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Demonstrações Financeiras Básicas A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin 5 • Introdução • Objetivo • Reserva Legal Nesta Unidade, iremos estudar as Demonstrações que auxiliam os usuários a entenderem as ações da administração quanto ao capital e ao patrimônio líquido. Para bem entender a DLPA e a DMPL, a orientação é se colocar no lugar de um investidor e questionar a empresa. Conheça o que representa uma DLPA, uma DMPL. · Nesta Unidade, iremos estudar a DLPA e a DMPL, demonstrações muito importantes para indicar as decisões da administração da empresa quanto ao capital e patrimônio líquido. · Os investidores e usuários da contabilidade têm sempre muito interesse em entender como a administração está se dando com o capital. Então, estas duas demonstrações (às vezes uma só, porque a DLPA está “embutida” na DMPL), que nem sempre recebem a atenção que merecem, trazem muitas informações. A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) • Retenção de lucros • Demonstraçâo das Mutações do Patrimônio Líquido 6 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Contextualização São quase 18h no departamento de RI (Relações com Investidores). A Analista de RI Madalena Kiwi conversa com a Dona Nair, que representa sozinha 10% das ações da empresa. Madalena Kiwi (Um tanto cansada, após uma conversa que já dura cerca de 10 minutos ao telefone). Isso mesmo, Dona Nair. Por uma decisão da Assembleia Geral Ordinária, este ano iremos distribuir menos de dividendos do que o tradicional. Dona Nair (Ainda preocupada) Então você me garante que a empresa não está enfrentando dificuldades? Madalena Kiwi (Compreensiva) Claro! Não está em dificuldades; ao contrário, nunca esteve tão forte! Mas é inegável que está enfrentando uma concorrência ferrenha com a Alemanha e a China. Se não for construída uma nova fábrica ainda no próximo ano, aí sim, teremos problemas. Mas fique tranquila, a empresa é sólida e nunca deixou de distribuir dividendos, apenas este ano vai distribuir um pouco menos. Dona Nair (Um pouco mais tranquila, mas ainda afoita e desconfiada). Tá bom, meu bem, me desculpa, acho que fui meio inconveniente. Mas é que eu tinha planos para os dividendos que a gente iria receber. Sabe! Desde a época que meu marido investiu em vocês, vocês nunca, nunca, nunca deixaram de pagar dividendos muito bons para a gente! Madalena Kiwi (Finalizando a conversa, mostrando real confiança. Não estava mentindo, falava a verdade para a Dona Nair, mas tinha medo que ela entendesse errado). Eu entendo Dona Nair! Fique tranquila. Olha, vou mandar para a senhora as últimas demonstrações contábeis e a DMPL. Assim que receber, me ligue, que eu vou explicar tudo direitinho para a senhora. Vai ver que dá orgulho investir nesta empresa. E eu tenho orgulho em trabalhar aqui! 7 Introdução Segundo Perosa e David (2014), baseados em CRC RS (2010, p.60), a DLPA (Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados): “é um relatório contábil destinado a evidenciar, num determinado momento, as mutações ocorridas nos resultados acumulados da organização”. Essas mutações devem ser apresentadas nos seguintes itens: a. Lucros ou prejuízos acumulados no início do período contábil; b. Dividendos ou outras formas de lucro declarados e pagos ou a pagar durante o período; c. Ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de correção de erros de períodos anteriores; d. Ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de mudanças de práticas contábeis; e. Lucros ou prejuízos acumulados ao fim do período contábil. A DLPA é obrigatória para todas as entidades, incluindo as Pequenas e Médias Empresas (PME), sendo que não é obrigatória para as Micro empresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP). Devem ser elaboradas conforme estabelecem as Leis 6.404/76 e 11.638/07, artigos 176 e 186, e de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade, em especial o da entidade, que afirma a autonomia patrimonial. Na realidade, essa é uma das características da convergência contábil às Normas Internacionais de Contabilidade, o que se torna obrigatório é outra demonstração (que iremos estudar na próxima Unidade), que é a DMPL, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, mas essa demonstração tem a DLPA “embutida”. Perosa e David (2014) nos explicam que Costa (2010, p. 75) diz que a DLPA pode ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), já que a Lei n.º 11.638/2007, quando estabelece os componentes do Patrimônio Líquido, no artigo 178 (item d), não descreve a existência da conta Lucros Acumulados, somente aparecendo a conta Prejuízos Acumulados. Assim explica Costa (2010, p. 75): Na verdade, a DLPA é parte da DMPL, pois esta última tem como objetivo evidenciar as transformações em todas as contas do Patrimônio Líquido ocorridas entre dois períodos. Como Lucros ou Prejuízos Acumulados se referem ao Patrimônio Líquido, estão incorporados na DMPL. (COSTA, 2010, p.75) 8 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) É interessante, então, para o nosso estudo, verificar o que Brasil (2007), Lei 11.638/07 expõe sobre essas demonstrações: Seção II Disposições gerais Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I. Balanço Patrimonial; II. demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III. demonstração do resultado do exercício; IV. demonstração dos fluxos de caixa (redação dada pela lei no 11.638, de 2007); V. se companhia aberta, demonstração do valor adicionado (incluído pela lei no 11.638, de 2007). Seção IV Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará: I. o saldo do início do período, os ajustes de exercício anteriores e a correção monetária do saldo inicial; I. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; I. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. § Parágrafo 1º. Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. § Parágrafo 2º. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia. Objetivo A DLPA torna evidente a movimentação da conta lucros ou prejuízos acumulados ocorrida no período. Para isso, apresenta os elementos que provocaram modificações para mais ou menos no saldo da conta lucros ou prejuízos acumulados. 9 O saldo inicial da DLPA reflete o saldo dessa conta no início do exercício, que deve ser exatamente o mesmo saldo que estiver no Balanço Patrimonial e, por meio de ajustes, acréscimos e subtrações, chega-se ao saldo final, que aparece no Balanço Patrimonial. A seguir, veremos a estrutura básica da DLPA. Estrutura da Demonstraçãode Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) A Estrutura da DLPA, conforme o artigo 186 da Lei das Sociedades Anônimas, é demonstrada na tabela a seguir. Tabela. Estrutura da DLPA. Estrutura da demonstração de lucros e prejuízos acumulados (DLPA) Valor Saldo inicial de lucro (prejuízo) acumulado em 31/12/20X6 (+) Ajustes de exercícios anteriores (=) Saldo ajustado (+) Reversão de reservas: • reservas para contingências • reservas de lucros a realizar (-) Destinação durante o exercício: • dividendosintermediários • capitalização de lucros acumulados + Lucro (prejuízo) líquido do exercício (=) Saldo à disposição da assembleia (-) Destinações: • reservas de lucros • dividendos obrigatórios (=) Saldo final do período em 31/12/20X7 Dividendos por ações Fonte: Lei 11.638/07, Art. 186. A seguir, estudaremos os componentes dessa estrutura. 10 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Saldo inicial do período Sempre na primeira linha, expõe-se o saldo da conta lucros ou prejuízos acumulados, constante do Balanço Patrimonial anterior. Ajustes de exercícios anteriores Quando as demonstrações financeiras de um exercício social são finalizadas e publicadas (nas empresas nas quais a publicação ao público for exigida) considerando o princípio contábil da competência e a convenção da consistência, e de acordo, também, com nossa legislação, o lucro líquido do exercício não deve ser influenciado por valores oriundos de outros exercícios. Assim, segundo Brasil (1976), a Lei das Sociedades Anônimas estabelece que: “(...) como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou de retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes”. Entende-se, então, que existem basicamente duas situações que podem originar ajustes de exercícios anteriores: » mudança de critério contábil; e » retificação de erro de exercício anterior. Vamos estudar mais detalhes essas duas situações I. Mudança de critério contábil » avaliação de estoque: passa de PEPS para MPM; » regime de contabilidade: passa de regime de caixa para o regime de competência; » avaliação e investimentos: passa do método de custo para o de equivalência patrimonial. Observações PEPS é um controle de estoques no qual os valores das mercadorias são considerados numa ordem em que “o primeiro que entra, será o primeiro que sai”. Assim, se uma empresa compra um lote de 5.000 televisores a R$ 1.000,00 a unidade e depois compra o mesmo modelo de televisor em um lote de 2.000 televisores a R$ 1.200,00, os primeiros cinco mil televisores a serem vendidos serão avaliados em R$ 1.000,00 e somente depois em R$ 1.200,00. Já na MPM (Média ponderada móvel), costuma-se realizar uma média dos valores das mercadorias. Não é muito comum a mudança de critério, mas pode ocorrer caso os gestores e o contador decidam que a mudança é benéfica em algum momento. II. Retificação de erro de exercício anterior » erro no cálculo do valor da depreciação; » erro no cálculo do imposto de renda ou falha na interpretação da legislação. 11 Observações Essas situações, nas quais há um erro no cálculo da depreciação e/ou um erro no cálculo do imposto de renda, devem ser evitadas, até porque geram desconfiança sobre a correção e a lisura dos processos. Mas são comuns, ocorrem no cotidiano das empresas com certa frequência. Destinações do lucro do exercício As destinações compreendem situações nas quais o lucro (se houver) é destinado a determinadas situações, estabelecidas pela legislação, pelo estatuto social da empresa e/ou por uma decisão dos sócios e/ou acionistas da entidade. Até o ano de 2007, entendia-se que se uma entidade obteve lucro, esse lucro poderia ser acumulado de um exercício social para o outro. Com a Lei 11.638/07 e a convergência às Normas Internacionais de Contabilidade, esse entendimento foi modificado. Entende-se agora que não se deve acumular lucros; se houver lucro, esse deve ser destinado, transferido a alguma reserva ou distribuído entre os acionistas ou sócios. Entende-se que apenas os prejuízos podem ser acumulados de um exercício social para o outro porque no caso de prejuízos, a intenção é a de que venham a ser recuperados no futuro com lucros. Observação É muito comum, por exemplo, que uma empresa em início de operações apresente prejuízo e, com o passar dos anos, venha a obter lucros. Assim, essas destinações são a formação ou reforços das chamadas “reservas de lucros”. Pode haver transferências de parcelas de lucro para a constituição ou reforço de reservas de acordo com as disposições estatutárias e com a proposta da administração para a destinação do lucro, a que deverá ser contabilizada pressupondo a sua aprovação pela Assembleia Geral. Com essa aprovação, a contabilização das reservas de lucros é efetuada a débito na conta lucros (ou seja, diminui a conta lucros) e a crédito da conta reserva de lucro, que estará sendo em constituição. A seguir, um exemplo: D – Lucros C – Reservas de lucros Iremos estudar, rapidamente, cada uma dessas reservas, que são as seguintes: 1. reserva legal; 2. reservas estatutárias; 3. reservas para contingências; 4. reserva de incentivos fiscais; 5. retenção de lucros; 6. reservas de lucros a realizar. 12 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Reserva Legal O objetivo da reserva legal é manter a integralidade de capital social e somente pode ser usada para compensar prejuízos ou aumentar o capital. Segundo Brasil (1976), a Lei 6.404/76, no Artigo 193 determina: Do lucro liquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá 20% (vinte por cento) do capital social. § Parágrafo 1º. A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva acrescido do montante das reservas de capital de que trata o parágrafo 1º. do art. 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social. Assim, para a constituição da reserva legal temos de prestar atenção a dois limites: a. limite obrigatório: o saldo da conta reserva legal não deve ultrapassar 20% do capital social realizado; b. limite facultativo: a reserva legal poderá deixar de ser constituída no período em que seu saldo, somado ao das reservas de capital, ultrapassar 30% do valor do capital social realizado. Reservas estatutárias As reservas estatutárias são reservas facultativas, porém, uma vez previstas no Estatuto, obrigam a empresa a constituí-las. O artigo 194 da Lei das Sociedades Anônimas estabelece que o estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma: I. indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade; II. fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; III. estabeleça o limite máximo de reserva. Reservas para contingências O objetivo das reservas de contingências é o de compensar, num período futuro, a diminuição de perda provável, cujo valor possa ser estimado, mas não há obrigação em se constituir essa reserva. Observação Imaginemos que uma empresa produz doces e se sabe que, por conta de condições climáticas, a próxima safra não terá a qualidade necessária para a fabricação da quantidade planejada de doces. O contador dessa entidade poderá, então, estimar o valor do prejuízo que será auferido no próximo exercício social e realizar uma reserva para contingências 13 A base legal a constituição dessa reserva é o Artigo 195 da Lei das Sociedades Anônimas: Diálogo com o Autor A Assembleia Geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercícios futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. §Parágrafo 1º. A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva. §Parágrafo 2º. A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificarem a sua constituição ou em que ocorrer a perda. Observação Em contabilidade, a palavra contingência significa algo incerto, que gera dúvidas sobre a maneira de ser tratado adequadamente. Reserva de incentivos fiscais Foi instituída, de acordocom Brasil (2007), pela Lei no. 11.638 e tem base legal para sua constituição no artigo 195-A: Art. 195 -A. A Assembleia Geral poderá, por proposta dos orgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório. Na hipótese de uma entidade receber R$ 5.000.000,00 a título de subversões governamentais para investimentos , o registro desse fato no livro diário seria: D – Lucros...................................... 5.000.000,00 C – Reserva de incentivos fiscais..... 5.000.000,00 Retenção de lucros Também conhecida como “reserva de bens para expansão”, “reserva para investimentos” ou ainda “reserva orçamentária”, a proposta é destinar parte dos lucros para a expansão das atividades da entidade. 14 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) De acordo com o artigo 196, da lei societária: Art. 196. A Assembleia geral poderá, por proposta dos orgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado. § Parágrafo 1º. O orçamento, submetido pelos orgãos da administração com a justificação da retenção de lucros proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de ate 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior, de projeto de investimento. Parágrafo 2º. O orçamento poderá ser aprovado pela Assembleia Geral Ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício e revisado anualmente, quando tiver duração superior a um exercício social. Observação O orçamento de capital, citado na lei, prevê o quanto a sociedade irá destinar para aplicação em imobilização, novos investimentos, expansões etc. Essa reserva também não pode ser constituída em detrimento da distribuição de dividendos, e o seu limite não pode ultrapassar o capital social, aplicando-se a ela o disposto nos artigos 198 e 199 da Lei das Sociedades Anônimas. Reserva de lucro a realizar É possível que uma parcela de lucro se refira a ganhos ainda não realizados financeiramente, se levarmos em conta o regime de competência e as vendas a longo prazo,. Assim, torna-se necessário, nesses casos, a constituição de uma Reserva de lucro a realizar. O Artigo 197 expressa o fundamento legal para a constituição da reserva de lucros a realizar: Diálogo com o Autor Art. 197. No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos termos do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício, a Assembleia Geral poderá, por proposta dos orgãos de administração, destinar o excesso da constituição de reservas de lucros a realizar. § Parágrafo 1º. Para efeitos deste artigo, considera-se realizada a parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma dos seguintes valores: I. o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial; II. o lucro, rendimento ou ganho líquido em operações ou contabilização de ativo e passivo pelo valor de mercado, cujo prazo de realização financeira ocorre apos o termino do exercício social seguinte. § Parágrafo 2º. A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para pagamento do dividendo obrigatório e, para efeito do inciso III do art. 202, serão considerados como integrantes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que foram os primeiros a serem realizados em dinheiro. 15 Além das reservas, uma destinação muito importante e que devemos estudar são os dividendos, que são a razão de muitos investidores manterem ações de uma determinada empresa. Eles estão interessados nos dividendos. Dividendos Os dividendos são a parte dos lucros que se destina aos acionistas da empresa e devem ser contabilizados no próprio exercício, o que significa um débito na conta lucros ou prejuízos acumulados (LPA), e um crédito a dividendos propostos, até a aprovação da Assembleia Geral, quando deverá ser transferido para a conta dividendos a pagar. Dessa forma, teremos os seguintes lançamentos contábeis: a. Pelo calculo do dividendo proposto a Assembleia Geral: D – Lucros ou prejuízos acumulados C – Dividendos propostos b. Com a aprovação da Assembleia Geral, o dividendo proposto passa a ser obrigação da empresa. Nesse caso, o lançamento contábil será: D – Dividendos propostos C – Dividendos a pagar c. Quando do pagamento efetivo do dividendo: D – Dividendos a pagar C – Banco conta movimento Os dividendos são descritos nos artigos 201 e 202 da Lei das Sociedades Anônimas: Diálogo com o Autor Seção III Dividendos Origem Art. 201. A companhia somente pode pagar dividendos a conta de lucro líquido do exercício, de lucros acumulados e de reserva de lucros; e a conta de reserva de capital, no caso das ações preferenciais de que trata o § 5º. do art. 17. Parágrafo 1º. A distribuição de dividendos com inobservância do disposto neste artigo implica responsabilidade solidária dos administradores e fiscais, que deverão repor a caixa social a importância distribuída, sem prejuízos da ação penal que no caso couber. Parágrafo 2º. Os acionistas não são obrigados a restituir os dividendos que em boa-fé tenham recebido. Presume-se a má-fé quando os dividendos forem distribuídos sem o levantamento do balanço ou em desacordo com os resultados deste. 16 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Dividendo obrigatório Art. 202. Os acionistas tem direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas (Redação dada pela lei no 10.303, de 2001): I – metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores (redação dada pela lei no 10.303, de 2001): a. importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e (incluída pela Lei no 10.303, de 2001); b. importância destinada a formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores (incluída pela lei no 10.303, de 2001); II – o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença seja registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197) (redação dada pela lei no 10.303, de 2001): » os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização (redação dada pela lei no 10.303, de 2001). Parágrafo 1º. O estatuto poderá estabelecer o dividendo como porcentagem do lucro ou do capital social, ou fixar outros critérios para determiná-lo, desde que sejam regulados com precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas minoritários ao arbítrio dos orgãos de administração ou da maioria. § Parágrafo 2º. Quando o estatuto for omisso e a Assembleia Geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido ajustado nos termos do inciso do deste artigo (Redação dada pela lei no 10.303, de 2001). § Parágrafo 3º. A Assembleia Geral pode, desde que não haja oposição de qualquer acionista presente, deliberar a distribuição de dividendo inferior ao obrigatório, nos termos deste artigo, ou retenção de todo o lucro líquido, nas seguintes sociedades (redação dada pela lei no 10.303, de 2001): I. companhias abertas exclusivamente para a captação de recursos por debêntures não conversíveis em ações (incluído pela lei no 10.303, de 2001). Parágrafo 4º. O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório no exercício social em queos orgãos da administração informarem a Assembleia Geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus administradores encaminharão a Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da Assembleia Geral, exposição justificativa da informação transmitida à Assembleia. § Parágrafo 5º. Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º. serão registrados como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situação financeira da companhia. § Parágrafo 6º. Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a 197 deverão ser distribuídos como dividendos (incluídos pela lei no 10.303, de 2001). Observação Os debêntures recebem todo um cuidado, porque se entende que erros no cálculo e manobras indevidas comprometem toda a credibilidade do mercado acionário. De acordo com o artigo 202, a interpretação a ser dada à palavra lucro deve ser a de “lucro ajustado”. Dessa forma, deve-se calcular o dividendo sobre o lucro ajustado, que é sempre a sua base de cálculo. 17 É necessário observar, principalmente, se o estatuto estabelece o percentual do dividendo. Em caso afirmativo, esse deverá ser o percentual aplicado sobre o lucro ajustado. Porém, se não houver percentual do dividendo, isto é, quando o estatuto for omisso, o percentual a ser aplicado sobre o lucro ajustado e de 50%. O lucro ajustado pode ser determinado de acordo com a tabela a seguir. Tabela - Cálculo do lucro ajustado. (-) Reserva legal (-) Reserva para contingência (+) Reversão de reserva para contingência = Lucro ajustado. Fonte: Lei 6.404/76. Demonstraçâo das Mutações do Patrimônio Líquido Martins, Miranda e Diniz (2014, p.48) comentam que a DMPL é uma demonstração “bastante útil, pois possibilita ao analista, ou usuário das demonstrações contábeis, conhecer toda a movimentação ocorrida nas diversas contas do Patrimônio Líquido durante o exercício”. Eles completam, comentando que “trata-se portanto, de informações que complementam as demais demonstrações, notadamente o Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício. Indo ao encontro de Perosa e David (2014), que comentaram que a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados poderá ser substituída pela demonstração das mutações do patrimônio líquido, Martins, Miranda e Diniz (2014, p.48) dizem o mesmo, sendo que esses autores complementam citando o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. A DMPL é mais completa, traz mais informações sobre a movimentação do Patrimônio Líquido, por isso, foi escolhida como obrigatória para apresentação. Operações que movimentam as contas patrimoniais Martins, Miranda e Diniz (2014, p.49) explicam quais as operações que movimentam as contas patrimoniais, baseando-se no trabalho de Assaf Neto (2010), que classificou as movimentações que afetam o Patrimônio Líquido em três grupos, conforme tabela a seguir: 18 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Tabela. Movimentações que afetam o Patrimônio Líquido. a) Movimentações que elevam o Patrimônio Líquido: Lucro líquido do exercício; aumento de capital por subscrição e integralização de novas ações; ágio cobrado na subscrição de ações e prêmios para debêntures etc. b) Movimentações que diminuem o Patrimônio Líquido: Prejuízo líquido do exercício; aquisição de ações da própria sociedade (ações em tesouraria); dividendos etc. c) Movimentações que não afetam o Patrimônio Líquido: Aumento de capital por incorporação de reservas; apropriação do lucro líquido da conta de lucros ou prejuízos acumulados para outras reservas; compensação de prejuízos através de reservas, etc. Fonte: Assaf Neto (2010). Uma característica do Patrimônio Líquido é o de não ter suas contas movimentadas com frequência. A conta Capital Social, por exemplo, raramente é movimentada e quando o é, depende de alterações nos contratos sociais. Bem diferente do Ativo Circulante ou mesmo do Passivo Circulante, que tem uma movimentação frenética. O CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, traz as seguintes orientações sobre como a DMPL deve ser elaborada: Diálogo com o Autor 106A. Para cada componente do patrimônio líquido, a entidade deve apresentar, ou na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas, uma análise dos outros resultados abrangentes por item (ver item 106 (d)(ii)). 106B. O patrimônio líquido deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial, as reservas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria, os prejuízos acumulados, se legalmente admitidos os lucros acumulados e as demais contas exigidas pelos Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC. 107. A entidade deve apresentar, na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas, o montante de dividendos reconhecidos como distribuição aos proprietários durante o período e o respectivo montante dos dividendos por ação. 108. Os componentes do patrimônio líquido referidos no item 106 incluem, por exemplo, cada classe de capital integralizado, o saldo acumulado de cada classe do resultado abrangente e a reserva de lucros retidos. 109. As alterações no patrimônio líquido da entidade entre duas datas de balanço devem refletir o aumento ou a redução nos seus ativos líquidos durante o período. Com a exceção das alterações resultantes de transações com os proprietários agindo na sua capacidade de detentores de capital próprio (tais como integralizações de capital, reaquisições de instrumentos de capital próprio da entidade e distribuição de dividendos) e dos custos de transação diretamente relacionados com tais transações, a alteração global no patrimônio líquido durante um período representa o montante total líquido de receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas, gerado pelas atividades da entidade durante esse período 19 Forma e Modelo de Apresentaçãode DMPL A preparação da demonstração das mutações do patrimônio líquido não traz maiores dificuldades porque se trata da simples transcrição, de forma ordenada, do movimento das contas. A apresentação, normalmente, é feita em quadro demonstrativo de dupla entrada, representando as contas nas colunas e as transações nas linhas. O CPC 26 traz um modelo completo de DMPL, que é exposto a seguir. Esse modelo traz, inclusive, uma evidenciação dos outros resultados abrangentes e da demonstração do resultado abrangente, que serão estudadas em outras disciplinas. Quadro. Modelo de DMPL. Fonte: CPC 26. 20 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Material Complementar Como material que irá ajudar no aprofundamento dos estudos, indicamos a leitura do artigo abaixo. Destinação Dos Lucros Após Lei 11.638/07: um estudo multicaso das empresas do setor de Tecnologia de Informação, sub-setor Computadores e Equipamentos. Resumo A Lei 11.638 promulgada em 28 de Dezembro de 2007 trouxe alterações significativas para a Contabilidade. Entre elas, destaca-se a destinação integral do lucro do exercício, a qual torna a conta lucros acumulados uma conta transitória usada para a transferência do lucro apurado do exercício. Neste contexto, o estudo busca responder: Após a reforma societária, Lei 11.638/07, de que forma as empresas do setor de Tecnologia de Informação, sub-setor Computadores e Equipamentos, estão alocando seus resultados positivos? Este estudo tem como objetivo verificar de que forma estas empresas estão destinando seus resultados positivos, após Lei 11.638/07, a qual torna obrigatória a destinação total dos Lucros. O estudo, considerando as suas particularidades, é exploratório quanto aos objetivos de pesquisa, com abordagem exploratória. Foi realizado um estudo multi caso com basenas demonstrações disponíveis no site da BOVESPA, o que caracteriza uma coleta documental quanto à técnica para a coleta de dados. Após a análise e interpretação dos dados, obteve-se como resultado que todas as empresas analisadas neste estudo estão destinando seus resultados positivos após a referida Lei, mas que as mesmas não conseguem esclarecer de forma objetiva e clara onde alocaram seus saldos positivos da conta Lucro ou Prejuízos Acumulados. Conclui-se que as Notas Explicativas têm- se uma linguagem excessivamente técnica e não esclarecem de forma objetiva as informações adicionais para a interpretação das demonstrações contábeis das empresas conforme solicita a lei contábil. Palavras - chave: Lucros Acumulados; Reservas de Lucros; Dividendos. Arquivo disponível em: http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/4CCF/20110113214119.pdf. http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/4CCF/20110113214119.pdf 21 Referências BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que específica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014 ______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/ l11638.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014 ______. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014 Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2014 Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento 26 (R1) Apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/ Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf> Acesso em: 01 jul. 2014 MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2013. 252 p. PEROSA, Cristiane; DAVID, Carine. A influência da análise das demonstrações contábeis no processo gerencial. Revista científica fazer, Erechim - Rs, v. 1, n. 3, p.23-40, 30 jun. 2014. Semestral. Disponível em: <http://www.faers.com.br/uploads/revista_fazer/ e2aad3fbe3b7582d20c4e5def1cfc180.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2014 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf http://www.faers.com.br/uploads/revista_fazer/e2aad3fbe3b7582d20c4e5def1cfc180.pdf http://www.faers.com.br/uploads/revista_fazer/e2aad3fbe3b7582d20c4e5def1cfc180.pdf 22 Unidade: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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