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AD2 - Turismo e Sociedade - ANDRÉA CRISTINA DURÃO FERREIRA - NITERÓI - 19217130181

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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro 
de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
 
AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA – AD2 
Período - 2019/2º 
Disciplina: Turismo e Sociedade 
Coordenadoras: Andreia Pereira de Macêdo e Celina Angélica Lisboa Valente Carlos 
 
 
Aluno(a): ANDRÉA CRISTINA DURÃO FERREIRA Matrícula: 19217130181 
 
Tendo como referência o artigo intitulado “Turismo para quem? conflitos acerca da 
manipulação de fluxos e da produção dos espaços turísticos” (Anexo AD2), responda 
as questões a seguir articulando a reflexão realizada pelo autor do artigo com 
temas abordados nas aulas 12, 14 e 15, como práticas de lazer e lazer turístico e 
políticas públicas de lazer. 
 
Questão 1 (valor: 4,0 pontos): 
O artigo considera que os espaços turísticos são produzidos e organizados a partir de 
mecanismos de separação e diferenciação social que resultam na adoção de 
estratégias de controle dos fluxos e acessos aos espaços turísticos. Aponte as 
diferenças que caracterizam as formas de uso do espaço de praias de Cabo Frio/RJ 
como opção de lazer e turismo por parte de grupos/segmentos sociais distintos. 
Mínimo de 15 linhas. 
Considerando que diferentes classes sociais o praticam, especial atenção foi 
dispensada à correlação entre as diferentes escalas de deslocamento de turistas de 
grupos sociais específicos, a como estas distintas grandezas de mobilidades refletem 
o poder que cada um destes grupos detém no campo social e aos mecanismos de 
controle destes fluxos. Para tanto será primeiramente abordado o caso do turismo 
praticado por moradores das áreas periféricas da metrópole do Rio de Janeiro na 
cidade de Cabo Frio, situada na região das Baixadas Litorâneas do estado do Rio de 
Janeiro, baseando-se em estudos realizados previamente. Esta prática ia de encontro 
a interesses de outras classes praticantes do turismo no mesmo local, além dos 
interesses dos próprios investidores do setor na cidade, o que gerou uma tensão 
social que resultou na estigmatização destes grupos desfavorecidos, recebendo 
inclusive o rótulo pejorativo de “farofeiros” por parte da população local e dos demais 
turistas. Assim, intervenções urbanas com o intuito de 3 extinguir a prática das então 
chamadas excursões de “farofeiros” 1 foram implementadas, procurando legitimar a 
exclusão destes grupos do cenário turístico de Cabo Frio e dificultando suas 
possibilidades de mobilidade. São consideradas, ainda, as conciliações de interesses 
e os conflitos que envolvem a legitimação destas exclusões, além das possíveis 
consequências das tentativas de controle de fluxos por parte das intervenções 
urbanas, como uma intensificação da fragmentação do território turístico cabofriense. 
O uso do espaço para as práticas de lazer e turismo no espaço de praias de 
Cabo Frio/RJ são compostas de excursões populares que são empreendidas por 
pessoas de baixa renda, que se organizam para um dia de lazer na praia arcando com 
as despesas do transporte utilizado na viagem, sendo o seu consumo no local de 
destino bastante restrito. Nesse contexto, medidas que procuram afirmar a exclusão 
dessas pessoas do cenário turístico da praia foram realizadas pela então 
administração municipal que pretendia inserir Cabo Frio no mercado turístico nacional. 
Os conflitos produzidos pela presença dos “excursionistas” pertencentes às camadas 
populares, ressaltando que as estratégias de segregação ou mecanismos de controle 
dos fluxos desses grupos sociais específicos foram apoiadas por atores locais, 
principalmente por empreendedores turísticos, comerciantes e moradores, e 
legitimadas pela administração municipal através de uma “política de ordenamento do 
espaço” da praia. 
 
Questão 2 (valor: 6,0 pontos): 
Considerando as políticas adotadas pela administração do município de Cabo Frio/RJ 
para a mediação dos conflitos de interesses produzidos pela presença de visitantes 
pertencentes às camadas mais pobres (“excursionistas” considerados 
pejorativamente como “farofeiros”), notadamente na Praia do Forte, comente as 
intervenções que procuram legitimar a exclusão das camadas populares do cenário 
turístico local. Mínimo de 15 linhas. 
Medidas e políticas públicas que procuraram afirmar e consolidar a exclusão 
destes grupos foram implementadas, inclusive com o apoio da população local. Com 
relação a este último ponto, a imagem dos excursionistas atribuída pelo senso comum 
era a de “arruaceiros” e de “mal-educados”, sendo constantemente responsabilizados 
por depredações de equipamentos urbanos e do ambiente natural. Esta visão era 
compartilhada pela população, de uma maneira geral, o que se une a imagem de 
turistas que só trazem malefícios para o local, não deixando benefícios financeiros, 
mas apenas desordem. Assim, as ações e intervenções da prefeitura foram 
legitimadas e apoiadas. Estas intervenções ocorreram essencialmente na praia do 
forte, principal ponto turístico do local. Tais estratégias incluíram a adoção do sistema 
de estacionamento obrigatório dos ônibus de turismo, cobrança de taxa do serviço do 
estacionamento (sendo as taxas maiores aplicadas aos excursionistas), além da 
instalação de barracas e quiosques no trecho da praia utilizado por esses grupos. As 
medidas adotadas conduziram um processo de segregação ou divisão social do 
espaço da praia, determinando quem usufrui e explora o lugar turístico. Com a 
justificativa de melhorias no ordenamento urbano, a qual partia da afirmação de que 
os ônibus de excursões causavam desordem no principal ponto turístico da praia do 
forte, estas medidas acabaram por redirecionar os ônibus de excursões para áreas 
periféricas e distantes da praia, desarticulando a prática turística destes segmentos 
mais populares. Na verdade, a imagem daqueles ônibus aglomerados e a existência 
de ambulantes que faziam parte da prática turística destes grupos acabavam por 
afetar negativamente a paisagem idealizada por outros turistas de classe média, o 
que poderia ter consequências diretas na diminuição dos fluxos destes “turistas 
desejados” para a cidade. O consequente redirecionamento dos fluxos das excursões 
para lugares distantes permitiu solucionar o que era um grande problema na visão da 
administração municipal, evitando o contato destes turistas de classe média com os 
“farofeiros” e intensificando as segregações e fragmentação do território. Mais tarde, 
o fluxo seria minimizado em decorrência da concessão da gestão da principal rodovia 
de ligação do município do Rio de Janeiro com a região dos lagos para a iniciativa 
privada, o que resultou na cobrança de um dos pedágios mais caros do estado e em 
mais um mecanismo de restrição da mobilidade dos grupos populares. No entanto, 
estas medidas acabaram por desconsiderar que a praia é de domínio público, 
infringindo no direito de ir e vir de um grupo social específico e resultando na 
privatização do espaço público. Ao invés desta privatização ter ocorrido via 
cercamento, com muros, ela se deu de maneira mais sutil, por meio de barreiras 
simbólicas, além das medidas econômicas mais diretas, consubstanciadas na 
cobrança de taxas para circulação de ônibus de turismo. Segundo Alcântara, a 
presença destes grupos sociais não podia ser tolerada pelos demais grupos, uma vez 
que estes não compartilham dos mesmos códigos sociais dos demais, causando a 
impressão de desordem justamente no local onde os grupos mais privilegiados se 
deslocavam à procura de tranquilidade e calma. 
Concluo que as práticas impostas à atividade excursionista na praia resultaram 
na exclusão dos grupos sociais de baixo poder aquisitivo, tradicionalmente 
frequentadores da praia, desrespeitando a regra democrática do direito de usufruto da 
praia como espaço público.

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