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AULA 1 INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL E ESTRATÉGIA DE CROSS SELLING Prof. Alexandre Ercoli Moreira 2 CONVERSA INICIAL Falar em Inteligência Empresarial é falar de gestão eficaz e contemporânea, inovação, mercados dinâmicos, entre outros temas que remetem à eficiência do mundo corporativo. Neste módulo falaremos de alguns temas relacionados à inteligência empresarial, assunto tão importante para a gestão de um modo geral. Sendo você um empresário ou empreendedor ou sendo você um colaborador de uma empresa almejando postos mais altos dentro da companhia, este assunto é importante para sua formação, pois tratará de estratégias, planejamentos, inteligência comercial e muito mais. Falaremos de vantagens competitivas, pensamentos e cenários estratégicos, inteligência em vendas, tomadas de decisões gerenciais, planejamento gerencial, estratégico e estabelecimento de metas. E, por fim, exploraremos estratégias de cross selling, que é uma ferramenta de marketing e vendas com objetivo de melhorar a experiência do consumidor. Essa estratégia passa pelo oferecimento de produtos complementares antes ou após a finalização da compra pelo consumidor. Não dá para falar de cross selling sem falar de upselling, que objetiva oferecer uma melhor aquisição ao cliente, agregando versões mais completas ou mais adequadas ao consumidor. Convido vocês a acompanharem e aproveitarem este módulo da melhor forma possível para conhecer um pouco das estratégias utilizadas no mundo dos negócios. CONTEXTUALIZANDO É cada vez mais presente a atuação tecnológica nos negócios para obtenção e geração de informações. Crescentes também são as fontes para coleta de informações geradas sobre empresas, concorrência e consumidores, muitas delas gratuitas e por vezes encomendadas pelas próprias empresas com objetivos específicos. Moraes e Escrivão Filho (2007) apontam o custo cada vez menor para a obtenção, geração, processamento e transmissão de informações voltadas a suportar a estratégia de negócios das empresas em geral. É nesse ponto que a Inteligência Empresarial está inserida, fazendo a gestão do conhecimento corporativo para gerar vantagem competitiva. 3 Este primeiro módulo contextualizará Inteligência Empresarial e explorará a maneira como esta se relaciona com a Gestão do Conhecimento, gerando assim Vantagem Competitiva. TEMA 1 – INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL Não é demais reforçar que a Inteligência Empresarial vem acompanhada por uma necessidade das empresas de se sobressaírem no mercado. A tecnologia cada vez mais popular, por muitas vezes, coloca empresas multinacionais, grandes e pequenas no mesmo patamar no que diz respeito a obtenção e gestão da informação. As fontes de informações cada vez mais vastas e qualificadas fazem com que o acesso a elas esteja ao alcance de todos no mundo corporativo. O importante é saber se essas informações selecionadas são de qualidade e como fazer a gestão dos dados coletados para utilizá-los de forma que a vantagem competitiva conseguida gere resultados à companhia. A obtenção de informações com custos cada vez menores e muitas vezes até disponibilizada gratuitamente na internet ajuda nessa popularização do acesso a essas informações. Quando falamos em informação, falamos também em ferramentas de gestão, tanto de negócios como de processamento de dados. Mudanças constantes na forma de fazer negócios pelas empresas estão cada vez mais orientadas pelo mercado no sentido de oferecer a melhor solução para o cliente, bem como uma melhor experiência, com o menor custo possível e maior lucratividade. As empresas buscam intensamente informações que aumentem a sua competitividade, com a redução do tempo de reação a um estímulo do mercado e consequente aumento da capacidade do seu portfólio de soluções. Esses estímulos são provenientes da concorrência, da economia e dos clientes que apresentam mudanças no comportamento de consumo, além de novas necessidades, anteriormente inexistentes ou por vezes diferentes. Freitas e Lesca (1992) falam sobre a “busca da perenidade das condições de competitividade” das empresas, que nada mais é que a busca constante por atualizações, informações, modos diferentes e inovadores dentro do mesmo negócio ou mercado, assim inovando em gestão, produtos, serviços prestados e processos, aproveitando oportunidades oferecidas pelo mercado. A Inteligência Empresarial empregada nas empresas promove uma mudança no escopo de atuação dos trabalhadores ou do segmento – se não em 4 toda a cadeia, pelo menos em uma boa parte dela, ao menos nas funções que estão ligadas diretamente à estratégia da companhia. Essa transformação se dá tirando o foco dos trabalhadores com atividades manuais e transferindo-o para os trabalhadores com funções intelectuais, ou seja, não focando na produção e sim na inteligência produtiva. Em outras palavras, trata-se de não focar a prestação de serviços única e exclusivamente, mas sim a prestação de serviços com excelência e valor agregados. Esses serviços são aqueles que o cliente precisa ou até mesmo não imagina precisar, que o tornarão fiel a sua empresa e consequentemente porta-voz da sua maneira de atuação, muitas vezes blindando as ações dos concorrentes. As informações em relação a mercado, clientes, concorrentes, processos ou cadeia produtiva acompanham um fluxo que passa por pela coleta, posterior análise e por fim transformação em conhecimento, aumentando assim o nível de competividade das empresas. Importante destacar que, para muitos autores, o conceito de informação é diferente do conceito de conhecimento. Nas diversas bibliografias sobre o assunto gestão e que abordam informações e conhecimentos, é comum encontrar autores defendendo que são conceitos semelhantes, e outros defendendo que são conceitos distintos. TEMA 2 – INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Para Jermol e Lavrac (2003), Inteligência Empresarial é diferente de Inteligência Competitiva. Os autores descrevem como conceitos semelhantes a Inteligência Competitiva e a Inteligência Comercial. Esses conceitos serão descritos nos próximos capítulos. Como veremos a seguir, a inteligência empresarial é a inteligência que a empresa tem ou pretende ter; já a inteligência competitiva faz parte da inteligência empresarial. 2.1 Inteligência Empresarial São direcionados aos Sistemas Internos. Trazem informações de dentro da empresa, sendo elas produtivas, de produtos ou serviços prestados, de desempenho do processo, entre outras. Amplas categorias de aplicações e tecnologias para: 5 Capturar dados: como buscar informações, onde buscar informações, análise de qualificação dos dados. Armazenar dados: modelo de armazenamento dos dados, como serão classificados para facilitar a análise. Analisar informações: momento que, após a análise dos dados coletados, gerará conhecimento para a empresa. Todo esse processo de coleta e análise de informações gera conhecimento e é acrescida de informações de mercado, como dados de tendências externas (do segmento em que a empresa atua, por exemplo), dados dos concorrentes, dados políticos (que possam afetar direta ou indiretamente a empresa) e dados socioeconômicos. Informações combinadas, processadas e analisadas geram dados que servirão para a elaboração da estratégia da empresa, e como consequência, vantagem competitiva. A inteligência e a gestão do conhecimento servem como suporte na tomada de decisões estratégicas. Por isso as informações que serão utilizadas para esse processo devem ser conseguidas de forma ética e legal. 2.2 Gestão do Conhecimento Outro conceito que faz parte da composição de conceitos que envolvem a inteligência empresarial é a Gestão do Conhecimento. É um conceito mais amplo, pois se trata de um processo sistêmico que identifica os dados eas informações coletadas. Os dados e as informações são colocados em um sistema de gestão de informações e classificados de forma a amparar uma análise mais precisa para se poder trabalhar com essas informações de forma mais dinâmica. Em seguida, passam por análises e são apresentados de forma clara e de fácil disseminação, já em forma de conhecimento. Assim, cria-se um conceito útil para obtenção da vantagem competitiva, seja ela de um produto, de um concorrente, ou até mesmo em relação ao mercado, com pioneirismo no nicho que se propõe a entender. Esse processo de visão sistêmica cria um conhecimento organizacional que serve para desenvolver competências específicas e capacidades inovadoras capazes de gerar novos produtos, novos processos ou amadurecimento nos processos já existentes, assim como novos sistemas de gestão capazes de elevar o nível das companhias. Pereira (2002) cita cinco áreas da gestão do conhecimento: 6 aprendizagem organizacional; educação corporativa; gestão da capacidade intelectual; gestão de competências; inteligência empresarial. Nessa abordagem, a inteligência empresarial atua como uma prática gerencial e tem como objetivo tratar as informações e posteriormente transformá- las em conhecimento. Segundo Cardoso, Cameira e Proença (2001, p. 5), “a gestão do conhecimento deve contribuir para a evolução da inteligência da firma, propiciando uma abordagem estruturada para o desenvolvimento sistemático dos seus componentes de conhecimento explícito e estrito”. Isso nada mais é do que a gestão do conhecimento sendo um processo da captura seletiva de informações que são trabalhadas pela inteligência comercial. Os administradores tinham atribuições diferentes das vistas atualmente. Antes da Segunda Guerra Mundial, a análise da gestão dos administradores referia-se à relação entre patrão e subordinados, e o seu papel era menos relacional. Atualmente, essa gestão passa muito mais pela responsabilidade de aplicação e desempenho do conhecimento. 2.3 Inteligência Competitiva Inteligência Competitiva está ligada a dados externos da companhia, como dados de pessoas (clientes/consumidores) e todos os demais stakeholders externos (como bancos e fornecedores) que estão ligados ao negócio e que podem influenciar o plano estratégico da empresa. A inteligência competitiva é processo e produto ao mesmo tempo. É processo é quando está disposta como sistema de aquisição, coleta, análise e avaliação para alavancar vantagem competitiva, que é o diferencial que a empresa em sobre seus concorrentes; é produto quando ligada à informação resultante do processo, como base para ação específica. Nesse caso, os dados já estão processados e analisados, e servirão para tomada de decisão, seja ela direcionada para a montagem da estratégia da empresa ou voltada para o mercado diretamente, como por exemplo uma ação de redução ou aumento de preços, promoção, lançamento de produtos ou mesmo uma ação contra 7 concorrência, como por exemplo uma promoção de um produto específico que atingirá o concorrente. A gestão gera conhecimento e o conhecimento proporciona possibilidade de apresentação de melhores resultados que finalmente apresentem ganhos de produtividade, que é um fator que as empresas buscam incessantemente. Uma empresa mais produtiva é uma empresa com maior lucratividade. A lucratividade dá possibilidade financeira para que as empresas sejam mais competitivas e, consequentemente, promovam um crescimento exponencial. A nova economia exige das empresas muito mais do que em tempos passados. Essa exigência passa por conhecer mais os concorrentes e estar sempre à frente, exigindo inovação constante, busca de novos negócios e novas soluções para os mesmos problemas, e muito mais. O triângulo de competências que as empresas devem apresentar, descritas na figura abaixo, mostra um círculo virtuoso que está ligado à inteligência empresarial e nela inserido. Figura 1 – Triângulo de competências O sucesso das empresas passa por aplicar na prática o modelo de inteligência empresarial. EMPREENDEDORISMO 8 TEMA 3 – VANTAGEM COMPETITIVA A vantagem competitiva pode ser considerada, naturalmente, como um produto da estratégia da empresa (planejamento estratégico) quando esse planejamento é colocado em prática e tem resultados positivos. Barney e Hesterly (2011) descrevem o conceito de vantagem competitiva como sendo quando a empresa é capaz de gerar maior valor econômico do que suas concorrentes. O valor econômico é simplesmente a diferença entre os benefícios percebidos por um cliente que compra produtos ou serviços de uma empresa e o custo econômico total desses produtos ou serviços. Portanto, o tamanho da vantagem competitiva de uma empresa é a diferença entre o valor econômico que ela consegue criar e aquele de suas rivais. A vantagem competitiva pode ser atrelada não somente ao valor econômico, mas também ao custo total do produto ou serviço. O exemplo a seguir pode mostrar melhor esse conceito. Vamos imaginar duas empresas, Empresa A e Empresa B. Na Figura 2, a vantagem competitiva está pautada no valor econômico apresentado pelas empresas. A Empresa A apresenta um benefício total percebido pelo cliente (R$ 180,00) maior do que a Empresa B (R$ 150,00). O valor econômico da Empresa A é de R$ 150,00 contra R$ 120,00 da Empresa B. Nesse exemplo, os custos totais foram apresentados de forma igual para as duas empresas. Outra forma de apresentar a vantagem competitiva é pelo benefício total percebido pelo cliente. Nesse modelo, a Empresa A continua tendo uma vantagem competitiva em relação à Empresa B. Figura 2 – Representação do exemplo 9 Na Figura 3, a vantagem competitiva está sobre o custo total. Nesse exemplo, o benefício total percebido pelo cliente é o mesmo (R$ 180,00). O valor econômico da Empresa A é de R$ 150,00, e o da Empresa B é de R$ 120,00. Nesse comparativo também podemos afirmar que há vantagem competitiva da Empresa A em relação à B. Comparando os custos totais, a vantagem competitiva é da Empresa A. Nesse exemplo (Figura 3), mesmo com as duas empresas criando benefícios percebidos pelo cliente como sendo iguais, pode-se gerar vantagens competitivas, o que mostra a efetividade operacional da Empresa A em relação à B. Figura 3 – Representação do exemplo 10 TEMA 4 – MEDINDO VANTAGEM COMPETITIVA A vantagem competitiva é parte de um processo de administração estratégica que passa pela elaboração de uma missão que norteará a empresa no seu objetivo principal, sua razão de existir. Um objetivo dará mensuração à missão da empresa. A análise de ambientes externos e internos da companhia mostrará ameaças, oportunidades, forças e fraquezas. Escolha estratégica é o desenho da estratégia a ser adotada pela empresa. Implementação estratégica é o modus operandi da estratégia desenhada. Por fim, a vantagem competitiva é o resultado de um processo estratégico geral. O esquema abaixo mostra o processo citado: Figura 4 – Processos da Administração Estratégica Fonte: Barney; Hesterly, 2011. A Vantagem Competitiva pode ser caracterizada de algumas formas: Vantagem Competitiva Temporária: em que a vantagem perdura pouco tempo e é pontual mediante alguma ação feita pela empresa. 11 Vantagem Competitiva Sustentável: em que a vantagem é prolongada, sendo proveniente de uma reestruturação, programa de pesquisa e desenvolvimento, sucesso na implantação estratégica, entre outros. Paridade Competitiva: quando a empresa está nivelada igualitariamente aos seus concorrentes. A vantagem competitiva, neste caso, é praticamente inexistente. Desvantagem Competitiva Temporária: quando a empresa apresenta um valor econômico menor do que a sua concorrente e por um tempo menor,não perene. Desvantagem Competitiva Sustentável: quando a empresa apresenta, por um tempo mais longo, desvantagem em relação a sua concorrente. Há algumas formas de se medir a vantagem competitiva. Uma delas é a medida do desempenho financeiro contábil, que se reflete em números de relatórios oficiais, como balanço patrimonial, demonstrativos de resultados, demonstrativos de lucros e perdas, entre outros. Essa forma de medida de desempenho financeiro contábil possibilita o comparativo com outras empresas, sejam elas do mesmo segmento ou de segmentos diferentes. Estamos falando de relatórios padronizados para o mercado, que atendem a normas e regulamentações contábeis. Empresas de capital aberto, que têm ações na Bolsa de Valores, têm por obrigação a publicação do seu balanço patrimonial ao público, para atender uma norma da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e do Banco Central. Geralmente esses números são publicados no site oficial da empresa e/ou nos veículos de mídia. Sozinhos, sem análise alguma, os índices financeiros contábeis dizem pouco. Para qualquer tomada de decisão, os números apresentados devem ter base de comparação com períodos anteriores. Mediante as análises em relação a empresas do mesmo segmento ou períodos anteriores, entre outros comparativos, é possível tirar conclusões mais concretas sobre os números divulgados pela empresa. Alguns índices financeiros contábeis podem ser utilizados para analisar vantagens competitivas: Índices de Lucratividades (IL): números que analisam os lucros da empresa (numerador do balanço patrimonial) e que mostram o porte da 12 empresa e seus ativos (denominador). IL = Valor Presente das Entrada de Caixa/investimento inicial. Índices de Liquidez: números demonstrados nesses índices mostram a capacidade da empresa de saldar dívidas de curto prazo. Índice de Liquidez Corrente: Ativo Circulante/Passivo Circulante (capacidade da empresa de saldar dívidas de curto prazo com ativos que podem ser convertidos em moeda corrente). Índice de Liquidez Seca: Ativo Circulante – Estoque/Passivo Circulante (capacidade da empresa em saldar dívidas de curto prazo sem utilizar seus estoques atuais). Índices de Alavancagem: mostra o nível de flexibilidade financeira da empresa e o quanto ela pode se comprometer com dívidas. Mede endividamento total, endividamento líquido e cobertura de juros. Índices de Atividades: mede o nível de atividades do negócio, como o giro do estoque, giro das contas que a empresa tem a receber e o prazo médio de recebimento de seus recebíveis. Esses índices analisados e comparados podem dizer se a empresa apresenta desempenho acima da média de mercado, mostrando se a empresa tem vantagem competitiva sobre seus concorrentes, desempenho na média de mercado, denotando que a vantagem competitiva inexiste ou não é perceptível em relação aos seus concorrentes, ou desempenho abaixo da média de mercado, que sinaliza que a empresa tem desvantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. Outra forma de medir as vantagens competitivas de uma empresa é analisando o seu desempenho econômico. Nas medidas financeiras de vantagens competitivas não se considera um fator importante para analisar a empresa, que é o Custo de Capital que a empresa gasta para entregar os serviços ou produzir e vender seus produtos. O Custo de Capital é a taxa de retorno que uma empresa promete pagar aos seus investidores para que continuem o investimento. Os medidores econômicos de vantagem competitiva irão comparar o nível de retorno de uma empresa ao seu custo de capital em vez de medir um nível médio de retorno da empresa em um segmento específico. É verdade que há correlação entre os dois modelos de análises – financeiro e econômico. Em geral a empresa que apresenta bons índices financeiros 13 apresenta também bons índices de análises econômicas e vice-versa. No entanto, não podemos adotar isso como regra, pois é possível encontrar empresas que têm índices financeiros bons e índices econômicos abaixo da média de mercado, e o oposto também é verdadeiro. TEMA 5 – AVALIAÇÃO DO AMBIENTE EXTERNO Um ponto importante para a montagem da estratégia da empresa a fim de que ela gere vantagem competitiva é conhecer o seu ambiente interno, o que passa por conhecer sua estrutura, sua capacidade produtiva, suas limitações, sua capacidade financeira, entre outros aspectos. Outra análise importante a ser feita é em relação ao ambiente externo em que a empresa está inserida. Essas análises de ambiente externo são feitas sob algumas óticas importantes. Barney e Hesterly (2011) citam que o ambiente em geral influencia na construção da estratégia da empresa para conseguir vantagem competitiva. Seis elementos estão relacionados entre si e com o ambiente da empresa, são eles: mudanças tecnológicas, tendências demográficas, tendências culturais, clima econômico, condições legais e políticas, acontecimentos internacionais específicos. Mudança Tecnológica dá à empresa a oportunidade de oferecer melhores produtos e serviços, otimização de processos, criação de novos produtos e serviços provenientes dos avanços tecnológicos. A redução nos custos, tanto de processos e operações como do processo produtivo, é outro benefício trazido pelo avanço tecnológico de que a empresa pode se beneficiar. Em contrapartida, se a empresa não estiver atenta a essa onda contínua e sem volta e não a acompanhar, pode comprometer o seu futuro e perder competitividade – e pode ser tarde demais para reagir. Figura 5 – Avaliação do ambiente externo 14 Tendência Demográfica é importante para que a empresa possa definir quais produtos e serviços são mais adequados para indivíduos da região a que a empresa atende. A tendência demográfica mostra como aquela sociedade está distribuída no que diz respeito a idade, gênero, estado civil, renda, etnia etc. Essas informações mapeadas favorecem a empresa com relação a seu público-alvo e seus hábitos de consumo. A empresa pode ter um portfólio de produtos variados, e alguns desses produtos podem atender a determinadas regiões mas não a outras, por essas regiões apresentarem características de consumo diferentes. Tendência Cultural é o terceiro elemento a ser analisado. O ambiente cultural carrega em si valores, crenças e normas que ditam o comportamento de uma sociedade, e esses valores, crenças e normas variam de região para região. Clima Econômico diagnostica a saúde geral dos sistemas econômicos em que a empresa está operando. O ambiente pode estar inserido em um clima de prosperidade ou de estagnação econômica. Consideramos um ambiente próspero aquele onde o nível de desemprego é baixo e o poder de compra de produtos e serviços é elevado. 15 Nos sistemas econômicos temos momentos de recessão e momentos de prosperidade. A essa alternância de situações damos o nome de ciclo econômico. Condições Legais e Políticas são os conjuntos de leis que abrigam a negociação empresarial. É a relação entre empresa e governo. Acontecimentos Internacionais Específicos referem-se ao que acontece em outros países e impacta as estratégicas da empresa. São guerras civis, golpes de Estado, terrorismo e outros acontecimentos que comprometem direta ou indiretamente o ambiente de negócios das empresas. É preciso também analisar outros elementos externos ligados diretamente à empresa, como fornecedores, concorrentes, produtos substitutos, compradores e novos entrantes, os quais são de extrema importância para o negócio. 5.1 Modelo Estrutura – Conduta – Desempenho Um grupo de economistas, na década de 1930, sentindo a necessidade de um modelo que comparasse o ambiente de uma empresa e seu comportamento e desempenho, criou o modelo Estrutura – Conduta – Desempenho (ECD). Esse modelo analisa: Estrutura do Setor: número de empresas concorrentes; nível de homogeneidade dos produtos comercializados; custos de entradas e saídas no setor. Conduta da Empresa: a estratégia que a empresa desenha para ganhar vantagem competitiva. Desempenho: em que nível a empresa se encontra – se com vantagem competitiva, paridade competitiva ou desvantagem competitiva. eficiência interna de alocação de produtos, processo produtivo, nível de emprego e processos. FINALIZANDO Nesta primeira aula falamos dos conceitos que envolvem a inteligência empresarial. Entendemos que os conceitos adicionais fazem parte da sua composição, e que a inteligência empresarial é parte de um todo e faz com que 16 as empresas, aplicando esses conceitos, produzam planejamentos e estratégias mais concretas que as farão subir de nível e criar vantagens competitivas. Nas próximas aulas falaremos de outros pontos importantes que compõem o estudo da inteligência empresarial. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem prática FERRARESI, A. A.; SANTOS, S. A. dos. Inteligência empresarial e gestão do conhecimento como práticas de suporte para a decisão estratégica. Revista de Administração e Inovação, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 102-114, 2006. 17 REFERÊNCIAS BARNEY, J. B; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. Tradução de Midori Yamamoto e revisão técnica de Pedro Zanni. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. CARDOSO, V. C.; CAMEIRA, R. F.; PROENÇA, A. Inteligência competitiva e a gestão do conhecimento. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 21., 2001, Salvador. Anais... São Paulo: ABEPRO, 2001. FREITAS, H.; LESCA, H. Competitividade empresarial na era da informação. Revista de Administração, São Paulo, v. 27, n. 3, p. 92-102, 1992. MORAES, G. D. de A.; ESCRIVÃO FILHO, E. A gestão da informação diante das especificidades das pequenas empresas. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 3, p. 124-132, set./dez. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 19652006000300012>. Acesso em: 8 jun. 2018. PEREIRA, H. J. Proposição de um modelo de gestão para organizações baseadas em conhecimento. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 22., 2002, Salvador. Anais... São Paulo: USP/NPGCT, 2002.
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