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Autor: Prof. Alexandre Ponzetto Tópicos de Atuação Profissional AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Professor conteudista: Alexandre Ponzetto Mestre em Comunicação pela Universidade Paulista (2016), pós-graduado em Formação em EAD (2011), pós- graduado em Formação de Professores para o Ensino Superior (2009) e graduado em Marketing pela Universidade Paulista (1999). Tem experiência em: gestão de produções multimídia; design de sites, produtos e plataformas; produções de centenas de jogos educacionais eletrônicos e em publicações de conteúdos na plataforma Blackboard. É também professor e coordenador do curso de Artes Visuais – licenciatura (EAD) e coordenador do curso de Computação Gráfica (Pronatec) da Universidade Paulista. Exerce atividades no Ensino Presencial e a Distância. Publicou artigos na Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Cásper Líbero (ComCult). É membro do corpo editorial da revista científica Scitis. Atuou na confecção de arte e capas do jornal Multiensino, informativo da UNIP. É responsável pela identidade visual dos projetos gráficos: Revista Científica Scitis; Revista Eletrônica Bico (Boletim Informativo do Colégio Objetivo); Livros-textos da UNIP-EAD; Conteúdo On-Line (grupo UNIP-Objetivo); DataReport, Gestão dos Fluxos de Operações no EAD: a comunicação como componente da qualidade e pelo Livro: Educação Aberta – O Avanço Coletivo da Educação pela Tecnologia, Conteúdo e Conhecimento Abertos. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P819t Ponzetto, Alexandre. Tópicos de Atuação Profissional. / Alexandre Ponzetto. – São Paulo: Editora Sol, 2016. 92 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2-126/16, ISSN 1517-9230. 1. Atuação profissional. 2. Artes visuais 3. Docência. I. Título. CDU 7.01 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Kleber Nascimento de Souza Amanda Casale AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Sumário Tópicos de Atuação Profissional APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DAS ARTES NO BRASIL ................................................................... 11 2 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ARTES VISUAIS ........................................................................... 15 2.1 Arte e contexto escolar ...................................................................................................................... 17 2.2 Arte, contexto e cultura ..................................................................................................................... 24 3 NOÇÕES, APRECIAÇÕES E AVALIAÇÕES DA ARTE .............................................................................. 27 3.1 Arte popular, erudita e de massa ................................................................................................... 33 4 ARTE, EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E ELEMENTOS BÁSICOS .................................................................... 41 Unidade II 5 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................................................................... 47 6 ARTES: CARREIRAS ......................................................................................................................................... 49 6.1 Materiais e técnicas artísticas nas Artes Visuais ..................................................................... 51 7 CAMPOS DE ATUAÇÃO PARA ARTES ....................................................................................................... 52 8 ÁREAS DE CONHECIMENTO DA ARTE (ARTES VISUAIS, TEATRO, DANÇA E MÚSICA) .......... 64 7 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 APRESENTAÇÃO Tópicos de Atuação Profissional tem como finalidade apontar possíveis áreas de exercício do profissional de artes visuais (licenciatura). Busca explicitar contextos na educação formal e informal, a cultura e suas derivações, a educação e a sociedade onde essa atividade ocorre e na qual atua em suas diversas vertentes. Na década de 1970, os primeiros cursos relacionados às artes visuais traziam como proposta central a formação de educadores em Artes Cênicas, Desenho, Artes Plásticas e Música. Algumas mudanças propuseram a diversificação de objetivos de acordo com a instituição formadora em que são encontradas, nesse sentido, variações para as Artes Plásticas. Bacharelado ou licenciatura para Artes Visuais? Vamos entender as diferenças e quais são as competências necessárias para cada formação após ter concluído seu curso. O bacharelado proporciona ao aluno a realização de projetos voltados para esculturas, pinturas, xilogravuras ou outras linguagens aprendidas no decorrer do curso. Em grande medida, o profissional torna-se autônomo comercializando suas obras diretamente com o cliente ou por agenciamento de marchands. Sua empregabilidade se dá em órgãos públicos, museus, escritórios e galerias privadas. Figura 1 No caso do licenciado em Artes Visuais, esse profissional está preparado para atuar no ensino de alunos em cursos pertencentes à Educação Básica e/ou cursos livres (propostos por institutos privados). Os licenciados serão profissionais habilitados para a docência em Artes Visuais na Educação Básica e promoverão o desenvolvimento teórico e prático com vistas à formação do profissional que ingressará na sociedade de maneira participativa e capaz de atuar como mediador, incentivador, objetivando desenvolver a percepção, a reflexão e o potencial criativo, de acordo com as especificidades do pensamento visual. Além disso, o profissional estará apto a ser atuante na tomada de decisões e a refletir 8 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 sobre suas ações e práticas pedagógicas, guiando-se por meio de valores éticos a fim de estimular o aperfeiçoamento de modo a colaborar para a melhoria da educação.Existem similaridades nas habilitações, o que torna possível a complementação da formação de bacharelado com a de licenciatura e vice-versa. Esse complemento se faz positivo pelo fato de ampliar o campo de atuação profissional. O formato dos cursos é importante para que você conheça primordialmente qual será a sua área de atividade. Universidades e faculdades podem oferecer ambos, bacharelado e licenciatura, respeitando o aspecto legal de cada modalidade. INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a)! Gostaria de convidá-lo(a) a estudar a disciplina Tópicos de Atuação Profissional. Serão apresentadas as possibilidades de atuação do profissional de Artes Visuais, buscando um entendimento melhor dessa formação. A proposta vai explorar alguns conceitos e teorias sobre o ensino de arte em diversas situações e diante de públicos diferenciados, levando em consideração as particularidades de cada cultura e os espaços destinados à educação. Há uma grande expectativa por parte dos alunos do Ensino Superior em relação à empregabilidade e ao mercado de trabalho no que diz respeito à sua formação. Por causa desse cenário, faz-se importante a compreensão das oportunidades e concorrências por vagas de trabalho após a conclusão do curso. Quem é esse profissional e quais competências e habilidades serão exigidas dele? Espera-se que você adquira uma visão mais apurada acerca das áreas de atuação proporcionadas por sua formação no curso de Artes Visuais, licenciatura e/ou bacharelado. Para tanto, faremos considerações iniciais acerca da Arte e de sua relevância no contexto cultural das pessoas. Analisaremos o estabelecimento de relações entre a arte e a formação dos envolvidos no processo, a formação das identidades culturais, as subjetividades e a presença da arte no contexto ensino-aprendizagem. Trataremos de aspectos estruturais da criação artística: a imaginação, a criatividade, a sensibilidade, a inspiração, as intuições e a sensibilidade estética, relacionando-os à prática do graduado em Artes Visuais, especialmente no que diz respeito à sua formação acadêmica, profissional e estética. A contextualização se dará na arte e na educação, ambas abertas a diversas possibilidades de experiências e vivências. 9 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Posteriormente serão abordadas as oportunidades de atuação em trabalhos para o formado em Artes Visuais. O enfoque maior está na formação desse profissional e nas competências exigidas. A intenção é apresentar reflexões contempladas nas especificidades do pensamento visual, ou seja, o indivíduo será capaz de tomar decisões e realizar mediações sobre práticas pedagógicas e artísticas, tendo como base os valores éticos. Abordaremos, além da docência, outras possibilidades de atuação para o graduado em Artes Visuais, como Artes Cênicas, Desenho, Artes Plásticas, Música, Artes Visuais e Ministrações de Cursos Livres. Tenha um ótimo estudo! 11 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Unidade I 1 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DAS ARTES NO BRASIL No Brasil, são encontradas ressignificações teóricas e práticas no que diz respeito ao ensino das Artes. Sabemos disso a partir de documentos históricos que ocorreram em diferentes momentos da educação brasileira. Na década de 1980, tivemos questionamentos importantes que ocorreram no contexto da abertura democrática, da promessa de redemocratização política e da elaboração de uma nova Constituição e que colaboraram com a capacidade criadora e expressiva dos alunos. Isso contribuiu para a autonomia desses estudantes e para sua participação na sociedade, bem como para sua cidadania consciente e crítica. Tais discussões compuseram o seguinte documento referencial, Parecer CNE/CES nº 280/2007, aprovado em 6 de dezembro de 2007, comum para a Federação Nacional: A organização do ensino das artes em grau superior no Brasil precedeu em muitos anos a organização desse ensino na Educação Básica e remonta à Academia Imperial de Belas Artes (criada pelo Decreto-lei datado de 1816, e que só começaria a funcionar em 1826). Apesar dessa tradição – a Academia constituiu-se em uma das primeiras instituições de Ensino Superior no Brasil, com as escolas militares e os cursos médicos – e refletindo preconceitos entranhados em acadêmicos e legisladores, o ensino das artes na Educação Básica só se tornou obrigatório com a Lei nº 5.692/71, que instituiu a disciplina Educação Artística nos currículos de 1º e 2º Graus. Tal obrigatoriedade fez crescer a oferta de graduações (sobretudo licenciatura) com habilitações em Artes Plásticas, Artes Cênicas, Música e Desenho, descentralizando a oferta de cursos na área, antes praticamente restrita aos centros tradicionais. Entretanto, aquela Lei também instituiu a polivalência, sob o princípio de que o professor de artes deveria ser um generalista e não um especialista em cada linguagem artística. A criação das associações estaduais de arte-educadores e sua consequente reunião em torno da Federação de Arte-Educadores do Brasil (Faeb) teve como consequência a ampliação e o aprofundamento do debate, em congressos e seminários realizados em todo o país, sobre a especificidade da formação do profissional da arte (bacharel e licenciado), culminando com uma intensa mobilização quando das discussões em torno da LDB/96. 12 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Tal debate arregimentou também profissionais organizados em outras associações, como a Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (Anpap), Associação Brasileira de Educação Musical (Abem), Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas (Abrace) etc., em consonância com as discussões contemporâneas desenvolvidas pelas associações internacionais, tais como a International Society for Education through Art (Insea). Foi dessa maneira que os profissionais da área de Artes construíram um referencial considerável sobre o ensino da arte e a formação de profissionais na área. Toda essa intensa mobilização redundou em um outro perfil para o ensino da arte na educação básica e, consequentemente, para os cursos superiores de arte, consagrado na Lei nº 9.394/96 (nova LDB), litteris: Art. 26. Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem ter uma base nacional comum, a ser contemplada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. § 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da Educação Básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Art. 32. O Ensino Fundamental [...] terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. Art. 43. A Educação Superior tem por finalidade: I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação (BRASIL, 2007). 13 ARTV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Nas décadas de 1960 e 1970, visando à empregabilidade e à busca por mão de obra qualificada com a intenção de preparar os alunos para a indústria, a pedagogia tecnicista propõe uma ação repetidora com vistas ao atendimento da fase do progresso em que a dimensão da criação não se faz presente. Figura 2 A partir dessas décadas, dá-se início ao que se chamou de profissionalização e, nesse contexto, com base na LDB nº 5.692/71, torna-se obrigatório o ensino de Arte na Educação Básica. Surge, então, a Educação Artística, que nesse momento é considerada apenas atividade e ainda está distante de ser considerada área de conhecimento. Nesse período, a Arte é superficial e está associada ao lazer, à descontração e ao relaxamento, ou seja, está relacionada a inúmeros equívocos práticos e conceituais. No início da década de 1970, surgem os primeiros cursos de Educação Artística na modalidade licenciatura; em sua maioria, tinham três anos de duração, sendo dois anos para a licenciatura curta e um adicional para a plena. A partir desse modelo, os professores ficaram conhecidos como polivalentes, por trabalharem com diversas linguagens de arte em um período de três anos, além de ensinarem disciplinas de história da arte, folclore, estética, cultura popular e fundamentos da educação artística junto a todas as disciplinas voltadas para as especificidades de Artes Cênicas, Artes Plásticas, Música e Desenho. Em decorrência do curto período e da complexidade do domínio de inúmeras linguagens, essa formação colocou no mercado um profissional que se limitava a ensinar desenho geométrico, desenho livre ou mimeografado, exercícios para relaxamento ou mesmo encenação. 14 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Inúmeros descompassos ainda eram encontrados nos anos 1990, no que diz respeito a teoria e prática, e à natureza maior – que é a Arte. Nesse contexto, muitas reivindicações, proposições, debates e reflexões são fomentados para a mudança no processo de formação dos professores de Arte, a fim de que possam atuar na Educação Básica. Em 1988, com a vigência dessa Constituição, inúmeras discussões levaram à implementação da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Tal Constituição Federal, em seu art. 205, estabelece que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Em seu art. 211, determina que: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”. Com a aprovação da LDB nº 9.394/96, em 1996, art. 26, parágrafo 2º, o que era proposto para o ensino de Arte, em períodos anteriores não obrigatório, foi alterado para área de ensino obrigatória na Educação Básica. Desde então o ensino da Arte passou a ser componente curricular obrigatório. Temos assim uma primeira fundamentação legal que promovia o desenvolvimento do senso estético e cultural dos alunos nas escolas. Figura 3 Pela primeira vez, em âmbito federal, documentos sinalizaram os conteúdos mínimos por área de conhecimento: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/1997) através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.394/96). Os PCNs de Arte exigem um ensino por área/linguagem e, diferentemente das propostas anteriores, o formado em Artes Visuais não dará conta de todas as linguagens artísticas, mas será um profissional que atuará em áreas/linguagens como as Artes Visuais, a Música, a Dança e/ou o Teatro. De maneira semelhante, essa é a orientação para a condução dos cursos de formação para professores na graduação. 15 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Observação Paulo Freire atuou como secretário da educação da cidade de São Paulo e exerceu atividades políticas de 1989 a 1991. 2 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ARTES VISUAIS O objetivo do curso de Artes Visuais (licenciatura) está, em grande medida, ligado à formação de profissionais habilitados para a docência em Artes Visuais na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), visando à formação teórico-prática do profissional, para que seja participativo na sociedade, capaz de atuar como mediador e incentivador, além de almejar o desenvolvimento da percepção, da reflexão e do potencial criativo. Figura 4 No pensamento visual e em suas especificidades, espera-se que esse profissional seja capaz de tomar decisões e refletir sobre sua prática e ação pedagógica, guiando-se por valores políticos e éticos. Além disso, deve-se sempre buscar o autoaperfeiçoamento de modo a contribuir para a melhoria da educação. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Arte tem função importante e significativa se comparada a outras áreas de conhecimento, como: Letras, Matemática, História, Geografia etc. Atualmente faz parte da grande área de Linguística, Letras e Artes. Lembrete Pense que o ensino de Arte por meio dos PCNs tem importância similar à das demais disciplinas regulares do currículo escolar; para tanto, faz- se necessário que o professor atenda tais preceitos e possa conquistar o respeito dos alunos e exigir deles disciplina e comprometimento. 16 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Em concordância com a LDB, o ensino da Arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, além de ser amplo no que se refere a ordenar a experiência humana e a dar-lhe sentido. Propõe-se que o aluno desenvolva sua sensibilidade, percepção e imaginação para que seja capaz de realizar atividades que englobem formas artísticas, bem como desenvolvimento da ação de apreciar, ler, conhecer e reconhecer formas confeccionadas por ele e pelos colegas nas diferentes culturas. A Arte também tem a intenção de proporcionar ao aluno uma boa relação com as demais disciplinas, como Língua Portuguesa, Matemática, História, dentre outras de seu currículo. Por exemplo, um aluno que tem boa noção de História da Arte, períodos e registros históricos de imagens pode servir de facilitador na compreensão de um determinado período. Dessa forma, ele exercita continuamente seu imaginário e estará mais apto a construir objetos, elementos e obras. Observação A Arte é retratada por meio de símbolos, e eles, por sua vez, têm a função de representar a humanidade. O ensino de Arte visa estabelecer uma relação com as dimensões sociais e manifestações artísticas. Para cada cultura, a Arte pode se apresentar ou ser expressa por meio de valores e significados distintos, porém em todas elas todos os sentidos, como visão e audição, são convidados. Ela tem, então, um papel voltado para uma compreensão mais alinhada a questões sociais. Como existe diversidade na riqueza de muitas culturas, busca-se para o aluno uma maior atuação em sala de aula e espera-se que ele possa ter respeito e interesse por outros valores culturais, aqueles diferentes dos seus. Para tanto, enseja-se que haja uma valorização da variedade e de seu imaginário. De tal modo, conhecendo outras culturas a partir da Arte, o aluno compreenderá a relação de valores enraizados em suas formas de pensar e agir, criando, assim, um significado para a valorização daquilo que lhe é próprio, o que favorece a abertura da riqueza e da diversidadede seu imaginário, ou seja, o aluno será estimulado a se sensibilizar com sua realidade cotidiana, buscando uma contemplação de formas e objetos à sua volta, como uma espécie de exercício contínuo de observação crítica e estética do que existe no universo cultual. A partir do exposto, deseja-se que sejam criadas condições relevantes para uma qualidade de vida melhor. Não é difícil perceber que a Arte está presente em muitas manifestações da sociedade e faz parte de muitos ramos de atividade de escolas, trabalhos e períodos históricos. Portanto, o seu conhecimento é necessário e parte integrante no desenvolvimento profissional, de cidadãos e do mundo. 17 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 2.1 Arte e contexto escolar No contexto escolar, a produção artística está muito ligada ao desenvolvimento de interações que o aluno estabelece com os responsáveis pelas informações no processo de aprendizagem. Nesse âmbito estão envolvidos professores, como responsáveis por levar a informação, assim como alunos, artistas e especialistas, que contribuem em um processo criativo na composição de obras, reproduções, apresentações e mostras, administradas pelo professor em sala de aula. Figura 5 A realização de uma atividade artística pode ser pensada e realizada quando o aluno estiver exposto a uma situação de aprendizagem diretamente ligada a valores e costumes de produção artística nos meios onde está inserido. A aprendizagem do aluno precisa estar em consonância com a LDB de forma a lhe garantir liberdade de imaginar e produzir informações necessárias para a concretização de propostas individuais ou em grupo. Lembrete A cultura está impregnada em nosso íntimo, somos geradores e promotores dela, no entanto os costumes de um povo devem ser considerados e respeitados em seu processo de propagação. Tudo deve estar integrado a aspectos lúdicos e prazerosos que são apresentados durante as atividades artísticas. Em todas as caprichosas invenções da mitologia, há um espírito fantasista que joga no extremo limite entre a brincadeira e a seriedade. Se, finalmente, observarmos o fenômeno do culto, verificaremos que as sociedades primitivas celebram seus ritos sagrados, seus sacrifícios, consagrações e mistérios, destinados a assegurarem tranquilidade do mundo, dentro de 18 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I um espírito de puro jogo, tomando-se aqui o verdadeiro sentido da palavra (HUIZINGA, 2000, p. 7). Dessa forma, aprender Arte com sentido está relacionado a uma compreensão mais clara do que é lecionado aos alunos. É preciso garantir que os conteúdos ensinados, estabelecidos pela LDB, promovam situações que envolvam a participação dos alunos nas salas de aula. Essas orientações defendem que a emersão de formulações de ideias pessoais, teorias e formas artísticas, por meio de atividades artísticas, aproxima o discente de contextos significativos de atuar, pensar e fazer Arte. O professor fica responsável, então, por eleger recursos e a didática necessária do conteúdo da aula. Ele é o agente facilitador que promoverá o ensino da Arte com Arte e, nesse processo, deverá ser um grande observador, além de orientador. Em outros termos, as canções, os textos literários e as imagens trarão mais conhecimento, e os alunos serão cada vez mais capazes e eficazes como portadores da informação e do sentido. É necessário que o aluno seja convidado ao exercício de práticas em situações de aprendizagem, como observação, audição, atuação, manuseio e execução de sons de modo que possa refletir sobre as situações. Observação A arte não tem como função retratar a realidade com fidelidade, mas representar, com símbolos, a humanidade. A escola tem papel de expor informações sobre a Arte produzida em âmbitos regionais, nacionais e internacionais, dando suporte ao aluno no que diz respeito à compreensão crítica desse contexto. Além disso, é importante levar ao conhecimento do aluno notícias geradas pelas diversas mídias, a fim de democratizar o saber e expandir as possibilidades de informação social do aluno. O processo criativo e imaginário do estudante precisa contemplar um percurso inventivo e expressivo visando estruturar-se em atividades individuais ou em grupo. É nesse cenário que o seu desenvolvimento se aproxima de questões do universo do adulto. Assim, começam a identificá-las respeitando suas possibilidades. Nessa fase demonstram curiosidade sobre o ambiente dos adultos, quais os papéis e as relações estabelecidas por eles. No que faz referência à Arte, o aluno pode ter uma consciência mais acurada de produções sociais concretas e verificar se elas têm história. Nessa análise, observará trabalhos e atividades artísticas que incorporam códigos e habilidades contidas em produções. A partir do interesse e do entendimento que está envolvido buscando o desenvolvimento de uma nova percepção, o aluno tem grandes possibilidades de compreender formas artísticas compostas de 19 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL pessoas ou grupos ou trilhar caminhos de trabalhos pessoais. Uma vez que a concretização de sua expressão não alcança seu desejo, o interesse tende a diminuir. Em outras palavras, é nessa fase que o discente desenvolve atividades práticas de representação por meio de orientações de um professor e pelo melhor entendimento dos códigos construídos, começando a perceber a sua originalidade. Assim, a aprendizagem em Arte segue a fase de desenvolvimento do aluno. É nesse período que se observa sua participação por meio de tudo o que ele registra ou expressa. Isso coopera para que o aluno tenha um entendimento melhor do seu papel na sociedade e de quais competências lhe são mais favoráveis. A escola tem por princípio acompanhar e ensinar o estudante com o objetivo de impulsionar e preservar o processo do ensino-aprendizagem conservando sua individualidade. Logo, pode-se favorecer o seu contato mediante propostas que visem à sua maior participação na comunidade. Esses conceitos – com o propósito do aprender e do ensinar a Arte – geram possibilidades para apresentações de teorias e práticas da Arte à criança e ao adolescente. No que diz respeito às atividades em grupo que envolvem criação, as ações artísticas contribuem para o enriquecimento do conceito de grupo como socializador do processo criativo do universo imaginário, atualizando, dessa forma, as referências e o desenvolvimento de sua própria história. Para o grupo, a Arte torna-se presente por meio das reproduções imaginárias. O lúdico é elemento essencial para a realização dessa atividade. Ao brincarem, a criança e o adolescente desenvolvem atividades melódicas, rítmicas e fantasiosas por meio da dança, do desenho e da invenção de histórias. Esse espaço onde se dá a atividade lúdica nas primeiras fases da infância é cada vez mais sobreposto, dentro e fora da escola, por situações e valores que são gerados a partir de culturas de massa em detrimento da experiência imaginativa. Mesmo a criança ou o adolescente demonstrando grande interesse pelo fazer e aprender a construir formas presentes em seu meio, o crescimento da criação individual é mantido. O aluno tem, então, a possibilidade de criar suas próprias imagens, envolvendo-se, dessa maneira, em uma experiência pessoal e particular daquilo que aprenderam ou vivenciaram a partir de técnicas, temas, influências de outros atores ou contato com a natureza. 20 AR TV - R ev isã o: G io va na- D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Figura 6 Ao professor compete a responsabilidade de orientar os alunos com as informações e os procedimentos de Arte que podem preservar o desenvolvimento do trabalho pessoal, possibilitando oportunidades de realizações próprias para a composição de projetos pessoais e em grupo. As ações pedagógicas que consideram as competências relativas à percepção estética envolvem e favorecem o fortalecimento do processo criativo do aluno. Ele tem a possibilidade de tornar-se mais crítico em relação à sua própria criação, porque nessa fase de desenvolvimento podem-se realizar comparações no meio social em que está inserido e ao qual tem acesso. Tal proposta identifica que a criança é menos espontânea e criativa em períodos anteriores de sua fase escolar. Nesse sentido, almeja-se o envolvimento do aluno com a cultura e a Arte. No entanto, essa proposta não pode ser confundida com submissão a padrões adultos de arte. A experiência e a vivência desse momento podem possibilitar à criança e ao jovem estruturar trabalhos individuais, de modo a construir poéticas autônomas e influências transformadoras do trabalho desenvolvido em sua imersão criativa nas mais diversas formas da arte. Em um período mais adiante na infância, a partir dos 10 anos de idade, a experiência da criança irá proporcionar ao aluno o desenvolvimento de poéticas próprias planificadas com intencionalidade. A capacidade de refletir sobre a arte e ir ao encontro da aprendizagem deve combinar competências. O conhecimento precisa estar comtemplado no ensino-aprendizagem de forma que possa assegurar aos alunos um exercício contínuo de sua imaginação, de sua percepção e de suas produções. Já em relação ao conteúdo, o ensino visa ampliar a diversidade do repertório cultural que a criança e o adolescente trazem para a escola, a partir do corpo social em que estão inseridos. Propõe-se que o trabalho seja realizado com produtos da comunidade para que os alunos se adaptem à participação na sociedade como cidadãos informados. 21 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Os conhecimentos produzidos a partir de diferentes culturas favorecem a valorização dos indivíduos por intermédio do contraste, das semelhanças e das qualidades que ampliam as possibilidades da criança e do jovem, ao longo de seu crescimento, na consolidação da sua identidade. O fenômeno artístico está presente nos mais diversos meios e manifestações culturais populares, eruditas, modernas, contemporâneas e nas mais diferentes formas de comunicação e tecnologias. Não necessariamente a Arte se apresenta no cotidiano como obra, mas pode ser observada em objetos, na música, em exposições, em arranjos de vitrines, nas tapeçarias tradicionais, na dança de rua, em jardins, nos vestuários etc. O estímulo e o interesse por variadas culturas, valores e manifestações artísticas podem despertar no aluno uma compreensão de outro universo cultural, diferente do seu. Desse modo, a capacidade artística é inerente a cada grupo e seus conjuntos de valores, dadas as possibilidades das manifestações artísticas e de suas diversidades. O ensino de Arte está relacionado a conteúdos específicos de sua área de conhecimento e deve ser sólido como parte construtiva dos currículos escolares, objetivando a capacitação de professores para orientação na formação dos alunos. Durante o Ensino Fundamental, espera-se que o aluno desenvolva competências artísticas e estéticas por meio das linguagens de Arte (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro), para a produção de trabalhos individuais ou em grupo e a apreciação, o desfrute, a valorização e a crítica dos bens artísticos de diferentes culturas e povos ao longo da história. Figura 7 A organização didática tem como proposta incutir nos alunos formas de expressão para que eles possam se comunicar por meio de suas construções pela arte. Propõe-se, então, que eles sejam capazes de se relacionar por intermédio das artes visuais, da dança, da música e do teatro, uma série de instrumentos e técnicas que os direcionam a conhecer sua habilidade para um determinado fim artístico. 22 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Busca-se também por meio de suas produções e interações artísticas uma relação de autoconfiança e respeito, uma vez que é importante para o convívio com os demais colegas nesse percurso de multiplicidade, soluções e procedimentos. Diante do exposto, os conteúdos gerais de Arte estão alocados da seguinte forma, do 1o ao 9o ano: • conteúdos compatíveis com as possibilidades de aprendizagem do aluno; • valorização do ensino de questões básicas de Arte, necessárias à formação do cidadão, considerando, ao longo dos ciclos de escolaridade, manifestações artísticas de povos e culturas de diferentes épocas, incluindo a contemporaneidade; • especificidades do conhecimento e da ação artística. Do 1º ao 5º ano serão estabelecidas as modalidades artísticas específicas: • a arte como expressão e comunicação dos indivíduos; • elementos básicos de formas artísticas, modos de articulação formal, técnicas, materiais e procedimentos na criação em arte; • produtores em arte – vidas, épocas e produtos em conexões; • diversidade das formas de Arte e concepções estéticas da cultura regional, nacional e internacional – produções, reproduções e suas histórias; • a arte na sociedade, considerando os seus produtores, as produções e suas formas de documentação, preservação e divulgação em diferentes culturas e momentos históricos. A compreensão e a identificação da Arte como fato histórico contextualizado em diversas culturas, com conhecimento e respeito, geram observações mais equilibradas na análise das produções do entorno do aluno, bem como das mais variadas produções do patrimônio cultural e natural. A existência de inúmeros padrões artísticos e estéticos contempla as relações entre a realidade e o homem a partir de elementos como interesse, curiosidade, exercícios, discussão, indagação, argumentação e apreciação da Arte do seu entorno de forma bastante sensível. Os resultados dos trabalhos e das atividades do artista em sua experiência de aprendizado, além da compreensão e da identificação, propõem a busca e a organização de informações da Arte a partir de museus, documentos, acervos, galerias, fonotecas, cinematecas, exposições, centros culturais, jornais, revistas, ilustrações, livros e demais mídias para o reconhecimento e a compreensão da variedade de produtos artísticos e confecções estéticas presentes na história das diferentes culturas. Os PCNs, por meio de seus objetivos, propõem que os conteúdos contribuam para a formação do aluno, com a intenção de desenvolver nele uma participação social mais atuante, além do respeito por sua própria cultura e pela de diferentes povos. 23 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Por meio das áreas de conhecimento e critérios da arte, como artes visuais, música, teatro e dança, espera-se que mediante os conteúdos abordados os alunos possam realizar e promover atividades artísticas condizentes com valores estéticos absorvidos e inerentes à sua vivência. Não estarão aqui definidas as modalidades artísticas a serem realizadas em cada período, mas serão oferecidas condições para melhor entendimento do que se espera dos professores e dos alunos nos projetos curriculares na escola. Tanto nas comunidades quanto nas escolas existe uma diversidade de recursos – humanos emateriais –, no entanto, considerando a realidade das instituições de ensino, destacam-se alguns aspectos fundamentais para o desenvolvimento de atividades. Há um anseio para que o aluno, durante a sua escolaridade, tenha oportunidade de se envolver com um grande número de formas de arte, mas para que isso de fato ocorra os conteúdos precisam contemplar possibilidades que exercitem-no e inspirem-no a um entendimento mais próximo do universo artístico e estético em que está inserido. Tais oportunidades devem sugerir um maior contato com criações da própria natureza, cultura e obras, além de manifestações artísticas em geral. O processo analítico, o estudo e a reflexão a respeito das formas de arte contribuem, por meio de instruções, na formação e no desenvolvimento do aluno e em sua capacidade de criar. A articulação dos conteúdos precisa estar incluída no contexto do ensino-aprendizagem a partir dos três eixos norteadores: a produção, a fruição e a reflexão: A produção refere-se ao fazer artístico e ao conjunto de questões a ele relacionados, no âmbito do fazer do aluno e dos produtores sociais de arte. A fruição refere-se à apreciação significativa de arte e do universo a ela relacionado. Tal ação contempla a fruição da produção dos alunos e da produção histórico-social em sua diversidade. A reflexão refere-se à construção de conhecimento sobre o trabalho artístico pessoal, dos colegas e sobre a arte como produto da história e da multiplicidade das culturas humanas, com ênfase na formação cultivada do cidadão (BRASIL, [s. d.]). É nessa fase que os assuntos precisam ser trabalhados, em qualquer ordem, pelo professor. A partir dos três eixos contidos nos PCNs, o processo de ensino-aprendizagem busca uma ordenação de conteúdos por meio das quatro linguagens: artes visuais, música, teatro e dança, por período. Eles precisam estar adequados às possibilidades do aluno a partir de povos, culturas e etnias. Sobre as linguagens, é necessário que se façam presentes por área. 24 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Saiba mais Por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), encontramos normativas que sustentam o ensino de Arte através das áreas/linguagens. Para saber mais acerca do assunto, consulte: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Arte. Brasília, 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf>. Acesso em: 18 out. 2016. 2.2 Arte, contexto e cultura Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96, em seu segundo parágrafo do art. 26, compreendemos que a arte na Educação Básica tem como proposta o desenvolvimento cultural de seus estudantes – crianças, jovens e adolescentes. Saiba mais Para saber mais a respeito da criação do Ministério da Educação (MEC), visite: <http://portal.mec.gov.br/institucional/historia>. Acesso em: 18 out. 2016. Apesar do fato de a Arte ter função semelhante à das demais áreas de conhecimento no processo de ensino-aprendizagem, os PCNs sugerem que ela possua suas particularidades. As atividades e produções artísticas e estéticas proporcionam o desenvolvimento da ordenação. A educação em Arte sugere o aperfeiçoamento do pensamento para o senso crítico, reflexivo e estético, ou seja, visa, mediante critérios, à ordenação de seus sentidos e a uma melhor contextualização das relações humanas. Desse modo, o estudante aprimora sua sensibilidade por meio da percepção, da imaginação e da criação ao realizar práticas artísticas produzidas por diversos atores em diferentes culturas. Lembrete Cultura é todo o conjunto de conhecimentos, hábitos, saberes e crenças que construímos e conhecemos ao longo da vida; em outras palavras, tudo aquilo que não nasceu conosco. 25 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL A Arte também proporciona um relacionamento criterioso com outras disciplinas do currículo, por exemplo, um estudante de arte que a conhece pode estabelecer ligações de semelhanças entre as obras que estão contidas em um determinado período histórico. Figura 8 Nesse contexto, o estudante exercita continuamente a imaginação e terá mais habilidades na construção de um texto ou na resolução de problemas matemáticos. O ensino de Arte tem como premissa contribuir com os espaços sociais de uma comunidade que se relacionam com manifestações artísticas. Cada cultura tem suas especificidades quando o assunto é a Arte, expressando-se de maneira particular ao se tratar de seus valores e significados. A maneira pela qual a cultura é decifrada por meio dos valores de um grupo pode estabelecer percepções, expressões, significados e valores distintos dos pertencentes a outro. A audição e a visão têm uma função especial na compreensão da Arte; os demais sentidos possuem um papel singular nas questões sociais. Diante do exposto, a comunicação pode se tornar mais rápida e eficaz, porque atinge o interlocutor mediante um universo de significados representados por fatos. Figura 9 26 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Figura 10 Figura 11 Figura 12 27 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Figura 13 Pelo acesso a culturas diferentes da sua, o estudante de Arte poderá compreender melhor a relação entre valores culturais por meio de reflexões sobre aquilo que lhe é desconhecido, para um favorecimento da diversificação do processo criativo e imaginário. Dessa maneira, o estudante é capaz de compreender a realidade cotidiana de forma mais viva, reconhecendo formas e objetos que estão ao seu redor. Nesse exercício de observação crítica, há em sua cultura possibilidades de uma análise mais detalhada do contexto em que está inserido. Na sociedade, a Arte também se faz presente em diversos ramos de atividades, por isso o seu conhecimento está diretamente ligado a um significativo número de profissionais. Para o aluno, o seu domínio incorpora estímulos de uma compreensão do universo em dimensão simbólica presente, educando-o com a intenção de torná-lo mais flexível em relação a seu senso crítico e estético, de modo que o criar e o conhecer são indissociáveis – condição fundamental para aprender. A Arte não vivenciada resulta em uma comunicação estreita e limitada, além de extrair sua capacidade de sonhar e estabelecer uma associação de trocas simbólicas por meio de objetos e formas à sua volta, bem como sonoridades, poesias, cores e gestos. 3 NOÇÕES, APRECIAÇÕES E AVALIAÇÕES DA ARTE As obras de arte não têm a mesma função desde a Antiguidade. Muitas vezes elas serviram para registrar ou contar uma história, ou parte dela, e traziam em sua essência relatos de uma época, de sentimentos, de um período religioso ou importante acontecimento. Somente a partir do século XX é que elas passaram a ser consideradas um objeto desvinculado de negócios não artísticos. Assim, tornaram-se algo que propiciasse experiências estéticas por meio de seus valores. Podem-se distinguir três funções principais para a arte, a partir do propósito e do tipo de interesse com que as pessoas se aproximam de uma determinada obra. 28 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Figura 14 A função pragmática ou utilitária: específico trabalho ou projeto artístico que possuia intenção de alcançar seu fim por meio de outra finalidade. Temos como exemplo as obras de fins não artísticos, que variam muito no decorrer da história. Na Idade Média, a maior parte da população dos feudos era analfabeta, e a arte tinha fins didáticos para ensinar os interesses do catolicismo e relatar histórias bíblicas. Figura 15 – Cristo na última ceia 29 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Figura 16 – Animais que embarcam em casais na arca de Noé Figura 17 – Carpinteiros, doadores do vitral de Noé (na catedral de Chartres) 30 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Figura 18 – Batalha entre cristãos e infiéis (vitral de Carlos Magno na Catedral de Chartres, França) A função naturalista: as obras são como um espelho que expressam e refletem a realidade, associando-nos diretamente a ela. Esse tipo de obra tem função referencial de nos remeter para o mundo dos objetos retratados. Figura 19 – O violeiro, 1899 – José Ferraz de Almeida Júnior 31 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Figura 20 – Natureza morta – Pedro Alexandrino A função formalista: tem preocupação com a forma de apresentação da arte. Nela, há uma valorização da experiência estética. Contempla a forma de apresentação da obra, condição essa que contribui decisivamente para o seu significado. Tem em sua essência a busca de mais qualidade na apresentação da obra e de seus sentidos, seus valores e suas intenções estéticas. Tal função traz em si princípios que determinam as organizações da imagem, os seus elementos e a sua composição. São defensores dessa teoria Dan Flavin, Robert Morris e Richard Serra. Por exemplo: Figura 21 – Sol poente, 1929 – Tarsila do Amaral 32 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Figura 22 – Cidade, 1929 – Tarsila do Amaral A partir das funções, podemos nos questionar: para que serve a arte? Qual sua relevância para o mundo? Se pensarmos em um sentido utilitarista, os povos da Antiguidade, por exemplo, precisavam de objetos que respondessem à sua necessidade de sobrevivência. Dessa forma, entendemos um pouco melhor como os desenhos nas cavernas e as suas representações precisavam ter utilidade, ou seja, serviam como forma de auxílio e proteção por meio de espíritos de animais que fossem atraídos e aprisionados nas caçadas. Com o passar do tempo, essas primeiras manifestações artísticas começaram a ser desvinculadas de suas funções nas comunidades. O homem passou, então, a demonstrar interesse por aspectos e objetos, como as formas, cores e texturas. Consequentemente, as representações passaram a ser criadas e executadas por prazer, desligando-se de certa forma de uma finalidade. 33 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Em certa medida, o interesse pelo enfeite, pelo belo e por elementos e fatos capazes de instigar e manifestar pensamentos e emoções tornou-se mais frequente. Existem aspectos e perspectivas diversos quanto à função da arte, e isso ocorre porque cada sociedade estabelece uma relação muito específica com as obras de arte, constituindo necessidades e importâncias singulares. Entretanto, duas vertentes de pensamento são muito comuns no que tange à utilidade da arte. Uma das vertentes defende que as artes não derivam de uma necessidade prática, independem de utilidade, como ensino, entretenimento ou inspiração. O Romantismo é uma das escolas que apoiavam esse segmento, estabelecendo que a arte teria sua autonomia. O outro pensamento defende que a arte só pode existir ligada a alguma funcionalidade, aquilo que lhe dá sentido. A partir desse ponto de vista, ela só subsiste caso o objeto artístico se relacione a uma intenção histórica, social e educativa ou psicológica. Ambos os pensamentos apresentam ideias e fundamentações que precisam ser discutidos. Contudo, eles nos convidam, em um mesmo processo, à criação artística, aos elementos estéticos e outros de ordem histórica, social, funcional, econômica etc. A arte, funcional, mista ou puramente ligada à fruição da beleza, está diretamente ligada a ações provocadas pelas manifestações expressivas e estéticas da humanidade. 3.1 Arte popular, erudita e de massa A arte pode ter diferentes classificações: a arte erudita e a arte popular. O problema reside fundamentalmente na tentativa de uma delimitação dos respectivos postulados. Ora, tanto a definição de arte popular, como a de “arte erudita”, pressupõe a crença em uma essência, partindo do axioma da unidade e da coerência, na existência supraindividual e coletiva, em um substrato suprafenoménico subjacente a uma cultura ou a um povo que, na realidade, não parece existir (SALDANHA, 2008, p. 2). De forma mais ampla, a arte popular pode ser compreendida como aquela que ocorre para além dos gostos. As definições e conceitos sobre ela, também ocasionalmente chamada de arte primitiva, folclore, artesanato são muitas vezes identificadas como arte das massas, não é inacessível ao público em geral. Essa arte, normalmente, dados os aspectos econômicos de sua construção, não é encontrada em grandes centros de exposições, galerias e museus. 34 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Figura 23 Nesse contexto, Ayres (1996, p. 239) aponta para arte popular com um papel preponderante, em termos de conteúdo, de temas e utilização, mas também de estrutura, técnicas, instrumentos e materiais. Ela, de forma sintetizada, é aquela que expressa e representa valores locais e regionais, crenças, lendas, costumes típicos de uma cultura. O artista aprende como estruturar seus trabalhos e projetos, sem necessariamente ter frequentado escolas de artes. No entanto, cria obras de valor estético e artístico, bastante significativo, revelado a partir do meio no qual está inserido, por vezes humilde e complexo. Outras distinções são apontadas por Saldanha (2008), a respeito das autorias das obras, dizendo que a arte popular: [...] é maioritariamente anônima; e quanto a ser “feita por qualquer pessoa” vem de certa forma também contradizer a diferenciação entre arte erudita e arte popular, a primeira feita pela/para elite “instruída” e a outra para as massas “sem acesso” a bens econômicos e culturais (SALDANHA, 2008, p. 107). 35 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Alguns exemplos de arte popular são: Figura 24 – Mulheres e papagaios – Maureen Bisilliat Figura 25 – Presépio, oito peças em madeira esculpida A arte erudita tem em seus valores universais um notável número de importantes artistas que deixaram ou possuem conhecimento técnico e formal específico. As suas obras representam determinadas épocas e carregam em si reflexões sobre os modos de expressão plástica e estabelecimento de conceitos. É comumente direcionada para uma elite artística. Segundo Smith (1999, p. 30), “a arte erudita aspira a um estilo, normalmente Clássico, erudito e generalizado”. 36 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I O fenômeno artísticoé inerente a diversas manifestações presentes em acervos culturais da arte popular e da arte erudita, além de novas mídias e recursos tecnológicos. Alguns exemplos de arte erudita são: Figura 26 – A Primavera, Giuseppe Arcimboldo Figura 27 – A criação de Adão, Michelangelo. Interior da Capela Sistina no Vaticano 37 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Figura 28 – Pietà, Michelangelo. Basílica de São Pedro em Roma Figura 29 – David, Michelangelo. Museu da Academia de Florença 38 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Figura 30 – Última Ceia, Leonardo da Vinci. Mural no refeitório do Mosteiro de Santa Maria della Grazie em Milão Figura 31 – A Escola de Atenas, Rafael Sanzio. Stanza della Segnatura no Vaticano 39 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Figura 32 – Diana e Actéon, Ticiano. National Gallery of Scotland em Edimburgo O Maneirismo quebrou o objetivismo da Renascença, deixando de lado a teoria da arte como representação da natureza, acrescentou profundidade espiritual e interioridade que faltavam à arte clássica italiana. Singulares períodos da história têm a notoriedade do Renascimento. Ele não foi apenas uma retratação do passado, modificou uma visão do mundo que se iniciou no século XIV. Teve como consequência uma forma de reinterpretação da Antiguidade Clássica e uma maneira distinta de se relacionar com períodos de arte que o antecederam. A arte de massa possui artes oriundas da década de 1970, incialmente ligadas ao Hip-hop e presentes nos grandes centros urbanos por meio das técnicas de pintura em muros, representadas com tintas spray. Figura 33 – Hip-hop – Dança de rua 40 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Outros exemplos dela são as histórias em quadrinhos, compostas de técnicas tradicionais, como o desenho e a pintura, ou de técnicas mais recentes, como as pinturas digitais feitas por meio de dispositivos específicos. Por meio de redes sociais e aplicativos, como Facebook, Google Plus, Instagram, WhatsApp, Twitter, esse tipo de arte é relativamente encontrado e pode promover e divulgar trabalhos de novos e conceituados artistas. Esse modo de arte, por padrão, transita em formato digital. Alguns exemplos são: Figura 34 – Shoujo Figura 35 – Shounen 41 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Figura 36 Por meio de recursos tecnológicos, também encontramos manifestações artísticas utilizando recursos gráficos em redes como Facebook, Instagram, Google Plus, Youtube etc., bem como de algumas formas convencionais como a televisão e os consoles de games. Tais espaços propiciam a construção de animações, personagens, cenários de um universo virtual criado ou recriado. Esse mercado busca profissionais com competências técnicas específicas para atuarem em design gráfico, modelagem 3-D, confecção de cenários e ambientes virtuais. 4 ARTE, EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E ELEMENTOS BÁSICOS “Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma existência para aprender a desenhar como as crianças.” (Pablo Picasso) O modo pessoal de expressão de uma criança se estabelece a partir de linguagem e vocabulários singulares. Nota-se um desejo progressivo de deixar suas marcas. Rabiscos e garatujas são composições, a princípio, desordenadas, mas após o início de tais construções revelam um desenvolvimento simbólico cada vez mais ordenado. Inicialmente, a criança realiza suas atividades com a intenção de expressar tudo o que ela viu e presenciou no meio em que está inserida. Dessa forma, começa a representá-los no espaço bidimensional do papel ou de qualquer outra superfície, como areia, parede, tablets e outros equipamentos. Nesse momento, passa a incorporar com regularidade desenhos que estão presentes em seu ambiente e em suas atividades e produções. 42 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I A partir do desenho, ela representa aquilo que viu, cria e recria novas composições de forma individual. Figura 37 Essas formas expressivas integram a percepção, a imaginação e a sensibilidade. No processo de conhecimento artístico, do qual faz parte a apreciação estética, o canal privilegiado de compreensão é a qualidade da experiência sensível da percepção. Diante de uma obra de arte, habilidades de percepção, intuição, raciocínio e imaginação atuam tanto no artista quanto no espectador. Mas é inicialmente pelo canal da sensibilidade que se estabelece o contato entre a pessoa do artista e a do espectador, mediado pela percepção estética da obra de arte. O processo de conhecimento advém de relações significativas, a partir da percepção das qualidades de linhas, texturas, cores, sons, movimentos etc. (BRASIL, 1997, p. 29). A integração de percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, nesse contexto, pode ser apropriada por leituras e reflexões de outras crianças e adultos. O desenho está, em grande medida, fortemente relacionado ao desenvolvimento da escrita. [...] as crianças são inclinadas de modo especial a procurar todo e qualquer lugar de trabalho onde visivelmente transcorre a atividade sobre as coisas. Sentem-se irresistivelmente atraídas pelo resíduo que surge na construção, no trabalho de jardinagem ou doméstico, na costura ou na marcenaria. 43 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Em produtos residuais reconhecem o rosto que o mundo das coisas volta exatamente para elas unicamente. Neles, elas menos imitam as obras dos adultos do que põem materiais de espécie muito diferente, através daquilo que com eles aprontam no brinquedo, em uma nova, brusca relação entre si (BENJAMIN, 1985, p. 18). Essa forma de expressão exerce uma verdadeira fascinação sobre as crianças, e isso anda com sua maneira própria de representar seu universo simbólico por meio de seus símbolos. É nessa fase que elas, por meio de suas atividades gráfico-plásticas, expressam sua forma de falar, brincar e registram a evolução de parte de sua infância. Por fim, o desenho tem papel importante no desenvolvimento como possibilidade de brincar, registrar e marcar a infância. No entanto, o desenho apresenta algumas particularidades em cada estágio ou período em que a criança se encontra, tendo em vista seu temperamento e sua sensibilidade. Essa maneira individual de desenhar de cada idade muda muito pouco entre as culturas. Para uma melhor compreensão do progresso gráfico-plástico da criança, os PCNs estão divididos em grandes blocos com as teorias e os teóricos que tratam desse assunto. Saiba mais Para saber mais sobre práticas educativas, leia: ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. A partir da definição dos objetivos amplos e específicos, o professor planeja trajetórias para os estudantes de forma a construir com aprendizagens significativas. A estrutura e a organização curricular servem de apoio à prática docente e às aprendizagens dos alunos. Dessa forma, tem como finalidade contribuir para a formação dos alunos com base na Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases (LDB) –, de modoa compreender como cada área de conhecimento contribui, os parâmetros legais que recomendam e quanto os sistemas de ensino necessitam para organizar seus currículos. Ainda, de acordo com a referida Lei e suas emendas, os currículos do Ensino Fundamental devem, obrigatoriamente, abarcar o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o entendimento do mundo físico e natural, além da realidade social e política. Lembrete O ensino da Arte tem caráter obrigatório, e nesse sentido há uma preocupação que visa o estímulo à produção cultural dos alunos. 44 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I A organização da estrutura curricular intenciona superar fronteiras, sempre artificiais, de conhecimentos amplos e específicos, e a integração de conteúdos diversos em coerência com um adequado suporte de aprendizagem mais interligada para os alunos. As ideias entre as áreas precisam ser realizadas por meio de modalidades, como projetos interdisciplinares e a exploração de soluções de problemas, investigação, exploração de gêneros e de linguagens em diferentes áreas de conhecimento, de forma a atender uma organização curricular que seja capaz de estabelecer relações possíveis no que o aluno estabelecerá em sua aprendizagem. Outra condição importante é a organização do desenvolvimento do currículo articulado, integrado e coerente com a escolha da equipe escolar, as concepções de aprendizagem e o ensino das avaliações de forma coletiva. Um consenso foi criado a respeito da Educação Básica no que se refere fundamentalmente à preparação do exercício da cidadania relativa à escola na formação do aprendiz em habilidades, conhecimentos, valores e atitudes, modos de pensamento e atuações na sociedade por meio de uma aprendizagem mais significativa. Resumo Trouxemos à tona as relações vivenciadas pelo profissional de Artes Visuais por meio da atuação do professor e do artista. Nesse contexto, buscamos uma compreensão mais próxima do que o profissional deve exercer ou do que se espera que ele exerça. Para um melhor entendimento, realizou-se uma revisão bibliográfica com a finalidade de registrar as ocupações e profissões, bem como quais são suas variações. Nesse processo foram detalhadas as ocupações profissionais. Há grande variedade de ofícios exercidos, e, portanto, muitas classificações. Procurou-se ressaltar o que os professores ou graduados (bacharéis) em Artes podem transmitir aos alunos por meio de suas obras. Também houve informações dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e das obras referenciadas com relação ao que se espera de cada profissional formado na área. Dessa forma, buscaram-se reflexões e indicações importantes para a formação do educador, possibilidades dos campos de atuação, fundamentos do trabalho do artista e educador, a compreensão das artes, além de suas peculiaridades que enriquecem nosso cotidiano. Tentou-se compreender um pouco mais do que somos capazes de produzir, admirar e vivenciar do ponto de vista do professor, aluno e artista mediante os desafios propostos pela educação. 45 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Exercícios Questão 1. Um professor de Artes decidiu levar em aula a fotografia a seguir e discorrer sobre movimentos artísticos. Com base nessa situação e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas a seguir. I – A aula utiliza uma fonte não canônica sobre a história da arte, o que a torna pouco produtiva do ponto de vista pedagógico. II – Além de discutir aspectos referentes aos pintores e seus estilos, o professor pode abordar a questão da arte urbana manifestada em grafites. III – O autor do grafite procurou expressar em cada figura o estilo do autor, como se vê, por exemplo, na atribuída a Picasso, artista cubista, criador de Guernica. Está correto o que se afirma em: A) I, II e III. B) II e III, apenas. C) I e II, apenas. D) I e III, apenas. E) II, apenas. Resposta correta: alternativa B. 46 AR TV - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 6/ 10 /1 6 Unidade I Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: o fato de não ser uma fonte tradicional, como um livro, não torna a atividade pouco produtiva pedagogicamente. II – Afirmativa correta. Justificativa: o fato de apresentar movimentos artísticos por meio de uma imagem da arte urbana contemporânea pode ser muito enriquecedor na aula. III – Afirmativa correta. Justificativa: observa-se que a figura atribuída a Picasso apresenta formas geométricas distorcidas, lembrando quadros do pintor. Questão 2. (Cesgranrio 2011) No final da década de 1970, constituiu-se no Brasil o movimento Arte-Educação. No início, esse movimento organizou-se fora da educação escolar e a partir de premissas metodológicas fundamentadas nas ideias da Escola Nova e da Educação através da Arte. Esse modo de conceber o ensino da Arte propunha: A) Atividades centradas no ensino da história da arte. B) Atividades centradas no ensino do desenho geométrico. C) Atividades voltadas para a cultura visual da sociedade. D) Ação educativa criadora, ativa e centrada no aluno. E) Ensino específico da linguagem visual. Resolução desta questão na plataforma.
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