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Apostila 02 - Competências Constitucionais Ambientais

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#costurandoatoga 
 Direito Ambiental 
 Competências ambientais 
 Apostila 02 
 Dia: 27/04/2018 
 
________________________________________________________________________ 
1 
Fontes: Resumo da Magistratura Federal do TRF1 e Manual de Direito Ambiental do 
Frederico Amado de 2017, conjugado com meus conhecimentos e atualizações jurisprudenciais 
do Buscador Dizer o Direito. 
COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS AMBIENTAIS 
COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS AMBIENTAIS........................................................................ 1 
1. FEDERALISMO DE COOPERAÇÃO ....................................................................................... 1 
2. COMPETÊNCIAS MATERIAIS .............................................................................................. 2 
2.1. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA UNIÃO........................................................................................... 3 
2.2. COMPETÊNCIAS MATERIAIS DOS ESTADOS .................................................................................... 5 
2.3. COMPETÊNCIAS MATERIAIS DOS MUNICÍPIOS – SUPLETIVA ............................................................... 5 
3. COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS .......................................................................................... 5 
3.1. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DOS ESTADOS .................................................................................... 5 
3.2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DOS MUNICÍPIOS ................................................................................ 5 
4. LEI COMPLEMENTAR 140/2011 – REGULAMENTAÇÃO DA REPARTIÇÃO DE 
COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS EM MATÉRIA AMBIENTAL ............................................................. 8 
4.1. ESTRUTURA DA LC 140 ............................................................................................................ 9 
4.2. COMPETÊNCIA DA UNIÃO ....................................................................................................... 10 
4.3. COMPETÊNCIA DOS ESTADOS ................................................................................................... 12 
4.4. COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS .............................................................................................. 12 
4.5. COMPETÊNCIA DO DISTRITO FEDERAL ........................................................................................ 13 
4.6. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES .................................................................................................. 13 
4.7. OUTROS DESTAQUES DO CAPÍTULO ........................................................................................... 14 
4.8. DISPOSIÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 15 
4.9. CRITÉRIOS DEFINIDOS PELO STF PARA FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA AMBIENTAL (ANTES DA LC 140, MAS 
AINDA VÁLIDAS) 15 
4.10. PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI EM RELAÇÃO AO REGIME ANTERIOR ......................... 16 
4.11. MAIORES MÉRITOS DA LC 140: ........................................................................................... 20 
5. QUADRO DE COMPETÊNCIAS EM ÂMBITO JUDICIAL ....................................................... 20 
6. JURISPRUDÊNCIAS DO DIZER O DIREITO ......................................................................... 22 
 
Observação: quando formos tratar de licenciamento ambiental eu irei falar novamente 
sobre a LC 140, inclusive repetir o que já foi dito aqui em relação às competências 
administrativas previstas na LC 
1. Federalismo de cooperação 
O Brasil adotou um federalismo de cooperação tricotômico (União, Estados/DF e 
Municípios), conforme o artigo 18, tratando-se de núcleo intangível (cláusula pétrea). As 
competências materiais previstas foram exclusivas e comuns, e legislativas foram privativas e 
concorrente. 
Em que pese inexistir hierarquia entre os entes, sendo todos autônomos, a União 
concentrou em suas mãos a maioria das competências legislativas e administrativas. Em regra, 
a técnica utilizada pelo constituinte consiste na enumeração das competências da União e dos 
Municípios, deixando as remanescentes aos Estados e Distrito Federal (competência residual). 
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 Direito Ambiental 
 Competências ambientais 
 Apostila 02 
 Dia: 27/04/2018 
 
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2 
O que norteia a repartição de competências é a predominância do interesse, segundo o 
qual caberá à União aquelas matérias de predominante interesse geral, nacional ou regional 
(quando ultrapassem mais de um Estado), ao passo que aos Estados tocarão as matérias e 
assuntos de predominante interesse regional (rectius: estadual), e aos Municípios os 
predominantes interesses locais. 
A Constituição brasileira, à semelhança do sistema alemão, adota um sistema complexo que 
busca realizar o equilíbrio federativo, por meio de uma repartição de competências que se 
fundamenta na técnica da enumeração dos poderes da União (artigos 21 e 22), com poderes 
remanescentes para os Estados (art. 25, § 1º) e poderes definidos indicativamente para os 
Municípios (artigo 30). 
2. Competências materiais 
Competência material é a competência administrativa propriamente dita, que atribui a 
uma esfera de poder o direito de fiscalizar e impor sanções em caso de descumprimento da lei. 
Em matéria ambiental, a todas as entidades políticas compete proteger o meio ambiente, 
sendo uma atribuição administrativa comum, prevista de maneira detalhada no artigo 23 da 
CF. 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: 
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e 
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros 
bens de valor histórico, artístico e cultural; 
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; 
IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições 
habitacionais e de saneamento básico; 
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e 
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios. 
Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento 
e do bem-estar em âmbito nacional. 
 
A referida Lei Complementar citada no parágrafo único do artigo 23 foi editada em 2011, 
tratando-se da LC 140/2011, e fixa as normas para cooperação entre a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas (materiais) decorrentes do exercício 
da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do 
meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das 
florestas, da fauna e da flora. 
As competências comuns ambientais devem ser reguladas por lei complementar, sendo 
considerada pelo STF inconstitucional norma estadual que transfere competência aos 
municípios, por se tratar de dever irrenunciável do Estado membro da federação, que não 
poderá se demitir do seu dever constitucional, sobrecarregando, indevidamente, os municípios, 
devendo ter uma ação conjunta. 
Conforme a lei complementar mencionada, o artigo 3º dispõe sobre objetivos, dentre os 
quais uma gestão descentralizada e harmonização das políticas para evitar a sobreposição de 
atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuição. 
As entidades políticas poderão se valer dos instrumentos de cooperação administrativa 
previstos na LC 140/2011, para atuar conjuntamente na proteção ambiental, como os 
consórcios públicos, os convênios, e os acordos de cooperação técnica, que podem ser 
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 DireitoAmbiental 
 Competências ambientais 
 Apostila 02 
 Dia: 27/04/2018 
 
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firmados por prazo indeterminado, entre outros previstos na legislação ambiental. Vimos essa 
matéria em direito administrativo: é só ir lá no site e verificar a natureza de cada um desses 
institutos e suas características. 
Os consórcios públicos são contratos celebrados pelas entidades políticas a fim de realizar 
os seus objetivos de interesse comum, como a preservação do meio ambiente e o 
desenvolvimento sustentável. 
Os convênios são ajustes celebrados entre pessoas jurídicas de direito público ou entre estas 
e particulares, visando realizar o interesse público, por meio de interesses convergentes, não 
criando novas pessoas jurídicas, sendo bastante similares aos acordos de cooperação técnica. 
Há ainda fundos públicos e privados, como o Fundo Nacional do Meio Ambiente, que 
objetiva desenvolver os projetos que visem ao uso racional e sustentável de recursos naturais, 
incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental no sentido de elevar 
a qualidade de vida da população brasileira. 
Ainda, como regra geral, as pessoas políticas PODERÃO DELEGAR as suas atribuições 
ambientais a outras, ou a mera execução de ações administrativas, por meio de convênios, 
desde que o ente destinatário disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações 
administrativas a serem delegadas e de Conselho de Meio Ambiente, assim considerado aquele 
que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número 
compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas. 
Ainda, a lei previu Comissões que possuem poderes para deliberar sobre a competência 
para a promoção do licenciamento ambiental, em hipóteses previstas na LC 140/2011, também 
arroladas como instrumento de cooperação institucional. São elas: 
 Comissão Tripartite Nacional: formada paritariamente por representantes do 
Executivo da União, dos Estados e DF e dos Municípios. 
 Comissões Tripartites Estaduais: formada paritariamente por representantes do 
Executivo da União, dos Estados e dos Municípios. 
 Comissão Bipartite do Distrito Federal: formada paritariamente por representantes 
da União e do Distrito Federal. 
Em relação à LC 140/2011, suas disposições serão aplicadas tão somente aos processos 
de licenciamento e autorização ambiental iniciados a partir da sua vigência, não tendo eficácia 
retroativa. 
2.1. Competência exclusiva da União 
A Constituição Federal, artigo 21, incisos IX, XVIII, XIX, XX e XXIII traz as competências 
materiais exclusivas da União. Percebam que essas competências sempre falam em planos 
regionais, diretrizes, sistema nacional, e todo assunto sobre energia nuclear. 
Art. 21. Compete à União: 
IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de 
desenvolvimento econômico e social; 
XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, 
em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; 
XV – organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito 
nacional; 
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as 
secas e as inundações; 
XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga 
de direitos de seu uso; 
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 Direito Ambiental 
 Competências ambientais 
 Apostila 02 
 Dia: 27/04/2018 
 
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XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e 
transportes urbanos; 
XXII – executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio 
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de 
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e 
mediante aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos para a 
pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas; 
c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa. 
XXV – estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma 
associativa. 
 
Os recursos minerais pertencem à União, e não ao proprietário do solo, cabendo, 
portanto, à administração federal, autorizar a sua exploração. O mesmo pode ser sustentado 
em relação à pesquisa e à lavra das jazidas de petróleo. 
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais 
de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de 
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a 
propriedade do produto da lavra. 
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais 
a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante 
autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa 
constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma 
da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se 
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. 
§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, 
na forma e no valor que dispuser a lei. 
§ 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as 
autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou 
transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente. 
§ 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do 
potencial de energia renovável de capacidade reduzida. 
 
Art. 177. Constituem monopólio da União: 
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros 
hidrocarbonetos fluidos; 
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; 
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das 
atividades previstas nos incisos anteriores; 
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados 
básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, 
de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; 
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização 
e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos 
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob 
regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta 
Constituição Federal. 
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização 
das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições 
estabelecidas em lei. 
Com relação às atividades nucleares, pela importância e gravidade da matéria, pelos 
riscos decorrentes da má administração e pela responsabilidade do Brasil, não apenas para com 
os seus cidadãos, mas também com os demais Estados, a União exerce o monopólio da sua 
exploração. 
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2.2. Competências materiais dos Estados 
Deixando aos Estados a matéria remanescente, a CF tornou de menor interesse a 
competência material privativa das unidades da Federação. Nos termos do art.25, § 2º, da 
CF/88: 
Art. 25 
§ 1º. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta 
Constituição. 
§ 2º. Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás 
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. 
Cumpre observar, porém, que os Estados têm competência material para agir 
administrativamente, mesmo nos casos em que a legislação tenha sido editada pela União ou 
por Municípios. 
2.3. Competências materiais dos municípios – supletiva 
A competência administrativa dos Municípios em matéria ambiental apresenta-se de forma 
reduzida ou de forma difusa (“interesse local”). Exemplo de fiscalização privativa seria um bem 
tombado de interesse histórico exclusivo do Município. Ademais, os Municípios também são 
proprietários de bens ambientais (como parques e praças), pelo que podem (e devem) criar 
guardas ambientais destinadas a zelar por eles. 
3. Competências legislativas 
A CF atribuiu competência legislativa concorrente sobre assunto do meio ambiente. Assim, 
todas as entidades políticas têm competência para legislar concorrentemente sobre meio 
ambiente, cabendo à União editar normas gerais, a serem especificadas pelos Estados, Distrito 
Federal e Municípios, de acordo com interesse regional e local, respectivamente, conforme o 
artigo 24 da Constituição Federal. 
Na competência concorrente, se a União não editar a norma geral, os Estados e DF poderão 
fazê-lo de maneira suplementar, exercendo a competência legislativa plena para atender às suas 
peculiaridades, por expressa autorização do §3º do artigo 24 da CF, sendo que a ulterior edição 
de norma geral pela União terá o condão de suspender a eficácia (e não invalidar) a lei estadual 
no que lhe for contrária. 
3.1. Competência legislativa dos estados 
Os Estados e o Distrito Federal legislam concorrentemente sobre as matérias consignadas 
no já transcrito art. 24 da CF. Tais entes federados não possuem competência enumerada, sendo 
identificada por exclusão – quando não for privativa na União e dos Municípios – ou por se tratar 
de competência concorrente – quando possuir competência em conjunto com a União. 
As normas gerais da União limitam-se a estabelecer postulados fundamentais. Não podem, 
em tese, especificar situações que, por sua natureza, são campo reservado aos Estados-
membros, perpassando o escopo de coordenação e uniformização. 
É concorrente, por exemplo, a competência para legislar sobre florestas. O Código Florestal 
passou a ser considerado norma geral depois da vigência da CF/88. Seus dispositivos, a partir de 
então, foram elevados à condição de princípios gerais obrigatórios, podendo os Estados legislar 
sobre florestas até onde não exista confronto com as regras genéricas. 
3.2. Competência legislativa dos municípios 
No que concerne à competência dos municípios para legislar sobre direito ambiental, sua 
competência não decorre da competência concorrente do artigo 24, mas sim do artigo 30, I e II 
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da CF, cabendo a eles legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação 
estadual e federal no que couber. Trata-se da competência suplementar supletiva. 
Poderia se afirmar que os municípios não possuem a faculdade de editar normas 
relacionadas ao meio ambiente, tendo em vista o que dispõe o inciso IX do artigo 30. Contudo, 
predomina na doutrina o entendimento de que os municípios também detêm competência no 
que se refere à matéria ambiental. 
A base constitucional para a elaboração da lei municipal encontra-se no art. 30, I e II da Carta 
Magna. Embora o inciso I não seja específico para o meio ambiente, a matéria encontra-se nele 
incluída, conforme se observa na expressão “assuntos de interesse local”. Igualmente, pode-se 
verificar, a partir do inciso II, a possibilidade de o Município suplementar, no que couber, a 
legislação federal e estadual. 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
(...) 
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a 
ação fiscalizadora federal e estadual. 
 
A matéria está disciplinada no § 2º do art. 6º da Lei nº 6.938/81, que subordina a legislação 
municipal sobre o meio ambiente aos preceitos contidos nas leis estaduais existentes. 
Art. 6º 
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão 
normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados 
os que forem estabelecidos pelo CONAMA. 
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também 
poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. 
Quando, não obstante existentes os interesses nacional e estadual, não houver legislação 
editada por tais entes, os Municípios podem livremente atuar no campo do interesse local. 
Existindo leis estaduais e federais, porém, há nítida inconstitucionalidade da lei municipal se for 
mais concessiva que aquelas. Sendo, no entanto, mais restritiva, ela em nada afronta os textos 
dos demais entes políticos. 
O Ministério do Meio Ambiente elaborou um roteiro básico elencando matérias que 
considera incluídas entre os “assuntos de interesse local”, passíveis de tratamento por lei 
municipal: a) licenciamento ambiental; 2) plano diretor do Município; 3) lei do uso e ocupação 
do solo; 4) Código de Obras; 5) Código de posturas municipais; 6) legislação tributária municipal; 
g) Lei do orçamento do município. 
Em suma: À União cabe a fixação de pisos mínimos de proteção ao meio ambiente, 
enquanto aos Estados, DF e Municípios, atendendo aos interesses regionais e locais, a de um 
“teto” de proteção. Assim, em regra, os Estados, DF e Municípios JAMAIS PODERÃO LEGISLAR 
DE MODO A OFERECER MENOS PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DO QUE A UNIÃO, nas normas 
que forem nacionais, e não nas federais. 
Assim, de acordo com o STJ, aos municípios cumpre a observância das normas editadas pela 
União e pelos Estados, como as referentes à proteção das paisagens naturais notáveis e ao meio 
ambiente, não podendo contrariá-las, mas legislar tão somente em circunstâncias 
remanescentes. O mesmo pode-se dizer do STF. 
Ainda, em relação aos Estados, o STF diz que “o espaço de possibilidade de regramento pela 
legislação estadual, em casos de competência concorrente, abre-se: (1) toda vez que não haja 
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legislação federal, quando então, mesmo sobre princípios gerais, poderá a legislação federal 
dispor; (2) quando, existente legislação federal, que fixe os princípios gerais, caiba 
complementação ou suplementação para o preenchimento de lacunas, para aquilo que não 
corresponda à generalidade; ou ainda, para definição de peculiaridades regionais. 
Recentemente o STF confirmou a competência municipal e do DF para legislar sobre a 
ocupação e parcelamento do solo urbano, admitindo a validade dos loteamentos fechados. 
Asseverou que nem toda matéria urbanística relativa às formas de parcelamento, ao uso ou à 
ocupação do solo deveria estar inteiramente regrada no plano diretor. Enfatizou que 
determinados modos de aproveitamento do solo urbano, pelas suas singularidades, poderiam 
receber disciplina jurídica autônoma, desde que compatível com o plano diretor. 
Ainda, o STF decidiu que é válida lei que controle a poluição de veículo, de modo que 
Municípios podem criar leis que apliquem multas aos proprietários de carros que emitam 
fumaça acima dos padrões aceitáveis. 
No que concerne ao meio ambiente do trabalho, o STF se manifestouno sentido de que o 
meio ambiente do trabalho está fora da competência legislativa concorrente, muito menos a 
ponto de chegar-se à fiscalização do local por autoridade estadual, com imposição de multa. 
Ainda, o STF considerou inconstitucional lei Estadual sobre transgênicos, que mandou 
observar a legislação federal em matéria de sua competência, o que importou em quebra da 
autonomia estadual. 
A regra é que os entes federativos tratem sobre assuntos de sua esfera legiferante. Assim, 
em caso de conflito entre leis de diferentes esferas, caso não seja a hipótese de aplicabilidade 
do Princípio da Especialidade, será solucionado pela delimitação pontual do que é considerado 
como norma geral sobre meio ambiente e o que é disposição que verse sobre peculiaridades 
regionais ou locais. 
A regra geral é que os Municípios e Estados-membros podem ampliar a proteção, 
estabelecendo novas restrições e condições ao exercício da atividade, bem como regras de 
segurança e fiscalização mais exigentes, desde que não sejam incompatíveis com a norma geral. 
O que se deve observar, portanto, caso a caso, é se as normas gerais editadas pela União dão 
margem (liberdade) para que os Municípios e Estados-membros possam prever um tratamento 
mais rigoroso. Uma coisa, no entanto, é certa: os Municípios e Estados-membros não têm 
competência legislativa para proibir uma atividade que foi expressamente autorizada pela 
norma geral da União. 
Nesse sentido, é importante trazer à baila o julgamento sobre a extração do amianto, 
recentemente realizado pelo STF. Havia uma lei federal que autorizava o uso de amianto, e 
várias leis Estaduais mais restritivas, proibindo o uso. Ocorre que STF considerou que o art. 2º 
da Lei nº 9.055/95 não é, atualmente, compatível com a CF/88. Nos dias atuais, existe um 
consenso científico dos órgãos nacionais e internacionais de proteção à saúde geral e saúde do 
trabalhador no sentido de que a crisotila (espécie de amianto permitida pelo art. 2º da Lei nº 
9.055/95) é altamente cancerígena, não se podendo falar que exista a possibilidade de seu uso 
seguro. Dessa forma, pode-se dizer que o art. 2º da Lei federal nº 9.055/1995 passou por um 
processo de inconstitucionalização e, no momento atual, não mais se compatibiliza com a 
Constituição de 1988. Algumas vezes pode acontecer de uma lei que antes era reconhecida 
como constitucional agora ser considerada incompatível com a Constituição 
As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei federal 
nº 9.055/95, que autorizava a utilização da crisotila (espécie de amianto), é inconstitucional. 
Houve a inconstitucionalidade superveniente (sob a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por 
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ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao dever estatal de redução dos riscos inerentes 
ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII, CF/88); e à 
proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). Com isso, é proibida a utilização de qualquer forma 
de amianto. STF. Plenário. ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info 874). STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. 
Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886). 
Excepcionalmente, no que concerne às águas, energias, jazidas, minas e outros recursos 
minerais, bem como atividades nucleares de qualquer natureza, cabe privativamente à União 
legislar sobre o assunto. Em relação às águas os Estados e o Distrito Federal têm competência 
para legislar sobre o gerenciamento de suas águas, pois precisam regular seu uso, podendo 
editar leis que disponham sobre o poder de polícia sobre os seus recursos hídricos. 
Em síntese: 
 
4. Lei complementar 140/2011 – Regulamentação da 
repartição de competências administrativas em matéria 
ambiental 
A Lei Complementar 140, consagrando o federalismo cooperativo, em atendimento ao 
disposto no parágrafo único do art. 23 da CF/88, veio fixar normas, para ações administrativas 
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decorrentes do exercício da competência comum de todos os entes da federação, relativas à 
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição 
em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora (são alguns dos 
incisos do art. 23 que tratam de matéria ambiental). 
Há muito essa Lei era esperada, justamente por ser o tema certamente o mais controvertido 
e gerador de conflitos no Dir. ambiental, pelas razões já expostas no início do resumo. 
 
Importante ressaltar que referida LC está sendo impugnada por meio de Ação Direta de 
Inconstitucionalidade no STF – ADI 4757 – proposta em abril de 2012 e pendente de julgamento. 
Eis os principais argumentos da ADI: 
- A LC deveria apenas prever mecanismos de cooperação, nos termos do parágrafo único do 
art. 23 da CF, mas, ao invés, estabeleceu competências privativas, impedindo a atuação dos 
órgãos federais, que antes era irrestrita. 
- A segregação das atribuições seria tão grande que afetaria a própria competência comum. 
Assim, agride o art. 225, CF, que impõe que a proteção do meio ambiente é dever do Poder 
Público (o que abrangeria todos os entes). 
- Atribuem-se poderes normativos irrestritos à Comissão Tripartite, que poderá impor 
obrigações e deveres por meio de “proposição”, fixando direitos e deveres sem previsão legal, 
violando o art. 5º e inc. II e art. 37 da CF. 
A titularidade da ADI é da Associação dos Servidores do IBAMA. As atribuições do CONAMA 
foram reduzidas substancialmente, tendo esse Conselho perdido poder. Surge, assumindo parte 
de suas atribuições, a Comissão Tripartite Nacional. 
4.1. Estrutura da LC 140 
A Lei Complementar que disciplina a atuação dos entes federados é composta de 22 artigos 
e está divida em quatro capítulos: 
- Capítulo I: DISPOSIÇÕES GERAIS – trata da finalidade da Lei, de conceitos-chave e dos 
objetivos a serem perseguidos pelos entes federados na atuação administrativa relativa às 
questões ambientais; 
- Capítulo II: DOS INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO – disciplina os meios e institutos 
através dos quais se dará a cooperação entre União, Estados, DF e Municípios; 
- Capítulo III: DAS AÇÕES DE COOPERAÇÃO – fixa, principalmente, a competência de cada 
ente federado na atuação administrativa em matéria ambiental. 
- Capítulo IV: DISPOSIÇÕES FINAIS – basicamente traz regras de direito intertemporal para 
os processos de licenciamento em curso quando da entrada em vigor da lei e altera o art. 10 da 
Lei 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – esse artigo era o que previa a atuação 
suplementar do IBAMA, sempre). 
II - DISPOSIÇÕES GERAIS 
a) Fundamentos da LC 140 (art. 1º): 
- proteger o meio ambiente; 
- proteger paisagens naturais notáveis; 
- combater a poluição; 
- preservar fauna e flora. 
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b) Objetivos da LC 140 (art. 3º): 
- promover gestão descentralizada, democrática e eficiente; 
- desenvolvimento sustentável, com ênfase na dignidade da pessoa humana, erradicação 
da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais; 
- harmonizar políticas e ações, evitando sobreposição de ações e conflitos de atribuições; 
- uniformizar política ambiental no país, respeitando peculiaridades regionais e locais. 
c) Conceitos trazidos pela LC 140 (art. 2º): 
I - LICENCIAMENTO AMBIENTAL: o procedimento administrativo destinado a licenciar 
atividades ou empreendimentos utilizadores de recursosambientais, efetiva ou potencialmente 
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental; 
II - ATUAÇÃO SUPLETIVA: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo 
originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar; 
III - ATUAÇÃO SUBSIDIÁRIA: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no 
desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo 
ente federativo originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar. 
III - INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO 
São instrumentos de cooperação institucional: consórcios públicos, convênios, acordos de 
cooperação técnica, Comissões (Tripartites e Bipartite), fundos públicos e privados e outros 
instrumentos econômicos, delegação de atribuições e de ações administrativas de um ente a 
outro. 
Observações: 
- convênios podem ser firmados por tempo indeterminado, sendo exceção, portanto, à 
regra máxima de 60 meses estabelecida pela Lei 8.666/93; 
- a Comissão Tripartite Nacional e as Estaduais são formadas, paritariamente, por 
representantes das três esferas de poder; a do DF é Bipartite, já que este ente não se divide em 
Municípios. 
- só poderá haver delegação se o ente delegatário dispor de órgão ambiental capacitado 
e conselho de meio ambiente. Considera-se capacitado o órgão que possui técnicos em 
quantidade compatível com a demanda. 
IV - AÇÕES DE COOPERAÇÃO 
Nesse capítulo são descritas as diversas ações administrativas (competências) 
pertencentes aos diversos entes da Federação, tratando o art. 7º das atribuições da União, o 8º 
das do Estado e o 9º das dos Municípios. 
 
4.2. Competência da União 
 
“(...) Em relação à competência da União, mais especificamente da sua Autarquia Federal 
com competência licenciatória (Ibama), a nova Lei dispensou qualquer outro requisito, além 
daqueles especificados nas alíneas do inciso XIV do art. 7º, acima transcrito. Diante disso, haverá 
competência do Ibama, caso a atividade ou empreendimento, a ser licenciado, localize-se ou se 
desenvolva conjuntamente no Brasil e em país limítrofe, no mar territorial, na plataforma 
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continental, na zona econômica exclusiva, em terra indígena, em 2 (dois) ou mais Estados, e 
em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental 
(APAs). 
Além da definição da competência federal, unicamente pela localização do 
empreendimento, haverá atribuição do Ibama para licenciar empreendimentos com 
características especiais, quais sejam, os de caráter militar, aqueles que manipulem materiais 
radiativos ou utilizem energia nuclear ou que atendam a tipologia, a ser estabelecida por ato 
do Poder Executivo, considerando critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade 
ou empreendimento. 
Sobre esse último critério, que se pode dizer aberto, inexiste, até o presente momento, 
definição da tipologia utilizada, bem como se desconhece ter havido a formação da Comissão 
Tripartite Nacional, a quem competirá propô-la. Assim, não há que se falar ainda na utilização 
do referido dispositivo, enfatizando-se que, conforme definido na própria LC nº 140/2011. 
(http://jus.com.br/artigos/26147/divisao-de-competencia-entre-os-entes-federativos-para-
emissao-de-licenciamento-ambiental#ixzz39AyZNNnI) 
Várias ações estão atribuídas à União, estando a maioria delas relacionadas, em nível 
nacional, à Política Nacional do Meio Ambiente, no que diz respeito ao planejamento, execução, 
diretrizes, orientação técnica, articulação entre os entes, conscientização pública, gestão de 
seus recursos ambientais, estudos, controles de âmbito nacional etc. 
 
1) Promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: 
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona 
econômica exclusiva; 
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, 
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
f) de caráter militar, salvo os previstos no preparo e emprego das Forças Armadas 
g) os relativos à material radioativo ou energia nuclear; ou 
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição 
da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor 
e natureza da atividade ou empreendimento (ou seja, licenciar o que for determinado por ato 
do Poder Executivo, por proposição da Comissão Tripartite Nacional). 
2) aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras 
em: 
a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação 
instituídas pela União, exceto em APAs; e 
b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela 
União; 
 
http://jus.com.br/artigos/26147/divisao-de-competencia-entre-os-entes-federativos-para-emissao-de-licenciamento-ambiental#ixzz39AyZNNnI
http://jus.com.br/artigos/26147/divisao-de-competencia-entre-os-entes-federativos-para-emissao-de-licenciamento-ambiental#ixzz39AyZNNnI
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4.3. Competência dos Estados 
 
“(...) Analisados os termos de vigência da legislação recém editada, cumpre adentrar no seu 
mérito. Na citada Lei Complementar, estabeleceu-se a competência dos Estados de “promover 
o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º (inciso XIV do art. 8º). 
A regra atual, portanto, atribui aos órgãos ambientais dos Estados a competência para 
licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais. Excetuarão a 
competência licenciatória estadual as atividades que causem impactos meramente locais, em 
que a competência será dos órgãos municipais, e aquelas que possuam determinadas 
características especiais, seja em razão da sua localização, seja pelo caráter da atividade 
licenciada. Os casos, portanto, que atrairão competência da União ou dos Municípios, estão 
expressamente previstos nos arts. 7º (inciso XIV) e 9º (inciso XIV) da LC nº 140/2011 (...)”. 
(http://jus.com.br/artigos/26147/divisao-de-competencia-entre-os-entes-federativos-para-
emissao-de-licenciamento-ambiental#ixzz39AvLXZVM) 
Basicamente, são dos Estados as mesmas competências da União, inclusive em relação à 
Política Nacional do Meio (exceto formular essa Política, que compete à União), só que em 
âmbito Estadual, e ainda formular, executar e fazer cumprir a Política Estadual do Meio 
Ambiente. 
A competência para licenciamento pelo Estado é RESIDUAL, cabendo-lhe aquilo que não for 
conferido à União ou ao Município (art. 8º, XIV), in verbis: 
Cabe, ainda, ao Estado: 
1. Promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos 
localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, 
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
2. Aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras 
em: 
a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em APAs; 
b) imóveis rurais, excetuados os casos conferidos à União 
c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo 
Estado; 
 
4.4. Competênciados Municípios 
Basicamente, a competência é a mesma da União e Estados, só que em âmbito municipal, 
incluindo-se a formulação, execução e imposição da Política Municipal do Meio Ambiente e 
mais o seguinte: 
1. Promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: 
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia 
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de 
porte, potencial poluidor e natureza da atividade; 
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b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas 
de Proteção Ambiental (APAs); 
 
2. Observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas na Lei 
Complementar, aprovar: 
a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas 
públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de 
Proteção Ambiental (APAs); e 
b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em 
empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município. 
 
4.5. Competência do Distrito Federal 
 
Cabe ao DF exatamente as mesmas competências atribuídas aos Estados e Municípios. 
 
 
4.6. Observações importantes 
 
1. Para o licenciamento federal, há um critério geral, que é o da localização geográfica do 
empreendimento ou atividade (e não mais do impacto ambiental), e dois critérios 
suplementares: o da atividade (militar ou nuclear/radioativa) e o do ente instituidor 
da unidade de conservação – instituída pela União, o licenciamento é de competência 
desse ente (o art. 12 da LC nomeia expressamente esse critério, dizendo não se aplicar 
às APAs). 
2. Para o licenciamento estadual há dois critérios: o residual, que deve ser orientado pela 
regra geral da lei, qual seja, o da localização geográfica do empreendimento ou 
atividade, e o do ente instituidor da unidade de conservação – se instituída pelo Estado, 
é desse ente o licenciamento na área (que não se aplica às APAs); 
3. Para o licenciamento municipal há dois critérios: permanece o do impacto ambiental 
local e o do ente instituidor das unidades de conservação (que não se aplica às APAs); 
4. Notem que, segundo a LC 140, quem vai definir o que é “impacto de âmbito local”, para 
fins de licenciamento, é o Conselho Estadual de Meio Ambiente. Para Paulo de Bessa 
Antunes (em palestra proferida no Recife em agosto/2012), isso é inconstitucional, pois 
órgão administrativo do Estado estaria definindo competências municipais, o que viola 
a Constituição (definição de competências no Estado Federal é atribuição da 
Constituição e não órgãos administrativos de um único ente). 
5. Observem que, ao estabelecer o critério da abrangência do impacto para o município, a 
LC, implicitamente, admite a utilização desse critério para o Estado, já que, se o impacto 
superar área do município, competirá ao Estado o licenciamento da atividade. 
 
6. O licenciamento que compreenda, concomitantemente, área terrestre e marítima da 
zona costeira só será atribuição da União se ato do Poder Executivo o definir, a partir de 
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proposição da Comissão Tripartite (União não quer se ocupar com pequenos 
empreendimentos, a exemplo de pequenas barracas e aluguéis de bananas boat); 
7. Em relação às APAs, temos uma regra diversa da do ente instituidor, que é a regra para 
as unidades de conservação. A regra da LC 140 diz que quem institui a unidade de 
conservação deve licenciar os empreendimentos na área, excetuando-se as APAs. No 
caso das APAs, o critério é a regra geral da Lei Complementar para as demais atividades, 
ou seja, o da localização geográfica do empreendimento ou atividade: no limite do 
município o impacto é local; em se limitando ao estado a competência é estadual; em 
mais de um estado é federal. Lembre-se, entretanto, que isso não exclui a competência 
da União em relação aos casos de sua exclusividade (APA em país fronteira com país 
limítrofe, APA em terra indígena, mar territorial, zona econômica exclusiva, atividades 
nucleares em APA...) 
8. Segundo o Novo Cód. Florestal, o licenciamento em APPs cabe ao órgão estadual do 
meio ambiente (arts. 10, 11-A, III e 26). 
 
4.7. Outros destaques do capítulo 
 
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, 
por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta 
Lei Complementar. 
§1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela 
licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do 
licenciamento ambiental. 
§2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo 
ente federativo licenciador. 
§3º Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem 
guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente 
federativo. 
 Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação dos 
processos de licenciamento. 
§1º As exigências de complementação oriundas da análise do empreendimento ou atividade 
devem ser comunicadas pela autoridade licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas 
aquelas decorrentes de fatos novos. 
§2º As exigências de complementação de informações, documentos ou estudos feitas pela 
autoridade licenciadora suspendem o prazo de aprovação, que continua a fluir após o seu 
atendimento integral pelo empreendedor. 
§3º O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não implica 
emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a 
competência supletiva referida no art. 15. 
§4º A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 
(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este 
automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. 
 
 Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo (SUBSTITUINDO O ENTE 
ORIGINÁRIO) nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes 
hipóteses: 
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no 
Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua 
criação; 
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II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o 
Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no 
Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles 
entes federativos. 
Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes federativos (AUXILIANDO O ENTE 
ORIGINÁRIO) dar-se-á por meio de apoio técnico, científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo 
de outras formas de cooperação. 
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente originariamente detentor 
da atribuição nos termos desta Lei Complementar. 
 Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, 
de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo 
administrativo paraa apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento 
ou atividade licenciada ou autorizada. 
§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental decorrente 
de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente 
poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do exercício de 
seu poder de polícia. 
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente 
federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la 
ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis. 
§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da 
atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou 
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, 
prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de 
licenciamento ou autorização a que se refere o caput. 
 
4.8. Disposições finais 
A Lei Complementar aplica-se apenas aos processos de licenciamento e autorização 
ambiental iniciados a partir de sua vigência (que se deu na data da publicação: 08/12/11). 
“(...) Parece razoável entender que processo já iniciado é aquele cujo pedido de 
licenciamento ambiental ou de regularização foi apresentado ao órgão ambiental, à época 
competente, até a data de 08/12/2011. Portanto, o interesse do empreendedor na obtenção de 
licenciamento ou regularização ambiental manifestado, ao órgão ambiental, a partir do dia 
09/12/2011 deverá se submeter às novas regras de competência, trazidas pela LC nº 140/2011”. 
(http://jus.com.br/artigos/26147/divisao-de-competencia-entre-os-entes-federativos-para-
emissao-de-licenciamento-ambiental#ixzz39Axoirz4) 
Até a criação das Comissões Tripartites e Bipartite, bem como até a definição das tipologias 
fixadas para os respectivos licenciamentos ambientais por tais Comissões, aplica-se a legislação 
anterior. 
 
O manejo e a supressão de vegetação em situações ou áreas não previstas nesta Lei 
Complementar dar-se-ão nos termos da legislação em vigor. 
 
4.9. Critérios definidos pelo stf para fixação da competência ambiental 
(antes da LC 140, mas ainda válidas) 
Min. Celso de Mello, em medida liminar na AC 1255, publicada no Informativo STF 432: 
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Conflito de atribuições material comum: 
a) Critério da preponderância do interesse; 
b) Critério da colaboração entre as pessoas políticas; 
c) Privilegiar a norma que atenda de forma mais efetiva ao interesse comum; 
d) Interesses da União são mais abrangentes e devem, ordinariamente, ter precedência. 
e) Não há hierarquia de pessoas políticas, mas de interesses 
 
4.10. Principais modificações trazidas pela lei em relação ao regime 
anterior 
A LC 140 traz considerável mudança em relação ao licenciamento ambiental. Vejamos. 
O art. 10 da Lei 6.938/81 estabelecia de forma ampla e irrestrita a atuação do IBAMA, 
mesmo indicando em alguns pontos que essa atuação seria supletiva. Essa atuação supletiva era 
mais entendida como “complementar” do que suplementar. Ou seja, os agentes do Instituto 
sempre entenderam que cabia ao IBAMA, órgão licenciador federal, complementar a atuação 
estadual ou municipal em matéria de licenciamento ambiental sempre que se entendesse 
necessário ou conveniente. Ademais, previa o § 2º do citado artigo que o CONAMA poderia fixar 
as hipóteses em que o licenciamento dos demais órgãos estaria sujeito à homologação da 
Autarquia Federal. 
Já o §1º do art. 11 previa que a fiscalização e controle da qualidade ambiental seriam 
exercidos pelo IBAMA, em caráter supletivo da atuação do órgão estadual e municipal 
competentes. Tais disposições faziam com que o órgão federal fosse visto por muitos como 
Corregedor dos demais órgãos ambientais, o que não se pode mais deduzir depois das mudanças 
perpetradas pela Lei Complementar. 
A LC 140, dando nova redação ao art. 10 da Lei 6.938/81, retirou toda e qualquer menção 
ao IBAMA e sua atuação supletiva. Além disso, conceituou ação supletiva como aquela que 
SUBSTITUI o ente competente, dispondo, ainda, que só caberá essa ação supletiva no caso de 
inexistência ou incapacidade técnica do órgão ambiental competente, inexistência do conselho 
de meio ambiente no ente federado ou decurso do prazo de licenciamento sem a expedição da 
licença pelo ente competente (arts. 14 e 15 da LC 140). Ressaltou, ainda, a nova legislação, que 
o licenciamento ambiental será feito apenas por um único ente federativo. 
Ou seja, há o claro intuito de “desfederalizar” em muitos casos o licenciamento ambiental. 
Por outro lado, o §4º do art. 10 da Lei 6.938/81 previa a competência do IBAMA para 
licenciar sempre que as atividades e obras tivessem significativo impacto ambiental, de âmbito 
nacional ou regional. O licenciamento ambiental seguia a lógica da predominância do interesse. 
Tal critério mudou, com a revogação do §4º. 
Segundo a Orientação Jurídica Normativa (OJN) nº 33/2012, da Procuradoria Federal do 
IBAMA, de 26/04/2012, a LC 140 acolheu, em regra, a LOCALIZAÇÃO como critério para 
definição do órgão competente. Assim, se os impactos ambientais de um empreendimento 
ultrapassar os limites estaduais, mas o empreendimento estiver localizado integralmente no 
interior de um único Estado, seu licenciamento ambiental será de competência do órgão 
estadual, e não do IBAMA, como acontecia anteriormente. Ao lado do critério geográfico, em 
relação à União, temos ainda o critério da atividade (para atividade militar e com energia 
nuclear) e uma via aberta, que é a definição por ato do Poder Executivo Federal segundo 
proposta do Conselho Tripartite. 
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Dessa forma, o critério que era subjetivo (abrangência do impacto ambiental) passou a ser, 
via de regra, objetivo (localização do empreendimento ou atividade). O aumento da segurança 
jurídica sobre o tema foi significativo. 
O Ibama não terá mais competência para licenciar empreendimento apenas em razão da 
abrangência do seu impacto ambiental. No momento, ainda que atividade tenha potencial 
poluidor de âmbito nacional ou regional, o Ibama não será competente para licenciar, a não ser 
que esteja configurada uma das hipóteses previstas nas alíneas do inciso XIV do art. 7º, que 
estabelece apenas critério de localização e de tipo de atividade. 
Para o licenciamento ambiental, ao lado do critério da predominância do interesse, que era 
informado pelo critério da abrangência do impacto ambiental (se o impacto era local, o interesse 
também o seria, e assim sucessivamente...), havia também, segundo alguns autores, o critério 
da dominialidade do bem (se bem federal, seria do IBAMA a competência para licenciar) e, 
ainda, o critério supletivo, previsto apenas para a entidade federal. Como vimos, desapareceu 
o critério genérico da predominância do interesse pela abrangência do impacto (apenas se 
pode considerar objetivamente os casos dispostos no art. 7º da LC, que, em sua maioria, são 
informados pela localização geográfica do empreendimento). Em relação ao critério da 
dominialidade, acreditamos que ele não foi adotado em nenhum momento, conforme julgados 
citados abaixo mais adiante (na verdade, doutrina minoritária defendia esse critério). No que se 
refere à supletividade, veremos que houve a restrição da atuação supletiva, reservada apenas 
para os casos expressamente previstos. Nada impede, porém, que ato do poder executivo 
federal, por proposta da Comissão Tripartite,adote os mesmos ou outros critérios para 
atividades não previstas expressamente na LC, adotando, por exemplo, o critério da 
predominância do interesse para outras atividades. 
 
Por fim, o STJ e alguns regionais já se manifestaram no sentido de que a dominialidade 
(titularidade do bem) não é critério definidor da competência para o licenciamento ambiental 
(STJ, Resp. 2003/0159754-SC; TRF5, AC 327.022; TRF1, AG 2007.01.00.000782-5/BA). Contudo, 
em matéria de impugnação judicial de licenciamento por outro ente, o critério da dominialidade 
é utilizado como parâmetro para definição da legitimidade ativa da União e do IBAMA, 
notadamente em ações civis públicas que possuem como fundamento possíveis ilegalidades no 
licenciamento ambiental, insuficiência da atuação do órgão estadual de meio ambiente ou dano 
a bem de domínio da União (REsp 769753 / SC) 
 
Referida Lei modifica também o entendimento que vinha sendo adotado acerca da 
imposição de multas. Pelo art. 70, §§1º e 3º, da Lei 9.605/98, todos os entes federados seriam 
competentes para lavrar autos de infração em matéria ambiental. Para evitar a duplicidade de 
punição pelo mesmo fato (já que todos eram considerados competentes para lavrar o auto) e 
eventual conflito de atribuições entre os entes, existiam alguns dispositivos que estabeleciam 
regras definidoras de competência, entre os quais o art. 14, I e § 2º da Lei 6.938/81 e art. 76 da 
Lei 9.605/98. Este último artigo reza que o pagamento da multa imposta pelos Estados, 
Municípios ou DF substitui a multa federal. Agora não é mais assim: prevalece, em caso de 
dupla lavratura de auto de infração, a multa do órgão ambiental competente. 
Cabe observar uma distinção dentro da competência material realizada pela doutrina e 
jurisprudência entre (1) competência de licenciar e (2) competência de fiscalizar. A LC adotou 
essa sistemática. Notícia veiculada no Informativo 392 do STJ explica a diferença: 
 
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 Direito Ambiental 
 Competências ambientais 
 Apostila 02 
 Dia: 27/04/2018 
 
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“IBAMA. FISCALIZAÇÃO. OMISSÃO. ORGÃO ESTADUAL. 
O nosso pacto federativo atribuiu competência aos entes da Federação para a proteção 
do meio ambiente, o que se dá mediante o poder de polícia administrativa (art. 78 do CTN). Esse 
poder envolve vários aspectos, entre eles, o poder de permitir o desempenho de certa atividade 
(desde que acorde com as determinações normativas) e de sancionar as condutas contrárias à 
norma. Anote-se que a contrariedade à norma pode ser anterior ou superveniente à outorga da 
licença, portanto a aplicação da sanção não está necessariamente vinculada àquele ato 
administrativo. Isso posto, não há que se confundir a competência do Ibama de licenciar (caput 
do art. 10 da Lei n. 6.938/1981) com sua competência para fiscalizar (§ 3º do mesmo artigo). 
Assim, diante da omissão do órgão estadual de fiscalização, mesmo que outorgante da licença 
ambiental, o Ibama pode exercer seu poder de polícia administrativa, quanto mais se a atividade 
desenvolvida pode causar dano ambiental em bem da União. Precedente citado: REsp 588.022-
SC, DJ 5/4/2004. AgRg no REsp 711.405-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 
28/4/2009.” 
Ou seja, apenas o competente tem a atribuição de lavrar o auto, mas todos podem 
fiscalizar. Entretanto, havendo perigo iminente ou atual ao meio ambiente os demais entes 
federados estão autorizados a agir cautelarmente e/ou existindo omissão e inércia do ente 
originalmente atribuído da competência para licenciar, fica o ente diverso autorizado a agir com 
base no poder de polícia, fiscalizando o particular e tomando medidas cabíveis (a lei não 
estabelece que medidas seriam essas). 
Contudo, existe uma questão que tem intrigado quem se debruça sobre a LC 140. O 
caput do art. 17 diz que só o ente competente pode lavrar auto de infração (para aplicação de 
multa, por exemplo). Porém, o §3° do mesmo artigo afirma que todos os entes podem fiscalizar 
e, em caso de dupla multa, prevalecerá o auto de infração lavrado pelo órgão que detenha a 
atribuição de licenciar. Quer dizer, ao disciplinar que todos podem fiscalizar e que prevalecerá 
o auto do ente competente, está admitindo a possibilidade de dupla lavratura de auto. 
“(...)Acerca da competência supletiva do IBAMA para fiscalizar atos que causam dano 
ambiental, ressalto que essa autarquia federal possui atribuição de polícia administrativa diante 
da degradação ambiental, inclusive supletivamente quando os demais entes/órgãos são omissos 
conforme estabelece o artigo 2°, incisos I a 111, d a Lei n. 7.735/1989. Com efeito, no direito 
ambiental brasileiro não há competências compartimentadas, que decorrem das próprias 
características do federalismo cooperativo e se deduz da competência administrativa comum 
para preservar o meio ambiente (artigo 23, inciso VI, da CR) e da competência 
concorrente/(artigo 24, inciso VI, da CR). As diretrizes ambientais são traçadas, em âmbito 
nacional, pela Lei 6.938/1981, sendo que, ao se delegar atribuições aos órgãos de fiscalização 
ambiental estaduais e/ou municipais, não se exclui a prerrogativa de exercício deste poder pela 
autarquia federal, inclusive para bem avaliar a efetividade dessa providência Ademais, merece 
destaque, o disposto no art. 17, da LC N. 140/2011 que, ao mesmo tempo em que estipula no 
caput competir "ao órgão responsável pelo licenciamento ou automação, conforme o caso, de 
um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo 
administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental", também estabelece em seu 
parágrafo 3° que "O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes 
federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e 
atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a 
legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que 
detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput." Portanto, 
observa-se que o IBAMA não está impedido de atuar quando constatar indícios de cometimento 
de infração ambiental. Apenas ocorrerá que, se a autora sofre autuação ou bloqueio pelo órgão 
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 Direito Ambiental 
 Competências ambientais 
 Apostila 02 
 Dia: 27/04/2018 
 
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estadual em virtude do mesmo fato, prevalecerá este último em detrimento do primeiro, se 
houver originariamente licenciamento deferido pela unidade federada. (...)Entendo que a 
decisão deve ser mantida por seus próprios fundamentos. Com efeitlo, o Colendo Superior 
Tribunal de Justiça firmou o entendimento no sentido de que havendo omissão do órgão 
ambiental, mesmo que outorgante da licença, pode o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e 
dos Recursos Naturais Renováveis - IBMMA exercer o seu poder de polícia administrativa, tendo 
em vista que não se pode confundir competência para licenciar com competência para 
fiscalizar”. (Decisão Monocrática. DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO, 
Publicação 04/02/2014). 
Com a nova disciplina dada pela LC 140/11, houve a ampliação da mens legis do art. 76 
da Lei 9.605/98 e do parágrafo único do art. 12 do Decreto 6.514/08, prevalecendo para a 
mesma infração ambiental todo o auto de infração do ente competente, abarcando quaisquer 
sanções previstas no art. 72 da Lei 9.605/98 e não apenas a sanção única da multa estadual ou 
municipal (o art. 76 só dizia que o pagamento da multa municipal ou estadual substituía a multa 
Federal). Eis as demais infrações possíveis, que agora podem ser substituídas de acordo com 
auto de infração do ente competente: 
“Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, 
observado o disposto no art. 6º: 
I - advertência; 
II - multa simples; 
III - multa diária;IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, 
petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; 
V - destruição ou inutilização do produto; 
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; 
VII - embargo de obra ou atividade; 
VIII - demolição de obra; 
IX - suspensão parcial ou total de atividades; 
X - (VETADO) 
XI - restritiva de direitos.” 
 
Igualmente, houve a previsão de situação não abarcada pela literalidade do aludido art. 
76: a possibilidade de um auto federal posterior substituir um auto estadual ou municipal, desde 
que o ente competente para o licenciamento ambiental seja a União Federal. 
Havia também entendimentos que afirmam que o pagamento da multa municipal ou 
estadual, sendo menor que a federal, não impedia a cobrança da diferença em relação à multa 
federal. 
De todo modo, a LC 140/11 veio a disciplinar o assunto de uma forma mais técnica, 
corrigindo lacunas nas diversas leis, decretos e resoluções, sepultando de vez a tese de que a 
multa estadual apenas substituiria a federal até o limite de seu valor. Assim, mesmo que a multa 
federal seja maior, se o ente competente para licenciar for estadual ou mesmo municipal, a 
multa desses últimos prevalecerá mesmo que menor, não cabendo a cobrança de quaisquer 
diferenças em relação à multa federal. 
Por outro lado, previu a possibilidade de atuação do órgão federal no caso de 
incapacidade técnica do Município e, concomitantemente, do Estado, bem como o poder de 
fiscalizar e tomar “outras medidas”. 
Como visto, a LC só se aplica para empreendimento futuros. Entretanto, havendo 
necessidade de licenciamento corretivo, em caso de mudança da titularidade da competência, 
o órgão competente doravante é quem cuidará do licenciamento. 
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 Direito Ambiental 
 Competências ambientais 
 Apostila 02 
 Dia: 27/04/2018 
 
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Observação final: a Lei fala ainda que a competência para fiscalizar e controlar a 
atividade é do ente a quem for cometida a atribuição de licenciar ou autorizar. O licenciamento 
envolve estudo de impacto ambiental, enquanto que a autorização é para atividades simples 
como, por exemplo, o corte de uma árvore. 
 
4.11. Maiores méritos da LC 140: 
- Enfim, após 23 anos da CF/88 instituiu a repartição de competências ambientais. 
- Procura, conforme objetivo expresso da lei, harmonizar as políticas e ações 
administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a 
evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente; 
- Estabeleceu que as atividades e empreendimentos serão licenciados por apenas um ente 
federativo. 
- Sepultou de vez entendimento de parte da doutrina que afirmava não ter o município 
competência para licenciar (tal posição era fruto da interpretação do art. 10 da Lei 6.938/81, 
que tornou obrigatório o licenciamento ambiental, que previa apenas o licenciamento por 
órgãos estaduais e federais – outra parte da doutrina justifica a não previsão à época, da 
competência municipal, em razão de o município só ter sido alçado à condição de ente 
federativo em 1988) 
5. Quadro de competências em âmbito judicial 
 
 
 
Competência 
Cível 
Autores como Álvaro Mirra, Hugo Nigro Mazzilli e Édis Milaré afirmam a 
Competência da Justiça Estadual, mesmo quando o dano ultrapassa um Estado. 
Mazzilli reconhece ser a competência da Justiça Federal a melhor solução, muito 
embora a considere viável somente a título de proposta de lege ferenda. Motivo: 
ausência de norma constitucional expressa. O STJ tem pronunciamento diverso, 
admitindo a competência da Justiça Federal quando o dano transcende os limites de 
um Estado-membro, especialmente quando um legitimado previsto no art. 109 I CF é 
parte. 
 
Paulo de Bessa Antunes ressalta que a Justiça do Trabalho pode também ser um 
importante instrumento de proteção ambiental (meio ambiente do trabalho). O STF 
vem defendendo, desde há muito, que existe competência da Justiça do Trabalho para 
processar e julgar ações civis públicas. 
 
Foro competente – Local do dano (art. 2º). Aplicando-se o micro sistema da 
Tutela Coletiva, o art. 93 do CDC determina que deverá ser no foro da capital do Estado 
ou no DF em casos de danos de âmbito regional ou nacional, aplicando-se as regras 
do CPC nos casos de competência concorrente (em especial, valerá a prevenção). 
 
O Superior Tribunal de Justiça tem o pacífico entendimento de que o art. 93, II, 
da Lei n. 8.078/1990 - Código de Defesa do Consumidor não atrai a competência 
exclusiva da justiça federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, quando o dano for 
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 Competências ambientais 
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de âmbito regional ou nacional. Conforme a jurisprudência do STJ, nos casos de danos 
de âmbito regional ou nacional, cumpre ao autor optar pela Seção Judiciária que 
deverá ingressar com ação. Precedentes: CC 26842/DF, Rel. Ministro Waldemar 
Zveiter, Rel. p/ Acórdão Ministro Cesar Asfor Rocha, Segunda Seção, DJ 05/08/2002; 
CC 112.235/DF, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 16/02/2011. 
Competência 
Criminal 
Regra: Competência Estadual, ainda que: 
1. Em área de Patrimônio Nacional (Floresta Amazônica, Serra do Mar, Mata Atlântica, 
Pantanal e Zona Costeira); 
2 Tenha sido feita a apreensão pelo IBAMA. 
Compete à Justiça estadual o julgamento de crime ambiental decorrente de 
construção de moradias de programa habitacional popular, nas hipóteses em que a 
Caixa Econômica Federal atue, tão somente, na qualidade de agente financiador da 
obra. O fato de a CEF atuar como financiadora da obra não tem o condão de atrair, 
por si só, a competência da Justiça Federal. Isto porque para sua responsabilização 
não basta que a entidade figure como financeira. É necessário que ela tenha atuado 
na elaboração do projeto ou na fiscalização da segurança e da higidez da obra. STJ. 3ª 
Seção.CC 139197-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 25/10/2017 (Info 615). 
 
Será Competência Federal: 
1. Animais em Extinção (interesse da União de preservar); 
2. Área de propriedade da União e seu entorno, inclusive Terras Indígenas; 
3. Obra de arte tombada pelo IPHAN (interesse da União de preservar) - a 
competência depende da entidade que tombou; 
4. Impacto Regional (2 ou mais Estados) ou Nacional (abrangência supeiror a 
uma região ou ultrapasse as fronteiras nacionais); 
5. Rio que banha mais de um Estado, ainda que a poluição seja em apenas um 
(pois é bem da União). 
6. Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPF´s) falsas, já que a 
infração penal atinge direta e particularmente os serviços do IBAMA. 
 Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter 
transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes 
exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. STF. 
Plenário. RE 835558/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/2/2017 (repercussão geral) 
(Info 853) 
Obs.: Para fixar competência federal, a violação deve ser direta e específica a 
interesse primário ou serviço da União. O fato do IBAMA lavrar auto de infração por 
conta de seu dever geral de fiscalização não implica, per si, a fixação da competência 
da JF, visto que o órgão atua, conforme o caso, diretamente ou supletivamente em 
matéria ambiental. 
 
 
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 Direito Ambiental 
 Competências ambientais 
 Apostila 02 
 Dia: 27/04/2018 
 
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STJ 
- 3aS 
Embora a mata atlântica integre o patrimônio nacional, não se enquadra na definição de bem 
da União e, por isso, não atrai automaticamente a competência da Justiça Federal. Sendo assim, é 
preciso analisarse a atuação repercutiu diretamente em bens da União1. 
STJ 
- 3aS 
O desmatamento da floresta amazônica em terreno objeto de propriedade particular enseja 
competência do juízo de Direito, e não da Justiça Federal, ao entendimento de que não há que confundir 
patrimônio nacional com bem da União. 
STF 
- 1aT 
É de competência da justiça federal a ação cujo objeto versa sobre poluição em rio que banhe mais 
de um estado, ainda que os danos se dêem em apenas um deles, posto que se trata de bem da União a 
invocar a atração de competência posta no art. 109 IV CF. 
STJ 
- 3aS 
Compete ao juizado especial federal processar e julgar crime ambiental (art. 39 da Lei n. 9.605/1998) 
decorrente do corte de árvores (palmito) em floresta de preservação permanente sem autorização do 
IBAMA, que administra o Parque Nacional de Itatiaia, por ser área particular vizinha à unidade de 
conservação. 
STJ 
5aT 
Tratando-se de fatos ocorridos em área limítrofe a Unidade de Conservação Federal, e tendo 
ocorrido danos à referida Unidade, evidencia-se a competência da Justiça Federal para processar e julgar 
a causa, ex vi do art. 109, inciso IV, da Constituição Federal, na medida em que o pretenso delito atenta 
contra bem e interesses da União. 
STJ 
- 1aT 
A Lei n. 9.605/1998 confere a todos os funcionários dos órgãos ambientais integrantes do sistema 
nacional do meio ambiente (Sisnama) o poder de lavrar autos de infração e instaurar processos 
administrativos, desde que designados para as atividades de fiscalização. A Lei n. 11.516/2007 acrescenta: 
desde que precedido de ato de designação próprio da autoridade ambiental. 
 
6. Jurisprudências do Dizer o Direito 
 
Inconstitucionalidade de lei municipal que proíbe a queima da cana 
O Município é competente para legislar sobre o meio ambiente, juntamente com a União 
e o Estado-membro/DF, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja 
harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c o art. 30, 
I e II, da CF/88). O STF julgou inconstitucional lei municipal que proíbe, sob qualquer forma, o 
 
1 AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AO MEIO AMBIENTE. DERRAMAMENTO DE ÓLEO. MATA ATLÂNTICA. BENS 
DA UNIÃO. COMPETÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DAS SEGUINTES MATÉRIAS: PATRIMÔNIO 
NACIONAL, VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL, FATOS INOVADORES, PRECLUSÃO DA QUESTÃO 
SOBRE A INEXISTÊNCIA DE INTERESSE DA UNIÃO E MISSÃO INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
SÚMULA 282/STF. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL. PREVENÇÃO COM OUTRA AÇÃO CIVIL. MATÉRIA 
TRATADA NO CC Nº 98.565/PR. I - Em autos de ação civil pública movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL contra 
a PETROBRÁS visando à apuração de dano ambiental consubstanciado no derramamento de 57.000 litros de óleo diesel 
na Serra do Mar, componente da Mata Atlântica, o juízo federal declinou da competência para o juízo estadual, local do 
dano, tendo o autor interposto recurso de agravo de instrumento. II - O agravo foi provido, reformando o entendimento 
a quo, sob o fundamento de que tal derramamento se deu em área de Mata Atlântica, com repercussão em áreas 
consideradas como bens públicos da União, evidenciando-se a competência Federal para o processamento do 
feito. III - As matérias relativas à discussão sobre: a Mata Atlântica ser ou não patrimônio nacional; violação do princípio 
do juiz natural; fatos inovadores trazidos pelo recorrente no agravo de instrumento;preclusão da questão sobre a 
inexistência de interesse da União e que a missão institucional do Ministério Público não se dirige à proteção de bens da 
União, não foram debatidas na instância ordinária, ensejando a incidência da Súmula 282/STF. IV - Nem cabe argumentar 
que o Tribunal deveria ter discutido todas aquelas matérias no âmbito dos embargos declaratórios opostos, pois "(...)o 
magistrado não é obrigado a se manifestar sobre todas as teses suscitadas pelas partes, ademais quando já houver 
encontrado solução para o deslinde da controvérsia e o julgado apresentar-se devidamente fundamentado" (REsp nº 
848.618/DF, Rel. Min. FELIX FISCHER, DJ de 23.04.07, p. 305). Essa é exatamente a hipótese dos autos, na qual o 
aresto recorrido considerou primordial o fato de que o dano ambiental em questão ocorreu em área de Mata Atlântica, 
com repercussão evidente em bens públicos da União. V - A competência para a presente demanda é realmente do 
Juízo Federal, em razão da natureza dos bens a serem tutelados. Precedentes: REsp nº 530.813/SC, Rel. Min. 
FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 28.04.2006, REsp nº 440.002/SE, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, DJ de 
06.12.2004.vVI - Não procede a tese de prevenção com ação ajuizada no Juízo de Direito da Vara Cível de Morretes/PR, 
salientando que nos autos do CC nº 98.565/PR restou decidido pela inexistência do invocado conflito positivo 
considerando: a inexistência de manifestação dos juízes envolvidos acerca da reunião dos processos; que já teria havido 
a decisão sobre a competência nestes autos pelo TRF da 4ª Região, e, por fim, determinou-se que ambos os feitos não 
ficassem sobrestados (DJe de 27.02.09). VII - Recurso parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. (REsp 
1100698/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/05/2009, DJe 20/05/2009) 
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 Direito Ambiental 
 Competências ambientais 
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emprego de fogo para fins de limpeza e preparo do solo no referido município, inclusive para o 
preparo do plantio para a colheita de cana-de-açúcar e de outras culturas. Entendeu-se que 
seria necessário ponderar, de um lado, a proteção do meio ambiente obtida com a proibição 
imediata da queima da cana e, de outro, a preservação dos empregos dos trabalhadores que 
atuem neste setor. No caso, o STF entendeu que deveria prevalecer a garantia dos empregos 
dos trabalhadores canavieiros, que merecem proteção diante do chamado progresso 
tecnológico e da respectiva mecanização, ambos trazidos pela pretensão de proibição imediata 
da colheita da cana mediante uso de fogo. Além disso, as normas federais que tratam sobre o 
assunto apontam para a necessidade de se traçar um planejamento com o intuito de se extinguir 
gradativamente o uso do fogo como método despalhador e facilitador para o corte da cana. 
Nesse sentido: Lei 12.651/2012 (art. 40) e Decreto 2.661/98. STF. Plenário. RE 586224/SP, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 5/3/2015 (repercussão geral) (Info 776). 
Normas municipais podem prever multas para os proprietários de veículos que emitem 
fumaça acima dos padrões aceitáveis 
É constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de 
multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões 
considerados aceitáveis. O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e 
controle da poluição, quando se tratar de interesse local. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. 
Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870).

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