pela seguinte expressão: sendo: EC = energia característica nominal; M1 = massa deslocada pelo navio; M2 = massa de água adicional; V = velocidade de aproximação no navio perpendicular à linha de atracação; Ce = coeficiente de excentricidade; Cr = coeficiente de rigidez. 27/08/2019 19 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1.1.1 - Massa deslocada pelo navio (M1) A massa M1 depende do tipo de instalação portuária. Nas instalações de descarregamento das embarcações, a massa (M1) a ser considerada é a máxima que a embarcação pode deslocar. Nas instalações em que ocorrerá exclusivamente carregamento, a massa a ser considerada corresponde à situação da embarcação em lastro ou parcialmente carregada. Admite-se nesta situação considerar como massa deslocada pela embarcação o valor de 90% de M1, ou seja, 0,9 M1, em que M1 é a massa correspondente à capacidade de carga total da embarcação (TPB). Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1.1.2 Massa deslocada pelo navio (M2) A massa M2 corresponde à massa de água que se movimenta em conjunto com a embarcação durante a atracação, é a consideração da massa hidrodinâmica pela NBR 9782. Pode ser determinada pela expressão a seguir: Sendo: • D = calado da embarcação nas condições da atracação (lastro ou carregado); • L = comprimento da embarcação; • a (gamma) = massa específica da água (água 1.000kg/m3 e água salgada 1.025 kg/m3). A norma permite adotar valores diferentes dos calculados pela expressão para a massa hidrodinâmica, desde que tenham sido comprovados por testes e/ou estudos científicos realizados em laboratório idôneo. 27/08/2019 20 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1.1.3 – Velocidade de aproximação da embarcação (V) De acordo com a norma NBR 9782, a velocidade (V) de aproximação das embarcações perpendicular à linha de atracação é afetada por uma série de fatores, quais sejam: tamanho das embarcações, condições de abrigo, uso de rebocadores, habilidade do piloto e condições meteorológicas. Os valores mínimos a serem adotados para o cálculo da energia de atracação característica, segundo a referida norma, são os indicados na Tabela01. Tabela 01 - Valores mínimos da velocidade de aproximação do navio para cálculo da energia de atracação segundo a NBR 9782 (em m/s) Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1.1.4 – Coeficiente de excentricidade (Ce) O coeficiente de excentricidade segundo a NBR 9782 leva em consideração a energia dispendida no movimento de rotação do navio, e é determinado pela expressão:Sendo: l = distância entre o ponto de contato e o centro de gravidade do navio, medida paralelamente à linha de atracação; r = raio de giro do navio (podendo ser considerado como aproximadamente igual a 25% do comprimento da embarcação); 27/08/2019 21 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1.1.4 – Coeficiente de excentricidade (Ce) Para efeito de dimensionamento, poderá ser estabelecida uma adaptação baseada nos conceitos propostos por TRELLEBORG, 2011, sendo: Sendo: B – boca da embarcação Para que a expressão anterior seja utilizada, precisamos obter o valor de y, através das expressões abaixo apresentadas e que podem ser melhor compreendida por meio da análise à Figura apresentada no próximo slide: sendo: L = comprimento da embarcação (m); Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1.1.4 – Coeficiente de excentricidade (Ce) Figura – Demonstração das variáveis x e y 27/08/2019 22 Prof. MSc. Danilo Gonçalves Batista Disciplina: Portos e Vias Navegáveis (17B3) DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS Semestre 2019/2 Turmas: 9º/10ºP 5.1.1.5 - Coeficiente de rigidez (Cr) O coeficiente de rigidez (Cr) leva em consideração a parcela da energia de atracação absorvida pela deformação do costado no navio. Segundo a NBR 9782:1987, dependendo da rigidez do sistema de defensas o valor adotado pode variar entre 0,90 e 0,95. Para efeito de cálculo de dimensionamento neste módulo de aula, adotaremos um coeficiente de rigidez de 0,90. Geralmente considera-se que as embarcações podem embater num ponto singular, ou num par de pontos. Este segundo caso é o mais comum, e irá ser o caso estudado neste módulo de aula. O impacto das embarcações acontece geralmente em dois pontos devido às grandes dimensões destes e ao ângulo com que estes se aproximam, e apenas em casos muito raros embatem em apenas uma defensa. Desta forma a energia do impacto é distribuída em duas peças de equipamento. Eng. Civil, MSc. Danilo Gonçalves Batista DIMENSIONAMENTO DE DEFENSAS PORTUÁRIAS