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Arte e direito 1. Poética Aristotélica · Aristóteles, nesse livro, se propôs a estudar a tragédia grega. · Dramaturgia x literatura · Ambas falam de histórias, mas o que diferencia é a presença de atores (dramatização; interpretação) · Para Aristóteles, o conceito de arte é o da imitação da vida (conceito mimético de arte) representação. · Verossimilhança · Sucessão de acontecimentos de acordo com o necessário · A arte trata do verossímil · “suspensão da incredulidade” Permite a criação do mundo próprio da arte. Assim, a verossimilhança se reduz às possibilidades daquele mundo que possui suas próprias regras. · Conceitos fundamentais da Poética · mythos · Busca pela explicação de algo desconhecido · História que dá sentido ao mistério · Para Aristóteles, organização dos fatos com verossimilhança · Mito como ilusão com o avanço do cientificismo, ocorre uma “desmistificação”, o que acarreta na associação da palavra com mentira. · Mimesis · Formas de imitação do comportamento humano · Diferentes formas de representação · Para Aristóteles, a arte teria como objetivo a Catarse, que seria a purificação espiritual pela experiência da arte. · Poesia x história Enquanto o historiador narra aquilo que acontece, o poeta conta aquilo que poderia ter acontecido. A história, portanto, é o campo do real e a poesia do possível. · Tragédia x Comédia A comédia imita as pessoas com seus defeitos exacerbados e a tragédia imita os homens melhores do que eles são na realidade. · Katharsis · Para Aristóteles, é a purificação espiritual do público pela experiência da arte · Instrumentos que produzem a khatarsis: · Peripécia/reviravolta: mudança de sorte do personagem (da fortuna para o infortúnio) · Descoberta/reconhecimento: revelação de um fato desconhecido ou qualidade oculta de uma personagem. · Patético/ sofrimento: figura heroica submetida ao sofrimento. · Tragédia produz os sentimentos de terror e compaixão, enquanto a comédia de simpatia e riso. · Édipo rei · Conceito fundamental de tragédia grega: lição de humildade · Hubris: excesso do herói trágico, fazendo mais do que deve ou é capaz (soberba ou arrogância) 2. Teoria dos modos ficcionais em Northrop Frye · Para ele, a superioridade entre a tragédia e a comédia está no poder de ação do indivíduo · Na tragédia, a história é de isolamento do herói com relação a sociedade, enquanto na comédia é de integração do protagonista com a sociedade. · São classificados a partir do poder de ação 2.1. Modo mítico · Os protagonistas possuem poderes superiores, em natureza e em grau, às outras pessoas e ao ambiente. Ex: mitologia, Thor 2.2. Modo maravilhoso · Os protagonistas possuem poder de ação superior em grau em relação aos outros homens mas não tem tanto o poder de manipular o ambiente. Ex: tempestade(x-man) 2.3. Mimético elevado · Narrativa de personagens com poderes superiores somente em grau em relação aos homens comuns, não havendo manipulação da natureza. Ex: Batman · Superior poder de ação (mais coragem, mais dinheiro) · Há um reconhecimento com admiração 2.4. Mimético baixo · Personagens que tem defeitos e qualidades semelhantes as nossas. Ex: Homer Simpson · Reconhecimento por aversão 2.5. Irônico · Personagens com poder de ação inferior (covardes e atrapalhados) 3.0. Estruturas da narrativa 3.1. Elementos da narrativa · Narrador · Elemento central da narrativa (elemento mais importante) · Narrador personagem (em primeira pessoa) ex: Brás Cubas · Narrador observador (em terceira pessoa) ex: · Conhecedor máximo da história (narrador onisciente) · Princípio de organização da história · Narrador x autor · Narrador e autor podem coincidir mas frequentemente não ocorre · O narrador é uma construção do autor dentro do texto · Trama ou enredo · É a história em si · Mythos para Aristóteles (organização dos fatos) · Escolhas de marcos arbitrários · A depender de como você organiza uma história ela pode mudar · Personagens · Protagonista x antagonista (estrutura básica de dualidade). Assim, não há juízo de valor · Personagens apoiadores (podem sofrer mudanças) · Tempo · Narrativa cronológica x anacrônica · Espaço · Local onde a história se passa · A depender da história, pode ser relevante ou não para narrativa · Obs: a produção da catarse é centrada na trama e nos personagens. 3.2. Modelos narrativos · Ciclo aristotélico · Início, meio e fim · A história ocorre no meio · Intriga mínima completa (Todorov) · Equilíbrio, desequilíbrio e equilíbrio · Desequilíbrio(é interessante que haja o desequilíbrio para despertar o interesse na história) · Modelo quinário (Reuter) · Estado inicial, força perturbadora, dinâmica, força equilibradora e estado final · Opta por fixar quais são as forças que alteram os equilíbrios · Todos eles criam uma célula da “narrativa”. Falam sobre a estrutura básica que qualquer narrativa possui. Todos falam em “ciclos” · A diferença desses modelos se dá no desenvolvimento · Mil e uma noites · O rei descobre a infidelidade da esposa e decide viajar até o reino do seu irmão para se consolar. Ao chegar lá, descobre que a mulher do irmão também o traía e ,com isso, acredita que a culpa está na mulher. Os dois irmãos saem em viagem e no caminho encontram um gênio da lâmpada que tira uma jovem da caixa de vidro (sua esposa) que o coloca para dormir. Ao colocar o gênio para dormir, ela percebe que eles estão observando e ordena que eles transem com ela e conta sua história de aprisionamento pelo gênio e que tem essa atitude como vingança. · Um dos irmãos que continua insatisfeito, tem a ideia de casar com uma jovem virgem do reino a cada noite e ao amanhecer (na noite de núpcias) vai mata-la para que não possa ser traído. Tal ideia começa a ser colocada em prática e várias jovens do reino vão sendo assassinadas. · Em determinado momento, a filha do homem que selecionava as jovens para o rei, se manifesta como voluntária para se casar com o rei a fim de colocar um fim na história. · O plano de xerezade consiste em , na noite de núpcias depois do encontro do casal, a irmã mais nova entraria no quarto dizendo que não está conseguindo dormir e pede pra xerezade lhe contar uma história, a fim de entreter o rei e quando está quase amanhecendo ela interrompe a história alegando que não são histórias para serem contadas pelo dia e que terminaria a história para a irmã se o rei poupasse sua vida · Assim, o rei fica envolvido com as histórias e vai permitindo que xerezade viva, até que ela engravida e ao mostrar o filho para o rei ele acaba se casando com ela e desistindo da matança · Estrutura multinivelar · Histórias dentro de histórias · Estrutura fascicular · Como as narrativas são contadas de forma episódica para gerar curiosidade e interesse, a fim de que o público siga para nova etapa da narrativa · Tensão entre resolução e curiosidade pro próximo 4.0. Literatura policial (fantástico explicado) · É chamada de fantástico explicado porque é a narrativa do desvendamento do mistério de um modo racional · Instrumento importante da racionalidade na literatura · É necessário o mistério para despertar a curiosidade (potencial sobrenatural) mas, no final das contas, o problema se resolve de forma natural · Protagonista: detetive (investigador) · Sherlock homes poder de dedução além do normal (mimético elevado). Grande herói da racionalidade (porque ele é capaz de dar uma explicação física para o mistério mais absurdo) · Resultado do aumento da credibilidade da ciência como força explicativa dos mistérios · Obs importante: A Literatura policial contribui para as construções mentais do papel da polícia, da relação que a polícia tem com as regras que ela tem que seguir, da condescendência ou intolerância que temos quando o policial viola a lei e da condescendência ou intolerância que temos quando outras pessoas violam a lei. 4.1. O modo fantástico · Fantástico hiperbólico · São as narrativas que possuem dimensões impressionantes (animais com medidas impossíveis) · São as histórias de pescador ou ruma ao desconhecido · Noção de tempo quese assemelha ao delírio ou sonho (kafka) · Fantástico instrumental · Os poderes mágicos decorrem de um instrumento capaz de fazer algo espantoso · Ficção científica (máquinas do tempo e naves espaciais) · Histórias de magia (varinha e vassoura encantada) · Com o ápice do racionalismo, o fantástico irá se refugiar na ficção científica 4.2. Estrutura da narrativa policial · História do crime · Principal personagem: criminoso · História do inquérito · Principal personagem: detetive 4.3. Tipos de literatura policial · Romance de enigma · Narrativa policial clássica · Crime já ocorrido e que um detetive vai desvendar o mistério · O detetive é um grande raciocinador (jogo intelectual) · Romance sombrio · A violência está no primeiro plano · Da uma ênfase no crime · Romance de suspense · A investigação é anterior ao crime · Impedir que o crime aconteça · James Bond (compromisso de salvar o mundo da ameaça comunista e terrorista) · Detetive vulnerável 4.4. Estrutura das narrativas sobre James Bond · Trabalha pro Estado mas age nas sombras · Relações com o inimigo · Bond possui uma “carta branca” pra matar devido ao nível do seu inimigo (ameaça à segurança nacional) · A depender do inimigo as regras podem ser outras · O inimigo de Bond é o “estrangeiro” ou o etnicamente diferente dele. Há uma marcação racial para demarcar a defesa da pátria contra o inimigo de outra origem · Com o fim da ameaça comunista (queda do muro de Berlim) é substituído pela ameaça terrorista com o atentado às torres gêmeas · Relações com o comando · James Bond possui problemas com autoridade, que é selecionado de propósito, por ser órfão (possui menos a perder que os outros) · Desapegado à laços de convívio · Descumprir às ordens visando a defesa da pátria (boa causa) · Relação com o par romântico · Trata o par romântico de forma secundária ou descartável · Frequentemente usa os pares românticos como meio para obter seu objetivo de defesa da pátria 5.0. investigação e jogo intelectual na literatura policial · Borges · Na visão de borges a literatura policial tem a utilidade como jogo intelectual (gênero do intelecto) é uma charada para o próprio leitor · Há uma descoberta do mistério pelo detetive junto com o leitor · A literatura policial se manteve fiel a estrutura clássica · Se notabilizou pelo jogo intelectual · Texto 1 (espanhol) · Fala das 6 leis para literatura policial I. Limite discricional das personagens · Poucas personagens e razoavelmente bem apresentadas II. Declaração de todos os termos do problema · Tem coisas que só o intelecto do detetive são capazes de descobrir · Defeito em conan doyle III. Economia vara dos meios · A primazia do como sobre o quem (a grande questão da literatura policial não é descobrir o assassino e sim como a ação se deu) IV. Pudor da morte · Só serve pro romance de enigma V. Necessidade e maravilha na solução · Fantástico de Todorov · Texto 2 (a morte e a bussola) · Apresenta varias personagens que vão se desenvolver durante a trama · Descobre o como e não o quem · Detetive que se considera um puro raciocinador, então, busca um mistério para o crime e um comissário que busca a explicação mais simplória para o crime · O investigador mais esperto começou a se investigar a obra da vítima e não o crime em si · Sofisticação intelectual do assassino · Advertência pro investigador que busca explicação sofisticada e pro da simplória também · Mostra que tanto a literatura policial quanto no direito devemos nos ater em explicações mais conspiratórias quanto as mais obvias, ou seja, é necessário que haja uma grande reflexão · Para todo crime existem 2 possibilidades. Ex: facada em Bolsonaro (esquerda tramando contra sua vida ou um simples maluco que decidiu lhe atacar) 6.0. A frustação com o direito · Kafka · Modo irônico (modo da impotência) · Há o retorno do fantastico (dimensão exagerada do tempo) · Gosta de escrever sobre o absurdo · mostra que mesmo nas melhores democracias o direito possui um caráter excludente e inacessível · texto o problema de nossas leis · fala sobre a segurança jurídica · critica a dificuldade do acesso à justiça · a lei como uma invenção da nobreza (classe dominante) · visão pessimista do direito · o direito é claro em relação a obediência e não na compreensão · mensagem imperial · até a autoridade julgada como opressora possui dificuldade muito grande de fazer sua vontade valer · entre a autoridade máxima e a efetivação do direito há uma cadeia longuíssima de transmissão de relações de poder · Pode haver uma ressignificação da mensagem ao atravessar essa cadeia de poder · O problema de compreensão e comunicação · Complicadores intencionais da lei (linguagem) · Quando dominamos a linguagem jurídica ficamos menos no prejuízo (o que não faz o homem entrar na lei não é a falta de tentativa e sim a falta do entendimento da tentativa eficaz) · Essa incapacidade de comunicação e incompreensão que são intencionais no direito ,são um instrumento deliberado de exclusão pra facilitar a dominação
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