57Conceitos Básicos 2.10 Ângulo de incidência dos raios solares Os raios solares incidem sobre a superfície do módulo com o ângulo de inclinação P, definido em relação à reta perpendicular à superfície do módulo. Em cada dia do ano, conforme a altura solar Ys varia, o módulo recebe os raios solares com uma inclinação P diferente. O melhor aproveitamento da energia solar ocorre quando os raios incidem perpen- dicularmente ao módulo, com ângulo p = 0. Isso significa que idealmente, para maximizar a captação da energia solar, a inclinação do módulo deve ser ajustada diariamente para adequar-se ao valor da altura solar Ys naquele dia. O modo como os raios solares incidem sobre a superfície terrestre depende da posição do Sol no céu. Como sabemos, a posição varia ao longo do dia e do ano, sendo determinada pelos ângulos azimutal e zenital e pela altura solar. A Figura 2.29 mostra como incidem os raios solares em um módulo solar. O módulo é instalado com ângulo de inclinação a em relação ao solo e tem sua face voltada para o norte geográfico. a Ângulo de inclinação do painel P Ângulo de incidência do raio solar Y Ângulo da altura solar Linha perpendicular à superfície do painel * Linha r- paralela ao solo P Figura 2.29: Ângulo de inclinação do módulo e ângulo de incidência dos raios solares. 2.11 Escolha do ângulo de inclinação do módulo solar A maior parte dos sistemas fotovoltaicos possui ângulo fixo de inclinação, então deve ser escolhido um ângulo por algum critério. A escolha incorreta da inclinação reduz a captação dos raios solares e compromete a produção de energia elétrica pelo módulo fotovoltaico. A Figura 2.30 mostra o que acontece quando o módulo solar é instalado em diferentes ângulos de inclinação com relação ao solo. No primeiro caso mostrado na figura existe um ângulo de inclinação a que faz os raios sola- res incidirem perpendicularmente à superfície do módulo. Este é o ângulo que maximiza a captação da radiação solar direta. No segundo caso mostrado o módulo tem um ângulo de inclinação a ligeiramente menor, que não é o ideal. Considerando o mesmo feixe de raios solares do caso anterior, percebe- -se que uma parte dos raios não incide sobre o módulo, representando uma captação menor de energia. 58 Energia Solar Fotovoltaica - Conceitos e Aplicações Nos demais casos mostrados na Figura 2.30 os módulos são instalados nas posi- ções horizontal e vertical. Na posição horizontal a captação de energia é pre- judicada nos meses de inverno, quando a altura solar é menor, e maximizada nos meses de verão, quando a altura solar é maior. Por outro lado, na posição vertical a produção de energia é maior no inverno e menor no verão. Naturalmente, com o módulo em ângulo de inclinação fixo não se consegue maxi- mizar a captação dos raios solares em todos os dias ou meses do ano, mas é pos- sível escolher um ângulo que possibilite uma boa produção média de energia ao longo do ano. A Figura 2.31 mostra um gráfico da energia captada por um módulo com três ângulos de inclinação diferentes. Dependendo da inclinação adotada, a energia produzida pode ser maximizada ao longo do ano, somente nos meses de verão ou somente nos meses de inverno. Ângulo ótimo Ângulo incorreto Ângulo horizontal Ângulo vertical Figura 2.30: Efeito da inclinação do módulo fotovoltaico na captação de energia. % Inclinação ótima % *rz *“P * %-4 E * % I *\ *rz S *\"Ofl *\ N./Q_ % * N \ Inclinaçãox s* vertical 3 % #% */ «* Inclinação horizontal ^z B) 0)c L-J Outono Inverno PrimaveraVerão Figura 2.31: Energia solar captada ao longo do ano com diferentes inclinações. 59Conceitos Básicos Não existe um consenso geral sobre o melhor método de escolher o ângulo de inclinação para a instalação de um módu- lo solar. Como vimos, a inclinação hori- zontal privilegia a produção de energia no verão, enquanto a inclinação vertical privilegia no inverno. É possível determinar para uma latitu- de geográfica um ângulo de inclinação que possibilite uma boa produção média de energia ao longo do ano. Uma regra simples para a escolha do ângulo de ins- talação, adotada por muitos fabricantes de módulos fotovoltaicos, é apresentada em seguida. A Tabela 2.1 mostra o ângulo de inclinação recomendado para diversas faixas de lati- tude geográfica. Não se recomenda a ins- talação com ângulos de inclinação inferio- res a 10° para evitar o acúmulo de poeira sobre as placas. Para saber o ângulo de latitude de uma localidade, pode-se recorrer a um atlas com mapas do Brasil, à ferramenta de mapas do Google (maps.google.com) ou à calculadora solar (disponível no endereço mvw.calculadorasolar.com.br ). Tabela 2.2: Latitudes geográficas das capitais brasileiras. Capital LatitudeUF Aracaju SE 10° S Belém PA 01° S Belo Horizonte MG 19° S Boa Vista RR 02° N Brasília DF 15° S Campo Grande MS 20° S Cuiabá MT 15° S Curitiba PR 25° S Florianópolis SC 27° S Fortaleza CE 03° S Goiânia GO 16° S João Pessoa PB 07° S Macapá AP 00° N Maceió AL 09° S 03° SAMManaus Natal 05° SRN Palmas TO 10° S Porto Alegre RS 30° S Porto Velho 08° SRO Recife 08° SPE Rio Branco AC 09° S Rio de Janeiro RJ 22° S Salvador BA 12° S São Luís 02° SMA São Paulo SP 23° S Teresina PI 05° S Vitória ES 20° S Tabela 2.1: Escolha do ângulo de inclinação do módulo. Fonte: "Installation and Safety Manual of the Bosch Solar Modules" 2.12 Regras básicas para a instalação de módulos solares Ângulo de inclinação recomendado Latitude geográfica do local 0o a 10o a = 10° a = latitude11° a 20° a = latitude + 5o21° a 30° Nas páginas anteriores aprendemos as variáveis que afetam a captação de energia dos módulos solares. Essas variáveis estão relacionadas com a inclinação do eixo de rotação da Terra, o ângulo da altura solar, o ângulo de inclinação dos módulos e o ângulo azimutal do Sol. a = latitude + 10o31° a 40° a = latitude + 15o41° ou mais Para auxiliar o leitor na instalação de módu- los solares, a Tabela 2.2 apresenta as latitu- des geográficas das capitais brasileiras. 60 Energia Solar Fotovoltaica - Conceitos e Aplicações Em resumo, o leitor deve ter em mente duas regras básicas para fazer a instalação correta de um módulo solar. A altura z da haste de fixação é calculada pela seguinte equação: z = L sen a Regra 1: Sempre que possível, orientar o módulo com sua face voltada para o norte geográfico, pois isso maximiza a produção média diária de energia. Regra 2: Ajustar o ângulo de inclinação correto do módulo com relação ao solo 3ara otimizar a produção de energia ao ongo do ano. Para isso, deve-se escolher o ângulo de inclinação de acordo com a Tabela 2.1, em função do ângulo da latitude geográfica da localidade onde o sistema é instalado. Seguindo a Regra 2, obtém-se o valor do ângulo de inclinação a do módulo solar. Na prática, para a instalação física, o ins- talador deve calcular a altura da haste de fixação (z) em função do ângulo calculado (a) e levando em conta o comprimento do módulo (/_) ou a distância entre a borda do módulo no solo e a barra de sustentação (x), como ilustra a Figura 2.32. e a distância x é calculada como: x = L • cos a em que L ê o comprimento do módulo solar ou a distância entre sua borda apoia- da no chão e o ponto de fixação, conforme a Figura 2.32; x é a distância no chão entre a borda de apoio do módulo e a extremi- dade da haste de fixação e z é altura da haste. Para uso prático o leitor pode recorrer à Tabela 2.3 para determinar a altura da has- te, bastando encontrar na tabela o valor da razão Ru = x / z que corresponde ao ângulo de inclinação a desejado. Com esta razão é possível determinar o valor de x a partir de um valor z conhecido, ou vice-versa. Basta multiplicar ou dividira dimensão conhecida pelo valor da razão Rx/ . Tabela 2.3: Determinação da relação entre x e z a partir do ângulo de inclinação. R u = x / z R)U = x / za az 10° 5,671282 26° 2,050304 11° 27°5,144554 1,962611 12° 4,704630 28° 1,880726 13° 4,331476 29° 1,804048 14° 30° 1,7320514,010781 3,732051 31° 1,66427915°zL 16° 3,487414 32° 1,600335 17° 3,270853