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Direito Civil (Aula 1 de 3)

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DIREITO CIVIL (Aula 1/3)
Personalidade
A personalidade civil é atributo essencial para ser sujeito de direitos. Se não há personalidade, não pode ser titular de direitos ou obrigações. Portanto, personalidade é a aptidão genérica para contrair direitos e obrigações.
A personalidade se subclassifica em formal e material. A personalidade formal é a aptidão para ser titular de direitos da personalidade. Por sua vez, a personalidade material é a aptidão para ser titular de direitos patrimoniais.
De acordo com o art. 2º do CC, "a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro".
Vale lembrar que há 03 teorias sobre o início da personalidade da pessoa natural: (1) a teoria natalista, segundo a qual a personalidade só se inicia com o nascimento com vida; (2) a teoria concepcionista, segundo a qual a personalidade se inicia com a concepção; (3) a teoria da personalidade condicionada, que surgiu do Código Civil, e que adotou o nascimento com vida como marco do início da personalidade, mas que resguarda os direitos que o nascituro teria desde a concepção.
E quais direitos o nascituro teria desde a concepção? Pois bem. O nascituro, teoricamente, não tem direito, tem expectativa de direito, uma vez que a sua aquisição fica condicionada ao nascimento com vida. Entretanto, por outro lado, o nascituro é sim titular de direitos personalíssimos (Ex.: vida, nome), assim como possui direito a alimentos.
Observação: posso doar em favor de nascituro, mas trata-se de um negócio jurídico condicional (evento futuro e certo: o nascimento).
Capacidade
A capacidade é entendida em nosso ordenamento como a capacidade plena da pessoa gerir sua vida, seus bens, assim como sua aptidão para os atos da vida civil.
A capacidade civil deve ser estudada mediante o entendimento de dois conceitos fundamentais: capacidade de direito e capacidade de fato.
A capacidade de direito, também chamada de capacidade genérica, é inerente à pessoa, todos possuem. Basta estar vivo para que lhe seja reconhecida. Perceba que a capacidade de direito se confunde/assemelha com o próprio conceito de personalidade.
Por sua vez, a capacidade de fato é a possibilidade que a pessoa tem de praticar pessoalmente atos jurídicos, de forma que os incapazes elencados nos arts. 3º e 4º, do CC, não a possuem. Ou seja, quem não tem capacidade de fato é incapaz. Vejamos os dispositivos:
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
De acordo com o art. 3.º do CC, são absolutamente incapazes os menores de 16 anos. Estes devem ser representados nas relações jurídicas, sob pena de nulidade dos atos praticados, conforme o art. 166, I, do Código Civil.
De acordo com o art. 4.º do CC, são relativamente incapazes os maiores de 16 e os menores de 18 anos, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos, aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e os pródigos. Estes devem ser assistidos nas relações jurídicas, sob pena de anulabilidade dos atos praticados, conforme o art. 171, I, do CC. Vejamos abaixo o texto dos arts. 166 e 171:
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Ponto importante a se destacar é que os arts. 3º e 4º do CC foram alterados pela Lei Nº 13.146/15 (Estatuto da pessoa com deficiência). O Estatuto visa dar maior autonomia à pessoa com deficiência e, por isso, o número de deficiências foi reduzido. Dessa forma, as pessoas com algum tipo de deficiência mental, em regra, tornaram-se plenamente capazes (síndrome de down, altismo, etc.).
Dissemos acima "em regra", pois o CC passou a presumir que todos os deficientes são capazes, porém, os arts. 84 e 87 do Estatuto do deficiente permitem a interdição com base naquelas circunstâncias. Então, perceba que é a sentença que vai constituir a incapacidade dos deficientes mentais, tratando-se, portanto, de uma sentença com natureza constitutiva. A presunção do CC é de que todos são capazes (possui, portanto, natureza declaratória).
Emancipação
A menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Ou seja, aos 18 anos se adquire capacidade civil plena. 
No entanto, existem hipóteses de emancipação. A emancipação é o ato jurídico que possibilita que o incapaz se torne capaz. Importante salientar que a emancipação produz efeitos apenas para o Direito Civil. Vejamos o que o art. 5º do CC dispõe acerca da emancipação:
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Do artigo supra, extraímos que existem 03 hipóteses de emancipação: (1) emancipação voluntária (inciso I, 1ª parte): é aquela que os pais realizam em favor dos filhos, ressaltando que é feita mediante instrumento público; (2) emancipação judicial (inciso I, 2ª parte): é aquela que o tutor realiza em favor do tutelado, quando o menor já possui 16 anos completos, ressaltando que depende de sentença; (3) emancipação legal (incisos II, III, IV e V): é aquela que se dá por força de lei, independente da vontade das partes ou de sentença.
Referente à emancipação voluntária, cabe ressaltar que existem requisitos: o menor tem que ter 16 anos completos, a vontade de emancipar tem que ser de ambos os pais e, por fim, a vontade deve ser manifestada por instrumento público.
Acerca do casamento como hipótese de emancipação legal, cumpre salientar que o menor com 16 anos completos (16 a 18 anos) pode se casar, desde que com a anuência de ambos os pais. Outro ponto importante a se destacar é que o menor com idade inferior a 16 anos também pode se casar, por motivo de gravidez, desde que com a anuência de ambos os pais.
Extinção da personalidade
A extinção da personalidade se dá com a morte. De acordo com o art. 6.º do CC, “a existência da pessoa natural termina com a morte. Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”.
Existem 03 tipos de morte: (1) a morte real, que se dá com o óbito comprovado (morte encefálica); (2) a morte civil, que ocorria quando a pessoa viva era tratada como se morta fosse (exclusão de herança por indignidade); (3) a morte presumida, uma vez que se presume a morte quanto aos ausentes.
A morte presumida,por sua vez, pode ocorrer com declaração de ausência (art. 6º, 2ª parte) ou sem declaração de ausência (art. 7º). Vejamos abaixo o art. 7º:
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Atinente à morte presumida sem declaração de ausência, cabe ressaltar que o p.ú exige sentença, não basta documento da Cia. aérea (no exemplo da queda de helicóptero).
Outro importante instituto relacionado com o estudo da pessoa natural é a comoriência. De acordo com o art. 8.º do CC, “se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”.
Direitos da personalidade
Os direitos da personalidade civil são aqueles inerentes à consecução da dignidade da pessoa humana. São o conjunto de atributos do ser humano.
O CC fala sobre 04 direitos da personalidade: corpo, nome, imagem e privacidade. Porém, frisa-se que esse rol é exemplificativo (temos também a honra, voz, vida sexual, etc.).
Temos as seguintes características dos direitos da personalidade: (1) extrapatrimoniais, afinal, os atributos do ser humano obviamente não são patrimoniais; (2) apesar de ser extrapatrimonial, a pretensão reparatória tem natureza patrimonial, ou seja, pode-se reclamar perdas e danos; (3) intransmissibilidade e, por isso, não se transferem na herança, pois nesta só se transfere direito patrimonial; (4) somente se extinguem com a morte; (5) impenhorabilidade; (6) inalienabilidade; (7) são imprescritíveis, ou seja, sua tutela pode ser requerida a qualquer tempo; (8) oponibilidade erga omnes; (9) irrenunciabilidade (relativa*), significando que o titular não pode dispor voluntariamente de seus próprios direitos da personalidade.
Do que foi dito, cumpre salientar que, com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Porém, ressalta-se que essa irrenunciabilidade é relativa, ou seja, o titular, em algum momento, poderá dispor dos seus direitos da personalidade (ex. participar do BBB, lutar no UFC, etc.). E que momento seria esse? Seria quando a lei permitisse. Isto se encontra no art. 13 do CC, que diz que "salvo por exigência médica, não é permitido o ato de disposição do próprio corpo quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes, sendo admitido, entretanto, o ato para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial". Então, o art. 13 diz que é permitido dispor do próprio corpo, mas não será permitido quando houver diminuição permanente da integridade física ou quando contrariar os bons costumes.
É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
Além disso, ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 
Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Tratando-se de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau; é o que se chama de "tutela pós mortem" dos direitos da personalidade. Os parentes do morto podem requerer tutela jurisdicional e perceba que o parente terá então legitimidade ordinária, pois quem é a vítima é o próprio parente, e não o morto.
Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Por fim, sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Pessoa Jurídica
A pessoa jurídica é constituída por uma pessoa natural, por um conjunto de pessoas naturais ou por um conjunto de bens, na forma da lei, que adquirirão personalidade jurídica distinta da dos seus integrantes. 
São 03 os requisitos para a constituição da pessoa jurídica: (1) organização de pessoas ou de bens; (2) licitude de seus fins; (3) capacidade jurídica reconhecida pela lei.
A teoria da realidade técnica, adotada pelo CC, dispõe que a personalidade jurídica é um atributo outorgado pelo Estado a determinados entes.
As pessoas jurídicas podem ser de direito público ou privado. As pessoas jurídicas de direito público dividem-se em interno ou externo. São pessoas jurídicas de direito público interno (o rol do CC é exemplificativo): a União; os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; os Municípios; as autarquias, inclusive as associações públicas; e as demais entidades de caráter público criadas por lei. Por sua vez, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público.
A questão da responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público interno é tratada no CC. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
São pessoas jurídicas de direito privado: associações; sociedades; fundações; organizações religiosas; partidos políticos; empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI).
De acordo com o CC, começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo. Decai em 03 anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Cabe ressaltar que o CC possibilita que sejam aplicáveis, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade às pessoas jurídicas. A Súmula 227 do STJ, inclusive, dispõe que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Com relação ao domicílio das pessoas jurídicas, temos que o domicílio da União é o Distrito Federal; dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Se a pessoa jurídica tiver diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, será considerado como domicílio, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento situado no Brasil a que ela corresponder.
Fundações
Dentre as pessoas jurídicas de direito privado, cabe fazermos algumas considerações acerca das fundações. As fundações constituem-se numa universalidade de bens ou direitos, dotados de personalidade e destinados a uma determinada finalidade social (que não seja lucrativa!), estabelecida pelo seu instituidor.
São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins econômicos ou lucrativos, que se formam a partir da existência de um patrimônio destacado pelo seu instituidor através de escritura pública (hipótese em que teremos uma fundação inter vivos) ou testamento (hipótese em que teremos uma fundação causa mortis), para servir a um objetivo específico,voltado a causas de interesse público.
As fundações podem ser constituídas por indivíduos, por empresas, ou pelo poder público. Neste último caso, temos as fundações públicas, pertencentes ao primeiro setor. 
Os 02 requisitos essenciais na constituição de uma fundação são: (1) a indicação de sua finalidade e; (2) a dotação dos bens livres que irão compor o patrimônio da fundação.
É importante que exista uma declaração de vontade clara do instituidor para a constituição da fundação, especificando os bens destinados a formar seu patrimônio e os seus fins. Esse patrimônio precisa ser suficiente para garantir que a fundação cumpra suas finalidades.
Assim, fundação é a instituição que se forma pela destinação de um patrimônio para servir a certo fim de utilidade pública ou atuar em benefício da sociedade. Caracterizam-se por seus fins de caridade, beneficentes, pesquisa, educação, saúde, etc. Isto se depreende do parágrafo único do art. 62 do CC, que diz que “a fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência”.
Diferentemente das associações, onde o foco é o indivíduo, nas fundações o núcleo central é o patrimônio.
Por outro lado, assim como as associações, que se organizem para fins não econômicos, as fundações, embora não possuam finalidade lucrativa, podem eventualmente organizar atividades que gerem renda (Ex.: quermesses) para a obtenção de sua finalidade.
Assim como as associações, as fundações são regidas por estatutos, que se elaboram segundo as regras legais. O registro da fundação depende de autorização do Ministério Público Estadual. Esta avaliação prévia pelo Ministério Público só é dispensada nos casos em que a fundação foi instituída por testamento.
Durante toda a sua existência, que em regra é por tempo indeterminado, as atividades da fundação, que devem ser minuciosamente descritas no estatuto, estarão sujeitas ao controle do Ministério Público do Estado onde estiver sediada. Após a constituição da fundação, é necessário manter a contabilidade atualizada, apresentando periodicamente as declarações obrigatórias aos órgãos de controle e fiscalização.
Desconsideração da personalidade jurídica
A desconsideração da personalidade jurídica tem por escopo impedir que a pessoa jurídica seja utilizada para a prática de ilícitos pelos sócios. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público (quando lhe couber intervir no processo), que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Observação: o encerramento irregular das atividades, por si só, não consubstancia elemento suficiente para a decretação da desconsideração da personalidade jurídica.
O Código Civil adotou a teoria maior para a desconsideração da personalidade jurídica, que exige a presença do abuso da personalidade e o prejuízo aos credores.
Já a teoria menor, adotada pelo Código de Defesa do Consumidor exige apenas a presença do prejuízo.
Tema de grande destaque é a possiblidade da desconsideração inversa, situação na qual o sócio ardilosamente transfere o seu patrimônio pessoal para o patrimônio da empresa, na expectativa de se ver impune na prática de ilícitos. Conforme entendimento do STJ, em casos assim será cabível a desconsideração inversa da personalidade jurídica.
Domicílio
Pelo conceito de domicílio se trata do local onde uma pessoa pode ser encontrada para efeitos jurídicos. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece residência com ânimo definitivo. Caso a pessoa natural possuir diversas residências, onde, alternadamente, viva, será considerado seu domicílio qualquer uma delas. O domicílio da pessoa jurídica já foi abordado anteriormente, no tópico destinado ao estudo da pessoa jurídica.
O domicílio é composto por 02 elementos: (1) objetivo: trata-se da estada habitual da pessoa em determinada localidade; (2) subjetivo: trata-se do ânimus de permanecer em definitivo.
O CC adotou o princípio da pluralidade domiciliar. Nesse sentido, existem algumas modalidades de domicílio e, ainda, pode haver a possibilidade de a pessoa possuir mais de um domicílio. Já falamos acima do domicílio da pessoa natural e da pessoa jurídica. Falaremos agora do domicílio profissional, necessário e especial.
Considera-se domicílio profissional o lugar onde a profissão é exercida. Se a pessoa exercitar a profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Por fim, nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. Trata-se do domicílio especial.
Fato jurídico
As pessoas (naturais ou jurídicas), ao desenvolverem suas atividades na sociedade, podem com suas atitudes gerar consequências jurídicas. Essas atitudes juridicamente relevantes são denominados fatos jurídicos. Assim, fato jurídico é qualquer fato, de origem natural ou humana, que cria, modifica ou extingue um direito.
Da conceituação acima, depreendemos que os fatos jurídicos (em sentido amplo) podem ser divididos em naturais (também chamados de fatos jurídicos em sentido estrito) e humanos (também chamados de atos jurídicos em sentido amplo). 
Por sua vez, os fatos jurídicos naturais se subdividem em ordinários e extraordinários. São exemplos de fatos jurídicos naturais ordinários o nascimento, maioridade, morte, decurso do tempo, etc. São exemplos de fatos jurídicos naturais extraordinários terremoto, maremoto, raio, tempestade, etc., ou seja, casos fortuitos ou força maior.
Já os fatos jurídicos humanos (também chamados de atos jurídicos em sentido amplo) se subdividem em atos jurídicos (também chamados de atos jurídicos em sentido estrito) e negócios jurídicos. 
O que diferencia o ato jurídico do negócio jurídico é que o primeiro tem seus efeitos previstos em lei (afinal, é um ato praticado pelo agente, com manifestação de vontade, predeterminado pela norma, sem que o agente possa qualificar diferente a sua vontade), enquanto o segundo tem seus efeitos decorrendo da vontade das partes (afinal, é um ato de manifestação de vontade, que busca no ordenamento jurídico uma composição de interesses). São exemplos de atos jurídicos a notificação para constituir mora do devedor, reconhecimento de filho, emancipação, casamento, ocupação, uso de coisa, confissão, tradição, etc. São exemplos de negócios jurídicos os contratos de compra e venda, doação, contrato de sociedade, testamento, etc.
Negócio jurídico
O negócio jurídico compreende o ato jurídico no qual há a coincidência de interesses e um propósito específico. Trata-se de uma declaração de vontade dirigida à provocação de determinados efeitos jurídicos.
O negócio jurídico possui elementos essenciais e acidentais. Os elementos essenciais do negócio jurídico são aqueles que devem estar presentes em todo e qualquer negócio: são as partes, objeto, vontade/consentimento e forma. 
Já os elementos acidentais do negócio jurídico são aqueles que estarão presentes somente quando as partes convencionarem: são a condição, termo e encargo.
De acordo com as lições de Pontes de Miranda, o negócio jurídico possui 03 planos: existência, validade e eficácia. Trata-se da chamada escada ponteana. Daí surgem algumas indagações importantes:
Quando o negócio jurídico existe? Quando estão presentes todos os elementos essenciais, independentementede estarem ou não viciados. Ou seja, o negócio jurídico existe quando estão presentes partes, objeto, consentimento e forma.
Quando o negócio jurídico é válido? Quando estão presentes todos os elementos essenciais e nenhum deles está viciado. Ou seja, as partes devem ser capazes e legítimas, o objeto tem que ser lícito, possível e determinado (ou determinável), o consentimento deve ser livre e, por fim, a forma deve ser a prescrita ou não defesa em lei.
Observação: a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
E quando o negócio jurídico é eficaz? Em regra, quando o negócio existe e é válido ele também será eficaz, afinal, se existe e é válido já passará a produzir efeitos; no entanto, deve ser analisado se há condição, termo ou encargo e, se houver, a eficácia ficará condicionada à realização de algum desses elementos acidentais. Assim, o plano da eficácia está relacionado com as causas de suspensão e resolução do negócio jurídico.
Condição, termo e encargo
A condição subordina a eficácia de um negócio jurídico a um evento futuro e incerto. Futuro e incerto é o evento que ainda acontecerá, mas as partes não têm ciência do dia da sua ocorrência. Isso pode acontecer porque as partes dependem de um fato alheio à sua vontade, como um fenômeno natural ou a vontade de um terceiro.
A condição pode ser suspensiva ou resolutiva. A condição suspensiva impossibilita a produção dos efeitos até que o evento futuro e incerto seja realizado, logo, não haverá aquisição do direito antes do implemento da condição. Ex.: te darei um carro se passar na faculdade.
Por outro lado, a condição resolutiva extingue o direito após a ocorrência do evento futuro e incerto, ou seja, cessa para o beneficiário a aquisição dos direitos anteriormente garantidos. Ex.: Tirarei sua mesada quando você conseguir um emprego.
Importante ressaltar que, em promessa de doação, o bem ficará sob condição suspensiva. Caso o mesmo bem passe a ser objeto de um contrato de compra e venda com um terceiro, e a condição primeira se realizar posteriormente, este último contrato será extinto. Visa-se proteger o credor condicional, o qual não pode ver frustrada sua expectativa.
O termo subordina a eficácia de um negócio jurídico a um evento futuro e certo. O termo pode ser inicial (dies a quo) ou final (dies ad quem).
Como o termo subordina a eficácia do negócio a evento futuro e certo, perceba que aqui não há suspensão da aquisição direito, já que existe plena convicção da ocorrência do evento. Afinal, ele é certo. O próprio CC, no art. 131, dispõe que o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Exemplos de clausulas com termo: te darei esse imóvel após a morte de seu pai; te darei esse carro quando você completar 25 anos. O primeiro caso é evento certo com data incerta, pois apesar da certeza da morte, não se sabe o dia. Já na segunda hipótese existe uma data estabelecida.
O encargo consiste em um ônus que acompanha um ato de liberalidade. Ao mesmo tempo em que uma determinada pessoa obtém vantagens, ela recebe uma determinação.
Normalmente, o encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Se a cláusula contratual não for cumprida, a liberalidade pode ser revogada, por meio de ação revocatória proposta pelo seu instituidor.
Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
Simplificando:
• Condição: evento futuro e incerto;
• Termo: evento futuro e certo;
• Encargo: é um peso, um ônus atrelado a uma vantagem, ou seja, é uma cláusula geradora de obrigação para a parte beneficiária, em negócio jurídico gratuito, em favor do disponente, de terceiro ou de interesse público.
Teoria das nulidades
O ordenamento jurídico impede a proliferação de atos e negócios jurídicos ilegais ou portadores de vícios. Há duas categorias de nulidade: absoluta e relativa. Ou seja, os atos ou negócios jurídicos ou são nulos (nulidade absoluta) ou são anuláveis (nulidade relativa).
A nulidade absoluta é gerada pelo ato nulo. O ato nulo não tem valor algum, não produz efeito algum, nem em juízo ou fora dele, porque tal ato, em verdade, nunca existiu, não chega sequer a se formar, por ausência de um de seus elementos essenciais. Nessa condição, ele não pode ser ratificado. Qualquer interessado pode alegar a nulidade absoluta e o juiz, ao conhecê-la, deve declará-la de oficio.
Nesse sentido, um ponto importante a se destacar é que os atos nulos são imprescritíveis, pois a nulidade absoluta pode ser apontada a qualquer tempo. 
As hipóteses de nulidade absoluta estão dispostas no art. 166 do CC, frisando que se trata de um rol exemplificativo (conforme disposto no inciso VII):
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa*;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Observação*: qualquer cláusula que viole a lei será nula, por ex., a alteração de prazo prescricional por vontade das partes (Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes).
A nulidade relativa é gerada pelo ato anulável. Ato anulável é aquele que tendo sido praticado sem conformidade com os preceitos legais, pode ser judicialmente anulado. 
Fica a cargo da parte interessada solicitar a anulação ou não do ato anulável. Enquanto o ato não for declarado ineficaz, cumpre ressaltar que produz normalmente todos os efeitos, pois até então será tido como válido. Portanto, o ato anulável será valido enquanto não for desfeito por decisão judicial.
Diferente dos atos nulos (nulidade absoluta), que são imprescritíveis, o CC fixa prazo decadencial de 02 ou 04 anos para os atos anuláveis (nulidade relativa). A regra é que o prazo seja de 04 anos, conforme o art. 178 do CC, para os casos de coação, erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo, lesão ou atos de incapazes. Se não estiver dentre estas hipóteses do art. 178, o prazo será de 02 anos.
As hipóteses de nulidade relativa estão dispostas no art. 171 do CC, frisando que também se trata de um rol exemplificativo:
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Por fim, temos os efeitos das nulidades. Anulado o negócio jurídico, as partes serão restituídas ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Diferenças entre nulidade absoluta e relativa
1ª diferença: quanto aos legitimados para requerer a nulidade
• Nulidade absoluta (ato nulo): qualquer interessado.
• Nulidade relativa (ato anulável): apenas as partes.
2ª diferença: quanto a sanabilidade do vício
• Nulidade absoluta (ato nulo): insanável (questão de ordem pública).
• Nulidade relativa (ato anulável): sanável.
3ª diferença: quanto aos prazos
• Nulidade absoluta (ato nulo): não se sujeita a prazo prescricional ou decadencial, podendo ser requerida a qualquer tempo.
• Nulidade relativa (ato anulável): prazo decadencial de 02 ou 04 anos.
4ª diferença: quanto ao reconhecimento de ofício
• Nulidade absoluta (ato nulo): juiz pode reconhecer.
• Nulidade relativa (ato anulável): juiz não pode reconhecer, porém, as partes podem sanar.
Vícios do negócio jurídico
O estudo dos vícios do negócio jurídico segue a classificação adotada pela doutrina tradicional, a qual os subdivide em vícios de consentimento e sociais. São víciosde consentimento o erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão. Por sua vez, são vícios sociais a simulação e a fraude contra credores.
Estado de perigo
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de se salvar, ou pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Frisa-se que tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá, segundo as circunstâncias respectivas.
O estado de perigo possui 03 requisitos: (1) deve correr perigo de vida o próprio contratante, um familiar ou um amigo íntimo, ressaltando que deve ser um perigo de vida real e imediato (assina ou morre); (2) deve haver dolo de aproveitamento, ou seja, o perigo de vida tem que ser conhecido pela outra parte, que tem dolo de se aproveitar da situação; (3) deve a obrigação ser excessivamente onerosa.
Lesão
Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Frisa-se que a desproporção das prestações é apreciada segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
A lesão possui 03 requisitos: (1) extrema necessidade de celebrar o contrato, ou celebrá-lo por inexperiência; (2) deve haver o aproveitamento, ressaltando que não há necessidade do dolo de aproveitamento (ter a ciência), bastando se aproveitar, porém, se houver o dolo, não deixa de ser configurada a lesão; (3) deve haver desproporção entre as prestações.
Erro
O erro é o equívoco que provém de uma percepção enganosa a respeito de uma pessoa, direito ou um objeto de uma relação. Erro é, portanto, um falso conhecimento da realidade.
O erro pode ser essencial/substancial ou acidental e o que deve ser aqui ressaltado é que o erro que torna o negócio jurídico anulável é o essencial. Isto porque o erro acidental é aquele que não é a causa determinante do negócio jurídico, de forma que o sujeito celebraria o negócio de qualquer maneira; portanto, no erro acidental, o erro é válido.
Por sua vez, o erro essencial é aquele que é a causa determinante do negócio jurídico, ou seja, o sujeito só celebrou aquele negócio porque estava em erro. Dessa forma, o erro essencial torna o negócio jurídico anulável.
Observação: no erro, o beneficiário não concorre para a formação da vontade da vítima.
Dolo
O dolo é a intenção deliberada de ludibriar alguém no negócio jurídico visando auferir vantagens. Trata-se de um artifício praticado por um dos contratantes para obter vantagem, em face de prejuízo do outro.
O que diferencia o dolo do erro é a postura do beneficiário. No erro, conforme vimos no tópico anterior, o beneficiário não concorre para a formação da vontade da vítima. Já no dolo, o beneficiário concorre para a formação da vontade.
Assim como no erro, o dolo também pode ser essencial (é a causa do negócio jurídico) ou acidental (não é a causa determinante, celebraria de qualquer maneira). O dolo que torna o negócio jurídico anulável é o essencial. No dolo acidental, o negócio ainda será válido. Todavia, diferente do que ocorre no erro, no dolo, tanto essencial (negócio jurídico anulável), quanto acidental (negócio será válido), devido a má-fé, há necessidade de recompensar pelas perdas e danos.
Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio ou reclamar indenização.
Coação
A coação é o relevante receio/temor causado por uma parte à outra, visando a realização de um negócio jurídico contra a sua vontade. A coação pode ser física ou moral. 
Para ilustrar a coação física (também chamada de vis absoluta), imagine-se uma pessoa totalmente amarrada, inerte, sendo forçada a assinar/celebrar um negócio jurídico. Este tipo de coação não é vício de vontade, já que não há, de fato, vontade. Dessa forma, a coação física acarreta a inexistência do negócio jurídico (afinal, não há um dos requisitos de existência: vontade/consentimento).
Por sua vez, a coação moral (também chamada de vis compulsiva) tem como características a pressão ou ameaça exercidas contra uma pessoa, seus bens, sua honra e dignidade, e pode também ser exercida contra pessoas da família da vítima ou bastante próximas a ela, para que assine/celebre um negócio jurídico. Assim, a pessoa efetua o negócio jurídico sem a sua livre expressão de vontade (Ex.: uma pessoa é constrangida a fazer uma doação porque foi ameaçada de morte).
Frisa-se que, assim como no estado de perigo, tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá, segundo as circunstâncias respectivas, se houve ou não coação.
Ao se apreciar a coação, serão levados em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
A coação possui 03 requisitos: (1) o beneficiário impõe à vítima um perigo iminente; (2) trata-se de mal certo e determinado; (3) trata-se de mal injusto.
Observação: não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Fraude contra credores
Denomina-se fraude contra credores a atuação maliciosa do devedor que, encontrando-se em insolvência ou na iminência de se tornar insolvente, começa a dispor de seu patrimônio de modo gratuito (doação ou remissão de dívidas) ou oneroso (compra e venda), com objetivo de não responder por obrigações assumidas anteriormente à transmissão. Em palavras mais simples, fraude contra credores decorre de uma transferência de bens, realizada pelo devedor, com objetivo de dificultar o adimplemento de suas obrigações.
Mas quando uma transferência de bens configura fraude? Dependerá se a transferência é gratuita ou onerosa. Isto porque na transferência gratuita, o único requisito para configurar a fraude contra credores é a insolvência. Portanto, transferiu bens gratuitamente estando insolvente, estará configurada a fraude contra credores.
Por outro lado, na transferência onerosa, deve haver 02 requisitos para se configurar a fraude contra credores: eventus damni (requisito objetivo) e consilium fraudis (requisito subjetivo). O primeiro requisito (eventus damni) diz respeito à insolvência, o devedor se tornou insolvente em virtude da alienação do bem de sua propriedade para terceiro. Frisa-se que estado de insolvência não precisa ser de conhecimento do devedor. 
Já o segundo requisito (consilium fraudis) diz respeito ao conluio fraudulento, uma vez que alienante e terceiro adquirente têm ciência do prejuízo que causarão ao credor em vista da alienação de bens que garantiriam o adimplemento da obrigação assumida. Frisa-se que a boa-fé do adquirente impede a caracterização do consilium fraudis, que é requisito essencial para ajuizamento da ação paulina (a estudaremos no tópico seguinte).
Os requisitos objetivo e subjetivo devem ser provados pelo credor para que seu pedido seja procedente, e assim ser declarada a ineficácia relativa do negócio jurídico fraudulento firmado entre as partes.
Imaginemos um exemplo de um jogador de futebol insolvente, que vende um apartamento a terceiro, com o intuito de não adimplir certa obrigação que possui com determinado credor. Então, configura-se a fraude. Mas o que o comprador pode fazer para adquirir o bem sem constituir fraude? Tem que pagar o preço de mercado, depositar em juízo e citar todos os interessados.
Ação pauliana
Com a configuração da fraude, seja gratuita ou onerosa, haverá a anulabilidade dos bens, feita pelo credor quirografário. Este é o real credor e vai propor ação pauliana contra o devedor e seus adquirentes. Esta ação irá anular os negócios, fazendo com que os bens alienados retornem ao patrimônio do devedor, para garantir o adimplemento da obrigação assumida.
O meio para reconhecimento da fraude contra credores é a ação pauliana, também chamada de revocatória, que tem por finalidade a aplicação do princípio da responsabilidade patrimonial do devedor, restaurando-se aquela garantia dos seus bens em favor de seus credores. Nãotem o condão de anular o ato fraudulento, mas proclama a sua ineficácia relativa, tornando-o inoponível ao credor fraudado, o qual poderá agir, na defesa do seu crédito, sobre o bem ou bens transferidos do patrimônio do devedor para o de terceiro, partícipe da fraude.
Os legitimados são os credores quirografários, não podendo beneficiar desta ação os que possuem garantias reais, já que têm bens determinados afetados para a quitação da dívida, e que se forem alienados permitirá ao credor exercer o direito de sequela, penhorando-o nas mãos de quem quer que esteja. Mas, se a garantia tornar-se insuficiente, poderá propô-la.

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