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Semiologia Pediátrica Crescimento e Desenvolvimento infantil: O processo de crescimento e desenvolvimento do individuo consiste no período que vai desde o ovulo até a vida adulta. O crescimento e o desenvolvimento envolvem aspectos físicos, emocionais, intelectuais, comportamentais, sociais e culturais interação contínua entre potencial genético e o meio ambiente. Estágios da vida: embrionária fetal infantil adolescente > inicial (10-13 anos) > intermediário (14-16 anos) > tardio (17-20 anos) · Estratégias para promoção do crescimento e desenvolvimento: - promoção do aleitamento materno - orientação quanto a introdução de alimentos - prevenção de outras doenças imunopreveníveis - prevenção e tratamento de doenças respiratórias agudas - prevenção e tratamento de diarreias - prevenção de acidentes · Crescimento: O crescimento é uma alteração da forma, tamanho e função celular; relacionando-se com hipertrofia e hiperplasia celular. É quantitativo – avalia-se peso e altura. É um bom indicador da saúde da criança – estreita relação com fatores ambientais: alimentação, ocorrência de doenças, cuidados gerais e higiene, condições de habitação e saneamento básico, acesso à serviços de saúde. O crescimento sofre influências de fatores intrínsecos e extrínsecos: fatores extrínsecos: > concepção e ambiente da vida intra-uterina > ambiente em que a criança vive e cuidados dispensados a ela pelos pais (carinho) > estímulos e alimentação adequada (atividade física) fatores intrínsecos: > carga genética > características físicas > malformações > sistema neuroendócrino Muitos fatores contribuem para os “problemas” de crescimento, desde a herança genética até alterações na produção hormonal. As diversas partes e tecido do corpo apresentam ritmos de crescimento. Observação: período embrionário – maior aceleração de crescimento O período de crescimento intrauterino é o de maior velocidade de crescimento e de maior risco de agravos externos. O indicador que melhor retrata o que ocorre na vida fetal é o peso de nascimento. O baixo peso de nascimento <2500g, é mais decorrente em crianças prematuras ou que tenha tido um déficit de crescimento intra-uterino (SIUR). Os principais fatores que determinam baixo peso: álcool, fumo, drogas, doenças infecciosas, estado nutricional materno, idade materna, elevada paridade. Observação: baixo peso de nascimento = fator de risco a mortalidade perinatal. Quando a criança nasce, deve-se fazer algumas medidas: peso (estimando para classificação), medida do comprimento, perímetro cefálico, torácico e abdominal. Diante dessas medidas, coloca-se em um gráfico. A classificação consiste em: AIG, PIG e GIG. PIG: abaixo do percentil 10 (pequeno para a idade gestacional) AIG: entre os percentis 10 e 90 (adequado para a idade gestacional) GIG: acima do percentil 90 (grande para a idade gestacional). Observação: pode-se ter um PIG assimétrico ou simétrico, o qual leva em consideração todos os perímetros avaliados de acordo com o percentil. Ou seja, diz-se que o PIG é simétrico quando peso, estatura e PC são abaixo do percentil 10. A monitorização do crescimento deve ser realizada em todas as consultas pediátricas. No primeiro ano, pelo menos 7 consultas; no segundo, 2 consultas; e nos demais, 1 consulta de puericultura. 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 15 dias 1 mês 2 meses 4 meses 6 meses 9 meses 1 ano 18 meses 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos Os indicadores antropométricos para avaliação são: - peso/idade - estatura/idade - peso/estatura - PC/idade até os 2 anos - IMC 1. Evolução do peso: - perda de 3-10% nos 4 ou 5 primeiros dia - recuperação do PN entre o 8º e 9º dia de vida > ganho de 30g/dia – 1º trimestre > ganho de 20g/dia – 2º trimestre > ganho de 10g/dia – 2º semestre - entre o 5º e 6º mês: dobra o peso de crescimento - aos 12 meses: triplica o peso de crescimento - em relação ao peso aos 12 meses de vida: > dupla aos 5 anos > triplica aos 10 anos > quadruplica aos 14 ano Fórmulas para cálculo aproximado do peso ideal: Recém-nascido 2500-3750g 3 a 12 meses Idade (meses) + 9 / 2 2 a 6 anos Idade (anos) x2 + 8,5 7 a 15 anos Idade (anos) x3 +3 2. Comprimento/altura: Em menores de 2 anos é feito o comprimento (indivíduo deitado), enquanto maiores de 2 anos é feito a altura (indivíduo em pé). - primeiro ano de vida: > 15 cm no 1º semestre > 10 cm no 2º semestre - segundo ano de vida: > média de 10 cm - de 1 a 12 anos: > idade (anos) x6 +77 3. Perímetro cefálico: - ao nascer: > meninos >31,9cm > meninas >31,5cm - 1º trimestre: 2cm/mês - 2º trimestre: 1cm/mês - 2º semestre: 0,5cm/mês 4. Índice de massa corporal (IMC): Calculado para crianças acima de 2 anos. É um índice preditivo de doenças, ou risco de doenças em idades mais avançadas bem como para o diagnóstico atual. Observação: correlaciona o risco de obesidade detectada na infância continuar na idade adulta. · Desenvolvimento: Aumento da capacidade do individuo na realização de funções cada vez mais complexas. É um processo qualitativo, medido por testes ou provas funcionais (Teste de Denver). É um processo crânio caudal – relação com o meio, fixar o olhar, sorriso social, sustentação de cabeça, equilíbrio de tronco – do centro para periferia. O desenvolvimento da criança apresenta marcos motores e está associado a uma sequência previsível de comportamentos, camadas de marcos motores. Permite alcançar a posição ereta e aquisição de movimentos finos motores. É dividido em partes: motor grosseiro, motor fino (adaptativo), linguagem e social, pessoal - várias observações superam uma única - o atraso em uma das habilidades nem sempre é patológico. Deve-se chamar para um retorno mais precoce e avaliação do desenvolvimento - ocorre no sentido crânio-caudal e do centro para periferia - instrumento utilizado: teste ou provas funcionais – Teste de Denver - avalia-se questões neurológicas através de reflexos subcorticais reflexo de sucção, tensão plantar/palmar, Babinski, marcha Período neonatal (0-28 dias): Achados normais que desaparecem após um certo tempo, sendo o seu reaparecimento sinal de doença: - reflexo tônico cervical de Magnus-Klejn ou reflexo de retificação postural: desaparecem em torno do 1º e 2º mês de vida - reflexo de moro: desaparece até os 6 meses - sinal de Babinski bilateral: presente até os 18 meses Alguns reflexos reaparecem como atividade voluntária: - reflexo de preensão palmar: involuntária até o 4º-6º mês - reflexo de preensão plantar: desaparece até os 9 meses - reflexo de sucção: desaparece até os 3 meses; 6 meses (durante o sono) - reflexo de marcha: desaparece no 2º mês É importante diferenciar condições do RN; o mesmo não apresenta convulsão tônico-clônica generalizada, e sim focal (observar movimentos mastigatórios, sucção). Observação: alguns achados normais na criança podem persistir no adulto: reflexos profundos e superficiais (cutâneo abdominal) 2 meses: - postura tônico cervical assimétrica - sustenta a cabeça quando sentado - segue objetos ultrapassando linha média - sorri socialmente e reage ao som 4 meses: - postura simétrica com mãos abertas - pega objetos a distância, podendo soltá-los e leva-los à boca - colocada de bruços, levanta a cabeça e os ombros - emite sons, vocaliza - ri alto, excita-se ao ver comida - observa a mão 6 meses: - sentar com apoio - rola - transfere objetos de uma mão para outra - monossílabas (experimenta sons) - refere a mãe - gosta de espelho 7 meses: - sentar sem apoio inclinando para frente e com as mãos apoiadas - pega objetos com 3 dedos - lalação (mmmmm) - brinca com os pés e brinquedos 9-10 meses: - sentar sem apoio - engatinha - ficar de pé com apoio - “mama, dada” - atende ao seu nome - come biscoito sozinho, dá tchau e bate palminha - estranhamento (preferência por pessoas de seu convívio) - pegar objetos com o polegar e indicador 12 meses: - andar com apoio (12m) e sozinho (15m) - colocar os cubos dentro de uma vasilha e fazertorre de 2 cubos - virar página de livro - dizer 1/2 palavras - apontar partes do corpo - ajudar a se vestir 18 meses: - escalar escadas e cadeiras - imitar uma linha, fazer torre de 4 cubos - dar nome aos desenhos e objetos - usar colher - início do controle esfincteriano - retirar pecas de vestuário - brincar sozinho (finge que bebe água e come) Segunda infância: pré-escolar (2-6 anos): – aprimoramento das habilidades: > comunicação > locomoção: andar e correr com segurança, subir escadas > manuseio de objetos e jogos simbólicos > idade de explorar e brincar > capacidade de elaboração simbólica (falar de si, ser criativo na linguagem) > expectativas: predomínio das expectativas do pai - ao menor sinal de proibição: birras, chora, fica “cheia de vontades”, com tempos difíceis para pais e filhos - fundamental para o desenvolvimento na vida social. É preciso aprender a respeitar os limites impostos pela cultura e diferenças dos sexos e gerações - surgem manifestações de medo (escuro, água, animais domésticos) Desenvolvimento do escolar (6-12 anos): - é capaz de fazer uma avaliação própria e do outro - operações lógicas e concretas - desenvolvimento físico: perda dos dentes decíduos e tecido linfoide - desenvolvimento emocional e social: casa, escola e vizinhança TDAH e dislexia Desenvolvimento na adolescência (10-20 anos): - 3 períodos distintos: > inicial de 10-13 anos > intermediário de 14-16 anos > tardio de 17-20 anos - avaliar o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários estágio de Tanner - orientação sobre o uso de drogas, álcool, tabagismo, anabolizantes, práticas de esportes, IST, gravidez, acidentes e bullying · Estágios de Tanner: Avalia a presença de pelos pubianos, desenvolvimento da mama e pênis · Acompanhamento da criança: As respostas são esperadas para cada faixa etária, e a falha em alcançar algum marco de desenvolvimento deve ser avaliada por perto: antecipar a consulta seguinte avaliação do ambiente, relação com o cuidador, oferta de estímulos orientar a mãe para brincar e conversar com a criança durante os cuidados diários persistência do atraso por mais de 2 consultas ou ausência do marco: encaminhar para referência ou serviço maior Rayane Araujo Cavadas
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