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Carlos Eduardo Cayres Novas Tecnologias da Educação A Faculdade Efi caz nasceu com o objetivo de promover a formação consciente dos cidadãos de seus direitos e deveres sociais, primando pela cidadania e soli- dariedade humana. Nossa tarefa é trabalhar em nossos alunos habilidades e capacidades, para que sejam cidadãos capazes de enfrentar as difi culdades cotidianas. Em nossos cursos buscamos a excelência educacional, seja por sua preocupação perante o avanço da ciência, da tecnologia, ou perante os anseios da sociedade moderna e democrática. A Faculdade Efi caz se propõe a ser uma mediadora na transmissão dos conheci- mentos já produzidos pela humanidade; ponte na articulação destes conhecimentos com os novos, produzidos a partir das experiências vivenciadas pelos discentes que é a construção do seu próprio saber e ainda: promover a integração destes conheci- mentos pela mobilização de competências já construídas, por sua ampliação e pela construção de novas competências. Portanto, entendemos que a nossa fi nalidade é formar profi ssionais com com- petências e habilidades para atuar no contexto complexo e contraditório da eco- nomia global, das políticas e das mudanças sociais, que afetam diretamente a vida cotidiana, o trabalho e as formas de organização e qualifi cação profi ssional. Ao ingressar na Faculdade Efi caz, os alunos terão a chance não apenas de estudar uma nova profi ssão, ou aprimorá-la, mas também de ampliar sua visão de mundo a partir do acesso à cultura e ao conhecimento. Isto, com certeza, tornando -os cidadãos mais ativos e mais plurais neste mundo globalizado em que vivemos, assim como os torna mais bem preparados para o mercado de trabalho. AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO A P R E S E N T A Ç Ã O Novas Tecnologias da Educação Carlos Eduardo Cayres Olá caro(a) aluno(a), Sou Carlos Eduardo Cayres, graduado em Ciência da Computação pela UNIDERP – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da região do Pantanal, Especialista em Desenvolvimento de Aplicações para Internet pela mesma IES. Atuo como professor universitário desde 1998 na área de teoria da computação, desenvolvimento web e programação de computadores. Atualmente sou coordenador do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Universidade Anhanguera-Uniderp e trabalho na área de desenvolvimento de Sistemas para Internet. A disciplina de Redes Sociais e Tecnologia da Informação e Comunicação terá seu conteúdo dividido em 3 unidades. Na unidade I serão abordadas as mudanças na sociedade e no trabalho, provocadas pelas novas tecnologias. Na unidade II trabalharemos com a aplicação das novas tecnologias na EaD e suas formas de mediação. Já na unidade III, vamos debater a organização e construção da ação educativa em ambientes virtuais. Bons estudos! S U M Á R IO UNIDADE 1: AS MUDANÇAS NA SOCIEDADE E NO TRABALHO, PROVOCADAS PELAS NOVAS TECNOLOGIAS 9 INTRODUÇÃO .......................................................................................11 NOVAS TECNOLOGIAS NA CULTURA E NO TRABALHO ......................11 CONCEITO DE TECNOLOGIA ...............................................................14 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E O TRABALHO ................................15 A INSERÇÃO DAS TIC NO TRABALHO ..................................................17 A INTERNET ..........................................................................................19 A ESTRUTURA ESTRATÉGICA DAS TIC .................................................20 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL ..............................................................23 AS CONDIÇÕES DE TRABALHO ...........................................................25 UNIDADE 2: NOVAS TECNOLOGIAS NA EAD E SUAS FORMAS DE MEDIAÇÃO 43 INTRODUÇÃO ......................................................................................45 NOVAS POSTURAS FRENTE À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA .....................45 A INTERATIVIDADE NA EAD ..................................................................47 POSSÍVEIS CAMINHOS DA INTERATIVIDADE .........................................51 REDES SOCIAIS COMO ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM NA WEB ........53 S U M Á R IO UNIDADE 3: ORGANIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA EM AMBIENTES VIRTUAIS 77 INTRODUÇÃO ......................................................................................79 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ....................................................................79 NOVOS MODELOS PEDAGÓGICOS MEDIADOS PELAS NOVAS TECNOLOGIAS .....................................................................................82 TECNOLOGIAS, MÍDIAS E RECURSOS DE UM AMBIENTE VIRTUAL ......89 Análise das Ferramentas do Sistema Quantum de Educação Online .............. 108 CONCLUSÃO 120 As mudanças na sociedade e no trabalho, provocadas pelas novas tecnologias UNIDADE 1 ObjEtIvOs DE AprENDIzAgEm • Apresentar as novas formas de relações pessoais e de trabalho medianas pela Tecnologia da Informação e da Comunicação, seus recursos e ferramentas.. plANO DE EstUDO Serão abordados os seguintes tópicos: • Novas tecnologias na cultura e no trabalho • Conceito de tecnologia • A sociedade da informação e o trabalho • A inserção das TIC no trabalho • A internet • A estrutura estratégica das TIC • A formação profissional • As condições de trabalho Carlos Eduardo Cayres 11 Unidade I - Novas tecnologias da Educação INTRODUÇÃO O trabalho colaborativo tem sido potencializado pelo uso das tecnologias, possibilitando também que se estenda a questões teóricas e práticas. A ênfase em torno do trabalho agora é criar possibilidades de cooperações e produções coletivas. É preciso tomar cuidado ao examinar tudo isso. Serão apresentadas especulações em torno do trabalho e sua organização a partir das novas técnicas em rede, sem a pre- tensão de fechar esteponto ainda em pleno desenvolvimento, introduzindo um diálogo sobre a cultura tecnológica e suas implicações nas mudanças no trabalho. NOVAS TECNOLOGIAS NA CULTURA E NO TRABALHO Grande parte dos trabalhos relacionados à Cibercultura tem deixado de lado um aspecto importante que é seu lado sociológico, definindo-se três aspectos em uma forma nova de trabalho social: • Uma mudança cultural, estabelecendo uma nova relação mais horizontal e intera- tiva que as mídias anteriores. • Tendo aspecto de trabalho, ainda de forma não muito clara, pode ser classificado como imaterial. 12 Unidade I - Novas tecnologias da Educação • Como principal aspecto é que este produto é socializado e existe a tendência de ser produto livre de código aberto. Como se deu o surgimento do primeiro instrumento de trabalho, um pedaço de pau para atingir um animal ou pegar uma fruta em uma árvore, isso não importa. Foi com o uso do fogo com elemento transformador do alimento que o homem introduziu a subjetividade no trabalho e na sobrevivência, para transformar o alimento produzido em um novo alimento ou para seu aquecimento. Provavelmente, a escrita surgiu nesta fase, ainda que expressa na forma de desenho de animais, também é provável que os chifres de animais abatidos fossem um dos primeiros instrumentos de trabalho deste homem. Este foi certamente, um dos elementos acelerador da formação da comunidade e de transformação da simples coleta do alimento na natureza, para a formação de comuni- dades sedentárias com o início de cultivo. Os rios tiveram grande influência na formação das primeiras grandes civilizações do ocidente. Surgem neste período os primeiros códigos e as primeiras escritas, os escribas passam a ocupar papel de destaque nas cortes, dando um impulso no desenvolvimento da sub- jetividade humana. 13 Unidade I - Novas tecnologias da Educação A forma de expressão deste período é tradicionalmente oral, ou seja, fundamentada nos ensinamentos passados às pessoas de forma “falada”, pois os escritos em papirus ti- nham alto custo e muitas vezes estes eram lavados destruindo as informações ali conti- das, para escrita de novas informações. A indústria moderna organizou os aspectos objetivos do trabalho, como conjunto de ati- vidades, recursos, instrumentos e técnicas de que o homem se serve para produzir, em uma velocidade não conhecida antes. O desenvolvimento das técnicas químicas e mecânicas inicialmente, e as elétricas e eletrônicas em uma segunda fase, apresentaram um progresso material jamais experi- mentado pela humanidade em tão curto espaço de tempo, porém os aspectos subjetivos necessários ao desenvolvimento humano foram deixados em segundo plano, quando não ignorados. A subjetividade agora não implica apenas na distribuição dos bens materiais e culturais, mas na aceitação destes bens entre diversas formas de bens da cultura, incluindo a es- piritualidade e a religião. É sensível que os povos desejam esta autonomia e ao mesmo tempo desejam a coparti- cipação no desenvolvimento global, porém a gestão de bens e de sua distribuição sofre ainda os antagonismos que precipitaram duas grandes guerras mundiais. 14 Unidade I - Novas tecnologias da Educação CONCEITO DE TECNOLOGIA Tecnologia é um termo que abrange o conhecimento técnico e científico e a aplicação destes conhecimentos por meio de sua transformação no uso de ferramentas, processos e materiais elaborados ou empregados a partir de tal conhecimento. A tecnologia tem ganhado cada vez mais espaço na vida social dos indivíduos. As atuais inovações tecnológicas têm como principal ferramenta os computadores, que são utiliza- dos em atividades práticas no dia a dia das pessoas. Nas últimas décadas o crescimento do uso dos computadores tem sido apontado como uma das principais causas do desen- volvimento tecnológico, como pode ser observado na Figura 1. Figura 1 - Recursos tecnológicos. 15 Unidade I - Novas tecnologias da Educação A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E O TRABALHO Segundo Bonilla (2005), o termo “sociedade da informação” vem sendo utilizado para caracterizar a época atual em que vivemos referenciando as mudanças relacionadas às TICs, à economia, estilo de vida e outros aspectos. A autora destaca algumas definições de sociedade da informação: • Definição tecnológica: a ênfase reside no espetacular avanço das tecnologias e das notáveis transformações nos processos de armazenamento e transmissão da informação. • Definição econômica: relacionada à mensuração do tamanho e crescimento da indústria da informação. • Definição ocupacional: baseada nas transformações que vêm ocorrendo no setor do trabalho. • Definição espacial: sustentada pelas ideias de velocidade e compreensão do es- paço-tempo global. • Definição cultural: referente ao crescente volume de informações que circu- lam diariamente pelos meios de comunicação e formam um novo ambiente informacional. 16 Unidade I - Novas tecnologias da Educação As definições citadas ainda não tornam o conceito de sociedade da informação preciso. Tais conceitos atribuem destaque as TICs no cotidiano da sociedade moderna, mas são insuficientes para defini-las por completo. Muitas são as interpretações sobre as inovações tecnológicas, criando-se diversos con- ceitos a respeito. Segundo Schaff (1993), as mudanças sociais que estão ocorrendo são definidas como “revolução técnico-científica”, tendo como um de seus desdobramentos a “segunda revolução técnico-industrial”, trazendo a microeletrônica com eixo principal. Para o autor o desemprego foi uma das maiores consequências de tal “revolução”, as pessoas perderam seus empregos para a automatização industrial. Isso provocou um incremento da produtividade e da riqueza social e ao mesmo tempo a redução da de- manda de trabalho humano. Realmente, ao se incorporar novas tecnológicas ao processo produtivo, tende-se a gerar uma maior valorização do capital, reduzindo o uso de material humano. Não quer dizer que a mão de obra humana seja substituída pelas máquinas, mesmo porque, as máquinas são conside- radas instrumentos de trabalho. Desprezar o trabalho humano faz com que o entendimento das mudanças históricas da época se tornem sem sentido. É fato que as novas tecnologias estão cada vez mais presentes na sociedade atual, mas isto não quer dizer que ela seja o centro das relações sociais, mesmo que exerçam um forte impacto nestas relações. 17 Unidade I - Novas tecnologias da Educação A INSERÇÃO DAS TIC NO TRABALHO As Tecnologias da Informação e da Comunicação são a definição de ferramentas cria- das para satisfazer necessidades do homem, tendo como principal criador a sociedade capitalista. Algumas formas de regulação social foram criadas para se manter as bases da socie- dade capitalista. Segundo Gerra (2000), destaca-se a “racionalidade instrumental”, que encontra-se dependente do alcance de fins particulares e resultados imediatos. Isso a torna útil às estruturas da sociedade capitalista, reduzindo a reflexão crítica humana a meras técnicas. A tecnologia tem grande expansão com o surgimento da computação eletrônica e da informática. Na cultura moderna faz parte do cotidiano dos indivíduos em todas as áreas de conhecimento e atuação, até mesmo no convívio humano através das redes sociais. 18 Unidade I - Novas tecnologias da Educação Figura 2 - Tecnológicos no trabalho. A utilização desta tecnologia não passa apenas pelo saber as técnicas e ferramentas, mas deve passar pelo verdadeiro por que da sua utilização pelo indivíduo agente. As novas tecnologias da informação e da comunicação trazem muitas consequências e pode-se observar seu poder multiplicador em praticamente todos os meios de convi- vência dos indivíduos. Em várias áreas as TIC têm trazido novas formas de expressão, conhecimentos, possibilidades, pensamentos e por consequência, novos desafios e perspectivas. 19 UnidadeI - Novas tecnologias da Educação Diante da importância de se reconhecer o verdadeiro papel da tecnologia na sociedade atual, não sendo apenas caracterizado como conhecimento dos meios e ferramentas dispo- níveis, mas sim como algo que modifica, produz e reproduz métodos inovadores e diferen- ciados de viver e de se inserir nas relações sociais (VELOSO, 2012). A INTERNET A internet em seus vários desdobramentos quanto a disponibilização de recursos de interação entre indivíduos, tem apresentado um potencial significativo. Seus recursos facilitam a interação e comunicação entre grupos heterogêneos, possibilitando em tese, a manutenção das identidades culturais e dos valores éticos. Atualmente a Internet se configura não apenas como uma questão tecnológica, ela pode ser entendida como um importante fator cultural que influencia nas mudanças das formas de se relacionar e viver em sociedade. Os meios de comunicação instantâneos, por exemplo, as redes sociais, blogs, Skype, e-mails e outros (Figura 3), a Internet tem modificado significativamente os meios de comunicação entre os indivíduos. Da mesma forma, a Internet tem sido utilizada como meio de produção e disseminação de grandes quantidades de informação, por exem- plo, bibliotecas digitais, livros disponíveis em rede, e a própria Wikipédia uma grande 20 Unidade I - Novas tecnologias da Educação enciclopédia virtual. Utilizada de forma correta, a Internet pode-se configurar como uma importante ferramenta para o desenvolvimento pessoal e coletivo, proporcionando inúme- ras contribuições para o trabalho, o ensino, o laser e a cultura (VELOSO, 2012). Figura 3 - Ferramentas de comunicação. A ESTRUTURA ESTRATÉGICA DAS TIC A possibilidade de produzir mudanças na qualidade referentes ao contexto social aponta para a importância da tecnologia. É um potencial que pode servir tanto ao interesse das classes dominantes da sociedade, e também contribuir para elaboração de um projeto 21 Unidade I - Novas tecnologias da Educação voltado a população de massa (VELOSO, 2012). Para que todo o potencial das TIC seja realmente sedimentado, faz-se necessário um processo adequação deste recurso, valorizando outras competências e não somente a tecnologia (VELOSO, 2012). Utilizar de forma crítica e rígida os recursos tecnológicos pode trazer alterações na reali- zação de muitas atribuições e competências. Isso tende a gerar efeitos positivos no de- senvolvimento das diversas profissões. A utilização dos recursos das TIC pode contribuir para que os profissionais potencializem competências e habilidades no contexto de sua atuação em diversas políticas sociais públicas (VELOSO, 2012). As TIC podem nos ajudar a identificar as desigualdades e potencializá-las, ao mesmo tempo estipular as relações entre diferentes dados e informações, estimulando espaços para o diálogo, aprendizagem e compartilhamento (VELOSO, 2012). Segundo Veloso (2012), no que se refere às profissões quanto ao uso das TIC aponta-se para algumas condições fundamentais, sendo três elementos básicos que possibilitam a integração das TIC ao trabalho: vontade e interesse dos profissionais em utilizar as tecnolo- gias; existência de condições de trabalho adequadas; existência de formação profissional voltada para o tratamento deste tema (VELOSO, 2012). 22 Unidade I - Novas tecnologias da Educação Um dos fatores importantes para uma melhor absorção das TIC ao trabalho é a forma- ção profissional, que deve contribuir para operacionalizar os recursos técnicos e também, quebrar o paradigma da resistência do seu uso, demonstrando as diversas alternativas e efeitos positivos da utilização correta da tecnologia (VELOSO, 2012). Uma das alternativas para tentar quebrar a resistência ao uso das TIC por parte dos profissionais das diversas áreas é a reflexão que pode ser realizada nos meios de capa- citação, como cursos de graduação, pós-graduação, capacitações e demais espaços de debate (VELOSO, 2012). No que se refere à formação profissional, não se pode pensar em um simples ensino da informática básica, mas uma formação que direcione os profissionais para o entendimen- to e absorção dos potenciais das TIC, possibilitando a inserção dos benefícios da tecno- logia no ambiente de trabalho. Não se pode esquecer que para uma adequação das TIC ao ambiente de trabalho é preciso verificar as condições e disponibilidade de recursos físicos, materiais e humano em quantidade e qualidade necessárias para realização das atividades tecnológicas. Outro fator relevante quanto à absorção das TIC no ambiente de trabalho, está relacio- nada ao interesse dos profissionais no seu uso. A resistência dos profissionais em inserir no seu trabalho os recursos oferecidos pelas tecnologias pode estar relacionada à falta 23 Unidade I - Novas tecnologias da Educação de interesse no seu uso, ou seja, não há interesse, mas na verdade, há uma resistência quanto à incorporação das TIC no ambiente de trabalho. Tal resistência está relacionada às mudanças e melhorias que as TIC podem introduzir na realização das tarefas do cotidiano do profissional. Isso implica em atualização profis- sional, mudança de perfil, que traz melhorias na execução dos trabalhos, direcionando o profissional para as novas tendências inovadoras e firmando sua presença no mercado de trabalho cada vez mais tecnológico. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL Uma abordagem mais aprofundada da importância da inserção das TIC no trabalho du- rante a formação profissional é um fator que pode contribuir muito para a quebra da bar- reira que ainda existe a tal inserção. Para fixar a inserção das TIC no ambiente de trabalho subtende-se que no processo de formação profissional sejam abordando tanto os aspectos gerais do uso da tecnologia, quanto os benefícios que as TIC podem agregar às profissões. Alguns profissionais buscam qualificação por meio de cursos de informática básica volta- da para os editores de texto, planilhas eletrônicas e outros aplicativos mais utilizados no 24 Unidade I - Novas tecnologias da Educação cotidiano do trabalho. Em alguns casos a qualificação se dá dentro da própria empresa, até mesmo por necessidade de aperfeiçoamento em virtude de mudanças nos sistemas operados pelos profissionais. A grande demanda das atividades desenvolvidas no dia a dia dos profissionais fomenta a necessidade da inserção das TIC. É importante identificar as necessidades nos proces- sos do trabalho para adequação das tecnologias apropriadas. A importância da abordagem das TIC na formação profissional não quer dizer que tal con- teúdo deva ter prioridade sobre os demais conteúdos que contemplam a formação pro- fissional nas diversas áreas. A tecnologia deve ser trabalhada em igualdade de relevância com as demais competências e habilidades que fazem parte do trabalho profissional, deixando bem claro que a tecnologia não é prioridade na autonomia do trabalho, mas se- gundo Veloso (2012) no projeto profissional, nos valores e nas referências fundamentais das profissões. Sendo assim, a formação profissional preocupada com a abordagem das TIC pode con- tribui para que seja tratada como conteúdo complementar na formação profissional, útil partindo do princípio que possibilita uma articulação das competências profissionais, não sendo no processo de formação, o principal item. 25 Unidade I - Novas tecnologias da Educação Conforme Veloso (2102), a presença das TIC na formação profissional é uma condição de grande importância, embora não seja a única para que o processo de introdução das tecnologias ao trabalho aconteça de forma rica e consistente. A abordagem das TIC na formação profissional pode tornar-se fundamental para que os profissionais possam de- senvolver uma percepção criteriosa de tais tecnologias. AS CONDIÇÕES DE TRABALHO Com as discussões anteriores é possível verificar que informatizar não leva naturalmente a introdução das TICno trabalho. Tal introdução precisa de condições para que os pro- fissionais entendam o verdadeiro potencial que os recursos da tecnologia podem agregar ao trabalho. Segundo Veloso (2012), isso demanda um série de esforços que envolvem a existência de condições adequadas de trabalhos, bem como envolvimento com o trabalho, vontade política, formação e qualificação profissional contínuas, dentre outros fatores. Muitas ve- zes as condições necessárias para a incorporação das TIC não estão disponíveis para os profissionais, dificultando tal incorporação. Portanto, conhecer as condições de trabalho dos profissionais é vital para que a incorporação das TIC seja possível. Embora condições para incorporação não seja o único pré-requisito, considera-se aspecto 26 Unidade I - Novas tecnologias da Educação básico, sendo condição a presença de materiais e objetos necessários à incorporação. Em muitas organizações a falta de condições adequadas de trabalho, até mesmo a falta de requisitos mínimos necessários para o desenvolvimento profissional sobrecarregando o trabalhador, gerando um ambiente tenso e estressante. Mesmo com tantas dificuldades muito profissionais sonham com a inserção com a intro- dução das TIC nas rotinas do trabalho, tentando eliminar as barreiras reais presentes no dia a dia. Pode-se apontar a dificuldade de acesso a equipamentos básicos para a práti- ca das TIC, como computadores, impressoras, suprimentos de informática, e também, a falta de espaços para qualificação na área. Para uma efetiva introdução das TIC no ambiente profissional é relevante que as condições de trabalho sejam favoráveis. Ma maioria dos casos a frequência da tecnologia se dá em am- bientes de trabalho que existam condições que os profissionais acreditam ser adequadas. Incentivar a introdução das TIC à rotina do trabalho deve passar por uma reflexão da im- portância que as condições de trabalho exercem em tal processo. A simples existência de condições não garante a introdução das TIC, é preciso articulação entre condições e potencialidades que as TIC poderão agregar ao trabalho, aí sim, processos de for- mação profissional que atenda as demandas e especificidades de cada profissão se fazem necessário, ajudando no processo de introdução da TIC no trabalho. 27 Unidade I - Novas tecnologias da Educação CONSIDERAÇÕES FINAIS As tecnologias possibilitam que o trabalho colaborativo também se estenda a questões teóricas e práticas. A ênfase em torno do trabalho agora é criar possibilidades de coope- rações e produções coletivas. É preciso tomar cuidado ao examinar tudo isso, foi apresentada uma deliberada especu- lação em torno do trabalho e sua organização a partir das novas técnicas em rede, sem a pretensão de fechar este ponto ainda em pleno desenvolvimento, mas de introduzir o diálogo sobre Cibercultura. FIQUE POR DENTRO No link a seguir há um vídeo sobre TIC – Tecnologia da Informação e da Comunicação: <http://www.youtube.com/watch?v=cl1291SqSow>. REFLITA É apresentado abaixo um artigo da professora Martorelli Dantas debatendo EaD, ambiente corporativo e formação continuada. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente debatidos pela professora. 28 Unidade I - Novas tecnologias da Educação O ENSINO A DISTÂNCIA NO AMBIENTE CORPORATIVO, UMA FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA Martorelli Dantas(*) Não é de hoje que se diz que é preciso estudar sempre. É necessário que os profissionais, sejam quais forem as suas áreas de atuação, estejam em contínuo processo de desenvolvimento e aprendizado. Esta realidade tem feito profissio- nais já estabelecidos no mercado de trabalho retornarem aos bancos escolares, para fazerem MBA’s e cursos de especialização. Refletir, repensar e trocar experi- ências com outras pessoas igualmente envolvidas no mundo produtivo tornou-se compulsório. Mas nem todas as pessoas têm oportunidade de tempo e condições financeiras para estes cursos, que em geral são caros e demandam o deslocamento do profissional, freqüentemente, para outros países, e quando não, para outros esta- dos. Há profissionais que estão em um momento tal de suas vidas que a retirada do “front” de trabalho neste instante não seria estratégica. As razões são várias: dificilmente conseguiriam retornar para ocupar a mesma posição depois do perío- do de estudos, não têm reservas financeiras para bancarem tal afastamento, não contam com um projeto de estímulo à educação continuada em suas empresas. É para esses profissionais, inclusive, que o modelo corporativo de EaD (Ensino a Distância) parece-me especialmente apropriado. Disse “inclusive” porque EaD não é uma forma de estudar para quem não tem tempo ou dinheiro. Quem não tem tempo para estudar e não tem recursos para financiar este estudo, nem conta com quem possa fazê-lo, simplesmente não pode estudar. É urgente que desfaçamos o engano de que é possível fazer bons cursos, ter bons professores e ter um crescimento profissional real sem investi- mento. Isso não é possível, e acredito que nunca foi nem nunca será. 29 Unidade I - Novas tecnologias da Educação Mas voltando à questão da utilização do Ensino a Distância no ambiente corpora- tivo, devo afirmar que esta tem sido uma tendência dos nossos dias. Primeiro foram as grandes universidades do mundo que começaram a utilizar com seus alunos de MBA, já na década de 80, meios como apostilas, fitas de vídeo e áudio, para instruírem aqueles com maior dificuldade de deslocamento. Com o advento da Internet parece que todos esses recursos encontraram um só caminho para ligarem alunos, professores e a própria instituição de ensino. Isso com a facilidade de que a comunicação pode ser feita não apenas de um para muitos, mas de forma completamente interativa, constituindo uma verdadeira co- munidade de aprendizado. Mais recentemente as empresas de grande porte como a Accor Brasil, BankBoston, DataSul e Visa perceberam o potencial e a necessidade de manter suas estrelas dentro de suas próprias portas e criaram as Universidades Corporativas. Elas, nada mais são, que a criação, intramurus, de comunidades de aprendizado cola- borativo, que oferecem a oportunidade aos funcionários da empresa de trocarem suas experiências e aprenderem com especialistas convidados. E nenhum canal se mostrou mais eficaz para isso que a Internet, com seus recursos multimídia e infindas possibilidades de interação. Se a escola entrou na empresa, e não mais para alfabetizar, é preciso também que a pedagogia faça o mesmo. Não há formação, crescimento e transforma- ção sem educação, e o ensino corporativo não é exceção à regra. É preciso formar educadores capazes de dimensionar modelos e estratégias próprias para a implantação de sistemas de educação continuada através do EaD dentro das empresas, sob risco de despendermos inutilmente esforços, tempo e recursos. A Aquifolium é uma empresa, entre outras, que tem se dedicado a preparar es- ses educadores para agirem dentro de universidades, escolas, corporações e 30 Unidade I - Novas tecnologias da Educação iniciativas independentes. Já passaram por nossos cursos, eventos e palestras mais de mil alunos, os quais estão engajados em um mercado de trabalho crescente e exigente. Acredito que muitas empresas que já possuem toda uma estrutura de comunicação interna através da Internet, poderiam usar os equipamentos e o pessoal treinado, sob a supervisão e orientação de educadores, para desenvolver seus próprios cursos de aperfeiçoamento profissional. Para implementá-los não precisa ser rico, basta ser grande. (*) A autora é professora da Escola Superior de Marketing do Recife, da Universidade de Pernambuco e membro da Equipe Pedagógica da Aquifolium Educacional. Fonte : <http://www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/martorelli.html.> Acessado em 23/09/2013. REFLITA É apresentada abaixo uma entrevista do professor Wilson Azevedodebatendo a tecnologia na educação. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhante- mente debatidos pelo professor. TEC NOLOGIA EM FAVOR DA EDUCAÇÃO Entrevista concedida ao portal WWWork Wilson Azevedo wwwork: Quais são os serviços oferecidos pela Aquifolium? 31 Unidade I - Novas tecnologias da Educação Wilson Azevedo: A Aquifolium é uma empresa que desenvolve projetos para a internet, com forte ênfase no aspecto humano e comunicacional da rede, sem negligenciar o tratamento adequado da tecnologia. Nossa unidade de negócios educacionais, a Aquifolium Educacional, dedica-se especificamente à educação on line, isto é, ao desenvolvimento de projetos de educação utilizando redes infor- matizadas, sendo a educação à distância o principal campo que vem demandando nossa atuação. wwwork: Na sua opinião, como está sendo o desenvolvimento do ensino à distância no Brasil? Wilson Azevedo: Primeiramente, creio que deve-se destacar que o Brasil ocupa posição de destaque em nível mundial no que diz respeito à educação à distân- cia. Aqui foram desenvolvidos os mais bem-sucedidos programas com uso de rádio e TV. Um exemplo deles é o TeleCurso 2000, caso de sucesso, destacado mundialmente. Mas, ainda estamos num processo embrionário. Temos algumas iniciativas que deveriam ser corretamente classificadas no campo editorial e no mercado de publicações, embora esteja muito claro para a maioria das pessoas que o fato de se ler um livro que tem o título “curso de alguma coisa” não significa que se esteja efetivamente fazendo um curso. Ainda não se tem a mesma clareza quando se trata de publicações eletrônicas em páginas na web. wwwork: A educação à distância existe desde fins do século XVIII. A evolução da tecnologia é um dos principais motivos para a popularização do ensino à dis- tância? Você acha que é uma tendência a utilização cada vez mais frequente e usual da internet no ensino? Wilson Azevedo: Não diria que estejamos assistindo a uma popularização da EaD no Brasil. Pelo contrário, estamos assistindo a um processo compreensível de elitização da educação à distância. A EaD no Brasil sempre foi vista como uma 32 Unidade I - Novas tecnologias da Educação modalidade popular, ou voltada para os andares inferiores do edifício social, uma maneira de, supletivamente, atender aos que iam ficando excluídos do sistema educacional presencial. Nossos principais programas à distância sempre estive- ram voltados à alfabetização e à formação básica da população de baixa renda. O advento das redes corporativas e da internet conferiu um novo status a educa- ção à distância. A educação online vem sendo vista por empresas e instituições de ensino como uma forma nova de atender a outro tipo de excluído, não o exclu- ído social, mas o excluído pela falta de disponibilidade de tempo ou pela distância em relação aos centros de excelência, uma elite gerencial, executiva, profissional que vem se dirigindo os mais recentes esforços em educação online. wwwork: Quais são as vantagens e desvantagens da educação à distância para os alunos e professores? Wilson Azevedo: As principais vantagens, mas também os maiores perigos, se encontram na flexibilidade em relação ao tempo. Alunos e professores não ficam mais presos às grades de horários que definem uma hora para começar e outra para encerrar uma aula. Alunos e professores precisam de maior disciplina para estabelecer os horários que lhes são mais convenientes - e efetivamente dedicar-se ao estudo nestes horários. Isto requer um perfil mais autônomo e independente para o aluno, coisa que nosso sistema educacional não incentiva nem desenvolve. Além disto, no caso específico da educação on line, o aluno - e também o pro- fessor - precisa adaptar-se a uma outra ecologia pedagógica, um outro ambiente caracterizado por uma temporalidade multissincrona, uma espacialidade virtual e uma sociabilidade comunitária. Esta adaptação é um processo delicado que precisa ser bem trabalhado para evitar-se o fracasso, a angústia e a frustração. wwwork: E a relação entre estudante e professor, não fica prejudicada? 33 Unidade I - Novas tecnologias da Educação Wilson Azevedo: Na EaD convencional, baseada em módulos auto-instrucio- nais, com uso de servico postal, rádio ou TV, este sempre foi um problema. Mais ainda do que a relação estudante-professor, a fecunda experiência de relaciona- mento interpessoal e comunitário em turmas de alunos era totalmente impossível com uso destas tecnologias. Mas justamente uma das maiores contribuições das novas tecnologias da informação e da comunicação, notadamente da internet, reside na possibilidade de interação coletiva à distância - que pode ser intensa, de altíssima qualidade e elevado grau de profundidade, quando bem incentivada e trabalhada. A maior contribuição está nesta possibilidade de envolver alunos e professores em comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa. wwwork: A motivação do estudante não diminui com o ensino à distância? Esse tipo de ensino não estimula uma individualização dos estudantes por não estarem reunidos em grupos? Wilson Azevedo: No modelo baseado na chamada auto-instrução isto é um fato. Mas este foi um modelo desenvolvido diante dos limites impostos pelas tecnologias classificadas como da primeira (rádio, TV) e da segunda geração (software educativo, CD-ROM) e pela orientação do contexto econômico e cultu- ral da sociedade industrial. Com o advento da chamada “sociedade da informa- ção” e das tecnologias de terceira geração, as das redes de computadores, não precisamos ficar presos a este modelo. Aliás, é um desperdício utilizar a internet apenas para a auto-instrução, um equívoco de enfoque desenvolver um curso on-line como se fosse um CD-ROM educativo. A internet combina as 3 possibi- lidades de comunicação: de um-para-um, de um-para-muitos e, sobretudo, de muitos-para-muitos. Via internet, comunidades virtuais de aprendizagem colabo- rativa podem envolver o estudante, mantendo sua motivação e estimulando a constante e intensa troca e cooperação de todos com todos. Não perceber isto 34 Unidade I - Novas tecnologias da Educação tem sido um equívoco, infelizmente, ainda muito comum em iniciativas educa- cionais na internet. Mas acho que estamos assistindo a um processo de gradual amadurecimento, tanto de instituições, quanto do público, que nos fará perceber com mais nitidez que a aprendizagem colaborativa em comunidades virtuais ofe- rece o modelo mais adequado à educação on-line. É apresentado abaixo um artigo debatendo EaD e o mercado de trabalho. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente debatidos pela professora. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O MERCADO DE TRABALHO Ana Carolina Garcez Bueno Carneiro César Augusto Garcez Bueno Carneiro Mariana Mayrink Giardini RESUMO A revolução tecnológica mudou costumes, hábitos e valores na sociedade contem- porânea e trouxe facilidades para a área da educação, que é uma das que mais faz uso dos recursos tecnológicos. A competição e exigência do mercado de trabalho levam cada vez mais pessoas a buscarem conhecimento e uma formação (graduação, pós-gradução, mestrado, doutorado) e o EAD tem proporcionado essa facilidade a muita gente, que por 35 Unidade I - Novas tecnologias da Educação motivo de distancia, financeiro e outros, não pode estar presente em uma faculdade, mas também surge a preocupação da aceitação do mercado com relação ao profissional na área da Aquacultura/Engenharia de Pesca/Aquicultura, Técnico em Piscicultura, for- mado pelo ensino a distância. PALAVRAS-CHAVE: EAD, Tecnologia, Profissional. INTRODUÇÃO As novas tecnologias já fazem parte da vida cotidiana da sociedade, e as mudanças comportamentais já são bem evidentes. A internet facilita a vida das pessoas, principal- mente com relação a informações e pesquisas e agilidade em alguns tiposde serviço, a exemplo compras. A quantidade de informações também é grande, então é necessário filtrar as informações de seu interesse. As pessoas que pela correria do cotidiano, problemas financeiros, e outros de cunho pessoal que estão à procura de estudo para ingressar no mercado de trabalho, que está cada vez mais exigente, têm a necessidade de fazer uma faculdade, e hoje em dia temos o método EaD (EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA), que permite acesso a educação de forma mais fácil, inclusive em menos tempo que uma faculdade com ensino presencial. 36 Unidade I - Novas tecnologias da Educação EDU CAÇÃO A DISTÂNCIA É um ensino na qual o aluno não precisa esta fisicamente presente em um ambiente de ensino como escola, universidade. A didática deste ensino depende da tecnologia, a exemplo, a internet, via mais utilizada hoje como estudos a distância por outro lado o aluno tem que se esforçar porque se torna um estudo mais autônomo que é empregado nos horários em que o aluno despose para dedicar-se ao estudo. EAD NO BRASIL Segundo a enciclopédia Wikipédia, no Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio Técnico Monitor, em 1939, o hoje Instituto Monitor, iniciaram várias experiências de educação a distância com relativo sucesso. As experiências brasileiras, governamen- tais e privadas, foram muitas e representaram, nas últimas décadas, a mobilização de grandes contingentes de recursos. No passado, os resultados não foram suficientes para ter aceitação governamental e social da modalidade de educação a distância no país. Porém, a realidade brasileira já mudou e o governo brasileiro criou leis e estabe- leceu normas para a modalidade de educação a distância no país. As bases legais para essa modalidade foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional n°9.394, de 20 de dezembro de 1996, regulamentada pelo decreto n°5.622 de 20 de dezembro de 2005, que revogou os decretos n°2.494 de 10/02/98, e 37 Unidade I - Novas tecnologias da Educação n°2.561 de 27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial n°4.361 de 2004. No decreto n°5.622 dita que, ficam obrigatórios os momentos presenciais para avaliação, está- gios, defesas de trabalhos e conclusão de curso.Classifica os níveis de modalidades educa- cionais em educação básica, de jovens e adultos, especial, profissional e superior. Os cursos deverão ter a mesma duração definida para os cursos na modalidade presencial e ainda, po- derão aceitar transferência e aproveitar estudos realizados em cursos presenciais, da mesma forma que cursos presenciais poderão aproveitar estudos realizados em cursos a distância. Regulariza o credenciamento de instituições para oferta de cursos e programas na modalidade a distância (básica, de jovens e adultos, especial, profissional e superior). A SPECTO IDEOLÓGICO A EaD caracteriza-se por estabelecer uma comunicação de diversas maneiras, suas pos- sibilidades ampliaram-se em meio às mudanças tecnológicas como uma modalidade alternativa para superar limites de tempo e espaço. Seus referenciais são fundamenta- dos nos quatro pilares da Educação do Século XXI publicados pela UNESCO, que são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. 38 Unidade I - Novas tecnologias da Educação Desta forma, a Educação deixa de ser concebida como apenas transferência de informa- ções e passa a ser norteada pela contextualização de conhecimentos úteis ao aluno. Na educação a distância, o aluno é desafiado a pesquisar e entender o conteúdo, de forma a participar da disciplina. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O MERCADO DE TRABALHO Apesar de a educação a distância ser um modelo sério, legalizado e com respaldo e amparo do MEC, e de ser adotado hoje em quase todas as faculdades e universidades do Brasil, algumas pessoas que pretendem fazer uma faculdade à distância têm se pre- ocupado com sua aceitação ou não pelo mercado de trabalho. Uns usam a expressão reconhecimento pelo mercado de trabalho, outros apenas aceitação, mas no fundo a preocupação é a mesma. O mercado de trabalho formal vai sempre optar pelo que é mais formal. O mercado menos formal tende a observar a capacidade do indivíduo e não apenas a sua formação. Então, diante disso é evidente que a preocupação com o mercado de trabalho poderá se justificar ou não. OS ALUNOS DE HOJE E PROFISSIONAIS DE AMANHÃ A grande preocupação não é o que o mercado e trabalho acha ou deixa de achar da educação a distância e sim o tipo de profissional que as faculdades EAD vão enviar 39 Unidade I - Novas tecnologias da Educação para o mercado. O receio maior é que muitas pessoas estejam despreparadas para enfrentar um curso a distância e conseqüentemente para ingressar no mercado de tra- balho em que se pretende formar, dependendo da área, a exemplo a saúde, por irres- ponsabilidade de um mau profissional, vidas podem estar em jogo. Diante do estudo feito, foi possível perceber que alg uns alunos têm dificuldade de compreensão de um simples texto, prova disso são as dúvidas, comentários em chats, rodapés, posts, sem contar nos erros de português (ortografia), grafia errada, a faculdade não corrige esses erros e provavelmente irão parar no mercado de trabalho. As baixas mensalidades de EAD e comodidade de horário e local despertam o interesse de muita gente, isso é bom, pois a faculdade é uma extensão e não o básico, logo os alunos devem fazer estudos por conta própria, seja em cursinho ou através de conteúdo gratuito disponível na internet, criar o hábito de leitura e informação, adquirindo mais conhecimento e ex- periência sobre a área de estudo desejada. CONSIDERAÇÕES FINAIS É indiscutível que a educação a distância é a modalidade de ensino que mais cresce no país. O mercado de trabalho passa a reconhecer o valor e a importância que a EAD pro- porciona aos novos profissionais formados por um sistema que inibe a atitude passiva e 40 Unidade I - Novas tecnologias da Educação capacita trabalhadores com perfis de autonomia e independência. “Os que se formaram mostram que têm bastante disciplina, empenho, são organizados e cumprem prazos”, acredita Constantino Cavalheiro, diretor da Catho Educação. “No processo seletivo, a empresa não avalia a modalidade de ensino, mas a instituição. Se é de renome, é aceita. O que conta é a reputação da escola. E mais importante que o certificado é o conheci- mento do aluno e sua capacidade de apresentar resultado.” Foram observados os crescentes índices de empresas que tanto acreditam na edu- cação a distância como também usufruem dela como eficiente método de treinamen- to para a capacitação de seus colaboradores. “Em 2007, pela primeira vez desde a criação do Enade (2004), o Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC) comparou o desempenho dos alunos dos mesmos cursos nas modalidades a distância e presen- cial. Em sete das 13 áreas onde essa comparação é possível, alunos da modalidade a distância se saíram melhores do que os demais.” (Fonte: Folha de São Paulo) A realidade é que haverá sim empresas que irão torcer o nariz para quem fez uma faculdade a distância, mas isto não é regra no mercado. O importante é se preocupar com a sua for- mação e fazer a diferença, procurar uma instituição confiável, usufruir de todos os recursos disponíveis para sanar as possíveis duvidas de conteúdo, para ser um bom profissional , enfim, assim terá aceitação do mercado sem nenhum problema. Fonte: www.abed.org.br/congresso2013/cd/380.doc 41 Unidade I - Novas tecnologias da Educação INDICAÇÕES DE LEITURA VELOSO, Renato. Tecnologias da informação e comunica- ção. São Paulo: Saraiva, 2011. LAURINDO, Fernando José Barbin; ROTONDARO, Roberto Gilioli. Gestão Integrada de Processos e da Tecnologia da Informação. São Paulo: Atlas, 2006. 42 Unidade I - Novas tecnologias da Educação ATIVIDADES 1) Reflita sobre o que você entende por Tecnologia daInformação. 2) Continuando as reflexões. Agora que você já tem a percepção do que é Tecnologia da Informação, o que você entende por Tecnologia da Informação e da Comunicação? 3) Faça uma pesquisa sobre a utilização de recursos tecnológicos no cotidiano das pessoas quanto às relações sociais. O objetivo é identificar que tipos de recursos da TIC as pessoas têm utilizado nas relações pessoais de trabalho mediadas pela tecnologia. Novas tecnologias na EAD e suas formas de mediação UNIDADE 2 ObjEtIvOs DE AprENDIzAgEm • Debater as mudanças que as novas Tecnologias de Informação e da Comunicação têm provocado nas relações socioculturais e na forma de promover a aprendizagem por meio dos recursos disponibilizados pelas novas ferramentas tecnológicas.. plANO DE EstUDO Serão abordados os seguintes tópicos: • Novas posturas frente à Educação a Distância • Redes sociais como espaços de aprendizagem na web • Possíveis caminhos da interatividade • A interatividade na EAD Carlos Eduardo Cayres 45 Unidade II - Novas tecnologias da Educação INTRODUÇÃO Uma das principais ferramentas das TIC favorável à democratização do saber é sem dúvida a internet. O conhecimento não se restringe somente a um grupo, é compartilhado por um amplo número de indivíduos, independente do local em que é produzido. Os ambientes em rede minimizam as distâncias, promovendo trocas colaborativas, cria- tivas e autônomas. A escola e a família tem que estar atentas a essas mudanças inevi- táveis, nunca deixando de lado os valores humanos e éticos, indispensáveis a um bom convívio social. NOVAS POSTURAS FRENTE À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As novas tecnologias de informação tendem a provocar mudanças socioculturais que a sociedade atual ainda não tem condições de assimilar. Ao se modificar aspectos sociais, resistências surgirão, principalmente por que, não se sabe o impacto que estas transfor- mações provocarão. As redes sociais, como Facebook, Orkut, Skype (Figura 4), entre outras, apresentam formas de interação que atraem pela diversidade de informações com recursos variados: sons, imagens, tudo muito interativo. A escola tradicional não traz novos desafios e isso causa 46 Unidade II - Novas tecnologias da Educação desconfiança nas metodologias tradicionais de ensino. Isso gera um descaso diante das formas de aplicação de conteúdos e formas de avaliação que fogem ao cotidiano do jovem do século XXI. É preciso incorporar os meios audiovisuais em suas práticas estudantis e a gama de riquezas que as TICs podem proporcionar. Figura 4 - Facebook e Skype. Os jovens do século XXI querem dialogar, discutir, diversificar e não apenas participar de um modelo de assimilação de conteúdo. O conceito de “nativos digitais” segundo Belloni (1999) define estes jovens com muita propriedade, pois, frente à geração dos “imigrantes digitais”, eles possuem habilidades e competências para o uso das novas tecnologias principalmente porque interagem no ambiente em rede com extrema naturalidade. 47 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Com isso, o compartilhamento de informações se tornou uma marca da nova web, em que os jovens procuram e desejam criar juntos, muito próximos do que Pierre Lévy (1999) definiu como inteligência coletiva. No entanto, existem desafios a serem desvendados na rede de informações, pois, se por um lado, ela pode ser fascinante, por outro, pode ser igualmente obscura, percorrendo caminhos perigosos. A INTERATIVIDADE NA EAD Mudar a postura passiva do telespectador, aproximando-os das novas TICs, é um grande desafio para os indivíduos do século XXI. Pesquisas indicam um crescimento na moda- lidade em educação a distância e o ensino presencial não pode ser apenas transferido para o ensino a distância, por meio das novas ferramentas tecnológicas. É preciso ter cuidado com a preparação dos materiais, atentando para as especificidades dos edu- candos, contextualizando os conhecimentos na região onde o aluno está inserido. O governo, a partir de 2007, estabeleceu políticas de referências de qualidade para re- gulamentação dos cursos a distância, com a finalidade de minimizar os efeitos muitas vezes insatisfatórios desta modalidade de ensino, preocupado com a grande expansão da EAD no Brasil. 48 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Um dos objetivos é garantir que uma proposta de projeto de curso superior a distância precisa estar atento a um forte compromisso institucional visando garantir uma formação técnico-científica para o trabalho, considerando também, a dimensão política para a for- mação do cidadão. Além do mais, a educação superior presencial ou a distância, nas suas diversas formas de combinações entre presencial, presencial virtual e a distância, precisa evidenciar o desenvolvimento humano, diante do comprometimento da concep- ção de uma sociedade mais justa. Outro fato importante no documento é que a educação deve superar a visão fragmentada do conhecimento, elaborando uma estrutura de interdisciplinaridade e contextualização. A educação encontra nesse panorama um ambiente desafiador e diferente dos meios de comunicação de massa. Por exemplo, a televisão apresenta um material voltado ao consumo e à padronização do pensamento, a estrutura teórico/prática dos cursos de EAD percorre um caminho contrário, pois deve basear-se nos questionamentos, práticas e discursos inovadores para que consiga despertar a autonomia, criatividade e cidadania no seu público-alvo. Atentado para o problema, a EAD deve promover a interação entre alunos e entre alu- nos e professores, utilizando-se de ambientes que propiciem ferramentas como fóruns e chats, disponibilizando o conhecimento de forma autônoma. Assim sendo, é preciso 49 Unidade II - Novas tecnologias da Educação diferenciar interação e interatividade, que, muitas vezes são colocadas de forma prolixa. Para Belloni (1999), o conceito sociológico de interação é a ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre intersubjetividade, isto é, encontro entre dois sujeitos, que pode ser mediada por algum veículo técnico de comunicação (telefone ou carta). Em contrapartida, interatividade é o recurso técnico disponibilizado por um determinado meio, como hipertextos em geral ou jogos eletrônicos. Existe também o conceito de in- teratividade como a atividade humana que age sobre a máquina e recebe em troca uma resposta. Torna-se inevitável a mudança no papel do professor diante dos novos modelos de in- teratividade. O novo paradigma exige que o professor se transforme em mediador do conhecimento rompendo a barreira dos encontros clássicos em sala de aula. No modelo tradicional a aprendizagem acontecia, muitas vezes, mediante trocas teóricas por meio dos diálogos. Educadores atentos aos objetivos propostos pela disciplina devem recorrer a diferentes linguagens, diversificando a compreensão dos diferentes conteúdos, indo ao encontro do mundo sociocultural dos educandos. O professor torna-se também é um aprendiz das linguagens visuais e sonoras na atual quebra de paradigmas hierárquicos e cabe também a ele a autoaprendizagem diante do novo contexto educacional. É um a caminho sem volta. 50 Unidade II - Novas tecnologias da Educação O uso das redes sociais, como prática de interação social, tem arrebanhado inúme- ros adeptos, entretanto a mudança da prática para o ambiente de aprendizagem, não consegue obter a mesma aceitação. Estudos apontam que os alunos de educação a distância ainda não conseguem dominar as diferentes formas interativas disponíveis. Os ambientes virtuais de aprendizagem, como fóruns, salas de bate-papo, emails ainda não são bem utilizados pelos estudantes, isso faz com ele não se sinta integrado ao curso do qual faz parte. Segundo Serra (2005), este fator é um dos determinantes para a evasão dos cursos na modalidade a distância. Talvez por esta razão que a nova regulamentação(2007) tenha definido que os cursos precisam estimular as trocas de saberes por meio de fóruns, salas de bate-papo, chats, pois são estas formas de convivência que permitem que o aluno avance nas etapas de compreensão dos conteúdos. A dificuldade de se expressar por meio da escrita é outro aspecto a considerar como obstáculo à interatividade, em especial ao eixo comunicativo (SERRA, 2005). Os textos podem apresentar duplo sentido ou ser escrito de forma confusa, dificultando a compre- ensão por parte do professor/tutor na aprendizagem. Na rede a quantidade de informa- ções encontradas é muito diversificada e os alunos têm dificuldade em filtrar, pois não conseguem distinguir a relevância de um texto para outro, bem como a confiabilidade dos links das pesquisas. A habilidade de filtrar o que realmente é relevante torna-se uma das competências indispensáveis ao saber e que se desenvolvem ao longo da prática de aprendizagem, tanto no ensino a distância quanto no ensino presencial. 51 Unidade II - Novas tecnologias da Educação É preciso considerar também o acesso aos meios tecnológicos dos educandos: biblio- tecas, laboratórios, videoteca, entre outros. Além disso, a educação, sobretudo, na mo- dalidade a distância, precisa disponibilizar cursos introdutórios sobre alfabetização digital, a fim de sanar dúvidas, para que os estudantes tenham condições de produzir bons resultados. Enfim, é indispensável que o material a ser disponibilizado deve ser pensado e articulado por uma equipe multidisciplinar para que o ambiente de ensino-aprendizagem seja atrativo, diminuindo o crescente abismo que separa a escola da sociedade. POSSÍVEIS CAMINHOS DA INTERATIVIDADE Pesquisas apontam que, a não interação provoca ausência de laços de comunicação, como consequência, um distanciamento do ambiente de aprendizagem em rede. A mu- dança de comportamento, porém, vem sendo exercitada de forma espontânea por meio das redes sociais ou pelas buscas de informação mediante matérias jornalísticas, músi- cas, blogs, entre outros. Pode-se perceber que os usuários em rede gostam de ler notícias em rede e expor o seu pensamento aos demais, tecendo seus próprios comentários sobre o assunto. Esta práti- ca tem se tornado frequente, mas ela nem sempre contribui para um debate democrático; 52 Unidade II - Novas tecnologias da Educação pode-se criar um ambiente muitas vezes constrangedor, pois a divergência de opiniões acaba cirando uma atmosfera de hostilidade entre alguns indivíduos. As dificuldades em criar um ambiente de trocas de ideias verdadeiramente efetivas em rede, por meio do debate, são as mesmas que se vê em sala de aula. Apesar disso, ferramentas tecnológicas como o Orkut e o Facebook, enquanto redes sociais, têm demonstrado um envolvimento promissor no que diz respeito às comunida- des associadas por um determinado assunto. Ainda assim, o fato de os participantes de comunidades estabelecerem trocas a partir de um interesse comum, muitas vezes, expressa um aprendizado que vai a além do ambiente em rede. A colaboração é surpreendente neste aspecto, seja pela disposição no esclarecimento de dúvidas ou pela troca de material entre os membros. Com a mesma proposta sur- gem os ambientes nos quais os usuários têm espaço para expor sua criação individual por meio de expressões literárias, musicais. Por sua vez, o ambiente escolar do ensino presencial, também tem utilizado tais formas de interação fazendo a articulação entre os conteúdos curriculares. As mudanças que norteiam as boas práticas sociais e que vem ocorrendo em meio ao ambiente em rede, ainda são novidade para grande parte da população. Faz-se necessá- rio, um debate mais amplo em torno de políticas públicas, no contexto brasileiro, buscando 53 Unidade II - Novas tecnologias da Educação uma democratização no acesso à rede, pois a falta de recursos que possibilitem o acesso às redes pela massa da população ainda é realidade no Brasil. Não podemos deixar de lado a má qualidade técnica da internet que dificulta a operacio- nalização do seu uso. Da mesma forma, encontram-se os estímulos legais que permitirão que a ampla população tenha acesso à TV digital, dinamizando assim, recursos interati- vos a favor destas mudanças. O acesso às tecnologias de informação e comunicação tende a fortalecer os laços entre gerações, visto que, percebe-se uma diversidade entre os que vivenciam estas ferramen- tas desde o início do processo da aprendizagem, os chamados “nativos digitais”, e os que não contaram com tal condição. REDES SOCIAIS COMO ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM NA WEB As redes sociais têm atraído cada vez mais um número maior de participantes, buscan- do interagir com pessoas conhecidas, estabelecer interação com outras pessoas e até mesmo interagir com grupos afins. Tendo em vista este quadro de interação, a forma e a frequência de utilização das redes 54 Unidade II - Novas tecnologias da Educação sociais pelos alunos do ensino superior, será possível criar um meio para diagnosticar novas técnicas pedagógicas para a educação e formação. As redes sociais na Web emergem das práticas de interação orientadas para a parti- lha e formação de grupos de interesse que estão na origem das narrativas digitais da Sociedade do Conhecimento. A construção coletiva e colaborativa na Web representa uma das principais características destas organizações. As formas e contextos de interação na rede são realizados por meio da mediação digital. Entretanto, o processo se estende além da visão tecnológica da mediação e incide igual- mente, nas práticas de mediação social e cognitiva entre os indivíduos que fazem parte da rede. Sendo assim, o conhecimento construído no contexto da rede torna-se uma representação coletiva. O conceito da rede no sentido de abertura nos remete para a flexibilidade de um mode- lo organizacional com tendência não hierárquica, n ão centralizada e horizontal, descrito ainda pela interação nos meios digitais e pelas experiências sociais e colaborativas. Tal flexibilidade integra a capacidade de reconfiguração do sentido e objetivos da rede social no seu processo de desenvolvimento. Novos desafios surgem para a reflexão educacional, ao nível da inovação nos contextos e práticas de aprendizagem para a Sociedade do Conhecimento. 55 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Atualmente as redes sociais na Internet representam uma nova forma de relaciona- mento na sociedade atual. Cada vez mais as redes sociais têm assumido um papel central na Web 2.0, sendo vislumbrada como uma plataforma que aproveita a finali- dade da rede, considerando que se utilizar as aplicações, mais ricas elas se tornam. As novas tecnologias têm causado profundas mudanças na compreensão dos proces- sos de interação social, afetando igualmente o processo de aprendizagem e conheci- mento. Pode-se citar a percepção de rede para a interação social em um cenário globa- lizado, isso acarreta um novo pensamento sobre os modos de organização dos grupos e comunidades. O conceito de Web 2.0, referindo-se a rede de produção individual, coletiva e colabo- rativa, introduz aos alunos novas formas e possibilidades de criação de conteúdos e de utilização desses, definidos como blogues, redes sociais, atividades em mundos virtuais e wikis, como mostra a Figura 5. 56 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Figura 5 - Interatividade através das redes de computadores. Os recursos da Web 2.0 como as redes sociais e os wikis, como diferencial para acres- centar novas metodologias de ensino e aprendizagem, permite desenvolver formas inte- rativas e colaborativas para os estudantes, fazendo uso de recursos com os quais estão familiarizados. A preparação de novos conteúdos baseados na Web. A criação de conteúdos nas plataformas baseadas na Web acarreta o envolvimento dos alunos no desenvolvimento 57 Unidade II - Novas tecnologiasda Educação das suas competências, bu scando aumentar a capacidade crítica e criativa. A utilização de blogues, wikis e redes sociais transformou a Internet com o aumento das suas potencialidade, dando ênfase a grande quantidade de informação relacionadas en- tre si, e sempre disponível para os indivíduos conectados. As redes sociais tornaram-se frequentes em ambientes de aprendizagem, permitindo a exploração de novas formas de ensino e aprendizagem, salientando-se, como exemplo, o Facebook, que foca o espírito de comunidade colaborativa. O paradigma do estudo centrado no estudante está em conformidade com a utilização que eles fazem das redes sociais, criando assim, de acordo com o seu perfil, uma rede de contatos e de partilha de informação e de conhecimento. Como exemplos de redes sociais, destacamos: Facebook, Youtube e Twitter. O Facebook (Figura 6) surgiu em fevereiro de 2004, começou por ser uma rede usada apenas por estudantes, mas foi ganhando espaço, tornando-se a rede social mais utilizada em todo o mundo. É uma rede social que permite a partilha de informação e mensagens, proporcionando aos utilizadores aderir a grupos organizados de trabalho, de ensino ou de região, para interagirem com outras pessoas com interesses comuns. 58 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Figura 6 - Facebook. O YouTube (Figura 7) é uma rede, essencialmente orientada para a partilha de vídeo. Tem vindo a ser dotada de características mais sociais, nomeadamente, ao nível da inserção de comentários de vídeos e de partilha de opiniões. Surgiu em 2005 e é atualmente um dos sítios mais populares devido à diversidade e quantidade de conteúdos disponibiliza- dos que variam desde vídeos de entretenimento até vídeos educativos e de promoção empresarial. A revista Time elegeu o YouTube, em 2006, como a maior invenção do ano, por constituir uma plataforma educativa e de entretenimento utilizada por milhões de pessoas. 59 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Figura 7 - Youtube. O Twitter ou Tweeter (Figura 8) é uma rede social livre que apareceu em 2006 e des- de então tem crescido em todo o mundo. É muitas vezes descrito como o “SMS da Internet”. O Twitter pode ser caracterizado por possuir uma interface que permite aos seus utilizadores enviar e ler “tweets” ou mensagens de outros utilizadores conhecidos. Os tweets são baseados em textos que não ultrapassam 140 caracteres, sendo atua- lizados pelo próprio utilizador. É necessária a criação de uma conta para poder aceder a esta interface, na qual se partilha conhecimento sobre diversos assuntos, tais como músicas, fotos e filmes. 60 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Figura 8 - Twitter. Mesmo sendo possível caracterizar com as redes sociais mais utilizadas atualmente, tal ca- racterização tende a ser imperfeita. Isso se justifica pelo dinamismo das suas potencialidades e objetivos de utilização tornando difíceis tais caracterizações, bem como a diversidade de indivíduos e interesses por trás da utilização das redes sociais. CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso das TICs, principalmente a internet, permite um espaço favorável para a de- mocratização do saber. O conhecimento não se restringe somente a um grupo, é compartilhado por um amplo número de indivíduos, independente do local em que é produzido. 61 Unidade II - Novas tecnologias da Educação As distâncias são minimizadas pelo ambiente em rede, promovendo trocas colaborativas, criativas e autônomas. A escola e a família têm que estar atentas a essas mudanças inevitáveis, nunca deixando de lado os valores humanos e éticos, indispensáveis a um convívio social mais harmônico. Não basta apenas ter acesso às tecnologias, é preciso preparar os indivíduos, tanto na sua formação cultural, principalmente no domínio do código escrito, quanto no exercício de uma postura ética e responsável em relação aos ambientes em rede. Por fim, as bases para uma democratização do ensino, seja presencial ou a distância, ainda vem sendo estruturadas, pois são inúmeros os fatores que envolvem a aprendiza- gem nos dias atuais. FIQUE POR DENTRO Vídeos da entrevista com o Prof. Dr. Gilberto Lacerda – Redes Sociais e EaD Parte 1: <http://www.youtube.com/watch?v=RMIWsxFumFo>. Parte 2: <http://www.youtube.com/watch?v=lHzKgcjajIM>. Parte 3: <http://www.youtube.com/watch?v=XQYu-yh64I0>. Parte 4:<http://www.youtube.com/watch?v=PcmZHbNfK_M>. 62 Unidade II - Novas tecnologias da Educação REFLITA É apresentado abaixo um artigo de uma personalidade importante da educação brasileira, o professor Fredric M. Litto. Aproveite a leitura e reflita sobre os assun- tos brilhantemente debatidos pelo professor. EDUCAÇ ÃO A DISTANCIA NO BRASIL: INFLEXÍVEL E TUTELADA Apesar da mão pesada e da visão estreita dos que controlam os freios da edu- cação no país, a educação a distância é realidade consolidada e oportuna para o nosso desenvolvimento. Fredric M. Litto A confrontação de experiências e pesquisas entre instituições públicas e priva- das de todo o país e do exterior discutidas no VIII Congresso Internacional de Educação a Distância, de 6 a 8 deste mês em Brasília, deixou como resultado a perplexidade sobre como essa abordagem pedagógica está crescendo qualitati- vamente apesar dos ‘‘freios’’ colocados pelas entidades encarregadas de fiscalizar o andamento do ensino superior no Brasil. As universidades corporativas virtuais de instituições respeitáveis como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Xerox, Brahma, Algar, Accor, e Banco Boston, que podem operar livremente, sem tutela governamental, estão ampliando cada vez mais as atividades. E o ensino fundamental e o básico, por meio de renomados e bem-sucedidos projetos como Telecurso 2000 (da Fundação Roberto Marinho em parceria com a Fiesp), Klick Educação e Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, revelam um celeiro de capacitação a distância de centenas de milha- res de brasileiros. 63 Unidade II - Novas tecnologias da Educação O gargalo segurando o desenvolvimento pleno de aprendizagem a distância ocorre no ensino superior, onde a cultura secular brasileira de centralização, credencialismo e tutelagem está criando situação paradoxal em que o próprio governo força os cidadãos e instituições do país a caminhar na direção de de- sobediência civil. Embora a Constituição garanta às universidades do país auto- nomia no tocante a seus currículos e auto-organização, de fato isso não ocorre, e instituições autorizadas para ministrar cursos presenciais são obrigadas a so- licitar nova autorização quando querem oferecer os mesmos cursos a distância. Durante o VIII Congresso, o responsável pela área de educação a distância no Ministério da Educação informou dados desconcertantes: nos últimos dois anos, apenas seis cursos (cinco de graduação e um de pós-graduação latu senso) fo- ram aprovados; atualmente existem quatro mil pedidos de autorização de cursos a distância aguardando averiguação; e, por ora, o Ministério não está aceitando novos pedidos. Está configurada, assim, situação clara de ‘‘freio’’, por meios burocráticos e anti- democráticos, visando favorecer certos atores que buscam favores particulares no cenário educacional brasileiro. Nos anos que restam a esta administração, não será possível averiguar a viabilidade pedagógica de quatro mil cursos. Dessa forma, fechando a porta para novas solicitações, são beneficiados os poucos que estavam na fila. E isso num cenário em que muitas instituições particulares estão iniciando atividades de educação a distância, visando a novas fontes fi- nanceiras que substituam mensalidades inadimplentes nos cursos presenciais, enquanto as públicas querem dar acesso mais democrático ao ensino superior. O mais incrível é que fora do Brasil a educação a distância é considerada ‘‘edu- cação flexível’’, porque permite que o aluno participe do seu curso virtualmente, no dia e horaque quiser, sem interferir em seu horário de trabalho. Parece que 64 Unidade II - Novas tecnologias da Educação as autoridades do Ministério de Educação ignoram o fato de que países como Índia, Indonésia, Turquia e China têm megauniversidades, instituições oferecendo ensino superior a distância para mais do que quinhentos mil alunos cada uma. No mês passado, a nova Universidade Estadual de Amazonas realizou um vestibular gratuito; foram 190 mil inscritos, o que representa 10% da população do estado. A demanda reprimida para a educação superior no Brasil é vasta e só pode ser plenamente atendida mediante opções como educação a distância. Trinta ten- tativas já foram feitas nos últimos trinta anos para estabelecer uma ‘‘universidade aberta a distância‘‘ no país; todas fracassadas devido a forças ocultas que temem perder a hegemonia geográfica educacional. Já estão correndo rumores de que os proprietários de instituições particulares, capazes de financiar as campanhas para as próximas eleições, estão favorecendo quem não favorece a expansão de educação a distância. Sem nova atitude, será inevitável repetir os erros do pas- sado, quando o Brasil era um dos líderes internacionais de educação a distância (Telecurso, Projeto Minerva, Telepostos no Maranhão...) e perdeu essa posição devido à descontinuidade e ao desinteresse governamental. Em reuniões recentes na América do Norte e na Espanha, testemunhei a existên- cia de projetos para a invasão da América Latina de cursos universitários a distân- cia de boa qualidade. Por um lado, considero isso benéfico porque aumentaria para a nossa população a oferta de acesso ao conhecimento; por outro, preo- cupa-me a evidente ameaça de uma nova colonização, tanto intelectual quanto econômica, que isso representa. Temo, também, o efeito que a invasão teria nas universidades públicas e privadas. De qualquer forma, trata-se de fenômeno irre- versível, não controlável por portarias ou tentativas de censurar as redes digitais. O ministro de Educação não pode continuar desestimulando os interessados em ensino superior a distância, como fez numa conferência com o Conselho de 65 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Reitores das Universidades Brasileiras, em dezembro passado; como o fez de novo no dia 4 de agosto último nas páginas deste jornal; e como o fez para um gru- po de reitores de universidades católicas que estavam em Brasília recentemente para inaugurar sua rede multiinstitucional de educação a distância. Desinformado, ele não acredita que as universidades brasileiras tenham capacidade e metodolo- gia apropriadas para realizar aprendizagem de qualidade a distância. Os sucessos no exterior, nesse setor, argumentam contra essa opinião desinformada. A vizinha Argentina, por exemplo, apesar da crise econômica que enfrenta, é exemplo de expansão na área. Apesar da mão pesada e da visão estreita dos que controlam os freios da edu- cação no país, a educação a distância é realidade consolidada e oportuna para o nosso desenvolvimento. (*) Graduação em Rádio-Televisão – University of California, Los Angeles (1960) e doutorado em História do Teatro - Indiana University (1969). Desde 1995 é pre- sidente da Associação Brasileira de Educação a Distância; Membro do Comité Executivo do ICDE - International Council of Open and Distance Learning; e mem- bro do Conselho Editorial das revistas científicas: American Journal of Distance Education, - Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, - Advanced Technology and Learning, - International Review of Research in Open & Distance Learning e - Open Learning. Fonte : http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista9/forum%209-5.htm. Acessado em 24/09/2013. 66 Unidade II - Novas tecnologias da Educação REFLITA É apresentada abaixo uma entrevista do professor Wilson Azevedo. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente debatidos pelo professor. COMUNIDADES VIRTUAIS PRECISAM DE ANIMADORES DA INTELIGÊNCIA COLETIVA Entrevista concedida ao portal da UVB (Universidade Virtual Brasileira) Wilson Azevedo Wilson Azevedo é diretor da Aquifolim Educacional e consultor técnico-pe- dagógico do Senai. Nesta entrevista exclusiva à uvb.br, afirma que comunidades virtuais precisam de animadores, não de normas. “O segredo não está nem em normas, nem em tecnologia, está em pessoas, educadores capacitados para atuarem como animadores da inteligência coletiva em comunidades virtuais.” UVB.BR - A adaptação de um estudante ao ambiente virtual de estudo é fácil? Quais as maiores difi culdades e causas? Wilson Azevedo - Nenhuma adaptação pode ser caracterizada como “fácil”. Qualquer processo de adaptação envolve o ser humano como um todo. Não se trata apenas de “saber mexer”, mas de sentir-se à vontade, e isto envolve aspec- tos sócio-afetivos, além de cognitivos e psico-motores. A adaptação de estudantes ao ambiente virtual vai além do mero adestramento técnico-operacional. O ambiente on-line caracteriza-se por uma experiência com o tempo e o espaço diversa daquela que encontramos em ambientes presen- ciais, uma temporalidade multi-sincrona e um espaço fundamentalmente comu- nicacional, não-físico. 67 Unidade II - Novas tecnologias da Educação Não é uma questão de aprender a navegar na internet ou de aprender a usar o e-mail. É uma outra temporalidade dentro da qual o aluno precisa aprender a agendar-se e um novo espaço no qual precisa aprender a se movimentar, uma sensação de contigüidade sem simultaneidade que a maioria daqueles que ini- ciam cursos on-line nunca experimentou antes. Mas é também uma outra experiência em termos de sociabilidade, uma intensa troca interpessoal e comunitária sem o contato face a face. Estas coordenadas temporais, espaciais e sociais definem uma outra ecologia pedagógica à qual o estudante precisará adaptar-se. Sem dúvida, esta adaptação não é fácil, por mais familiarizado que o estudante esteja com o software e o hardware. O maior risco é confundir este processo psico-pedagógico de ambientação on-li- ne com o mero adestramento técnico-operacional. Considerar apto e ambientado um aluno apenas porque sabe clicar nas áreas corretas da tela é não compreen- der os aspectos que realmente importam num processo de ambientação on-line. UVB.BR - Quais as soluções possíveis para estes problemas? Azevedo - A principal solução está em levar a sério a necessidade psico-pedagógi- ca de ambientação; está em desenvolver um programa de ambientação com alunos que ingressam pela primeira vez num curso on-line. Assim como a adaptação de crianças em idade pré-escolar deve ser bem encaminhada e quando não o é, cria problemas futuros para o aprendizado da criança, um processo mal-sucedido de ambientação on-line pode afetar o rendimento de alunos on-line e, por isto, precisa ser encaminhado com todo cuidado. Um bom programa de ambientação deve fazer o aluno sentir o que chamamos de “vertigem” virtual, um pouco da tontura que a mudança de referências espaço- temporais e sociais provoca. Neste processo de adaptação, o aluno precisa ser acompanhado com cuidado, pois emoções são despertadas. Em alguns casos 68 Unidade II - Novas tecnologias da Educação pode ser senão doloroso, no mínimo desconfortável, e uma equipe pedagógica deve estar apta a amparar estudantes neste processo. O aluno precisa receber orientações que o auxiliem a administrar seu tempo numa outra temporalidade, precisa experimentar a interação entre pessoas e sentir como ela pode ser intensa, apesar da distância e da falta de contato face a face, precisa sentir que a comunicação face a face não representa a plenitude comunicacional, mas também é afetada por limitações, que comu- nicação, seja on-line, seja presencial, sempre importa limitações e potenciali- dades. É preciso criar condições e oportunidades para que ele vivencie isto e adapte-se a esta ecologia pedagógica específica
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