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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA Curso: Zootecnia Disciplina: Equideocultura OBJETIVOS Proporcionar aos alunos conhecimentos práticos e teóricos sobre criação de equídeos, visando produção econômica através do aperfeiçoamento de raças. 1. INTRODUÇÃO, IMPORTÂNCIA E GENERALIDADES. 1. Classificação Zoológica dos Equídeos: Reino: Animal: Animais multicelulares ou com tecidos; corpo com muitas células, geralmente dispostas em camadas ou tecidos. Filo: Chordata: Animais que tem em algum estágio ou durante a vida uma notocorda axial em forma de bastonete para suportar o peso do corpo; um cordão nervoso ímpar dorsal tubular e fendas branquiais para entre a faringe e exterior; cauda atrás do ânus. Classe: Mamalia: Animais com corpo coberto de pêlos; respiração pulmonar; coração com quatro câmaras; endotérmicos; fêmeas com glândulas mamárias. Ordem: Perissodactila: Animais ungulados de dedos ímpares; grandes; pernas longas; pés com número ímpar de artélhos dentro de um casco córneo; o eixo funcional da perna passa através do artélho (3o) médio; estômago simples. Sub-ordem: Hipoídea: Animais perissodáctilos na sub-ordem dos hipomorfos, que engloba os titanotírios, os pôneis, os cavalos, etc... Família: Equidae: Animais com dedo funcional com cascos em cada perna; se alimentam de gramíneas. Gênero: Eqqus: Incluem os eqüinos ou cavalinos (cavalos propriamente dito) e os asininos (asnos e jumentos). Espécie: Equus caballus (64 cromossomos) Eqqus asinus (62 cromossomos) Eqqus burchelli (44 ou 46 cromossomos) Sub-espécie: Eqqus mu (63 cromossomos) 2. Origem, Evolução e Domesticação de Equídeos ESPÉCIE ÉPOCA DESCRIÇÃO Eohipo 50 milhões Eoceno Inferior 4 dedos adiante, com rudimento do 5o; 4 dedos atrás; o mediano mais desenvolvido. Tamanho de uma raposa. Orohipo 42 milhões Eoceno Superior O vestígio do 5o dedo desapareceu; 4 dedos adiante e 3 atrás; tamanho de um tapir. Mesohipo 38 milhões Mioceno Inferior 0 2o e o 4o dedo apenas tocam o solo 3 dedos adiante e 3 dedos atrás. Miohipo 25 Milhões Mioceno Superior 3 dedos quase do mesmo tamanho Protohipo Plioceno Inferior Semelhante ao cavalo; quase do tamanho do jumento. Apenas o dedo central toca o solo, os laterais são muito reduzidos. Pliohipo 5 Milhões Plioceno Médio Muito semelhante ao cavalo, menor. Cascos pequenos, falanges largas. Eqqus fossilis 1 Milhão Não difere do cavalo atual; existiu muito difundido nas Américas, onde se extinguiu antes dos tempos pré- históricos. Cavalo O professor M. E. Esminger da Universidade de Wiscomtim, E.U.A. diz que existem fósseis de uma família de equinos da era terciária, ou seja, o cavalo existe a 58 milhões de anos. Históricamente, o cavalo faz parte da vida do homem a 5.000 anos. Quando este o montou pela primeira vez, não havia ninguém para lhe servir de modelo. Deve ter aprendido a partir de suas próprias observações; foi lhe necessário estuda – lo, ou seja, perceber como ele operava física, mental e emocionalmente. Não se sabe ao certo como foi o primeiro encontro. Talvez tenha encontrado um potro cuja mãe tenha sido morta por algum predador e resolveu criá – lo. De qualquer modo, ganhou sua confiança. Em seguida, pensou que pudesse montá – lo e, ao fazê – lo, deve ter se sentido muito mais poderoso, o que certamente lhe provocou uma emoção muito forte – uma vez que poderia saltar mais alto e correr mais rápido do que fazia antes: deve ter se sentido como se o cavalo fosse a sua própria extensão. Nessa interação constatou que o cavalo foi seu primeiro professor, e assim é; o cavalo é o nosso maior professor. O cavalo e o transporte No começo do século XIX grande parte do território brasileiro não podia utilizar o transporte fluvial. Principalmente no Nordeste e nas regiões das minas não havia rios próprios para a navegação, por isso o transporte terrestre é o que predominava. Mas o próprio transporte por terra não era fácil. Os caminhos eram apenas picadas ou veradas estreitas, muito acidentais e cheias de curvas. Com a chuva, esses caminhos tornavam – se intransitáveis. Quase não havia pontes, e os rios deviam ser atravessados nos lugares que eram menos fundos, o que obrigava a dar grandes voltas. Por isso quase não usavam veículos (carroças) no transporte, principalmente quando as distâncias eram grandes. Quase todo o transporte era feito no lombo dos animais. No nordeste e no sul o cavalo era o animal mais utilizado; nas regiões de montanhas, no centro do país como nas regiões das minas, os mais utilizados eram a mula e o burro. Nas cidades, as carruagens importadas da Inglaterra eram puxadas por cavalos, que substituíram as cadeirinhas puxadas por escravos. No Rio de Janeiro, visconde de Mauá introduziu os primeiros bondes puxados por cavalos. Na região Sul até os dias de hoje o cavalo é típico do gaúcho, um animal de importância extraordinária, principalmente para o vaqueiro, o meio de transporte natural. Pensando Cavalo O livro, Horses and Horsemanship, escrito por M.E.Esminger, professor da Universidade Estatal de Wisconsin, E.U.A., diz que existem fósseis de uma família de eqüinos que data da Era Terciária, ou seja, o cavalo existe acerca de 58 milhões de anos. Isso me faz pensar que este animal é um vencedor porque, sendo "predado", teve que desenvolver um sistema de auto-preservação extremamente sofisticado para sobreviver até os nossos dias. Portanto, quando empina, corcoveia, manoteia, empaca, escoiceia, morde, dispara, assusta-se com os mais inusitados objetos, quer apenas salvar sua vida. Muita gente pensa que, pelo fato de ele hoje, na maioria das vezes, ser criado e manejado em haras e fazendas, a partir de técnicas específicas de criação profissional, tenha perdido esse instinto de auto preservação, o que não é verdade; esse instinto é uma demanda arquetípica. Penso que com as pessoas acontece de forma semelhante. Historicamente, o cavalo faz parte da vida do homem há 5000 anos. Quando este o montou pela primeira vez, não havia ninguém para lhe servir de modelo. Deve ter aprendido a partir das suas próprias observações; foi lhe necessário estudá-lo, ou seja, perceber como ele operava física, mental e emocionalmente. Não sei como se deu esse primeiro encontro. Talvez tenha encontrado um potro cuja mãe tenha sido morta por algum predador e resolveu criá-lo. De qualquer modo, ganhou sua confiança. Em seguida, pensou que pudesse montá-lo e, ao fazê-lo, deve ter se sentido muito mais poderoso - o que certamente lhe provocou uma emoção muito forte - uma vez que poderia saltar mais alto e correr mais rápido do que fazia antes; deve ter sentido como se o cavalo fosse a sua própria extensão. Nesta interação constatou que o cavalo foi seu primeiro professor, e assim é; o cavalo é o nosso melhor professor. Xenofontes, um general grego, escreveu há mais de 24 séculos um livro intitulado: "A ARTE DO HORSEMANSHIP". Esta obra consta da maioria das bibliografias sobre estudos a respeito do manejo, maneiras de montar e disciplinar cavalos. Todos os autores que o conhecem são unânimes em dizer que o livro é de uma clareza ímpar no que se refere ao conhecimento sobre cavalo. Sua postura implicava no respeito, na segurança, no conforto e na compreensão do animal, quando em treinamento. Ele diz: - "Nada forçado e sem compreensão pode ser belo". - "Os potros devem ser treinados de tal maneira que não só gostem de seus cavaleiros, mas que também estejam esperando ansiosamente por eles no dia seguinte". Não sei o que aconteceu no curso da história para que essa postura tenha sido abandonada e substituída por aquelas de confronto e intimidação, abusando do chicote e daespora para discipliná-los. Em todos os meus artigos, tenho falado insistentemente que a maioria das pessoas não observa que o cavalo é um animal "predado" e, por isso, a necessidade do instinto de auto- preservação. Portanto, quando se lida com esses animais, não levar em consideração esse fato é trombar de frente com eles. O cavalo não responde àquilo que estamos pedindo, por três razões básicas: por não compreender, por estar confuso ou, ainda, por não ter lhe sido ensinado. Se não levarmos em conta esses fatores, estaremos procurando briga e, com certeza, vamos encontrar, com a agravante de que sempre vamos sair perdendo, pela razão mais óbvia: ele é mais forte que nós. O que devemos fazer é lhe dar tempo para que possa aprender e compreender o que estamos pedindo. Não há atalhos e a única mágica que existe somos nós e o nosso cavalo, ajustando-nos a cada situação que aparece, procurando Sentir o seu Timing a fim de que possamos ter uma relação mais Equilibrada, e com isso conseguirmos uma posição mais adequada de onde ele possa começar melhor. Nos meus 26 anos de atividade, tenho ouvido muitas pessoas dizerem que, se não quebrarmos o Espírito do cavalo, ele vai ficar com o Pulo escondido e que mais dia menos dia esse Pulo vai aparecer. A meu ver, o Espírito talvez seja a parte mais importante do cavalo e o que mais quero é construir esse Espírito, porque só assim vou poder utilizá-lo. O cavalo tem uma psicologia própria que controla seu corpo, ou seja, suas pernas e seus pés. Observo as pessoas lidando com eles, não levando em conta que essa necessidade básica de auto- preservação faz parte de seu mundo, portanto, pensam, são sensíveis e tomam decisões, assim como nós. Sinto que o problema todo reside na necessidade de reconhecermos o antagonismo entre as duas naturezas. Sendo o homem predador e o cavalo "predado", fica evidente que somos biologicamente antagônicos. Nosso trabalho é garantir a ele que pode conservar seu instinto de auto preservação e ainda responder ao que lhe estamos pedindo. Isto será muito útil, tanto para nós como para o cavalo. Minha maior preocupação, quando estou iniciando um potro, é lhe deixar o mais claro possível que não precisa ter medo nem se proteger. Gosto de dar-lhe tempo para compreender o que quero dele. Às vezes, ir devagar é o jeito mais rápido de se chegar a algum lugar. Não quero, de maneira nenhuma, assustá-lo. Se ele ficar com medo de mim, na próxima sessão estará também com medo, pois estará esperando por isso, assim que me vir. Aplicar uma pressão inadequada, quer dizer, apressar o programa de treinamento por qualquer razão, obrigá-lo a trabalhar até o cansaço extremo, não lhe dando o Tempo necessário para que possa compreender o que espero dele vai despertar seu instinto de autopreservação, o que ele tem de mais forte, gerando confusão e, conseqüentemente, rebeldia. O cavalo é um ser naturalmente liderado, portanto, nosso trabalho é liderá-lo da mesma forma que um cavalo faz para controlar outro. Pensar que com açúcar e cenoura vamos conseguir lhe colocar sela e fazê-lo trabalhar para nós é pura ilusão Waltdisneyana. Ele vai nos testar em nível de nossa capacidade de liderança, muitas vezes em situações realmente difíceis. Temos que provar que não somos predadores, mas sim líderes, preparando-nos para as situações que ele vai nos criar, antecipando-as, sem lhe causar susto, medo ou dor, situações que lhe permitam tomar decisões corretas em relação a nós. Por exemplo, no trabalho de redondel, a atitude é incorreta é quando ele pára com a cara virada para a cerca, o que significa que vai trabalhar (galopar) mais. A atitude correta é quando pára com a cara virada para o seu treinador; então, a pressão deve ser aliviada imediatamente, permitindo que descanse e perceba que é isso que se espera dele. Assim, estaremos trabalhando através da sua mente. Quando aprendemos a fazer uma leitura do cavalo através da observação de suas expressões, crescem nossas possibilidades de comunicação. O que dizem suas orelhas, seus olhos, sua boca? Suas ações também vão nos dizer o que está acontecendo: quando está compreendendo ou quando não está, quando está com medo ou quando está agressivo. Interpretar o nível de aceitação representado por essas atitudes é o nosso Gol. Aprender a ler o cavalo é aprender uma linguagem nova é a comunicação através da sensibilidade, e isso só se consegue com a mente aberta. De nada adianta uma atitude arbitrária, opressiva, como se fôssemos superior a ele. Temos de permitir que ele aprenda. Por exemplo: quando quero ensinar meu cavalo a virar a cabeça para a direita, encurto a rédea direita; assim que percebo a menor tentativa de ele me dar a cabeça, alivio a pressão. Rapidamente ele compreenderá, porque estará procurando por aquele ponto (alívio da pressão), e assim estarei dando-lhe uma razão, um significado para fazer aquilo. Existem pessoas que chamam esse procedimento de Doma Racional. Prefiro chamá-lo "Doma" "Dinâmica Organizada movimento adestrado". Tenho que ter muita Doma para que possa pôr Doma no meu cavalo; a atitude "Doma" é responsabilidade mútua. Nunca sei o que vou fazer quando chego perto de um cavalo pela primeira vez. É ele que vai me dizer o que fazer e como fazer. Quero estar conectado com ele e poder dar-lhe o Tempo que precisar para que me compreenda. Procuro um entendimento de parceria, não estou interessado em escravidão. Quero a interação mais profunda possível naquilo que eu e ele estamos nos propondo a fazer juntos. O CAVALO - Origem e Evolução Origem e Evolução A partir da época de Linnaeus (século XVIII) até o início do século XIX, a História Natural, como ciência, tornara-se quase que exclusivamente descritiva. Tratava de executar um verdadeiro inventário dos gêneros da Natureza. As leis fundamentais da Biologia eram praticamente desconhecidas. Nas primeiras décadas do século XIX, a conceituação tipológica de espécie defronta-se com algumas dificuldades, tais como a interpretação, pelos geólogos, de fósseis encontrados, como sendo a de restos ou vestígios de espécies não mais existentes. Ao mesmo tempo, e pelos anos seguintes, o interesse pelas grandes viagens de exploração e a volúpia pelas navegações a plagas antes ignoradas, assim como uma melhoria nas comunicações, criaram dificuldades: o mesmo animal portava diferentes nomes em diversas regiões; veio à luz grande diversidade de formas de vida novas, exóticas, coligadas naquelas explorações; abarrotam-se os museus europeus de material o mais diversificado possível; avolumam-se as descrições de novas espécies – enfim, o reconhecimento dos animais torna-se muito difícil.Charles Darwin, componente de uma das referidas expedições científicas, já influenciado pelos estudos de Malthus – ensaios sobre população humana -, atribui à seleção natural uma das causas fundamentais da transformação das espécies. Ao publicar a “Origem das Espécies“ (1859), coloca o mundo científico da época face à questão: seriam todos os organismos descendentes de ancestrais comuns? Essa dúvida estimula o interesse científico para o estudo das relações filogenéticas entre os grupos de animais e, para se demonstrar tais relações, lançou-se mão da Anatomia e Embriologia comparadas, bem como da Paleontologia, buscando-se assim vestígios morfológicos e de compostos orgânicos fósseis em rochas de diferentes épocas geológicas da Terra. A ORIGEM DO CAVALO – O encontro de fósseis de cavalos serviu de suporte para a compreensão da teoria de Darwin. Em 1840, o paleontologista inglês Sir Richard Owen tornou-se o primeiro a descrever um fóssil desse mamífero, ao qual conferiu o nome genérico de Hyracotherium, devido à semelhança com os hiracóides – pequeno grupo de ungulados, com três ou quatro dedos nas patas, originários da África e do Oriente Médio. Esse fóssil foi encontrado nasvizinhanças de Londres, em depósitos argilosos datando do início da era Cenozóica (cerca de 64-50 milhões de anos atrás). Mas, na Segunda metade do século XIX, com a criação de diversos museus de História Natural nos Estados Unidos, o foco da ciência volta-se para o continente norte-americano, desenvolvendo-se muito a Paleontologia. Desde então, numerosas expedições, organizadas por esses museus, foram enviadas para exploração e colheita do rico material fóssil encontrado no Oeste norte-americano. Como resultado, inúmeros fósseis de cavalos foram encontrados e enviados à museus, fornecendo estudo e suporte científico incontestável para a aceitação definitiva da teoria evolutiva de Darwin. Em 1876, Othniel Charles Marsh, professor de Paleontologia da Universidade de Yale e um dos grandes incentivadores de tais expedições, ao estudar fósseis de cavalos encontrados no Novo México, datando do início da época Eocênica (cerca de 54 milhões de anos atrás), cria um novo gênero para incluir esses fósseis, aos quais denomina de Eohippus (cavalo da alvorada). Posteriormente, paleontologistas ingleses e norte-americanos compararam as coleções de Hyracotherium provenientes do continente europeu com aquelas de Eohippus oriundas do Oeste norte-americano, concluindo tratar- se do mesmo animal. Pelas leis da prioridade do Código de Nomenclatura Zoológica, o nome genérico Hyracotherium prevalece sobre Eohippus, apesar do uso generalizado da última designação. Os verdadeiros ancestrais do moderno cavalo – do Hyracotherium ao Equus – puderam ser estudados e determinados com precisão, em suas sucessivas etapas evolutivas, apenas no continente norte-americano, levando-nos a aceitar a América do Norte como sendo o ponto de partida da origem dos eqüídeos. OS PRIMITIVOS UNGULADOS – Apesar de não se conhecer o imediato ancestral do Hyracotherium, credita-se à ordem Condylarthra como sendo a precursora não somente dos cavalos, mas também dos demais ungulados e dos carnívoros em geral. Os mais primitivos Condylarthra aparecem como fósseis em sedimentos do início da época Paleocênica (cerca de 64-60 milhões de anos atrás), sendo o gênero Phenacodus, durante o Eoceno, um contemporâneo do Hyracotherium, seu membro mais conhecido e portador de características morfológicas sugestivas tanto de carnívoros quanto de ungulados herbívoros. PERISSODÁCTILOS – Já no início do Eoceno encontramos os ungulados distribuídos nas duas ordens aceitas atualmente: Perissodáctila e Artiodáctila. Os perissodáctilos (perissos = ímpar) constituem os ungulados que persistem até nossa época, tendo como representantes os eqüideos, os tapirídeos e os rinocerontídeos, quase todos usualmente com número ímpar de dedos. Em todos os perissodáctilos modernos observamos ausência do primeiro metacarpiano e do primeiro e do quinto metatarsianos. Na maioria deles (excetuando o tapir), o quinto metacarpiano também está ausente. Deste modo, nos membros anteriores e posteriores de muitos perissodáctilos geralmente ocorre a presença de três dedos funcionais ou, como nos eqüideos, um só dedo. Provavelmente, a partir de um tipo ancestral comum, os perissodáctilos evoluíram em várias direções (irradiação adaptativa), dando origem às subordens Hippomorpha e Ceratomorpha, que atingiram seu apogeu em meados da época Oligocênica (cerca de 30 milhões de anos atrás). Entre os Hippomorpha, além dos eqüideos, podemos citar, como exemplo, os extintos titanotheres (Brontotherium spp), que surgiram no início do Eoceno como animais semelhantes ao Hyracotherium, e que no Olígoceno se constituíram em gigantescos mamíferos com aproximadamente três metros de altura. O desaparecimento desses espécimes, assim como de outros perissodáctilos, possivelmente esteve ligado, entre outros motivos, à sua incapacidade de competir com outros mamíferos contemporâneos mais evoluídos – em alguns casos, seus próprios descendentes. EVOLUÇÃO DOS EQUIDEOS - Se imaginarmos o Hyracotherium como ancestral do Equus caballus – e na realidade ele foi tão primitivo como qualquer um dos primeiros perissodáctilos, podendo ser referido como protótipo dessa ordem de mamíferos -, verificamos que basicamente possuía quatro dedos nos membros anteriores e três dedos nos membros posteriores, conferindo-lhe uma sustentação melhor adaptada ao solo macio das florestas, seu biótipo natural. A arcada dentária, embora primitiva, era portadora de incisivos já ajustados para o corte de folhas, sementes tenras e pequenos frutos, que principalmente lhe garantiam a subsistência. Certamente escapava de seus inimigos escondendo-se, graças ao seu pequeno porte, por entre as folhagens, ao invés de fugir, empregando a velocidade que ainda não possuía, como o fazem a maioria dos habitantes das planícies. O que aconteceu nos milhões de anos que separam o Hyracotherium de seus descendentes modernos? O encontro de fósseis de Hyracotherium na América do Norte e na Inglaterra demonstra que houve a possibilidade de dispersão geográfica e, durante o Paleoceno e a maior parte da época eocênica, uma das prováveis rotas migratórias foi através da ligação entre o continente norte-americano e o europeu; posteriormente, tal possibilidade tornou-se inviável em conseqüência da derivação dos continentes. No final no Eoceno (cerca de 49-38 milhões de anos atrás), a única passagem possível em direção ao continente asiático-europeu era através da limitada faixa de terra que hoje constituí o Estreito de Bering. A separação entre os dois continentes levou ao isolamento geográfico do Hyracotherium, permitindo sua evolução de maneira distinta no continente norte-americano e no europeu. Enquanto na Europa, durante o Eoceno, seus descendentes desenvolveram-se em sucessivas linhas evolutivas divergentes que se extinguiram no início do Olígoceno (cerca de 38-30 milhões de anos atrás), na América do Norte o Hyracotherium deu origem a formas evolutivas – Orohippus e Epihippus – que, embora ainda conservativas sob muitos aspectos anatômicos, já apresentavam tendência progressiva à transformação dos dentes pré-molares em estruturas de molares (molarização) – sem dúvida alguma um dos principais fatores responsáveis pela sobrevivência dos eqüideos através da era Cenozóica. No início do Olígoceno surgem os eqüideos tridáctilos – os Mesohippus. Assim, com a perda do quinto metacarpiano, tanto as patas anteriores quanto as posteriores ficaram com três dedos, havendo predominância dos terceiros metacarpianos e metatarsianos. Notavelmente, ocorre uma quase completa molarização dos pré-molares (do segundo ao quarto) – agora, o conjunto de dentes com funções mastigadoras e trituradoras são seis, três pré-molares, conduzindo o Mesohippus à gradual diversificação de seus hábitos alimentares, havendo, portanto, adaptação dos dentes à ingestão de gramíneas com alto teor de minerais abrasivos, alimentação predominante disponível no início da época Oligocênica. Provavelmente mudanças também ocorreram na estrutura do cérebro, havendo aumento do seu tamanho e do número de circunvoluções dos hemisférios cerebrais. Como seria interessante conhecer as mudanças de comportamento e de inteligência que acompanharam essas transformações! Os cavalos mais progressivos de meados do Oligoceno e todos aqueles encontrados no final dessa época (cerca de 26 milhões de anos atrás) são colocados, por convenção, em gênero separado – Miohippus – diferenciando-se de seu ancestral Mesohippus quase que exclusivamente pelo tamanho – o Miohippus era um pouco maior do que um carneiro. Se na metade final do Oligoceno o Miohippus esteve confinado à América do Norte, seu descendente Anchiterium, no início do Mioceno (cerca de 20 milhões de anos atrás), logo migrou, via Estreito de Bering, para o continente asiático-europeu, aí estando presente até meados dessa época (cerca de 12 milhões de anos atrás). Aqueles espécimes de Anchiteriumque permaneceram no continente norte-americano deram origem ao Hypohippus, anatomicamente ainda bastante conservativo, sobressaindo-se de seus ancestrais da linhagem Mesohippus – Miohippus – Anchiterium principalmente pelo maior porte. Alguns Hypohippus migraram para o Velho Mundo, onde seus fósseis, datando da época Pliocênica (cerca de 7-2 milhões de anos atrás), foram encontrados na China. Paralelamente, na América do Norte, alguns descendentes do grupo Hypohippus originaram formas evolutivas muito avantajadas para a época (início do Plioceno), consequentemente recebendo o nome de Megahippus. A época Miocênica foi muito importante na história evolutiva do cavalo. Aquelas formas arcaicas e conservativas de eqüideos – do Anchiterium ao Megahippus – não puderam sobreviver ao novo tipo de alimento disponível em abundância na época, constituído basicamente de gramíneas com alto conteúdo de sílica, mineral altamente abrasivo – seus dentes, desprovidos de sulcos e com coroas baixas, logo se desgastavam, impedindo-os de se alimentar de forma adequada. O problema foi resolvido, no Mioceno, a partir de determinada linha evolutiva proveniente do Miohippus, que deu origem aos sucessivos gêneros Parahippus e Merychippus. Nesses gêneros, particularmente no Merychippus, o conjunto triturador, composto pelos dentes pré-molares e molares, adaptou-se muito bem para a mastigação de gramídeas portadoras de sílicas. Esse material alimentar abrasivo provocava grande desgaste dentário, havendo, além do mais, necessidade de sua ingestão em grande quantidade para perfeito desenvolvimento dos animais. Houve evolução dos pré-molares e molares em estruturas trituradoras com coroas altas, complexo padrão de linhas de esmalte duro na sua superfície e com crescimento contínuo à medida que se desgastavam – o esmalte dentário agora assentava-se em uma matriz de dentina e de cemento que se desgastava mais depressa do que o próprio esmalte, resultando na manutenção da superfície dos dentes em estado áspero, com as arestas de esmalte duro projetando-se acima da dentina e do cemento. Dessa maneira, o Merychippus tornou-se portador de um mecanismo triturador altamente eficiente na utilização do material áspero formador de sua dieta – surgia o pastejador de gramíneas, de tal modo bem adaptado às condições de sua época, que de pronto deu origem a pelo menos seis distintas linhas evolutivas. Entre essas formas evolutivas, ainda tridáctilas, podemos citar os grupos Hipparion, Neohipparion e Nannippus. Enquanto Neohipparion e Nannippus permaneciam exclusivamente na América do Norte – Nannippus sendo inclusive considerado, na transição do Plioceno para o Pleistoceno (cerca de 2 milhões de anos atrás), como a última forma tridáctila de eqüideos presente no continente norte-americano -, Hipparion caracterizava-se por ser um migrante por excelência. Ao atravessar o Estreito de Bering, disseminou-se da China à Europa Ocidental, atingindo inclusive a África, onde se registra, pela primeira vez, a presença de eqüideos – aí no continente africano, seus descendentes deram origem, no Plioceno, ao grupo dos Stylohipparion. Esses animais sobreviveram até o final da época Pleistocênica, convivendo com os ancestrais imediatos das zebras. São considerados os últimos eqüideos tridáctilos. Mas, sem dúvida alguma, dos grupos originários de Merychippus no final do Mioceno, o mais importante deles foi Pliohippus. Entre os oito ou mais gêneros que existiram no início do Piloceno, foi somente no gênero Pliohippus que a redução do segundo e do quarto dígitos atinge seu grau máximo, a ponto de não mais neles haver estojo córneo – surge o cavalo monodáctilo. Tal condição anatômica foi retida através dos seus descendentes, aí incluso o gênero Equus. As espécies mais avançadas de Pliohippus assemelhavam-se de tal forma ao cavalo moderno, que sua posterior evolução foi muito mais uma questão de refinamento de detalhes anatômicos do que qualquer outra mudança essencial. O gênero Equus, no seu sensu latu, surgiu no final do Plioceno (cerca de 3-2 milhões de anos atrás), a partir do subgênero Pliohippus (Astrohippus). As primeiras espécies norte-americanas de Equus são colocadas em subgênero separado – Equus (Plesippus) -, que, ainda no seu estágio mais primitivo, logo migraram para o Velho Mundo. Acredita-se que as formas mais avançadas de cavalos – Equus (Equus)- também tiveram sua origem no continente norte-americano a partir de Equus (Plesippus), daí migrando para o continente asiático-europeu. Mas sua história, entretanto, pode ser mais complicada do que parece. O que se sabe, com certeza, é que fósseis de gênero Equus foram encontrados em quase todos os continentes, excetuando-se, por motivos óbvios, o australiano. Do início do Paleoceno até o final do Plioceno – portanto durante aproximadamente 60 milhões de anos – a América do Sul esteve isolada do resto do mundo. Quando o Hyracotherium surgiu na América do Norte, havia um estreito e não um istmo entre os continentes norte e sul-americanos, impedindo que os eqüideos migrassem para a América do Sul. No final do Plioceno, com o restabelecimento de ligação entre esses continentes através do Istmo do Panamá, houve migração de formas evolutivas avançadas de Pliohuppus em direção ao continente sul-americano, onde deram origem a três distintas linhas evolutivas: Hippidion, Onohippidion e Parahipparion (ou Hyperhippidion). Esses gêneros caracterizavam-se, entre outros detalhes anatômicos, por apresentarem as patas reduzidas. No entanto, tais grupos extinguiram-se no decorrer da época Pleistocênica (cerca de 2 milhões – 12 mil anos atrás). Porém, antes que ocorresse sua extinção, a América do Sul assistiu a uma nova invasão de eqüideos, agora representados através dos modernos cavalos, os Equus (Equus), que gradativamente substituíram os antigos imigrantes, ocupando biótipos tão distintos como as planícies tropicais ao longo do Equador ou então as linhas costeiras geladas do Estreito de Magalhães. Assim como os congêneres norte-americanos, sobreviveram aos sucessivos períodos glaciários e interglaciários do Pleistoceno e, quando os primeiros homens se estabeleceram no continente americano, certamente defrontaram-se ainda com extenso rebanhos de cavalos. Todavia, em espaço de tempo relativamente curto (alguns milhares de anos), Equus (Equus) extinguiu-se tanto na América do Norte quanto na América do Sul, resistindo, como espécie (Equus caballus), apenas no continente euro-asiático. Por que os eqüideos não sobreviveram no continente americano? Sua extinção provavelmente se constitua num dos episódios mais enigmáticos da história animal. Algumas pretensas explicações podem ser definitivamente descartadas, tais como: 1. Influência da Idade do Gelo – muitos cavalos habitavam regiões não atingidas significativamente pelas glaciações, sabendo-se que sua extinção ocorreu apenas após o último período glaciário; 2. Desaparecimento de suas fontes alimentícias – outros pastejadores, como os bisões-americanos (Bison bison), que com os cavalos dividiram o mesmo biótipo na América do Norte, sobreviveram em grandes rebanhos até a chegada dos colonizadores europeus; por outro lado, quando os cavalos foram por eles reintroduzidos nas Américas, rapidamente formaram grandes e prósperos rebanhos, tanto nas planícies dos Estados Unidos quanto nos pampas argentinos, o que demonstra serem essas regiões geográficas altamente favoráveis à colonização dos eqüídeos – não havendo também comprovação de que, por ocasião da extinção dos cavalos, o clima nessas localidades fosse muito diferente em relação ao dos dias atuais; 3. Predatismo por outras espécies de animais – supõe-se que nenhum potencial inimigo natural dos eqüideos surgiu no continente americano por ocasião de sua extinção; ao contrário, prováveis predadores ou não, tais como o tigre dente-de-Sabre,o mamute e o rinoceronte, também desapareceram conjuntamente com os cavalos. Resta-nos, como hipótese, aventarmos a possibilidade da ocorrência de algum agente etiológico, em caráter epidêmico, com alto coeficiente de letalidade e alta especificidade de hospedeiro – vírus, bactéria ou protozoário – transmitido ou não por artrópodes. E, se tal fato foi a expressão da verdade, infelizmente não pode ser comprovado através de remanescentes fósseis dos cavalos; os desafios aos quais os eqüinos não puderam enfrentar permanecem como um dos grandes mistérios e um dos capítulos mais impressivos da história do Reino Animal. Evolução equina Para entendermos uma determinada espécie, torna-se necessário conhecermos sua evolução e escala zoológica. É nos eqüinos que encontramos uma escala evolutiva notavelmente completa, através da descoberta de registros fósseis da evolução eqüina. Ao contrário da maioria dos animais, nos eqüinos foi possível reconstituir toda a sua evolução. Este fato teve grande importância no estudo da espécie, pois podemos entendê-la, acompanhando as mudanças que o meio ambiente determinou à espécie, ou seja, as adaptações que foram impostas pela natureza à medida que as dificuldades de sobrevivência foram surgindo. O aparecimento do cavalo primitivo é da era terciária do período Eoceno (mais ou menos 55 milhões de anos), sendo que o primeiro ancestral a surgir foi o Hyracotherion, mamífero de pelo liso, que vivia nas florestas e se alimentava de tenros brotos de folhas. Seus dentes eram próprios para a trituração destes vegetais, possuíam quatro dedos em cada membro anterior (dianteiros) e três dedos nos posteriores (traseiros), de porte pequeno, medindo aproximadamente 25 centímetros. Era encontrado por toda América do Norte Eurásia, contudo sua evolução continuou somente no continente norte americano, vindo a extinguir-se no velho mundo, sendo que todas as espécies subseqüentes que surgiram nos outros continentes, derivam da América do Norte. No período glacial fortemente marcado por cataclismos e epizootia, tomou-se extinto na América do Norte, retomando àquela região somente com a presença dos conquistadores espanhóis que lá chegaram no século XVI. No decurso de milhões de anos de evolução, seu dorso tomou-se mais reto, sues dedos foram igualmente atrofiando e seu porte aproximadamente o de um cachorro grande; crescendo sempre, através dos tempos, o cavalo foi sofrendo várias modificações no formato do crânio, na distribuição dos dentes e no comprimento dos membros. Este processo continuou durante outros milhões de anos, chegando ao Hipparion, de porte mais elevado, longos membros, que agora possui um só dedo central coberto por uma camada córnea chamada casco, sendo um cavalo selvagem e da altura de um pônei. Os cavalos selvagens que ainda hoje são encontrados na Ásia, embora em pequeno número - aproximadamente 60 indivíduos - são os Equus Przewalsyis, descobertos em 1879 no deserto próximo as fronteiras russo-chinesas; percorriam em manadas a Ásia, a Europa (mais precisamente a França) e também parte da África. Eram perseguidos pelo homem como caça e mais tarde passaram também a ser capturados e domesticados, isso há aproximadamente 3.000 anos a.C., prestando a partir de então, múltiplos serviços ao homem. O cavalo moderno é um ponto culminante de uma só, dentre muitas linhas de evolução. Chegou, porém as dimensões e características gerais que hoje apresenta, ainda no período pré-histórico. 3. Introdução dos Equídeos na América Os estudos de Paleontologia revelaram que o Cavalo teve origem nas Américas. É um fato incontestável que existiram eqüinos em abundância, desde a Patagônia até a América do Norte, pois foram encontrados esqueletos representativos de todas as formas de sua evolução. Esses esqueletos acham-se expostos em diversos museus. Através de migrações ou de qualquer outro fator, ocorreu o desaparecimento da espécie antes da pré-história. Estudos revelam que os cavalos reapareceram na Europa e parece certo que pelo menos três espécies primitivas, originados em locais diversos, tenham contribuído para a formação dos cavalos atuais. Foram eles: Eqqus przewalski – Cavalos das Estepes ou da Mongólia. Eqqus gemelini – Cavalos dos Desertos ou Tarpã. Ex.: Árabe. Eqqus fossillis – Cavalos das Florestas. Ex.: Shire. Atribui-se a domesticação dos cavalos aos árias ou protomongóis, 3.000 a.C., só se tornando conhecido no ocidente na Idade do Bronze. Foi nas guerras – nas invasões da Grécia (2.000 a.C.), do Egito (1.600 a.C.) que os ocidentais ficaram conhecendo o cavalo. O aperfeiçoamento do cavalo de sela e aumento do seu tamanho se verificou nas civilizações que se desenvolveram na Pérsia e Mesopotâmia, empregando o animal a princípio como animal de tiro leve. Como montaria só foi usado a partir de 750 a.C. Até o advento de Cristo, os Árabes não conheciam o cavalo ou pelo menos não o utilizavam. Foram eles porém que mais tarde conseguiram, graças ao um convívio íntimo e cotidiano com este animal e o espírito de observação, formar a primeira raça aperfeiçoada de animal doméstico – o cavalo Árabe, ainda hoje usada para comunicar energia, nobreza, inteligência, boa conformação a outras raças, particularmente as de sela. O Jumento era conhecido e utilizado no Egito e Ásia Menor antes do cavalo. Representações artísticas do Egito datando de 2.000 a.C., nos mostram várias fases de sua captura, amansamento e utilização. O Jumento foi encontrado em muitas ilhas do Mediterrâneo e no litoral Norte da África, região que parece Ter sido seu habitat inicial. A introdução do cavalo na América é atribuída a Colombo em sua Segunda viagem realizada em 1943 à ilha de São Domingos. Outras introduções foram feitas, em 1535 por Ojeda, no Chile; em 1541 por Cabeça de Vaca, que atravessando o Paraná chegou a Bolívia. Naturalmente, a estas se seguiram outras introduções nos primeiros tempos coloniais, de eqüinos provenientes da península Ibérica (Espanha e Portugal), culminando com a vinda da cavalhada da Coudelaria de Alter Real, desempenhando um papel saliente na formação dos nossos cavalos. 4. Origem dos Equídeos Brasileiros e Piauienses Os cavalos e asininos foram introduzidos no Brasil, sucessivamente em 1535 em Pernambuco, 1543 em São Paulo e 1549 na Bahia, pelos donatários Duarte Coelho, Martim Afonso e Tomé de Sousa. Naturalmente outras introduções se lhe seguiram, efetuadas não só pelos colonizadores como pelos invasores. O Brasil recebeu os primeiros cavalos vindos com outras espécies domésticas das ilhas da Madeira e das Canárias, em 1534, por iniciativa da esposa de Martin Afonso de Souza, Dona Ana Pimentel, posteriormente em 1535 Duarte Coelho inicia a sua criação em Pernambuco, mas a notícia concreta,através de documentos, da primeira introdução desta espécie em nosso País é dada por Tomé de Souza em 1549 recebendo cavalos de Cabo Verde e coube a Garcia D'Ávila, senhor da Casa da Torre (Tatuapara), no litoral na Bahia, o trunfo de disseminar bovinos e equínos por todo interior do nordeste principalmente através do Rio São Francisco (Rio dos Currais) enfrentando condições difíceis de sobrevivência com escassez de água e alimentos, sendo esses de péssima qualidade, sem falar nos terrenos quentes e pedregosos, tocados sem ferradura, assim foi sendo forjado a única raça no mundo que mais possui característicasidênticas ao do tipo mais comum, o Bérbere, que os mouros levaram do Norte da África para a Península Ibérica, ao lado do Árabe, sendo o que influiu mais na formação do cavalo Nordestino. A influência de outras raças europeias só se fez sentir a partir do segundo império, com a chegada da Coudelaria de Alter do Chão em 1808, com D. João VI, e que foi criada em 1748 por D. João V, porém e até hoje muito pequena e não chegou a ser profunda excetoem pequenas áreas. No Piauí, o cavalo chegou em 1544, vindo de Pernambuco, trazidos pelos jesuítas na região sul e por ciganos na região central. Hoje já existem diversas raças introduzidas em nosso Estado. Para se ter uma ideia da situação atual faremos um retrospecto. Em 1973, o Brasil detinha o 1o lugar em número de cavalos. Éramos então o maior produtor de eqüinos, com 14,38% do efetivo mundial. Perdemos esta posição para a China, EUA, México. A partir de então eclodiu a crise energética mundial e o nosso rebanho começou a declinar, chegando a apenas 4.853.000 cabeças em 1978, segundo Anuário Estatístico do IBGE. Decrescemos 48% em 5 anos. Este fato, embora com algumas contradições pode ser explicado pela expansão da agricultura e pela crescente substituição do cavalo pela máquina motorizada, quer nos serviços agropecuários, quer nos diversos tipos de transporte, sem contar contudo com o abate indiscriminado e criminoso. CURIOSIDADES DO MUNDO EQUINO Maior salto em altura O maior salto em altura efetuado, foi pelo cavalo Huaso, montado por Alberto Larraguibel, em 1949 em Santiago no Chile, que atingiu 2,47 m. Na seqüência tem-se ainda, o cavalo Osoppo com 2,44 m na Itália, e o cavalo, Vol au Vent com 2,38 mem Paris. Maior salto em largura O maior salto em distância foi efetuado em 1975 pelo cavaleiro André Ferreira, com 8,40 m, atual recorde mundial; seguindo-se, o cavalo Amado Mio com 8,30 m e Balcamo com 8,20 m. Cavalos mais velhos O cavalo mais velho, foi um Pônei Galês que morreu com 66 anos de idade, em 1970, ao sul do Pais de Gales. Na França, em 1919 outro Pônei atingiu a idade de 54 anos e em 1969 no Missouri-EUA a égua Nellie morreu aos 53 anos de ataque cardíaco. Cavalo mais alto (A altura do cavalo se mede pela cernelha) O cavalo mais alto, Firpon (Percheron) media 2,16m, castanho, nasceu em 1959 e morreu com 1.350 kg no Rancho Olavarria (Argentina) em 1972. Cavalo mais baixo O cavalo mais baixo, Pônei da raça Shetland, chamado Meia Noite, media 36 cm e nasceu a meia noite de 1969 na Austrália. Cavalo mais pesado O cavalomais pesado, Brooklyn Supreme, um garanhão Puro Sangue Belga, com 1.440 Kg, nasceu Em 1928 e morreu em 1948 em Iowa-Eua. As fezes dos cavalos Os cavalos adultos eliminam fezes de 5 a 12 vezes por dia, e urinam de 7 a 8 vezes no mesmo período. O sono dos cavalos Os cavalos requerem longos períodos de sono, em media de 7 horas por dia, e devido a conformação de seus ligamentos e tendões, podem dormir também, em pé. A carne de cavalo A carne de cavalo era comida comum em muitos países da Europa na época pré - cristã, mas não em países islâmicos ou judeus. Neste período, a carne de cavalo era ingerida no Norte da Europa principalmente em cerimônias religiosas teutônicas, associadas com a adoração do deus Odin. No ano 732 o Papa Gregory III começou um esforço para parar esta prática pagã, e acredita-se que tal fato, especialmente na Islândia, tenha contribuído para que muitas pessoas relutassem em abraçar o Cristianismo. Cortes de varejo de Carne de Cavalo Cortes de varejo de cavalo são semelhantes aos de carne de boi. A carne é mais magra, ligeiramente mais doce em gosto, com um sabor entre a de boi e de veado. É muito tenra, mas pode ser ligeiramente mais dura que cortes comparáveis de carne de boi. Possui mais proteína e menos gordura. A carne de animais além de três anos de idade tem sabor melhor. Os cortes mais populares de carne de cavalo são: lombo, bife de filete, bife de anca e costela. Os cortes menos tenros são moídos. Onde Carne de Cavalo é Consumida? Nos Estados Unidos, embora a maioria da população rejeite comer, a indústria de carne de cavalo está rivalizando as indústrias de carne bovina e suína, principalmente nas quantias de carne fresca exportadas. Em 1994, foram transportadas 109,353 libras de carne de cavalo para o estrangeiro. Na Suécia a carne de cavalo vende mais que a de cordeiro. Também é consumida comumente na Espanha, Itália, Suíça, Alemanha, Áustria, e Países Baixos, embora seja mais popular na Bélgica e França. Comparação entre os principais componentes da carne de Cavalo e de outras espécies (%) Componente Cavalo Boi Veado Suíno Carneiro Água 73-75 53-72 68-73 52-60 58-64 Proteína 21-23 15-19 10-20 14-17 15-18 Gordura 1-3 13-28 9-12 23-32 17-26 N Livre de gordura 2,4 0,7-2 - 0,2-0,8 - Nasce o primeiro burro clonado do mundo Uma equipe de cientistas norte-americanos conseguiu pela primeira vez clonar um eqüino: um burro, conforme divulgado na revista “Science". O animal, batizado de Idaho Gem ("jóia de Idaho"), University of Idaho-Phil Schofield © nasceu no dia 4 de maio. Esse é também o primeiro clone de 2003 um animal híbrido (resultado do cruzamento de espécies diferentes) e estéril (que não pode se reproduzir). Os equinos são especialmente difíceis de serem clonados. Cada espécie tem características únicas de desenvolvimento celular, por isso alguns animais --como ovelhas e porcos-- são mais fáceis de serem copiados que outros --como os primatas. No processo, os norte-americanos, liderados pelo professor Gordon Woods, da Universidade de Idaho, substituíram o núcleo do oócito de uma égua pelo núcleo de células "adultas" de um burro --nesse caso, células jovens, retiradas da pele de um feto de 45 dias concebido naturalmente. Eles também inovaram ao elevar os níveis de O primeiro equino clonado, Idaho Gem, cálcio no meio de cultura dos embriões. Com isso, a taxa de nasceu no dia 04/05/2003 nos Estados gravidez subiu sete vezes. Unidos Ainda assim, o método não produziu muitos embriões: foram necessárias 305 tentativas para que Idaho Gem nascesse. Outras duas éguas ainda estão gestando clones. Cálcio e câncer Para Woods, o conhecimento adquirido na divisão embrionária dos equinos pode ajudar a conter a metástase do câncer em humanos. Equinos com câncer apresentam taxas mais baixas de mortalidade em comparação com os humanos. Segundo o cientista, 8% dos cavalos que desenvolvem metástase morrem --em casos de câncer de próstata, a taxa é nula. No caso dos homens, a taxa de mortalidade é de aproximadamente 24% de todos os casos de metástase --13% a 14% no câncer de próstata. Woods acredita que a diferença dos níveis de cálcio presente dentro e fora das células em humanos e cavalos poderia explicar a disparidade entre as taxas de mortalidade. Para o professor, drogas que interfiram nesses níveis ajudariam a conter a difusão do câncer em humanos, ao fazer as células se comportarem como as dos cavalos. Ele abriu uma empresa, a Cancer2, para pesquisar a relação. 2. EXTERIOR DOS EQUÍDEOS 2.1. Definições É a parte da zootecnia que trata da conformação e do aspecto do animal, tendo por fim o julgamento de suas aptidões. A nomenclatura do Exterior dos equídeos é a designação dos nomes de todas as regiões exteriores que estão à vista do observador, sem entrar em detalhes anatômicos e/ou fisiológicos. Noções da Anatomia, Fisiologia, Mecânica e Patologia são fundamentais para o estudo do Exterior. Todavia, pessoas desprovidas de conhecimentos básicos, quando dotadas de espírito observador e possuidores de grande prática, são capazes de bem julgar determinados tipos de animais com os quais estejam familiarizados. No entanto, a mais elevada proficiência somente é alcançada mediante a aplicação de conhecimentos teóricos fundamentais, resultantes de observações e conclusões seculares dos hipólogos. O Exterior tem certa analogia com a anatomia, com a nomenclatura de algumas peças do arreamento de montaria e de tração, e incorporou alguns termos regionais. Alguns termos e expressões empregados no Exterior fogem ao significado comum, porque envolvem conceitos zootécnicos como: Beleza: está relacionada mais com o sentido utilitário que com o estético. Uma regiãoé bela quando, por sua conformação atende aos requisitos necessários ao desempenho do trabalho que se lhe exige. Uma função é bela quando fisiologicamente é perfeita. As belezas podem ser absolutas, relativas e convencionais: 1. Belezas Absolutas: são as indispensáveis a todos os animais para torná-los bons a qualquer gênero de serviço, não importando raça ou idade. Exemplo: aprumos perfeitos, boa caixa torácica, olhos normais, etc. 2. Belezas Relativas: são as exigidas para um determinado gênero de trabalho. Exemplo: o cavalo de tração deve ser troncudo, peito largo, pescoço carnudo, garupa maciça, membros curtos e grossos; enquanto o cavalo de corrida precisa Ter o tronco delgado, cabeça pequena, pescoço fino e longo, músculos compridos. 3. Belezas Convencionais: são as impostas pela moda ou apresentadas para fins comerciais, determinados apenas pelo gosto do comprador. Exemplo: as pelagens exóticas ou raras, certos andamentos naturais ou adquiridos, a maneira de tosar ou pentear a crineira, a ripagem da cauda, etc... Defeitos: são as conformações impróprias ou más qualidades físicas do cavalo. Podem ser qualificadas de absolutas, relativas, congênitas e adquiridas. 1. Defeitos Absolutos: esses defeitos prejudicam o cavalo para qualquer serviço. Exemplo: cegueira, maus aprumos, cascos moles, etc... 2. Defeitos Relativos: prejudicam parcialmente o cavalo, não influenciando muito no seu trabalho. Exemplo: cavalo de sela com o pescoço grosso, cavalo de sela cabeçudo, etc... 3. Defeitos Congênitos: são os que nascem com os animais. Exemplo: aprumos defeituosos, orelhas cabanas, obstrução do reto, etc... 4. Defeitos Adquiridos: são os que surgem depois do nascimento do animal. Exemplo: cegueira, emboletamento, cascos por fazer, etc. 2.2. Regiões do Corpo As regiões do corpo dos animais são divididas em quatro partes: cabeça, pescoço, tronco e membros. a) Cabeça: Extremidade superior...... crineira, nuca, topete, garganta e parótidas. Face anterior .................. fronte, chanfro e focinho. Face lateral ..................... orelha, fonte, olhais, olho, bochecha e narinas. Face posterior ................ fauce, ganacha e barba. Extremidade inferior ...... boca b) Pescoço: Bordo superior ............... crineiras Faces laterais ................. tábuas. Bordo inferior ................ goteira jugular. c) Tronco: Face superior ................. cernelha, dorso, lombo, anca, garupa e fio do lombo. Extremidade anterior ..... peito, encontros, inter-axilas e axilas. Face lateral ..................... costado e flanco. Face inferior ................... cilhadouro, ventre ou barriga e virilha. Extremidade posterior .... cauda (cola, rabo ou sabugo), ânus, períneo e órgãos genitais. d) Membros: Regiões próprias dos anteriores............. espádua ou paleta, braço, codilho, antebraço e joelho. Regiões próprias dos posteriores .......... coxa, nádega, soldra (babilha ou gordinho), perna, e jarrete ou garrão. Regiões comuns aos membros .............. canela, boleto, quartela, coroa, casco, castanha e machinho. Regiões: 2.3. Cronometria Dentária Fisiologicamente, a vida do cavalo é dividida em 3 períodos: a) Infância ou período de crescimento: fase em que o organismo se completa e se aperfeiçoa anatômica e funcionalmente. Vai do nascimento até os 5 anos. Neste período o cavalo é chamado de potro. b) Idade adulta ou período de estacionamento: fase em que o organismo tendo alcançado o seu completo desenvolvimento, acha-se na plenitude de suas funções. Vai dos 5 aos 12 anos e o cavalo é chamado de adulto. c) Velhice ou período de decréscimo: fase em que o organismo, pouco a pouco, se vai definhando, física e funcionalmente, perdendo a energia vital. Começa aos 13 anos e vai até a morte, e o cavalo é dado por velho. Para se determinar a idade do cavalo, são utilizados vários critérios de elementos secundários e elementos principais. a) Elementos secundários Covas: as covas geralmente são pouco pronunciadas nos animais novos. À medida que eles vão se tornando velhos, as covas tornam-se cada vez mais acentuadas. Nevado ou gateado: (na fronte, bochechas, parótidas, ganachas, virinhas, jarretes, etc....) nos animais velhos, de pelagens escuras, estas regiões se tornam nevadas (interpoladas de pelos brancos). À medida que a idade vai aumentando e conforme o tipo de pelagem (tordilhos), há um clareamento total. Flacidez da pele: (na face, ganachas e bochechas) nos animais velhos é muito acentuada. Relaxamento do lábio inferior: é comum em cavalos muito velhos. Afinamento da fauce: quando potro é arredondada, quando velho é cortante. b) Elementos principais: são fornecidos pelos dentes, por meio das contínuas modificações que se operam na sua forma, pelo gasto e crescimento. A avaliação da idade é importante, pois, muitos animais não tem registro oficial e, são negociados a base da idade aproximada. A idade máxima de aproveitamento do cavalo, segundo suas funções varia de 15 – 20 anos, embora sua vida possa ultrapassar esse limite. Para a determinação de sua idade aproximada, podemos lançar mão das formas apresentadas pelos dentes sobre diversos períodos da idade do animal. O cavalo possui em cada maxilar 20 dentes, assim divididos: 6 incisivos, 2 presas (caninos ou colmilhos) e 12 molares. O potro, macho ou fêmea, apresenta apenas 24 dentes, todos caducos. Os caninos são ausentes nas fêmeas e quando se apresentam, trata-se de uma característica que deve ser observada. Na determinação da idade aproximada, toma-se em consideração os incisivos e os caninos, que se acham em semi-círculo nas extremidades das maxilas, já que os molares são mais difíceis de serem observados. Os incisivos são divididos em pinças, médios e cantos, sendo todos difisários, isto é, existem os de leite ou caducos e os definitivos ou permanentes. Os incisivos são constituídos por uma substância brancacenta, denominada dentina, coberta por outra camada protetora que se chama esmalte. Na parte livre e superiormente, o dente apresenta uma cavidade chamada “cavidade dentária externa”, a qual contém no fundo uma substância dura, escura, que é o cimento. Os incisivos a medida que vão deslizando uns sobre os outros, no processo de mastigação, vão se modificando e passam da forma elíptica para a oval, desta para a arredondada, depois triangular e, finalmente biangular. A cavidade dentária externa vai desaparecendo enquanto o cimento vai aflorando à superfície da mesa dentária, ficando circundado pelo esmalte que atapeta a cavidade externa. O dente gasta do bordo anterior para o posterior, até igualar ou nivelar. Uma vez nivelado, o desgaste começa a atingir toda a mesa dentária. Para a prática do reconhecimento dentário para a identificação de idade dos animais, existem 7 períodos distintos: 1o período: forma elíptica.vai do nascimento até os 10 – 12 meses. Os potros podem nascer ou não com os incisivos. As pinças podem nascer até o 10o dia de vida, os médios entre 30 e 40 dias, sendo que as pinças já estão niveladas. Quando os cantos nascem por volta do 6o ao 10o mês, os médios estão nivelados e as pinças rasadas. 2o período: forma elíptica.rasam-se os incisivos, e vai de 1 a 2 anos. 3o período: passam da forma elíptica para oval e nascem os incisivos definitivos. As pinças dos 30 – 36 meses ( 3 anos), os médios de 42 – 48 meses ( 4 anos) e de 54 – 60 meses ( 5 anos) os cantos, quando já devem ter nascido os caninos nos machos. 4o período: arrasamento de forma oval dos dentes definitivos, começando aos 6 anos as pinças, aos 7 os médios e aos 8 os cantos. Iniciando aos 7 e acabando aos 8, aparecem nos cantos do maxilar superior a chamada “cauda de andorinha”. Nãoexiste cavidade externa e o esmalte central é visível em todos os dentes. 5o período: forma arredondada da mesa dentária e aparecimento da mancha radicular. Até os 13 anos todos os incisivos estão redondos. O ângulo de junção das arcadas vai diminuindo e começa a velhice. 6o período: forma triangular, desaparecimento completo do esmalte da cavidade externa. As pinças aos 13, os médios aos 14 e os cantos aos 15. Surge a Segunda cauda da andorinha. 7o período: forma biangular, angulosidade aguda, cada vez mais exagerada das arcadas dos incisivos e pela horizontalidade e alongamento dos dentes, começando aos 17 anos nas pinças, 18 nos médios e aos 19 para a frente nos cantos. Neste último período é quase impraticável o reconhecimento da idade. Esqueleto da queixada do cavalo Os dentes de leite são menores e mais brancos que os dentes permanentes e possuem um colo ou linha de estrangulamento em seu terço médio. Com o desgaste, devido à mastigação, os dentes também mudam seu arco incisivo que, visto de perfil, é arredondado no animal jovem e vai se tornando alongado à medida que o animal envelhece. Arco Incisivo visto de perfil Os dentes e suas respectivas Idades 1º período - Erupção dos caducos · Pinças - até o fim da 1ª semana · Médios - no fim do 1º mês · Cantos - no 6º mês, alcançando o nível dos demais até o 10º mês A partir dos 2 anos de idade os animais passam a fazer a troca dos dentes de leite pelos permanentes 2º Período - Rasamento dos caducos · Pinças - com 1 ano · Médios com 1 1/2 anos · Cantos - com 2 anos 3º Período - Mudas · Pinças - surgem aos 2 1/2 anos e estão crescidos aos 3 ·Médios - surgem aos 3 1/2 anos e estão crescidos aos 4 ·Cantos - surgem aos 4 1/2 anos e estão crescidos aos 5 4º Período - Rasamento dos definitivos · Pinças - aos 6 anos · Médios - aos 7 anos · Cantos - aos 8 anos 6º Período - Triangularidade · Pinças - aos 14 anos · Médios - aos 15 anos · Cantos - entre 16 e 17 anos Neste período, poderá se notada novamente a "cauda de andorinha" e caracteriza-se também pelo nivelamento de todos os incisivos. A partir daí então, os dentes vão se tornando biangulares e fica cada vez mais difícil calcular a idade do animal. 5º Período - Arredondamentos · Pinças - aos 9 anos · Médios - aos 10 anos · Cantos - entre 11 e 12 anos 7º Período - Biangularidade · Pinças - aos 18 anos · Médios - aos 19 anos · Cantos - aos 21 anos Um defeito grave de dentição, em consequência da posição incorreta dos maxilares, observado com frequência em nossos pôneis é o chamado "prognatismo", que pode ser inferior ou superior, onde as arcadas não se ajustam. 2.4. Cromotricologia 2.4.1. Introdução A pelagem é o conjunto de pêlos de uma ou de diversas cores, espalhados pela superfície do corpo e extremidades, em distribuição e disposição variadas, cujo todo determina a cor do animal. A cromotricologia é o estudo da coloração do pêlo (cromo = coloração, tricos = pêlos e logos = estudo). A maioria das pessoas que lidam com cavalos, até mesmo alguns técnicos, confunde tipos de pelagem com variedades, estas com particularidades e vice-versa. Os tratados de hipologia que abordam a questão de pelagem seguem geralmente, a classificação francesa. Apesar de haver muitas matrizes diferentes, todas as pelagens agrupam-se inicialmente em três categorias: simples, compostas e conjugadas ou justapostas. Estas três categorias apresentam, cada uma, vários tipos, por sua vez, diversas variedades, com suas respectivas particularidades. Obs.: A pele é quase sempre de cor escura ou preta. Quando esta é desprovida de granulações pigmentares, se constituem em um grave defeito denominado de “albinismo”. 2.4.2. Pelagens simples São as formadas de pêlos e crinas de uma só cor, com a mesma uniformidade de coloração em toda a superfície do corpo, inclusive nos membros. 2.4.2.1. Tipo Branco É incomum nos potros, porém mais freqüentemente em animais velhos: 1. Branco Sujo: encardido, levemente amarelado. 2. Branco Porcelana: pele escura dando reflexo azulado. 3. Branco Pombo ou Leite: comum, fosca, sem brilho. 2.4.2.2. Tipo Alazão Grande número de matrizes que vão, com pêlos avermelhados, desde o amarelo até o vermelho escuro, porém, com crinas e extremidades jamais escuras. 1. Alazão Claro: aloirado. 2. Alazão Ordinário: cor de canela. 3. Alazão Tostado: café torrado. 4. Alazão Aleonado: amarelo claro com extremidades carregadas. 5. Alazão Cereja: vermelho. 6. Alazão Sanguíneo: cor de sangue de boi. 2.4.2.3. Tipo Preto Exclusivamente por pelos pretos 1. Preto Maltinto: desbotado, sem brilho. 2. Preto Ordinário: comum, sem reflexo. 3. Preto Murzelo: escuro, arroxeado. 4. Preto Azeviche: reflexo brilhante. 2.4.2.4. Tipo Baio Pelos amarelados em todo o corpo, inclusive crineira e membros. 1. Baio Simples: palha de trigo 2. Baio Ordinário: intermediário. 3. Baio Escuro: amarelo carregado. 4. Bairro Encerado: amarelo sombra. 5. Baio Amarilho: dourado com crinas e cola mais claros. 6. Baio Izabel: pouco encardido. 2.4.3. Pelagens Compostas São formadas por pêlos bicolores ou pêlos de duas ou mais côres diferentes e distribuição variadas, ou ainda, por pêlos de uma única cor, e tendo, obrigatoriamente, crineira e membros mais escuros. 2.4.3.1. Grupo A: 1.1. Tipo Lobuno: pêlos bicolores, amarelos na base e pretos na extremidade, com coloração pardo acinzentada. 1. Lobuno Claro: amarelo acinzentado. 2. Lobuno Ordinário: pardo. 3. Lobuno Escuro: pardo carregado. 2.4.3.2. Grupo B: Composto por pêlos de duas cores, sendo uma única no corpo e, obrigatoriamente, crineira, cola e membros escuros. 2.1. Tipo Castanho: pêlos avermelhados no corpo, com crinas, cola e membros escuros. 1. Castanho Claro: vermelho pouco intenso, amarelado. 2. Castanho Ordinário: castanha escura. 3. Castanho Escuro: aproxima-se do preto, com axilas, ventre, flancos e períneo mais claro. 4. Castanho Pião: côr de pião. 5. Castanho Cereja: vermelho intenso da cereja. 6. Castanho Sangüíneo: cor de sangue. 2.2. Baio Cabos Negros: pêlos amarelados com extremidades escuras. As variedades são as mesmas do baio simples, exceto o baio amarilho. 2.3. Rato: cor cinza palha, não possuindo pêlos bicolores. 1. Rato Claro: cinza pardacento claro. 2. Rato Ordinário: cinza pardacento acentuado. 3. Rato Escuro: cinza pardacento acentuado. 2.4.3.3. Grupo C: pêlos de duas ou mais côres, misturados no corpo, crineira, cola e membros. 3.1. Tipo Tordilho: interpolação de pêlos brancos com pêlos pretos, cinzentos, avermelhados ou amarelados, com maior ou menor intensidade da disseminação destes no corpo, inclusive cabeça, crina, cauda e membros, resultando as diversas variedades. 1. Tordilho Claro: predominam os pêlos claros. 2. Tordilho Ordinário: acinzentado. 3. Tordilho Escuro: predomina o preto. 4. Tordilho Cardão: reflexos azulados. 5. Tordilho Pedrêz: predomina o vermelho. 3.2. Tipo Rosilho: formado pela interpolação de pêlos brancos com pêlos pretos, cinzentos, avermelhados ou amarelados, com maior ou menor intensidade da disseminação destes no corpo, não ocorrendo na cabeça, crina, cauda e membros, resultando as diversas variedades. 1. Rosilho Claro: quando predominam pêlos brancos sobre fundo desbotado, dando ao conjunto uma coloração levemente rosada. 2. Rosilho Escuro: fracamente róseo. 3. Rosilho Escuro: predominam os pêlos vermelhos. 2.4.4. Pelagens Conjugadas ou Justapostas: Pelagensem que um ou mais tipos de pelagens se justapõem ou se conjugam com o branco, formando malhas ou pintas. 2.4.4.1. Tipo Tobiano ou Pampa:conjugação do branco com outros tipos de pelagens, formando malhas extensas, irregulares ou não, mas bem destacadas. Se a cor branca predomina, a palavra “pampa” deve anteceder às outras cores; e vice-versa, se for o contrário. Ex: Pampa-Castanho (preto, alazão, baio,etc...). Preto-Pampa (castanho, alazão, baio, etc...). 2.4.4.2. Tipo Pintado:pequenas pintas escuras (pretas, castanhas, alazãs, etc...), justapostas no fundo predominantemente branco. 2.4.5. Particularidades: algumas influências como a idade, clima, alimentação, doenças, etc..., são capazes de mudar completamente a cor dos pêlos ou modificar apenas a tonalidade da coloração. 2.4.5.1. Particularidades Gerais: 1.1. Reflexos Brilhantes: lembrando reflexos de metal. 1. Reflexo Dourado: áureo. 2. Reflexo Acobreado: avermelhado. 3. Reflexo Prateado: prata polida. 4. Reflexo Bronzeado: bronze, com tons enegrecidos. 5. Reflexo Apatacado: zonas arredondadas (rodado). 6. Reflexo Nevado: interpolação de pêlos brancos num fundo escuro. 7. Reflexo Almarado: com áreas de despigmentação. 1.2. Sinais Constituídos por Pêlos Pretos: 1. Mosqueado: o preto forma mosca sobre o fundo mais claro. 2. Salpicado: pequenas manchas negras salpicando a pelagem. 3. Tigrado: manchas tipo as do tigre. 1.3. Disposição dos Pêlos Brancos 1. Nevado: manchas tipo flocos de neve. 2. Leopardo: pintas sobre fundo branco. 3. Mantado: manchas brancas que encobrem as ancas. 1.4. Disposição dos Pêlos Vermelhos 1. Pedrêz: fundo branco com pequenas pintas. 2. Açúcar e Canela: pêlos brancos e vermelho se interpolam. 3. Marmorizado: as manchas se dispõem em veias. 4. Afogeado: agrupados ao redor dos olhos, focinho, axilas, ventre, virilhas e períneo. 1.5. Descoramento do Pêlo 1. Lavado ou Pangaré: há um descoramento geral ou parcial de algumas regiões, como o ventre, soldras, virilhas, coxas, períneo, axilas, peito, garganta, ao redor dos olhos e narinas, dando a impressão de que os pêlos foram lavados. 1.6. Despigmentação 1. Almarado ou Melado: há uma despigmentação de pele ao redor das aberturas naturais, dando, por transparecência dos pêlos, uma coloração rósea. 1.7. Direção dos Pêlos 1. Remoinhos ou Rodopios: disposição particular dos pêlos em círculos, que aparecem em determinadas regiões, como na fronte, garganta, pescoço, peito, flancos e nádegas. 2. Espigas: idênticas aos rodopios, só que alongadas. 3. Arrepiado: eriçamento dos pêlos 2.4.5.2. Particularidades Especiais: mostram sede em determinadas partes do corpo do animal: cabeça, pescoço, flancos e membros. 2.1. Com sede na cabeça: 1. Pêlos brancos: quando não tem despigmentação da pele. 2. Estrela: malha branca na fronte. 3. Luzeiro: malha branca maior que a estrela. 4. Filete: faixa fina branca do chanfro até as narinas. 5. Listra: faixa média mais larga que filete 6. Cordão: faixa mais longa que listra. 7. Ladre: despigmentação nas narinas 8. Beta: despigmentação no lábio inferior. 9. Malacara: mais de 2/3 da cabeça branca. 10. Frente Aberta: quando a lista branca se alonga e desce bastante. 11. Façalvo: quando a malha branca alcança uma ou as duas faces. 12. Bocalvo: quando a malha atinge só a boca. 13. Celhado: quando aparecem sobrancelhas brancas. 14. Bornal: mancha esbranquiçada ou descorada envolvendo o focinho. 15. Nilo: cabeça branca e o resto do corpo mais escuro. 2.2. Com sede no pescoço: 1. Crinalvo ou Crinelalvo: crinas mais claras do que a pelagem, chamado de amarilho. 2.3. Com sede no tronco: 1. Ventrelavado ou Pangaré: quando há descoramento dos pêlos na região do ventre. 2. Rabicão: fios brancos na cauda. 3. Lista de Burro: lista dorsal que vai da cernelha até a cauda. 4. Faixa Crucial: lista transversal à cernelha. 5. Bragado: malha branca no ventre, adiante das virilhas. 2.4. Com sede nos membros 1. Zebrado: zebruras nos joelhos e nos jarretes. 2. Picaço: preto, calçado nos 4 membros e estrela e/ou frente aberta. 3. Gateado: manchas escuras sobre os joelhos e jarretes. 4. Calçado: branco nos membros onde a pelagem não é branca. d.1. Arregaçado: ultrapassa os joelhos e jarretes. d.2. Alto Calçado: chegando aos joelhos e jarretes. d.3. Médio Calçado: até a metade das canelas. d.4. Baixo Calçado: até os boletos. d.5. Arminhado: manchas pretas no boleto. d.6. Argel: lista branca que desce ao joelho até o casco. d.7. Pedalvo: posteriores alvos. d.8. Manalvo: anteriores alvos. d.9. Cruzado: bípede diagonal cruzado, primeiros os dianteiros. 2.5. Com sede nos cascos: 1. Casco Claro: todo ele de cor clara. 2. Casco Escuro: todo ele escuro. 3. Casco Rajado ou Mesclado: rajas claras e escuras. 2.6. Vícios, Taras e Comportamento: São as más qualidades do comportamento, que depreciam parcial ou totalmente o animal para o fim determinado. O estudioso ou adquirente deve ter noção de más qualidades de cavalo para saber as suas intenções. Conhecendo perfeitamente os defeitos e vícios, se aquilata o real valor do animal. A hereditariedade, em grande parte, e também o caráter, o temperamento, o medo, a intimidação, os corretivos brutais, os maus tratos, os defeitos de aprumos, a visão anormal, a doma incompleta, a ociosidade são as causas predominantes dos vícios nos animais. Exemplos de vícios 1. Bolear: é quando o cavaleiro ao montar, o cavalo empina, atirando-se bruscamente para trás, e cai de costas ou de flanco. 2. Corcovear: é o vício de saltar repetida e desordenadamente. Geralmente o cavalo corcoveia por vício ou por medo. 3. Escoicear: é o golpe brusco dado para trás com as posteriores, antes, porém, em geral murcha as orelhas e abaixa a cabeça. 4. Manotear: é o golpe agressivo dado com os anteriores. 5. Morder: decorre de má índole, caráter iracível, vingança ou em represália a maus tratos. 6. Passarinhar: é quando certos cavalos assustados estacam bruscamente sobre os posteriores e atiram-se para os lados, podendo ser por malícia, por mania, por deficiência visual ou por espanto causado por qualquer objeto que apareça momentaneamente. 7. Negar estribo: é quando o cavalo oferece dificuldades de toda espécie ao cavaleiro ao montar. 8. Especar: é o recuo do animal amarrado, praticado com violência no intuito de livrar-se da cabeçada ou do cabo que o prende. 9. Recuo: é um vício extremamente grave, porque facilita o desgoverno e desequilíbrio no movimento retrógrado. 10. Refugar: é a mania de não querer passar por determinado lugar, mesmo sendo forçado. 11. Masturbar: é o vício de certos cavalos inteiros, batendo a veja em ereção de encontro ao próprio ventre. 12. Cavar o solo: é comum em animais com temperamento nervoso. 13. Aerofagia: é o vício do animal fixar a boca, contraindo-a espasmodicamente sobre o pescoço, em um corpo sólido para engolir ar. 14. Estreleiro: é o vício de manter a cabeça na posição horizontal para resistir e defender-se da ação dofreio. 15. Língua pendente: é o vício de manter a língua fora da boca, o que é deselegante e prejudicial à saúde. 16. Birra de urso: é o movimento pendular da cabeça. 17. Coprofagia: ato de comer fezes. Cavalos Mal Comportados É preciso prestar atenção: os vícios de seu cavalo, depois de já adquiridos, podem ser muito difíceis de serem corrigidos. O comportamento indesejável ou antinatural dos cavalos pode assumir muitas formas diferentes, tais como desobediência, agressividade, comportamento estereotipado, ou tiques nervosos. Geralmente, os vícios tendem a se manifestar em cavalos mais jovens quando eles estão sob treinamento intensivo e vivendo em confinamento. Nem sempre estes problemassão facilmente corrigíveis, com tratamentos aplicados produzindo resultados inconsistentes. Podemos classificar os problemas comportamentais em dois grandes grupos: os problemas de comportamento, que incluem agressão e depressão; e os vícios de cocheira, que incluem padrões de comportamento repetitivo e problemas gerais de manejo. Problemas de Comportamento Agressão Quando diversos cavalos são soltos em grupo pela primeira vez, costuma haver atitudes agressivas entre eles, para determinar ordem hierárquica daquele grupo. O comportamento agressivo pode estar associado também ao medo e á proteção das crias. Normalmente uma atitude de aviso, como agitar da cauda e colocar as orelhas para trás precede os comportamentos mais violentos, tais como morder e escoicear. Geralmente, a recompensa do comportamento adequado é um comportamento eficiente para a agressividade. Se utilizarmos o reforço negativo (um estímulo desagradável, tal como o chicote castigando a falta de desempenho), este castigo deve ser aplicado após o comportamento agressivo. Do contrário, o cavalo não será capaz de associar o comportamento anterior com o castigo recebido. As éguas com potro ao pé tendem a ser agressivas para proteger o filhote, porém este comportamento perde a intensidade à medida que o potro cresce. Em geral, os garanhões são mais agressivos do que as éguas e castrados, devido à presença do hormônio masculino, a testosterona. Depressão A depressão é associada a doença, dor, ou a distúrbios psicológicos. Os cavalos reprimidos apresentam grande redução na atividade, tornando-se apáticos frente a alimentos e a outros estímulos, e têm menor interação com outros animais do grupo. O cavalo deprimido tende a se manter isolado, numa postura relaxada e cabisbaixa. Em cavalos mais velhos, esta depressão pode resultar da separação de dois indivíduos que estavam juntos há muito tempo. Alterações significantes de meio-ambiente, ou redução de atividades estimulantes (tal como encocheiramento excessivo) também podem causar depressão. Tratamento de doenças os ferimentos poderá ser tão necessário quanto alterações de manejo, as quais envolvem novas dietas, planos diferentes de treinamento, ou ainda soltar o cavalo em companhia de outros animais. Vícios de Cocheira Estes são comportamentos estereotipados repetidos sem razão ou função aparente. Eles envolvem um impulso originado por uma necessidade que surge num ambiente onde não há oportunidades adequadas para satisfação desta necessidade. Uma vez estabelecido, um comportamento estereotipado pode se tornar uma necessidade por si só. Eles tendem a surgir mais em cavalos confinados durante longo período de tempo, resultando de uma complexa interação de fatores envolvendo genética, estresse, depravação social, frustração, medo, teor da dieta, e os rigores do confinamento. Geralmente, os cavalos mantidos a pastos não desenvolvem estes vícios. O manejo moderno tende a manter cavalos isolados em boxes individuais, com uma alimentação rica em energia e pobre em fibras, e manter os cavalos sozinhos e desocupados por muitas horas, em quaisquer estímulos externos. Assim, os vícios surgem para tentar suprir as duas maiores necessidades instintivas dos cavalos: pastejo e movimentação. Aerofagia, com e sem apoio Este talvez seja o vício comportamental mais freqüente dos eqüinos. Na aerofagia com apoio, o cavalo apóia os dentes incisivos superiores num apoio tal como um cocho ou cerca, arqueando o pescoço, inalando, e às vezes produzindo um grunhindo ou som similar a um arroto. Este hábito pode causar problemas digestivos, incluindo cólica e perda de condição física. O cavalo engolidor de ar é facilmente identificável pelo notável desgaste dos incisivos superiores, bem pelo desgaste das portas de baia. Na aerofagia sem apoio, o cavalo simplesmente flexiona o pescoço enquanto engole ar, podendo ser ouvido um som alto de arroto quando o ar é expelido. Estes cavalos muitas vezes apresentam intenso desenvolvimento muscular na borda inferior do pescoço. Os indivíduos acometidos são geralmente atletas em campanha, confinados em boxes individuais durante boa parte do dia. Ainda não existe uma solução definitiva para este vício. Sua expressão pode ser minimizada fornecendo-se mais distrações para o animal, mantendo-o em companhia de outro cavalo (ou talvez de um carneiro ou uma galinha), possibilitando-lhe o acesso à pastagem e reduzindo o número de superfície mais cedo possível, uma vez que ele tende a surgir em animais novos em início de treinamento, e menos em cavalos mais velhos. Nos cavalos severamente afetados, a aerofagia pode causar a redução de ingestão alimentar, emagrecimento, e perda de condição física. Casos mais leves podem ser controlados aplicando uma substância de sabor amargo em cercas e portas. O recurso mais comum é o uso de uma coleira de aerofagia, que impede o cavalo de usar seus músculos para sugar o ar, porém permite que ele se alimente normalmente. Dança do Urso, andar no Box A dança do urso é um movimento de balanço rítmico, feito jogando a cabeça e pescoço repetidamente de um lado para o outro, enquanto o animal altera o peso entre os dois anteriores. Os animais rapidamente aprendem este vício um com os outros, e geralmente acontece sempre no mesmo lugar do box, com o cavalo percorrendo um incessante trajeto circular nos limites da cocheira. A origem desse vício tem sido relacionado à frustração e ao tédio; estes comportamentos raramente são observados quando os cavalos estão soltos no pasto. Podem surgir problemas de saúde decorrentes do desgaste desigual das ferraduras e da tenção sobre articulações e músculos. Nestes cavalos, é possível observar perda de peso, fadiga, e até mesmo exaustão física. A dança do urso pode ser controlada por curtos períodos colocando-se o cavalo preso no cabresto com duas guias laterais, que dificultem o movimento da cabeça. O andar na cocheira pode ser limitado pela colocação de pneus no chão do box, ou pendurando-se uma garrafa plástica ou outro objeto do teto. No entanto, as melhores soluções para estes vícios são: diminuir o período de tempo em que o cavalo permanece encocheirado, colocar o cavalo. Sacudir a cabeça O sacudir lateral da cabeça é um comportamento natural para defender-se contra insetos irritantes. Entretanto, pode se tornar um vício quando manifestado durante a colocação de cabresto ou cabeçada, ou surge repetidamente durante o trabalho. O sacudir vertical (acenar) da cabeça é um movimento geralmente executado enquanto sozinho na cocheira, num estado de sonolência. Ambos os problemas podem ser causados por afecções de ouvido ou da área nasal. Bater o pé O bater ou arranhar repetido com os anteriores leva a desgaste desigual das ferraduras ou dos cascos, bem como o desnivelamento do piso do box. Este hábito se manifesta: em animais confinados, durante antecipação de alimentação ou de outra atividade, durante viagens em trailler ou caminhão. Casos extremos podem ser prevenidos pela colocação de peias (atando os anteriores entre si), o que, no entanto, é um recurso que deve ser empregado por pessoas experientes, para evitar acidentes. Escoicear O escoicear é um dos vícios mais perigosos, especialmente quando ocorre em lugar confinado. O instinto de "fugir ou lutar" é forte em cavalos, e ao escoicearem, os cavalos exibem o aspecto de "luta" desta resposta comportamental. Há diversas razões para os coices dos cavalos, incluindo agressão, frustração, desejo de brincar, ou apenas para atrair a atenção. Alguns cavalos dão coices nas paredes do box antes de serem montados ou na antecipação da refeição, ou por causa do barulho alto produzido, com o qual sabem chamarem a atenção. Muitas vezes, há uma recompensa inadvertida deste comportamento, quando o tratador vem verificar a causa do barulho. Um cavalo agressivo pode escoicear
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