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1 2 OBSERVAÇÕES INICIAIS A Equipe Mege preparou este material imediatamente após a divulgação do gabarito preliminar da prova objetiva do TJ-BA. A intenção é auxiliar nossos alunos e seguidores na elaboração de recursos, além de possibilitar a revisão, em formato conclusivo (diante do curto período), de temas cobrados no certame. A versão foi finalizada em cerca de 24 horas de atuação de nosso time específico para 1ª fase de magistratura estadual, sem maiores pretensões de aprofundamento e trabalho editorial neste momento de apoio aos alunos e seguidores em suas estratégias recursais. Fiquem atentos ao parâmetro de chance de 2ª fase após esta análise. Neste momento, em 17/01/2019, sem a contagem de possíveis anulações, o corte estimado para prova objetiva encontra-se em 71 pontos. Guardem esta informação e verifiquem como ficará a situação individual, caso a banca decida anular questões entre as possibilidades de recursos para alterações ou anulações que sugerimos como hipóteses (questões 14, 50, 55, 60 e 61). O candidato poderá vislumbrar a possibilidade de aumento em sua nota final, caso não tenha acertado alguma das questões destacadas. Em nossa experiência, constatamos o parâmetro de que, a cada 2 (duas) questões anuladas, a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um) ponto. Essa dica deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço no certame. Vale destacar que nas questões que identificamos como antecipadas (apuração que não envolveu a verificação em todas as matérias, diante do curto tempo) consideramos apenas o conteúdo da turma de reta final TJ-BA e aulão de véspera específico realizado em Salvador dia 12/01/2019. Não sendo listadas produções voltadas aos Simulados TJ-BA, Mege Informativos, Turmas Regulares e Extensivas de Magistratura Estadual. Aos alunos do TJ-BA (Reta Final), pedimos que não deixem de reler os conteúdos das rodadas trabalhadas. A melhor fixação será importante nos próximos desafios. Como perceberam, o estudo em fase final foi revertido em pontos decisivos. Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo em um menor prazo. Aos alunos que prestarão os próximos concursos de magistratura, a leitura deste material é de extrema importância. Em especial, por seu formato objetivo – pensado justamente para um auxílio no sprint final. Destacamos, desde já, que levaremos este conteúdo para seção de materiais das turmas do Mege voltadas para carreira. Aproveitamos esta oportunidade para agradecer o empenho e apoio irrestrito dos professores que atuaram na produção de aulas e materiais na Turma de Reta Final TJ-BA: Rafael Maia (DPE-CE), Flávia Martins (TJ-SP), Guilherme Andrade (TJ-RJ), Edison 3 Burlamaqui (TJ-RJ), Beatriz Fonteles (DPE-CE), Vinícius Reis (DP-DF), Jean Vilbert (TJ-SP), Raul Cabús (TJ-AL), Bruno Pinto (PGE-SP), Aldemar Monteiro (DPE-CE), Rafhael Nepomuceno (MP-CE), Rodolfo Tomaz (DPE-PE, Rodrigo Bahia (TRF-1), Alexandre Gianni (DP-DF) e Bárbara Saraiva (aprovada no TJ-PI). Por fim, informamos que estão abertas as inscrições para Turma de 2ª fase TJ- BA, onde contaremos com aulas, provas autorais e focadas no estilo esperado para o concurso, correções efetivamente personalizadas, material de apoio, preparação verticalizada em Humanística com professor Rosângelo Miranda (Pós-Doutor em constitucional, Promotor de Justiça e Ex-examinador do MP-MG) e coordenação geral do professor Luiz Otávio Rezende (Juiz do TJDFT; ex-examinador Cespe de certames para magistratura; e autor em Sentença Cível e Sentença Penal pela Editora Juspodivm), que será auxiliado por outros ex-examinadores de concursos públicos em nossas correções de atividades. Tudo pensado para auxiliar nossos alunos na manutenção da liderança de aprovações também em 2ª fase (aulas, provas, espelhos, correções, materiais, grupo de whatsapp e muito mais). Turma com vagas limitadas (diante do modelo personalizado de correções de provas). No último resultado divulgado de 2ª fase de Magistratura, vibramos muito com 54 alunos classificados para prova oral do TJ-CE (74% da lista de aprovados), sendo 6 destes entre os 10 primeiros. Mérito total destes vencedores! Sigam firmes em busca de seus objetivos. O ano de 2019 promete aos que lutam pela toga. Seguimos com inscrições abertas em turmas de retas finais para TJ-RJ, TJ-PR, TJ-AC, TJ-SC; além de TJ- BA (2ª FASE) e TJ-CE (PROVA ORAL). Contem com nosso apoio! LINK PARA MATRÍCULAS: www.mege.com.br/cursomege Atenciosamente, Equipe Mege. http://www.mege.com.br/cursomege 4 SUMÁRIO BLOCO I ............................................................................................................................. 5 DIREITO CIVIL ................................................................................................................ 5 DIREITO PROCESSUAL CIVIL ........................................................................................ 15 DIREITO DO CONSUMIDOR ......................................................................................... 25 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................. 44 DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .................................................................. 55 BLOCO II .......................................................................................................................... 60 DIREITO PENAL ............................................................................................................ 60 DIREITO PROCESSUAL PENAL ...................................................................................... 75 DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 89 DIREITO ELEITORAL ................................................................................................... 104 BLOCO III ....................................................................................................................... 110 DIREITO EMPRESARIAL.............................................................................................. 110 DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 114 DIREITO AMBIENTAL ................................................................................................. 119 DIREITO ADMINISTRATIVO ....................................................................................... 126 5 BLOCO I DIREITO CIVIL 1. Dino, pai de três filhos, e atualmente em seu segundo casamento, resolveu adquirir um imóvel, em área nobre de Salvador, para com ele presentear o caçula, único filho da sua atual união conjugal. A fim de evitar eventuais problemas com os outros dois filhos, tidos em casamento anterior, Dino resolveu fazer a seguinte operação negocial: vendeu um dos seus cinco imóveis e, com o dinheiro obtido, adquiriu o imóvel para o caçula; e colocou na escritura pública de venda e compra, de comum acordo com os vendedores do referido imóvel, o filho caçula como comprador do bem. Alguns meses depois, os outros dois filhos tomaram conhecimento das transações realizadas e resolveram ajuizar ação judicial contra Dino, alegando que haviam sofrido prejuízos. Nessa situação hipotética, conforme a sistemática legal dos defeitos e das invalidades dos negócios jurídicos, os dois filhos prejudicados deverão alegar, como fundamento jurídico do pedido, a ocorrência de (A) simulação relativa, devendo ser reconhecida a invalidade da compra e venda e declarada a validade da doação, o que, contudo, não implicará adiantamento da legítima. (B) reserva metal, também conhecidacomo simulação unilateral, que deve ensejar a declaração de inexistência do negócio jurídico de venda e compra e o retorno das partes ao status quo ante. (C) causa de anulabilidade por dolo, vício de vontade consistente em artifício, artimanha, astúcia tendente a viciar a vontade do destinatário ou de terceiros. (D) simulação relativa, devendo ser reconhecida a invalidade da venda e compra e declarada a validade da doação, que importará em adiantamento de legítima. (E) simulação absoluta, devendo ser reconhecida a invalidade da venda e compra e doação, com retorno ao status quo ante. RESPOSTA: D 6 COMENTÁRIOS O tema SIMULAÇÃO foi revisado no aulão de véspera em Salvador. O caso em tela apresenta um caso de simulação relativa, ou também chamada dissimulação. Ela ocorre quando são praticados dois atos jurídicos, quais sejam: o negócio simulado que esconde ou camufla outro negócio, o dissimulado, que é a verdadeira intenção das partes. A simulação é uma das hipóteses de nulidade do negócio jurídico, expressa no artigo 167 do CC. Trata-se de um ato fictício praticado para encobrir outro. Para se configurar a simulação é necessário ter havido a intenção de praticar ato diverso do que é praticado e a finalidade de enganar, seja fraudando a lei, ou prejudicando ou beneficiando terceiros. No caso em tela, temos uma aparente compra e venda que foi simulada para encobrir uma doação. A lei determina que apesar de nulo o negócio simulado, subsistirá o dissimulado se válido for na substância e na forma. Por isso, aplica-se o princípio da conservação dos negócios jurídicos. Por isso, deve ser reconhecida a invalidade da venda e compra e declarada a validade da doação. Por fim, tal doação válida do pai ao filho caçula em detrimento dos demais herdeiros configura adiantamento de legítima, conforme previsão do art. 544 do CC. Não se trata de dolo, como apresenta a assertiva C, uma vez que neste vício de vontade, há uma artimanha ou manobra para efetuar uma declaração de vontade que não seria emitida, se o declarante não tivesse sido enganado. No caso em tela, houve comum acordo entre o real comprador e os vendedores do referido imóvel. A reserva mental, presente na alternativa B, também não corresponde ao que está informado na questão. A existência de um acordo de vontades distingue a simulação da reserva mental. Essa segunda se caracteriza pela situação em que o declarante manifesta vontade para realização de um negócio que não deseja, mas sem o consentimento da outra parte, conforme art. 110 CC. 2. À luz da legislação pertinente, da jurisprudência e da doutrina, julgue os itens a seguir, a respeito do registro de imóveis. 7 I – De acordo com o STJ, o procedimento de dúvida registral previsto na Lei de Registros Públicos tem natureza administrativa, não constituindo prestação jurisdicional. II - Para garantir o princípio da legalidade registral, o registrador deve fazer um prévio controle dos títulos apresentados para registro, via procedimento de qualificação registral, verificando a obediência aos requisitos legais e concluindo pela aptidão ou inaptidão dos títulos para registro. III – O princípio da especialidade ou especialização registral é consagrado na Lei de Registros Públicos: caso o imóvel não esteja matriculado ou registrado em nome do outorgante, o oficial deverá exigir a prévia matrícula e o registro do título anterior. Assinale a opção correta. (A) Nenhum item está certo. (B) Apenas os itens I e II estão certos. (C) Apenas os itens I e III estão certos. (D) Apenas os itens II e III estão certos. (E) Todos os itens estão certos. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (I) Correto. No julgamento do REsp 1.570.655-GO, a 2ª seção, com relatoria do Min. Antonio Carlos Ferreira, em 23/11/2016, foi reconhecido que o procedimento de dúvida registral tem, por força de expressa previsão legal, natureza administrativa (art. 204 da LRP), não se qualificando como prestação jurisdicional. (II) Correto. Conforme art. 156 da Lei 6.015/1973 (Lei de Registros Públicos), o oficial deve recusar registro a título e a documento que não se revistam das formalidades legais. Portanto, por meio da qualificação registral, é feita análise se o objeto que será levado a registro está de acordo com a legislação vigente. Esse procedimento é feito por imposição do Princípio da Legalidade Registral. (III) Incorreto. Na realidade, a assertiva refere-se ao Princípio da Continuidade Registral, que está expressa no art. 195 da Lei 6.015/1973: “se o imóvel não estiver matriculado 8 ou registrado em nome do outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título anterior, qualquer que seja a sua natureza, para manter a continuidade do registro. O Princípio da Continuidade Registral consagra que nenhum registro pode ser feito se não houver menção ao título anterior. Desta forma, é possível formar um encadeamento ininterrupto das titularidades jurídicas de cada imóvel, porque cada assento registral deve apoiar-se no anterior. O Princípio da especialidade ou especialização registral apresenta um dos requisitos do registro, conforme expressa previsão no art. 176 da Lei 6.015/73, pois determina a necessidade de descrição completa do imóvel, a qualificação dos sujeitos, tanto na matrícula quanto no título que pretende ingresso na serventia ou seja, toda inscrição deve recair sobre um objeto individualizado. A letra B é a correta, apresenta como certos os itens I e II. 3. De acordo com o Código Civil, é característica das sociedades cooperativas (A) a impossibilidade, aliada à invariabilidade, de dispensa de capital social. (B) o quórum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no percentual do capital social representado pelos sócios presentes à reunião. (C) o concurso de sócio em número mínimo necessário para compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo. (D) a intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ressalvados os casos de transmissão por herança. (E) a indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ressalvado o caso de dissolução da sociedade. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (A) INCORRETA. O art. 1094 inciso I do CC estabelece que, entre as características da sociedade cooperativa está a “variabilidade, ou dispensa do capital social”. A assertiva 9 diz exatamente o contrário de que há invariabilidade, assim como impossibilidade de dispensa do capital social. (B) INCORRETA. A assertiva diz que é característica da sociedade cooperativa o quórum para assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no percentual do capital representado pelos sócios presentes à reunião. Entretanto, está expresso no art. 1094 inciso V do CC que o quórum, para a assembleia-geral funcionar e deliberar, é fundado no número de sócios presentes à reunião e não no capital social representado pelos que estão presentes na reunião. (C) CORRETA. O art. 1094 inciso II do CC traz expressamente o teor da assertiva. (D) INCORRETA. A parte final da assertiva contraria o que preceitua o art. 1094, IV, do CC, trazendo como ressalta a possibilidade de transferência de quotas de capital a terceiros estranhos à sociedade nos casos de transmissão de herança. No dispositivo legal está expresso que é característica da sociedade cooperativa a intransferibilidade de quotas de capital social a terceiros à sociedade, ainda que por herança. (E) INCORRETA. A assertiva não está de acordo com o expresso no Código Civil, no que se refere à sociedade cooperativa. Conforme o art. 1094, VIII, do CC, entre as características dessa sociedade está “indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. 4. Renê firmou contrato de seguro de assistência à saúde e, anos depois,quando ele completou sessenta anos de idade, a seguradora reajustou o valor do seu plano de assistência com base em uma cláusula abusiva. Por essa razão, Renê pretende ajuizar ação visando à declaração de nulidade da cláusula de reajuste e a condenação da contratada em repetição do indébito referente aos valores pagos em excesso. De acordo com entendimento jurisprudencial do STJ, nessa situação hipotética, as parcelas vencidas e não pagas em excesso estão sujeitas à (A) prescrição de um ano, por se tratar de contrato de seguro. 10 (B) prescrição de dois anos, porque, apesar de se tratar de um contrato de seguro, o requerente é idoso. (C) prescrição de cinco anos, por envolver valores líquidos e certos. (D) imprescritibilidade, por ser uma relação jurídica de trato sucessivo. (E) prescrição de três anos, porque se trata de hipótese de enriquecimento sem causa da empresa contratada. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS Os temas CONTRATOS e CONTRATOS DE SEGURO foram abordados no material da turma de reta final e no aulão de véspera em Salvador. A questão trata de jurisprudência recente do STJ. A ajuizada ação de pretensão de nulidade de cláusula de reajuste prevista em contrato de plano ou seguro de assistência à saúde ainda vigente, com a consequente repetição do indébito, está fundada no enriquecimento sem causa, e, por isso, o prazo prescricional é o trienal de que trata o art. 206, § 3º, IV, do Código Civil de 2002. (Agint no REsp 1586988/SE; Relator Marco Aurélio Bellize. 3ª Turma. Julgamento: 08/05/2018. DJe 21/05/2018). Portanto, a assertiva E é a correta ao afirmar que a prescrição é de três anos, porque se trata de hipótese de enriquecimento sem causa da empresa contratada. 5. À luz da jurisprudência e da legislação acerca do direito das relações de consumo, assinale a opção correta. (A) As sociedades controladas e as consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do CDC. (B) É cabível indenização por danos morais decorrentes da inscrição indevida do consumidor em cadastro de proteção ao crédito, independentemente da existência prévia da inscrição legítima, por configurar ato ilícito a direitos de personalidade. 11 (C) Em demanda pertinente a responsabilidade por fato do serviço, a inversão do ônus da prova opera independentemente de decisão do magistrado na modalidade ope legis, conforme entendimento do STJ. (D) Atos lesivos praticados por representantes autônomos de determinado produto ou serviço são de responsabilidade subsidiária dos fornecedores daquele produto ou serviço. (E) O CDC dispõe que fabricantes e importadores devem assegurar a oferta de componentes e peças de reposição depois de cessada a fabricação ou importação do produto pelo prazo mínimo de cinco anos. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (A) INCORRETA. Segundo previsão expressa do CDC, as sociedades controladas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do referido código, conforme art. 28 § 2º do CDC. Por sua vez, as sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do código, nos termos do art. 28 §3º do CDC. Portanto, a assertiva está errada porque alega que tanto as sociedades controladas quanto as consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do CDC. (B) INCORRETA. A assertiva contraria o que diz a súmula 385 do STJ. Não cabe indenização por danos morais de inscrição indevida de consumidor em cadastro de proteção ao crédito se houver preexistente legítima inscrição. (C) CORRETA. Embora o art. 14 do CDC demonstre claramente a opção do legislador em incluir no Código a inversão do ônus da prova (inversão ope legis), a assertiva trazia a seguinte informação ao fim “conforme entendimento do STJ”. Portanto, não bastava saber o que está expresso na lei, mas a orientação do Tribunal Superior também. A resposta está em julgados do STJ, no que diz respeito à inversão do ônus da prova no CDC. Em decisão recente, sobre responsabilidade por fato do produto, o Tribunal refere- 12 se novamente ao seu entendimento de que a responsabilidade por fato do produto e também do serviço opera-se ope legis, independentemente da decisão do magistrado. No AREsp 1275497 RS 2018/0081052-0, por decisão monocrática do ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 20/08/2018. (D) INCORRETA. O artigo 34 do CDC assevera que o fornecedor de produto e serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. A assertiva diz que essa responsabilidade é subsidiária. (E) INCORRETA. A assertiva está incorreta porque diz que o CDC estabelece prazo mínimo de cinco anos de oferta de componentes e peças de reposição após cessada a fabricação ou importação do produto. Entretanto, o Código não estabelece período. No art. 32, PU do CDC está expresso: “cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei. 6. Com relação ao reconhecimento voluntário de filhos tidos fora do casamento, julgue os seguintes itens. I – O Código Civil admite o reconhecimento voluntário de paternidade por declaração direta e expressa perante o juiz, desde que manifestada em ação própria, denominada ação declaratória de paternidade. Nesse caso, o ato jurídico é irrevogável. II – De acordo com o Código Civil, o reconhecimento voluntário de paternidade por meio de testamento é revogável pelo testador, por constituir ato de última vontade, mutável a qualquer tempo antes do falecimento do testador. III – O reconhecimento de filiação pode preceder o nascimento do filho e, até mesmo, ser posterior ao falecimento deste. Nesse último caso, admite-se o reconhecimento post mortem se o filho deixar descentes. (A) Apenas o item II está certo. (B) Apenas o item III está certo. (C) Apenas o item I e II estão certos. (D) Apenas o item I e III estão certos. (E) Todos os itens estão certos. 13 RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O tema RECONHECIMENTO DE FILHOS foi tratado na Rodada 10 da Turma de Reta Final do TJ-BA. (I) INCORRETO. O art. 1609 IV admite o reconhecimento voluntário de paternidade por declaração direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido objeto único e principal do ato que o contém. Portanto, não precisa ser manifestada em ação própria, como diz a assertiva, pode ser pedido de uma outra ação e, não necessariamente o principal. (II) INCORRETO. Na assertiva diz que o reconhecimento voluntário de paternidade por meio de testamento é revogável pelo testador. Tal afirmação é contrária ao que está expresso no art. 1610 do CC: “o reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento”. (III) CORRETO. e expressa a literalidade do art. 1609, pu, do CC, em que o reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. Diante disso, apenas o item III está certo, conforme assertiva B da questão. 7. À luz do Código Civil e da teoria das invalidades dos atos e negócios jurídicos, a elaboração de testamento conjuntivo nas modalidades simultânea, recíproca e correspectiva é ato eivado de vício de (A) nulidade, nas modalidades recíproca e correspectiva, e anulabilidade na modalidade simultânea. (B) anulabilidade, na modalidade correspectiva, e nulidade nas modalidades reciproca e simultânea. (C) anulabilidade em qualquer uma das três modalidades. (D) nulidade em qualquer uma das três modalidades. (E) ineficácia em qualquer uma das três modalidades. 14 RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O testamento conjuntivo é apresentado no art. 1830 do CC e considerado proibido em qualquer das suas modalidades: recíproco, simultâneo e correspectivo. O testamento conjuntivo simultâneo é quando dois testadores fazem disposiçõesem favor de terceiro. Já o recíproco, é quando um testador favorece o outro. Por fim, o correspectivo, além de haver reciprocidade, um beneficia o outro na mesma proporção que este o tiver beneficiado. Pela teoria das nulidades, independentemente de ser recíproco, simultâneo ou correspectivo é nulo de pleno direito o testamento conjuntivo. 8. De acordo com o Código Civil, são bens móveis (A) os materiais provenientes de demolição de um prédio. (B) as edificações que, estando separadas do solo, puderem ser movimentadas para outro local, conservando sua unidade. (C) os materiais empregados em alguma construção. (D) os direitos à sucessão aberta. (E) ineficácia em qualquer uma das três modalidades. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS (A) CORRETA. Está expresso no art. 84 do CC que os materiais provenientes de demolição de um prédio readquirem a qualidade de bens móveis. (B) INCORRETA. O art. 81, inciso I, do CC inclui entre as hipóteses de bens imóveis as edificações que, mesmo separadas do solo e puderem ser removidas para outro local, conservarem sua unidade. Esse é o caso da assertiva apresentada. 15 (C) INCORRETA. A assertiva é justamente contrária ao que expressa o Art. 84 do CC, no que se refere aos materiais destinados a uma construção. Eles somente são considerados bens móveis enquanto ainda não forem empregados na mesma. (D) INCORRETA. O Código Civil, em seu artigo 80, traz a categoria de bens imóveis por determinação legal. É uma “ficção jurídica” com o objetivo de revestir alguns direitos com a mesma segurança e solenidade que cercam os bens imóveis. A assertiva traz justamente os direitos à sucessão aberta, expressos no art. 80, II do CC, considerada bem imóvel. (E) INCORRETA. A assertiva traz a literalidade do art. 81, II, dos bens que não perdem o caráter de imóveis: “os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem”. DIREITO PROCESSUAL CIVIL 9. A pessoa obrigada por contrato a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido na demanda ingressará no processo como (A) assistente simples. (B) denunciado à lide. (C) assistente litisconsorcial. (D) chamado ao processo. (E) nomeado à autoria. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS A questão foi abordada na aula de revisão online para o TJ-BA. Art. 125, II, do NCPC – “Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio 16 foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo”. 10. O juiz proferirá sentença sem resolução de mérito quando (A) acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem. (B) homologar a transação. (C) homologar o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação. (D) homologar a renúncia à pretensão formulada na ação. (E) verificar a impossibilidade jurídica do pedido RESPOSTA: A COMENTÁRIOS A resposta da questão foi abordada no material da turma de reta final (2ª rodada – “Sentença e Coisa Julgada). (A) CORRETA. Art. 485, VII, do NCPC – “Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência”. (B) INCORRETA. Art. 487, III, “b”, do NCPC – “Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - homologar: b) a transação”. (C) INCORRETA. Art. 487, III, “a”, do NCPC – “Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção”. (D) INCORRETA. Art. 487, III, “c”, do NCPC – “Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - homologar: c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção”. 17 (E) INCORRETA. A impossibilidade jurídica do pedido não vem mais expressa no NCPC, expressamente, como causa de extinção do processo sem resolução de mérito, conforme se observa pela leitura do artigo 485. Em que pese o NCPC não preveja mais a impossibilidade jurídica da ação como condição da ação, alguns doutrinadores entendem que esta análise pode ser feita com base na condição da ação denominada interesse de agir, tendo em vista a ausência da necessidade de prosseguimento de um processo, cujo pedido é manifestamente vedado pelo ordenamento jurídico. Outros doutrinadores, por sua vez, entendem que a questão deveria ser resolvida no mérito. 11. Caso o juiz julgue parcialmente o mérito, reconhecendo a existência de obrigação ilíquida, a parte vencedora (A) poderá promover de pronto a liquidação, mediante o depósito de caução. (B) poderá promover de pronto a liquidação, ainda que seja interposto recurso pela parte vencida. (C) deverá aguardar a extinção do processo para promover a liquidação. (D) deverá promover a liquidação nos mesmos autos, em vista do princípio da eficiência. (E) poderá promover a liquidação somente após transcorrido o prazo para interposição de recurso pela parte vencida. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Art. 356, §§1º e 2º, do NCPC – “Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. § 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. § 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto”. 12. De acordo com o CPC, se, em processo de execução de contrato inadimplido, ocorrer a penhora judicial de dinheiro depositado em conta bancária do executado, o juiz poderá 18 cancelar o ato de penhora caso acolha o pedido de impenhorabilidade sob o argumento de que a quantia bloqueada (A) pertence a terceiro. (B) decorreu de venda de imóvel. (C) corresponde a salário do executado e não ultrapassa cinquenta salários mínimos. (D) estava vinculada ao pagamento de conta exclusivamente em débito automático. (E) acarretará enriquecimento ilícito. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS A resposta da questão foi expressamente abordada em nossa aula de revisão de véspera online para o TJ-BA. Art. 833, IV e §2º, do NCPC – “Art. 833. São impenhoráveis: IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; § 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3º”. 13. A respeito da petição inicial de ação civil, julgue os itens a seguir. I) Ainda que, para atender os requisitos da petição inicial, o autor requeira uma diligência excessivamente onerosa, é vedado ao juiz indeferir a inicial sob esse fundamento. II) Ao contrário da ausência da indicação dos fundamentos jurídicos do pedido, a falta de indicação dos fatos acarreta o indeferimento de plano da inicial. 19 III) Não lhe sendo possível obter o nome do réu, o autor poderá indicar as características físicas do demandado, o que, se viabilizar a citação deste, não será causa de indeferimento dainicial. IV) Se a ação tiver por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, o autor deverá, sob pena de inépcia, discriminar na inicial, entre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. Estão certos apenas os itens (A) I e II. (B) I e IV. (C) III e IV. (D) I, II e III. (E) II, III e IV. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS (I) INCORRETO. O examinador buscou confundir o candidato com a hipótese do II e do §3º do artigo 319 do NCPC. Veja que o autor deve indicar na petição inicial a correta qualificação das partes, conforme determina o artigo 319, II, do NCPC. Ocorre que, muitas vezes, a obtenção destes dados completos poderá ser impossível ou excessivamente onerosa ao autor. Nesta hipótese, o juiz não deverá indeferir a petição inicial desde que seja possível a indicação do réu, ainda que incerto, conforme dispõe o §3º do artigo 319 do NCPC. Mas veja que esta hipótese não se aplica a todos os requisitos da petição inicial, cabendo ao autor diligenciar para o cumprimento dos demais, sendo certo que, caso o autor requeira uma diligência outra, que será excessivamente onerosa, poderá o juiz indeferir a petição inicial. / Art. 319, II, e §§1º e 3º do NCPC – “Art. 319. A petição inicial indicará: II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências 20 necessárias a sua obtenção. §3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça”. (II) INCORRETO. A ausência de indicação dos fundamentos jurídicos do pedido também causa de indeferimento da petição inicial, conforme artigos 319, III e 321, Parágrafo único do NCPC. Isso porque, o NCPC adotou a teoria da Substancialização da causa de pedir, que impõe ao autor o ônus de indicar qual o fato jurídico e qual a relação jurídica dele que dão suporte ao seu pedido. / “Art. 319. A petição inicial indicará: III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; / Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial”. (III) CORRETO. Art. 319, II e §2º, do NCPC – ““Art. 319. A petição inicial indicará: II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu”. IV – CORRETA – Art. 330, §2º, do NCPC – “Art. 330, § 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito”. 14. De acordo com o CPC, o magistrado concederá a tutela de urgência durante o curso do processo se (A) ficar caracterizado abuso do direito pelo réu e as alegações fáticas puderem ser comprovadas apenas documentalmente. 21 (B) houver manifesto propósito protelatório da parte contrária e probabilidade do direito. (C) as alegações fáticas puderem ser comprovadas apenas documentalmente e existir risco ao resultado útil do processo. (D) for verificada a existência de risco ao resultado útil do processo. (E) houver constatação do perigo de dano e o réu não apresentar prova capaz de gerar dúvida razoável acerca do direito discutido. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO! O gabarito oficial aponta como correta a assertiva “D”. No entanto, conforme será exposto, esta não é a alternativa correta, mas sim a assertiva E, motivo pelo qual entendo passível de recurso a presente questão. Inicialmente, deve-se lembrar que “a tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência, conforme dispõe o artigo 294 do NCPC. Para a concessão da tutela de urgência, é imprescindível “a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, nos termos do artigo 300 do NCPC. A tutela de evidência, por sua vez, conforme expressa previsão legal (Art. 311, caput, do CPC), a tutela de evidência independe da demonstração de perigo da demora da prestação jurisdicional, em diferenciação clara e indiscutível com a tutela de urgência. Segundo o artigo 311 do NCPC, “Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a 22 que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente”. Feitas estas considerações, vejamos cada uma das assertivas. Segundo a ASSERTIVA “A”, “de acordo com o CPC, o magistrado concederá a tutela de urgência durante o curso do processo se ficar caracterizado abuso do direito pelo réu e as alegações fáticas puderem ser comprovadas apenas documentalmente”. Esta assertiva está INCORRETA, pois refere-se aos requisitos para a concessão da tutela de evidência, conforme se observa pela leitura do artigo 311, I e II. Ademais, cumpre lembrar que, para a concessão da tutela de urgência, é imprescindível “a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, nos termos do artigo 300 do NCPC, não havendo qualquer menção ao perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo nesta assertiva. Segundo a ASSERTIVA “B”, “de acordo com o CPC, o magistrado concederá a tutela de urgência durante o curso do processo se houver manifesto propósito protelatório da parte contrária e probabilidade do direito”. Trata-se, mais uma vez, de um requisito para a concessão da tutela de evidência, conforme artigo 311, I, do NCPC, não havendo qualquer menção ao perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, que são requisitos para a concessão da tutela provisória de urgência. Desta forma, a assertiva está INCORRETA. Segundo a ASSERTIVA “C”, de acordo com o CPC, o magistrado concederá a tutela de urgência durante o curso do processo se “as alegações fáticas puderem ser comprovadas apenas documentalmente e existir risco ao resultado útil do processo”. Esta assertiva também está incorreta. Veja que o examinador quer confundir o candidato, tendo misturado os requisitos para a concessão da tutela de evidência com os requisitos para a concessãoda tutela de urgência. Com efeito, segundo o artigo 311, inciso II, do NCPC “a tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante”. Observe-se que 23 para a concessão da tutela de evidência não basta que as alegações de fato estejam provadas documentalmente, sendo imprescindível que o direito do autor já esteja amparado por tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante”. Da mesma forma, para a concessão de uma tutela de urgência, não basta que o autor prove as suas alegações de fato, sendo imprescindível que, além da demonstração do perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, esteja demonstrada a probabilidade do direito do autor. Isto é, não é porque o autor provou a ocorrência dos fatos que o direito dele é “provável”. Pode ser que o autor demonstre a ocorrência de uma situação fática, mas que esta situação fática não lhe dê qualquer direito. Sendo assim, a assertiva está INCORRETA, pois para a concessão da tutela de urgência, é imprescindível “a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, nos termos do artigo 300 do NCPC. Segundo a ASSERTIVA “D”, de acordo com o CPC, o magistrado concederá a tutela de urgência durante o curso do processo se for verificada a existência de risco ao resultado útil do processo”. Esta assertiva não pode ser considerada correta, uma vez que, para a concessão da tutela provisória de urgência não basta o risco ao resultado útil do processo, devendo ser demonstrada a probabilidade do direito do autor, conforme artigo 300 do NCPC. Por fim, segundo a ASSERTIVA “E” – “de acordo com o CPC, o magistrado concederá a tutela de urgência durante o curso do processo se houver constatação do perigo de dano e o réu não apresentar prova capaz de gerar dúvida razoável acerca do direito discutido”. Esta assertiva está correta. Em que pese queira confundir o candidato com a tutela de evidência concedida nos termos do artigo 311, IV, do NCPC (Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.), a assertiva demonstra a presença dos requisitos para a concessão da tutela de urgência, qual seja, a probabilidade do direito e o perigo de dano. Veja, se o réu não apresenta prova capaz de gerar dúvida razoável acerca do direito discutido, está demonstrada a probabilidade do direito do autor, o que 24 somado à existência do perigo de dano permite a concessão da tutela de urgência, nos termos do artigo 300 do NCPC. 15. De acordo com a Lei n.º 12.016/2009, que dispõe sobre o mandado de segurança, se, depois de deferido o pedido liminar, o impetrante criar obstáculos ao normal andamento do processo, o juiz deverá (A) intimar imediatamente o MP para se manifestar sobre a protelação e notificar, posteriormente, a parte para praticar o ato necessário, sob pena de multa. (B) notificar imediatamente a parte para praticar o ato necessário, sob pena de multa. (C) cassar a medida liminar, desde que assim seja requerido pelo MP. (D) revogar a decisão liminar, desde que assim seja requerido pela autoridade coatora ou pelo MP. (E) decretar a perempção da medida liminar, de ofício ou por requerimento do MP. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS Art. 8º da Lei 12.016/09 – “Art. 8º Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem”. 16. De acordo com o CPC, na ação em que houver pedido subsidiário, o valor da causa corresponderá (A) à soma dos valores dos pedidos principal e subsidiário. (B) ao pedido de maior valor, entre o principal e o subsidiário. (C) à média dos valores dos pedidos principal e subsidiário. (D) ao valor do pedido principal. (E) ao valor de qualquer dos pedidos, principal ou subsidiário, desde que a diferença dos seus valores seja de até 5%. RESPOSTA: D 25 COMENTÁRIOS Art. 292, VIII, do NCPC – “Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal”. DIREITO DO CONSUMIDOR 17. A respeito de cláusulas abusivas, prescrição, proteção contratual e relação entre consumidor e planos de saúde, assinale a opção correta, de acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ. (A) A operadora de plano de saúde pode estabelecer, no contrato, as doenças que terão cobertura, mas não pode limitar o tipo de tratamento a ser utilizado pelo paciente, exceto se tal tratamento não constar na lista de procedimentos da ANS. (B) Uma das condições para que o reajuste de mensalidade de plano de saúde individual fundado na mudança de faixa etária do beneficiário seja válido é que os percentuais aplicados sejam razoáveis, baseados em estudos atuariais idôneos, e não onerem excessivamente o consumidor nem discriminem o idoso. (C) Na vigência dos contratos de seguro de assistência à saúde, a pretensão condenatória decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste neles prevista prescreve em um ano. (D) É abusiva a cláusula contratual de coparticipação na hipótese de internação superior a trinta dias em razão de transtornos psiquiátricos, por restringir obrigação fundamental inerente à natureza do contrato. (E) A operadora de plano de saúde, em razão da sua autonomia, será isenta de responsabilidade por falha na prestação de serviço de hospital conveniado. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS As assertivas B, C, D e E foram abordadas no material da turma de reta final TJ-BA. 26 (A) INCORRETA. O rol da ANS configura cobertura mínima que as operadoras de planos de saúde devem ofertar aos beneficiários. Trata-se de entendimento veiculado em diversos julgados do STJ. Ex.: Está firmada a orientação de que é inadmissível a recusa do plano de saúde em cobrir tratamento médico voltado à cura de doença coberta pelo contrato sob o argumento de não constar da lista de procedimentos da ANS, pois este rol é exemplificativo, impondo-se uma interpretação mais favorável ao consumidor. (AgInt no AREsp 1328258/AL, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/12/2018, DJe 06/12/2018) O fato de o procedimento não constar do rol da ANS não afasta o dever de cobertura do plano de saúde, haja vista se tratar de rol meramente exemplificativo, não se admitindo restrição imposta no contrato de plano de saúde quanto à obtenção de tratamento necessário à completa recuperação da saúde do beneficiário. (AgInt no AgInt no AREsp 1134753/CE, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 30/05/2018) (B) CORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. Trata-se de entendimento consolidado pelo STJ em sede de Recurso Repetitivo (Info 588). RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. CIVIL. PLANO DE SAÚDE. MODALIDADE INDIVIDUAL OU FAMILIAR. CLÁUSULA DE REAJUSTE DE MENSALIDADE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. LEGALIDADE. ÚLTIMO GRUPO DE RISCO. PERCENTUAL DE REAJUSTE. DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS. ABUSIVIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO. EQUILÍBRIO FINANCEIRO- ATUARIAL DO CONTRATO. 2. A cláusula de aumento de mensalidadede plano de saúde conforme a mudança de faixa etária do beneficiário encontra fundamento no mutualismo (regime de repartição 27 simples) e na solidariedade intergeracional, além de ser regra atuarial e asseguradora de riscos. 4. Para que as contraprestações financeiras dos idosos não ficassem extremamente dispendiosas, o ordenamento jurídico pátrio acolheu o princípio da solidariedade intergeracional, a forçar que os de mais tenra idade suportassem parte dos custos gerados pelos mais velhos, originando, assim, subsídios cruzados (mecanismo do community rating modificado). 6. A norma do art. 15, § 3º, da Lei nº 10.741/2003, que veda "a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade", apenas inibe o reajuste que consubstanciar discriminação desproporcional ao idoso, ou seja, aquele sem pertinência alguma com o incremento do risco assistencial acobertado pelo contrato. 8. A abusividade dos aumentos das mensalidades de plano de saúde por inserção do usuário em nova faixa de risco, sobretudo de participantes idosos, deverá ser aferida em cada caso concreto. Tal reajuste será adequado e razoável sempre que o percentual de majoração for justificado atuarialmente, a permitir a continuidade contratual tanto de jovens quanto de idosos, bem como a sobrevivência do próprio fundo mútuo e da operadora, que visa comumente o lucro, o qual não pode ser predatório, haja vista a natureza da atividade econômica explorada: serviço público impróprio ou atividade privada regulamentada, complementar, no caso, ao Serviço Único de Saúde (SUS), de responsabilidade do Estado. 10. TESE para os fins do art. 1.040 do CPC/2015: O reajuste de mensalidade de plano de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa etária do beneficiário é válido desde que (i) haja previsão contratual, (ii) sejam observadas as normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores e (iii) não sejam aplicados percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial idônea, onerem excessivamente o consumidor ou discriminem o idoso. 28 (REsp 1568244/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/12/2016, DJe 19/12/2016) (C) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. Prazo de 03 anos para ação declaratória de nulidade de reajuste de plano ou seguro de assistência à saúde ainda vigente. Trata-se de entendimento solidificado pelo STJ em sede de recurso repetitivo. Cuidando-se de pretensão de nulidade de cláusula de reajuste prevista em contrato de plano ou seguro de assistência à saúde ainda vigente, com a consequente repetição do indébito, a ação ajuizada está fundada no enriquecimento sem causa e, por isso, o prazo prescricional é o trienal de que trata o art. 206, § 3º, IV, do Código Civil de 2002. Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão condenatória decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista prescreve em 20 anos (art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002), observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002. (REsp 1360969/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 19/09/2016). (D) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. Como regra, são lícitas (não abusivas) as cláusulas constantes em planos de saúde que estabeleçam o regime de coparticipação, desde que não caracterize o financiamento integral do procedimento por parte do usuário ou fator restritivo severo ao acesso aos serviços; Info 634 STJ 2018 – Segunda Seção Não é abusiva a cláusula de coparticipação expressamente contratada e informada ao consumidor para a hipótese de internação superior a 30 (trinta) dias decorrentes de transtornos psiquiátricos. Inicialmente, cumpre salientar que o art. 12, II, "a" da Lei n. 9.656/1998, veda às operadoras de plano de saúde a limitação de prazo, valor máximo e quantidade de cobertura de internações hospitalares. Contudo, o art. 16, inc. VIII da mesma lei, 29 determina que conste em qualquer modalidade de produto, serviço ou contrato de assistência médica, hospitalar e odontológica, com clareza, "a franquia, os limites financeiros ou o percentual de coparticipação do consumidor ou beneficiário, contratualmente previstos nas despesas com assistência médica, hospitalar e odontológica". (EAREsp 793.323-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 10/10/2018, DJe 15/10/2018). (E) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. O plano de saúde responde solidariamente, com hospitais e médicos credenciados, pelo dano causado ao paciente. (STJ, AgInt no AREsp 986.140, T4, Rel. Ministra Isabel Gallotti, DJe 22/05/2017 e inúmeros outros precedentes). É importante atentar à diferença estabelecida pelo STJ: - Seguros saúde - há livre escolha pelo beneficiário/segurado de médicos e hospitais, com reembolso das despesas no limite da apólice. Não se poderá falar em responsabilidade da seguradora pela má prestação do serviço; a responsabilidade será direta do médico e/ou hospital, se for o caso. - Contratos de planos de saúde - é fundado na prestação de serviços médicos e hospitalares próprios e/ou credenciados, no qual a operadora de plano de saúde mantém hospitais e emprega médicos ou indica um rol de conveniados. Há responsabilidade solidária e objetiva pela má prestação do serviço. 18. No que se refere aos direitos básicos do consumidor, à legitimidade ativa para a propositura de ações coletivas e aos bancos de dados e cadastros de consumidores, julgue os itens a seguir. I - A responsabilidade subjetiva do médico não exclui a possibilidade de inversão do ônus da prova, se presentes os requisitos previstos no CDC, devendo o profissional demonstrar ter agido com respeito às orientações técnicas aplicáveis. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=EAREsp793323 30 II - O MP terá legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, exceto quando tais direitos decorrerem da prestação de serviço público. III - A manutenção de inscrição negativa nos cadastros de proteção ao crédito deve respeitar a exigibilidade do débito inadimplido, tendo, para tanto, um limite de cinco anos, independentemente do prazo prescricional para a cobrança do crédito. Assinale a opção correta. (A) Apenas o item I está certo. (B) Apenas o item II está certo. (C) Apenas os itens I e III estão certos. (D) Apenas os itens II e III estão certos. (E) Todos os itens estão certos. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Questão abordada na Turma de Reta Final TJ-BA. (I) CORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final TJ-BA. O STJ tem entendido assim, notadamente quanto à responsabilidade de profissionais liberais comprometidos com obrigações de resultado (ex.: cirurgia plástica embelezadora). O STJ vem se posicionando pela responsabilidade subjetiva pelas obrigações de resultado, mas com presunção (relativa) de culpa (= inversão do ônus da prova). Há inúmeros julgados nesse sentido: “possuindo a cirurgia estética a natureza de obrigação de resultado cuja responsabilidade do médico é presumida, cabe a este demonstrar existir alguma excludente de sua responsabilização [permanece subjetiva] apta a afastar o direito ao ressarcimento do paciente”. (AgRg no REsp 1468756, T3, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, DJe 24/05/2016). 31 (II) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final TJ-BA. O erro da assertiva está na expressão “exceto quando tais direitos decorrem da prestação de serviço público”. O STJ entende pelalegitimidade ainda nesses casos, conforme expresso em enunciado novo. Súmula 601. O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público. (III) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final TJ-BA. O par. 1o do art. 43 do CDC, ao mesmo tempo em que dispõe sobre alguns requisitos a serem obedecidos pelos cadastros e dados dos consumidores (“devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão”), estabelece um limite temporal para as informações negativas: não podem constar quando referentes a um período superior a 5 anos (prazo máximo das informações negativas). Súmula 323 do STJ. A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco (5) anos, independentemente da prescrição da execução. Essa assertiva foi uma pegadinha que poderia conduzir ao erro em caso de leitura apressada. Perceba-se que a assertiva coloca o “prazo prescricional para a cobrança do crédito”, e não o prazo da prescrição da execução. 19. A respeito de proteção contratual, responsabilidade por vício do serviço e legitimidade ativa para a propositura de ações coletivas, assinale a opção correta, com base no CDC e na jurisprudência do STJ. (A) Admite-se a responsabilização de buscadores da Internet pelos resultados de busca apresentados para fazer cessar o vínculo criado, nos seus bancos de dados, entre dados pessoais e os resultados que não guardam relevância para o interesse público à informação, seja pelo conteúdo eminentemente privado, seja pelo decurso do tempo. (B) Sob o argumento da reciprocidade, é válida a imposição, pelo juiz, de cláusula penal a fornecedor de bens móveis no caso de demora na restituição do valor pago quando 32 do exercício do direito de arrependimento pelo consumidor, ante a premissa de que este é apenado com a obrigação de arcar com multa moratória quando atrasa o pagamento de suas faturas de cartão de crédito. (C) Pela sua especificidade, as normas previstas no CDC têm prevalência em relação àquelas previstas nos tratados internacionais que limitam a responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros pelo desvio de bagagem, especialmente as Convenções de Varsóvia e de Montreal. (D) O município não possui legitimidade ativa para ajuizar ação civil pública em defesa de servidores a ele vinculados, questionando a cobrança de tarifas bancárias de renovação de cadastro, uma vez que a proteção de direitos individuais homogêneos não está incluída em sua função constitucional. (E) É válida a rescisão unilateral imotivada de plano de saúde coletivo empresarial pela operadora de plano de saúde em desfavor de microempresa com apenas dois beneficiários, em razão da inaplicabilidade das normas que regulam os contratos coletivos, justamente por faltar o elemento essencial de uma população de beneficiários. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Questão abordada na Turma de Reta Final TJ-BA. (A) CORRETA. Alternativa indicada no aulão de véspera e no material de Reta Final. Informativo 628 STJ 2018 (REsp 1.660.168/RJ): É possível determinar o rompimento do vínculo estabelecido por provedores de aplicação de busca na internet entre o nome de prejudicado, utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia apontada nos resultados (DIREITO AO ESQUECIMENTO). A jurisprudência da Corte Superior tem entendimento reiterado no sentido de afastar a responsabilidade de buscadores da internet pelos resultados de busca apresentados, reconhecendo a impossibilidade de lhe atribuir a função de censor e impondo ao prejudicado o direcionamento de sua pretensão contra os provedores de conteúdo, 33 responsáveis pela disponibilização do conteúdo indevido na internet. Há, todavia, circunstâncias excepcionalíssimas em que é necessária a intervenção pontual do Poder Judiciário para fazer cessar o vínculo criado, nos bancos de dados dos provedores de busca, entre dados pessoais e resultados da busca, que não guardam relevância para interesse público à informação, seja pelo conteúdo eminentemente privado, seja pelo decurso do tempo. Essa é a essência do direito ao esquecimento: não se trata de efetivamente apagar o passado, mas de permitir que a pessoa envolvida siga sua vida com razoável anonimato, não sendo o fato desabonador corriqueiramente rememorado e perenizado por sistemas automatizados de busca. Peculiaridade: pleiteiava-se a desindexação do nome da recorrente, em resultados nas aplicações de busca na internet, de notícia sobre fraude em concurso público, no qual havia sido reprovada. O fato referido já contava com mais de uma década, e ainda hoje os resultados de busca apontavam como mais relevantes as notícias a ela relacionadas, como se, ao longo de uma década, não houvesse nenhum desdobramento da notícia nem fatos novos relacionados ao nome da autora. (B) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. Em compras realizadas na internet, o fato de o consumidor ser penalizado com a obrigação de arcar com multa moratória, prevista no contrato com a financeira, quando atrasa o pagamento de suas faturas de cartão de crédito não autoriza a imposição, por sentença coletiva, de cláusula penal ao fornecedor de bens móveis, nos casos de atraso na entrega da mercadoria e na demora de restituição do valor pago quando do exercício do direito do arrependimento. Informativo 628 STJ 2018. REsp 1.412.993-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, por maioria, julgado em 08/05/2018, DJe 07/06/2018. (C) INCORRETA. Alternativa indicada no aulão de véspera e no material de reta final. Informativo 866 STF 2017: Extravio de bagagem. Dano material. Limitação. Antinomia. Convenção de Varsóvia. Código de Defesa do Consumidor. É aplicável o limite indenizatório estabelecido na Convenção de Varsóvia e demais acordos 34 internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às condenações por dano material decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais. Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: "Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". Vamos entender alguns detalhes do julgado acima do STF. Em suma, decidiu-se uma antinomia aparente entre os seguintes diplomas: - CDC (1990) – vige o princípio da reparação integral (art. 6o, VI); - Convenção de Varsóvia (Decreto n. 20.704/31), alterada pela Convenção de Montreal (Decreto n. 2.861/98) – tratam das indenizações que o transportador aéreo poderá ser obrigado a pagar em caso de destruição, perda ou avaria de bagagens e fixam limites (“indenização tarifada”). Para compreender a decisão da Suprema Corte, é fundamental conhecer o teor do art. 178 da CF/88. Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. Diante do exposto da CF, aliado aos critérios cronológico (a Convenção de Montreal foi incorporada no ordenamento jurídico brasileiro após o CDC, e modificou a Convenção de Varsória no que tange ao tema ora discutido) e especial (a Convenção de Montreal dispõe especificamente sobre a indenização pelo extravio de bagagem em transporte aéreo), o STF decidiu que deve prevalecer o disposto nas Convenções de Varsóvia e de Montreal em detrimento do CDC. CUIDADO: é preciso atentar para os balizadores dessa decisão, pois não é qualquer transporte nem qualquer danopor ela abrangido. - transporte aéreo internacional (NÃO se aplica ao transporte aéreo doméstico); - danos materiais (os danos morais NÃO se sujeitam à indenização tarifada). (D) INCORRETA. 35 Informativo 626 STJ. Município tem legitimidade ad causam para ajuizar Ação Civil Pública em defesa de direitos consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias. Trata-se, em verdade, de dever-poder, decorrente da supremacia do interesse público sobre o privado e da indisponibilidade do interesse público, a impor aos entes políticos o dever de agir na defesa de interesses metaindividuais, por serem seus poderes irrenunciáveis e destinados à satisfação dos interesses públicos. Ademais, (...) não se questiona sua pertinência temática ou representatividade adequada, por serem presumidas. (...) no que se refere especificamente à defesa de interesses individuais homogêneos dos consumidores, o Município é o ente político que terá maior contato com as eventuais lesões cometidas contra esses interesses, pois, conforme afirma a doutrina, "será no Município que esses fatos ensejadores da ação civil pública se farão sentir com maior intensidade [...] em face da proximidade, da imediatidade entre ele e seus munícipes” ) REsp 1.509.586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 15/05/2018, DJe 18/05/2018). (E) INCORRETA. Não é válida a rescisão unilateral imotivada de plano de saúde coletivo empresarial por parte da operadora em face de microempresa com apenas dois beneficiários. (Informativo 621 STJ). DIREITO PRIVADO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. PLANOS DE SAÚDE. REGIME DE CONTRATAÇÃO. COLETIVO. POPULAÇÃO VINCULADA À PESSOA JURÍDICA. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL. DOIS BENEFICIÁRIOS. RESCISÃO UNILATERAL E IMOTIVADA. DIRIGISMO CONTRATUAL. CONFRONTO ENTRE PROBLEMAS. ANALOGIA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. SIMILITUDE FÁTICA. AUSÊNCIA. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA RECURSAL. MAJORAÇÃO. 2. O propósito recursal é definir se é válida a rescisão unilateral imotivada de plano de saúde coletivo empresarial por parte da operadora de plano de saúde em face de microempresa com apenas dois beneficiários. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1509586 36 3. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por meio da Resolução Normativa 195/09, definiu que: i) o plano de saúde individual ou familiar é aquele que oferece cobertura da atenção prestada para a livre adesão de beneficiários, pessoas naturais, com ou sem grupo familiar; ii) o plano coletivo empresarial é delimitado à população vinculada à pessoa jurídica por relação empregatícia ou estatutária; e iii) o plano coletivo por adesão é aquele que oferece cobertura à população que mantenha vínculo com pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial. 4. A contratação por uma microempresa de plano de saúde em favor de dois únicos beneficiários não atinge o escopo da norma que regula os contratos coletivos, justamente por faltar o elemento essencial de uma população de beneficiários. 5. Não se verifica a violação do art. 13, parágrafo único, II, da Lei 9.656/98 pelo Tribunal de origem, pois a hipótese sob exame revela um atípico contrato coletivo que, em verdade, reclama o excepcional tratamento como individual/familiar. 6. Recurso especial conhecido e não provido, com majoração de honorários recursais. (REsp 1701600/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/03/2018, DJe 09/03/2018) 20. No que se refere a responsabilidade por vício do serviço, legitimidade ativa para a propositura de ações coletivas, cláusulas abusivas, prescrição e decadência, assinale a opção correta, com base no CDC e na jurisprudência do STJ. (A) Associação de defesa de interesses de consumidores possui legitimidade ativa para ajuizar ação civil pública contra seguradora operadora do seguro DPVAT, a fim de buscar a condenação de indenizar vítimas de danos pessoais ocorridos com veículos automotores. (B) O furto de joias que sejam objetos de penhor constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, e não mero inadimplemento contratual, devendo incidir o prazo prescricional de cinco anos para o ajuizamento das competentes ações de indenização, conforme previsto no CDC. (C) Desde que destacada, será válida cláusula contratual de prestação de serviços de cartão de crédito que autorize o banco contratante a compartilhar dados dos consumidores com outras entidades financeiras, ainda que não seja dada ao cliente opção de discordar desse compartilhamento. 37 (D) O saque indevido de numerário em conta-corrente mantida por correntista em determinado banco configura dano moral in re ipsa ao direito do correntista à segurança dos valores lá depositados ou aplicados. (E) A reclamação obstativa da decadência feita verbalmente pelo consumidor para protestar vícios do produto não tem validade. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Questão abordada na Turma de Reta Final TJ-BA. (A) INCORRETA. Informativo 618 STJ: associação com fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para o ajuizamento de ACP com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro DPVAT (REsp 1.091.756/MG, Segunda Seção, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, j. em 13/12/2017). (B) CORRETA. Alternativa indicada no aulão de véspera e no material de Reta Final. Informativo 616 STJ 2018 (REsp 1.369.579/PR): As pretensões indenizatórias decorrentes do furto de joias, objeto de penhor em instituição financeira, prescrevem em 05 anos, de acordo com o disposto no art. 27 do CDC. A jurisprudência do STJ assentou que, quando o credor é banco e o bem dado em garantia fica depositado em cofre, não é possível admitir o furto ou o roubo como causas excludentes do dever de indenizar, devendo-se considerar esse tipo de evento como um fortuito interno, inerente à própria atividade, incapaz de afastar, enfim, a responsabilidade do depositário. Há, portanto, nos casos de roubo de joias objeto de contrato de penhor ligado ao mútuo, falha no serviço prestado pela instituição financeira, a impor a incidência da norma especial. Com isso, na hipótese em análise deve incidir o prazo de cinco anos previsto no art. 27 do CDC para a ação de indenização por danos materiais e morais. Isso porque, frise-se, a indenização requerida não se 38 fundamenta no inadimplemento contratual, nada obstante a base da natureza jurídica entre as partes seja o contrato regido pela lei consumerista. A guarda do bem penhorado é, sim, obrigação da instituição financeira, isso não se discute, mas não é prestação contratual stricto sensu. (C) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. Informativo 616 STJ 2018 - É abusiva e ilegal cláusula prevista em contrato de prestação de serviços de cartão de crédito que autoriza o banco contratante a compartilhar dados dos consumidores com outras entidades financeiras ou mantenedoras de cadastros positivos e negativos de consumidores, sem que seja dada opção de discordar daquele compartilhamento. Assim, é possível concluir que a cláusula posta em contrato de serviço de cartão de crédito que não possibilite ao consumidor a opção de discordar do compartilhamento de dados é abusiva por deixar de atender a dois princípios importantes da relação de consumo: transparência e confiança. (REsp 1.348.532-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 10/10/2017, DJe 30/11/2017). (D) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. Informativo 615 STJ 2017 (REsp 1.573.859/SP): O saque indevido de numerário em conta corrente, reconhecido e devolvido pela instituição financeira dias após a prática do ilícito, NÃO configura, porsi só, dano moral in re ipsa. Peculiaridade: reconhecendo que há outros precedentes em que se considerou o dano moral in re ipsa pelo saque indevido de numerário de conta corrente, apresenta-se a situação específica levada a julgamento. O saque indevido foi de pequena quantia, considerada irrisória se comparada ao saldo que o correntista dispunha ao tempo da ocorrência da fraude, sem maiores repercussões. (E) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. 39 Julgado STJ de 2017 (Informativo 614): A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, par. 2o, I, do CDC pode ser feita documentalmente ou verbalmente (REsp 1.442.597/DF, T3, DJe 30/10/2017). 21. Com base no CDC e na jurisprudência do STJ, assinale a opção correta, a respeito de qualidade de produtos e serviços, prevenção e reparação de danos, proteção à saúde e à segurança, prescrição e decadência, responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, práticas comerciais e direitos básicos do consumidor. (A) Noventa dias após a compra de imóvel, contados da efetiva entrega do bem, o consumidor decai do direito de obter, na esfera judicial, indenização em razão de prejuízos causados por vícios aparentes ou de fácil constatação verificados no imóvel adquirido. (B) Os denominados clubes de turismo, em que os consumidores adquirem o direito de utilizar diárias em hotéis pré-selecionados após pagarem taxas de adesão e de manutenção mensal e observarem o prazo de carência, não responderão por acidentes de consumo causados na prestação do serviço de hotelaria, devido à configuração de culpa exclusiva do hotel conveniado. (C) A responsabilidade do comerciante no que tange à disponibilização e prestação de serviço de assistência técnica restringe-se à informação ao consumidor de que os serviços de reparo serão realizados pelo fabricante do produto. (D) Caso o cliente tenha adquirido passagens aéreas de ida e volta na categoria promocional, mas não compareça ao embarque no trecho de ida, será válido o cancelamento unilateral e automático da passagem relativa ao trecho de volta, em razão da necessidade de equacionamento dos custos e riscos da fornecedora do serviço de transporte aéreo. (E) A aquisição de produto alimentício que contenha em seu interior corpo estranho que exponha o consumidor a risco concreto de lesão a sua saúde e segurança, ainda que o consumidor não o ingira, dá direito à compensação por dano moral, dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade da pessoa humana. RESPOSTA: E 40 COMENTÁRIOS Questão abordada na Turma de Reta Final TJ-BA. (A) INCORRETA. Alternativa indicada no aulão de véspera e no material de Reta Final. Observe que a decadência, consoante previsto no art. 26 do CDC, é prazo para reclamação, na via extrajudicial, quanto aos vícios dos produtos ou serviços. A alternativa invoca expressamente a expressão “na esfera judicial”, o que significa que quer saber o prazo respectivo da pretensão judicial, razão pela qual se estará diante de um prazo de prescrição. Fizemos alusão à possibilidade de a banca abordar essa confusão de prazos, pelo que trouxemos o seguinte mnemônico no aulão de véspera (PRE)tensão = (PRE)scrição – PRE/PRE. (B) INCORRETA. Alternativa indicada no material de Reta Final. Informativo 620 STJ 2018 (REsp 1.378.284/PB): A Bancorbrás é parte legítima para figurar no polo passivo de ação indenizatória de dano moral decorrente de defeito do serviço prestado por hotel integrante de sua rede conveniada. A escolha do adquirente do título fica limitada aos estabelecimentos previamente credenciados e contratados pela Bancorbrás, que, em seu próprio regimento interno, prevê a necessidade de um padrão de atendimento e de qualidade dos serviços prestados. O caso, portanto, não pode ser tratado como culpa exclusiva de terceiro, pois o hotel conveniado integra a cadeia de consumo referente ao serviço introduzido no mercado pela Bancorbrás. Em verdade, sobressai a indissociabilidade entre as obrigações de fazer assumidas pela Bancorbrás e o hotel credenciado. Nesse sentido, evidencia-se que os prestadores de serviço de hospedagem credenciados funcionam como verdadeiros prepostos ou representantes autônomos da Bancorbrás, o que atrai a incidência do artigo 34 do CDC. Peculiaridade: consumidor, no período de lazer programado, fora - juntamente com seus familiares - submetido a desconforto e aborrecimentos desarrazoados, em virtude 41 de alojamento, em quarto insalubre, em resort integrante da rede conveniada da Bancorbrás. (C) INCORRETA. Alternativa indicada no aulão de véspera e no material de reta final. Informativo 619 STJ 2018 (REsp 1.634.851/RJ, 3a Turma): Cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias – levar o produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante (ainda que a assistência técnica esteja situada no mesmo município do estabelecimento comercial). Isso porque o dia a dia revela que o consumidor, não raramente, trava verdadeira batalha para, após bastante tempo, atender a sua legítima expectativa de obter o produto adequado ao uso, em sua quantidade e qualidade. Aliás, há doutrina a defender, nessas hipóteses, a responsabilidade civil pela perda injusta e intolerável do tempo útil. Assim, não é razoável que, à frustração do consumidor de adquirir o bem com vício, se acrescente o desgaste para tentar resolver o problema ao qual ele não deu causa, o que, por certo, pode ser evitado – ou, ao menos, atenuado – se o próprio comerciante participar ativamente do processo de reparo, intermediando a relação entre consumidor e fabricante, inclusive porque, juntamente com este, tem o dever legal de garantir a adequação do produto oferecido ao consumo. ATENÇÃO (mudança de entendimento): há um precedente anterior, igualmente da Terceira Turma do STJ, que entendeu de modo diverso do recentíssimo julgado acima. Com efeito, no REsp 1.411.136/RS, sob a relatoria do Min. Marco Aurélio Bellizze, a Terceira Turma do STJ decidiu, em 24/02/2015 (precedente veiculado no Informativo 557 do STJ), que “o comerciante não tem o dever de receber e de encaminhar produto viciado à assistência técnica, a não ser que esta não esteja localizada no mesmo município do estabelecimento comercial”. Neste novo julgado (de 12/09/2017, DJe 15/02/2018), a mesma Terceira Turma, por maioria (o Min. Marco Aurélio Bellizze teve voto vencido), expressamente informou que a posição esboçada naquele julgado antecedente deveria ser revisitada: 42 A Terceira Turma do STJ, no entanto, ao analisar situação análoga se manifestou no sentido de que, "disponibilizado serviço de assistência técnica, de forma eficaz, efetiva e eficiente, na mesma localidade [município] do estabelecimento do comerciante, a intermediação do serviço apenas acarretaria delongas e acréscimo de custos, não justificando a imposição pretendida na ação coletiva" (REsp 1.411.136-RS, DJe 10/03/2015). No entanto, esse tema merece nova reflexão. Isso porque o dia a dia revela que o consumidor, não raramente, trava verdadeira batalha para, após bastante tempo, atender a sua legítima expectativa de obter o produto adequado ao uso, em sua quantidade e qualidade. Aliás, há doutrina a defender, nessas hipóteses, a responsabilidade civil pela perda injusta e intolerável do tempo útil. Assim, não é razoável que, à frustração do consumidor de adquirir o bem com vício, se acrescente o desgaste para tentar resolver o problema ao qual ele não deu causa, o que, por certo, pode ser evitado – ou, ao menos, atenuado – se o próprio comerciante participar ativamente do processo de reparo, intermediando a relação entre consumidor e fabricante, inclusive porque, juntamente com este, tem
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