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Manual Caseiro - Penal I 2020 pdf

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1 
1 
Sumário 
Conteúdo 01: Introdução ao Direito Penal ........................................................................... 2 
Conteúdo 02: Princípios Gerais do Direito Penal ............................................................... 26 
Conteúdo 03: Princípios Gerais do Direito Penal ............................................................... 59 
Conteúdo 04: Eficácia da Lei Penal no Tempo ................................................................... 76 
Conteúdo 05: Eficácia da Lei Penal no Espaço ................................................................ 101 
Conteúdo 06: Lei penal em relação as pessoas ............................................................... 118 
Conteúdo 07: Substratos do Crime .................................................................................. 140 
Conteúdo 08: Conduta ..................................................................................................... 154 
Conteúdo 09: Culpabilidade ............................................................................................. 167 
Conteúdo 10: Erro de Tipo ............................................................................................... 186 
Conteúdo 11: Resultado e Nexo Causal ........................................................................... 203 
Conteúdo 12: Relação de causalidade nos Crimes Omissivos ........................................ 219 
Conteúdo 13: Excludentes da Ilicitude ............................................................................ 233 
Conteúdo 14: Iter Criminis ............................................................................................... 252 
Conteúdo 15: Concurso de Pessoas ................................................................................. 274 
Conteúdo 16: Prescrição ................................................................................................... 290 
Conteúdo 17: Teoria Geral da Pena ................................................................................. 313 
Conteúdo 18: Sursis ......................................................................................................... 371 
Conteúdo 19: Concurso de Crimes .................................................................................. 380 
Conteúdo 20: Medida de Segurança ................................................................................ 388 
Conteúdo 21: Efeitos da Condenação .............................................................................. 396 
Conteúdo 22: Reabilitação ................................................................................................ 408 
 
 
 
 
 
 
 
2 
2 
DIREITO PENAL I – PARTE GERAL 
 
Conteúdo 01: Introdução ao Direito Penal 
 
1. DIREITO PENAL: CONCEITO 
O direito penal pode ser conceituado por diversos aspectos: aspecto formal/estatístico, aspecto material 
e aspecto sociológico. 
A) ASPECTO FORMAL/ESTÁTICO: direito penal é o conjunto de normas que qualifica certos 
comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem aplicadas. 
B) ASPECTO MATERIAL: direito penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis 
ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso 
da sociedade. 
C) ASPECTO SOCIOLÓGICO/DINÂMICO: direito penal é mais um instrumento de controle social, 
visando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. 
Aprofundando o enfoque sociológico 
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes. Para se 
manter a ordem social necessita-se de normas no Ordenamento Jurídico. 
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais). 
Desse modo, violadas as normas de condutas deve o sujeito submeter-se as sanções, as quais servem para 
restaurar a paz social. 
 Corroborando ao exposto, Cleber Masson1: 
Ao Direito Penal é também reservado o controle social ou a preservação da paz pública, 
compreendida como a ordem que deve existir em determinada coletividade. Dirige-se a todas as 
pessoas, embora nem todas elas se envolvam com a prática de infrações penais. Ao contrário, apenas a 
minoria envereda pelo caminho da criminalidade, seja por questões morais, seja pelo receio de aplicação 
da lei penal. 
 
Atenção: Nessa tarefa de controle social, atuam vários ramos do direito, e o direito penal só atua em 
determinadas situações, pois possui caráter subsidiário, em observância ao princípio da intervenção mínima. 
 
1 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
3 
3 
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa por parte 
do Estado, valendo-se do Direito Penal. 
O direito penal só será convocado quando o bem jurídico for de maior relevância, em consonância ao 
princípio da intervenção mínima. Nessa esteira,o que diferencia a norma penal das demais normas é a 
espécie de consequência jurídica (pena privativa de liberdade) prevista para hipótese de seu descumprimento. 
 Vejamos de forma ESQUEMATIZADA: 
Aspecto formal ou estático Aspecto material Aspecto sociológico 
Direito Penal é um conjunto de 
normas que qualifica certos 
comportamentos humanos como 
infrações penais (crime ou 
contravenção), define os seus 
agentes e fixa as sanções (pena ou 
medida de segurança) a serem-
lhes 
Aplicadas. 
Direito Penal refere-se a 
comportamentos considerados 
altamente reprováveis ou danosos 
ao organismo social, afetando 
bens jurídicos indispensáveis à 
sua própria conservação e 
progresso. 
Direito· Penal é mais um 
instrumento de controle social de 
comportamentos desviados (ao 
lado dos outros ramos, como 
Constitucional, Civil, 
Administrativo. Comercial, 
Tributário, Processual, etc.), 
visando assegurar a necessária 
disciplina social, bem como a 
convivência harmônica dos 
membros do grupo. 
 
Candidato, você sabe a distinção entre “direito penal, criminologia e ciência criminal”? 
 
Direito Penal Criminologia Ciência Criminal 
→Analisa se os fatos humanos 
indesejados, define quais devem 
ser rotulados como crime, ou 
contravenção penal, anunciando 
as penas. 
→ Ocupa-se do crime enquanto 
norma. 
→ Exemplo: define como crime 
lesão no ambiente doméstico e 
familiar. CP e 11.340/2006. 
→Ciência empírica que estuda o 
crime, o criminoso, a vítima e o 
comportamento da sociedade; 
→Ocupa-se do crime enquanto 
fato; 
 
→Exemplo: quais os fatores 
contribuem para a violência 
doméstica e familiar. 
→ Trabalha as estratégias e meios 
de controle social da 
criminalidade; 
→Ocupa-se do crime enquanto 
valor; 
 
 
→Exemplo: estuda como 
diminuir a violência domestica e 
familiar. 
 
2. MISSÃO DO DIREITO PENAL 
Na atualidade, a doutrina divide a missão do Direito Penal em: missão mediata e missão imediata. 
Nessa esteira, questiona-se: qual a missão mediata do direito penal e a missão imediata? 
 
 
 
 
 
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4 
2.1 MISSÃO MEDIATA: como função mediata o direito penal busca o controle social e limitação ao Poder 
de Punir do Estado. Serve para controlar comportamentos humanos, e por outro lado, limitar o próprio Poder 
do Estado. 
Assim, “se de um lado o Estado controla o cidadão impondo-lhe limites, de outro lado, é necessário 
também limitar o seu próprio poder de controle, evitando excessos (hipertrofia da punição)”. 
Em síntese: 
 
Missão mediata do Direito Penal 
Controle Social Limitação do poder de punir. 
 
2.2 MISSÃO IMEDIATA: 
No tocante a missão imediata a doutrina diverge. 
1ª Corrente: a missão imediata do direito penal é proteger bens jurídicos mais importantes para a convivência 
em sociedade (Roxin – Funcionalismo Teleológico). 
Corroborandoao exposto, Cleber Masson2: 
O Direito Penal tem como função a proteção de bens jurídicos, isto é, valores ou interesses 
reconhecidos pelo Direito e imprescindíveis à satisfação do indivíduo ou da sociedade. Apenas os 
interesses mais relevantes são erigidos à categoria de bens jurídicos penais, em face do caráter 
fragmentário e da subsidiariedade do Direito Penal. O legislador seleciona, em um Estado Democrático 
de Direito, os bens especialmente relevantes para a vida social e, por isso mesmo, merecedores da tutela 
penal. 
É a corrente que prevalece!!! 
2ª Corrente: a missão imediata do direito penal é assegurar o Ordenamento Jurídico, a vigência da norma 
(Jakobs – Funcionalismo sistêmico). 
Dessa forma, temos que para uma corrente a missão é proteger bens jurídicos, já para outra, é assegurar 
o ordenamento jurídico, ou seja, a vigência das normas. 
Missão Imediata do Direito Penal 
1ª Corrente 2ª Corrente 
Proteção de bens jurídicos. Assegurar a vigência das normas no Ordenamento 
jurídico. 
Defensor: Roxin. Defensor: Jakobs. 
 
 
2 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
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3. DIREITO PENAL: CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
A) DIREITO PENAL SUBSTANTIVO X DIREITO PENAL ADJETIVO 
O direito penal substantivo, corresponde ao direito penal material, leia-se, crime/pena. Por outro lado, 
o direito penal adjetivo corresponde ao processo penal, ou seja, processo/procedimento (direito processual 
penal). Cumpre destacar que a referida classificação resta ultrapassada, posto que atualmente o direito penal 
processual penal existe como ramo autônomo. 
Assim, o que era tido como direito penal adjetivo, hoje se refere ao direito processual penal. 
Direito penal substantivo Direito penal adjetivo 
O direito penal material também denominado de 
direito penal substantivo corresponde ao direito 
penal propriamente dito, são as leis penais. 
 
O direito penal formal também é conhecido como 
direito penal adjetivo, são as leis processuais 
penais, é o processo penal. 
Direito Penal Material (crime e pena); Direito Processual Penal; Cumpre destacar que 
trata-se de visão ultrapassada, pois atualmente há 
autonomia entre as matérias). 
 
B) DIREITO PENAL OBJETIVO X DIREITO PENAL SUBJETIVO 
O direito penal objetivo traduz o conjunto de leis penais vigentes no ordenamento jurídico. 
O direito penal subjetivo, por sua vez, traduz o direito de punir do Estado. Refere-se a capacidade que 
o Estado tem de fazer cumprir suas normas. 
- Direito penal subjetivo positivo: capacidade de criar e executar normas penais. 
- Direito penal subjetivo negativo: poder de derrogar preceitos penais ou restringir seu alcance, por 
exemplo, a atuação do STF no controle de constitucionalidade. 
CUIDADO! O DIREITO DE PUNIR ESTATAL NÃO É ABSOLUTO, INCONDICIONADO ou 
ILIMITADO, POSSUINDO LIMITAÇÕES. 
 
LIMITES DO DIREITO DE PUNIR ESTATAL: 
1. Quanto ao MODO: o direito de punir estatal deve respeitar direitos e garantias fundamentais. 
Como bem explica Canotilho, mesmo nos casos em que o legislador se encontre constitucionalmente 
autorizado a editar normas restritivas, permanecerá vinculado à salvaguarda do núcleo essencial dos direitos, 
liberdades e garantias do homem e do cidadão. 
 
 
 
 
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2. Quanto ao ESPAÇO: em regra, aplica-se a lei penal aos fatos praticados no território nacional, trata-se do 
princípio da territorialidade. 
Nesse sentido, dispõe o art. 5º, C.P. - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados 
e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
 
3. Quanto ao TEMPO: o direito de punir não é eterno, em virtude disto é que existe a prescrição (limite 
temporal ao direito de punir ou executar a pena pelo Estado). 
O direito de punir é monopólio do ESTADO, ficando proibida a Justiça Privada, ou seja, a justiça 
realizada pelas próprias mãos, que poderá, inclusive, caracterizar o crime de exercício arbitrário das próprias 
razões. 
“Paulo César Busato bem lembra que o Estado não é absolutamente livre para fazer uso desse poder 
de castigar através de emprego da lei. Sua tarefa legislativa, e de aplicação da legislação, encontram-se 
limitadas por uma série de balizas normativas formadas por postulados, princípios e regras, tais como a 
legalidade, a necessidade, a imputação subjetiva, a culpabilidade, a humanidade, a intervenção mínima, e 
todos os demais direitos e garantias fundamentais como a dignidade da pessoa humana e a necessidade de 
castigo”. 
ATENÇÃO: O direito de punir é monopólio do Estado, ficando proibida a justiça privada, sob pena de 
configurar o crime de exercício arbitrário das próprias razões. 
 O anúncio do monopólio é seguido da criação de um crime, qual seja o delito de exercício arbitrário 
das próprias razões (art. 345, CP). 
CP: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a 
lei o permite. 
 
Há um caso que o Estado tolera a punição privada paralela à punição estatal: ESTATUTO DO ÍNDIO (art. 57 
da Lei nº 6001/73). 
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções 
penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida 
em qualquer caso a pena de morte. 
 
 
 
 
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Nesse caso, o Estado tolera a punição privada, que será executada paralelamente a do Estado. 
#TPI – Tribunal Penal Internacional seria exceção ao monopólio do direito de punir do Estado? 
“Estatuto de Roma - Artigo 1º - O Tribunal - É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal 
Internacional ("o Tribunal"). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas 
responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, 
e será complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-
ão pelo presente Estatuto.” 
Referido dispositivo consagrou o PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIEDADE, segundo o qual, o 
TPI será chamado a intervir somente se e quando a Justiça repressiva interna falhar, se tornar omissa ou 
insuficiente. 
Assim, o TPI é complementar, não substituindo a jurisdição nacional, de modo que não representa 
exceção à exclusividade do Direito de Punir do Estado. 
 
C) CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA X CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA 
Candidato, o que significa criminalização primária e criminalização secundária? 
Criminalização primária diz respeito ao poder de criar a lei penal e introduzir no ordenamento jurídico 
a tipificação criminal de determinada conduta. 
Noutra banda, criminalização secundária atrela-se ao poder estatal para fazer aplicar a sanção penal 
introduzida no ordenamento jurídico, com a finalidade de coibir determinados comportamentos antissociais. 
Criminalização primária Criminalização secundária 
A criminalização primária diz respeito ao poder de 
criar a lei penal e introduzir no ordenamento jurídico 
a tipificação criminal de determinada conduta. 
A criminalização secundária, por sua vez, atrela-se 
ao poder estatal para aplicar a lei penal introduzida 
no ordenamento com a finalidade de coibir 
determinados comportamentos antissociais. 
 
 Nessa linha, corroborando ao exposto Cleber Masson3: 
 
Criminalização primária é o ato e o efeito de sancionar de uma lei primária material, que incrimina ou 
permite a punição de determinadas pessoas. Trata-se de ato formal, fundamentalmente programático, 
pois, quando se estabelece que uma conduta deve ser punida, enuncia-se um programa, o qual deve ser 
cumprido pelos entes estatais (polícias, Ministério Público, Poder Judiciário etc.). 
De seu turno, criminalização secundária é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas. Verifica-
se quando os órgãos estatais detectam um indivíduo,a quem se atribui a prática de um ato primariamente 
criminalizado, sobre ele recaindo a persecução penal. 
 
3 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
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D) DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA X DIREITO PENAL PROMOCIONAL/POLÍTICO. 
Direito Penal de Emergência Direito penal promocional 
Atendendo as demandas de criminalização, o Estado 
cria normas de pressão ignorando as garantias do 
cidadão. 
O Estado, visando a consecução dos seus objetivos 
políticos, emprega leis penais desconsiderando o 
princípio da intervenção mínima. 
E qual é a finalidade? A finalidade é devolver o 
sentimento de tranquilidade para a sociedade. 
E qual é a finalidade? A finalidade é usar o direito 
penal para transformação social. 
Exemplo: lei dos crimes hediondos – influenciado 
pela pressão da mídia. 
Exemplo: o Estado criando contravenção penal de 
mendicância (revogada) com o intuito de acabar com 
os mendigos ao invés de melhorar as políticas 
públicas. 
 
No direito penal de emergência a sociedade clama pela criminalização de uma determinada conduta. 
Assim, o Estado no intuito de gerar um sentimento de tranquilidade para os cidadãos, respondendo ao seu 
clamor, tipifica crimes, ignorando, muita vezes, as garantias do cidadão. Foi o que aconteceu com o advento 
da Lei de Crimes Hediondos. 
No direito penal promocional, por sua vez, o Estado cria leis penais para conseguir seus objetivos, 
foi o que aconteceu com a tipificação da conduta de mendicância, revogada em 2009. A ideia era que com a 
tipificação da conduta, pudesse acabar com os mendigos ao invés de melhorar políticas públicas. 
Por fim, no Direito penal simbólico a lei nasce sem qualquer eficácia jurídica ou social. Ex.: lei penal 
proibindo que os pais deem palmadas nos seus filhos. (Lei menino Bernardo). 
 
4. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
A ideia de velocidades do direito penal foi idealizada por Silva Sánchez, e trabalha com o tempo que 
o Estado leva para punir o autor de uma infração penal mais ou menos severa. 
1ª. VELOCIDADE: Enfatiza infrações penais mais graves, punidas com pena privativa de liberdade, exigindo 
procedimento mais demorado, observando todas as garantias penais e processuais. 
LOGO: Infração mais grave, com pena severas + procedimento mais demorado + observância de todas as 
garantias. 
 
2ª. VELOCIDADE: Flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais célere, mas, 
em contrapartida, prevê penas alternativas. 
LOGO: crimes menos graves, com penas alternativas + procedimento célere + flexibilizando garantias. 
 
 
 
 
 
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3ª. VELOCIDADE: Mescla a 1ª velocidade e a 2ª velocidade. 
Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1º velocidade), e mesmo assim 
permite, para determinados crimes, a flexibilização de direitos e garantias constitucionais (2º velocidade). 
LOGO: Crimes graves, com penas severas → processo flexibilizando garantias. 
Vejamos de forma ESQUEMATIZADA: 
1ª velocidade 2ª velocidade 3ª velocidade 
Ampla garantia de direitos + 
possibilidade de aplicação de penas 
privativas de liberdade. 
Flexibilização de garantia de 
direitos + possibilidade de 
aplicação de penas alternativas. 
Redução de garantias + penas 
privativas de liberdade. Ex.: 
Direito Penal do Inimigo. Denota-
se que misturam-se características 
da primeira e segunda velocidade. 
Pena privativa de liberdade Penas alternativas Pena privativa de liberdade 
Processo garantista Procedimento flexibilizado Procedimento flexibilizado. 
 
DIREITO PENAL DE 4º VELOCIDADE 
Candidato, o que se entende por “direito penal de quarta velocidade”? 
Excelência, hoje temos doutrina anunciando a 4ª (quarta) velocidade do Direito Penal, ligada ao 
Direito Penal Internacional, mirando suas normas proibitivas contra aqueles que exercem (ou exerceram) 
chefia de Estados e, nessa condição, violam (ou violaram) de forma grave tratados internacionais de tutela de 
direitos humanos. Para tanto, foi criado, pelo Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional. Trata-se da 
primeira instituição global permanente de justiça penal internacional, com competência para processar e julgar 
crimes que violam as obrigações essenciais para a manutenção da paz e da segurança da sociedade 
internacional em seu conjunto. 
Em síntese: trata-se da atuação do Tribunal Penal Internacional (TPI), que tem competência para 
apurar crimes de lesa-humanidade (genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e de agressão). 
#QUARTAVELOCIDADEDODIREITOPENAL (tem esse agora também?!) 
Em continuação a teoria das velocidades do Direito Penal, apresentada por Jesús-Maria Silva Sánchez e do 
Direito Penal do Inimigo – rotulado como a “terceira velocidade do Direito Penal” – de Günther Jakobs, o 
argentino Daniel Pastor desenvolve o neopunitivismo, também conhecido como a quarta velocidade do Direito 
Penal (Direito Penal Esquematizado, Cleber Masson). 
O direito penal de quarta velocidade ignora os princípios da reserva legal, bem como, o princípio da 
anterioridade, isso porque o crime é criado após o fato ter sido praticado. 
 
 
 
 
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Além disso, é um direito penal aplicado por Tribunais de Exceção (vedado pela CF) – Ad Hoc: criado após o 
fato ser praticado e para julgar um fato determinado. Ademais, viola o sistema acusatório. 
 
5. FONTES DO DIREITO PENAL 
Fonte é o lugar de onde vem e como se exterioriza o Direito Penal. 
A) FONTE MATERIAL é a fonte de produção da norma, órgão encarregado de criar o direito penal. 
Nos termos do artigo 22 da Constituição Federal, o órgão encarregado de criar direito penal é a 
UNIÃO. Só a União pode criar Direito Penal. 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, 
penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. 
IMPORTANTE! Inobstante a competência para legislar sobre direito penal seja da União, conforme proclama 
o art. 22, I, da CF, a Lei complementar pode autorizar o Estado a legislar sobre matéria específica de direito 
penal. Vejamos: 
Art. 22, parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar 
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
 
Corroborando ao exposto, Cleber Masson4: 
São os órgãos constitucionalmente encarregados de elaborar o Direito Penal. Essa tarefa é 
precipuamente da União, nos moldes do art. 22, I, da Constituição Federal. Não se pode olvidar, ainda, 
que lei complementar da União pode autorizar os Estados-membros a legislar sobre questões 
específicas, de interesse local (CF, art. 22, parágrafo único). 
 
Candidato, qual é a fonte material do direito penal? Excelência, via de regra a fonte material do direito penal 
é a União. As exceções, por sua vez, estão igualmente previstas na Constituição, conforme o parágrafo único, 
os Estados podem legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas por meio de Lei 
Complementar. 
→Fonte material: União (Art. 22, da CF): regra. 
→Fonte material: Estados, por meio de lei complementar. 
 
4 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
11 
11 
E quais são os requisitos para essa regulamentação? Conforme o art. 22, parágrafo único da Constituição: 
a) Deve se tratar de matéria especifica daquele Estado; 
b) É necessário ainda autorização da União por meio de Lei Complementar. 
 
B) FONTE FORMAL é o instrumento de exteriorização do direito penal. O modo como as regras são 
reveladas. Trata-se de uma fonte de conhecimento/cognição. 
As fontes formais podem ser imediata ou mediata. 
 
Fonte formal (doutrina clássica) Fonte formal (doutrina moderna) 
Imediata: 
 
- LEI. 
Imediata: 
 
1. Lei; 
2. Constituição Federal; 
3. TIDH; 
4. Jurisprudência;Súmulas; 
5. Princípios 
6. Atos administrativos que complementa norma 
penal em branco; 
Mediata: 
 
- Costumes; 
- Princípios gerais do direito. 
Mediata: 
 
- Doutrina 
(E os costumes?) 
 
 
→LEI 
A lei constitui-se em fonte formal imediata, sendo o único instrumento normativo capaz de criar crimes 
e cominar penas. 
Nesse sentido, preleciona Cleber Masson5: 
Fonte formal imediata: é a lei, regra escrita concretizada pelo Poder Legislativo em consonância com a 
forma determinada pela Constituição Federal. Em obediência ao princípio da reserva legal ou da estrita 
legalidade (CF, art. 5.º, XXXIX, e CP, art. 1.º), constitui-se na única fonte formal imediata do Direito 
Penal, pois somente ela pode criar crimes (e contravenções penais) e cominar penas. 
→Única fonte incriminadora. 
 
5 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
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As demais fontes não irão criar crimes e nem cominar penas. 
 
→ CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
De acordo com a teoria moderna, a Constituição Federal também é fonte formal imediata, todavia, a 
Constituição Federal não cria crimes, e nem comina penas. 
Sobre o tema, explica Cleber Masson6: 
A Constituição Federal, situada no ápice do ordenamento jurídico brasileiro, não cria crimes nem 
comina penas. Esta tarefa é por ela acometida à lei, ao incluir entre os direitos e garantias fundamentais 
o princípio da reserva legal ou da estrita legalidade (art. 5.º, XXXIX). Porém, a Lei Suprema contém 
inúmeras disposições aplicáveis ao Direito Penal, a exemplo dos princípios da irretroatividade da lei 
penal (art. 5.º, XL), da intransmissibilidade ou da personalidade da pena (art. 5.º, XLV) e da 
individualização da pena (art. 5.º, XLVI), sem prejuízo da previsão de diversos mandados de 
criminalização. 
 
Candidato, se a CF é superior à lei, porque ela não pode criar infrações penais ou cominar sanções? (Tema 
cobrado na Fase Oral do Concurso MPSP). 
Resposta: Em razão de seu processo moroso e rígido de alteração. 
Embora a Constituição não possa criar crime e cominar pena, ela determina postulados de 
incriminalização, denominados de mandados de criminalização. 
“Muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções, a C.F nos revela o Direito Penal 
estabelecendo patamares mínimos (mandado constitucional de criminalização) abaixo dos quais a 
intervenção penal não se pode reduzir)”. 
Exemplo1: Art. 5º, XLII, CF – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, 
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. 
Refere-se aos patamares mínimos, que o legislador deve observar no momento que for tipificar a 
conduta. 
Exemplo2: Art. 5º. XLIV - Constitui-se crime inafiançável e imprescritível (patamares mínimos) a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra ordem constitucional e o Estado Democrático. 
 
6 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
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Candidato, existem mandados constitucionais de criminalização implícitos? 
(Tema cobrado no Concurso MP/GO). 
De acordo com a doutrina majoritária existem mandados de criminalização implícitos, com a finalidade 
de evitar proteção deficiente do Estado. 
Exemplo: o legislador não poderia retirar o crime de homicídio do ordenamento jurídico, porque a 
CF de 88 garante o direito a vida. Assim, o direito a vida configura como mandado constitucional de 
criminalização implícito, razão pela qual não se pode abolir o delito de homicídio. 
Com base nesse mandado implícito, ou seja, direito a vida, questiona-se a legalização do aborto, já que 
o direito a vida abrange o direito a vida intrauterina e extrauterina. 
#Mandados de criminalização ou mandados constitucionais de criminalização. 
São ordens emitidas pela CF ao legislador ordinário, no sentido da criminalização de determinados 
comportamentos. O legislador estaria obrigado. Não há discricionariedade. Eles podem ser expressos (a ordem 
está explícita no texto constitucional. Ex.: art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados e art. 5º, XLII a prática do racismo constitui 
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei) ou tácitos (a ordem é retirada 
da harmonia, do espírito de todo o texto da CF. Ex.: combate à corrupção no poder público. Foi falado pelo 
STF no caso do mensalão). 
 Nesse sentido, o STF: 
(...) A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas que, em princípio, 
não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas 
(CF, art. 5°, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7°, X; art. 227, § 4°). Em todas essas é 
possível identificar um mandado de criminalização expresso, tendo em vista os bens 
e valores envolvidos. Os direitos fundamentais não podem ser considerados apenas 
proibições de intervenção, expressando também um postulado de proteção" (STF: HC 
102.087 /MG, rei. Min. Celso de Mello, rei. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, 2 Turma, 
j. 28.02.2012). 
 
→TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
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Os tratados internacionais de direitos humanos constitui-se em fonte formal imediata e podem ingressar 
no nosso ordenamento jurídico com dois status. 
(!) Status de norma constitucional, se aprovados com quórum de emenda (3/5, 2 casas, 2 turnos), ou 
com (!) status infraconstitucional mas supralegal quando aprovados com quórum comum. 
 
ATENÇÃO: respeitável corrente doutrinária se posiciona no sentido de que os tratados, versando sobre 
direitos humanos (e somente eles), uma vez subscritos pelo Brasil, se incorporam automaticamente e possuem 
(sempre) caráter constitucional, a teor do disposto nos §§1º e §§2º, do art. 5º, da CF (Flávia Piovesan). 
Questiona-se: Os tratados internacionais de direitos humanos podem criar tipos penais para o ordenamento 
interno? 
CUIDADO: Importante esclarecer que os tratados e convenções não são instrumentos hábeis à criação de 
crimes ou cominação de penas para o direito interno (apenas para o direito internacional). Assim, antes do 
advento das Leis nº 12.694/12 e 12.850/13 (que definiram, sucessivamente, organização criminosa), o STF 
manifestou-se pela inadmissibilidade da utilização do conceito de organização criminosa dado pela 
Convenção de Palermo, trancando a ação penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade da 
conduta (HC nº 96007). Servem porém como mandados de criminalização e para assegurar garantias. 
 
→JURISPRUDÊNCIA 
Trata-se de fonte formal imediata. 
Jurisprudência revela direito penal, podendo inclusive ter caráter vinculante (súmulas). 
Exemplo: Art. 71 C.P. - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo (jurisprudência propõe 30 dias), lugar, maneira 
de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-
 
 
 
 
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se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, 
de um sexto a dois terços. 
Nesse caso, a condição de tempo está sendo definida pela jurisprudência. 
Sobre a Jurisprudência ser apontada como fonte formal do direito penal, o Professor Cleber Masson7 
explica: 
A jurisprudência revela o entendimento dos tribunais sobre determinado tema jurídico, servindo como 
vetor ao aplicador do Direito. Entretanto, nem sempre se reveste de natureza cogente, razão pela qual 
não pode ser automaticamente compreendida como fonte do Direito Penal. As hipóteses em que a 
jurisprudência funciona como fonte formal mediata do Direito Penal estão previstas no art. 927 do 
Códigode Processo Civil.8 
 
→PRINCÍPIOS 
Não raras vezes os Tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamento em princípio, é o caso do 
princípio da insignificância (afasta a tipicidade material). 
 
→ATOS ADMINISTRATIVOS 
Os atos administrativos muitas vezes funcionam como complemento das chamadas “normas penais 
em branco”, como, por exemplo, a portaria da Anvisa que elenca quais são as substâncias que são consideras 
drogas. A portaria em comento é utilizada para complementação das normas penais em branco presentes na 
Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), sendo assim, fonte formal mediata do direito penal. 
Desse modo, temos que os atos administrativos tratam-se de fonte formal imediata quando 
complementam norma penal em branco, é o caso da Portaria nº 344/98 que define drogas, elemento essencial 
para caracterização dos crimes tipificados ao teor da Lei nº 11.343/2006. 
 
7 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
8 Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos 
extraordinário e especial repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em 
matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 
 
 
 
 
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Fonte Formal Mediata (Doutrina Moderna) 
Apenas a doutrina. 
Para doutrina moderna os costumes são fontes informais do direito penal. 
 
Em síntese: 
 
Fonte material Fonte formal 
É a fonte de produção da norma, órgão 
encarregado de criar o direito penal. Nos 
termos do artigo 22 da Constituição Federal, o 
órgão encarregado de criar direito penal é a 
UNIÃO. 
→Só a União pode criar Direito Penal. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União 
legislar sobre: I - direito civil, comercial, 
penal, processual, 
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e 
do trabalho (Regra). 
 
Art. 22. Parágrafo único. Lei complementar 
poderá autorizar os Estados a legislar sobre 
questões específicas das matérias relacionadas 
neste artigo. (Exceção) 
É o instrumento de exteriorização do direito 
penal. O modo como as regras são reveladas. 
Trata-se de uma fonte de 
conhecimento/cognição. 
As fontes formais podem ser imediata ou 
mediata. 
Assim: 
Fonte Formal Imediata: LEI. 
Fonte Formal mediata: 
- Constituição Federal; 
- Princípios Gerais do Direito; 
- Atos Administrativos; 
- Costumes. 
União – Art. 22, I da Constituição Federal. 
Estados – Art. 22. Parágrafo único da CF. 
 
 
6. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
Interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado de vocábulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras 
palavras um pensamento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão; extrair, de frase, 
sentença ou norma, tudo o que na mesma se contém. 
No âmbito do direito, é a atividade mental que busca identificar o conteúdo da lei, isto é, o seu alcance 
e significado. A interpretação deve sempre buscar a mens legis (a vontade da lei) que não se confunde com a 
mens legislatoris (vontade do legislador). 
Assim, o ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando determinado modo, 
chega a um resultado. 
 
 
 
 
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A Interpretação pode ser classificada (1) quanto ao sujeito; (2) quanto ao modo; e (3) quanto ao 
resultado. 
Interpretação quanto ao SUJEITO (ORIGEM) 
a) interpretação autêntica (ou legislativa): é aquela fornecida pela própria lei. 
A interpretação autêntica é também denominada de legislativa, é aquela realizada pelo próprio 
legislador, quando ele edita uma norma com a finalidade de esclarecer o significado de outra norma. Exemplo: 
Conceito de Funcionário Público para fins penais (art. 327 do Código Penal). 
Ex. art. 327 expõe o conceito de funcionário público. 
Art. 327, C.P. - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função 
pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em 
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada 
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
 
Verifica-se que a própria lei já nos propõe a sua interpretação a respeito de quem é considerado 
funcionário público para fins penais. 
A interpretação autêntica (ou legislativa), fornecida pela própria lei, subdivide-se em: 
a. contextual →editada conjuntamente com a norma penal que conceitua. O conceito de funcionário 
público foi editado conjunto com os crimes que tipifica as condutas deste. 
b. posterior → lei distinta e posterior conceitua o objeto da interpretação. Comum nas normas penais 
em branco, que ainda serão complementadas posteriormente. 
Em síntese: 
Contextual Posterior 
Quando editada no corpo da própria lei da norma 
interpretada. 
Quando criada depois da norma a ser 
interpretada. 
Exemplo: Crime de peculato – foi criado no 
mesmo contexto a norma que consagra o 
conceito de funcionário público para fins penais. 
 
 
 
 
 
 
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Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia. 
Prescreve o art. 327 do CP: “considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.” 
Tal norma traduz exemplo de interpretação 
A. científica. 
B. autêntica. 
C. extensiva. 
D. doutrinária. 
E. analógica. 
Gab. B. 
 
b) interpretação doutrinária (ou cientifica): é a interpretação feita pelos estudiosos. 
Doutrinária, ou científica, é a interpretação exercida pelos doutrinadores, escritores e articulistas, 
enfim, comentadores do texto legal. Não tem força obrigatória e vinculante, em hipótese alguma. A Exposição 
de Motivos do Código Penal deve ser encarada como interpretação doutrinária, e não autêntica, por não fazer 
parte da estrutura da lei.9 
 
c) interpretação jurisprudencial: é o significado dado as leis pelos Tribunais, pode ter caráter vinculante. 
Questiona-se: Exposição de motivos do Código Penal é qual espécie de interpretação? Trata-se de 
interpretação doutrinária, feita pelos Doutos que trabalharam no projeto. 
Assim, a Exposição dos Motivos do Código Penal deve ser encarado como interpretação doutrinária, 
e não autêntica, por não fazer parte da estrutura da Lei. 
Candidato, a Exposição de motivos do Código Penal é materialização de qual espécie de interpretação? 
Excelência, trata-se de interpretação doutrinária, feita pelos Doutos que trabalharam no projeto. Assim, a 
 
9 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
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Exposição dos Motivos do Código Penal deve ser encarado como interpretação doutrinária, e não autêntica, 
por não fazer parte da estrutura da Lei. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Oficial de 
Justiça Avaliador Federal. Em relação à aplicação, à interpretação e à integração da lei penal, julgue o item 
seguinte. 
No Código Penal, a exposição de motivos é exemplo de interpretação autêntica, pois é realizada no próprio 
texto legal. 
Assertiva incorreta. Trata-se de exemplo de interpretação doutrinária. 
Interpretação quanto ao MODO/MEIOS ou MÉTODOS: 
a) interpretação gramatical/literal/sintática: o interprete considera o sentido literal das palavras. 
b) interpretação teleológica: ointerprete perquire a intenção objetivada na lei. Art. 319-A do CP. 
 c) interpretação histórica: o interprete indaga a origem da lei. 
d) interpretação sistemática: interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios 
gerais do Direito. 
e) interpretação progressiva ou evolutiva: é a que busca amoldar a lei à realidade atual. Evita a 
constante reforma legislativa e se destina a acompanhar as mudanças da sociedade. É o caso do conceito de 
ato obsceno, diferente atualmente do que era há algumas décadas. 
 
Interpretação quanto ao RESULTADO: 
a) declarativa ou declaratória: corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer. É aquela que 
resulta da perfeita sintonia entre o texto da lei e a sua vontade. Nada resta a ser retirado ou acrescentado. 
b) restritiva: é a interpretação que reduz o alcance das palavras da lei para compreender a vontade do 
texto. Consiste na diminuição do alcance da lei, concluindo-se pela sua vontade. 
c) extensiva: amplia-se o alcance das palavras para que corresponda a vontade do texto. 
(!!!) Atenção! A interpretação extensiva possui alto índice de cobrança nos concursos. 
 
 
 
 
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Segundo Cleber Masson, “interpretação extensiva é a que se destina a corrigir uma fórmula legal 
excessivamente estreita. A lei disse menos do que desejava. Amplia-se o texto da lei para amoldar-se à sua 
efetiva vontade. (Deve ser utilizada em concursos que esperam do candidato uma posição mais rigorosa, tais 
como, Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Federal). 
Questiona-se: Admite-se interpretação extensiva contra o réu? 
1º Corrente: (Nucci e Luiz Regis Prado): entende que é indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou 
prejudica o réu (a tarefa do interprete é evitar injustiças). 
A Constituição não proíbe, sequer implicitamente a interpretação extensiva contra o réu. 
2º Corrente: Defendida por Luiz Flávio Gomes, entende que “socorrendo-se do princípio do in dubio pro reo, 
não se admite a interpretação extensiva contra o réu, de modo que na dúvida, o juiz deve interpretar em seu 
benefício”. 
Posição que deve ser adotada para concurso de Defensoria Pública). 
Emprestou o princípio para aplicar no campo da interpretação e chega a conclusão de que se o juiz está na 
dúvida na interpretação, que o faça da forma mais benéfica. 
Referida corrente ganhou importante aliado: Estatuto de Roma. Art. 22.2. (Em caso de ambiguidade, 
a norma será interpretada em favor da pessoa objeto do inquérito, acusada ou condenada). 
3º Corrente: Defendida por Zaffaroni, entende que em regra não cabe interpretação extensiva contra o réu, 
SALVO quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua notória irracionalidade. 
Exemplo: Art. 157, §2º, I, CP – roubo majorado pelo emprego de arma. O que significa arma? 
1º C – entende que arma deve ser tomada no sentido restrito, abrangendo somente instrumentos 
fabricados com finalidade bélica (arma no sentido próprio). 
2º C – arma abrange qualquer instrumento capaz de servir ao ataque (arma no sentido impróprio). 
CUIDADO! Não podemos confundir interpretação extensiva com interpretação analógica. 
INTERPRETAÇÃO ANALOGICA (INTRALEGEM) 
O Código, atento ao Princípio da Legalidade, detalha todas as situações que quer regular e, 
posteriormente, permite que aquilo que a elas seja semelhante, passe também a ser abrangido no dispositivo. 
Exemplos dados pelo legislador, seguidos de fórmula genérica de encerramento. 
 
 
 
 
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Na interpretação extensiva, amplio o alcance da palavra. Já na interpretação analógica, o legislador 
confere exemplos + encerramento genérico, ficando ao juiz a possibilidade de encontrar outros casos 
semelhantes aos exemplos. 
Exemplo 1: Art. 121, § 2º, I, III e IV C.P. 
I - mediante paga ou promessa de recompensa (Exemplos de torpeza), ou por outro motivo torpe; 
(Como o legislador não tem como prever todas as formas de torpeza, ele expõe dois exemplos e termina com 
encerramento genérico, ao expor “ou por outro motivo torpe”). 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
No encerramento genérico está se permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses semelhantes. 
ATENÇÃO! A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA não se confunde com ANALOGIA. 
Interpretação analógica ou intra legem: ocorre sempre que a norma penal é construída com uma 
fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. A utilização da fórmula genérica ocorre porque 
(fundamento) é impossível ao legislador de antemão prever todas as situações do caso concreto. 
Interpretação analógica ou “intra legem” é a que se verifica quando a lei contém em seu bojo uma 
fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. É necessária para possibilitar a aplicação da lei 
aos inúmeros e imprevisíveis casos que as situações práticas podem apresentar10. 
 
Nessa linha, vejamos os exemplos: 
Art. 28. II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
In casu, o legislador não poderia prever todas as substâncias causadoras de alteração psíquica. Assim, optou 
por utilizar a expressão abrangente e genérica “ou outra substância de efeitos análogos”. 
Art. 121, Homicídio qualificado: 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. 
 
10 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
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São motivos torpes: Paga; promessa de recompensa → são considerados motivos torpes. Todavia, não são os 
únicos. 
ANALOGIA 
Não é forma de interpretação, mas de integração. (Forma de integração). 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil. No 
direito penal, a analogia 
A. é uma forma de autointegração da norma penal para suprir as lacunas porventura existentes. 
B. é uma fonte formal imediata do direito penal. 
C. utiliza, na modalidade jurídica, preceitos legais existentes para solucionar hipóteses não previstas em lei. 
D. corresponde a uma interpretação extensiva da norma penal. 
E. é uma fonte formal mediata, tal como o costume e os princípios gerais do direito. 
Gab. A. 
Obs.1: a analogia pressupõe lacuna. 
A Analogia parte do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo 
pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar. 
 
 
 
 
 
 
Interpretação analógica versus Analogia 
 
A analogia não serve para interpretar o direito penal, sendo uma forma de integração do direito penal. Na 
analogia existe uma lacuna. A lacuna, por oportuno, será preenchida através da aplicação de norma 
assemelhada. No direito penal só se admite a analogia in bonam partem. 
PRESSUPOSTOS DA ANALOGIA NO DIREITO PENAL 
a) certeza de que sua aplicação será favorável ao réu; (analogia in bonam partem). 
b) existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária do legislador); 
Exemplo 1: Art. 181, I C.P. – (o legislador não lembrou da união estável – possível analogia “in bonam 
partem”). 
 
 
 
 
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Exemplo2: Art. 155 § 2º C.P. – Furto Privilegiado (não é aplicável ao roubo, uma vez que a intenção 
do legislador é não privilegiar esse tipo de crime). Não privilegiar o roubo não é lacuna involuntária, mas sim 
silêncio eloquente, logo, não cabe aplicação da analogia por ausência do pressuposto da “omissão involuntária 
do legislador”. 
Vamos esquematizar?! 
Interpretação extensiva Interpretação analógica Analogia 
Forma de interpretação. Forma de interpretação. Forma de integração. 
Existe norma parao caso 
concreto. 
Existe norma para o caso 
concreto. 
NÃO existe norma para o caso 
concreto. 
Amplia-se o alcance da palavra. Exemplos seguidos de 
encerramento genérico. 
Cria-se nova norma a partir de 
outra (só quando favorável). 
 
7. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
 A doutrina consagra uma série de classificações dos crimes, algumas delas faremos o estudo pontual 
do tema quando abordarmos o mesmo, por exemplo, classificação quanto ao sujeito ativo/passivo em crime 
comum ou crime crime próprio, outras passaremos a análise agora. 
 
a) Crimes naturais e crimes de plástico 
Candidato, em que consiste os chamados crimes naturais e crimes de plásticos? Excelência, os Crimes 
Naturais (ou mala per se) são aqueles que violam valores éticos absolutos e universais, a exemplo do 
homicídio, o qual atenta contra a vida humana. Por outro lado, os Crimes Plásticos (ou mala prohibita) são 
os delitos que, embora previstos em leis penais, não ofendem valores universais éticos e absolutos. É o que se 
dá com os crimes contra a Administração Pública e contra a ordem tributária, criados como meios de defesa 
do Estado contra o cidadão, em oposição à lógica do Direito Penal.11 
 
b) Crimes de mínimo, de menor, de médio, de elevado e de máximo potencial ofensivo 
Crimes de mínimo potencial ofensivo são os que não comportam a pena privativa de liberdade. No 
Brasil, enquadra-se nesse grupo a posse de droga para consumo pessoal, tipificada no art. 28 da Lei 
11.343/2006, ao qual são cominadas as penas de advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços 
à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
11 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
 
 
 
 
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Crimes de menor potencial ofensivo, por sua vez, são aqueles cuja pena privativa de liberdade em 
abstrato não ultrapassa dois anos, cumulada ou não com multa. São assim definidos pelo art. 61 da Lei 
9.099/1995, e ingressam na competência do Juizado Especial Criminal, obedecendo ao rito sumaríssimo e 
admitindo a transação penal e a composição dos danos civis. O art. 98, I, da Constituição Federal faz menção 
às “infrações penais de menor potencial ofensivo”, expressão que também abrange todas as contravenções 
penais. 
Crimes de médio potencial ofensivo, de seu turno, são aqueles cuja pena mínima não ultrapassa um 
ano, independentemente do máximo da pena privativa de liberdade cominada. Tais delitos admitem a 
suspensão condicional do processo, na forma delineada pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. 
Crimes de elevado potencial ofensivo são os que apresentam pena mínima superior a um ano, ou 
seja, pelo menos de dois anos, e, consequentemente, pena máxima acima de dois anos. Tais delitos não se 
compatibilizam com quaisquer dos benefícios elencados pela Lei 9.099/1995. 
Por fim, classificam-se como crimes de máximo potencial ofensivo os que recebem tratamento 
diferenciado pela Constituição Federal. São os hediondos e equiparados – tráfico de drogas, tortura e o 
terrorismo (CF, art. 5.º, XLIII), bem como os delitos cujas penas não se submetem à prescrição, quais sejam, 
racismo (CF, art. 5.º, XLII) e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático (CF, art. 5.º, XLIV). 
 
c) Crime de intenção ou de tendência interna transcendente 
Segundo Cleber Masson, é aquele em que o agente quer e persegue um resultado que não necessita 
ser alcançado para a consumação, como se dá na extorsão mediante sequestro (CP, art. 159). 
Extorsão mediante seqüestro 
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como 
condição ou preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
 
d) Crime de tendência ou de atitude pessoal 
É aquele em que a tendência afetiva do autor delimita a ação típica, ou seja, a tipicidade pode ou não 
ocorrer em razão da atitude pessoal e interna do agente. 
 
 
 
 
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Exemplos: toque do ginecologista na realização do diagnóstico, que pode configurar mero agir profissional 
ou então algum crime de natureza sexual, dependendo da tendência (libidinosa ou não), bem como as palavras 
dirigidas contra alguém, que podem ou não caracterizar o crime de injúria em razão da intenção de ofender a 
honra ou de apenas criticar ou brincar. 
 A classificação em comento foi cobrada na segunda fase do concurso de Delegado do Estado de 
Pernambuco, Banca Examinadora CESPE (2016). 
 
e) Crime remetido 
É o que se verifica quando sua definição típica se reporta a outro crime, que passa a integrá-lo, como 
no uso de documento falso (“fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os 
arts. 297 a 302” – CP, art. 304).] 
 
f) Crime obstáculo 
É aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime autônomo pelo legislador. É o caso da 
associação criminosa (CP, art. 288) e dos petrechos para falsificação de moeda (CP, art. 291). 
 
g) Crimes de catálogo 
Esta classificação surgiu em Portugal, e diz respeito aos delitos compatíveis com a interceptação 
telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio de investigação ou de produção de provas durante a 
instrução em juízo. 
 
h) Crime achado 
Essa classificação guarda íntima relação com o encontro fortuito de provas no processo penal 
(princípio da serendipidade). Para o Supremo Tribunal Federal, crime achado é aquele desconhecido e não 
investigado até o momento em que vem a ser descoberto, em face da apuração de outro delito, a exemplo do 
que se verifica quando, no bojo de uma interceptação telefônica voltada a investigar a prática de tráfico de 
drogas, acaba por se revelar a autoria de um crime de homicídio. 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL I – PARTE GERAL 
 
Conteúdo 02: Princípios Gerais do Direito Penal 
 
7. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
Os princípios podem ser compreendidos como valores fundamentais que inspiram a criação e a 
aplicação do direito penal. Orientam tanto o legislador quanto o operador do direito penal na sua aplicação 
prática, para limitar o poder punitivo estatal, conferindo contornos de razoabilidade a atuação do Estado. 
Existem princípios que estão positivados no ordenamento jurídico, por exemplo, princípio da reserva legal, 
princípio da individualização da pena. Por outro lado, existem outros princípios que não foram previstos 
expressamente, mas que foram extraídos da totalidade do sistema, por exemplo, princípio da insignificância. 
- Princípios relacionados com A MISSÃO DO DIREITO PENAL 
7.1 Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS 
O Direito Penal em um Estado de direito democrátoco deve visar, exclusivamente, à proteção de bens 
jurídicos de especial relevância para a sociedade, sob pena de se deslegitimar. Assim, não pode incriminar 
pensamentos ou intenções, questões morais, éticas, ideológicas, religiosas ou finalidades polticas. Para a 
teoria contitucional do Direito Penal, aliás, a referida eleição de bens jurídicos deve refletir os valores 
constitucionais, a exemplo do homicídio, que tutela o direito fundamental à vida. 
Dessa forma, o princípio da proteção aos bens jurídicos defende que o direito penal deve servir apenas 
para proteger bens jurídicos relevantes, bens jurídicos indispensáveis ao convívio em sociedade. 
Mas o que é bem jurídico? 
Bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de titularidade individual ou 
metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade. 
Questiona-se: o que é espiritualização do direito penal? (Tema cobrado no Concurso MP/MG). 
Percebe-se uma expansão da tutela penal para proteger bens jurídicos de caráter meta individual, 
difuso, coletivo, ensejando a denominada espiritualização/desmaterialização/dinamizaçãodo direito penal. 
Ex. Direito penal tutelando o meio ambiente. 
 
 
 
 
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Com o passar dos tempos, percebeu-se que a proteção penal, que aguardava o dano para 
depois punir, era insuficiente. A concentração da programação punitiva em novas áreas proporcionou a 
chamada expansão do direito penal, caracterizada pela ampliação do âmbito de incidência de leis com 
conteúdo punitivo ou endurecimento das já existentes. Exemplos: criminalidade informática, criminalidade 
econômica/tributária, criminalidade ambiental e crime organizado. Dessa forma, a proteção penal passou a 
abranger bens jurídicos supraindividuais/coletivos. O problema é que essa expansão inadequada e ineficaz da 
tutela penal passa a abranger bens jurídicos de modo vago e impreciso, ensejando a denominada 
desmaterialização (espiritualização, dinamização ou liquefação) do bem jurídico, em virtude de estarem sendo 
criados sem qualquer substrato material, distanciados da lesão perceptível dos interesses dos indivíduos. 
Candidato, o que se entende por CRIMES DE PLÁSTICO? Excelência, trata-se de comportamentos cuja 
criminalização torna-se necessária em decorrência de determinado momento histórico vivenciado na 
sociedade. No passado, por exemplo, não se pensava em criminalizar condutas que envolvessem a internet, 
essa necessidade surge com o avanço da sociedade, para tipificar os denominados crimes cibernéticos. 
Existem condutas que sempre foram reprimidas em qualquer sociedade com um mínimo de organização, como 
o homicídio, o roubo, o estupro, etc. São chamados crimes naturais, previstos no passado, sendo punidos 
hoje, e certamente, serão objetos de censura no futuro (…). Contrapõem-se a esse modelo os crimes de 
plástico, que são condutas que apresentam um particular interesse em determinada época ou estágio da 
sociedade organizada, de acordo com as necessidades políticas do momento, tal como ocorre atualmente nos 
crimes contra relações de consumo, os crimes contra o meio ambiente e os delitos de informática, etc. (Crimes 
Eleitorais. São Paulo. Ed Saraiva). 
 
7.2 Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA 
O direito penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima. Tem as seguintes 
características:subsidiariedade e fragmentariedade. 
Nessa esteira, o art. 7º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 estatui que a lei 
só deve prever penas estritamente necessárias. Com esse espírito, este princípio se direciona tanto para o 
legislador, na tarefa de elaborar leis, quanto para o intérprete, recomendando comedimento/moderação na sua 
aplicação, de modo a construir um direito penal mínimo. 
 
 
 
 
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O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção 
fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os 
casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário). 
A subsidiariedade é corolário da intervenção mínima. Somente após se constatar que outros meios 
de solução social dos conflitos não são aptos a dirimi-los, é que serão utilizados modelos coercitivos de que 
dispõe o Direito Penal. 
IMPORTANTE! O princípio da insignificância é desdobramento lógico de qual característica da intervenção 
mínima (subsidiariedade ou fragmentariedade)? FRAGMENTARIEDADE. 
#EsseTemaJÁCAIU #DELTAMS2017 #VAMOSAPROFUNDAR 
Princípio da intervenção mínima: também denominado de “princípio da necessidade”. 
Origem e conceito atual (Direito Penal mínimo): o princípio da intervenção mínima tem origem em 1789, 
França (Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão dispõe que a Lei somente deve prever as 
penas estritamente necessárias). 
- O direito penal só é legítimo quando for indispensável para a proteção de determinado bem jurídico. Não há 
como proteger o bem jurídico como os outros ramos do direito. 
É nesse contexto que se fala em um direito penal mínimo, reservado para ser utilizado somente quando for 
indispensável a proteção do bem jurídico. 
- “O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, orienta e limita o poder 
incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio 
necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanções ou outros meios de 
controle social revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização será inadequada e 
desnecessária. Se para o restabelecimento da ordem jurídica forem suficientes medidas civis ou 
administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. Por isso, o direito penal deve ser a ultima 
ratio, isto é, deve atuar somente quando os demais ramos do direito revelarem-se incapazes de dar a tutela 
devida a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade.” 
- Rogério Sanches argumenta que “o princípio da intervenção mínima tem duas faces: orienta quando e onde 
o direito penal deve intervir (neocriminalização); por outro lado, também orienta quando e onde o direito 
penal deve deixar de intervir (abolitio criminis)”. A abolitio criminis é fenômeno verificado sempre que o 
legislador, atento às mutações sociais (e ao princípio da intervenção mínima), resolve não mais incriminar 
 
 
 
 
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determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, julgando que o Direito 
Penal não mais se faz necessário à proteção de determinado bem jurídico. 
Destinatários de finalidade (reforço ao princípio da reserva legal): dois são os destinatários do referido 
princípio: 
- legislador (no plano abstrato); 
- aplicador do direito (no plano concreto). 
Nessa linha, temos que a intervenção mínima deve ser observado tanto pelo legislador, no momento de 
selecionar as condutas que passaram a ser tuteladas pelo Direito Penal, como também, deve ser observado 
pelo aplicador do direito no caso em concreto. 
Qual a finalidade do princípio da intervenção mínima? Excelência, trata-se de um reforço ao princípio da 
reserva legal, posto que não é suficiente que tenha lei prevendo aquela conduta como criminosa, é necessário 
ainda que a intervenção penal cominada pela lei seja efetivamente necessária. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
(Ano: 2017. Banca: FAPEMS. Órgão: PC-MS. Prova: Delegado de Polícia). No que diz respeito aos princípios 
aplicáveis ao Direito Penal, analise os textos a seguir. 
A proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal, senão que nessa missão cooperam 
todo o instrumental do ordenamento jurídico. ROXIN, Claus. Der echo penai- parte geral. Madrid: Civitas, 
1997.1.1, p. 65. 
A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de ataques contra 
bens jurídicos importantes. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratada de direito penal: parte geral. 20. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2014, p. 54. 
Nesse sentido, é correto afirmar que os textos se referem ao 
a) Princípio da intervenção mínima, imputando ao Direito Penal somente fatos que escapem aos meios 
extrapenais de controle social, em virtude da gravidade da agressão e da importância do bem jurídico para a 
convivência social. 
 
 
 
 
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b) Princípio da insignificância, que reserva ao Direito Penal a aplicação de pena somente aos crimes que 
produzirem ataques graves a bem jurídicos protegidos por esse Direito, sendo que agir de forma diferente 
causa afronta à tipicidade material.. 
c) Princípio da adequação social em que as condutas previstas como ilícitas não necessariamente revelam-se 
como relevantes para sofrerem a intervenção do Estado, em particular quando se tornarem socialmente 
permitidas ou toleradas.. 
d) Princípio da ofensividade, pois somente se justifica a intervenção do Estado para reprimir a infração com 
aplicação de pena, quando houver dano ou perigo concreto de dano a determinado interesse socialmente 
relevantee protegido pelo ordenamento jurídico. 
e) Princípio da proporcionalidade, em que somente se reserva a intervenção do Estado, quando for estritamente 
necessária a aplicação de pena em quantidade e qualidade proporcionais à gravidade do dano produzido e a 
necessária prevenção futura. 
Gab. A. Os textos propostos na questão fazem alusão ao princípio da intervenção mínima. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de 
Polícia. 
O sistema penal é composto por órgãos de naturezas jurídicas distintas com funções, dentre outras, de caráter 
investigativo, repressivo, jurisdicional e prisional. É sabido que os números de letalidade no exercício de tais 
funções, tanto de civis quanto de agentes do sistema penal têm aumentado nos últimos anos. Por conta dessa 
informação, será preciso promover uma política pública em âmbito penal que reverbere na diminuição de tal 
letalidade. (BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. 11. ed. Rio de Janeiro: Revan, 
2007) 
Identifique a alternativa correta que contenha os princípios que fundamentam o Direito Penal, e que mostrem 
que sua observância se torna importante para o embasamento da referida política pública. 
A. Mínima letalidade/ letalidade controlada/ tutela civil e tutela penal/ livre iniciativa. 
B. Mínimo proporcional/ reserva do possível/ humanidade/ lesividade. 
C. Legalidade / proporcionalidade / penalidade / legítima defesa. 
D. Intervenção mínima/ legalidade / lesividade / adequação social. 
E. Devido processo legal/ contraditório e ampla defesa/ proximidade de jurisdição / proporcionalidade. 
 
 
 
 
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Gab. D. 
 
 Princípio da Fragmentariedade: estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas 
apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da 
sociedade. Em razão de seu caráter fragmentário, o Direito Penal é a última etapa de proteção do bem jurídico. 
Deve ser utilizado no plano abstrato, para o fim de permitir a criação de tipos penais somente quando os 
demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção de um bem jurídico, referindo-se, assim, à 
atividade legislativa. A palavra “fragmentariedade” emana de “fragmento”: no universo da ilicitude, somente 
alguns blocos, alguns poucos fragmentos constituem-se em ilícitos penais. Pensemos em uma visão noturna: 
o céu representaria a ilicitude em geral; as estrelas seriam os ilícitos penais (Cleber Masson, Código Penal 
Comentado). 
→No universo da ilicitude apenas alguns fragmentos é que representam ILÍCITOS PENAIS. Manifesta-se no 
plano abstrato, tendo como destinatário o legislador. 
 
 
Nessa linha, corroborando ao exposto, Rogério Sanches “o Direito Penal só deve ser aplicado quando 
estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de 
controle (caráter subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico tutelado (caráter fragmentário)”. A subsidiariedade é corolário da intervenção mínima. Somente após 
se constatar que outros meios de solução social dos conflitos não são coercitivos de que dispõe o Direito Penal. 
 
- Candidato, o que se entende por Fragmentariedade às avessas? Excelência, ocorre quando a conduta perde 
seu caráter penal. Em outras palavras, o crime deixa de existir, pois a incriminação se torna desnecessária. Os 
demais ramos do Direito já resolvem o problema, foi o que aconteceu, por exemplo, com o delito de adultério 
em 2005. Assim, temos que na fragmentariedade às avessas a criminalidade já existe, porém, o legislador 
percebe que aquele crime não é mais necessário, não existe mais razão de existir. Materializa-se com a abolitio 
criminis. 
 
 
 
 
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*Abolitio criminis: é a nova lei que torna atípico um fato até então considerado criminoso. O crime deixa de 
existir em razão de uma nova lei. Nos moldes do art. 107 do CP, trata-se de hipótese de extinção da 
punibilidade. 
Princípio da Subsidiariedade: o direito penal funciona como um executor de reserva. Significa que o 
direito penal é a ultima ratio. Nessa linha, seguindo Cleber Masson, pelo princípio da subsidiariedade o direito 
penal é um executor de reserva. Assim, o direito penal só pode agir no caso concreto quando o problema não 
puder ser solucionado pelos demais ramos do Direito. Assim, em decorrência dos estragos pelo direito penal, 
tais como, antecedentes, as penas, o próprio processo penal, ele deve ficar como a ultima ratio, sendo utilizado 
somente com eventual intervenção. A subsidiariedade ocorre no plano concreto, ou seja, tem como 
destinatário o aplicador do Direito. O crime já existe, mas precisamos saber se a aplicação da lei penal é 
necessária no caso concreto. Exemplo: constatou-se que dos inquéritos que apuram crime de estelionato são 
arquivados. O Direito Civil acabaria resolvendo a problemática. 
A atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do Direito e os demais meios 
estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Projeta-se no 
plano concreto – em sua atuação prática o Direito Penal somente se legitima quando os demais meios 
disponíveis já tiverem sido empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação com a 
tarefa de aplicação da lei penal. (Cleber Masson, Código Penal Comentado). 
 
7.3 Princípio da Insignificância 
Princípio da Insignificância (ou criminalidade da bagatela): 
Inicialmente, cumpre destacarmos que o referido princípio não encontra previsão na legislação, mas 
pacificamente admitido pela Jurisprudência do STF e do STJ. 
Introdução e finalidade 
Origem: 
Surge no Direito Romano. “De minimus nun curat praetor”. Os juízes e os tribunais não cuidam do 
que é mínimo, insignificante. Porém no direito romano só era utilizado no tocante ao direito privado. No direito 
penal é incorporado apenas na década de 1970, através dos estudos de Claus Roxin. Segundo Cleber Masson 
(Direito Penal Esquematizado) “Em outras palavras, o Direito Penal não deve se ocupar de assuntos 
 
 
 
 
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irrelevantes, incapazes de lesar o bem jurídico legalmente tutelado. Na década de 70 do século passado, foi 
incorporado ao Direito Penal pelos estudos de Claus Roxin”. 
O princípio da insignificância traduz a ideia de que não há crime quando a conduta praticada pelo agente é 
insignificante, não é capaz de ofender ou colocar em perigo o bem jurídico tutelado pela norma penal. 
Finalidade: 
Destina-se a efetuar uma interpretação restritiva da lei penal. Nesse sentido, o STF disse que esse 
princípio realiza uma interpretação restritiva da lei penal, diminuindo o alcance da lei penal, para não banalizar 
a lei penal. 
Natureza Jurídica: 
O princípio da insignificância funciona como causa supralegal (não prevista em lei) de exclusão da 
tipicidade. Torna o fato atípico por ausência de tipicidade material. 
Tipicidade penal = tipicidade formal (adequação do fato e a norma – juízo de subsunção) + tipicidade material 
(lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penal tutelado). 
→Causa SUPRALEGAL de exclusão da tipicidade (ausência de tipicidade material). 
Candidato, o que é tipicidade penal? 
Excelência, trata-se da tipicidade formal somada à tipicidade material. 
Tipicidade formal é um juízo de adequação entre o fato e a norma (analisa se o fato praticado na vida real, se 
amolda, se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal). 
Tipicidade material é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. É a lesão (a subtração do copo de água tem 
tipicidade formal, mas não tem tipicidade material, porque não coloca em risco o patrimônio da pessoa, não 
provoca grande lesão a ninguém. É, portanto, causa de exclusão da tipicidade, porque falta a tipicidade 
material). 
Na aplicaçãodo princípio da insignificância, o fato tem tipicidade formal, entretanto falta a tipicidade material. 
Requisitos para aplicação do princípio da insignificância: 
Temos a exigência de requisitos objetivos e requisitos subjetivos. 
São de duas naturezas os requisitos exigidos para a incidência do princípio da insignificância, de ordem 
objetiva e de ordem subjetiva. 
Requisitos objetivos (relacionados ao fato praticado pelo agente): 
 
 
 
 
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a) mínima ofensividade da conduta; 
b) ausência de periculosidade social da ação; 
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
d) inexpressividade da lesão jurídica. 
O principio da insignificância é um mecanismo de politica criminal (adaptação do texto da lei a 
necessidade da coletividade). 
Requisitos subjetivos (relacionadas ao agente e a vítima): 
Os requisitos, tanto de ordem objetiva e quanto de natureza subjetiva devem ser avaliados no caso 
concreto. 
a) condições pessoais do agente: 
a.1) Reincidente: prevalece no STF o entendimento de que não se aplica o princípio da insignificância para o 
reincidente. HC 123.108, STF. Informativo 793 STF. 
Por outro lado, no STJ tem entendimento de ser possível a aplicação do princípio da insignificância no caso 
de reincidência. 
✓ Faz parte do grupo dos princípios relacionados com a missão do direito penal. 
✓ Está umbilicalmente relacionado com o principio da intervenção mínima. É desdobramento lógico da 
fragmentariedade. 
✓ É um princípio limitador do direito penal. 
✓ É causa de atipicidade material do comportamento. 
✓ EM RESUMO: o princípio da insignificância pode ser entendido como um instrumento de 
interpretação restritiva do direito penal. Sendo formalmente típica a conduta e relevante a lesão, aplica-
se a norma penal, ao passo que, havendo somente a subsunção legal, desacompanhada de tipicidade 
material, deve ela ser afastada, pois que estará o fato atingido pela atipicidade. 
Requisitos: PROL 
1 - Ausência de periculosidade social da ação. 
2- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. 
3- Mínima ofensividade da conduta do agente. 
4- Inexpressividade da lesão jurídica causada. 
 
 
 
 
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Principais decisões na Jurisprudencia sobre o tema em 2019. 
Vejamos: 
Posse ou porte de munição de arma de fogo 
 
Os delitos de posse e de porte de arma de fogo são crimes de perigo abstrato, de forma 
que, em regra, é irrelevante a quantidade de munição apreendida. O entendimento 
acima exposto configura a regra geral. No entanto, o STF e o STJ, a depender do caso 
concreto, reconhece a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância para 
o crime de posse ou porte ilegal de pouca quantidade de munição desacompanhada da 
arma. O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de pequena 
quantidade de munição, desacompanhada da arma de fogo, permite a aplicação do 
princípio da insignificância ou bagatela. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 517.099/MS, 
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019. O STJ, alinhando-se ao STF, 
tem entendido pela incidência do princípio da insignificância aos crimes previstos na 
Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), afastando a tipicidade material da 
conduta quando evidenciada flagrante desproporcionalidade da resposta penal. A 
aplicação do princípio da insignificância deve, contudo, ficar restrita a hipóteses 
excepcionais que demonstrem a inexpressividade da lesão, de forma que a incidência 
do mencionado princípio não pode levar ao esvaziamento do conteúdo jurídico do tipo 
penal em apreço - porte de arma, incorrendo em proteção deficiente ao bem jurídico 
tutelado. STJ. 6ª Turma. HC 473.334/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 
21/05/2019. 
 
Apropriação indébita previdenciária: NÃO pode ser aplicado o princípio da 
insignificância 
 
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita 
previdenciária. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes 
de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária, 
independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais protegem a própria 
subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de reprovabilidade 
da conduta do agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual. O bem 
jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência 
financeira da Previdência Social. Logo, não há como afirmar-se que a reprovabilidade 
da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, considerando que esta conduta 
causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, configurando nítida 
lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses 
casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. 
Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019. 
 
Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao condenado por furto, mesmo 
ele sendo reincidente, desde que seja insignificante o bem subtraído 
 
 
 
 
 
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A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância 
penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No entanto, com base no caso 
concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal ou 
socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a 
circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial 
aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar 
uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio 
da proporcionalidade. STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. 
p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938). 
 
 Devemos ter conhecimento acerca dos entendimentos a seguir delineados. 
1 - STF e STJ: para aplicação do princípio da insignificância, consideram a capacidade 
econômica da vítima (STF - RHC 96813; STJ Resp. 1.224.795). A condição da vítima é empregada a fim de 
aferir a insignificância no caso em concreto. 
“A verificação da lesividade mínima da conduta apta a torná-la atípica, deve levar em consideração a 
importância do objeto material subtraído, a condição econômica do sujeito 
passivo, assim como as circunstâncias e o resultado do crime, a fim de se determinar, subjetivamente, se houve 
ou não relevante lesão ao bem jurídico tutelado.” (REsp 1224795, Quinta Turma, DJe 20/03/2012). 
 
2- Prevalece no STF e STJ ser incabível o princípio da insignificância para o reincidente, portador de maus 
antecedentes, ou o criminoso habitual (STF-HC 115707, Segunda Turma, DJe 12/08/2013; STJ-AgRg no 
AREsp 334272, Quinta Turma, DJe 02/09/2013). 
Informativo 575, STJ. A reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância nos crimes 
de descaminho, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, as instâncias ordinárias verificarem que a 
medida é socialmente recomendável. Assim, pode-se afirmar que: Em regra, não se aplica o princípio da 
insignificância para o agente que praticou descaminho se ficar demonstrada a sua reiteração criminosa 
(criminoso habitual). Exceção: o julgador poderá aplicar o referido princípio se, analisando as peculiaridades 
do caso concreto, entender que a medida é socialmente recomendável. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.217.514-RS, 
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 9/12/2015 (Info 575). 
 
3- Tem-se admitido o princípio nos crimes contra o patrimônio, praticados sem violência 
ou grave ameaça à pessoa. O delito de furto é o exemplo clássico. 
 
 
 
 
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CUIDADO: Quando qualificado, porém, a regra é não admitir, considerando ausente o reduzido grau de 
reprovabilidade

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