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EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido

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EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE
CÁLCULO DO PIS E DA COFINS
O impasse do ICMS
Destacado ou Recolhido
Guilherme Gabriel Cesco
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido2
Sumário
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................................................................................................................03
2. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A TESE DE EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS.................................................................................................03
3. O PARADIGMÁTICO JULGADO DO RE 574.706/PR E A EXCLUSÃO DO ICMS DESTACADO................................................................................................................................05
4. A CONTROVERSA SOLUÇÃO DE CONSULTA INTERNA 13/2018 E A EXCLUSÃO DO ICMS RECOLHIDO............................................................................................................07
5. O IMPACTO PARA OS CONTRIBUINTES, NA PRÁTICA, SERÁ RELEVANTE CASO SE ADOTE UM OU OUTRO CRITÉRIO?.................................................................................08
6. CONCLUSÃO.............................................................................................................................................................................................................................................................10
7. REFERÊNCIAS..........................................................................................................................................................................................................................................................12
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido3
1. INTRODUÇÃO
A tese da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS não é nen-
huma novidade no âmbito jurídico. Há quase duas décadas o tema vem sendo dis-
cutido, não somente nos tribunais, mas também entre juristas, advogados, conta-
dores e economistas, podendo se dizer que até mesmo virou assunto de interesse 
público, de grande exposição midiática, principalmente a partir do paradigmático 
julgado do Recurso Especial 574.706/PR em 15/03/2017.
Enquanto se fala em tempo de discussão da referida matéria, cumpre destacar 
que o RE afetado em Repercussão Geral (tema 69), por exemplo, foi protocolado 
no STF em 13/12/2007 e adveio do processo originário nº 2006.70.00.030559-9. 
Portanto o contribuinte em questão - que nem sequer foi o primeiro a questionar tal 
matéria, havendo processos ainda mais antigos -, espera há quase 13 anos por uma 
definição do judiciário sobre a tutela do seu direito, sem que se tenha conseguido 
solucionar o impasse até o presente momento.
Pois bem, apesar da grande importância, a celeridade processual e os entraves 
da máquina judiciária não serão objeto de discussão no presente trabalho. Isso 
porque identifica-se um problema ainda maior a ser analisado, que inclusive é es-
pecífico para a tese em voga: a possível afronta à segurança jurídica diante da 
publicação da Solução de Consulta Interna nº 13/2018, pela Receita Federal do 
Brasil, que sedimenta na administração pública uma interpretação aparentemente 
equivocada do julgado do RE 574.706/PR.
Desnecessário dizer que tal Solução de Consulta, gerou um impasse tremendo 
entre o Fisco e os Contribuintes (como é usual no cenário tributário brasileiro). Em 
resumo, os Contribuintes entendem que o paradigmático julgado do STF, ao decidir 
que o “O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da COF-
INS”1, estaria se referindo ao valor do ICMS Destacado nas notas fiscais, ao passo 
que o Fisco entende por outro viés, de que o ICMS a ser excluído seria apenas o 
efetivamente Recolhido pela empresa.
Corroborando este entendimento do Fisco, sendo até mesmo antecedente à pub-
licação da Solução de Consulta, há que se mencionar que foram opostos embargos 
de declaração pela União no RE 574.706/PR, com o objetivo de que o STF esclareça 
qual é o ICMS a ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS.
Tais embargos de declaração pendem de julgamento até a presente data 
1 STF. RE 574706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-223 DIVULG 29-09-2017 PUBLIC 02-10-2017. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&do-
cID=13709550>. Acesso em: 21/07/2019.
2 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 21/07/2019.
3 Id. Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp70.htm>. Acesso em: 21/07/2019.
4 Id. Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp07.htm>. Acesso em: 21/07/2019.
(21/07/2019) e, juntamente com a análise do julgado do RE 574.706/PR no tópico 
3 do presente trabalho, tentar-se á verificar a real necessidade e conveniência de 
esclarecimentos por parte do STF.
Os fundamentos para ambos os entendimentos (Destacado ou Recolhido), por-
tanto, serão detidamente explorados nos tópicos a seguir e, inclusive, será anali-
sada a aparente afronta à segurança jurídica decorrente da Solução de Consulta 
Interna 13/2018 COSIT (tópico 4).
Por fim, tentar-se-á deduzir da experiência prática o tamanho do impacto finan-
ceiro e operacional para os Contribuintes, caso se adote um ou o outro critério, bem 
como espera-se poder concluir qual dos dois critérios (Destacado ou Recolhido) 
deve ser adotado em definitivo.
2. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A TESE DE EXCLUSÃO DO ICMS DA 
BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS
Conforme já mencionado, a tese da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS 
e da COFINS não é nenhuma novidade no âmbito jurídico, estando em discussão 
nos tribunais há quase duas décadas. No entanto, imprescindível explanar, ainda 
que sinteticamente, o raciocínio tributário defendido pelos contribuintes a tanto 
tempo, que culminou no RE 574.706/PR.
O PIS e a COFINS são siglas de dois tributos previstos na Constituição Federal, 
especificamente nos artigos 239 e 1952 que consistem, respectivamente, na Con-
tribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio 
do Servidor Público e na Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. 
Estes dois tributos incidem sobre a receita, ou o faturamento das empresas.
A COFINS foi instituída, pela Lei Complementar 70/19913, tendo como base de 
cálculo o faturamento mensal, considerado como a receita bruta das vendas de 
mercadorias e serviços:
LC 70/1991 - Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e 
incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de 
mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. (grifo nosso)
 De forma semelhante, a Contribuição ao PIS foi instituída pela Lei Com-
plementar 07/19704, tendo como base de cálculo recursos próprios da empresa, 
decorrentes do faturamento:
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido4
LC 07/1970 - Art. 3º - O Fundo de Participação será constituído por duas parcelas:
a) a primeira, mediante dedução do Imposto de Renda devido, na forma estabelecida no 
§ 1º deste artigo, processando-se o seu recolhimento ao Fundo juntamente com o paga-
mento do Imposto de Renda;
b) a segunda, com recursos próprios da empresa, calculados com base no faturamento, 
como segue: (...) (grifo nosso)
Veja-se, sob a ótica contábil, no que exatamente consiste o faturamento (bruto), 
e no que exatamente consiste a receita bruta (faturamento líquido) de uma empre-
sa. Há uma distinção importantíssimaa ser observada:
O faturamento é calculado a partir de todos os benefícios que a empresa conseguiu com 
sua atividade econômica em um determinado período. Esses benefícios são os rendi-
mentos ou ganhos da organização através de suas vendas ou serviços prestados.
Esses rendimentos são considerados a partir dos preços cobrados pela empresa por 
vender seus produtos ou prestar seus serviços, mesmo que não os tenha recebido em 
caixa, mas ao tê-los efetuado e passado aos clientes a sua fatura. Por exemplo, quando 
é vendido uma mercadoria por R$100,00, este será seu faturamento sobre este produto.
(...) O faturamento bruto que a empresa possui é calculado a partir de suas vendas e 
serviços prestados, incluindo os impostos sobre o faturamento, como por exemplo o 
ICMS, imposto devido ao estado quando há movimentação de mercadorias.
(...) O faturamento líquido é demonstrado sem esses impostos e indicam o real fatura-
mento que a empresa obteve durante o período. Por não incluir os impostos cumula-
tivos, conforme a atividade da empresa, também pode ser chamado de Receita Bruta.5 
(grifos nossos)
Da análise conjugada dos dispositivos de lei com os conceitos contábeis apre-
sentados acima, a interpretação que se tem é que o PIS e a COFINS não incidem 
sobre o faturamento bruto, mas sim sobre o faturamento líquido (também denom-
inado receita bruta). A COFINS tem este entendimento expressamente previsto na 
redação do art. 2º da LC 70/1991, ao passo que o PIS deve incidir apenas sobre a re-
ceita bruta, tendo em vista a expressão “recursos próprios da empresa”, constante 
na alínea “b” do art. 3º da LC 07/1970.
Ocorre que alterações legislativas posteriores vieram a modificar e até mesmo 
alargar esta interpretação. Por exemplo, tem-se a Lei n.º 9.715/98, que em seu art. 
2º, inciso I e art. 3º, descreve a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP 
como sendo o “faturamento do mês”6, senão vejamos:
Art. 2º A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente:
I - pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legis-
lação do imposto de renda, inclusive as empresas públicas e as sociedades de econo-
mia mista e suas subsidiárias, com base no faturamento do mês; (...)
Art. 3º Para os efeitos do inciso I do artigo anterior considera-se faturamento a receita 
bruta, como definida pela legislação do imposto de renda, proveniente da venda de 
bens nas operações de conta própria, do preço dos serviços prestados e do resultado 
auferido nas operações de conta alheia. (grifos nossos)
5 FRAZÃO, Adriano et al. Dicionário Financeiro: Faturamento. Disponível em: <https://www.dicionariofinanceiro.com/faturamento/>. Acesso em: 21/07/2019.
6 COSTA, Larissa Ferreira da. A inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/PASEP e da COFINS. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2017. p. 20.
7 Ibidem.
8 Ibidem.
9 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 21/07/2019.
10 COSTA, Larissa Ferreira da. op. cit., p. 23.
Bem como há a Lei n.º 9.718, de 27.11.1998, que, ao consolidar as incidências do 
PIS/PASEP e da COFINS, equiparou os conceitos de receita, receita bruta e fatura-
mento7. Cita-se:
Art. 3º - O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da 
pessoa jurídica.
§1º - Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa ju-
rídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil 
adotada para as receitas. (grifo nosso)
Tal alargamento de interpretações foi questionado no judiciário à época, pois 
cada vez mais o conceito jurídico de receita bruta se afastava do conceito contá-
bil, para se aproximar, em verdade, do faturamento bruto (total) das empresas, aí 
incluídos os impostos.
Ocorre que este entendimento “alargado” do conceito de receita bruta veio a ser 
legitimado com a Emenda Constitucional n.º 20, de 15/12/1998, cujo art. 1º deu 
nova redação ao art. 195, I, da CF para, literalmente, incluir aludida expressão8:
CF - Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta 
e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da Un-
ião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições 
sociais: (...)
b) a receita ou o faturamento; (...)9 (grifo nosso)
Por derradeiro, foram editadas as Leis Ordinárias 10.637/2002 e 10.833/2003, 
que estabeleceram o faturamento como hipótese material de incidência para o PIS 
e para a COFINS. Entretanto, ao elencar as exclusões da base de cálculo, tais nor-
mas previram tão somente a supressão das vendas canceladas, dos descontos 
incondicionais concedidos, do IPI e do ICMS-ST cobrado do substituto tributário, 
nada tratando sobre o ICMS (próprio)10. 
Ora, devendo o conceito de “faturamento”, para fins de base de cálculo do PIS e 
da COFINS, ser entendido tão somente como a “receita bruta” da ótica contábil (fat-
uramento líquido), a qual equivale aos valores obtidos com venda de mercadorias 
ou a prestação de serviços, descontados os tributos incidentes - os quais diga-se: 
não constituem “recursos próprios da empresa” -, não se pode admitir a abrangên-
cia de outras parcelas que escapam à este raciocínio.
Este é o caso do ICMS, que não constitui “patrimônio/riqueza da empresa”, 
tratando-se única e exclusivamente de ônus fiscal, ou seja, trata-se de valor que 
apenas transita na contabilidade da empresa por uma imposição legal. O titular do 
ICMS é o Estado, não a empresa. O ICMS representa valores que a empresa recebe 
no interesse de terceiros, como mero agente arrecadador.
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido5
Quando os valores de ICMS são incluídos na base de cálculo do PIS e da COF-
INS, se está a recolher tributo sobre receita dos Estados, e não sobre a receita das 
empresas. E a Constituição, em nenhum momento, autoriza a tributação de receita 
alheia, parcela sobre a qual não se revela capacidade contributiva. Pode-se dizer 
inclusive que a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS afronta, 
diretamente, o disposto no art. 145, §1º da CF:
CF – Art. 145, § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à adminis-
tração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, 
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e 
as atividades econômicas do contribuinte.11 
Este artigo prescreve a obrigatoriedade de observância ao princípio da capaci-
dade contributiva, e tal inclusão implica que as empresas estejam pagando tributo 
sobre receitas do Estado, e não as suas próprias. E, sem dúvida, o fato de o Estado 
receber receita ou faturamento não revela capacidade econômica da empresa.
O próprio texto constitucional, ao tratar da repartição de receitas tributárias, pre-
screve, no artigo 212, §1º, não ser receita do Estado ou da União a parcela transferi-
da para os Municípios ou Estados e Municípios:
CF – Art. 212, § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municí-
pios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo 
que a transferir.12 
Sendo assim, uma vez que não se admite como receita do ente tributante, a 
parcela que deve ser repassada a outro ente por força da repartição de receitas 
tributárias, o mesmo entendimento também deve ser estendido aos Contribuintes 
particulares.
É justamente para o reconhecimento da impossibilidade de inclusão do ICMS 
na base de cálculo do PIS e da COFINS que o Contribuinte pleiteou, com fulcro nos 
fundamentos brevemente mencionados, a tutela jurisdicional que chegou ao STF 
por meiodo RE 574.706/PR, cujo julgamento será estudado em minúcias a seguir.
3. O PARADIGMÁTICO JULGADO DO RE 574.706/PR E A EXCLUSÃO 
DO ICMS DESTACADO
Superadas as conceituações iniciais, é possível adentrar na análise do julgado 
favorável ao pleito do Contribuinte no RE 574.706/PR, em 15/03/2017, cuja ementa 
restou redigida nos seguintes termos:
11 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 21/07/2019.
12 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 21/07/2019.
13 STF. RE 574706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-223 DIVULG 29-09-2017 PUBLIC 02-10-2017. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&do-
cID=13709550>. Acesso em: 21/07/2019.
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO 
DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. 
APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO 
PROVIDO. 1. Inviável a apuração do ICMS tomando-se cada mercadoria ou serviço e a 
correspondente cadeia, adota-se o sistema de apuração contábil. O montante de ICMS 
a recolher é apurado mês a mês, considerando-se o total de créditos decorrentes de 
aquisições e o total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise 
contábil ou escritural do ICMS. 2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade 
aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da Constituição 
da República, cumprindo-se o princípio da não cumulatividade a cada operação. 3. O 
regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a escrituração da 
parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de fatura-
mento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de 
cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 
9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS trans-
ferido integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir 
a transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado 
momento da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para excluir o ICMS da base 
de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS.13 
Com a leitura da ementa pode-se perceber que o STF foi cristalino ao decidir o 
ICMS não pode integrar a base de cálculo do PIS e da COFINS. Todavia, segundo 
a União, não restou tão evidente assim qual seria a concepção de ICMS que os jul-
gadores tinham em mente ao proferir tal decisão.
Seria possível excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS todos os valores que 
ingressam na contabilidade da empresa a titulo de ICMS, conforme destacado nas 
notas fiscais? Ou seria possível tão somente a exclusão dos valores de ICMS efe-
tivamente recolhidos ao Estado, por conta do regime de créditos e compensações 
inerente a tal imposto não cumulativo?
A gravidade deste impasse não havia sido percebida por muitos Contribuintes - e 
talvez nem mesmo por alguns julgadores -, até que, em 19/10/2017, a União opôs 
embargos de declaração e face do acórdão, requerendo, em um dos seus pleitos, 
que o STF esclareça qual é o ICMS a ser da base de cálculo do PIS e da COFINS.
Na visão de alguns juristas o recurso apresentado pela União nada mais é do que 
ferramenta para postergar os efeitos da decisão que lhe é desfavorável, veja-se a 
crítica de Glaucia Lauletta Frascino:
(...) A intenção da União, nessa altura dos acontecimentos, não nos parece seja reverter 
o que já foi decidido, mediante a alteração do julgamento; essa pretensão certamente 
ficou para trás. O que nos parece é que pretende embaralhar o quanto possível as car-
tas e postergar ao máximo os efeitos de decisão que, a bem da verdade, já deveria ser 
ocorrido décadas atrás. E faz isso utilizando frases de efeito, misturando conceitos 
jurídicos, argumentos econômicos e apelos emocionados, sem, contudo, convencer.
Pretende-se a modulação de efeitos da decisão para o momento em que os Embargos 
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido6
de Declaração forem decididos. Em outras palavras, querem que a decisão tenha efe-
tividade em um, dois ou (muito) mais anos, a depender da disponibilidade do STF de, 
dentre os vários assuntos que necessitam de encerramento, confirmar e formalizar 
decisão final de uma discussão quase eterna.(...)14 
Apesar disso, há quem defenda que não se pode atribuir à União a responsabil-
idade única por gerar esta insegurança jurídica aos Contribuintes, que comemor-
aram o resultado da Repercussão Geral antes da hora. Segundo Bianca Delgado 
Pinheiro e Tales de Almeida Rodrigues:
(...) Bem verdade é que o próprio Supremo Tribunal Federal, por meio de uma postu-
ra passiva e omissiva, ao deixar, até então, de retomar o julgamento da Repercussão 
Geral com a apreciação dos Embargos Declaratórios, foi quem consentiu o desconfor-
to-tributário (alguns chamando até de “fake news tributária”) revigorado com a publi-
cação da Solução de Consulta.(...)
(...) Assim, apesar da melhor interpretação ter sido prolatada em coerência com o siste-
ma jurídico-tributário, ao deixar de se posicionar em definitivo, deixou espaço indemar-
cado para a União impor, atropeladamente, o seu posicionamento (fundada nitidamente 
em interesse econômico), antes mesmo do julgamento dos Embargos Declaratórios.
A ausência de julgamento definitivo do tema acabou por “só-negar” o direito-expec-
tativa gerado pela Repercussão Geral, que restou, por consequência, atomizado com 
publicação da Solução de Consulta Interna, restando asseverado, portanto, a necessi-
dade da função jurisdicional ser retomada de forma eficaz, tal como é prometido pela 
Constituição Federal.(...)15
Não obstante esta discussão sobre a real intenção da União com a oposição dos 
embargos de declaração, cumpre reconhecer que a ementa do acórdão proferido 
pelo STF no RE 574.706/PR poderia contado com redação mais elucidativa, em 
especial no seguinte trecho:
(...) O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a evscritu-
ração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de 
faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. (...)16
De fato existe certo grau de ambiguidade na redação supracitada, caso seja ana-
lisada isoladamente. Todavia, com a leitura atenta de outro trecho da ementa, a 
questão fica menos nebulosa:
(...) Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu da base de cálcu-
lo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido integralmente para os Estados, 
deve ser enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial decorrente do 
regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica das operações.
(...)17 (grifo nosso)
Ademais, deve-se destacar que, da leitura da íntegra dos votos no RE 574.706/
PR, prevalece sobre qualquer outro entendimento o voto da ministra relatora Cár-
14 FRASCINO, Glaucia Lauletta. Novo capítulo de uma longa história tributária. Jota, 2017. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/novo-capitulo-de-uma-longa-historia-tributaria-08112017>. Acesso em: 21/07/2019.
15 PINHEIRO, Bianca Delgado. RODRIGUES, Tales de Almeida. Controvérsias na exclusão do ICMS do PIS e Cofins. Conjur, 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-nov-21/opiniao-controversias-exclusao-icms-pis-cofins>. Acesso em: 21/07/2019.
16 PINHEIRO, Bianca Delgado. RODRIGUES, Tales de Almeida. Controvérsias na exclusão do ICMS do PIS e Cofins. Conjur, 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-nov-21/opiniao-controversias-exclusao-icms-pis-cofins>. Acesso em: 21/07/2019.
17 STF. RE 574706, Relator(a):Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-223 DIVULG 29-09-2017 PUBLIC 02-10-2017. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&do-
cID=13709550>. Acesso em: 21/07/2019.
18 Ibidem.
19 PINHEIRO, Bianca Delgado. RODRIGUES, Tales de Almeida. op. cit.
20 PINHEIRO, Bianca Delgado. RODRIGUES, Tales de Almeida. op. cit.
21 STF. RE 574706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-223 DIVULG 29-09-2017 PUBLIC 02-10-2017. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&do-
cID=13709550>. Acesso em: 21/07/2019.
men Lúcia, que é cristalino no sentido de excluir-se da base de cálculo do PIS e da 
COFINS o ICMS total, Destacado nas notas fiscais, conforme trecho a seguir:
(...) Desse quadro é possível extrair que, conquanto nem todo o montante do ICMS seja 
imediatamente recolhido pelo contribuinte posicionado no meio da cadeia (distribuidor 
e comerciante), ou seja, parte do valor do ICMS destacado na “fatura” é aproveitado 
pelo contribuinte para compensar com o montante do ICMS gerado na operação anteri-
or, em algum momento, ainda que não exatamente no mesmo, ele será recolhido e não 
constitui receita do contribuinte, logo ainda que, contabilmente, seja escriturado, não 
guarda relação com a definição constitucional de faturamento para fins de apuração 
da base de cálculo das contribuições. (...)18 
Em outras palavras, a ministra Cármen Lúcia entendeu que o ICMS incide sobre 
toda a operação praticada pelo contribuinte e não apenas sobre o valor pago em 
um dado “momento” da cadeia de consumo e que todo o valor destacado no doc-
umento fiscal tem por destino final - e necessário - os cofres públicos do Estado, 
portanto todo o valor do ICMS deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da 
COFINS.19
Tal raciocínio, inclusive, coaduna com o princípio da não-cumulatividade, pois a 
escrituração de parcela a compensar do imposto, com diferença de “ICMS a recol-
her” não afasta o entendimento pacificado pelo STF de que a integralidade do im-
posto não se inclui no conceito de faturamento. Aliás seria completamente inad-
equado dizer que a diferença entre a parcela do “ICMS a recolher” e o “ICMS total” 
deixaria de compor o custo da mercadoria para ingressar e compor o patrimônio 
do contribuinte.20 
Ressalta-se, para encerrar a dúvida, que o acórdão do julgamento restou redigido 
para dar provimento ao RE, nos termos do voto da relatora:
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência da Ministra Cármen Lúcia, na conform-
idade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por maioria, em dar provimento 
ao recurso extraordinário, nos termos do voto da Relatora, proferido na Sessão de 9 
de março de 2017. Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli 
e Gilmar Mendes. Falaram, pela Recorrente, o Dr. André Martins de Andrade e o Dr. 
Fábio Martins de Andrade; pela Recorrida, o Dr. Fabrício da Soller, Procurador-Geral da 
Fazenda Nacional; e, pela Procuradoria-Geral da República, o Vice-Procurador-Geral da 
República, Dr. José Bonifácio Borges de Andrada.21 (grifo nosso)
Há, inclusive, uma outra decisão do STF, proferida pelo ministro Gilmar Mendes 
após o julgado do RE 574.706-PR, em 20/08/2018, em processo semelhante, que 
discute a não incidência do ICMS na base de cálculo da CPRB.
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido7
Na referida decisão, o ministro, ao citar o julgado do RE 574.706-PR, destaca clar-
amente que o ICMS que deve ser deduzido do PIS e da COFINS é o ICMS destacado 
nas notas ficais. Veja-se:
Nas razões recursais, alega-se, em síntese, que o ICMS não integra a receita da empre-
sa, e, portanto, não pode integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária sobre 
receita bruta. Decido.
O recurso merece provimento. Inicialmente, verifico que matéria semelhante foi decidi-
da no RE-RG 574.706, (tema 69), Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 2.10.2017. Naquela opor-
tunidade, o Supremo Tribunal Federal afirmou que o montante de ICMS destacados nas 
notas fiscais não constituem receita ou faturamento, razão pela qual não podem fazer 
parte da base de cálculo do PIS e da COFINS. (...)22 (grifo nosso)
Portanto, da análise do voto da ministra relatora Cármen Lúcia, em conjunto com 
a decisão proferida pelo ministro Gilmar Mendes, torna-se indubitável que o STF 
decidiu que o ICMS a ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS é o Dest-
acado nas notas fiscais de saída, podendo-se inclusive dizer ser desnecessário o 
acolhimento dos embargos de declaração opostos pela União, pois não haveria 
omissão, contradição nem mesmo obscuridade no julgado.
Todavia, entende-se como aconselhável o imediato acolhimento dos embargos 
de declaração para o fim de que seja esclarecido por derradeiro e de forma defin-
itiva este impasse e para conste expressamente na decisão a expressão “ICMS 
Destacado”, como é a intenção do julgador.
Tal medida não traria qualquer prejuízo aos Contribuintes. Pelo contrário, seria 
muito bem vinda, pois conferiria uma maior segurança jurídica do que a situação 
atual em que se encontram as empresas: de um lado tem-se uma decisão do STF 
favorável, em sede de Repercussão Geral, porém de outro lado tem-se a sua inefe-
tividade prática, diante a Solução de Consulta Interna 13/2018, tema de análise no 
próximo tópico.
4. A CONTROVERSA SOLUÇÃO DE CONSULTA INTERNA 13/2018 E A 
EXCLUSÃO DO ICMS RECOLHIDO
Incrementando o impasse gerado com os embargos de declaração opostos pela 
União, com o nítido objetivo de limitar ao máximo a interpretação do julgado fa-
vorável aos contribuintes no RE 574.706/PR, em 24/10/2018 a Coordenadoria-Ger-
al de Contencioso Administrativo e Judicial (COCAJ), órgão vinculado à Secretaria 
da Receita Federal do Brasil, publicou a controversa Solução de Consulta Interna nº 
13 de 18 de outubro de 2018.
22 STF. RE 954262, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 20/08/2018, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 22/08/2018 PUBLIC 23/08/2018. Disponível em: <http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=315069229&ext=.pdf>. Acesso em: 21/07/2019. 
STF. RE 954262, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 20/08/2018, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 22/08/2018 PUBLIC 23/08/2018. Disponível em: <http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=315069229&ext=.pdf>. Acesso em: 21/07/2019.
23 HOLANDA, Harrison Barboza de. Exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e Cofins - Série pode ganhar trilogia. Migalhas, 2019. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI305985,101048-Exclusao+do+ICMS+da+base+de+calculo+do+PIS+e+Cofins+Serie+pode+gan-
har>. Acesso em: 21/07/2019.
24 BRASIL, Receita Federal do. Solução de consulta interna COSIT nº 13, de 18 de outubro de 2018. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=95936>. Acesso em: 21/07/2019.
25 Idem. Nota de Esclarecimento: Solução de Consulta Interna Cosit nº 13. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/noticias/ascom/2018/novembro/nota-de-esclarecimento>. Acesso em: 21/07/2019.
Nesta Solução de Consulta a Receita Federal do Brasil firmou internamente o 
entendimento de que o ICMS a ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS 
seria o “ICMS a recolher”, desprezando aquele Destacado na nota fiscal. Tal inter-
pretação, tem como motivação principal a redução expressiva sobre o percentual 
do ICMS a ser excluído, o que reduziria a conta dos prejuízos aos cofres públicos.23
Com a simples leitura da conclusão na Solução de Consulta Interna 13/2018 
percebe-se que esta contraria frontalmente a interpretação mais abalizada do RE 
nº 574/706/PR:
(...) O montante a ser excluído da(s) base(s) de cálculo da Contribuiçãopara o PIS/
Pasep e da Cofins é o valor mensal do ICMS a recolher, conforme o entendimento ma-
joritário firmado no julgamento do Recurso Extraordinário 574.706/PR, pelo Supremo 
Tribunal Federal;(...)24 
O posicionamento da Receita Federal do Brasil pela tese de que o entendimen-
to majoritário do STF foi pela exclusão do ICMS recolhido, gerou tamanha reper-
cussão que foi inclusive publicada pela RFB Nota de Esclarecimento25 onde cita-se 
todos os trechos dos votos que diz justificar o seu posicionamento. Veja-se trecho 
importante da referida Nota de Esclarecimento:
O fato de não estar explicitada na ementa do referido acórdão a operacionalidade da 
exclusão do referido imposto da base de cálculo das contribuições, tem acarretado a 
existência de decisões judiciais sobre a matéria com entendimentos os mais variados, 
ora no sentido de que o valor a ser excluído seja aquele relacionado ao arrecadado a 
título de ICMS, outras no sentido de que o valor de ICMS a ser excluído seja aquele dest-
acado nas notas fiscais de saída, bem como decisões judiciais que não especificam 
como aplicar o precedente firmado pelo STF.
Diante desta diversidade de sentenças judiciais, fez-se necessário a edição da Solução 
de Consulta Interna Cosit nº 13, de 2018, objetivando disciplinar e esclarecer os proced-
imentos a serem observados no âmbito da Receita Federal, no tocante ao cumprimento 
de decisões judiciais transitadas em julgado referente à matéria, objetivando explicitar, 
de forma analítica e objetiva, a aplicação do acórdão paradigma firmado pelo STF às 
decisões judiciais sobre a mesma matéria, quando estas não especifiquem, de forma 
analítica e objetiva, a parcela de ICMS a ser excluída nas bases de cálculo da Con-
tribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
Conforme se extrai do teor dos votos formadores da tese vencedora no julgamento de 
referido recurso, os valores a serem considerados como faturamento ou receita, para 
fins de integração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, 
devem corresponder tão somente aos ingressos financeiros que se integrem em defin-
itivo ao patrimônio da pessoa jurídica, na condição de elemento novo e positivo, sem 
reservas ou condições.
Em que pese a veemência com que a Receita Federal do Brasil insiste na tese do 
ICMS Recolhido por meio da Solução de Consulta Interna 13/2018, verifica-se que 
há um equívoco fundamental na interpretação do julgado.
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido8
Isso porque o entendimento majoritário do STF não foi pela exclusão do ICMS 
efetivamente recolhido, mas sim pela exclusão de todo o ICMS, ou seja, do ICMS 
Destacado nas notas fiscais de saída, visto que o acórdão se baseia no voto da 
ministra relatora Cármen Lúcia, conforme já analisado no capítulo anterior.
A Receita Federal firmou o entendimento de que o ICMS a ser excluído da base de cál-
culo do PIS e Cofins é o “ICMS a recolher” e não o “ICMS total” destacado em documen-
to fiscal pelo contribuinte (“faz-se necessário que seja segregado o montante mensal 
do ICMS a recolher, para fins de se identificar a parcela do ICMS a se excluir em cada 
uma das bases de cálculo mensal da contribuição”), (...) Tal entendimento não se apre-
senta expressamente no julgado, demonstrando o direcionamento da interpretação da 
Receita Federal à sua conveniência.
Na prática, a interpretação materializada na Solução de Consulta Interna acaba por 
limitar o montante do ICMS que pode ser abatido pelo contribuinte, na medida em que 
o ICMS efetivamente recolhido pode sofrer compensações com créditos acumulados 
em operações que antecedentes.
Neste sentido, a interpretação da Receita Federal apresenta-se demasiadamente equiv-
ocada, na medida em que o julgado paradigma não fez qualquer distinção entre “ICMS 
a recolher” e “ICMS total”, gerando verdadeira insegurança jurídica aos Contribuintes!26
Nota-se, assim, que a insegurança jurídica trazida por tal manifestação de en-
tendimento da RFB é gravíssima, pois, além de tornar parcialmente ineficaz uma 
decisão do Supremo Tribunal Federal em caráter de Repercussão Geral, também 
acaba por ocasionar uma complexidade ainda maior no sistema tributário brasilei-
ro, no que se refere à apuração da base de cálculo do PIS e da COFINS.
A sistemática de apuração do PIS e da COFINS a partir deste entendimento será 
melhor explorada no tópico a seguir, porém já se pode adiantar que gera ainda mais 
horas de trabalho para as empresas que, a depender do caso concreto, podem não 
ter benefício algum no final da apuração.
Os contribuintes que têm decisão judicial definitiva no Judiciário, determinando a ex-
clusão do ICMS das bases do PIS e da Cofins, só poderão excluir o ICMS a recolher, e não 
o ICMS destacado em notas fiscais. É o que prevê o documento editado pelo órgão. Na 
prática, os especialistas dizem que muitos pedidos de restituição serão indeferidos e/ou 
autuados a partir do momento que os fiscais da Receita passarem a trabalhar de acordo 
com essa definição.27
Outro ponto de preocupação que se deve mencionar é que o posicionamento da 
Receita Federal com a Solução de Consulta Interna 13/2018 está gerando ainda 
uma nova “corrida” ao judiciário, já sabidamente abarrotado de processos, no que 
se refere ao esclarecimento de que o ICMS a ser excluído da base de cálculo do PIS 
e da COFINS deve ser o ICMS Destacado.
26 PINHEIRO, Bianca Delgado. RODRIGUES, Tales de Almeida. op. cit.
27 POMPEU, Ana. Receita altera cálculo do ICMS para PIS e Cofins e preocupa especialistas. Conjur, 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-out-25/receita-exclui-icms-pis-cofins-preocupa-especialistas>. Acesso em: 21/07/2019.
28 HOLANDA, Harrison Barboza de. op. cit.
29 BACELO, Joice. Possibilidade de STJ julgar discussão sobre ICMS divide procuradores. Valor Econômico, 2019. Disponível em: <https://www.valor.com.br/legislacao/6331375/possibilidade-de-stj-julgar-discussao-sobre-icms-divide-procuradores>. Acesso em: 21/07/2019.
30 Ibidem.
31 RACANICCI, Jamile. Cármen Lúcia libera embargos da decisão que excluiu ICMS de PIS/Cofins. Jota, 2019. Disponível em: <https://www.jota.info/tributos-e-empresas/tributario/carmen-lucia-embargos-icms-pis-cofins-04072019>. Acesso em: 21/07/2019.
32 COSTA, Larissa Ferreira da. op. cit., p. 30.
33 TEIXEIRA FILHO, Fernando Robério Passos. O princípio da não cumulatividade no âmbito do ICMS. Jus, 2016. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/48886/o-principio-da-nao-cumulatividade-no-ambito-do-icms>. Acesso em: 21/07/2019.
Em razão do número expressivo de demandas judiciais que discutem os limites 
impostos pela Receita Federal na interpretação de qual ICMS deve ser excluído da 
base de cálculo das contribuições, bem como das inúmeras decisões favoráveis 
aos contribuintes, a PGFN inclusive encaminhou um ofício ao STJ para informar o 
número expressivo de processos em andamento que envolve a matéria e requeren-
do o julgamento do tema sob a sistemática de repetitivo.28
(...) A questão sobre qual ICMS deve ser retirado do cálculo é discutida em cerca de 30 
mil ações, segundo a PGFN. E uma parcela já começou a subir para o STJ - são princi-
palmente recursos da Fazenda contra decisões proferidas no Tribunal Regional Federal 
(TRF) da 4ª Região, no Sul do país.
A PGFN enviou ofício para a 1ª Seção do STJ alertando sobre a quantidade de proces-
sos e pedindo para que o tema seja julgado em repetitivo. O pedido já foi atendido, em 
parte, pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino. Como presidente da Comissão Gesto-
ra de Precedentes, cabe a ele fazer um primeiro exame do que pode ser afetado. Tra-
ta-se de uma análise preliminar com base na quantidade de processos somente.(...)29 
A possibilidade do STJ passar a decidir a questão em caráter repetitivo inclusive 
preocupa procuradores do Ministério Público Federal (MPF), que recentemente 
emitiram pareceres com posicionamentos divergentes, sendo que alguns enten-
dem que a questão deveser reservada para julgamento pelo STF, nos embargos de 
declaração já opostos.30
Seja como for, a impressão que se tem é de que tal indefinição acarreta mais 
insegurança jurídica a cada dia que passa, motivo pelo qual se espera que o STF 
tome a consciência de pautar o julgamento dos embargos de declaração ainda 
para o segundo semestre de 2019, visto que a ministra relatora Cármen Lúcia já 
liberou os autos para julgamento em 03/07/2019.31
5. O IMPACTO PARA OS CONTRIBUINTES, NA PRÁTICA, SERÁ RELE-
VANTE CASO SE ADOTE UM OU OUTRO CRITÉRIO?
Conforme citado pelo próprio STF no julgamento do RE 574/706/PR, o ICMS tem 
seu arquétipo definido no art. 155 e parágrafos da Constituição Federal, constituin-
do-se como tributo de competência estadual cujo traço principal é a não cumula-
tividade. Trata-se de imposto incidente em cada etapa do processo de industrial-
ização e comercialização da mercadoria até o consumo.32 
(...) a sistemática da não cumulatividade nada mais é do que a tributação apenas do valor 
acrescentado em cada etapa do processo produtivo, evitando a chamada tributação “em 
cascata”, que ocorre quando há uma sobreposição de incidências em cada operação.33 
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido9
Esta não cumulatividade implica, portanto, no o direito de o contribuinte com-
pensar-se do que for devido de ICMS em cada operação de saída (vendas) com o 
ICMS incidente nas operações de entradas (compras), observando as hipóteses de 
crédito no regulamento do ICMS de cada Estado.
Tal sistemática é muito didaticamente explanada por Ricardo Alexandre, citado 
por Fernando Robério Passos Teixeira Filho:
Tendo como referência os escritos de Ricardo Alexandre, esse mecanismo de débitos 
e créditos pode ser sinteticamente explicado da seguinte forma: sempre que o sujeito 
realiza uma aquisição tributada de mercadoria, ele deve registrar como crédito o valor 
incidente na operação. Esse valor pode ser entendido como “direito” do contribuinte, 
chamado pelos contabilistas de “ICMS a recuperar”, que pode ser abatido do montante 
incidente nas operações subsequentes (ALEXANDRE, 2015).
Seguindo o raciocínio, toda vez que o sujeito realiza uma alienação tributada de mer-
cadoria, ele deve registrar como débito o valor incidente na operação. Esse valor é uma 
obrigação do contribuinte, consistente no dever de recolher o valor devido aos cofres 
públicos estaduais (ou distritais) ou compensá-lo com os créditos obtidos nas oper-
ações anteriores, chamado na contabilidade de “ICMS a recolher” (ALEXANDRE, 2015).
Então, a cada período previsto na legislação, faz-se uma comparação entre os débitos 
e créditos. Caso os débitos sejam superiores aos créditos, o contribuinte deve recolher 
a diferença aos cofres públicos. Caso o valor dos créditos sejam superiores, é possibil-
itado ao contribuinte algumas opções a depender da legislação aplicável, geralmente 
essa diferença pode ser compensada posteriormente, mas existem algumas leis estad-
uais que preveem, por exemplo, a possibilidade das transferências do crédito, ou, até 
mesmo, o ressarcimento (ALEXANDRE, 2015).34
Reforçando o elemento que mais importa para análise do impasse “ICMS Dest-
acado x ICMS Recolhido”, tem-se que a comparação entre débitos e créditos na 
apuração mensal do ICMS, por exemplo, pode resultar um saldo positivo, zero, ou 
até mesmo em um saldo negativo de ICMS a recolher, ou seja, pode ser que deter-
minada empresa acumule créditos de ICMS em determinado período de apuração.
Um dos exemplos mais fáceis de visualizar o acúmulo de créditos de ICMS é o 
caso das empresas preponderantemente exportadoras de produtos.
Por força do art. 155, § 2º, X, “a” da CF, e também pela lógica econômico-finan-
ceira, não há incidência de ICMS na exportação de mercadorias. Sendo assim, a 
empresa preponderantemente exportadora está fadada a sempre acumular os 
créditos de ICMS, pois quando compra matéria prima ou outras mercadorias inter-
namente, há o desembolso financeiro do ICMS, sem contudo poder passar adiante 
este ônus e fazer cumprir o princípio da não cumulatividade.
Agora, caso esta empresa também comercialize produtos internamente, as oper-
ações de venda de mercadorias estarão sujeitas à incidência do ICMS como usual-
mente previsto, ou seja, haverão valores que ingressam na sua contabilidade a títu-
lo de ICMS, os quais não constituem receita própria, mas sim do Estado, conforme 
fundamentação dos capítulos anteriores.
34 TEIXEIRA FILHO, Fernando Robério Passos. op. cit.
Sendo assim, em determinado período de apuração, a empresa supracitada a 
título de exemplo pode acumular créditos de ICMS, pode ter saldo zero, ou pode ter 
ICMS a recolher, a depender do confronto entre o volume de mercadorias compra-
das internamente, do volume de exportações e do volume de vendas internas.
A posição defendida pelo Fisco com a Solução de Consulta Interna 13/2018, de 
que apenas o ICMS efetivamente recolhido pelo Contribuinte pode ser excluído da 
base de cálculo do PIS e da COFINS, implicaria dizer que tal empresa raramente 
poderia excluir os valores que ingressaram na sua contabilidade a título de ICMS, o 
que não parece justo.
Ora, a sistemática de apuração não cumulativa do ICMS é direito do Contribuinte, 
e possui mecanismos próprios para regular o equilíbrio financeiro das empresas, 
que podem, por exemplo, transferir os créditos acumulados a outras empresas (art. 
25, §1º, II da Lei Complementar 87/1996 – Lei Kandir), recebendo remuneração por 
esta operação (e aí sim pode haver a incidência do PIS e da COFINS, sem proble-
mas).
Deste modo, parece correta a posição do STF ao julgar o RE 574/706/PR, notad-
amente o expressado pela ministra relatora Cármen Lúcia, de que o ICMS a ser ex-
cluído da base de cálculo do PIS e da COFINS deve ser aquele Destacado nas notas 
fiscais de saída, pois a integralidade dos valores que entram na contabilidade da 
empresa a título de ICMS pertence ao Estado, independentemente da destinação 
que lhes for conferida posteriormente por conta da não cumulatividade.
Este é o entendimento que vem sendo adotado, por exemplo, no Tribunal Region-
al Federal da 4º região. Cita-se:
DECISÃO: Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto 
pela União (Fazenda Nacional) contra decisão do MM. Juízo da 2ª Vara Federal de Novo 
Hamburgo-RS que, nos autos do Mandado de Segurança nº 5022404-94.2018.4.04.7108/
RS, deferiu o pedido liminar a fim de reconhecer o direito da impetrante de excluir o valor 
do ICMS destacado em suas notas fiscais de venda de mercadorias da base de cálculo 
do PIS e da COFINS, em relação a períodos vincendos (evento 3, complementada pela de-
cisão dos embargos de declaração do evento 23 do processo originário). Sustenta a parte 
agravante, em síntese, que o valor destacada na nota fiscal de saída a título de ICMS é su-
perior ao efetivamente recolhido ao estado, de modo que se a empresa se utiliza de ICMS 
que não paga em razão do sistema de não-cumulatividade, estará utilizando exclusão a 
maior da base de cálculo da contribuição ao PIS e COFINS. Alega que deve ser consider-
ado na exclusão apenas o valor arrecadado/recolhido, e não o destacado. Requer a refor-
ma da decisão agravada para que seja afastada a liminar com relação ao valor destacado 
nas notas fiscais de saída das mercadorias do estabelecimento. É o relatório. Tudo bem 
visto e examinado, passo a decidir. Ao reconhecimento de que o ICMS não integra a base 
de cálculo do PIS e COFINS é irrelevante a discussão inaugurada pela parte agravante, 
que pretende limitar a exclusão aos valores efetivamente pagos a título de ICMS (difer-
ença entre o valor destacado na nota de venda e o valor destacado na nota de compra), 
e não ao valor destacado na nota de venda. A tese estabelecida pelo Pleno do Supremo 
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido10
Tribunal Federal (STF)de que “O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência 
do PIS e da Cofins” (tema 69 da repercussão geral, julgamento em 15-03-2017) implica a 
que os valores recebidos pelo empresa, na venda da mercadoria, referentes ao ICMS não 
constituem faturamento ou receita bruta. Portanto, é o valor destinado pela empresa ao 
pagamento do ICMS que não deve compor a base de cálculo do PIS e COFINS. Aí não 
importa a não-cumulatividade do ICMS ou o valor a ser creditado pelo contribuinte do 
ICMS, já que o valor efetivamente pago de ICMS pela empresa é questão não influente 
na tributação pelo Fisco Federal. Ausente a relevância da fundamentação do recurso, 
necessária ao pedido de efeito suspensivo. Ante o exposto, indefiro o pedido de efeito 
suspensivo. Intime-se a parte agravada para contrarrazões.35 (grifos nossos)
Portanto o impacto financeiro de se acolher um ou o outro entendimento (Dest-
acado ou Recolhido) pode ser mais benéfico para certos tipos de atividade empre-
sarial e menos benéfico, ou até mesmo inexistente, para outros tipos de atividade 
empresarial, o que inclusive contraria o princípio do livre exercício da atividade 
econômica insculpido no art. 170, p. único da CF.
Sob o ponto de vista operacional, contábil e de obrigações acessórias, o pan-
orama é demasiadamente complexo caso se adote o critério do ICMS Recolhi-
do apenas. Isso porque, segundo a Solução de Consulta Interna 13/2018, seria 
necessário segregar cada base de cálculo do PIS e da COFINS por CST (código de 
situação tributária), a fim de identificar o montante mensal de ICMS a excluir da 
base de cálculo dessas contribuições.
Essa segregação seria determinada com base na relação percentual existente 
entre a receita bruta referente a cada um dos diferentes tratamentos tributários do 
ICMS e a receita bruta total do PIS e da COFINS, mês a mês.
Pode-se dizer inclusive que haveria uma subjetividade preocupante na apuração, 
conforme explica Reneu Graebner:
O fator que leva a subjetividade na apuração do ICMS, é em parte devido à complexidade 
de sistemas de apuração, pois além da sistemática clássica de apuração do ICMS devido, 
na qual o acerto objetivo do valor devido de ICMS por NCM é alto, em contrapartida nas 
sistemáticas de apuração do ICMS devido, por estimativa ou por substituição tributária, a 
objetividade é mais complexa de ser alcançada e igualmente será maior o risco envolvido, 
na definição do valor do ICMS devido, da mesma forma por NCM.
A subjetividade e o risco na definição do valor da glosa do ICMS devido, vinculado às 
receitas tributadas pelas contribuições, serão diminuídos à medida que a empresa con-
tribuinte adote controles internos que possibilitem esta apuração e demonstração por 
NCM, tanto em relação a fatos pretéritos, para a tomada de créditos por pagamentos a 
maior das contribuições, quanto em relação a fatos futuros, na qual a empresa contribu-
inte queira glosar o ICMS devido da Base de Cálculo das contribuições.
Portanto, a aplicação prática da tese “O ICMS não compõe a base de cálculo para a in-
cidência do PIS e da Cofins” irá demandar um bom planejamento tributário por parte 
35 TRF4. AG 5041223-63.2018.4.04.0000, SEGUNDA TURMA, Relator RÔMULO PIZZOLATTI, juntado aos autos em 31/10/2018. Disponível em: <https://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&numero_gproc=40000765737&versao_gproc=4&crc_gproc=689791aa>. Acesso 
em: 21/07/2019.
36 GRAEBNER, Reneu. A problemática da exclusão do ICMS do faturamento a ser oferecido ao PIS e a COFINS. Valor Tributário, 2017. Disponível em: <https://www.valortributario.com.br/problematica-da-exclusao-icms-faturamento-ser-oferecido-ao-pis-e-cofins/>. Acesso em: 21/07/2019.
37 NASRALLAH, Amal. Receita federal: exclusão do ICMS da base do PIS-COFINS não vale para todos os setores. Tributário nos bastidores, 2019. Disponível em: <https://tributarionosbastidores.com.br/2019/07/receita-federal-exclusao-do-icms-da-base-do-pis-cofins-nao-vale-para-todos-os-
setores/>. Acesso em: 21/07/2019.
38 Ibidem.
da empresa, sem olvidar-nos do gasto adicional com sistemas para apuração e demon-
stração da Glosa do ICMS, pois do contrário, ao invés do contribuinte esperar um benefício 
pelo aumento do patrimônio líquido, estará a constituir um passivo tributário, que poderá 
comprometer seriamente a empresa.36
Cumpre reconhecer antes de se concluir, que, aparentemente, a decisão proferi-
da pelo STF no RE 574.706/PR em 15/03/2017, não é aplicável a toda e qualquer 
atividade econômica.
Segundo Amal Nasrallah, a decisão mencionada não autoriza a exclusão do 
ICMS da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins nas hipóte-
ses em que a pessoa jurídica optante pelo regime especial de que trata o § 4º do 
art. 5º da Lei nº 9.718, de 1998, apura o valor devido dessas contribuições aplican-
do alíquotas específicas ou “ad rem” sobre volume (medido em metros cúbicos) por 
ela comercializado, tal como seria o caso de empresas que atuam com a produção 
e comercialização de álcool.37
Isso porque a Receita Federal do Brasil teria esclarecido, na Solução de Consulta 
COSIT 177 de 31 de maio de 2019, que a exclusão do ICMS da base de cálculo do 
PIS e da COFINS alcança somente as hipóteses nas quais o faturamento faz par-
te da base de cálculo de tais contribuições, o que não seria o caso da empresas 
optantes pelo regime especial de que trata o §4º do art. 5º da Lei 9.718, de 1998.38
Portanto desde que não estejamos tratando deste caso super específico, uma 
coisa parece ser certa no sentido de que o ICMS a ser excluído da base de cálculo 
do PIS e da COFINS é o Destacado nas notas fiscais, bem como pode-se dizer que 
sim, com certeza, há um impacto relevante, seja sob a ótica financeira ou opera-
cional, caso se adote um ou o outro critério.
Por este motivo, espera-se que o STF proceda ao julgamento dos embargos de 
declaração o quanto antes, em prol da segurança jurídica.
6. CONCLUSÃO
O presente trabalho procurou pôr à prova a alegação da União, de que o STF não 
teria deixado expresso, ao julgar o RE 574.706/PR, se o ICMS a ser excluído da 
base de cálculo do PIS e da COFINS é o Destacado nas notas fiscais de saída, ou o 
efetivamente Recolhido pelo contribuinte.
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido11
Para tanto, inicialmente (tópico 2), foram apresentados os conceitos norteadores 
da tese de exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, que demon-
stra que o ICMS não constitui “patrimônio/riqueza da empresa”, tratando-se única 
e exclusivamente de ônus fiscal, ou seja, trata-se de valor que apenas transita na 
contabilidade da empresa por uma imposição legal.
Assim, ante a impossibilidade de se recolher tributo sobre receita dos Estados, 
e não sobre a receita das empresas, o que violaria o princípio da capacidade con-
tributiva insculpido no art. 145, §1º da CF, não há que se falar em incidência de PIS 
e COFINS sobre os valores de ICMS que ingressam na contabilidade da empresa.
Na sequência (tópico 3), foi estudado o julgado do RE 574.706/PR, de 15/03/2017, 
do qual resta evidente que a pretensão inicial do Contribuinte referia-se à exclusão 
do ICMS total, ou o Destacado nas notas fiscais, e também restou evidente que o 
STF decidiu no mesmo sentido como fora pleiteado, notadamente pela fundamen-
tação do voto da ministra relatora Cármen Lúcia.
Neste mesmo tópico concluiu-se que, inclusive, não haveria sequer necessi-
dade de acolher os embargos de declaração opostos pela União, pois não haveria 
omissão, contradição nem mesmo obscuridade no julgado. Todavia, entendeu-se 
que não haveria prejuízo aos Contribuintes caso os EDs sejam acolhidos, desde 
que seja para colocar um ponto final ao impasse atualmente existente, retifican-
do-se a decisão para constar expressamente a expressão “ICMS Destacado”, como 
era a intenção do STF desde o princípio.
De forma contrária a este entendimento do STF, analisou-se (no tópico 4) a con-
troversaSolução de Consulta Interna 13/2018 COSIT, por meio da qual a Receita 
Federal internalizou o entendimento de que seria possível excluir da base de cálcu-
lo do PIS e da COFINS tão somente o ICMS efetivamente Recolhido pelo Contribu-
inte, interpretação aparentemente equivocada.
A conclusão a que se chegou é que a SCI 13/2018 viola frontalmente o entendi-
mento do STF ao julgar o RE 574.706/PR, o que afronta gravemente a segurança 
jurídica pois torna parcialmente ineficaz uma decisão do Supremo Tribunal Federal 
em caráter de Repercussão Geral e, também, acaba por ocasionar uma complex-
idade ainda maior no sistema tributário brasileiro, no que se refere à apuração da 
base de cálculo do PIS e da COFINS.
Por fim, no tópico 5 do presente trabalho, procurou-se analisar se haveria im-
pacto relevante ao Contribuinte caso se adote um ou outro critério (Destacado ou 
Recolhido), ao que se concluiu que sim, há um impacto relevante, seja sob a ótica 
financeira ou operacional, caso se adote um ou o outro critério, em especial por 
conta da sistemática de não cumulatividade do ICMS.
Diante de todo o exposto, espera-se que o STF tome a consciência de pautar o 
julgamento dos embargos de declaração do RE 574.706/PR ainda para o segundo 
semestre de 2019, visto que a ministra relatora Cármen Lúcia já liberou os autos 
para julgamento em 03/07/2019. Bem como espera-se seja mantida a melhor inter-
pretação já oferecida pela Suprema Corte, ratificando a súmula do julgamento sem 
qualquer ressalva/limitação e reconhecendo-se expressamente que o ICMS a ser 
excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS é o Destacado nas notas fiscais de 
saída, tornando plenamente eficaz o julgado.
GUILHERME GABRIEL CESCO
Advogado tributarista especialista no contencioso judicial.
Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Especialista em Direito Processual Civil pela Universidade Estadual de Ponta Grossa 
(UEPG).
Especialista em Direito Tributário pela Faculdade Estácio.
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REFERÊNCIAS
ebook: EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS: O impasse do ICMS Destacado ou Recolhido13
Rua Ricardo Lustosa Ribas, 466 | CEP 84.040-140 | Ponta Grossa – PR
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