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8/10/2019 Manejo Reprodutivo de Ovinos e Caprinos Prof. Dr. Guilherme Costa Venturini Manejo reprodutivo “Conjunto de práticas e técnicas cujo objetivo é melhorar a eficiência produtiva, repercutindo, favoravelmente, na fertilidade, prolificidade e na sobrevivência das crias.” Nogueira et al. (2011) Brasil ainda há significativa parcela de criações que: • Mantém reprodutor ano inteiro junto das matrizes • Não fazem descarte orientado • Não observam critérios de seleção dos animais (idade, peso e condição corporal), para ingresso na reprodução Brasil ainda há significativa parcela de criações que: • Não há época ideal para cobertura, ou seja, não existe estação de monta definida Isto leva a partos distribuídos de forma irregular durante o ano com altas taxas de mortalidade maiores perdas zootécnicas e prejuízos econômicos ao produtor. 1 2 3 4 8/10/2019 Manejo reprodutivo deve enfatizar • Incremento da eficiência reprodutiva • Redução da idade ao primeiro parto • Aumento da fertilidade e prolificidade Manejo reprodutivo deve enfatizar • Redução do período de serviço e, consequentemente, do intervalo entre partos • Sobrevivência das crias ao desmame • Desmame precoce Fatores que influenciam o desempenho reprodutivo de ovinos e caprinos Puberdade e Maturidade Sexual • Fêmeas: Coincide com o aparecimento do primeiro estro clínico, acompanhado de ovulação. • Machos: Caracterizada pela liberação do pênis do prepúcio (propicia a cópula) e presença de espermatozoides móveis no ejaculado Puberdade idade em que o animal se torna sexualmente capaz de se reproduzir. (FREITAS et al., 2004) 5 6 7 8 8/10/2019 A idade em que os animais atingem a puberdade varia? • Entre raças, dentro da mesma raça e com o manejo nutricional e sanitário do rebanho. • E poderá ser influenciada pelo desenvolvimento corporal, fotoperíodo e temperatura. • As matrizes de zonas tropicais e subtropicais, a puberdade aparece, em geral, entre 5 e 12 meses de idade: “Entretanto, a ocorrência do primeiro estro em raças de climas tropicais é mais dependente do peso corporal do que da idade” Nogueira et al. (2011) Verificando a puberdade de algumas raças via idade e peso Média geral 302 dias com 25 kg Média geral: 237,41 dias com 25,5 kg Mas, ao alcançar a puberdade • Os animais podem ainda, não apresentar desenvolvimento corporal e maturidade sexual compatíveis para exercerem a vida reprodutiva em sua plenitude • Portanto, foi verificado que a maturidade sexual é atingida quando o peso corporal for ~70% do peso do animal adulto (SALLES et al., 2001) Então, cuidado: Fêmeas cobertas antes de atingirem peso mínimo poderão ter o desenvolvimento corporal comprometido. Dessa forma Atenção na cobertura de fêmeas jovens, em relação a idade e peso inadequados 9 10 11 12 8/10/2019 Outra coisa é que: Não há classificação das raças caprinas e ovinas quanto a precocidade reprodutiva Mas, alguns animais podem atingir a puberdade com menor idade. Principalmente: Fêmeas jovens de cruzamento simples Heterose Apresentam melhor desempenho do que as de raças puras • Animais de parto duplo apresentam menor peso ao nascer do que animais de parto simples. • Diferença aumenta ainda mais, durante o período de aleitamento competição entre as crias gemelares para obtenção do leite materno ATRASO NA PUBERDADE (SÁ; SÁ, 2003) Outro aspecto de precocidade reprodutiva O que fazer? Creep-feeding na fase de aleitamento a diferença de peso entre animais de parto simples e duplo tende a diminuir. Então, levar em consideração para a precocidade reprodutiva NA PRÁTICA • PUBERDADE FISIOLÓGICA • FÊMEAS CAPRINAS 6 A 8 MESES • FÊMEAS OVINAS 7 A 10 MESES • MACHOS CAPRINOS 4 A 5 MESES • MACHOS OVINOS 4 A 6 MESES • PUBERDADE ZOOTÉCNICA • FÊMEAS PESO CORPORAL DE 65-70% DO PESO DO ANIMAL ADULTO • MACHOS CAPRINOS PESO CORPORAL DE 12-15kg • MACHOS OVINOS PESO CORPORAL DE 22-28kg Nogueira et al. (2011) Ciclo estral e estro • Cabras classificadas como: Curtos (duração < 17 dias), normais (duração entre 17 e 24 dias) ou longos (duração > 24 dias). • Ovelhas: Duração média de 17 dias, podendo variar de 14 a 21 dias Período compreendido entre estros consecutivos 13 14 15 16 8/10/2019 Normalmente, os caprinos e ovinos explorados em regiões de clima tropical • Apresentam ciclos estrais • Continuamente ao longo do ano POLIÉSTRICOS CONTÍNUOS. • Em regime de exploração extensiva, quando os animais são mantidos em pastagem nativa, verifica-se: • Época de maior atividade sexual coincidindo com o período chuvoso • Possivelmente devido maior disponibilidade de forragem. Durante o estro, as fêmeas apresentam • Inquietação • Movimento da cauda (laterais rápidos) • Urina e berra com frequência • Procura se aproximar do macho • Vulva edemaciada (inchada) e hiperêmica • Corrimento de muco pela vagina de aspecto aquoso (início) e denso (final do estro). De modo geral, caprinos e ovinos • Período do estro apresenta duração média de 36h, com uma amplitude de 24 a 48h. • Nesse período, as fêmeas apresentam redução do apetite. Importância em identificar corretamente fêmeas com primeiros sinais de estro para inseminação artificial ou monta controlada no momento mais adequado objetivando a maximização da fertilidade ao parto Portanto, em geral, o ciclo estral: • Ovelhas 18 dias • Varia de 14 a 19 dias • Duração ESTRO ao redor de um dia a um dia e meio (24 a 36 horas). • Cabras 21 dias • Varia de 17 a 24 dias • Duração ESTRO ao redor de um dia e meio a dois dias (36 a 48 horas). 17 18 19 20 8/10/2019 Anestro pós-parto e intervalo entre partos • Desempenho produtivo pode ser avaliado: Nº de crias desmamadas por fêmea por ano Esta associada à capacidade das fêmeas restabelecer atividade ovariana e uterina durante o anestro pós-parto. Depende da frequência de partos Restabelecer atividade ovariana e uterina - Durante o pós-parto • RESTAURAR Reservas corporais utilizadas na fase de gestação e lactação o mais rápido possível: • Assim, o animal seria capaz de suportar a próxima fase reprodutiva e futura gestação. • O grau de recuperação das reservas corporais poderá: AFETAR AS TAXAS DE FERTILIDADE E NATALIDADE DO REBANHO O anestro pós-parto também poderá ser influenciado: • Estação do ano • Ordem de parto • Tipo de nascimento • Regime de amamentação das crias • Escore corporal • Nutrição das matrizes (NOGUEIRA; FREITAS, 2000) “Se destaca como um dos principais fatores que afetam a saída do anestro e o aparecimento do estro em fêmeas no pós-parto” Nutrição das matrizes Estação do Ano • Pode influenciar diretamente o desempenho reprodutivo explorações extensivas: • Fêmeas quando mantidas em pastagem nativa, apresentam no período chuvoso maior atividade sexual. (NOGUEIRA et al., 2008). 21 22 23 24 8/10/2019 Estação do Ano • Comportamento estral é desencadeado em poucos dias, logo após o início das primeiras chuvas: • Este fato pode estar relacionado com a irradiação solar e maior oferta qualitativa e quantitativa de forragem durante esse período. (NOGUEIRA et al., 2008). Desta forma • A época dos partos tem sido demonstrada como um dos fatores que afetam a duração do anestro pós-parto. Ordem de parto • Não é considerado fator decisivo para o restabelecimento da atividade reprodutiva durante o anestro pós- parto, entretanto: Fêmeas pluríparas, em geral, apresentam anestro pós-parto mais curto do que fêmeas de primeira ordem de parto. Isso pode estar relacionado • Maior habilidade materna • Desenvolvimento do tecido secretor da glândula mamária • Mais rápida involução uterina nas fêmeas que já pariram mais de duas vezes. 25 26 27 28 8/10/2019 Tipo de nascimento • Refere-se ao número de crias nascidas por fêmea parida • Classificado como simples, para o nascimento de uma cria, ou múltiplo, para onascimento de dois ou mais produtos. Tipo de nascimento Regime de amamentação das crias • Diversos autores relatam que: Anestro pós-parto mais curto que aquelas em regime de amamentação contínua Matrizes com suas crias submetidas a regime de amamentação controlada apresentaram Intervalo médio (dias) entre parto e 1º estro pós parto com diferentes amamentações 29 30 31 32 8/10/2019 Manejo geral para maior produtividade reprodutiva • Escrituração zootécnica • Descarte orientado • Seleção de matrizes e reprodutores • Estação de monta • Biotécnicas aplicadas à reprodução de ovinos e caprinos Escrituração Zootécnica • Permite: • Conhecer o desempenho do rebanho e dos animais • Suas características e seus problemas • Auxilia como base para tomada de decisões seleção e descarte. Apesar de ser importante e indispensável em toda exploração animal, ainda não é prática rotineira para vários produtores. Descarte orientado • Prática realizada todo ano, especialmente nas regiões que apresentam longos períodos de seca • Recomenda-se: Percentual de animais descartados, a cada ciclo seja de 15 a 20% do rebanho. 33 34 35 36 8/10/2019 De modo geral, os critérios a serem observados no descarte orientado são: • REBANHO LEITEIRO: • Produção total de leite • Período de lactação • Pico de lactação • Qualidade do leite • REBANHO CARNE: • Escore corporal • Ganho de peso vivo • Rendimento de carcaça Além desses critérios Descarte de reprodutores • Ausência de um testículo e testículos pequenos • Testículos duros ou muito molde (Degeneração testicular) • Presença de Hérnia • Queixo curto (ágnata) ou comprido (prognata) • Baixa atividade sexual • Animais muito velhos e com defeitos graves nos cascos Descarte de matrizes • Abortos frequentes • Baixa fertilidade (pare pouco) • Agnatas e prognatas • Baixa capacidade para criar • Doenças crônicas (mastite) • Úbere perdido Seleção de reprodutores e matrizes • O que considerar? • Padrão racial dos animais • Bom desempenho ponderal • Boa condição corporal • Ausência de doenças infecciosas 37 38 39 40 8/10/2019 Seleção de reprodutores e matrizes • O que considerar? • Ausência de defeitos congênitos e hereditários • Ausência de problemas no sistema locomotor • Fêmeas boa habilidade materna e produção de leite suficiente para cria • Machos testículos simétricos, consistência firme, boa libido e aspecto dominante Escolha dos Reprodutores • Animal apresenta padrão racial característico da raça escolhida • Dois testículos do mesmo tamanho (carneiros mínimo 32 cm e bodes mínimo 28 cm) • Testículo forma ovoide e com consistência normal Escolha dos Reprodutores • Boa atividade sexual e fertilidade • Comprar animais entre a 1ª (1 ano) e 3ª (2,5-3,5 anos) muda dentaria, com conhecimento da descendência e avaliação genética • Sem defeitos ou doenças Escolha das matrizes • Padrão racial da raça escolhida • Evitar fêmeas com defeitos ou doenças • Bom desenvolvimento corporal • Úbere normal; bem formado e bem inserido (bem fixado ao corpo, livre de caroços, linfonodos, devendo-se evitar mamas pendulosas. 41 42 43 44 8/10/2019 • Boa fertilidade, produção leiteira, aptidão para criar • Gestação e parição normais • Comprar fêmeas que tenham alcançado puberdade e maturidade sexual • Fêmeas que tenham feito no máximo a 3ª muda dentária Escolha das matrizes Estação de monta • Prática de fácil utilização e baixo custo • Permite planejamento para épocas adequadas de nascimento visando maiores: • Sobrevivência da cria • Produção de cordeiros e cabritos • Facilita o sistema de comercialização Estação de monta • Facilita execução de programas melhoramento genético • Mas para tal, é necessário, que: • Fêmeas e machos sejam mantidos em alojamento ou piquetes separados Visando evitar ocorrência de coberturas indesejadas Quando realizada pela primeira vez, recomenda-se • Estação de monta com duração de 60 a 63 dias para cabras e de 48 a 51 para ovelhas • Esses períodos permitem utilizar três ciclos estrais dessas espécies • Dando maior chance para se obter sucesso à cobertura. (FONSECA, 2006). Como vimos em média, as cabras e as ovelhas têm ciclos estrais a intervalo de 21 e 17 dias, respectivamente. 45 46 47 48 8/10/2019 MONTA NATURAL NÃO CONTROLADA • SISTEMA EXTENSIVO acarreta grandes problemas no controle zootécnico do rebanho e desgaste do reprodutor: • Reprodutor utilizado livremente sem controle e usado tanto para detectar cio ou estro, como para realizar a cobertura propriamente dita. • Dentro do rebanho, o reprodutor cobre as mesmas fêmeas mais de uma vez e se desgasta facilmente. • Também se observa, nessas situações: • Maior atenção ou estímulo por determinadas fêmeas, deixando-se de identificar o cio de outras. • Nessas condições, um reprodutor serve apenas: • 25 A 30 FÊMEAS por estação de monta MONTA NATURAL NÃO CONTROLADA MONTA NATURAL CONTROLADA • COBRIÇÃO A CAMPO COM CONTROLE DE PATERNIDADE • Lotes divididos com reprodutor junto as fêmeas durante 25 a 30 dias. • Reprodutor utilizado de modo controlado, não desgastando o mesmo. Rufião é colocado em contato com as fêmeas e identifica as que estão em estro. MONTA NATURAL CONTROLADA • Estas são marcadas após 10 a 12h são levadas para o reprodutor para acasalamento. • Macho não é usado desnecessária e exaustivamente. • Com isso, um reprodutor pode servir de 60 A 70 FÊMEAS por estação reprodutiva. 49 50 51 52 8/10/2019 Rufiões • Deverão ser usados por um período de 3 a 4 anos. • Utilização em três formas: • Utiliza-se tinta marcadora no peito dos animais ao saltarem sobre as fêmeas, estas ficam identificada. • Observa-se diretamente a rufiação em apriscos ou piquetes realizada 2 vezes ao dia, no início da manhã e no final da tarde, durante no mínimo 30 min. • Mesclar as duas anteriormente descritas, em que os rufiões são expostos às fêmeas no final da tarde, permanecendo com estas até a manhã do dia seguinte. MANEJO REPRODUTIVO – Quantos partos? EM NASCIMENTO EM NASCIMENTO EM NASCIMENTO Portanto, Intervalo entre partos recomendada 53 54 55 56 8/10/2019 Biotécnicas aplicadas à reprodução de caprinos e ovinos • Diagnóstico precoce de prenhez • Inseminação artificial • Sincronização do estro e indução da ovulação • Múltipla ovulação e transferência de embriões (MOTE) Diagnóstico precoce de prenhez • EXAMES LABORATORIAIS mensuração de hormônios esteroides • Sulfato de estrona (detectado 40 a 50 dias pós-cobertura) • Progesterona (avaliada 19 a 23 dias pós- cobertura) • Realizada pela técnica de radioimunoensaio, em amostras de sangue, leite e urina. Diagnóstico precoce de prenhez • EXAMES LABORATORIAIS mensuração de hormônios esteroides • Presença de progesterona elevada no sangue ou no leite: Indica a existência de um corpo lúteo funcional Esta condição também pode levar a falso positivo em casos de hidrometra, piometra e mumificação fetal. (FREITAS; SIMPLÍCIO, 1999). Diagnóstico precoce de prenhez • PALPAÇÃO ABDOMINAL mais fácil realizar: • À medida que a gestação avança e, • Em animais magros quando comparados com obesos. • ULTRASSONOGRAFIA boa acurácia • A partir do 40º dia, quando usado por via transabdominal, e entre o 24º e o 34º dia pós- cobertura ou IA, quando usado por via transretal 57 58 59 60 8/10/2019 Inseminação Artificial • Traz adicional ganho genético por geração, bem como, controle sanitário • Com o método de tração cervical é possível a deposição intrauterina do sêmen em 100% das cabras. • Pela morfologia da cérvix uterina (longa, fibrosa e tubular), a laparoscopia continua sendo a técnica preferida para ovelhas. (NOGUEIRA et al., 2008) Sincronização do estro e indução da ovulação • Aumento da prolificidade aumento em mais de 45% de cabritos ou borregos em épocas mais favoráveis. • Sincronizaçãode estro pode ser efetivamente alcançada pela: Redução da duração da fase lútea do ciclo estral com: PROSTAGLANDINA ANÁLOGOS SINTÉTICOS (CLOPROSTENOL) Múltipla ovulação e transferência de embriões (MOTE) • Potencializa a eficiência reprodutiva do rebanho e reduz a sazonalidade na oferta de cabritos ou borregos para o mercado. • Maior nº de crias/fêmea/ano, podendo estas, a cada 3 meses ser novamente superovuladas, cobertas e submetidas à colheita de embriões. • Viabilidade na rotina somente se estiver atrelada a práticas gerenciais e a programas de melhoramento genético. 61 62 63
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