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Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 621 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR Lesões do manguito rotador* Rotator cuff injuries* RONALDO PERCOPI DE ANDRADE1, MÁRIO ROBERTO CHAVES CORREA FILHO2, BRUNO DE CASTRO QUEIROZ2 * From Hospital Madre Teresa, of Belo Horizonte, MG (HMTBH-MG), Brazil. 1. Shoulder and Elbow Surgeon; Head Instructor, Residência Médica de Orto- pedia e Traumatologia, HMTBH-MG, Brazil. 2. Shoulder and Elbow Surgeon, HMTBH-MG, Brazil. ABSTRACT Rotator cuff lesions represent a large group of diseases, ranging from acute tendinitis to all-components massive injury. There is a high prevalence, ranging from 7% to 40%, which increases with age. Literature shows a real possibility of evolution from partial lesions. Still unclear, the etiology is believed to be multifactorial, resulting from avascularity, from age, or from eccentric loading, all those factors leading to fiber failure and consequent functional reduction. This reduction would yield a humeral head rise, leading to secondary impingement at subacromial region. Internal impingement seems to be another disease com- ponent. With technological advancement of diagnostic methods, partial lesions have been more precisely detect- ed, as chronic lesions prognosis is determinated by their pattern and muscle fatty degeneration. Arthroscopy has brought a significant contribution for better understand- ing of lesions, correction of existing defects and associat- ed intra-articular lesions. Rotator cuff arthropathy is still an ill-defined entity, with no adequate treatment method as yet. Key words – Shoulder; rotator cuff; lesion * Trabalho realizado no Hospital Madre Teresa, de Belo Horizonte, MG (HMTBH-MG). 1. Cirurgião de Ombro e Cotovelo; Preceptor Chefe da Residência Médica de Ortopedia e Traumatologia do HMTBH-MG. 2. Cirurgião de Ombro e Cotovelo do HMTBH-MG. Endereço para correspondência (Correspondence to): Av. Bernardo Monteiro, 1.440, ap. 1.201 – 30150-281 – Belo Horizonte, MG, Brazil. Tels.: +55 31 3273-3246/ 3261-6344. E-mail: percopi@yahoo.com.br Copyright RBO2004 ATUALIZAÇÃO / UPDATE RESUMO As lesões do manguito rotador representam um espec- tro de doenças que vão de uma tendinite aguda a uma lesão maciça comprometendo todos seus componentes. Sua prevalência é alta e varia de 7 a 40%, aumentando de acor- do com a idade. A literatura mostra uma possibilidade real de evolução das lesões parciais. Sua patogênese é ainda obscura, mas acredita-se que ela seja multifatorial, resul- tando de avascularidade, idade ou carga excêntrica, fato- res que levam à falência de suas fibras e conseqüente di- minuição funcional. Esta predisporia a ascensão da cabeça umeral, levando a impacto secundário na região subacro- mial. O impacto interno parece ser mais um componente da afecção. Com o avanço tecnológico dos métodos de diag- nóstico, passaram-se a detectar, com mais precisão, as le- sões parciais, da mesma forma que se determina o prog- nóstico das lesões crônicas por meio de seu padrão e da degeneração gordurosa da massa muscular. A artrosco- pia trouxe contribuição significativa pela possibilidade de permitir o melhor entendimento das lesões, de corrigir os defeitos existentes e lesões intra-articulares associadas. A artropatia do manguito continua sendo uma patologia mal- entendida e não há ainda um método adequado de trata- mento. Unitermos – Ombro; manguito rotador; lesão R.P. ANDRADE, M.R.C. CORREA FO & B.C. QUEIROZ 622 Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 INTRODUÇÃO As lesões do manguito rotador constituem uma causa fre- qüente de dor no ombro em pessoas de todas as idades. Essa condição patológica representa um espectro de doenças, que varia de uma tendinite aguda reversível até uma lesão maciça envolvendo todos os seus componentes. O grande número de publicações sobre o assunto tem de- monstrado dois aspectos fundamentais: o reconhecimento da grande complexidade anatômica e funcional do ombro e a conceituação da doença do manguito rotador como uma sín- drome que engloba um conjunto de sinais e sintomas, relacio- nados não somente ao arco coracoacromial e ao impacto suba- cromial, mas também a outras estruturas e eventos, como o impacto interno, o labrum glenoidal e as instabilidades gle- noumerais(1,2,3). ANATOMIA FUNCIONAL O manguito rotador (MR) é formado por quatro músculos que se originam na escápula e se inserem nos tubérculos do úmero (supra-espinhoso, infra-espinhoso, redondo menor e subescapular). Seus tendões tornam-se confluentes entre si e a cápsula articular quando se aproximam de suas inserções. O MR trabalha como unidade combinada para estabilizar a ca- beça do úmero na cavidade glenóide; o adjetivo rotador pode- ria perfeitamente ser substituído por compressor, provavel- mente o componente mais importante entre as suas múltiplas funções. Ele comprime a cabeça umeral contra a glenóide, au- mentando a estabilidade, resistindo ao deslizamento e à trans- lação da mesma (nos sentidos ântero-posterior e ínfero-supe- rior), permitindo ainda alguma rotação em torno dos seus três maiores eixos (ântero-posterior, médio-lateral e diáfiso-ume- ral), isoladamente ou em conjunto. Nas amplitudes médias de movimento, todos os estabilizadores estáticos da articulação glenoumeral estão relaxados e, nesta situação, a estabilidade articular é quase que exclusivamente garantida pelo MR(2,3). O efeito compressivo exercido pelo MR é relativamente in- dependente da posição em que se encontra a articulação, em- bora nos movimentos de deslizamento e translação sua fun- ção se alterne. Em abdução e rotação neutra, o infra-espinhoso é depressor da cabeça umeral, mas em abdução e rotação ex- terna, ele se torna elevador. O infra-espinhoso, juntamente com o redondo menor, são os únicos rotadores externos(2,3,4,5). O subescapular é depressor mais efetivo em rotação exter- na. Tem pouco efeito na translação ântero-posterior em abdu- ção e rotação externa, sendo importante rotador interno nos últimos graus desse movimento. INTRODUCTION Rotator cuff lesions are a frequent cause of pain shoulder in all age groups. This pathological condition represents a broad disease spectrum, ranging from acute, reversible ten- dinitis, to a massive lesion involving all components. A large number of publications on the subject has shown two fundamental aspects: the recognition of high shoulder anatomical and functional complexity, and the concept of rotator cuff disease as a syndrome encompassing a group of signs and symptoms not only related to coracoacromial arch and subacromial impingement, but also to other structures and events such as internal impingement, glenoid labrum, and glenohumeral instabilities(1,2,3). FUNCTIONAL ANATOMY The rotator cuff (RC) is formed by four muscles that orig- inate from the scapular bone, inserting on the humerus tu- berosity (supraspinatus, infraspinatus, teres minor, and sub- scapularis muscles). Their tendons are confluent and merge to the joint capsule at the attachment site. The RC functions as a combined unit to stabilize the humeral head within the glenoid cavity; the adjective rotator could perfectly be re- placed by compressor – probably the most important com- ponent among its multiple functions. The rotator cuff in- creases stability by compressing the humeral head against the glenoid cavity, resisting to anteroposterior and infero- superior lateral displacement and translation, and still al- lowing some rotation around its three major axis (antero- posterior, mid-lateral, and diaphyseal-humeral), either isolated or conjointly. At mid range of motion, all gleno- humeral joint static stabilizers are relaxed, and joint stabil- ity is almost exclusively yielded by the RC(2,3). The compressive effect exerted by RC is relatively inde- pendent from the joint position, despite the function recip- rocates during displacement and translation. In abduction and neutral rotation, the infraspinatus muscle is a humeral head depressor; conversely, during abduction and externalrotation, the infraspinatus muscle is a head elevator. In- fraspinatus, along with teres minor muscle, are the only ex- ternal rotators(2,3,4,5). The subscapularis muscle is most effective during exter- nal rotation. It has little effect upon anteroposterior trans- lation during abduction and external rotation, despite be- ing an important internal rotator at the last degrees of such motion. Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 623 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR O supra-espinhoso é importante estabilizador e compres- sor da cabeça umeral e está ativo em qualquer movimento envolvendo a elevação do membro superior(2,3,4,5,6). A eletroneuromiografia dinâmica mostrou que os múscu- los do MR e o deltóide são ativos em todo arco de flexo-abdu- ção, parecendo que os primeiros agem para contrapor-se às forças de cisalhamento geradas pelo músculo deltóide. Esse efeito combinado da ação sinérgica do MR gera um efeito com- pressivo da cabeça umeral contra a glenóide(7). O MR também se beneficia das ações de outros músculos no desempenho de suas funções, ou por sinergia ou pela cria- ção de um ambiente biomecânico mais adequado. A função do deltóide demonstra claramente esse fenômeno. No início da elevação, com o membro superior em adução, a sua con- tração produz uma força de cisalhamento em direção cranial. O deltóide ântero-lateral, pela direção de suas fibras contor- nando o tubérculo maior, cria uma força que se opõe à pri- meira e aumenta o efeito compressivo e a estabilidade gle- noumeral. A criação de melhor ambiente biomecânico é exemplificada pela ação dos estabilizadores da escápula, que permitem a sua rotação superior no plano coronal durante a elevação do membro superior e previnem contato anormal do tubérculo maior e do manguito rotador com o arco coraco- acromial(2,3,4,5,6). PREVALÊNCIA E HISTÓRIA NATURAL Estudos em cadáveres, nos quais a correlação com sinto- mas ou fatores demográficos não pode ser feita, mostraram que a prevalência de lesões transfixantes do manguito rotador varia entre 7 e 40% e que as lesões parciais são mais comuns que as totais(1,2,4,8). Loeher e Uhthoff, em 306 ombros de 153 cadáveres, en- contraram 32% de lesões parciais e 19% de totais(9). Fukuda, em 249 cadáveres, encontrou 13% de lesões parciais e 7% de totais; das lesões parciais, 2,4% eram na parte bursal do ten- dão, 7,2% intratendinosas e 3,6% na parte articular(10). Estudos clínicos mostraram que as lesões na superfície ar- ticular são duas a três vezes mais comuns que na superfície bursal(11,12,13). As lesões intratendinosas são menos freqüentes, compro- metendo 7,9 a 13,6% nas séries de Fukuda e de 25,6% na de Wright e Cofield(10,14). A aparente pobreza de publicações sobre as lesões intra- tendinosas é devida à dificuldade de diagnóstico. Em razão disso, os relatos de distribuição de cada tipo de lesão por certo não refletem o verdadeiro grau de ocorrência. Supraspinatus muscle is an important humeral head sta- bilizer and compressor, which is consistently active during any motion involving the upper limb elevation(2,3,4,5,6). Dynamic electromyography has showed that RC and del- toid muscles are active during all flexion-abduction arch of motion; the former seem to counteract lateral displacement forces generated by the deltoid muscle. Such effect, com- bined with RC synergistic action, generates a compressive effect of the humeral head against the glenoid(7). RC also benefits from the actions of other muscles when performing their functions, either by synergy or by the cre- ation of a more adequate biomechanical environment. The deltoid muscle function clearly demonstrates this phenome- non. When elevation is started, with the upper limb in ad- duction, its contraction produces a lateral displacement force towards cranial direction. The anterolateral deltoid muscle fibers around the greater tuberosity create a force that is opposed to the former, increasing the compressive effect, and enhancing glenohumeral stability. The creation of an improved biomechanical environment is exemplified by the action of scapular stabilizers, which allow scapular upper rotation at the coronal plane during the upper limb eleva- tion, preventing an abnormal contact between greater tu- berosity and rotator cuff with the coracoacromial arch(2,3,4,5,6). PREVALENCE AND NATURAL HISTORY Studies in corpses, where symptom or demographic fac- tor correlation cannot be made, have showed that preva- lence of transfixing rotator cuff lesions ranges from 7% to 40%, and that partial lesions are more common than total lesions(1,2,4,8). Loeher and Uhthoof, in 306 shoulders from 153 cadav- ers, found 32% of partial lesions and 19% of total lesions(9). Fukuda, in 249 cadavers, found 13% of partial lesions and 7% of total lesions; of partial lesions, 2.4% were at the bur- sal part of the tendon, 7.2% were within the tendon, and 3.6% at the articular portion(10). Clinical studies have showed that lesions at the articular surface are two to three times more common than those le- sions at the bursal surface(11,12,13). Intratendinous lesions are less frequent, appearing from 7.9% to 13.6% in Fukuda’s series, and 25.6% in Wright and Cofield series(10,14). The apparent paucity of publication on intratendinous lesions is due to diagnostic difficulty. For that reason, re- ports on the distribution of each lesion type certainly do not reflect the real grade of occurrence. R.P. ANDRADE, M.R.C. CORREA FO & B.C. QUEIROZ 624 Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 Como as lesões podem ser assintomáticas, esta seria outra possibilidade de erro de avaliação. Sher et al, utilizando res- sonância magnética em 96 indivíduos assintomáticos, encon- traram lesões em 34%; naqueles com mais de 60 anos esse número subiu para 54%(13). Além das dificuldades para estabelecer a exata incidência das lesões do manguito e suas características, pouco se sabe de sua história natural. Yamanaka e Matsumoto seguiram com artrografia 40 le- sões articulares do supra-espinhoso durante dois anos: 10% desapareceram, 10% diminuíram e 80% aumentaram ou evo- luíram para lesão completa(15). Quando e por que lesões assintomáticas se tornam sinto- máticas é outro desafio também a ser esclarecido. Lashgari e Yamaguchi estudaram com ultra-sonografia bilateral um gru- po de 45 pacientes com rupturas assintomáticas. Numa revi- são feita com cinco anos, 51% dos pacientes se tornaram sin- tomáticos; em 39% destes houve aumento do tamanho da lesão(1). Estudos clínicos demonstraram que o desbridamento ar- troscópico de lesões parciais da superfície articular do supra- espinhoso não se mostrou eficiente, pois numa segunda ar- troscopia não havia evidências de cura(11,16,17). FISIOPATOLOGIA Na patogênese das lesões do MR a literatura define duas diferentes causas: 1) intrínseca e 2) extrínseca ou traumática. A primeira considera que a causa primária seria um proces- so degenerativo relacionado ao envelhecimento natural dos tendões (entesopatia), devido a mudanças na vascularização do manguito ou outras alterações metabólicas associadas com a idade. Segundo Neer, Codman, em 1934, foi o primeiro a descrever a “zona crítica”, uma porção do tendão do supra- espinhoso localizada a 1cm medial à sua inserção no tubércu- lo maior, na sua parte articular, como o local de maior mudan- ça degenerativa. Ele pensava que processos degenerativos em associação com trauma eram responsáveis pela ruptura do manguito(5). Sua teoria continua recebendo o suporte daque- les que consideram a lesão degenerativa como começando pelo lado articular dos tendões(1,3,9,10,11,16). Foi observado um suprimento vascular esparso na inserção do supra-espinhoso, correspondente a sua parte articular e uma rica vascularização no lado bursal(9). Autópsias em cadáveres demonstraram que a maioria das lesões ocorria no lado articular, sugerindo que as mudanças degenerativas e o suprimento vascular insuficiente eram fato- res patogênicos importantes, havendo evidências claras de Anotherpossibility of assessment error would be from asymptomatic lesions. Sher et al, employing magnetic reso- nance imaging in 96 asymptomatic individuals, found le- sions in 34% of the subjects; that number rose to 54% for those above 60 years of age(13). Little is known on the natural history, besides the difficul- ty to exactly establish the incidence of rotator cuff lesions and their features. Yamanaka and Matsumoto arthrographically followed 40 articular supraspinatus tendon lesions during two years: 10% disappeared, 10% lessened, and 80% either increased or evolved to a complete lesion(15). Another challenge to be clarified is when and why as- ymptomatic lesions become symptomatic. Lashgari and Yamaguchi studied a group of 45 patients with asymptom- atic ruptures by bilateral ultrasound. At the five-year fol- low-up, 51% of patients were symptomatic, and 39% of those patients had an increase of the lesion size(1). Clinical studies have demonstrated the inefficacy of su- praspinatus articular surface partial lesion arthroscopic de- bridement, as a second arthroscopy had not showed evi- dence of cure(11,16,17). PATHOPHYSIOLOGY Literature defines two different causes for RC lesion etio- pathology: 1) intrinsic; 2) extrinsic or traumatic. The former considers that the primary cause would be a degenerative process related to natural tendon aging (en- thesopathy), due to either rotator cuff vascularity changes or metabolic changes associated to aging. According to Neer, Codman was the first to describe, in 1934, the “critical zone” – a portion of the supraspinatus tendon located 1 cm medi- ally to its greater tuberosity insertion, corresponding to the articular part with the deepest degenerative change. He con- sidered that degenerative processes associated to trauma were responsible for rotator cuff ruptures(5). His theory is still supported by those who consider that degenerative le- sion starts at the articular aspect of the tendons(1,3,9,10,11,16). A sparse vascular supply has been observed at the su- praspinatus attachment, corresponding to the articular as- pect, with a rich vascularity at the bursal side(9). Autopsies in cadavers have demonstrated that most le- sions occurred at the articular aspect, suggesting that de- generative changes and insufficient vascular supply were important etiological factors, showing clear evidence of pre- existing degenerative changes related to aging because of microtrauma. Therefore, all those indications lead us to be- laysc Realce laysc Realce laysc Realce laysc Realce Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 625 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR preexistirem mudanças degenerativas relacionadas à idade como conseqüência de microtrauma. Portanto, todos esses in- dicativos nos levam a crer que a doença do manguito seja uma tendinopatia intrínseca causada por avascularidade, ida- de ou sobrecarga de uso(9,10,16). Para Nirschl et al, 90 a 95% das anormalidades do mangui- to são secundárias a trauma, sobrecarga em tensão ou excesso de uso(16). Em 1972, Neer descreveu que o atrito anormal entre o arco coracoacromial e os tendões seria a causa da lesão que ele denominou de síndrome do impacto subacromial. Em adição, fricção e atrito na superfície do acrômio poderiam agravar as mudanças degenerativas do manguito, conduzindo a uma le- são completa(18). Bigliani et al descreveram tipos morfológicos de acrômio (planos, curvos e ganchosos) e que as lesões eram iniciadas pelo impacto subacromial; na presença de acrômios curvos e ganchosos, a predisposição seria maior(19). A literatura atual vem mostrando que os fatores extrínse- cos, como o esporão acromial, têm papel secundário na lesão do manguito rotador e que sua etiologia, na verdade, é multi- fatorial. As alterações do manguito são devidas a fatores intrín- secos, como lesão degenerativa intra-substancial ou tendino- se, causada por avascularidade, idade ou sobrecarga excêntrica. Isso levaria à falência de suas fibras e, conseqüentemente, a diminuição funcional. Esta facilitaria a ascensão da cabeça umeral, levando-a ao impacto secundário na região subacro- mial. Como a cabeça umeral fica contida no arco coracoacro- mial, resultaria também, em decorrência, modificação estru- tural secundária no formato do acrômio(10,11,16). Recentemente, descreveram-se lesões intra-articulares se- cundárias ao impacto interno principalmente em jovens atletas arremessadores. A interação repetitiva entre a superfície in- terna do manguito e a glenóide póstero-superior seria o fator responsável por tal lesão(20,21). Walch et al e Paley et al, independentemente, descreveram a ocorrência de contato entre a superfície interna do manguito e a borda póstero-superior da glenóide quando o braço se en- contra em abdução/rotação externa e extensão. Eles concluí- ram que as mudanças observadas no manguito e labrum eram resultado de um impacto interno(20,21). O estudo original de Walch et al incluiu jogadores de vôlei e tênis e mostrou que 76% dos pacientes tinham lesões articulares e 71%, esgarça- mento do labrum póstero-superior(20). Estudos em cadáver e clínicos – durante artroscopia em vivo – demonstraram que o contato entre o manguito e a gle- nóide póstero-superior poderia ser fisiológico(22,23). lieve that rotator cuff disease is an intrinsic tendon patholo- gy caused by avascularity, aging, or overloading(9,10,16). For Nirschl et al, 90% to 95% of rotator cuff abnormali- ties are secondary to trauma, tension overloading, or over- use(16). In 1972, Neer described that abnormal attrition between the coracoacromial arch and the tendons would be the cause of a lesion that he named subacromial impingement syn- drome. In addition, friction and attrition at the acromial surface could worsen rotator cuff degenerative changes, leading to a complete lesion(18). Bigliani et al described acromial morphologic types (flat, curved, and hooked), and that lesions were triggered by sub- acromial impingement; the presence of a curved and hooked acromium would lead to higher predisposition(19). The current literature has showed that extrinsic factors, such as acromial spurs, have a secondary role in the rotator cuff lesion, and that its etiology is actually multifactorial. Rotator cuff changes are due to intrinsic factors such as intratendinous degenerative lesions or tendinosis, which are caused by avascularity, aging, or eccentric overloading. That would lead to the failure of fibers and consequent function- al reduction. This reduction would facilitate humeral head rise, leading to a secondary impingement at subacromial region. As the humeral head is contained within the cora- coacromial arch, the result would also be a secondary struc- tural change of the acromial shape(10,11,16). More recently, intra-articular lesions secondary to inter- nal impingement, mostly in young, throwing athletes, have been described. The repetitive interaction between the rota- tor cuff inner surface and the posterosuperior glenoid would be the factor responsible for that lesion(20,21). Walch et al and Paley et al independently described the occurrence of contact between rotator cuff internal surface and the posterosuperior edge of the glenoid when the arm is positioned in abduction/external rotation and extension. They concluded that rotator cuff and labrum observed changes were the result of an internal impingement(20,21). The origi- nal study from Walch et al included volleyball and tennis players, and showed that 76% of patients had articular le- sions, and 71% had posterosuperior labrum scraping(20). Clinical (during arthroscopy) and cadaver studies have demonstrated that the contact between rotator cuff and pos- terosuperior glenoid could be of physiological nature(22,23). However, with athletic activities, such physiologic con- tact could be more intense and more frequent, leading to the development of impingement and pain(24). laysc Realce laysc Realce laysc Realce laysc Realce laysc Realce R.P. ANDRADE, M.R.C. CORREA FO& B.C. QUEIROZ 626 Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 No entanto, com as atividades atléticas esse contato fisio- lógico poderia ser mais intenso e freqüente, levando com o tempo ao desenvolvimento de impacto e dor(24). Desde a descrição original, três modelos de impacto inter- no têm sido discutidos: Andrews e Dugas demonstraram que arremessadores de beisebol apresentavam, com freqüência, frouxidão da cápsu- la anterior da glenoumeral, representada clinicamente por ex- cessiva rotação externa e restrição da rotação interna, con- cluindo que o impacto interno seria atribuído a instabilidade glenoumeral nos mais variados graus(25). Segundo Paley et al, os atletas têm estiramento da cápsula anterior e isso levaria ao impacto interno, mas não reconhece- ram a contratura da cápsula posterior(21). Burkhart e Morgan demonstraram que a cápsula posterior, quando contraturada, determina uma translação imprópria da cabeça umeral, causando lesão da âncora do bíceps, e que o contato repetitivo com a superfície articular do manguito pode causar desgarro do labrum póstero-superior (peel back me- chanism), levando a delaminação junto a glenóide póstero- superior(26). Mais recentemente, tem-se tentado demonstrar que o im- pacto interno não é condição exclusiva de atletas arremessa- dores, mas que ocorre também na população em geral, duran- te o movimento de flexão provocada pelas atividades forçadas de vida diária e não apenas em abdução/rotação externa/ex- tensão. Essa seria mais uma contribuição para a patogênese da doença do manguito rotador(27). QUADRO CLÍNICO A dor é o principal sintoma. Habitualmente, ela se localiza na região ântero-lateral do ombro e face lateral do braço e sua intensidade é variável. A maioria dos pacientes se queixa de dor noturna e dificuldade ou incapacidade de deitar-se sobre o lado afetado, sendo este um aspecto muito característico e constante da doença do manguito rotador(2,3,4,5,6,7,8,10). Uma anamnese minuciosa é fundamental. O tempo de evo- lução dos sintomas e suas características, o tipo de ocupação profissional ou de prática esportiva, a história de um ou mais eventos traumáticos e tratamentos prévios (fisioterapia, infil- trações, etc.), a dominância, a idade e o sexo são informações valiosas. No exame físico são pesquisadas assimetrias das cinturas escapulares, atrofias das fossas supra e infra-espinhais, cica- trizes e deformidades da coluna cervicotorácica. A mensura- ção das amplitudes ativas e passivas dos ombros é imprescin- dível para a diferenciação com outras lesões (capsulite adesiva, Since the original description, three models of internal impact have been discussed: Andrews and Dugas demonstrated that baseball pitchers frequently presented with glenohumeral anterior capsule loosening, clinically represented by excessive external rota- tion and internal rotation restriction, reaching the conclu- sion that the internal impingement would be attributed to a variable degree of glenohumeral instability(25). According to Paley et al, athletes have anterior capsule stretching, and this would lead to internal impingement, but they have not recognized the posterior capsule contracture(21). Burkhart and Morgan demonstrated that the posterior capsule, when contractured, determines an improper hu- meral head translation, causing a biceps anchor lesion; the repetitive contact with the rotator cuff articular surface may cause a posterosuperior labrum straying (peel back mecha- nism), leading to posterosuperior glenoid stripping(26). More recently, one has attempted to demonstrate that the internal impingement is not a pitcher’s exclusive condition, but also occurring in the general population during the flex- ion motion produced by the forceful daily living activities, and not only in abduction/external rotation/extension. That would be another contribution for rotator cuff disease patho- genesis(27). CLINICAL PICTURE Pain is the main symptom. It is usually at the anterolater- al aspect of the shoulder and lateral aspect of the arm, with variable intensity. Most patients complain of night pain and difficulty or inability of lying down on the affected side, which is a very characteristic and constant aspect of the rotator cuff disease(2,3,4,5,6,7,8,10). A meticulous anamnesis is fundamental. Symptom evolu- tion period and characteristics, the kind of professional occupation or sports practice, the history of one or more traumatic events, previous treatments (physiotherapy, infil- trations, etc.), dominance, age, and sex are valuable infor- mations. On physical examination, asymmetries of the shoulder girdle, atrophy of supraspinal and infraspinal fossae, scars and deformities of cervical and thoracic spine are sought. Shoulder active and passive range of motion measurement is essential for the differentiation with other lesions (adhe- sive capsulitis, glenohumeral arthrosis, etc.) The presence of often-painful crepitus on shoulder passive rotation is also very suggestive and characteristic. Rotator cuff irritation signs can be demonstrated by several maneuvers: these in- Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 627 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR artrose glenoumeral, etc.). A presença de crepitações à rota- ção passiva do ombro, muitas vezes dolorosa, é também bas- tante sugestiva e característica. Os sinais de irritação do man- guito rotador podem ser demonstrados por diversas manobras: as de Neer, Hawkins e Yochum para o impacto ântero-supe- rior e as de Speed (palm-up test), Yergason e O’Brien para o bíceps e a âncora do bíceps. Um arco doloroso de 60o a 120o de abdução no plano da escápula é também um sinal irritati- vo. Algumas manobras permitem avaliar componentes espe- cíficos do manguito rotador: o teste de Jobe para o supra- espinhoso, os testes de Gerber (lift-off e o belly-press) e o aumento da rotação externa em abdução para o subescapular e o teste de Patte para o infra-espinhoso e o redondo menor. Os sinais da cancela (incapacidade de se manter a rotação externa máxima ativa em adução) e o “hornblow sign” – sinal do chifre caído – que é a incapacidade de se manter a rotação externa máxima ativa em abdução de 90o – demonstram le- sões dos rotadores externos e estão geralmente presentes em lesões maciças crônicas irreparáveis. O teste de Neer (injeção de 10ml de lidocaína a 1% na bursa subacromial) é uma ferra- menta valiosa na diferenciação entre bursites e lesões do su- pra-espinhoso(4,5,8). MÉTODOS DE IMAGEM As lesões do manguito rotador são avaliadas por meio de radiografias, artrografia, ultra-sonografia, ressonância mag- nética e artrorressonância magnética. As radiografias simples do ombro, embora não permitam a visualização das lesões, podem mostrar sinais indiretos importantes, tais como escle- rose e cistos do acrômio e do tubérculo maior (indicativos de impacto crônico), além da morfologia do acrômio e a medida do espaço acromioumeral (distância entre o acrômio anterior e a parte mais alta da cabeça umeral na incidência ântero- posterior, que varia de 7 a 12mm e pode estar diminuída nas lesões do manguito rotador)(8,28,29,30). A artrografia, outrora muito utilizada, permite o diagnósti- co de lesões parciais articulares e lesões completas. A ultra-sonografia é um método barato, não invasivo e efi- caz. Tem a desvantagem de não permitir a avaliação quantita- tiva fidedigna do manguito rotador remanescente e de ser ope- rador-dependente. A ressonância magnética é considerada como método mais acurado para a detecção das lesões e para a avaliação da sua extensão, da qualidade do tecido remanescente e da quantifi- cação da degeneração gordurosa dos ventres musculares do manguito rotador. O grau de degeneração gordurosa é um fa- tor prognóstico importante, devido à correlação positiva exis- clude Neer, Hawkins, and Yochum’s for anterosuperior im- pingement, and Speed (palm-up test), Yergason, and O’Brien’s for the biceps and biceps anchor tests. A painful arch from 60 degrees to 120 degrees of scapular planeabduction is also an irritative sign. Some maneuvers yield the evaluation of rotator cuff specific components: Jobe’s test serves for the assessment of supraspinatus; Gerber’s test (lift-off and belly-press) and increased external rotation in abduction for subscapularis testing; and Patte’s test for infraspinatus and teres minor testing. The lag (inability of keeping active, maximal external rotation in adduction) and the drop (in- ability of keeping active, maximal external rotation in 90 degrees of abduction) signs demonstrate external rotator lesions, and are usually present in chronic, irreparable massi- ve lesions. The Neer’s test (injection of 10 ml of 1% lidocaine in subacromial bursa) is a valuable tool for the differentia- tion of bursitis and supraspinatus lesions(4,5,8). IMAGING METHODS Rotator cuff lesions are evaluated by X-rays, arthrogra- phy, ultrasound, magnetic resonance imaging, and magnetic resonance arthrography. Despite the lack of lesion visual- ization, shoulder simple X-rays can show important indi- rect signs such as acromial and greater tuberosity sclerosis and cysts (indicating chronic impingement). The acromial morphology and acromiohumeral space measurement (dis- tance between anterior acromium and the highest part of humeral head on the anteroposterior view, which ranges from 7 to 12 mm; it can be reduced in rotator cuff lesions) can also be obtained(8,28,29,30). Formerly widely employed, the arthrography allows the diagnosis of partial and complete articular lesions. Ultrasound is a cheap, non-invasive, and effective inves- tigation method. It has the disadvantages of not allowing reliable quantitative evaluation of remaining rotator cuff, and it is operator-dependent. Magnetic resonance imaging is considered as the most accurate method for lesion detection and for extension, qual- ity of the remaining tissue, and quantification of rotator cuff muscles fatty degeneration assessment. The degree of fatty degeneration is an important prognostic factor, owing to existing positive correlation between its quantity and the size of supraspinatus rupture (regarding the infraspinatus muscle, there may be degeneration in the absence of its rup- ture). Fatty degeneration is quantified by the Goutalier clas- sification (initially proposed for the study by computerized tomography, and then adapted for magnetic resonance im- R.P. ANDRADE, M.R.C. CORREA FO & B.C. QUEIROZ 628 Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 tente entre a sua quantidade e o tamanho da ruptura do supra- espinhal (em relação ao infra-espinhal, pode haver degenera- ção na ausência de uma ruptura do mesmo). A degeneração gordurosa é quantificada pela classificação de Goutalier (pro- posta inicialmente para estudo por meio de tomografia com- putadorizada e depois adaptada para a ressonância magnéti- ca). Ela descreve cinco estágios: 0 = músculo normal, ausência de gordura; 1 = mínima infiltração gordurosa; 2 = menos gor- dura do que músculo; 3 = tanta gordura quanto músculo; e 4 = mais gordura do que músculo(8). A artrorressonância magnética, com injeção de gadolíneo diluído na articulação, é especialmente útil na detecção de lesões parciais do supra-espinhoso, do infra-espinhoso e do subescapular, de lesões labrais, da âncora do bíceps e dos li- gamentos glenoumerais(3,4,8,29). CLASSIFICAÇÃO As lesões do manguito rotador podem ser classificadas de várias maneiras: em relação à espessura (parciais ou não trans- fixantes e completas ou transfixantes), ao tamanho da lesão quando completa (pequena, < 1cm; média, de 1 a 3cm; gran- de, de 3 a 5cm; e maciça, de mais de 5cm), ao grau de retração do coto tendinoso em relação à cabeça umeral (distais ou peri- insercionais, intermediárias e proximais), à cronologia (agu- das, crônicas e crônicas agudizadas) e à etiologia (traumáticas, microtraumáticas, degenerativas, associadas às instabilidades, etc.)(29,30). As lesões parciais podem ser classificadas de acordo com a sua localização (bursal, articular e intratendinosa) e de acordo com a sua espessura e o seu tamanho (grau I ≤ 25% ou até 3mm; grau II = 50% ou de 3 a 6mm; e grau III ≥ 50% ou > 6mm). Neer classificou as lesões do manguito rotador em três es- tágios: I = edema e hemorragia, idade típica < 25 anos; II = fibrose e tendinite, idade típica entre 25 e 40 anos; e III = osteófitos e ruptura tendinosa, idade típica > 40 anos(5). Fukuda modificou a classificação de Neer, colocando as lesões parciais em um estágio II modificado(10). TRATAMENTO Não existe um tratamento uniforme para as lesões sintomá- ticas do manguito rotador. A população acometida é muito variável e heterogênea, com faixas etárias, níveis de ativida- de, expectativa, intensidade de sintomas e graus de incapaci- dade muito diferentes, A identificação e a correção da causa ou das causas das lesões é muito importante(3,4,5,8,28,29). aging). It describes five stages: 0, normal muscle, fat ab- sence; 1, minimum fatty infiltration; 2, less fat than muscle; 3, equal amount of fat and muscle; and 4, more fat than muscle(8). The magnetic resonance imaging arthrography, with in- tra-articular diluted gadolinium injection, is especially useful for the detection of partial supraspinatus, infraspinatus, and subscapularis lesions; labral lesions; biceps anchor lesion; and glenohumeral ligaments lesions(3,4,8,29). CLASSIFICATION Rotator cuff lesions can be classified by several manners: regarding the thickness (partial or non-transfixing, and com- plete or transfixing); regarding the lesion size, as complete (small, < 1 cm; middle, from 1 to 3 cm; large, from 3 to 5 cm; and massive, more than 5 cm); regarding degree of ten- dinous stump retraction in relation to the humeral head (dis- tal or per-insertional, intermediate, and proximal); regard- ing the chronology (acute, chronic, and chronic with acute flare-up); and regarding the etiology (traumatic, microtrau- matic, degenerative, associated to instabilities, etc)(29,30). Partial lesions can be classified according to their loca- tion (bursal, articular, and intratendinous), and according to their thickness and size (grade I, ≤ 25%, or up to 3 mm; grade II = 50%, or from 3 to 6 mm; and grade III ≥ 50%, or > 6 mm). Neer classified rotator cuff lesions in three stages: stage I, edema and hemorrhage, typically < 25 years of age; stage II, fibrosis and tendinitis, typical age between 25 and 40 years of age; and stage III, presence of osteophytes and tendon rupture, typically > 40 years of age(5). Fukuda modified Neer’s classification, placing partial le- sions within a modified stage II(10). TREATMENT There is no single, uniform treatment for symptomatic lesions of rotator cuff. Affected population is variable and heterogeneous, with different age groups, activity levels, ex- pectations, symptom intensity, and disability degrees. The identification correction of causes of lesions is very impor- tant(3,4,5,8,28,29). The risks and benefits of surgical and non-surgical treat- ments should be considered and discussed with the patient. Conservative treatment offers the advantage of avoiding sur- gery and its inherent complications (infection, lesions to nerves and to deltoid muscle). Disadvantages include the possibility of symptom recurrence and, more importantly, lesion aggravation and chronic degenerative changes (at- Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 629 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR Os riscos e benefícios do tratamento cirúrgico e não-cirúr- gico devem ser considerados e discutidos com o paciente. O tratamento conservador oferece a vantagem de evitar a cirur- gia e as suas complicações inerentes (infecção, lesões nervo- sas e do deltóide). Suas desvantagens: possibilidade de recor- rência dos sintomas e, mais importante, o agravamento da lesão e alterações degenerativas crônicas (atrofia, degenera- ção gordurosa e retração dos tendões) que poderiam compli- car um eventual tratamento cirúrgico futuro e influenciar ne- gativamente na qualidade de seu resultadofinal. O tratamento cirúrgico oferece a possibilidade de alívio da dor e, possivel- mente, a prevenção de alterações crônicas(4,5,8,29,31,32). Esquematicamente, os pacientes portadores de lesões do manguito rotador podem ser divididos em três grupos – I: aqueles sem risco de desenvolver alterações irreversíveis num futuro próximo com o tratamento não-cirúrgico; II: aqueles em risco de desenvolvê-las; e III: aqueles que já as desenvol- veram. Os pacientes do grupo I apresentam tendinite ou rup- turas parciais e podem ser tratados, pelo menos inicialmente, de forma não-cirúrgica, com boas probabilidades de cessação dos seus sintomas. No grupo II estão incluídos os pacientes portadores de le- sões completas pequenas ou médias, indivíduos com menos de 60 anos de idade, as rupturas agudas de qualquer tamanho e as rupturas associadas com disfunção recente. Esses devem ser tratados cirurgicamente. O grupo III é composto por pacientes com mais de 70 anos de idade portadores de rupturas crônicas. Esses podem ser tratados, na maioria das vezes, não cirurgicamente(1). TRATAMENTO CONSERVADOR O tratamento conservador consiste na combinação das modalidades abaixo descritas: Infiltração de corticosteróides – Atua diminuindo o pro- cesso inflamatório e, conseqüentemente, a dor, facilitando as- sim a reabilitação. Os efeitos nocivos dessas substâncias são bem conhecidos (atrofia e piora da qualidade tissular, que po- deriam dificultar um eventual reparo cirúrgico futuro) e, por isso, devem ser usadas com cautela, sendo recomendadas no máximo três infiltrações, com um intervalo mínimo de três meses entre elas(1,4,5,8). Antiinflamatórios não-esteróides e ultra-som – Embora não existam estudos controlados avaliando a eficácia dessas mo- dalidades especificamente no tratamento das lesões do man- guito rotador, elas são amplamente utilizadas em todo o mun- do. Atuam aumentando o fluxo sanguíneo e diminuindo o processo inflamatório(1,4,5,8). rophy, fatty degeneration and tendon retraction) that might complicate an eventual future surgical treatment, and nega- tively influence in the quality of the final result. Surgical treatment offers the possibility of pain relief and, most like- ly, the prevention of chronic changes(4,5,8,29,31,32). Schematically, patients with rotator cuff lesions can be divided into three groups. Group I include those without the risk of developing irreversible changes in a near future, in case of non-surgical treatment. Group II includes those at risk of developing irreversible changes. And group III in- cludes those who have already developed irreversible chang- es. The patients from group I present tendinitis or partial ruptures and can be treated without surgery, at least initial- ly, with good chances of symptom cessation. Group II includes patients with small, complete or mid- size lesions; subjects with less than 60 years of age; acute ruptures of any size; and ruptures associates with recent dysfunction. Those patients should be surgically treated. Group III is made up of patients above 70 years of age, having chronic ruptures. Those patients can be non-surgi- cally treated in most occasions(1). CONSERVATIVE TREATMENT Conservative treatment consists in the combination of be- low-cited modalities: Corticosteroid injection – It works decreasing the inflam- matory process and, consequently, pain, thus facilitating re- habilitation. Noxious effects of those drugs are well known (tissue atrophy and quality worsening, which may compli- cate an eventual future surgical repair). For this reason, they should be carefully used, with at the most three infiltra- tions recommended, having a minimum interval of three months among each of them(1,4,5,8). Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and ultrasound – Although there are no controlled studies evaluating the ef- fectiveness of those modalities specifically for the treatment of rotator cuff lesions, they are widely used in everywhere. They work through increased blood flow, and decreasing the inflammatory process(1,4,5,8). Phonophoresis – In this modality, ultrasound is used to transdermally administrate steroid or nonsteroidal drugs to avoid their systemic side effects. It has been widely employed, although its effectiveness has not been definitively proved yet. Kinesiotherapy – It is the most important part of non- surgical treatment, and is divided into two phases: in the 1st phase, stretching exercises are instituted aiming to obtain R.P. ANDRADE, M.R.C. CORREA FO & B.C. QUEIROZ 630 Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 Fonoforese – Nesta modalidade o ultra-som é utilizado para a administração de medicamentos esteróides ou não-esterói- des por via transdérmica para evitar os seus efeitos colaterais sistêmicos. É também amplamente utilizada, embora a sua eficácia não tenha sido ainda definitivamente provada. Cinesioterapia – É a parte mais importante do tratamento não-cirúrgico e é dividida em duas fases: na 1a são instituídos os exercícios de alongamento com o objetivo de obter a recu- peração completa das amplitudes do movimento; a 2a fase constitui-se de exercícios de reforço para o manguito rotador e os estabilizadores da escápula e, posteriormente, para o del- tóide. Embora alguns pacientes possam reabilitar-se com su- cesso apenas com exercícios domiciliares, a orientação e o acompanhamento de um fisioterapeuta parece que os benefi- ciam em sua grande maioria(1,5,8,29,30). TRATAMENTO CIRÚRGICO Lesões parciais (não-transfixantes) O tratamento cirúrgico dessas lesões está indicado em ca- sos de insucesso após um tratamento não-cirúrgico bem con- duzido e por um período de tempo suficiente (geralmente de três a seis meses) e varia desde o desbridamento da lesão à ressecção da mesma e reparo tendão-tendão ou tendão-osso, com ou sem acromioplastia. O procedimento pode ser reali- zado por via aberta convencional transdeltóidea, artroscopi- camente assistido (técnica do mini-open) ou por via totalmente artroscópica. O último tem algumas vantagens importantes em relação ao procedimento aberto: menor morbidade e me- nor desconforto pós-operatório e a possibilidade de um com- pleto inventário articular e subacromial, visualizando e, se necessário, tratando todas as possíveis lesões associadas. A localização, a espessura e as dimensões da lesão ditarão o procedimento a ser realizado(4,8,29,33,34,35). As lesões bursais são quase sempre associadas ao impacto subacromial e requerem uma acromioplastia; se tiverem me- nos de 50% da espessura do tendão (avaliação peroperatória), podem ser desbridadas. Lesões maiores devem ser tratadas com ressecção e sutura tendão-tendão ou tendão-osso. As lesões intratendinosas e as articulares não requerem acro- mioplastia, a menos que existam óbvias alterações ósseas (acrômio ganchoso, osteófitos acromiais anteriores ou acro- mioclaviculares ou de tecidos moles (bursite e/ou fibrilações do ligamento coracoacromial indicativas de impacto crôni- co). Em relação à espessura e às dimensões da lesão, utili- zam-se os mesmos critérios preconizados para as lesões bur- sais. Alguns casos de lesões parciais articulares denominadas PASTA (do inglês partial articular supraspinatus tendon avul- complete range of motion recovery; the 2nd phase consti- tutes of rotator cuff and scapular stabilizer strengthening and, afterwards, deltoid muscle reinforcement. Although some patients may successfully rehabilitate exercising only at home, the orientation and follow-up of a physical thera- pist seems benefit most patients(1,5,8,29,30). SURGICAL TREATMENT Partial lesions (non-transfixing) The surgical treatment of those lesions is indicated for conservatively well-conducted and timely unsuccessful cases (generally from three to six months), and ranges from lesion debridement and resection to tendon-tendon or tendon-bone repair, with or without acromioplasty. The procedure may be either performed by conventional, transdeltoid open or arthroscopically assisted approach, or for by a total arthro- scopicapproach. The latter poses important advantages over the open procedure. They include lower morbidity and post- operative discomfort, and the possibility of a complete joint and subacromial inventory, visualizing and, if needed, treat- ing all possible associated lesions. Lesion location, thick- ness, and dimensions will dictate the procedure to be perfor- med(4,8,29,33,34,35). Bursal lesions are almost invariably associated to subac- romial impingement, and require an acromioplasty; if there is less than 50% remaining of tendon thickness (by periop- erative evaluation), they can be debrided. Larger lesions should be treated with resection and tendon-tendon or ten- don-bone sutures. Intratendinous and articular lesions do not require acro- mioplasty, except for obvious bone (hook-shaped acromi- um, anterior acromial or acromioclavicular osteophytes) or soft tissue (bursitis and/or coracoacromial ligament fi- brillation, indicating chronic impingement) changes. Regard- ing lesion thickness and dimensions, the same criteria for bursal lesions are advocated. Some cases of PASTA (acro- nym for partial articular supraspinatus tendon avulsion), where there are at least 25% of good quality tendon left, can be treated with tendon-bone arthroscopic sutures, with- out detachment of the healthy part(29,30). In specific cases of articular lesions due to posterosupe- rior impingement in throwing athletes, the treatment is based on arthroscopic debridement, and the recognition and con- comitant treatment of primary diagnoses such as instabili- ty, labral lesions, and posterior capsule contractures are important. A program of postoperative exercises for rotator Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 631 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR sion), nas quais existam pelo menos 25% de tendão remanes- cente de boa qualidade, podem ser tratados com suturas ar- troscópicas tendão-osso sem desinserção da parte íntegra(29,30). Nos casos específicos de lesões articulares por impacto póstero-superior em atletas arremessadores, o tratamento é baseado no desbridamento artroscópico, sendo importante reconhecer os diagnósticos primários como instabilidade, le- sões labrais, contratura da cápsula posterior e tratá-las conco- mitantemente. Um programa de exercícios pós-operatórios para reforço do manguito rotador e dos estabilizadores esca- pulares, dando ênfase também ao alongamento da cápsula posterior, deve ser estabelecido. Em algumas situações po- dem ser necessários procedimentos de reconstrução capsular anterior, como também de capsulotomia posterior. Portanto, o tratamento de escolha depende da exata causa da lesão(2,3,26). De maneira geral, os desbridamentos das lesões parciais, com ou sem acromioplastia, podem levar a bons resultados clínicos. Entretanto, não podem alterar a sua história natural, impedindo-as de progressão para rupturas completas. O repa- ro artroscópico ou o aberto de lesões parciais que comprome- tem mais de 50% do tendão parecem produzir os resultados clínicos mais consistentes(4,8,10,26,29,30). Lesões completas (transfixantes) O tratamento cirúrgico como primeira indicação é para in- divíduos com idade de até 60 anos portador de uma lesão completa sintomática pequena ou média do supra-espinhal e ou do subescapular, ou ainda aquele com uma ruptura crôni- ca, mas com disfunção recente do ombro. O reparo por via aberta clássico, consagrado pelo tempo, vem sendo substituído nos últimos anos pelo reparo artroscó- pico em virtude de inúmeras vantagens deste último(4,5,8,10,36, 37,38,39,40). ASPECTOS RELEVANTES DO REPARO ABERTO Exposição – A abordagem ântero-superior entre os deltói- des anterior e médio é a mais utilizada e proporciona excelen- te visão do manguito rotador. O deltóide anterior deve ser desinserido do acrômio como um retalho espesso, único, por uma distância máxima de 2cm, sendo essencial a sua firme reinserção transóssea no fim do procedimento. A desinserção pós-operatória do deltóide é uma complicação catastrófica para a função do ombro e o seu tratamento, na maioria das vezes, é insatisfatório. O acesso deltopeitoral, utilizado em casos selecionados de rupturas do subescapular para facilitar uma dissecção segura sob o tendão conjunto, pode ser estendido superiormente se cuff and scapular stabilizers strengthening, with emphasis to posterior capsule lengthening, should be established. Procedures of anterior capsular reconstruction, as well as posterior capsulotomy, may be eventually necessary. There- fore, the choice of treatment depends on exact cause of the lesion(2,3,26). Usually, partial lesion debridement, with or without ac- romioplasty, may lead to good clinical results. However, those procedures cannot change its natural history, precluding the progression towards complete ruptures. The arthroscopic or the open repair of partial lesions that compromise more than 50% of the tendon seem to produce the most consistent clinical results(4,8,10,26,29,30). Complete lesions (transfixing) The surgical treatment as primary indication goes to in- dividuals below 60 years of age having a small or mid-size symptomatic, complete lesion of the supraspinatus and/or subscapularis, or for those with a chronic rupture, but with recent shoulder dysfunction. The traditional, open repair has been replaced in recent years by arthroscopic repair, due to its several advantages(4, 5,8,10,36,37,38,39,40). IMPORTANT ASPECTS OF THE OPEN REPAIR Exposure – The anterosuperior approach, between the anterior and the middle deltoid muscles, is the most com- monly employed, providing an excellent view of the rotator cuff. The anterior deltoid should be detached from the acro- mium as a thick, sole flap, at a maximum distance of 2 cm; its firm transosseous reattachment at the end of procedure is essential. Postoperative detachment of the deltoid muscle is a catastrophic complication for shoulder function and its treatment is mostly unsatisfactory. Deltopectoral approach, used in selected cases of sub- scapularis ruptures to facilitate a safe dissection under the conjoint tendon, can be superiorly extended if an approach to rotator cuff posterosuperior components is needed(4,5,8,28, 32,33,35,36,38). Acromioplasty – Described by Neer, the anteroinferior acromioplasty continues to be the standard procedure(18). However, it should only be performed if there are obvious signs of subacromial impingement. In cases of large or mas- sive chronic lesions, most authors do not advocate the pro- cedure, so that an anteroposterior humeral head sublux- ation is prevented(4,8,28,32,35,36,38). R.P. ANDRADE, M.R.C. CORREA FO & B.C. QUEIROZ 632 Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 houver necessidade de abordagem dos componentes póstero- superiores do manguito rotador(4,5,8,28,32,33,35,36,38). Acromioplastia – Descrita por Neer, a acromioplastia ânte- ro-inferior continua a ser o procedimento padrão(18). Entre- tanto, só deve ser realizada se existirem óbvios sinais de im- pacto subacromial. Em casos de lesões crônicas grandes ou maciças, a maioria dos autores desaconselha a sua realização com o intuito de prevenir a subluxação ântero-superior da ca- beça umeral(4,8,28,32,35,36,38). Os acromiale – A sua abordagem dependerá do seu tama- nho (pré-acrômio, meso-acrômio, meta-acrômio e base-acrô- mio) e da sua relação com a sintomatologia. Alguns os acro- miale são assintomáticos e não precisam ser abordados. Aqueles que apresentarem mobilidade peroperatória eviden- te ou alterações degenerativas importantes devem ser trata- dos. Os pré-acrômios podem ser ressecados. Os outros tipos devem ser submetidos a osteossíntese pelo princípio da ban- da de tensão (com amarrilhos e fios de Kirschner ou parafu- sos canulados) e enxerto ósseo autólogo(4,5,8,28,32,33,35,36,38). Articulação acromioclavicular – Nem toda artrose acro- mioclavicular observada radiograficamente é sintomática. Por esse motivo, é importante determinar pré-operatoriamente, se necessário com uma infiltração intra-articularde lidocaína a 1%, se a mesma tem relação com os sintomas. Quando sinto- máticas, devem ser tratadas com a excisão da extremidade externa da clavícula. Bursa subacromial – Esta estrutura contribui para o perfei- to deslizamento subacromial e só deve ser ressecada se obvia- mente inflamada ou degenerada ou na quantidade suficiente para a visualização da lesão. Cabeça longa do bíceps – Trata-se de um estabilizador pas- sivo da cabeça umeral em abdução e um depressor ativo da mesma em ombros com lesões do manguito rotador. Dessa forma, a sua tenodese só está indicada em casos de instabili- dade (luxação medial) ou de lesões de mais de 50% da sua espessura. Manuseio do manguito – O tendão deve ser completamen- te liberado, mobilizado e reinserido sem tensão. A reinserção deve ser realizada com fios inabsorvíveis no 2 através de pon- tos do tipo Mason-Allen, com fixação transóssea ou com ân- coras, devendo ser respeitada a distância de 1cm entre os mesmos e entre estes e o tubérculo maior. A confecção de um sulco ósseo profundo para a reinserção, antes preconizada, vem sendo substituída pela simples retirada dos tecidos mo- les, com preservação da cortical óssea local para aumentar a sua resistência à tração(4,5,8,28,32,33,35,36,38). Os acromiale – Its approach will depend on the size (pre- acromial, mesoacromial, meta-acromial, and base-acromi- al), and its relation with the symptoms. Some os acromiale are asymptomatic and need not to be approached. Those that present evident perioperative mobility or important de- generative changes need to be treated. The os preacromial can be resected. Other types should be submitted to osteo- synthesis using the tension band principle (with Kirschner wires or cannulated screws and wiring), and autologous bone graft(4,5,8,28,32,33,35,36,38). Acromioclavicular joint – Not all acromioclavicular joint arthrosis radiographically observed are symptomatic. There- fore, it is important to preoperatively determine – if neces- sary with an intra-articular infiltration of 1% lidocaine – if there is any relation with symptoms. When symptomatic, it should be treated with the excision of clavicle outer edge. Subacromial bursa – This structure contributes for the perfect subacromial sliding, and should only be resected if obviously inflamed or degenerated, or in an enough amount for lesion visualization. Biceps long head – It is a passive stabilizer of the humer- al head in abduction, and an active stabilizer in shoulders with rotator cuff lesions. Thus, its tenodesis is only advocat- ed in cases of instability (medial dislocation) or in lesions in excess of 50% of thickness. Rotator cuff handling – The tendon should be completely released, mobilized and reinserted without tension. Rein- sertion should be performed with #2 non-absorbable Ma- son-Allen type sutures, with transosseous or anchor fixa- tion, and a 1-cm distance between them and the greater tuberosity should be respected. The creation of a deep bone groove for the previously advocated reattachment has been replaced by the simple removal of soft tissue, with local cor- tical bone sparing to increase its resistance to traction(4,5,8, 28,32,33,35,36,38). Recent studies have proved equivalent fixation strength among transosseous sutures and anchors; the latter have showed better results under cyclic loading(38). As a personal choice, we immobilize operated patients on an arm sling with abduction support for a four-week period. RELEVANT ASPECTS OF THE ARTHROSCOPIC REPAIR The indications for the fully arthroscopic repair and ar- throscopically assisted repair (considered a transition pro- cedure in the learning curve) are the same as those of the open repair. Therefore, patients unable to tolerate an open Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 633 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR Estudos recentes comprovaram resistências de fixação equi- valentes entre os pontos transósseos e as âncoras; estas últi- mas mostraram resultados um pouco melhores sob cargas cí- clicas(38). Temos como conduta pessoal imobilizar os pacientes ope- rados com tipóia com suporte de abdução por um período de quatro semanas. ASPECTOS RELEVANTES DO REPARO ARTROSCÓPICO As indicações para o reparo totalmente artroscópico e para o artroscopicamente assistido (este último considerado um procedimento de transição na curva de aprendizagem para o primeiro) são as mesmas que as do reparo aberto. Portanto, os pacientes incapazes de tolerar um procedimento aberto ou o seu programa de reabilitação pós-operatória não são candida- tos ao reparo artroscópico na crença de que este seja um pro- cedimento menor. Articulação glenoumeral – Como já mencionado anterior- mente, a grande vantagem da artroscopia reside na possibili- dade da detecção e do tratamento de lesões associadas que requeiram um procedimento específico. Sua incidência é es- timada em 12,5%(8,30,35,36,37,38,39,40,41,42). Classificação da lesão – As lesões do manguito rotador podem ter várias configurações (em “L”, em “L” invertido, em “V”, em “U”, em crescente), sendo fundamental que o cirurgião entenda a sua geometria antes de tentar repará-las. É importante também que o cirurgião avalie o grau de mobili- dade do tendão e a possibilidade de sua reinserção sem ten- são. O entendimento da geometria da lesão faz com que o cirurgião use a técnica de sutura tendão-tendão nas lesões em “L”, “V” e “U”. Elas permitem a minimização de lesões apa- rentemente irreparáveis através do princípio biomecânico da convergência de margens e uma reinserção óssea virtualmen- te livre de tensão. As lesões em crescente são reconstruídas através de sutura tendão-osso, usando-se âncoras metálicas ou de material biodegradável. As técnicas modernas de con- fecção de nós artroscópicos possibilitam montagens com re- sistências comparáveis às das técnicas abertas. Acrômio, articulação acromioclavicular e preparação do leito ósseo para reinserção – Os critérios são idênticos aos já mencionados para o reparo aberto. Colocação das âncoras – Elas são colocadas imediatamente laterais à margem articular da cabeça umeral, no tubérculo maior. Preferencialmente, usam-se dois fios em cada âncora, para diminuir o número de âncoras e aumentar a segurança da sutura(12,13,15,16,19,20,21,22). procedure or its postoperative rehabilitation program are not candidates for the arthroscopic repair in the belief that this could be a minor procedure. Glenohumeral joint – As already mentioned, the greatest advantage of arthroscopy lies in the possibility of detection and treatment of associated lesions that require a specific procedure. Its incidence is estimated as 12.5%(8,30,35,36,37,38,39, 40,41,42). Lesion classification – Rotator cuff lesions can have sev- eral configurations (L-shaped, inverted L-shaped, V-shaped, U-shaped, crescent-shaped), being fundamental that the sur- geon understands its geometry before the repair attempt. It is also important that the surgeon assess the degree of ten- don mobility and the possibility of its reattachment without tension. The understanding of lesion geometry leads the surgeon to a tendon-tendon suture technique for L-, V-, and U-shaped lesions. They allow minimizing of apparently ir- reparable lesions through the biomechanical principle of margin convergence, and a virtually free of tension bone reattachment. Crescent-shaped lesions are rebuilt with ten- don-bone sutures, using metal or biodegradable material anchors. Modern techniques of arthroscopic knotting en- able the assembly with a resistance comparable to that of open techniques. Acromium, acromioclavicular joint, and preparation of the bone bed for reattachment – The criteria are identical to those already mentioned for the open repair. Anchor placement – They are placed at the greater tuber- osity, immediately lateral to the articular margin of the hu- meral head. Two sutures are preferably used for each an- chor, to decrease the number of anchors, and to increase the suture safety(12,13,15,16,19,20,21,22). The subscapularistendon lesions, isolated or anterosu- perior, have been historically approached by open tech- niques. Reports on satisfactory results with arthroscopic technique recently appeared in the literature(42,43). MASSIVE LESIONS They can be defined by two different ways: those with a diameter in excess of 5 cm, or those with complete ruptures of two or more tendons. Massive lesions do not necessarily mean that they are not reparable. Some younger patients may sustain massive trau- matic lesions that are perfectly reparable, having an immedi- ate arthroscopic or open surgical indication. Chronic massi- ve ruptures are associated to profound degenerative changes. Reparability criteria more frequently used include the acro- R.P. ANDRADE, M.R.C. CORREA FO & B.C. QUEIROZ 634 Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 As lesões do tendão do subescapular, isoladas ou ântero- superiores, têm sido historicamente abordadas por técnicas abertas. Recentemente, apareceram na literatura relatos de re- sultados satisfatórios, usando-se a técnica artroscópica(42,43). LESÕES MACIÇAS Podem ser definidas de duas maneiras: aquelas que têm o diâmetro maior que 5cm ou aquelas com rupturas completas de dois ou mais tendões. Lesões maciças não significam, necessariamente, irrepara- bilidade. Alguns pacientes mais jovens podem sofrer lesões traumáticas maciças que são perfeitamente reparáveis e de indicação cirúrgica imediata, artroscópica ou aberta. As rup- turas maciças crônicas são associadas com profundas altera- ções degenerativas. Os critérios de reparabilidade mais fre- qüentemente utilizados são a distância acromioumeral, o distanciamento do tendão de sua inserção, a espessura do ten- dão e o grau de degeneração gordurosa dos músculos do man- guito rotador. Pacientes com distância acromioumeral < 7mm e degeneração gordurosa nos estágios 3 e 4 têm lesões consi- deradas irreparáveis e não são candidatos ao reparo cirúrgi- co(31,32,33,35,36,38,39,40). Portadores de lesões maciças irreparáveis com função sa- tisfatória, mas sintomáticos e resistentes ao tratamento não- cirúrgico, podem beneficiar-se do tratamento artroscópico (desbridamento das bordas da lesão, sinovectomia e tenoto- mia da cabeça longa do bíceps, se degenerada ou luxada), com alívio satisfatório da dor. Pacientes mais jovens e ativos com disfunção significativa podem eventualmente beneficiar-se de um reparo artroscópi- co parcial da lesão ou, como opção final, de procedimentos de transposição muscular; o subescapular superior ou o peito- ral maior são utilizados no tratamento das lesões ântero-supe- riores e o trapézio superior ou o grande dorsal, nas lesões póstero-superiores, sendo este último o mais freqüentemente utilizado nesses casos(31,32,33,35,36,38,39,40,42,43). ARTROPATIA DO MANGUITO ROTADOR Essa entidade pode ser definida como uma ruptura maciça acompanhada de artrose glenoumeral, na ausência de outras afecções capazes de produzir essas alterações (osteoartrose primária, artrite reumatóide, seqüelas de infecção ou trauma, doenças metabólicas, neuroartropatias, necrose avascular). Sua etiologia é desconhecida, mas existem várias teorias descri- tas, entre elas a mecânica e a reumática. Somente uma peque- na percentagem de pacientes com lesões do manguito rotador desenvolve a artropatia(4,5,8,28,31,33,35,42). miohumeral distance, the distance of the tendon from its attachment, the tendon thickness and the degree of fatty de- generation from rotator cuff muscles. Patients with acromi- ohumeral distance < 7 mm and fatty degeneration in stages 3 and 4 are considered irreparable lesions, and are not can- didates for the surgical repair(31,32,33,35,36,38,39,40). Patients with irreparable massive lesions and satisfacto- ry function, but symptomatic and refractory to non-surgical treatment, can benefit from arthroscopic treatment (debri- dement of lesion edges, synovectomy, and biceps long head tenotomy, if degenerated or dislocated), yielding satisfacto- ry pain relief. Younger, active patients with significant dysfunction may eventually benefit from a partial arthroscopic repair of the lesion or, as an ultimate option, from muscle transfer proce- dures; the upper subscapularis or the pectoralis major are used for the treatment of anterosuperior lesions, and the upper trapezius or the latissimus dorsi are employed for posterosuperior lesions, being the latter more frequently used for these cases(31,32,33,35,36,38,39,40,42,43). ROTATOR CUFF ARTHROPATHY This entity can be defined as a massive rupture accompa- nied by glenohumeral arthrosis, in the absence of other dis- eases capable of producing those changes (primary osteoar- thritis, rheumatoid arthritis, sequels of infection or trauma, metabolic diseases, neuroarthropathies, avascular necro- sis). Its etiology is unknown, but several theories have been described, including mechanical and rheumatic ones. Only a small percentage of patients with rotator cuff lesions de- velop arthropathy(4,5,8,28,31,33,35,42). The typical patient is a senior individual (mean, 69 years of age), female sex (3:1 female/male ratio), with chronic pain and functional disability, usually without a history of a significant traumatic event. The characteristic radiographic aspects include complete glenohumeral narrowing, collapse of the superior aspect from the humeral head cartilage, the absence of large os- teophytes as in osteoarthritis, the proximal migration of the humeral head eroding the acromium (acetabularization), greater tuberosity attenuation (femoralization), and the pres- ence of sclerosis and subchondral bone cysts(4,28,33,35,45,46,47). CONSERVATIVE TREATMENT It is based on antalgic and anti-inflammatory measures, and should always be the first step(4,11,13,15,24,25). Rev Bras Ortop _ Vol. 39, Nos 11/12 – Nov/Dez, 2004 635 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR O paciente típico é um indivíduo idoso (média de idade de 69 anos), do sexo feminino (3:1 fem./masc.), com dor e inca- pacidade funcional crônicas, geralmente sem história de um evento traumático significativo. Os aspectos radiográficos característicos são o completo pinçamento glenoumeral, o colapso do aspecto superior da cartilagem da cabeça umeral, a ausência de grandes osteófi- tos como na osteoartrose, a migração proximal da cabeça umeral erodindo o acrômio (acetabularização) e atenuando o tubérculo maior (femoralização) e a presença de esclerose e cistos ósseos subcondrais(4,28,33,35,45,46,47). TRATAMENTO CONSERVADOR Baseia-se em medidas antálgicas e antiinflamatórias e deve sempre ser o primeiro passo(4,11,13,15,24,25). TRATAMENTO CIRÚRGICO Está indicado em casos de dor importante refratária ao tra- tamento não-cirúrgico prolongado. As opções de tratamento incluem o desbridamento artros- cópico, a artrodese, as artroplastias contidas (reversas ou não), não-contidas e semicontidas, a hemi-artroplastia e a artroplastia de ressecção. A hemi-artroplastia é o procedimento mais po- pular. Um tipo de artroplastia total semicontida reversa vem sendo usada nos últimos anos, com resultados promissores em pacientes acompanhados entre cinco e sete anos(4,5,8,28,33,35, 45,46,47). REFERÊNCIAS / REFERENCES 1. Lashgari C.J.,Yamaguchi K.: “Natural history and nonsurgical treatment of rotator cuff disorders”. In: Norris T.R.: Orthopaedic knowledge update. Illi- nois: AAOS Shoulder and Elbow, p. 155-162, 2002. 2. Jobe C.M.: “Rotator cuff disorders: anatomy, function, pathogenesis, and natural history”. In: Norris T.R.: Orthopaedic Knowledge Update. Illinois, AAOS Shoulder and Elbow, p. 143-154, 2002. 3. Mileski R.A., Snyder S.J.: Superior labral lesions in the shoulder: patho- anatomy and surgical management. J Am Acad Ortop Surg 6: 121-131, 1998. 4. Matsen F.A., Arntz C.T., Lippitt S.D.: “Rotator cuff”. In: Rockwood C.A., Matsen F.A.: The shoulder. 2nd ed. Philadelphia, W.B. Saunders, p. 755-839, 1998. 5. Neer C.S.: Shoulder Reconstruction. Philadelphia, W.B. 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