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SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA VICTORIA JUNGER, PEDRO AGNAGA, RAFAELA AMORIM, TAINÁ AGUIAR 1. EULÁLIA (ESTADO MENTAL) Avaliação do nível de consciência (Glasgow) e função cognitiva (anamnese e pode fazer rastreio de demências através do Mini mental). 2. MARIA (MARCHA E EQUILÍBRIO) Tem que avaliar a marcha e o equilíbrio tanto de forma estática quanto dinâmica. 2 Estático: pode usar o Teste de Romberg para avaliar se possui alguma síndrome vestibular ou cerebelar. O paciente tem que estar em posição ortostática, com os pés juntos e braços esticados ao lado do corpo. Colocar os braços do examinador ao redor do paciente, avaliar o equilíbrio primeiro com os olhos abertos e, depois, pedir para o paciente fechar os olhos. Avalia se esse paciente consegue ficar nessa posição (cerebelar) e avalia se ele tende a cair para um lado ou para frente/trás (vestibular). Lembrar que se tiver problema vestibular de lado direito, o paciente tende a cair para o lado esquerdo. Aproveita para avaliar se tem ―Dança dos tendões‖ como tentativa de equilíbrio. Dinâmico: avaliar a marcha e o equilíbrio ao andar, a coordenação dos movimentos. Pede para o paciente andar e avalia: o Oscila bem os MMII? o Levanta os pés na altura correta? o Base alargada entre os pés normal? o Tem algum movimento assimétrico como coréia, distonia, tremor? Para sensibilizar a dinâmica, pode pedir para o paciente. Andar em fila indiana (um pé na frente do outro). Pacientes com problemas cerebelares não irão conseguir. Andar apoiado nos calcanhares ou na ponta dos pés para avaliar fraqueza de membros (para ver neuropatia) OBS: o Visão, propriocepção e vestibular = podem causar perda de equilíbrio, olhando pro chão = ataxia sensitiva 3 Miopatia = marcha anserina. o Marcha magnética = hidrocefalia, quase arrastando. o No AVC tem marcha ceifante ou hemiparética espástica (forma semicírculos e flexão do braço). Tipos de marchas: Marcha parkinsoniana ou parética: indica disfunção dos núcleos da base. Causas comuns: doença de Parkinson, neurolépticos. Marche à petits pas: indica disfunção cortical bilateral difusa. Causa comum: doença cerebrovascular difusa, ―estado lacunar‖. Marcha em tesoura: indica paraparesia espástica. Causas comuns: paralisia cerebral, esclerose múltipla, compressão medular. Ataxia sensitiva indica perda da propriocepção (Romberg positivo). Causas comuns: neuropatia periférica, lesão do cordão posterior da medula (ver adiante). Ataxia cerebelar: Desvia-se para o lado da lesão. Causas comuns: medicamentos (p. ex., fenitoína), álcool, esclerose múltipla, doença cerebrovascular. Marcha anserina: indica fraqueza ou insuficiência dos músculos proximais. Causas comuns: miopatias proximais, luxação bilateral congênita dos quadris. Marcha apráxica: indica que a integração cortical do movimento é anormal, geralmente com patologia do lobo frontal. Causas comuns: hidrocefalia de pressão normal, doença cerebrovascular. Hemiplégica: lesão unilateral do neurônio motor superior. Causas comuns: acidente vascular cerebral, esclerose múltipla. 4 Pé caído: Causas comuns: unilateral — paralisia do nervo fibular comum, lesão piramidal, radiculopatia L5; bilateral — neuropatia periférica. Marcha funcional: variável, pode ser inconsistente com o restante do exame, piora quando observada. Pode ser confundida com a marcha da coreia (especialmente da doença de Huntington), que é arrastada, contorcida e espasmódica e tem achados associados ao exame. 3. FOI (FORÇA MUSCULAR) Pode ter um déficit de força muscular proximal (miopatias neurológicas) ou distal (AVC). Tem que avaliar a força muscular passiva e ativa (colocando pressão contra o movimento do paciente). Teste de Mingazzini de MMSS: Pede para o paciente estender os braços para frente, com a palma da mão para baixo e esperar alguns minutos para ver se tem paresia a partir do momento que o braço começa a cair. E depois repete com os olhos fechados. Teste do desvio pronador: Palma da mão para cima e espera ver se o braço cai. Teste de Mingazzini de MMII: Pede para o paciente ficar em decúbito dorsal com os MMII em 90 graus e avalia se eles tendem a descer, podendo ser indicativo de paresia. Manobra de Barré: Faz o mesmo movimento de Mingazzini de 90 graus, porém em decúbito ventral. Realizar movimento de flexão e extensão do cotovelo tanto de forma passiva quanto ativa com o médico fazendo força contrária ao movimento do paciente, em ambos os lados. 5 Realizar a extensão e flexão do punho com a força contrária feita pelo médico. Pedir para o paciente realizar abdução dos dedos e o médico fará força contrária a tentativa do paciente de encostar os dedos um no outro, para avaliar o nervo ulnar. Além de flexor e extensor dos dedos e oponência do polegar (paciente faz força para baixo) 6 Avaliar a flexão do quadril através do movimento de levantar a perna esticada com uma pressão contrária que o médico fará. Extensão e flexão dos joelhos. Dorsoflexão e flexão plantar dos pés. Apertar a mão do médico com força. Diminuição de força: paresia (0 a 4). Sem força nenhuma: paralisia ou plegia. 7 A força é graduada de 0 a 4. 5) Normal, contraresistente. 4) Fraco de um lado, mas exerce forca ainda contra. 3) Não exerce nenhuma força contra resistência, só contra a gravidade 2) Não exerce força contra a gravidade, só arrasta de um lado para outro. 1) Só tem traços de contração. 0) Não faz nada. 4. TODA (TÔNUS MUSCULAR) O tônus muscular está relacionado ao grau de contração residual que os músculos apresentam quanto estão totalmente relaxados. Mesmo quando nós ficamos relaxadas, ainda temos um controle residual. O exame do tônus avalia os relevos dos contornos dos músculos do paciente (inspeção); ao tocar os músculos, podemos reparar se eles estão muito duros (hipertonia) ou flácidas (hipotonia); movimentação dos membros avaliando se tem dificuldade (hipertonia) ou facilidade exagerada (hipotonia). Esses movimentos devem ser realizados com os membros relaxados, de forma passiva. Pode realizar flexão e extensão dos cotovelos, flexão e extensão dos punhos, flexão e extensão dos joelhos, flexão e extensão dos pés. Todos esses movimentos de forma passiva, em que o médico que realizará e o paciente ficará relaxado. 8 A hipotonia pode ser por doença do cerebelo ou nervo periférico. Hipertonia elástica (por doença extrapiramidal): que no início é mais difícil, mas depois o médico tem mais facilidade em realizar o movimento. Ocorre em todas as direções do movimento da mesma forma. Hipertonia plástica (doença piramidal) que funciona como a roda denteada com múltiplos pontos de dificuldade no movimento (como se fosse uma catraca). OBS: o que significam? o Flacidez ou tônus reduzido. Causas comuns: lesão do neurônio motor inferior ou cerebelar. o Espasticidade: lesão do neurônio motor superior. Usualmente leva algum tempo para se desenvolver. o Rigidez e rigidez em roda dentada: síndromes extrapiramidais. Causas comuns: doença de Parkinson, fenotiazinas. Também podemos pedir para esticar o braço e fazer o movimento de colocar o dedo no nariz. Faz uma vez com olhos abertos e outra com eles fechados para avaliar tremor de intenção ou dismetria. 5. CONTENTE (COORDENAÇÃO) Avaliação do cerebelo, então uma parte fazemos na marcha e postura. Avaliar disdiadococinesia (paciente não consegue fazer movimentos alternados rápidos). Movimentos ponto a ponto: primeiro com olhos fechados e, depois, abertos. o Prova dedo nariz. 9 o Prova dedo – nariz – dedo. o Prova calcanhar – joelho (deitado). OBS: o Ataxia: sem ordem o Dismetria: erro no julgamento de distância, velocidade e direção. o Doença do cerebelo: ipsilateral.Decomposição do movimento, tremor de intenção, hipo e hipermetria. 6. REENCONTRAR (REFLEXOS) Sempre comparativo!!! Reflexo de biceps: 10 Nervo musculocutâneo. Raízes C5 e C6. Tem que percutir em cima do dedo. Reflexo de triceps Reflexo Braquiorradial Patelar 11 Nervo femoral. Raíz L3-L4. Aquileu Nervo tibial. Raízes S1-S2. Existem reflexos patológicos como Axias da face (glabelar, orbucular dos lábios, mandibular), Hoffman (percute a unha) e Babinski que significa lesão piramidal (tem que fazer um contorno da planta do pé, pela fácia lateral até antes do hálux e esperar uma extensão dos dedos). Anormalidades nos reflexos: • Reflexo aumentado ou clono: indica uma lesão do motoneurônio superior acima da raiz naquele nível. 12 • Reflexos ausentes: – Generalizados: indicam neuropatia periférica. – Isolados: indicam lesão do nervo periférico ou, mais comumente, lesão de raiz. – Reflexos aquileus ausentes bilateralmente: mais comumente indicam neuropatia periférica; também ocorrem com lesões bilaterais da raiz S1 ou, muito raramente, com lesões bilaterais do nervo ciático. • Reflexos diminuídos (mais difíceis de julgar): ocorrem na neuropatia periférica, na doença muscular e na síndrome cerebelar. N.B. Os reflexos podem estar ausentes nos estágios precoces da lesão do neurônio motor superior: ―choque medular‖. • Propagação do reflexo: o reflexo testado está presente, mas a resposta vai além do músculo que normalmente deveria contrair; por exemplo, os dedos fletem quando o reflexo supinador é testado, ou os adutores do quadril contraem quando é testado o reflexo patelar. A propagação do reflexo indica uma lesão do neurônio motor superior que se dá acima do nível de inervação do músculo para o qual o reflexo se propagou. • Um reflexo invertido: uma combinação de perda do reflexo testado com propagação do reflexo a um músculo em nível inferior. O nível do reflexo ausente indica o nível da lesão. Por exemplo, um reflexo bicipital está ausente, mas é produzida uma resposta no tríceps. Isso indica uma lesão do neurônio motor inferior no nível do reflexo ausente (nesse caso C5) com uma lesão do neurônio motor 13 superior abaixo, o que indica envolvimento medular no nível do reflexo ausente. • Reflexo pendular: isso é geralmente mais bem visto com o reflexo patelar, quando o reflexo continua a ocorrer por diversos ciclos. Associado à doença cerebelar. • Relaxamento lento do reflexo: especialmente visto com o reflexo aquilheu, pode ser difícil de perceber. Associado ao hipotireoidismo. 7. SEU (SENSIBILIDADE) Exteroceptiva: sempre perguntar pro paciente se ele está sentindo. o Dolorosa e Térmica (relacionados com o mesmo neurônio, então é só testar com um deles) o Tátil (chumaço de algodão ou pincel) Proprioceptiva: o Artrestesia (ou postural): o médico faz um movimento com o braço, por exemplo, e então o paciente tem que repetir o movimento sozinho. 14 o Cinestesia (movimentos passivos) o Palestesia ou sensibilidade vibratória (diapasão de 128 Hz) o Barestésica: aplicando pressão no braço e perguntando qual foi o ponto com maior pressão. Patologias: Hiperestesias, hipoestesias, anestesias, parestesias... 8. NAMORADO (NERVOS CRANIANOS) I – Olfatório Utiliza cheiros fortes como café, canela e baunilha. Fecha uma das narinas e pede para o paciente cheirar com a outra. II – Óptico Avaliar a acuidade visual, fotorreação, fundoscopia, acomodação e campo visual. Campo visual Ficar na frente, um braço de distância, do paciente na mesma altura dos olhos dele e pede para ele tampar um olho. Você tampa um olho seu e vê até onde o SEU campo visual vai. O paciente tem que acompanhar os seus dedos (fazendo números) por todo o campo 15 visual e ele terá que identificar os números mostrados. Fazer em 4 quadrantes (superior, inferior, lado temporal, lado nasal). Fotorreação (Reflexo fotomotor) Avaliar se as pupilas estão de tamanhos iguais, com costornos regulares. Dirija o foco da lanterna para um dos olhos, com o paciente olhando para longe e não para a luz, e observe a miose que ocorrerá nesse olho (reflexo direto) e a midríase no outro (indireto). Tem que repetir no outro olho o mesmo processo. Aferência: nervo óptico (I) Eferência: nervo oculomotor (III) Fundoscopia Avaliar retinopatias hipertensiva e diabética. Reflexo de acomodação Dedo do médico em direção a ponta do nariz do paciente III/IV/VI – Oculomotor, Troclear e Abducente 16 III: Olhar para cima, baixo e dentro. Abre o olho. Lesão nele causa ptose palpebral, exoftalmia e midríase. IV: Inerva o oblíquo superior. Olha para baixo. VI: Olha para fora. Lesão: olha para dentro. Movimentos oculares extrínsecos Tem que testar os movimentos oculares de perseguição, avaliar as pálpebras, pupilas. Segurar uma caneta verticalmente a aproximadamente 50 cm do paciente. Tem que pedir para o paciente seguir a caneta com os olhos, sem movimentar a cabeça, e que informe se está enxergando duplo. Você pode segurar a mandíbula, suavemente, para evitar que movimente a cabeça. Tem que acompanhar só com os olhos. Movimentar a caneta lentamente. o De um lado para o outro o Para cima e para baixo, a partir do centro o Para cima e para baixo, no extremo do olhar lateral Teste de convergência É preciso pedir ao paciente que olhe para longe e depois para o dedo do médico, posicionando 50 cm à sua frente. Gradualmente aproxime ainda mais o dedo dos olhos do paciente, observando o limite de convergência dos olhos. V – Trigêmeo 17 Tem que avaliar a sensibilidade dos três ramos do nervo trigêmeo. Palpar os músculos de mastigação (temporais, masseter e pterigoides). Teste os músculos da mastigação o Há atrofia do músculo temporal? o Peça ao paciente para cerrar os dentes. o Palpe o masseter e o músculo temporal. o Peça ao paciente que abra a boca contra a oposição da sua mão. o Resista à abertura da mandíbula com a sua mão sob o queixo do paciente. Observe se a mandíbula desvia para um dos lados. Reflexo mentoniano o Peça ao paciente que deixe a boca entreaberta e relaxada. Coloque o seu dedo no queixo do paciente. Percuta o seu dedo com o martelo de reflexos. Sinta e observe o movimento da mandíbula. Teste a sensibilidade facial (nervo trigêmeo: sensitivo) 18 o Teste a sensibilidade ao toque suave e à picada de alfinetes em cada divisão em ambos os lados: o V1: testa. o V2: bochecha. o V3: lábio inferior Sempre realizar de forma comparativa, ou seja, dos dois lados e com o paciente de olhos fechados. VII – Facial o Precisa avaliar a simetria da face. Pode pedir para o paciente sorrir, prender o ar com a bochecha, fazer bico, franzir a teste e fazer cara de surpresa. o Andar superior: inervado por 2 hemisférios o Andar inferior: hemisfério contralateral o Começa com andar inferior: pede para sorrir, encher a bochecha de ar, bico, fecha olho com força, franzir a testa. o Observar as pregas nasolabiais e as rugas na testa. o Observar os movimentos espontâneos: sorrisos, piscamento. 19 o Pedir para o paciente mostrar os dentes, assoviar. Sempre demonstrando. o Pedir para o paciente fechar os olhos e avalie a força tentando abrir. VIII – Vestíbulo-coclear Utiliza o diapasão, sempre segurando na base. Tem que colocar o diapasão vibrando, com as duas perninhas voltadas para o meato acústico. Tem que ouvir o mesmo som nos dois ouvidos. Coloca em uma orelha e, quando a paciente falar que escutou, tem que mudar para o outro ouvido imediatamente. Além disso, pode fazer novamente em uma orelha e esperar o som acabar e coloca o diapasão no seu ouvido para ver se realmente acabou o som. Se você perceber que existe hipoacúsia no exame, tem que fazer os testes de Rinnere Weber. Teste de Rinne: compara a audição aérea com a óssea. Posiciona o aiapazao e coloca a base dele no processo mastoideo atrás da orelha e, imediatamente, trás para o ouvido. O que se espera é que a audição aérea seja melhor do que a audição óssea. 20 Teste de Weber: Compara a transmissão óssea do estímulo nas duas orelhas. Coloca a base do diapasão no vértex (encontro dos parietais) e pergunta se o paciente está ouvindo. O que se espera em um paciente sem alterações é que não tenha diferença no som entre os ouvidos. IX e X – Glossofaríngeo e Vago O nervo vago inerva as vísceras. Do pescoço para cima é tudo igual. Reflexo de deglutição ou vômito (faríngeo ou palatino): elevação do palato e úvula (pede para abrir a boca, colocar a língua para fora e falar ―aaaa‖. 21 Para avaliar fraqueza tem que pedir para o paciente empurrar a língua contra a face interna da bochecha e teste a forca fazendo pressão em direção oposta. Repetir dos dois lados. Pedir pro paciente mover a língua para dentro e para fora, o mais rápido que puder e, também, de um lado para o outro. XI – Acessório Força do esternocleidomastóideo e trapézio (força contra). Esternocleidomastoideo: Peça ao paciente que faça força com a cabeça para a frente. Empurre para trás com sua mão sobre a testa do paciente. Observe ambos os esternocleidomastóideos. Peça ao paciente que vire a cabeça para um lado. Ofereça resistência ao movimento empurrando a testa. Observe o esternocleidomastóideo contralateral. Trapézio: Peça ao paciente que encolha e eleve os ombros. Observe a simetria. Empurre os ombros para baixo. XII – Hipoglosso Motricidade da língua. Examinar fazendo movimento da língua dentro e fora da boca. 9. IDIOTA (IRRITAÇÃO MENÍNGEA) Kerning, Brudzinski e rigidez de nuca. 22
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