Buscar

Apostila 01 Introdução ao Direito ambiental e legislação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
1 
Material elaborado com base no resumo da Magistratura Federal do TRF1 e no livro do 
Frederico Amado de 2018 + jurisprudências recentes. 
Direito Ambiental 
DIREITO AMBIENTAL .............................................................................................................................. 1 
1. MEIO AMBIENTE ............................................................................................................................ 2 
2. DIREITO AMBIENTAL ..................................................................................................................... 3 
2.1. DIREITO AMBIENTAL NA CONCEPÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA .................................................................... 3 
2.2. PRINCIPAIS MARCOS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL: ..................................................................................... 4 
2.3. OBJETO .......................................................................................................................................... 4 
3. A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA LEGISLAÇÃO NACIONAL ..................................................... 4 
3.1. DIREITO INTERTEMPORAL AMBIENTAL .................................................................................................. 6 
4. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO AMBIENTAL .................................................................... 6 
4.1. HISTÓRICO DO DIREITO AMBIENTAL NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ........................................................ 7 
4.2. CONSTITUIÇÃO DE 1988 ................................................................................................................... 8 
4.2.1. Um capítulo para o meio ambiente .................................................................................... 8 
4.2.2. Deveres específicos do Poder Público na tutela do meio ambiente ................................... 8 
4.2.2.1. Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais ................................................. 8 
4.2.2.2. Promoção do manejo ecológico das espécies e ecossistemas ..................................................... 9 
4.2.2.3. Preservação da biodiversidade e controle das entidades de pesquisa e manipulação de 
material genético. ............................................................................................................................................ 9 
4.2.2.4. Definição de espaços territoriais protegidos ................................................................................ 9 
4.2.2.5. Realização de Estudo Prévio de Impacto Ambiental .................................................................... 9 
4.2.2.6. Controle da produção, comercialização e utilização de técnicas, métodos e substâncias nocivas 
à qualidade de vida e ao meio ambiente. ...................................................................................................... 10 
4.2.2.7. Educação Ambiental ................................................................................................................... 10 
4.2.2.8. Proteção da Fauna e da Flora ..................................................................................................... 10 
4.2.2.9. Meio ambiente e mineração ...................................................................................................... 10 
4.2.2.10. A responsabilidade cumulativa das condutas e atividades lesivas ............................................. 11 
4.2.2.11. Proteção especial às microrregiões ............................................................................................ 12 
4.2.2.12. Indisponibilidade de terras devolutas e de áreas indispensáveis à preservação ambiental ...... 12 
4.2.2.13. O controle das usinas nucleares ................................................................................................. 13 
5. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ........................................................................................... 13 
5.1. PRINCÍPIO DO MEIO AMBIENTE COMO DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL ................................................ 13 
5.2. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO ............................................................................................................... 13 
5.3. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO (VORSORGEPRINZIP) .................................................................................... 14 
5.4. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL OU ECODESENVOLVIMENTO ........................................... 15 
5.5. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR OU DA RESPONSABILIZAÇÃO ............................................................. 16 
5.6. PRINCÍPIO DO USUÁRIO PAGADOR .................................................................................................... 18 
5.7. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS ..................................................................................... 19 
5.8. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL ................................................................................. 19 
5.9. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DE ATUAÇÃO (PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL) 19 
5.10. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA (PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO/COOPERAÇÃO) .............................. 19 
5.11. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE ................................................................... 20 
5.12. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE OU DA INFORMAÇÃO ................................................................................. 21 
5.13. PRINCÍPIO DO LIMITE OU PRINCÍPIO DO CONTROLE DO POLUIDOR PELO PODER PÚBLICO ............................. 21 
5.14. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR ................................................................................................ 21 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
2 
5.15. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO ECOLÓGICO (OU NON CLIQUET AMBIENTAL) ............................... 22 
5.16. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM, MAS DIFERENCIADA .............................................................. 22 
5.17. PRINCÍPIO DA GESTÃO AMBIENTAL DESCENTRALIZADA, DEMOCRÁTICA E EFICIENTE ...................................... 22 
5.18. PRINCÍPIO DO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO .................................................................... 22 
5.19. PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................................ 22 
5.20. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO (OU PROPORCIONALIDADE) ........................................................................... 23 
5.21. PRINCÍPIO DO ACESSO EQUITATIVO AOS RECURSOS NATURAIS ................................................................ 23 
5.22. PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE (PRINCÍPIO DA VARIÁVEL AMBIENTAL NO PROCESSO DECISÓRIO DAS POLÍTICAS 
PÚBLICAS) .................................................................................................................................................. 23 
5.23. PRINCÍPIO DO DIREITO À SADIA QUALIDADE DE VIDA ............................................................................ 24 
5.24. PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL .................................................................................................24 
5.25. PRINCÍPIO DO PROGRESSO ECOLÓGICO (CANOTILHO) ........................................................................... 24 
5.26. PRINCÍPIO DA CORREÇÃO NA FONTE (CANOTILHO) ............................................................................... 24 
6. DIREITO ECONÔMICO E SUA RELAÇÃO COM O DIREITO AMBIENTAL ........................................... 24 
6.1. O DIREITO AMBIENTAL COMO DIREITO ECONÔMICO E COMO DIREITO FUNDAMENTAL .................................. 27 
6.2. O DIREITO AMBIENTAL COMO DIREITO ECONÔMICO. A NATUREZA ECONÔMICA DAS NORMAS DE DIREITO 
AMBIENTAL................................................................................................................................................ 28 
6.3. PRINCÍPIO UBIQUIDADE OU TRANSVERSALIDADE .................................................................................. 31 
6.4. TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL E A SUA FUNÇÃO EXTRAFISCAL ......................................................................... 32 
6.5. RIO + 20 ..................................................................................................................................... 32 
7. JURISPRUDÊNCIA DO DIZER O DIREITO ........................................................................................ 34 
8. ANOTAÇÕES DO MEU CADERNO ................................................................................................. 34 
 
1. Meio Ambiente 
A definição legal do meio ambiente está prevista no artigo 3º, I, da Lei 6.938/81, sendo o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. ” 
Ainda, o CONAMA traz um conceito mais completo do que o proposto na referida lei, 
englobando o patrimônio cultural e artificial, definindo-o como “conjunto de condições, leis, 
influências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. ” 
É certo que o meio ambiente em sentido amplo é gênero que abarca o meio ambiente 
natural, cultural e artificial. Há quem entenda existir o meio ambiente do trabalho e o 
genético. Importante mencionar que o STF conhece a existência do meio ambiente do 
trabalho. 
Meio ambiente do trabalho é respeitado quando as empresas cumprem as normas de 
segurança e medicina do trabalho, através de condições dignas e seguras para os 
trabalhadores, como a disponibilização dos equipamentos de proteção individual. 
Meio ambiente genético é composto pelos organismos vivos do planeta Terra. 
Importante esclarecer que o meio ambiente é um bem e um direito difuso, e não um bem 
público. Portanto, é de todos. É um direito transindividual, insuscetível de contabilizar os 
beneficiários. (Já caiu em prova.) 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
3 
2. Direito Ambiental 
A denominação direito ambiental é mais ampla do que a expressão direito ecológico ou 
direito da natureza, uma vez que a matéria, dada a sua abrangência, não pode limitar seu 
campo de estudo a elementos naturais. 
Conceito de Edis Milaré: "O complexo de princípios e normas reguladores das atividades 
humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua 
dimensão global, visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações" (Edis 
Milaré). 
Pode ser entendido também como “ramo do direito público composto por princípios e 
regras que regulam as condutas humanas que afetem, potencial ou efetivamente, direta ou 
indiretamente, o meio ambiente, quer o natural, o cultural ou o artificial” (AMADO, Frederico. 
Direito ambiental. Juspodivm – 2018). 
A lei traz o conceito de meio ambiente, mas restringindo-o (o conceito) ao meio ambiente 
natural: O conceito legal de meio ambiente encontra-se no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81: “o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
O Direito Ambiental é multidisciplinar, pois seus conceitos, normas e doutrina, 
necessariamente recorrem às ciências que estudam o meio ambiente para serem construídos. 
Neste aspecto, o direito ambiental necessita grandemente de recorrer à Biologia, à Geografia, 
à Agronomia, Engenharia Florestal, Biotecnologia, Ecologia etc. Como exemplo, basta 
observarmos a Lei de Biossegurança, que apresenta inúmeros conceitos legais extraídos da 
biologia. 
Tem como objetivo o controle de poluição, a fim de mantê-la dentro dos padrões 
toleráveis, para instituir um desenvolvimento econômico sustentável, atendendo as 
necessidades das presentes gerações sem privar as futuras da sua dignidade ambiental, pois 
um dos princípios que lastreiam a Ordem Econômica é a defesa do meio ambiente, inclusive 
mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e 
de seus processos de elaboração e prestação. 
É uma disciplina transversal, que se alastra aos demais ramos jurídicos, como o Direito 
Civil, quando diz que o proprietário deve respeitar a fauna, a flora, as belezas naturais, o 
equilíbrio ecológico, o patrimônio histórico e artístico, bem como evitar a poluição do ar e das 
águas. Há proximidade ainda maior com o Direito Administrativo, em relação ao Poder de 
Polícia. 
 
2.1. Direito Ambiental na concepção Objetiva e Subjetiva 
O direito ao meio ambiente manifesta desdobramento em duas dimensões conexas entre 
si e dispostas no mesmo patamar: a objetiva e a subjetiva. 
A enumeração do plexo de responsabilidades a cargo do Poder Público para garantia da 
salvaguarda do equilíbrio ecológico, que encontra no § 1º do art. 225 de nossa Lei Maior sua 
matriz, é uma vertente inconteste da dimensão objetiva. Também é fator enunciativo da 
dimensão objetiva a inserção, no texto constitucional, de vetores destinados a influir na 
exegese e aplicação de institutos referidos pelo legislador constituinte, como ocorre no âmbito 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
4 
da atividade econômica, que alberga como um de seus princípios a “defesa do meio ambiente, 
inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e 
serviços de seus processos de elaboração e prestação” (CF/88, art. 170, VI, com redação 
conferida pela Emenda n. 42/2003). 
Deslocando a atenção do Estado para o cidadão, a dimensão subjetiva do meio ambiente 
é pontuada pela consagração de prerrogativas de exercício individualizado em prol do 
equilíbrio ecológico. Boa ilustração disso é a legitimidade ativa conferida a “qualquer cidadão” 
para a propositura de ação popular que objetive anular ato lesivo ao meio ambiente, 
constante do art. 5º, LXXIII, da Constituição brasileira. De assinalar que a pretensão deduzida 
nesse tipo de demanda tanto pode questionar prática estatal ambientalmente perniciosa 
quanto ação particular violadora do equilíbrio de um ecossistema. As audiências públicas e 
consultas também refletem essa ideia de Direito Ambiental subjetivo. 
2.2. Principais marcos da proteção ambiental: 
- Conferência de Estocolmo (Suécia) – 1972 – Desenvolvimento sustentável.- Comissão Brundtland – 1987 – Desenvolvimento sustentável 
- Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) – 1992 – Introduzido o 
princípio da prevenção. 
- Protocolo de Kyoto: firmado em 1997, teve o objetivo precípuo de promover o controle 
climático da terra por intermédio da diminuição da emissão de gases de efeito estufa. 
- Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável: realizada em Johannesburgo, em 2002, 
serviu para reforçar e acelerar as metas e compromissos firmados nos encontros anteriores. 
- Rio + 20: Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, teve por 
objetivo “A RENOVAÇÃO DO COMPROMISSO POLÍTICO COM O DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das 
decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e 
emergentes.” 
2.3. Objeto 
O objeto do Direito Ambiental é a harmonização da natureza, garantida pela manutenção 
dos ecossistemas e da sadia qualidade de vida para que o homem possa se desenvolver 
plenamente. Restaurar, conservar e preservar são metas a serem alcançadas através deste 
ramo do Direito, com a participação popular. 
3. A proteção do meio ambiente na legislação nacional1 
A proteção ao meio ambiente é assunto que ganhou grande espaço ao final do século XX, e 
recentemente vem aparecendo quase que com estardalhaço na mídia e nas produções 
acadêmicas, especialmente devido à urgente – e talvez tardia – preocupação com o efeito 
estufa. 
 
1 O Direito Ambiental e os Novos Paradigmas do Direito Econômico: a Ascensão do Estado Regulador. 
Ana Paula Vasconcellos da Silva. 
http://www.revistadireito.uerj.br/artigos/ODireitoAmbientaleosNovosParadigmasdoDireitoEconomicoa
AscensaodoEstadoRegulador.pdf 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
5 
Tal proteção, contudo, reveste-se de um caráter especial, visto que é um direito cujo 
titular não é necessariamente determinado. De fato, o destinatário deste direito é toda a 
humanidade, incluindo aqueles que ainda não estão aqui – preceito consagrado com o 
princípio da responsabilidade entre gerações, pois aqueles que aqui estão hoje não podem 
utilizar o meio ambiente de forma a provocar a sua escassez para as gerações vindouras. 
No entanto, embora venha sendo tratado de forma mais intensa nos últimos anos, o tema 
da proteção ao meio ambiente remonta a tempos antigos. Segundo Édis Milaré, desde a Bíblia 
já havia orientações quanto à proteção ao meio ambiente, tanto no Gênesis quanto no 
Deuteronômio. Ainda segundo este autor, mesmo no Brasil já existia legislação protetiva desde 
o descobrimento até a entrada em vigor do Código Civil, em 1916. Eram as Ordenações 
Afonsinas, Manuelinas e Filipinas, que vigoravam em Portugal, mas que também eram válidas 
para as colônias portuguesas. 
Tais normas, no entanto, eram confusas, esparsas e inadequadas, e, longe de proteger o 
meio ambiente, permitiu que este fosse explorado inescrupulosamente, até o ponto em que 
sistemas naturais inteiros fossem praticamente extintos. 
Após a independência do Brasil, autores como José Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim 
Nabuco preocuparam-se, entre ouros ideais, com a defesa dos elementos da natureza. 
Porém, conforme destaca Milaré, “nossa história, infelizmente, é de uma depredação 
ambiental impune. Na prática, somente eram punidos os delitos que atingissem a Coroa ou os 
interesses fundiários das classes dominantes”. Assim, durante a fase imperial e o início da 
República, a utilização indiscriminada dos recursos naturais não era sistematicamente tratada 
pelo ordenamento jurídico, e sua punição, quando existia, obedecia a interesses que não a 
efetiva proteção ambiental. 
Após a proclamação da República e a edição do Código Civil de 1916, começam a aparecer 
os primeiros diplomas legais destinados especificamente à proteção da Natureza. No entanto, 
conforme destaca o autor supramencionado, somente a partir da década de 1980 é que a 
legislação sobre a matéria passou a se desenvolver com maior sistematicidade e celeridade. 
Ainda segundo este doutrinador, existiram 4 marcos legislativos que corroboram a mudança 
de mentalidade do legislador brasileiro, que foram: 
(i) – Lei 6938/81, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, que instituiu o Sistema Nacional 
do Meio Ambiente (SISNAMA); 
(ii) – Lei 7347/85, que disciplinou a Ação Civil Pública, principal instrumento processual para a 
proteção do meio ambiente; 
(iii) - Constituição de 1988, que consolidou a proteção ao ambiente ao destacar um capítulo 
inteiro para tratar do tema; 
(iv) – Lei 9605/98, lei dos Crimes Ambientais, que tem por mérito sistematizar as sanções 
penais, oferecer uma lógica orgânica aos crimes ambientais e inovar no ordenamento jurídico 
com a inclusão da pessoa jurídica como sujeito ativo nos crimes ambientais. 
Neste ponto, basta perceber a partir desta breve retrospectiva histórica que sempre 
existiram normas que regulamentavam o uso dos recursos naturais. Porém, o objetivo que 
orienta o agente normatizador varia bastante conforme o tempo. Do mesmo entendimento é 
Paulo de Bessa Antunes: 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
6 
Sempre houve normas voltadas para a tutela da natureza. Tal proteção, quase sempre, 
fazia-se através de normas de Direito Privado, que protegiam as relações de vizinhança, ou 
mesmo por normas de Direito Penal ou Administrativo, que sancionavam o mau uso dos 
elementos naturais ou a utilização destes que pudesse causar prejuízos ou incômodos a 
terceiros. Entretanto, a problemática suscitada pelos novos tempos demanda uma outra forma 
de conceber a legislação de proteção à natureza. As antigas formas de tutela propiciadas pelo 
Direito Público ou pelo Direito Privado são insuficientes para responder à uma realidade 
qualitativamente diversa. 
E também Paulo Leme Affonso Machado: 
Prevenir a degradação do meio ambiente no plano nacional e internacional é 
concepção que passou a ser aceita no mundo jurídico especialmente nas ultimas três décadas. 
Não se inventaram todas as regras de proteção ao ambiente humano nesse período. A 
preocupação com a higiene urbana, um certo controle sobre as florestas e a caça já datam de 
séculos. Inovou-se no tratamento jurídico dessas questões, procurando integrá-las e 
sistematizá-las, evitando-se a fragmentação e até o antagonismo de leis, decretos e portarias. 
Assim, os reais objetivos que orientaram a construção das legislações ambientais acabam 
por refletir na capacidade que estas normas têm de interagir com o restante do ordenamento 
jurídico, ou seja, sua sistematicidade, e no grau de eficácia que elas terão dentro daquela 
sociedade naquele momento histórico. 
3.1. Direito intertemporal ambiental 
Importante questão é sobre a sucessão de leis ambientais, mudança eventual de 
regramentos e a segurança jurídica: ato jurídico perfeito e direito adquirido. No que concerne 
a tal fato, clássico exemplo é aquele em que uma lei nova aumenta a restrição ambiental, ex: 
aumentando a reserva legal de 50% para 80%na Amazônia Legal. Seria possível a alegação de 
direito adquirido e manter em 50%? 
NÃO. Haverá a majoração da limitação administrativa, pois inexiste direito adquirido de 
poluir. Nesse sentido o STJ afirmou que “inexiste direito adquirido a poluir ou degradar o meio 
ambiente. O tempo é incapaz de curar ilegalidades ambientais de natureza permanente, pois 
parte dos sujeitos tutelados – as gerações futuras – carece de voz e de representantes que 
falem ou se omitam em seu nome. ” No mesmo esteio, o STF ensina que “em tema de direito 
ambiental, não se cogita em direito adquirido à devastação, nem se admite a incidência da 
teoria do fato consumado. ” 
Assim, as normas ambientais protetivas possuem escopo de ordem pública, tratando de 
direito indisponível que a todos aproveita, inclusive as futuras gerações e, por consequência, 
há a aplicação imediata da lei nova mais restritiva aos fatos ocorridos sob sua vigência, como 
também às consequências e aos efeitos ocorridos sob égide de lei anterior. 
 
4. A constitucionalização do direito ambiental 
O legislador constituinte reconheceu expressamente o direito fundamental ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado (artigo 225, caput), de terceira dimensão, pois coletivo, 
transindividual, com aplicabilidade imediata, vez que sua incidência independe de regulamentação. 
Nesse espeque, o bem ambiental é autônomo, imaterial e de natureza difusa, transcendendo à 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
7 
tradicional classificação dos bens em públicos e privados, pois toda a coletividade é titular desse 
direito (bem de uso comum do povo). 
Isto posto, o meio ambiente ecologicamente equilibrado foi afetado ao uso comum do povo, 
não pode ser desafetado ou desdestinado, sob pena de violação constitucional. Nesse sentido, 
podemos dizer que há uma vedação ao retrocesso ecológico, bem como a garantia de um mínimo 
existencial ecológico para gozar de uma vida digna. 
Assim, deve-se compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, 
atendendo às necessidades das presentes gerações sem privar as futuras das suas parcelas dos 
recursos ambientais, a fim de manter a sua perenidade. 
 
 
4.1. Histórico do Direito Ambiental nas constituições brasileiras 
As constituições que precederam a de 1988 jamais se preocuparam com a proteção do 
ambiente de forma específica e global. Nelas, nem mesmo uma vez foi pregada a expressão 
meio ambiente, dando a revelar total inadvertência ou até, despreocupação com o próprio 
espaço em que vivemos. 
Constituição do Império, de 1824 > apenas cuidou da proibição de indústrias contrárias à 
saúde do cidadão. 
Primeira constituição republicana 1891> atribuía competência legislativa à União para legislar 
sobre as suas minas e terras. 
Constituição de 1934> dispensou proteção às belezas naturais, ao patrimônio histórico, 
artístico e cultural; conferiu à União competência em matéria de riquezas do subsolo, 
mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração. 
Constituição de 1937> também se preocupou com a proteção dos monumentos históricos, 
artísticos e naturais, bem como das paisagens e locais especialmente dotados pela natureza; 
inclui entre as matérias de competência da União legislar sobre minas, águas, florestas, caça, 
pesca, e sua exploração; cuidou ainda da competência legislativa sobre subsolo e tratou da 
proteção das plantas e rebanhos contra moléstias e agentes nocivos. 
Constituição de 1946 > além de manter a defesa do patrimônio histórico, cultural e 
paisagístico, conservou como competência da União legislar sobre normas gerais da defesa da 
saúde, das riquezas do subsolo, das águas, florestas, caça e pesca. 
Constituição de 1967 > insistiu na necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural e 
paisagístico; disse ser atribuição da União legislar sobre normas gerais de defesa da saúde, 
sobre jazidas, florestas, caça, pesca e água. 
Constituição de 1969> emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 1967, cuidou 
também da defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico. No tocante à divisão de 
competência, manteve as disposições da Constituição emendada. Em seu art. 172, disse que “a 
lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras 
sujeitas a intempéries e calamidades” e que “o mau uso da terra impedirá o proprietário de 
receber incentivos e auxílio do governo”. Cabe observar a introdução, aqui, do vocábulo 
“ecológico” em textos legais. 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
8 
 
4.2. Constituição de 1988 
A CF 88 pode ser denominada “verde”, tal o destaque que dá à proteção ambiental. 
A dimensão conferida ao tema não se resume aos dispositivos concentrados, 
especialmente, no Capítulo VI , do Título VIII, dirigido à ordem social; alcança da mesma forma, 
inúmeros outros regramentos insertos ao longo do texto nos mais diversos Títulos e Capítulos, 
decorrentes do conteúdo multidisciplinar da matéria. 
4.2.1. Um capítulo para o meio ambiente 
Art. 225, seus parágrafos e incisos. 
Referido dispositivo compreende, segundo José Afonso da Silva, três conjuntos de 
normas. 
O primeiro aparece no caput, onde se inscreve a norma matriz, reveladora do direito de 
todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; o segundo, encontra-se no §1º, com 
seus incisos, que versa sobre os instrumentos de garantia e efetividade do direito anunciado 
no caput do artigo; o terceiro compreende um conjunto de determinações particulares, em 
relação a objetos e setores, referidos nos §§ 2º a 6º, que, por tratarem de áreas e situações de 
elevado conteúdo ecológico, merecem desde logo proteção constitucional. 
A norma matriz cria um direito constitucional fundamental ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, e, sendo assim, é indisponível. E esta indisponibilidade vem 
acentuada pelo fato de mencionar o interesse não só do presente, como das futuras gerações. 
Em segundo lugar, o meio ambiente é considerado bem de uso comum do povo, o que o 
qualifica como patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em 
vista o uso coletivo. 
Além de ser bem de uso comum do povo (difuso), é reputado bem essencial à sadia 
qualidade de vida. 
Esta norma cria para o Poder Público um dever constitucional, geral e positivo, 
representado por verdadeiras obrigações de fazer, isto é: defender e preservar o meio 
ambiente. Esta ação é vinculada, saindo da esfera da conveniência e oportunidade, para 
ingressar num campo de imposição. 
De outro lado, deixa o cidadão de ser mero titular (passivo) de um direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado e passa também a ter a titularidade de um dever de 
defesa e preservação. 
Os titulares do bem jurídico “meio ambiente” não são apenas os cidadãos do país – as 
presentes gerações, mas, por igual, aqueles que ainda não existem e os que poderão existir – 
gerações futuras. 
4.2.2. Deveres específicos do Poder Público na tutela do meio ambiente 
4.2.2.1. Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais 
Cuida-se de garantir, através de ações conjugadasde todas as esferas e modalidades 
do Poder Público, o que se encontra em boas condições originais, e de recuperar o que foi 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
9 
degradado. Por processos ecológicos essenciais se pode subentender aqueles que garantem o 
funcionamento dos ecossistemas e contribuem para a salubridade e higidez do meio ambiente. 
4.2.2.2. Promoção do manejo ecológico das espécies e ecossistemas 
Significa lidar com as espécies e conservá-las, e, se possível, recuperá-las. Prover o 
manejo dos ecossistemas quer dizer cuidar do equilíbrio das relações entre a comunidade 
biótica e seu habitat. Em caso de dúvida, o gestor deve pautar-se pela solução mais segura sob 
o ponto de vista ecológico, uma vez que o patrimônio da coletividade deve ser assegurado. 
4.2.2.3. Preservação da biodiversidade e controle das entidades de pesquisa e 
manipulação de material genético. 
No dizer da Convenção da Biodiversidade, esta vem a ser a variedade de seres que 
compõe a vida na Terra, a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, 
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos, e outros ecossistemas 
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo, ainda a diversidade 
dentro de espécies, entre espécies e ecossistemas. 
Preservar a biodiversidade, significa reconhecer, inventariar, e manter o leque dessas 
diferenças de organismos vivos. Hoje existe uma grande preocupação no diz respeito ao 
patrimônio genético. 
Foi no Fórum sobre Biodiversidade, realizado em Washington, em 1986, que a 
questão foi posta como uma grande preocupação de nosso tempo, alertando para o 
desaparecimento acelerado das espécies, e colocando o assunto na agenda internacional. 
Adverte Laimert Garcia dos Santos que existem vários indícios sugerindo como o 
terreno vem sendo preparado para a revolução biológica e a constituição do biomercado, da 
política de fusões que concentra os mesmos conglomerados: as indústrias de alimentos, 
farmacêuticos, química e insumos agrícolas...” 
4.2.2.4. Definição de espaços territoriais protegidos 
A definição de “espaços territoriais especialmente protegidos” a que alude a CF figura 
no rol dos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, por força de determinação da 
L. 7.804, de 18.07.1989, que deu nova redação ao art. 9º, VI, da L. 6.938/81. Isto significa que 
estes espaços são um dos instrumentos jurídicos para implementação do direito constitucional 
ao ambiente hígido e equilibrado, em particular, no que se refere à estrutura e funções do 
ecossistema. Podem ser criados por qualquer ato normativo, inclusive infralegal. Porém, só 
podem ser suprimidos por meio de lei em sentido estrito. 
Existem quatro categorias fundamentais de espaços territoriais especialmente 
protegidos: as áreas de proteção especial, as áreas de preservação permanente, as reservas 
legais e as unidades de conservação. 
4.2.2.5. Realização de Estudo Prévio de Impacto Ambiental 
 Destina-se à prevenção de danos. Foi inspirado em modelo americano e introduzido 
em nosso ordenamento pela lei 6.938/81, de 02.07.1980, que dispõe sobre as diretrizes 
básicas para zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição. 
Seu objetivo é evitar que um projeto (obra ou atividade), justificável sob o ponto de 
vista econômico, revele-se posteriormente nefasto ou catastrófico para o meio ambiente. 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
10 
Valoriza-se a vocação essencialmente preventiva do direito ambiental. Foi justamente 
para prever o dano, antes de sua manifestação, que se criou o EIA. Daí a necessidade de que 
seja elaborado no momento certo: antes do início da execução, ou mesmo antes de atos 
preparatórios do projeto. 
A publicidade exigida pela norma constitucional possibilita a participação popular nas 
discussões e aferições do conteúdo dos estudos, contribuindo para seu aprimoramento. 
4.2.2.6. Controle da produção, comercialização e utilização de técnicas, 
métodos e substâncias nocivas à qualidade de vida e ao meio 
ambiente. 
Permite-se aqui, a interferência do Poder Público nas atividades econômicas de domínio 
privado para impedir a prática danosa à saúde da população ao meio ambiente. 
Levado a sério, tal dispositivo é extremamente revolucionário. Com efeito, não somente as 
substancias, mas também as técnicas e métodos, são considerados como fatores de danos 
reais ou potenciais ao meio ambiente. De modo implícito, são privilegiadas as chamadas 
tecnologias limpas. 
 
4.2.2.7. Educação Ambiental 
Não se trata de ser uma educação contra o progresso econômico para proteger o meio 
ambiente, mas de promover e compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com os 
requisitos ambientais mínimos, utilizando e conservando de modo racional os recursos 
naturais e solidarizando-se sincronicamente (nos tempos presentes) e diacronicamente 
(através dos sucessivos tempos) com toda humanidade. 
4.2.2.8. Proteção da Fauna e da Flora 
Estão protegidos todos os animais indistintamente, vez que todo ser vivo tem valor, função 
e importância ecológica, seja como espécie ou como indivíduo. 
No tocante à flora, tem igual proteção, vez que é estreita a ligação entre fauna e flora, 
expressada nas relações ecossistêmicas. Desta feita, as florestas, matas ciliares, os cerrados, o 
manguezal, e quaisquer formas de vegetação estão sob a proteção constitucional. 
4.2.2.9. Meio ambiente e mineração 
A atividade da mineração possui interface direta com a realidade do meio ambiente, dado 
que não há como extrair um mineral sem danos. 
Após consagrado interesse público existente sobre o aproveitamento dos minerais, impôs 
ao minerador a responsabilidade de recuperar o meio ambiente degradado, segundo soluções 
técnicas exigidas pelo órgão público. Vale observar que, anteriormente, a Lei 6.938/81, art. 2º, 
VIII, já se referia à recuperação de áreas degradadas como um dos princípios programáticos 
informadores da Política Nacional do Meio Ambiente. 
O que o legislador quer é que a própria recuperação do dano ecológico produzido pela 
mineração se faça de acordo com uma decisão técnica. 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
11 
4.2.2.10. A responsabilidade cumulativa das condutas e atividades lesivas 
Ao poluidor, nos termos da Constituição, aplicam-se medidas de caráter reparatório e 
punitivo. 
A danosidade ambiental, potencial ou efetiva, pode gerar uma tríplice reação do 
ordenamento jurídico, ou seja, um único ato pode detonar a imposição de sanções 
administrativas, penais e civis. 
Em âmbito civil, a responsabilidade ambiental é objetiva, ou seja, o dever de reparar 
exsurge com a simples presença do nexo causal entre a lesão e uma determinada atividade. 
Em âmbito penal, a responsabilidadeé subjetiva. 
Na esfera administrativa, o art. 70 da L. 9.606/98, considerou ilícito administrativo toda 
atividade contrária a quaisquer regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção, e 
recuperação do meio ambiente. Daí dizer-se que o fundamento da infração administrativa é 
tão somente a ilicitude da conduta, considerada como qualquer violação ao ordenamento 
jurídico, independentemente da configuração de culpa em sentido lato, senão naqueles casos 
em que a lei expressamente exigir. O STJ entende que a responsabilidade administrativa é 
subjetiva, exigindo dolo ou culpa para sua configuração. 
Vale referir também que a responsabilidade civil, segundo a teoria do risco integral, não 
admite as hipóteses de excludentes do nexo de causalidade (força maior, caso fortuito, e fato 
de terceiro), visto que só a existência da atividade vinculada ao dano, faz nascer a obrigação 
reparatória. 
Contudo, administrativamente, porém, o risco não é integral, constituindo as hipóteses 
de força maior, caso fortuito e fato de terceiro, excludentes de responsabilidade 
administrativa, exceto naqueles casos em que haja concausa, isto é, ocorrência de um 
resultado em função da combinação do evento excludente com um comportamento omissivo 
ou comissivo do agente. Isto porque, a conduta do infrator terá concorrido para a realização 
do ilícito administrativo. 
Vamos ler um trecho do Buscador Dizer o Direito: 
A responsabilidade administrativa ambiental, como regra, apresenta caráter subjetivo, 
exigindo dolo ou culpa para sua configuração. STJ. 2ª Turma. REsp 1640243/SC, Rel. Min. 
Herman Benjamin, julgado em 07/03/2017. 
A responsabilidade por danos ambientais na esfera cível é objetiva. Isso significa, por exemplo, que, se o 
Ministério Público propuser uma ação contra determinado poluidor, ele não precisará provar a culpa ou dolo 
do réu. 
Por outro lado, para a aplicação de penalidades administrativas não se obedece a essa mesma lógica. 
A responsabilidade administrativa ambiental, como regra, apresenta caráter subjetivo, exigindo dolo ou 
culpa para sua configuração. 
Assim, adota-se a sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, deverá ser comprovado o elemento 
subjetivo do agressor, além da demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano. 
A diferença entre os dois âmbitos de punição e suas consequências fica bem estampada da leitura do art. 14, 
caput e § 1º, da Lei nº 6.938/81. 
No § 1º do art. 14 está prevista a responsabilidade na esfera cível. Lá ele fala que esta é independente da 
existência de culpa: 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
12 
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor 
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio 
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá 
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. 
Já o caput do art. 14, que trata sobre a responsabilidade administrativa, não dispensa a existência de culpa. 
Logo, interpreta-se que ele exige dolo ou culpa. 
Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não 
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela 
degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores... 
FONTE: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva. 
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
 <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a08e32d2f9a8b78894d964ec7fd41
72e>. Acesso em: 23/04/2018 
 
4.2.2.11. Proteção especial às microrregiões 
Cinco regiões entre os grandes biomas brasileiros, recebem tratamento particular em 
decorrência das características de seus ecossistemas. São eles: Floresta Amazônica, Mata 
Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense e Zona Costeira. Mnemônico: FAB-SERRA-
MATA – PANTA - ZONA 
Tão grande foi a preocupação do legislador constitucional com a manutenção desses 
vastos territórios, que os considerou patrimônio nacional, estabelecendo, em consonância 
com a devida proteção aos direitos de terceira geração, uma limitação ao seu uso, que só se 
dará na forma da lei e dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente. 
A expressão patrimônio nacional, a que se refere o dispositivo, não tem, à evidência, o 
sentido de propriedade federal ou do Estado, mas de riqueza que, neste país, herdamos com a 
obrigação de preservar e transmitir às gerações futuras, sem perda, é claro, de seu adequado 
aproveitamento econômico. Deveras, qualificado como bem de uso comum do povo, não 
integra o patrimônio disponível do Estado. Portanto, o Estado não atua jamais como 
proprietário deste bem, mas, diversamente, como simples administrador de um patrimônio 
que pertence à coletividade. 
 
4.2.2.12. Indisponibilidade de terras devolutas e de áreas indispensáveis à 
preservação ambiental 
As terras devolutas ou arrecadadas pelo Estado por ações discriminatórias, desde que 
necessárias à proteção de ecossistemas naturais, são consideradas indisponíveis, segundo 
regra expressa no art. 225, §5º da CF. 
No atual quadro constitucional, as terras devolutas foram mantidas como bens públicos, 
em razão da origem de seu domínio. Segundo prevê a CF88, pertencem à União aquelas 
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias 
federais de comunicação e à preservação ambiental definidas em lei. As que sobejam, 
pertencem aos Estados Federados. 
A indisponibilidade independe da ação discriminatória. A indisponibilidade não pressupõe 
a arrecadação, com julgamento final da ação de discriminação. É determinada em razão da 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
13 
origem de seu domínio e da finalidade a que se destina. Com efeito, as terras devolutas que 
concorrem para a proteção de determinado ecossistema são indisponíveis, por força de 
mandamento constitucional, mesmo que ainda não incorporadas ao patrimônio público da 
União, em virtude de ação discriminatória. A União, como detentora do domínio, só pode 
dispor dessas terras devolutas na estrita conformidade da intentio legis, ou seja, com o 
cuidado de preservar os ecossistemas que abrangem ou dos quais elas façam parte. 
4.2.2.13. O controle das usinas nucleares 
As usinas que operam com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei 
federal, sem o que não poderão ser instaladas. Dessa forma, somente após a edição de norma 
que regulamente a localização de usina nuclear é que o empreendimento, observado o prévio 
licenciamento ambiental, e outras exigências de nossa legislação, poderá ser efetivamente 
instalado. 
No que diz respeito à forma, só a lei, no sentido estrito, ou seja, lei federal, poderá dispor 
sobre a matéria, pois a Constituição também elegeu o controle político, efetuado pelo 
Congresso Nacional, como forma de gestão das atividades nucleares. 
 
5. Princípios do Direito Ambiental 
Como já tivemos oportunidadede estudar em outras matérias, vou fazer um introito 
brevíssimo sobre princípios, ok? Princípios são normas jurídicas que fundamentam o sistema 
jurídico, com maior carga de abstração, generalidade e indeterminação que as regras, não 
regulando as situações fáticas diretamente, carecendo de intermediação para a aplicação 
concreta. Devem ser pesados com outros princípios em cada caso concreto, à luz da 
ponderação casual (princípio da proporcionalidade). 
No que concerne aos princípios ambientais muitos foram positivados em leis como 
deveres a serem seguidos e objetivos a serem atingidos. Importante esclarecer que, em direito 
ambiental, não há uniformidade doutrinária na identificação dos seus princípios específicos, 
bem como o conteúdo jurídico de muitos deles. Trataremos dos principais. 
5.1. Princípio do Meio Ambiente como Direito Humano Fundamental 
Apesar de não estar topograficamente contido no rol do artigo 5o da CF (a previsão é do 
artigo 225 da CF), o meio ambiente é considerado um direito fundamental pelo STF, sendo 
uma extensão do direito à vida e necessário à pessoa humana. 
5.2. Princípio da Prevenção 
Procura-se evitar o risco de uma atividade sabidamente danosa e evitar efeitos nocivos ao 
meio ambiente. Aplica-se aos impactos ambientais já conhecidos (certeza científica) e que 
tenham uma história de informações sobre eles. O CESPE costuma cobrar esse princípio em 
relação à certeza e ao momento de sua aplicação. Entende que prevenção se manifesta 
quando o risco da atividade é certo e suas potencialidades lesivas conhecidas. 
 
A finalidade ou o objetivo final do princípio da prevenção é evitar que o dano possa chegar 
a produzir-se. Deve-se tomar as medidas necessárias para evitar o dano ambiental porque as 
consequências de se iniciar determinado ato, prosseguir com ele ou suprimi-lo são conhecidas. 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
14 
Tal princípio está presente na Declaração de Estocolmo (1972) e na Declaração do Rio (ECO – 
92). A Política Nacional do Meio Ambiente fala em manutenção e proteção (Lei 6.938/81). 
Possui amparo constitucional (art. 225, §1º, IV, CF - obrigatoriedade de EIA em obras ou 
atividades potencialmente causadoras de significativa degradação ao meio ambiente). O 
principal instrumento de prevenção é o EIA/RIMA. 
Em suma: já se tem base científica para prever os danos ambientais de determinada 
atividade lesiva ao meio ambiente, devendo-se impor ao empreendedor condicionantes no 
licenciamento ambiental para mitigar ou elidir os prejuízos. 
 
5.3. Princípio da precaução (vorsorgeprinzip) 
É o que incide quando não se tem certeza científica acerca dos danos que podem ser 
causados. Aplica-se o primado da prudência e o benefício da dúvida em favor do ambiente. A 
falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar medidas para 
evitar ou minimizar essa ameaça. In dubio pro natura. O CESPE costuma diferenciar o princípio 
da precaução do princípio da prevenção em face do grau de incerteza. Havendo 
desconhecimento da possibilidade ou não de dano com determinada atividade, a precaução 
impõe que ela não se realize, já que os danos ambientais quase sempre são irreversíveis. 
Marco inicial – Lei da Alemanha de 1976. Primeira previsão internacional: Conferência do 
Mar do Norte de 1987. Foi proposto formalmente na Declaração do Rio (ECO – 92) e na 
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as mudanças do clima – 1992 (uma de suas 
emendas é o protocolo de Kyoto de 1997). Também presente da Convenção sobre Diversidade 
Biológica – 1992. 
Princípio 15 da Declaração do Rio 92: “Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio 
da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas 
capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza 
científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas 
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”. 
Tratados já ratificados no Brasil: Declaração do Rio; Convenção Quadro das Nações Unidas 
sobre as mudanças do clima; Convenção sobre Diversidade biológica – todos de 1992. 
Possui amparo constitucional: art. 225, caput, de forma implícita. Na esfera legislativa, a 
primeira lei que tratou no Brasil foi a da Biossegurança (art. 11.105/05 – art. 1º). 
Inversão do ônus da prova do risco é seu corolário, implicando na necessidade de 
demonstração de que a atividade não traz riscos ao meio ambiente. Destaca Paulo Afonso 
Leme Machado aponta 3 características: 1 - incerteza do dano em face do atual estado da 
técnica; 2 - possibilidade de efeitos graves e irreversíveis ao ambiente; 3 - dirige-se com 
primazia às autoridades públicas. A adoção das medidas públicas, por sua vez, deve ser regida 
pela temporariedade (enquanto durar a incerteza) e pela proporcionalidade. 
Em nome desse princípio, o Estado pode suspender uma grande liberdade, ainda mesmo 
que ele não possa apoiar sua decisão numa certeza científica. O princípio da precaução entra 
no domínio de direito público que se chama poder de polícia da administração. Assim, o Poder 
Público pode não liberar uma atividade supostamente impactante até que haja uma evolução 
científica a fim de melhor analisar a natureza e a extensão dos potenciais males ambientais. 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
15 
Diferenciação quanto à precaução: a prevenção atua no sentido de inibir o risco de dano 
em potencial (atividade sabidamente perigosas), enquanto a precaução atual para inibir o risco 
de perigo potencial (ou seja, o dano em abstrato). Prevenção se dá em relação ao perigo 
concreto, ao passo que a precaução envolve perigo abstrato ou potencial 
Como decorrência do princípio da precaução, tem-se defendido um subprincípio 
denominado de Princípio In dúbio pro natura2, que tem aplicação na interpretação das leis 
ambientais, preconizando que, em caso de dúvida, o interesse da coletividade deve 
preponderar sobre o interesse privado. 
Em suma: se determinado empreendimento puder causar danos ambientais sérios ou 
irreversíveis, contudo inexiste certeza científica quanto aos efetivos danos e a sua extensão, 
mas há base científica razoável fundada em juízo de probabilidade não remoto da sua 
potencial ocorrência, o empreendedor deverá ser compelido a adotar medidas de precaução 
para elidir ou reduzir os riscos ambientais para a população. 
A dou 
 
5.4. Princípio do Desenvolvimento Sustentável ou Ecodesenvolvimento 
Tem previsão implícita no artigo 225 c/c artigo 170, VI, da CF e é expressamente previsto 
no princípio 04 da Declaração do Rio. Ademais, é expressamente previsto na PNMA. 
A ideia de desenvolvimento socioeconômico em harmonia com a preservação ambiental 
emergiu da Conferência de Estocolmo, de 1972. Foi tratada também pela Comissão Brundtland 
– 1987. No início da década de 1980, a ONU retomou o debate das questões ambientais. 
Indicada pela entidade, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, chefiou a 
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, para estudar o assunto. O 
documento final desses estudos chamou-se Nosso FuturoComum ou Relatório Brundtland. 
Apresentado em 1987, propõe o desenvolvimento sustentável, que é “aquele que atende às 
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem 
às suas necessidades”. 
São pilares do desenvolvimento sustentável: crescimento econômico, preservação 
ambiental e equidade social. 
Na verdade, esse princípio decorre de uma ponderação que deverá ser feita 
casuisticamente entre o direito fundamental ao desenvolvimento econômico e o direito à 
preservação ambiental, à luz do princípio da proporcionalidade. 
A rigor, portanto, o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades 
do presente sem comprometer a possibilidade de existência digna das gerações futuras. 
Com base nisso, o STF vedou todas as interpretações que permitiram ou permitem a 
importação de pneus usados de qualquer espécie, pois afrontam os princípios do artigo 170, I 
(soberania) e VI (desenvolvimento sustentável), artigo 196 da CF e 225. 
 
2 Este foi o tema central do I Congresso Internacional de Magistrados sobre Meio Ambiente - IN DUBIO PRO NATURA, 
que ocorreu entre 08/11/2012 e 11/08/2012 em Manaus. 
 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
16 
5.5. Princípio do Poluidor-pagador ou da responsabilização 
 
Uma vez identificado o poluidor, ele deve arcar com as despesas de prevenção, reparação 
e repressão dos danos ambientais. Estabelece que aquele que utiliza de recurso ambiental e 
causa degradação (externalidades negativas) ambiental deve arcar com os custos para 
minimizá-la ou para recuperá-lo. Poluidor é toda pessoa física ou jurídica que causa direta ou 
indiretamente degradação ambiental. É preventivo (exige a prevenção do dano) e repressivo 
(ocorrendo danos o poluidor será responsável por sua reparação – responsabilidade objetiva). 
Tem previsão constitucional - art. 225, § 3º CF. 
Nesse sentido, o STJ entende que o degradador, independentemente da existência de 
culpa, é obrigado a reparar todos os danos que cause ao meio ambiente e a terceiros afetados 
por sua atividade, sendo prescindível perquirir acerca do elemento subjetivo, o que, 
consequentemente, torna irrelevante a eventual boa ou má-fé para fins de acertamento da 
natureza, conteúdo e extensão dos deveres de restauração do status quo ante ecológico de 
indenização. 
Previsto também como Princípio 16 da Declaração do Rio 92 e no art. 4o, VII, da Lei 
6.938/85: o empreendedor deve arcar com o ônus decorrente de suas atividades (visa a 
internalização dos prejuízos causados pela deterioração ambiental). 
É contrário à ideia de privatização dos lucros e socialização dos prejuízos. 
NÃO SE TRATA DE UMA PUNIÇÃO, pois mesmo não existindo qualquer ilicitude no 
comportamento do poluidor, mesmo sendo seus atos amparados pelo direito, ele deverá 
sanar os danos causados. Assim, para tornar obrigatório o pagamento pela poluição danosa 
efetivada, não há necessidade de ser provado que o poluidor está cometendo faltas ou 
infrações. Há necessidade, somente, de se provar a ocorrência da poluição advinda de uma 
atividade própria.A reparação deverá ser preferencialmente “in natura”, ou seja, buscando 
restabelecer o “status quo ante”. 
Esse princípio não tolera a poluição, pois a finalidade primordial é evitá-la. Não se trata de 
uma autorização para poluir, desde que se indenize. A poluição continua vedada; se acontecer, 
contudo, deve dar-se a recomposição in natura e a indenização dos danos insuscetíveis de 
recomposição. 
Sob manto de tal princípio, o STJ considera válida cláusula contratual ambiental que prevê 
a obrigação do revendedor de devolver ao fabricante as baterias usadas (sistema de logística 
reversa), inclusive validando rescisão contratual por descumprimento. 
Há uma nova corrente doutrinária que deseja separar o princípio do poluidor-pagador em 
duas vertentes: princípio da responsabilidade e princípio do poluidor pagador, da seguinte 
forma: 
a) A reparação dos danos causados às vítimas, o princípio da responsabilidade. 
b) A precaução, prevenção e redistribuição dos custos da poluição, o princípio do 
poluidor-pagador. 
No que concerne à responsabilidade civil por danos ambientais, para o STJ, a 
responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo 
o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
17 
sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes 
de responsabilidade civil para afastar a sua obrigação de indenizar; c) é inadequado pretender 
conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é 
função que incumbe ao direito penal e administrativo; c) Inviabilidade de alegação de culpa 
exclusiva de terceiro, ante a responsabilidade objetiva. – A alegação de culpa exclusiva de 
terceiro pelo acidente em causa, como excludente de responsabilidade, deve ser afastada, 
ante a incidência da teoria do risco integral e da responsabilidade objetiva ínsita ao dano 
ambiental (art. 225, § 3º, da CF e do art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81), responsabilizando o 
degradador em decorrência do princípio do poluidor-pagador. 
Ainda, sobre tal princípio, é importante esclarecermos algo. Firmou-se na doutrina e 
jurisprudência a orientação de que o titular atual do domínio ou posse de um imóvel é 
responsável por recuperar áreas degradadas do correlato ecossistema, notadamente as 
compreendidas como reserva legal ou de preservação permanente, mesmo nas hipóteses em 
que reste cabalmente comprovado ter a degradação sido perpetrada por quem era dono ou 
possuidor em época anterior. Trata-se, no fundo, de uma responsabilidade que independe da 
origem vinculada a uma conduta própria. 
Existindo o dano em área ecologicamente protegida ou merecedora de proteção, aquele 
que sobre ela detém, na atualidade, prerrogativas de uso, fruição e defesa contra investidas de 
terceiros (utilizando-se para tanto do desforço imediato ou dos interditos possessórios) está 
compelido a repará-lo cumprindo uma ou mais obrigações de fazer. Essa sujeição obrigacional 
por fato pretérito imputável a terceiro deriva do enquadramento na categoria jurídica de 
“obrigações propter rem” (também referidas como “reais”, “mistas” ou “ambulatórias”), a 
cujo respeito PABLO STOLZE GAGLIANO e RODOLFO PAMPLONA FILHO se referem como sendo 
resultado “de um direito real sobre determinada coisa, aderindo a essa e, por isso, 
acompanhando-a nas modificações do seu titular” (na obra “Novo Curso de Direito Civil”, vol. 
II, 11. ed., p. 46). É ainda do magistério desses dois renomados civilistas a anotação de que as 
obrigações propter rem “se transmitem automaticamente para o novo titular da coisa a que 
se relacionam” (ob. cit., p. 46). O Superior Tribunal de Justiça tem, a propósito do assunto, 
inúmeros precedentes enfatizando que o dever de reverter danos em áreas de vegetação 
nativa é exigível em face do atual ocupante (a título dominial ou possessório), não 
importando se o quadro ambientalmentedanoso já existia em época anterior à ocorrência 
da transmissão da propriedade ou posse. Ressalte-se que a obrigação propter rem se 
transfere ainda que seja de natureza pecuniária, ressalvando-se apenas o caso de se tratar 
de pena pecuniária, que não se transmite, diante do princípio da personalidade, 
pessoalidade ou intranscendência da pena. 
Portanto, temos que: 
 Degradação ambiental: obrigação de reparar transfere ao adquirente. 
 Penalidade administrativa: não transfere. Princípio da intranscendência. 
 Prescrição para reparação de dano ambiental: imprescritível. 
 Prescrição para aplicação de penalidade administrativa: prescreve em cinco anos a 
contar da data de conhecimento dos fatos pela autoridade responsável. 
 Prescrição para pagamento da penalidade administrativa: em cinco anos, contados 
do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de 
promover a execução da multa por infração ambiental” – Súmula n. 467 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
18 
Ainda, em relação à responsabilidade, a doutrina e a jurisprudência assentou o 
entendimento de que o Estado é corresponsável pelo dano ambiental, quando verificada 
determinadas situações. Isso geralmente ocorre quando não exigem as regras do 
licenciamento ambiental adequado, quando desrespeitam, em suma, o princípio da 
prevenção ou da precaução, falham nos licenciamentos, por culpa ou por dolo, não 
interessa. De acordo com o entendimento dos tribunais e da jurisprudência majoritária, é 
espécie de responsabilidade subjetiva, fundamentando-se na faute du servisse. Ou seja, sua 
omissão enseja sua responsabilidade. É só a recuperação do meio ambiente. A multa não, 
pois o próprio ente irá administrar o fundo de multas. 
Lado outro, haverá também sua responsabilidade, segundo o STJ, quando o devedor 
principal deixar de cumprir a obrigação. Vejamos: A responsabilidade solidária e de execução 
subsidiária significa que o Estado integra o título executivo sob a condição de, como devedor-
reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador original, direto ou material (= 
devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, 
seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento da prestação 
judicialmente imposta. 
Há ainda uma outra hipótese de responsabilidade, oriunda do poluidor-pagador. É a 
responsabilidade das instituições financeiras que bancam essas atividades. Os empresários, 
quando vão exercer atividades, normalmente vão a uma instituição financeira pegar dinheiro 
emprestado. Se a instituição financeira não se preocupar em exigir a confirmação de que as 
regras ambientais estão sendo cumpridas e liberar o dinheiro sem a devida cautela, ela é 
corresponsável. Isso vale também para qualquer instituição financeira privada, e não só para 
as oficiais. 
5.6. Princípio do Usuário Pagador 
Com previsão na Lei 6.938/81, art. 4º, inciso VII, é uma evolução do princípio do poluidor-
pagador. Destaca que o uso gratuito de recursos naturais às vezes pode representar 
enriquecimento ilícito por parte do usuário, pois a comunidade que não usa ou usa em menor 
escala fica onerada. Tal princípio também não deve ser encarado como punição, pois poderá 
ser implementado mesmo sem haver comportamento ilícito, dentro do permitido pelo 
ordenamento. 
Estabelece que o usuário de recursos naturais (escassos) deve pagar por sua utilização. A 
ideia é de definição do valor econômico ao bem natural com intuito de racionalizar o seu uso e 
evitar seu desperdício. Veja que difere do princípio do poluidor-pagador, pois neste há 
poluição e a quantia paga pelo empreendedor também funciona como sanção 
Leme faz uma correlação entre o princípio do usuário pagador e a compensação 
ambiental, afirmando que "a compensação ambiental é uma das formas de implementação do 
usuário pagador, antecipando possíveis cobranças por danos ambientais". 
O usuário é aquele que não causa poluição. Paga por um direito outorgado pelo poder 
público. Ex: cobrança pelo uso de água, art. 19 e 20 da Lei nº 9.433/97. Pagar é garantir o art. 
225 CF, em benefício das futuras gerações. 
Importante esclarecer que o STF reconhece expressamente o princípio do usuário-pagador 
em seus julgados. 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
19 
POLUIDOR-PAGADOR X USUÁRIO-PAGADOR: o primeiro visa, primordialmente, a 
responsabilizar o causador do dano, recompondo o meio ambiente. O segundo visa a evitar o 
enriquecimento sem causa do usuário de um bem comum da coletividade. O usuário é aquele 
que não causa poluição. Paga por um direito outorgado pelo poder público. 
5.7. Princípio da Cooperação entre os povos 
Tendo em vista que o meio ambiente não conhece fronteiras política, sendo a terra um 
grande ecossistema, a única forma de preservá-la é a cooperação entre as nações, mormente 
por meio de tratados internacionais, para se ter uma tutela global ambiental. O artigo 77 da Lei 
9605/98 fala da cooperação internacional em matéria de crimes ambientais. 
 
5.8. Princípio da Solidariedade Intergeracional 
Está insculpido no Princípio 3 da RIO/92: “O direito ao desenvolvimento deve ser exercido 
de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades das gerações 
futuras.” 
No mesmo sentido é a previsão do art. 225, CF. O legislador constituinte criou um sujeito 
de direito indeterminado, ou seja, gerações futuras, que ainda não nasceram e para os quais 
os recursos naturais devem ser preservados. A solidariedade ambiental é sincrônica (presentes 
gerações) e diacrônica (futuras gerações). Não é justo utilizar recursos naturais que devem ser 
reservados aos que ainda não existem. 
 
5.9. Princípio da Obrigatoriedade de Atuação (princípio da natureza 
pública da proteção ambiental) 
Destaca-se a necessidade de intervenção do poder público, mas, ao mesmo tempo, aborda 
a questão do aumento da função fiscalizatória/regulatória, via agências reguladoras. Esse 
princípio decorre da declaração de Estocolmo (1972). Encontra-se na CF (art. 225) e na 
declaração do Rio 92. Preconiza que é dever irrenunciável do Poder Público e da coletividade 
promover a proteção do meio ambiente, por ser direito difusa, indispensável à vida humana 
sadia. 
O Estado deverá atuar como agente normativo e regulador da Ordem Econômica 
Ambiental, bem como, exercer o Poder de Polícia de maneira vinculada, de modo que, em 
regra, inexiste conveniência e oportunidade na escolha do melhor momento e maneira de sua 
exteriorização. 
 
5.10. Princípio da Participação Comunitária (Princípio 
Democrático/Cooperação) 
Inserido no caput do art. 225 da CF. Princípio nº 10 da Declaração do Rio de 1992. É dever 
de toda a sociedade atuar na defesa do meio ambiente. As pessoas têm o direito de participar 
ativamente das decisões políticas ambientais em decorrência do sistema democrático, uma 
vez que os danos ambientais são transindividuais. 
A participação consubstancia-se: a) no dever jurídico de proteger e preservar o meio 
ambiente; b) no direito de opinar sobre as políticas públicas; e c) na utilização dos mecanismos#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
20 
de controle políticos (plebiscito, referendo, iniciativa popular), judiciais (ação popular, ação 
civil pública) e administrativos (informação, petição, EIA). 
Destaca-se aqui a atuação das ONGs e assento dos cidadãos nos conselhos ambientais e da 
consulta pública para criação de algumas unidades de conservação. 
Destaca Leme a deficiência de acesso das organizações nos tribunais internacionais para 
fomentar o debate de temas ambientais. Na CIJ só Estados soberanos podem figurar como 
partes contenciosas, não havendo legitimidade para Organizações Internacionais figurarem 
nos litígios. Entretanto, no âmbito da competência consultiva, é possível o requerimento por 
parte de org. internacionais, autorizadas pela Assemb. Geral (Rezek). 
 
5.11. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade 
 
Segundo o art. 186 da CF, a função social da propriedade rural é atendida quando, além de 
outros requisitos, haja utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação 
do meio ambiente. Por outro lado, a propriedade urbana também deve respeitar a legislação 
ambiental como forma de garantir sua função social, tendo em vista que o plano diretor 
deverá necessariamente considerar a preservação ambiental, a exemplo da instituição de 
áreas verdes. 
Neste sentido, é importante esclarecer que tal princípio também está expresso no artigo 
1228, §1º do Código Civil, determinando que o direito de propriedade deve ser exercitado em 
consonância com suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de 
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o 
equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e 
das águas. 
Importante ressaltar que, conforme sabido, a propriedade rural que não atende à função 
socioambiental poderá ser desapropriada por interesse social, para fins de reforma agrária. 
Nesse sentido, o STF entende que a própria Constituição da República, ao impor ao Poder 
Público dever de fazer respeitar a integridade do patrimônio ambiental, não o inibe, quando 
necessária a intervenção estatal na esfera dominial privada, de promover a desapropriação de 
imóveis rurais para fins de reforma agrária, especialmente porque um dos instrumentos de 
realização da função social da propriedade consiste, precisamente, na submissão do domínio à 
necessidade de o seu titular utilizar adequadamente os recursos naturais disponíveis e de fazer 
preservar o equilíbrio do meio ambiente. 
Ainda, o STJ, em aplicação a tal princípio, entende que inexiste direito ilimitado ou 
absoluto de utilização das potencialidades econômicas de imóvel, pois antes até da 
promulgação da Constituição vigente, o legislador já cuidava de impor algumas restrições ao 
uso da propriedade com escopo de preservar o meio ambiente. Isso se deve que, no regime 
constitucional vigente, a propriedade fundamenta-se na função ecológica do domínio e posse. 
É com base nesse princípio que se tem sustentado, por exemplo, a possibilidade de 
imposição, ao proprietário rural, do dever de recomposição da vegetação em áreas de 
preservação permanente e de reserva legal, mesmo sem ter sido ele o responsável pelo 
desmatamento, pois se trata de uma obrigação real – propter rem, bastando para tanto a sua 
simples condição de proprietário ou possuidor. 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
21 
5.12. Princípio da Publicidade ou da Informação 
Toda informação sobre o meio ambiente é pública. Visa assegurar a eficácia do princípio 
da participação. É necessária a devida publicidade das questões ambientais, sob pena de 
impossibilidade de atuação do princípio democrático. 
O art. 5º, XXXIII da Constituição Federal e a Lei 12.527/11, garantem o acesso à informação 
de forma ampla, incluindo aquela que diz respeito ao meio ambiente. Assim, 
independentemente da demonstração de interesse específico, qualquer indivíduo terá acesso 
às informações dos órgãos ambientais, ressalvado o sigilo industrial e preservados os direitos 
autorais. 
No âmbito do direito ambiental, a PNMA criou o SINIMA – Sistema Nacional de 
Informações, que visa facilitar o intercâmbio de informações sobre o meio ambiente. 
 
5.13. Princípio do Limite ou Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder 
Público 
Possui amparo constitucional: art. 225, § 1º, inciso V. 
De acordo tal princípio, a Administração Pública tem a obrigação de fixar padrões 
máximos de emissões de poluentes, ruídos, enfim, de tudo aquilo que possa implicar 
prejuízos para os recursos ambientais e à saúde humana. É imprescindível para que se evite, 
ou pelo menos se minimize a poluição e a degradação. Nesse contexto, faz-se necessária a 
intervenção do Estado no controle de interesses particulares e na defesa em prol da maioria. 
Ademais, o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental é um dos instrumentos 
para a execução da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme determinado pelo artigo 9º, 
I, da Lei. 6.938/81. 
Edis Milaré: “resulta de intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração 
dos recursos ambientais com vista à sua utilização racional e disponibilidade permanente”. 
 
5.14. Princípio do Protetor-recebedor 
É a outra face da mesma moeda que contém o princípio do poluidor pagador. Se por um 
lado é preciso se internalizar os danos ambientais a quem os causa, é também necessária a 
criação de benefícios em favor daqueles que protegem o meio ambiente, com o intuito de 
fomentar e premiar essas atividades. 
Nesse sentido, o princípio indica que aquele agente público ou privado que protege um 
bem natural em benefício da comunidade deve receber uma compensação financeira como 
incentivo pelo serviço de proteção ambiental prestado. O princípio do protetor-recebedor 
incentiva economicamente quem protege uma área, deixando de utilizar seus recursos, 
estimulando assim a preservação. 
O princípio possui previsão expressa no ordenamento jurídico brasileiro, no artigo 6, II, da 
Lei 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
Trata-se de um fundamento da ação ambiental que pode ser considerado o avesso do 
conhecido princípio do usuário pagador, que postula que aquele que usa um determinado 
recurso da natureza deve pagar por tal utilização. 
#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Introdução; Princípios; 
Constituição; Direito 
Econômico 
 Apostila 01 
 Atualizado em 23/04/2018 
 
_____________________________________________________________________________ 
Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! 
www.diovanefranco.com 
Instagram: @diovanefranco 
E-mail: contato@diovanefranco.com 
 
22 
Um exemplo adotado em alguns municípios é a redução das alíquotas de IPTU para os 
cidadãos que mantém áreas verdes protegidas em suas propriedades. 
Há, ainda, o exemplo da previsão do artigo 10,§ 1o, II da Lei 9.393/96 que exclui da área 
tributável do ITR alguns espaços ambientais especialmente protegidos. 
5.15. Princípio da Proibição do Retrocesso Ecológico (ou non cliquet

Outros materiais