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TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA - TEA Me. Denise Marques Alexandre GUIA DA DISCIPLINA 2020 1 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. HISTÓRICO DO AUTISMO Objetivo Desvendar a trajetória histórica do conceito de autismo, podendo assim entender as mudanças de paradigma em relação as novas formas de compreensão diagnóstica. Introdução Atualmente se estima que 70 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo de autismo. Este transtorno atinge ambos os sexos e todas as etnias, mas tem suas maiores ocorrências entre o sexo masculino. É de suma importância que seja diagnosticado precocemente, para que o portador receba tratamento adequado, minimizando assim prejuízos sociais e de funcionamento cognitivo. Infelizmente a falta de informação ainda é empecilho para que muitas crianças sejam diagnosticadas e precocemente tratadas. Perpassando pela literatura é notório perceber que boa parte da população já ouviu falar sobre autismo, porém a percepção geral é que o autista seja um indivíduo isolado, que balance o corpo e fixe atentamente para um determinado objeto ou para alguma parte de seu corpo. Provavelmente essa cena estereotipada ilustra o que muitos abordam de “viver em um mundo paralelo”. Utilizaremos a imagem retratada nessa descrição para facilitar a compreensão da etimologia de autismo. A palavra autismo é proveniente da língua alemã conhecida como “autismus” e foi utilizada pelo psiquiatra Eugen Bleuler para se referir a um dos critérios adotados em sua época para a realização de um diagnóstico de paciente esquizofrênico que apresentava o comportamento de “retirar-se em seu próprio mundo”. O prefixo “autos” derivado do grego indica a ação de “voltar-se para si mesmo”. Estes critérios, os quais ficaram conhecidos como “os quatro ‘A’s de Bleuler, são: Alucinações; Afeto desorganizado; Incongruência; Autismo. 2 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Considerado um transtorno de neurodesenvolvimento, o autismo geralmente se manifesta nos primeiros três anos de vida e não existe cura documentada. Os indivíduos levemente afetados podem ter uma vida aparentemente normal e serem apenas considerados peculiares por apresentarem comportamentos pouco ajustados. Já os indivíduos afetados severamente podem até mesmo ser incapazes de cuidar de si mesmo. Uma intervenção precoce e intensiva, se feita até os cinco anos de idade, pode fazer diferenças significativas no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança e da família. Para estudar o autismo é importante compreender os diferentes aspectos de cada traço deste transtorno, bem como compreender as transformações diagnósticas que foram se configurando ao longo do tempo por diversos estudiosos. Observe no esquema abaixo algumas descobertas: Kanner (1943) ao acompanhar 11 crianças, identificou um menino, o qual descrevia da seguinte forma: “Perambulava sorrindo, fazendo movimentos estereotipados com os dedos. Girava com prazer qualquer coisa que pudesse apanhar para fazer rotação. Quando levado a uma sala, desconsiderava completamente as pessoas e se dirigia para um objeto. ” Hanz Asperger (1944) identificou uma criança com características diferentes, a qual Fonte da imagem: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo. png Fonte da imagem: Desenvolvido pela autora (2018) •Dr. Henry Maudsley descreve crianças com atraso do desenvolvimento da linguagem. •Diagnosticou como Psicose. Inglaterra, 1867 • Dr.Leo Kanner estudou um grupo crianças com `transtorno de desenvolvimento` • Identificou a característica : Incapacidade de se relacionar com as pessoas. EUA, 1943 • Psicólogo Bruno Bettelheim. • "As mães geladeiras": mães frias, sem sentimentos, que levavam os filhos a um isolamento mental. Chicago, 1950-60 http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png 3 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância descrevia assim: “Aprendeu a falar frases muito cedo e a se expressar como um adulto. Nunca conseguiu se integrar a um grupo de crianças brincando, falando sem timidez, mesmo com estranhos. Outro fenômeno estranho foi a ocorrência de movimentos estereotipados”. Os relatos acima nos exemplificam que o autismo apresenta diferentes características, sendo elas, leves ou mais severas. Este fato fez com que o autismo fosse compreendido através de um espectro. Desta maneira podemos distinguir autismo e TEA (transtorno do espectro autista), por intensidade e frequência dos mesmos sintomas, sendo eles, pertencentes as mesmas áreas: sociocomunicativa e comportamental. No passado, o autismo era compreendido com uma forma de psicose, mas a partir de 1980 foram surgindo novas tecnologias de estudo, que permitiam uma investigação mais minuciosa do funcionamento do cérebro. Conhecida como década do cérebro contava com exames como tomografia ou ressonância magnética que permitiam estudar as doenças por uma perspectiva mais detalhista e cuidadosa. Somente em 1980 foi denominado como transtorno autista, pois existia uma dificuldade na escolha do diagnóstico pelo fato de que as características se sobrepunham. O Autismo também chegou a ser considerado uma subcategoria do TGD (transtornos globais do desenvolvimento), que caracterizou melhor as particularidades do autismo, mas ainda gerava diagnósticos confusos. No século XXI, se institui espectro autista, também referido por desordens do espectro autista ou ainda condições do espectro autista. Ele é considerado um espectro de condições psicológicas caracterizado por anormalidades generalizadas de interação social Fonte da imagem: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png 4 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância e de comunicação, e por gama de interesses muito restrita e comportamento altamente repetitivo O TEA (transtorno do aspecto autista) é resultado de uma pesquisa, na qual foi descoberto que o autismo tem características que apareciam especificamente nos domínios da comunicação social e comportamentos. De acordo com o DSM-V (Manual Diagnostico e Estatístico dos Transtornos Mentais) foi definido pela presença de “Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, atualmente ou por história previa”. Dessa forma, os pacientes são diagnosticados apenas em graus de comprometimento, sendo assim, o diagnostico fica mais completo e amplia possibilidade de tratamento ajustado para cada caso. Conclusão Iniciamos nessa unidade a oportunidade de refletir sobre os principais impactos históricos que foram essenciais na transformação do conhecimento em relação ao transtorno do espectro autista. De fato, cada contribuição trouxe a possibilidade de ampliar autonomia no dia-a-dia das pessoas portadoras desse transtorno, bem como de todos aqueles que atuam e convivem com esse público. Como educadores, precisamos estar atentos e seguros em relação as terminologias utilizadas, por isso compreender a construção histórica do TEA nos fortalece em relação as particularidades do autismo e de tudo aquilo que envolve sua construção de conhecimento. Observando o desenvolvimento das pesquisas foi possível perceber o quanto tem se aprimorado através das contribuições históricas, principalmente quando se trata das questões diagnósticas. Vimos que se precocemente percebidas podem facilitar muitos Fonte da imagem: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutism o.png http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png 5 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância avanços clínicos, fazendo com que os portadores do transtorno possam ampliar sua autonomia e reduzir os danos. 6 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. COMPREENDENDO O AUTISMO Objetivo Revelar como a pessoa autista enxerga o mundo, quais são seus comportamentos e os critérios de funcionalidade para realizar atividades simples e desenvolver o intelecto. Introdução Para compreender o desenvolvimento humano é necessário conhecer que parâmetros são considerados importantes para cada fase da vida, partindo da gestação até a fase adulta. Quando falamos do autismo, tais parâmetros se tornam essenciais para identificar precocemente sintomas que configurariam traços do transtorno ou até os casos mais severos. Compreender esse transtorno pode ser relativamente simples quando estamos dispostos a montar o quebra- cabeça. Não é por acaso que fazemos a analogia entre o autismo e o jogo de quebra cabeça. Assim, como no quebra- cabeça se olharmos apenas para cada peça, estaremos focando para um dos sintomas envolvidos, com isso estaríamos avaliando de maneira parcial, sem compreender o desenho completo e o que o conjunto da obra representa. Como vimos o conceito de autismo sofreu uma série de mudanças ao longo do tempo. Sua denominação, sua definição e seu diagnóstico variaram em busca de uma elaboração conceitual que acolhesse mais adequadamente os casos. O termo autismo surgiu pela primeira vez oficialmente na Classificação Internacional de Doenças no CID-9 (1975) e esse conceito foi revisado por KRAMER et. al (1979) na qual o autismo foi concebido como um transtorno do desenvolvimento com os sinais e sintomas clínicos semelhantes aos descritos atualmente. A maioria dos estudos e pesquisas evidenciam que acompanhar os marcos do desenvolvimento facilitam a identificação de algumas alterações na primeira infância, fato Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw 7 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância importantíssimo quando se fala em autismo, pois quanto antes detectarmos as disfunções, maiores chances de um diagnóstico precoce. A identificação de sinais precoces do TEA, ou sinais de alerta, nos primeiros anos de vida (até 36 meses) é uma das prioridades na pesquisa sobre TEA, e envolve principalmente conhecimentos a respeito do desenvolvimento de aspectos relacionados à cognição social, que podem se manifestar de forma sutil ao longo do desenvolvimento (Ozonoff et al., 2010) Nesse sentido alguns autores argumentam que o TEA se configura mais como um desvio qualitativo do desenvolvimento do que pelo seu atraso (Bosa, 2009; Kupfer et al., 2009). São desvios que se referem tanto à manifestação atípica de um determinado comportamento (e.g. estereotipias) quanto à ausência de habilidades que deveriam estar presentes (e.g. atenção compartilhada) em cada faixa etária. Atualmente, o critério do manual médico divide o autismo na funcionalidade, ou seja, na capacidade de realizar atividades simples e desenvolver o intelecto. Baixa funcionalidade: mal interagem. Em geral, vivem repetindo movimentos e apresentam retardo mental, o que exige tratamento pela vida toda. Média funcionalidade: são os autistas clássicos. Têm dificuldade de se comunicar, não olham nos olhos dos outros e repetem comportamentos. Alta funcionalidade: também chamados de aspies, têm os mesmos prejuízos, mas em grau leve. Conseguem estudar, trabalhar, formar família. Síndrome de savant: cerca de 10% pertencem a essa categoria, marcada por déficits psicológicos, só que detentores de uma memória extraordinária. Nessa perspectiva, podemos observar o mundo singular dos indivíduos com autismo, muitas vezes a dificuldade de interpretar os sinais sociais (habilidade social) e as intenções dos outros impede que as pessoas com autismo percebam corretamente algumas situações no ambiente em que vivem. Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw 8 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A tríade de sintomas do funcionamento autístico norteia os principais aspectos apresentados pelas pessoas com autismo, por exemplo, no que se refere a socialização, veremos vários níveis de gravidade partindo desde a pessoa que apresenta dificuldades sutis, chamada de traços do autismo até as que apresentam problemas mais severos se isolando num mundo impenetrável. Para todos aqueles com traços ou diagnóstico de autismo, uma coisa é universal: o contato social é sempre prejudicado. É possível observar que muitos se isolam em seus "mundinhos" por serem extremamente sensíveis, sendo assim o contato social lhes parece algo ameaçador. No que se refere a linguagem as pessoas com autismo apresentam grandes dificuldades na capacidade de se comunicar pela linguagem verbal e não verbal e, com isso, permanecem isoladas e distantes em seus mundinhos particulares. Na maioria das vezes problemas na evolução da linguagem constituem os primeiros sinais de que o desenvolvimento de uma criança não está́ conforme o esperado e podem sugerir um funcionamento autístico. Para completar a tríade do funcionamento autístico, falaremos das disfunções comportamentais que independem da nacionalidade, raça ou credo desses indivíduos. Os comportamentos das pessoas com autismo, assim como a socialização e a linguagem, possuem um espectro de gravidade e são divididos em duas categorias: comportamentos motores estereotipados e repetitivos e comportamentos disruptivos cognitivos. Observe o quadro a seguir com a descrição dos comportamentos: COMPORTAMENTOS MOTORES ESTERIOTIPADOS pular, balançar o corpo e/ou as mãos, bater palmas, agitar ou torcer os dedos e fazer caretas COMPORTAMENTOS DISRUPTIVOS COGNITIVOS compulsões, rituais e rotinas, insistência, mesmice e interesses circunscritos Fonte da imagem: Desenvolvido pela autora (2018) 9 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Os comportamentos estruturam as condutas apresentadas pelas pessoas com autismo, muitas vezes o que consideramos inadequado socialmente, para o autista é a forma que ele interpreta o mundo. É comum, por exemplo, uma criança autista, em vez de pegar o carrinho e brincar como se estivesse em uma rodovia, ficar apenas girando e olhando a rodinha do brinquedo. O fato de compreender o autismo amplia a visão que cada pessoa autista é um mundo que se desabrocha a nossa frente, apesar das dificuldades na interação social, em maior ou menor grau, vimos nessa unidade que é possível estabelecer caminhos para compreender o autismo. Conclusão Agora que já descobrimos um pouco mais sobre o autismo é possível associar que ele funcione como um espectro de cores, que iria do branco até́ o preto, passando por todos os tons de cinza. E de acordo com as variações da tríade de funcionamento autístico que engloba as áreas social, de comunicação e de comportamento, cada caso apresentaria uma tonalidade de cinza que estabeleceria um determinado funcionamento. Como vimos no decorrer da unidade, nem sempre todas essas dificuldades aparecem juntas no mesmo caso e muitas vezes, os sintomas do autismo podem se configurar mais como uma vantagem do que como um problema. Afinal, de acordo com cada tonalidade de cinza se configura um espectro autista ampliando a diversidade de casos. Nessa perspectiva, encerramos a unidade com a pergunta: será que o autismo é um comportamento diferente ou uma forma de existir distinta? Afirmo que nas próximas unidades iremos aprender um pouco mais sobre essa maneira distinta de existir. 10 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. DEFINIÇÃO E DIAGNÓTICO DO TEA Objetivo Compreender a definição do Transtorno Espectro Autista e suas características diagnósticas. Introdução O principal objetivo dessa unidade é apresentar uma revisão acerca do que vem a ser o transtorno do espectro autista e ressaltar os fatores fundamentais que devem ser considerados durante o processo diagnóstico. Como vimos, de acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), de 2013, os critérios para que um caso de Autismo seja identificado envolvem alguns diagnósticos que variam conforme a área de menor ou maior prejuízo para o indivíduo. O diagnóstico de autismo é estabelecido com base em uma lista de critérios comportamentais que através da observação, descrição e categorização de sinais e sintomas, auxiliam na identificação da causa, na previsão de sua possível evolução e no planejamento terapêutico. Atualmente, acerca do diagnóstico do TEA, tem-se como referência o DSM-5 que apresenta uma nova classificação abrangendo as seguintes condições: Interação Social Comunicação Comportamento Fonte: Baseado na APA - American Psychiatric Association (2014) 11 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Frequentemente as pessoas com TEA apresentam uma ausência de habilidade na comunicação e na interação social que se manifestam em três características: déficit na reciprocidade socioambiental, déficit no comportamento não-verbal para a interação social e déficit no processo de desenvolver ou manter um relacionamento. Já os padrões restritos no comportamento são manifestados por, pelo menos, dois destes itens: fala, movimentos motores ou uso de objetos de maneira repetitiva, adesão excessiva a rotinas, rituais verbais ou não-verbais ou excessiva relutância a mudanças, interesses fixos e altamente restritos, hiper ou hipo-reatividade a percepção sensorial de estímulos ou interesse excessivo para estímulos senso-perceptivos. De acordo com Belisário Filho (2010) esse transtorno se caracteriza pela presença de um desenvolvimento acentuadamente prejudicado na interação social e comunicação, além de um repertório marcantemente restrito de atividades e interesses. Para quem acompanha o ambiente escolar é possível verificar que as manifestações desse transtorno variam imensamente e os alunos com TEA apresentam diversas formas de ser e agir, com respostas diferentes entre si. Desse modo, profissionais da saúde, educação e áreas afins, que tenham a infância como especialidade, devem estar cada vez mais preparados para se deparar com casos de autismo nas suas práticas. Embora já existam grandes avanços em relação à identificação precoce e ao diagnóstico de autismo, muitas crianças, especialmente no Brasil, ainda continuam por muitos anos sem um diagnóstico ou com diagnósticos inadequados. Sendo assim, vale salientar que existem alguns sinais em relação ao desenvolvimento infantil chamados de risco ou alerta, e para os quais devemos estar sempre atentos. Caso, você professor, suspeite que seu aluno possa estar dentro da categoria autista, observe os seguintes comportamentos: Redução de contato visual; Rigidez no comportamento e rotinas. Atraso na aquisição de linguagem; Não responder ao ser chamado pelo nome; Presença de respostas anormais a barulhos e tato; 12 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Produção frequente de vocalizações sem uso funcional; Interesses específicos muito exagerados, que comprometem as interações sociais com colegas; Prejuízo da crítica em relação a situações de perigo; Capacidade de imaginação, fantasia e criatividade reduzidas; Entre outros. Após a observação, caso algum aluno apresente esses sinais de risco ou alerta, informe o mais breve possível seus pais e/ou responsáveis para um rápido encaminhamento para os profissionais de saúde. Lembrem que o diagnóstico precoce reduz a possibilidade de maiores danos no neurodesenvolvimento desse aluno. Diagnóstico Clínico do TEA Nesse quadro, o diagnóstico do transtorno mostra-se fundamental tanto para as famílias, quanto para as próprias pessoas com TEA, norteando tratamentos, intervenções, e contribuindo para que todos conheçam melhor as características próprias do transtorno. Hoje, constata-se que, embora as características diagnósticas sejam estudadas há mais de seis décadas, ainda permanecem inúmeras divergências e questões a serem respondidas nesse campo de investigação (MELLO, 2003). Área Médica • Classificação do indivíduo buscando critérios clínicos. Encaminhamento para especialistas. Médico Psiquiatra ou Neuropsiquiatra • Se apoiam nos relatos dos pais/responsáveis e/ou professores sobre a observação da crianca e seu desenvolvimento comportamental. Avaliação de Psicólogos e Psicopedagogos • Auxílio para contribuir com o desenvolvimento biopsicossocial. Fonte: Baseado na APA (2014) 13 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Como vimos na unidade anterior, o autismo funciona como um espectro de cores, que iria do branco até́ o preto, passando por todos os tons de cinza. As variações transitam pela tríade de deficiências nas áreas social, de comunicação e de comportamento, mas nem sempre todas essas dificuldades aparecem juntas no mesmo caso. Há pessoas com comprometimentos sociais, mas sem problemas comportamentais; e há́ casos de disfunções comportamentais sem atraso de linguagem, porém em todos os casos as dificuldades na interação social aparecem, em maior ou menor grau. De maneira geral, o TEA é diagnosticado apenas após a idade média de cinco anos. Entretanto, nessa fase, as crianças com autismo já́ enfrentam graves problemas de convivência social e linguagem, o estabelecimento de comportamentos repetitivos e rotinas não funcionais (BOURZAC, 2012). Para compreender melhor, o lado mais leve do espectro (a cor branca ou o tom mais claro de cinza), encontramos pessoas com apenas "traços" de autismo, que não teriam todos os comprometimentos, mas apenas algumas dificuldades por apresentarem certas características autísticas. Na próxima gradação da escala, ainda mais próximo do tom de cinza mais escuro do espectro estão os indivíduos de alto funcionamento com autismo, sendo caracterizados como indivíduos que não apresentam déficits cognitivos, ou seja, retardo mental, mas que tiveram atraso na linguagem. Na extremidade desse espectro, no tom que mais se aproxima do preto, está o autismo grave, ou o autismo associado ao retardo mental e a dificuldades de independência, o que geralmente é chamado de autismo clássico e, muitas vezes, é como as pessoas imaginam alguém com autismo que apresenta grande dificuldade de interação social e não faz contato visual. Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw 14 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Níveis de Gravidade para o TEA Nível de Gravidade Comunicação Social Comportamentos Repetitivos e Restritos Nível 1 (Leve) Crianças desse nível costumam ter dificuldade para iniciarem uma interação social com outras pessoas. Além disso, também podem apresentar pouco interesse por essas interações sociais. A inflexibilidade do comportamento interfere diretamente no funcionamento de um ou mais contexto. As crianças também tem dificuldade significativa em trocar de atividade e problemas de organização e planejamento são obstáculos à sua independência. Nível 2 (Médio) Nesse nível, as crianças apresentam um grave déficit nas suas habilidades sociais, sejam elas verbais ou não. Além disso, também possuem prejuízos sociais mesmo quando recebem apoio e limitações para iniciar algum tipo de interação. Caracterizado pela inflexibilidade do comportamento, a criança também tem dificuldade em lidar com mudanças, além de apresentarem comportamentos restritos/repetitivos frequentemente. Nível 3 (Grave) Crianças com Autismo de nível 3 tem déficits graves na comunicação verbal e não verbal. Também tem dificuldade em iniciar uma interação social ou se abrir a alguma que parta de outras pessoas. Quanto aos comportamentos, as crianças em nível 3 possuem os mesmos apresentados pelas crianças em nível 2. Conclusão Com base no que vimos, é importante lembrar que os sintomas do TEA se apresentam de forma heterogênea, ou seja, cada criança possui um jeito muito particular de ser. Eles variam intensamente quanto ao grau de comprometimento, associação ou não com deficiência intelectual e com presença ou não de fala. Podemos dizer que essas variações e o momento do diagnóstico influenciam demasiadamente o desfecho e a definição da resposta aos tratamentos e sua evolução. Sabemos que os sintomas existem e com eles uma infinidade de desafios, por isso precisam ser minimizados, sendo assim, independente do nome que o transtorno tenha ou Fonte: https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-autismo-sintomas-tipos-infantil-leve-e-mais/#tipos-niveis-autismo 15 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância sua origem a grande questão e ampliar as possibilidades de melhora do indivíduo autista. Como já vimos no decorrer da disciplina, as dificuldades que as pessoas com funcionamento autístico apresentam são inúmeras, e com variados níveis de comprometimento, partindo desde os traços com sintomas moderados até́ a falta total de interação social. PARA RELEMBRAR! • Transtorno de Desenvolvimento com anormalidade de comportamento. • Identificado antes dos 03 anos de idade. • Apresenta limites na interação social e comunicaçção, promovendo um comportamento restrito e repetitivo. Organização Mundial da Saúde (OMS) 16 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. TEA: CONTEXTUALIZAÇÃO, INCLUSÃO E INTERVENÇÃO Objetivo Apresentar dados e questões que implicam o transtorno espectro autista. Introdução Compreender o fenômeno do Autismo vem sendo um grande desafio para ciência e principalmente para os profissionais da área da saúde e da educação que lidam diretamente com esta demanda tão diversa, pois as manifestações desse transtorno imensamente dependendo do nível de desenvolvimento e idade. Segundo OMS, temos em média 70 milhões de pessoas acometidas pelo transtorno do espectro autista em todo mundo, e cerca de 2 milhões no Brasil. De acordo com OPAS/OMS, o Brasil em 2017 apontou que uma em cada 160 crianças apresentam o transtorno do espectro autista. Sabemos que esse tipo de transtorno tem seu início na infância persistindo na adolescência e na idade adulta. Observe o quadro abaixo que aponta a prevalência de autismo em 2018: Para tanto, a intervenção em pessoas com TEA precisa ser acompanhada por ações mais amplas, tornando ambientes físicos, sociais e comportamentos mais acessíveis, inclusivos e de apoio. Porém, a realidade é outra, conforme aponta o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas Fonte:https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8 &ved=2ahUKEwjH7LO_5_TdAhVEjJAKHVIhDHcQjRx6BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Ftismoo.us %2Fdestaques%2Fcdc-divulga-novos-numeros-utismo-nos-eua-1-para- 59%2F&psig=AOvVaw2KDv5sCN0zOpLqWMHqf-3v&ust=1539018131961186 17 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância de São Paulo: “A situação dessas pessoas pode ser considerada alarmante. Há cerca de 2 milhões de autistas no país. Desses, 95% estão completamente desassistidos, nem diagnóstico têm”. (REVISTA SAÚDE, 2015). Ele ressalta ainda, sobre a lei que garante a eles os mesmos direitos de outros indivíduos com alguma deficiência, mas que ainda não se concretizou efetivamente. A lei 12.764 que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA, considera as pessoas autistas como pessoas com deficiência dando-lhes assim, os mesmos direitos nas políticas de inclusão e principalmente no que tange à saúde e educação. Esta legislação teve muita importância por propiciar para as pessoas com autismo os mesmos benefícios das leis para as pessoas com deficiência: 1o para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II: I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; II - Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos. § 2o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. (Lei 12.764 - BRASIL, 2012). No que se refere à Educação, o autista tem direito de estudar em escolas regulares, tanto na Educação Básica quanto no Ensino Profissionalizante, e, se preciso, pode solicitar um acompanhante especializado. “Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2o, terá direito a acompanhante especializado. ” (Lei 12.764 - BRASIL, 2012). Neste sentido, deve-se pensar a educação especial como um espaço que favoreça o desenvolvimento de um trabalho que possibilite aos docentes lidar com as restrições, limitações e as dificuldades dos alunos com ou sem deficiência. Vimos que a lei em si não garante a inclusão na prática, e esta não pode ser vista apenas como tarefa do professor, mas de toda a escola e da rede de ensino. 18 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Portanto é necessário ter conhecimento acerca do transtorno, compreender que aquele aluno processa as informações de maneira diferente, tem resistência a mudanças e também pode ser mais sensível ao barulho. Neste cenário de Educação Inclusiva a figura do professor do Atendimento Educacional Especializado, por meio do Trabalho Colaborativo, se estabelece como um agente participativo no processo de ensino e aprendizagem destes alunos público alvo da Educação especial O professor de AEE (Atendimento Educacional Especializado) tem competência para auxiliar na elaboração das estratégias e planejamento na escola, de recursos e na organização da rotina de acordo com as necessidades visualizadas para os alunos com transtorno. Segundo Pinheiro (2017) o Atendimento Educacional Especializado segue a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, designado ao atendimento de crianças com necessidades especiais, com deficiência, transtorno de desenvolvimento ou altas habilidades oferecendo espaços e salas de recurso multifuncionais. Este serviço identifica, organiza e elabora recursos pedagógicos e de acessibilidade no intuito de eliminar barreiras que possam impedir a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. A partir da Lei 12.764 e da luta de movimentos científicos e sociais, entidades e associações de pais de pessoas com transtornos do espectro do autismo, conquistaram direitos, no campo da Saúde, visando a construir equidade e integralidade nos cuidados às pessoas com TEA. O documento é referente às diretrizes de atenção a reabilitação da pessoa com Transtorno Espectro Autista, tendo como objetivo oferecer orientações às equipes multiprofissionais dos pontos de atenção da Rede SUS no atendimento a pessoa com TEA e de sua família nos diferentes pontos de atenção da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. (Brasil, 2014, p.6) No que se refere às intervenções o tratamento especializado de uma equipe multidisciplinar (psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, educadores), equoterapia, terapia de integração sensorial e educação física trabalhando de forma integrada bem como o engajamento familiar. 19 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância TRATAMENTOS Equoterapia Equoterapia, como relata Freire e Potsch (2005), destacam que as terapias usando cavalo podem ser consideradas como um conjunto de técnicas reeducativas que agem para superar danos sensoriais, motores e comportamentais, através de uma atividade lúdico-desportiva, que tem como meio o cavalo. Fonoaudiologia Na fase de 0 a 2 anos, o acompanhamento da criança com um fonoaudiólogo é essencial, pois isso irá ajudá-la a desenvolver a linguagem não- verbal. A estimulação pode ser feita através de jogos e brincadeiras, contação de histórias e conversas Conclusão Ao contextualizar questões pertinentes ao Transtorno Espectro Autista, referente à incidência de pessoas com algum traço autista apresentando dados da OMS, bem como a lei que regulamenta TEA como deficiência garantindo direitos educacionais e diretrizes de atenção na rede de saúde, é necessário para compreender o universo que este transtorno está inserido e suas peculiaridades. Vimos que garantir a inclusão da pessoa com TEA no âmbito educacional é uma responsabilidade de todos os atores educacionais e como aprofundar o conhecimento pode propiciar estratégias de intervenção e desenvolvimento de habilidades permitindo a integralidade da pessoa humana. Fonte da imagem: https://medium.com/tismoo-biotecnologia/a-sutil- diferen%C3%A7a-entre-o-autismo-e-a-apraxia-de-fala-8a9a48927430 Fonte da imagem: http://enfrentandooautismo.blogspot.com/2012/09/equoterapia- pode-estimular-fala-e.html http://enfrentandooautismo.blogspot.com/2012/09/equoterapia-pode-estimular-fala-e.html http://enfrentandooautismo.blogspot.com/2012/09/equoterapia-pode-estimular-fala-e.html 20 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Dica de Filme: Sinopse – Jovem autista luta para ter uma vida normal. Incentivada pelo professor, ela chega à universidade e usa sua sensibilidade e habilidade com os animais para criar uma técnica que revoluciona a indústria agropecuária dos Estados Unidos. 21 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. INTERVENÇÕES: LINGUAGEM E COMPORTAMENTAL Objetivo Conhecer as intervenções mais indicadas para o tratamento de pessoas com TEA. Introdução A intervenção da pessoa com TEA conforme vimos anteriormente é fundamentada no atendimento especializado multiprofissional abordando as condições heterogêneas e complexas de cada criança. Deste modo a abordagem terapêutica é composta de várias estratégias psicoeducacionais, psicológicas, fonoaudiólogas e sensoriais para que a criança se desenvolva na sua integralidade. Segundo Silva (2012) o tratamento psicológico consiste no desenvolvimento de comportamentos funcionais e redução dos comportamentos inadequados e são utilizados técnicas e métodos fundamentados em princípios comportamentais. Os modelos mais adotados em pacientes com TEA são o TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communication handicapped CHildren), o ABA, e o PECS (Picture Exchange Communication System) porém com pouca bibliografia no Brasil. TEACCH - (Treatment and Education of Autistic and related Communication handicapped Children) O método TEACCH foi criado nos anos 60 no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, EUA. Foi idealizado pelo Dr. Eric Shoppler e atualmente tem como responsável o Dr, Gary Meisbov. (Mello, 2007, p. 34). Envolve esferas de atendimento educacional e clínico e combina diversos materiais concretos e visuais que ajuda a criança estruturar seu ambiente e sua rotina. Para Mello (2007) o método consiste na avaliação do perfil da criança frente seus pontos fortes e suas dificuldades. Baseia-se na organização do ambiente físico através de rotinas – organizações de quadros, painéis ou agendas, sistemas de trabalho, de forma a 22 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância adaptar o ambiente para tornar mais fácil para a criança compreende-lo, assim como compreender o que se espera dela. (Mello, 2007, p. 35) Tem como premissa o desenvolvimento da independência mesmo necessitando do professor para aprendizagem, uma vez que a criança consegue uma estrutura externa, pela organização de espaço, materiais e atividades, permitindo criar mentalmente estruturas internas, transformando-as em estratégias, para que possam crescer e se desenvolver de forma que consigam o máximo de autonomia na idade adulta. (Silva, 2012, p. 153). Atividade Corte Recorte Educativo TEACCH ABA – Análise aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis) Ivar Lovaas foi o pioneiro na utilização da intervenção ABA nessa população e atualmente, é uma das abordagens mais indicadas, uma vez da comprovação de sua eficácia. Tem seus princípios na teoria comportamental e visa observar, analisar e explicar a relação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem. Pereira apud Lima (2015) aponta que todo comportamento é aprendido, desde modo é possível ensinar a criança a exibir comportamentos mais adequados no lugar de comportamentos – problema. Envolve o ensino intensivo e individualizado das habilidades incluindo comportamentos sociais, tais como contato visual e comunicação funcional; comportamentos acadêmicos, como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática; além de atividades da vida diária como higiene pessoal, questões necessárias para que o indivíduo possa adquirir independência e a melhor qualidade de vida possível. Tem como base os princípios da Análise do comportamento para aumentar o repertório de comportamentos funcionais (ex.: reforço positivo, esquemas de reforçamento, imitação, 23 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância modelagem) e diminuir comportamentos pouco adaptativos (extinção, reforçamento diferencial). É indicado em todos os contextos que a criança vive como família e escola. Sistema de Comunicação por da troca de figuras (PECS). Para Mello (2007) PECS é um sistema que auxilia crianças e adultos no desenvolvimento da habilidade de comunicação. O método faz uso de figuras o que facilita a comunicação e a compreensão, por estabelecer uma associação entre a atividade e o símbolo. Quando uma criança com autismo precisa algo, ela entrega uma figura que representa o seu desejo. Ex.: ir ao banheiro, comer, ajuda etc. Fonte: https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs -sistema-de-comunicacao-por-troca-de- imagens/ Fonte: http://www.universoautista.com.br/auti smo/modules/works/item.php?id=14 https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs-sistema-de-comunicacao-por-troca-de-imagens/ https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs-sistema-de-comunicacao-por-troca-de-imagens/ https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs-sistema-de-comunicacao-por-troca-de-imagens/ http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/works/item.php?id=14 http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/works/item.php?id=14 24 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Integração Sensorial Para Mello (2007), a teoria da integração sensorial visa integrar as informações que chegam ao corpo da criança por meio de brincadeiras, sensações táteis etc. A técnica propõe que a integração sensorial atue no cérebro de forma que este organize a sensação do nosso corpo e do ambiente para que seja possível usar o corpo de forma eficaz no ambiente. (Pereira apud Mailloux, 2015, p. 12). Intervenção Fonoaudióloga Algumas pesquisas reportam a linguagem oral como a habilidade mais comumente afetada, ocorrendo perda de palavras em cerca de 20% dos indivíduos com TEA (Backes et al., 2013; Lord et al., 2004). O atraso de aquisição de fala e/ou a regressão da mesma em idades até os 3 anos de vida são sinais frequentes na suspeita do desenvolvimento do autismo e um dos eventos mais restritivos que geram mais comprometimento na vida da criança com TEA. A intervenção fonoaudiólogicas tem importância uma vez que a linguagem é o suporte para o contato social e vias de comunicação com o mundo, assim como permite construir códigos essenciais para a aprendizagem. Tem como objetivo aumentar a comunicação verbal e melhorar o desempenho cognitivo. Equoterapia Equoterapia é outra sugestão de intervenção conforme aponta Pereira por ser um método que: Emprega o cavalo como agente promotor de ganhos a nível físico e psíquico. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio, constituindo-se um tratamento complementar de apoio à reabilitação neurossensoriomotora, para crianças com dificuldades ou deficiências físicas, mentais e/ou psicológicas, que utiliza o cavalo como instrumento de trabalho em uma abordagem, multi e interdisciplinar. (Pereira, 2015, p. 13). Fonte: http://descobreaterapiadafala.blogspot.com/ 2013/11/carateristicas-sensoriais-no- autismo.htm 25 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo Grubts (2003), o desenvolvimento emocional do praticante é favorecido devido à interação harmônica com o animal (cavalo), proporcionando a reabilitação no sentido de segurança, e uma adaptação emocional de modo geral. Conclusão Como podemos perceber a intervenção terapêutica é fundamental no desenvolvimento da pessoa com TEA possibilitando aprendizagem e adaptações de comportamentos impróprios. As diversas técnicas utilizadas buscam atuar nas limitações da comunicação, contato social favorecendo as habilidades sócio cognitiva no processo de aprendizagem no contexto escolar. Vimos também que a intervenção precoce pode amenizar e reduzir danos, principalmente à proteção do funcionamento intelectual e promoção da adaptação. Sendo assim, consequente melhoria da qualidade de vida, o direcionamento das competências do indivíduo para sua autonomia e à diminuição da angústia da família. Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a- diferen%C3%A7a/viva-a-diferen%C3%A7a-1.925289/o- impacto-positivo-da-equoterapia-no-tratamento-de- pessoas-com-defici%C3%AAncia-1.1328301 26 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. APRENDIZAGEM, AUTISMO E TÉCNICAS Objetivo Introduzir práticas de aprendizagem e estratégias pedagógicas no processo educacional da pessoa com TEA. Introdução Pensar sobre a inserção do aluno com TEA no ambiente educacional faz com que família e escola sejam parceiros imprescindíveis no que tange à educação da criança. Sabemos que a presença de alguém com um transtorno neurológico modifica completamente a vida de todos lhe rodeiam, principalmente na família e na escola. Partindo desse pressuposto os contextos de família e escola serão determinantes para o indivíduo com TEA, nesse sentido o fazer pedagógico deve propiciar ligação entre as relações sociais junto às estratégias de ensino e as peculiaridades dos alunos com TEA. As práticas utilizadas dependem da organização do profissional para que essas estratégias alcancem os alunos, desenvolvendo suas habilidades e competências contemplando o processo de aprendizagem inclusivo. Barberini (2016) aponta que para execução das práticas pedagógicas, se faz necessário a busca de aprimoramento dos professores para atender as necessidades dos alunos com TEA. Além, de alterar as já existentes para favorecer os alunos autistas, precisa propor atividades para os outros alunos, uma vez que é na relação com outros pares que o processo de aprendizagem acontece e a inclusão escolar se efetiva. A autora ressalta ainda que dentro da sala de aula trabalhar questões da realidade é fundamental para explorar o raciocínio, avaliação e reflexão. Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a- diferen%C3%A7a/viva 27 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo Melo (2016) a sala de aula precisa ser um espaço inovador e atrativo para criança autista estabelecer confiança no grupo em que está inserida, contendo objetos que lhe chamem atenção e desperte interesse no contexto escolar. (Melo, 2016, p. 17). As estratégias e recursos direcionados aos processos de ensino de crianças autistas na sala de aula devem enfatizar a utilização de recursos visuais, uma vez que tendem aprender pelo visual. De acordo com Cunha (2014) o aluno aprende ao passar pelos estágios em que ele depende do incentivo e da presença do professor (Diretivo); quando o aluno já possui um conhecimento prévio e tem iniciativa para realizar atividades (Autonomia); quando este aprendizado propõe uma experiência transformadora criando uma forma nova de executar ou manusear materiais (Criativo); e por fim quando consegue socializar o saber adquirido (Colaborativo). Ainda de acordo com Cunha (2013), para o professor é fundamental trazer o olhar do aluno para as atividades que ele está fazendo, enriquecer a comunicação, trabalhar a função simbólica por meio de livros, contação de histórias, música, artes e outros canais sensoriais privilegiando os vínculos afetivos. É necessário que aluno possa encontrar significado nas atividades pedagógicas de forma concreta para estabelecer sentido ao que está aprendendo. Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a- diferen%C3%A7a/viva 28 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ex.: Contar 1, 2, 3, 4 pode não fazer sentido, porém pedir para o aluno contar * * * * (estrela) possa estar relacionado ao seu mundo afetivo. O material estruturado é uma ferramenta que possibilita o aprendizado por ser um material adaptado ao currículo escolar. Ao invés de colocar tudo no papel, o professor vai elaborar de forma concreta para que a criança autista possa visualizar o que vai aprender. Assim, o professor vai ensinar de forma prática, de forma que o aluno interaja com aquele aprendizado. Cunha (2013) ressalta outras ferramentas que podem ser exploradas no processo de aprendizagem: material sensorial; para firmeza e controle do traço; que visa o desenvolvimento matemático como encaixes geométricos, jogos e atividades que utilizem novas tecnologias digitais; que visa o desenvolvimento motor, coordenação motora; atividades da vida prática; que visa o desenvolvimento da linguagem como jogos coletivos, livros, pareamento concreto com simbólico; jogos que estimule o raciocínio lógico. Material Sensorial para o desenvolvimento sensorial http://www.criandocomapego.com/painel-sensorial-no-estilo- montessori-para-bebes-e-criancas/ http://www.criandocomapego.com/painel-sensorial-no-estilo-montessori-para-bebes-e-criancas/ http://www.criandocomapego.com/painel-sensorial-no-estilo-montessori-para-bebes-e-criancas/ 29 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Material Dourado para desenvolvimento motor e matemático Conclusão O processo de aprendizagem da pessoa com TEA requer questões que envolva a inclusão na sua integralidade, bem como estratégias pedagógicas que facilite a interação social, comportamental e cognitiva. Como podemos observar o aprimoramento do professor é fundamental para que se desenvolva um trabalho específico e estruturado de acordo com o currículo, mas a escola como um todo deve estabelecer espaço para este desenvolvimento É preciso considerar que a escola, para ser inclusiva, precisa ser um lugar acolhedor, onde não haja preconceito, e deve ser um espaço que promova o desenvolvimento das habilidades da criança com o transtorno. Como vimos, os profissionais devem ser qualificados, conhecedores do espectro autista e a família devidamente orientada. http://www.edupp.com.br/2015/05/aplicacao-do-material- dourado-montessoriano-em-sala-de-aula/ 30 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. INTERVENÇÕES EDUCACIONAIS E COMPORTAMENTAIS NO AMBIENTE ESCOLAR Objetivo Compreender a importância das intervenções educacionais e comportamentais e os benefícios do atendimento educacional especializado (AEE). Introdução O trabalho com crianças que apresentam TEA exige uma mudança significativa e diária no contexto escolar. Para que essa transformação aconteça é necessário identificar as peculiaridades que cada aluno apresenta através de avaliações que mensurem as competências. O momento da avaliação é muito importante para o sucesso da intervenção. Deve- se iniciar uma avaliação detalhada para identificar o nível de desenvolvimento, assim como, o padrão de dificuldades e limitações do aluno. Toda essa análise permite também ter a ideia de identificar fatores ambientais que muitas vezes afetam o comportamento da criança com TEA. Para implementar as intervenções para o tratamento e acompanhamento das crianças com TEA é necessário que todos os profissionais envolvidos utilizem avaliações que possibilitem a escolha das melhores ferramentas para desenvolverem um trabalho ajustado as peculiaridades de cada aluno. De acordo com Ferreira (2011) a avaliação da criança autista é realizada, principalmente, no nível comportamental, pois na atualidade ainda não existem marcadores físicos específicos para este transtorno. Muitas vezes o diagnóstico vai se fundamentar na forma como a criança se comporta, ou seja, na demonstração de comportamentos específicos do TEA. 31 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Como vimos, quanto mais cedo o diagnóstico se efetuar, mais precocemente se poderá́ intervir, com a possibilidade desta intervenção ter um impacto importante no desenvolvimento da criança e na sua família (Siegel, 2008). Porém, para iniciar a intervenção é necessário compreender a diferença entre modificação de currículo e adaptação curricular. Veja a seguir as diferenças: Segundo Coscia (2010) o professor, ao iniciar o processo de ensino aprendizagem com uma criança com autismo, terá́ a sensação que ela se recusa a interagir e a aprender qualquer coisa proposta por ele. Este deverá proporcionar um ambiente adequado, com intervenções necessárias para que ocorra a comunicação. Dessa forma, também se torna necessário compreender que pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), muitas vezes, não aprendem de acordo com um desenvolvimento típico, na maioria das vezes elas precisam de intervenções específicas ou mediação para o aprendizado. Os alunos com TEA, em muitos casos, irão precisar ter alguma alteração acadêmica, uma vez que problemas como déficits motores (por exemplo, segurar um lápis para escrever) e motivação (realização de determinadas atividades, participação em algumas aulas) podem exigir modificações. Modificação: implica em alterar o conteúdo ensinado com base nas necessidades e limitações do aluno, podendo mudar a estrutura de avaliação. Adaptação: mantém a integridade do conteúdo repassado e a forma padrão de avaliação. 32 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Belisário Filho e Cunha (2010) observam que esses educandos em muito se beneficiam com as atividades realizadas pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE), haja visto que se trata de um serviço que contribui para o acesso e a participação de todos no ambiente escolar (BRASIL, 2011), embora este não deva ser o único serviço ofertado para esse público. O plano do AEE deve contemplar: [...] identificação das habilidades e necessidades educacionais especificas; a definição e a organização das estratégias, serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade; o tipo de atendimento conforme as necessidades de cada estudante; o cronograma do atendimento e a carga horaria, individual ou em pequenos grupos (BRASIL, 2013, n.p.). Considerando o exposto, Cintra, Jesuíno e Proença (2010) esclarecem que o AEE não deve ser confundido com reforço escolar ou mera repetição dos conteúdos curriculares desenvolvidos na sala de aula. Seu objetivo é constituir um conjunto de procedimentos específicos que auxiliem no processo de ensino e aprendizagem. Conclusão Como vimos, a inclusão está diretamente relacionada com o processo de ensino- aprendizagem, não basta só́ incluir, a escola deve ofertar um ensino de qualidade e para isso o professor deve desenvolver metodologias diversificadas e flexíveis para esse público tão diverso que é o TEA. É preciso considerar que se torna imprescindível desenvolver avaliações que oportunizem maior inclusão nos ambientes educacionais. Assim sendo, o programa educacional para um indivíduo com autismo deve ser baseado nas necessidades únicas daquela pessoa, para ajudar a determinar que tipo de ambiente de aprendizagem será melhor para ela. Para alguns profissionais da educação, a inclusão é vista de forma negativa, por vezes eles não se sentem preparados para lidar com as necessidades individuais que a criança com autismo apresenta, por isso a importância de sempre reforçar a importância da formação do professor para uma melhor prática docente. 33 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8. ADEQUAÇÃO E ADAPTAÇÃO CURRICULAR NO AUTISMO Objetivo Visualizar propostas que apresentem adequação e adaptação curricular para os alunos com TEA. Introdução Em uma escola inclusiva, o aluno é o foco central de toda ação educacional. Sabemos que a educação deve oferecer as condições necessárias e suficientes para o acesso, a permanência e o êxito acadêmico de todos os alunos, sem distinção, nas múltiplas dimensões (domínio de conhecimentos, socialização, dentre outras competências humanas) que o envolvem (ECHEITA, 2010). Compreendemos que a escola inclusiva é aquela que conhece cada aluno, respeita suas potencialidades e necessidades, com qualidade pedagógica. Para que isso realmente aconteça, vamos lembrar do documento importante chamado PEI (Programa de Ensino Individualizado). O PEI é um instrumento que operacionaliza a adequação do processo de ensino e de aprendizagem. É dinâmico, revisto e reformulado regularmente, responsabilizando a escola e os encarregados de educação pela implementação das medidas educativas adotadas. É um documento desenhado para responder à especificidade das necessidades de cada aluno. Como vimos, o PEI é um instrumento que propõe planejar e acompanhar o desenvolvimento de estudantes com dificuldades de aprendizagem com base nas diretrizes escolares, o PEI tem como objetivo orientar o trabalho da escola nas prioridades a serem ensinadas para seu aluno que necessita de adaptações curriculares (Taranto, 2015) 34 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O professor deve modificar as atividades e materiais para atender às necessidades dos alunos com TEA, realizando as modificações necessárias para as pessoas com dificuldades de aprendizagem. As adaptações são necessárias e às vezes podem depender de peculiaridades de cada paciente, o que dificulta a criação de um protocolo fechado e restrito à população de TEA. Como notamos, a família é o primeiro contato para iniciarmos as adaptações, se necessário já preparar e adaptar a infraestrutura, sala de aula e todos os materiais utilizados de forma individual. Para aplicar metodologias diferenciadas é importante: Em algumas situações, muitos casos, recebem um Acompanhante Terapêutico (AT) é uma estratégia que trará muitos benefícios para o aluno. O AT “é sem dúvida um agente facilitador deste processo de escolarização, para mediar o processo de aprendizagem na instituição” (Gavioli, Ranoya e Abbamonte, 2013) Além disso, também existem programas para aperfeiçoar o atendimento dos alunos com TEA e que irão auxiliar aspectos específicos do desenvolvimento. Como vimos na Conversa com a família Avaliar competências e habilidades (comunicação, linguagem, escrita) Elaborar cronograma a partir da avaliação Avaliar e reavaliar os conteúdos e metas 35 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância unidade anterior, esse programa é o Sistema de Instrução TEACCH, identificado como Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children4 (TEACCH), desenvolvido pelo Dr. Eric Schoppler, nos anos 60 e utilizado em várias partes do mundo (BOSA, 2007; MELLO, 2007). De acordo com (BOSA, 2007), esse programa tem como princípio a combinação de diferentes materiais visuais com foco para o aperfeiçoamento da linguagem, da aprendizagem e da redução de comportamentos inapropriados do aluno com TEA. Neste sentido, o TEACCH é um sistema transdisciplinar com finalidade psicoeducativa, que individualiza o sujeito, dando a devida importância as suas dificuldades e limitações, adaptando o meio físico e facilitando o seu desenvolvimento com a criação de rotinas e dicas visuais (fotos e cartões) (KWEE; SAMPAIO; ATHERINO, 2009) De acordo com Fonseca e Ciola (2014) são seis os princípios orientadores do Programa TEACCH, dispostos quadro abaixo: Melhoria na capacidade adaptativa; Colaboração entre pais e profissionais; Avaliação individualizada para a intervenção; Ênfase nas habilidades e reforço para capacidade do aluno; Terapia Cognitiva-Comportamental; Ensino estruturado partindo como fator de organização e previsibilidade. Conclusão Todas as experiências aqui relatadas reiteram a importância adaptação curricular e, consequentemente, do olhar voltado para as necessidades práticas dos alunos com TEA. Vimos, que todas as ações visam facilitar os processos de ensino aprendizagem para esse grupo tão peculiar que são os alunos com TEA. 36 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O apoio que os materiais adaptados, pautados no programa TEACCH, podem proporcionar, possibilidades de avanços acadêmicos, sociais e de Comunicação, e como consequência um suporte para as atividades de vida diária da criança autista. Por fim, esse tipo de utilização de recursos de comunicação suplementar e alternativa podem se estender para outras pessoas do convívio com a criança, ampliando maior oportunidade de desenvolvimento. 37 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9. TEA: QUADROS CLÍNICOS E CURIOSIDADES Objetivo Conhecer alguns quadros clínicos que fazem referência aos três níveis de gravidade do TEA e as técnicas que podem ser aplicadas. Introdução Atualmente, a Associação Americana de Psiquiatria relaciona o diagnóstico por meio das características da díade do TEA composta por (a) déficit na interação social e Comunicação e (b) comportamentos e interesses restritos e repetitivos (APA, 2014). Para falarmos dos diferentes quadros clínicos é importante relembrar que o diagnóstico do TEA depende muitos fatores para se estruturar. O primeiro e um dos mais importantes é conhecer profundamente os TEA identificando seus sinais e sintomas. Para que isso ocorra é necessário observar o comportamento da criança em todos os ambientes que ela frequente, incluindo (casa, com os pais, na escola, no parque, etc.) Muitos profissionais também sugerem que assim que os pais percebam qualquer alteração na criança, verifiquem fotos, vídeos, gravações realizadas na escola e em aniversários, pois poderão ter mais clareza em quais comportamentos houveram alterações. Caso isso aconteça, também é apropriado solicitar relatórios das escolas, creches e estes responderem com detalhes e com informações significativas. E por fim, conversar muito com os pais a fim de explicar bem o diagnóstico e a importância de tratá- lo. Sabemos que para um diagnóstico tenha êxito é necessário que os profissionais tenham muito conhecimento em relação ao TEA, também é fundamental que tenha bastante experiência e entenda profundamente sobre comportamento infantil. Além de todos os instrumentos é necessário estar muito atento a história do paciente desde a sua gestação, questionando como foi, se fez pré-natal, saúde materna da mãe e muitos outros. 38 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Passada a fase do nascimento, investiga-se o primeiro ano de vida, ou seja, como era esse bebê em casa: se dormia bem; por quanto tempo foi amamentado; quando sentou, engatinhou e andou; quando vieram as primeiras palavras. (Silva, 2012) Para crianças com autismo, sabemos que o diagnóstico precoce é de fundamental importância. O médico especialista também deve observar se a criança com autismo apresenta ainda alguma morbidade, isto é, problemas que estão associados ou que ocorrerem durante o desenvolvimento dessa criança. Consideramos que a prevalência do transtorno de espectro autista é de aproximadamente 1% na população geral. O referido Manual DSM-5 (APA, 2014) apresenta divisão em níveis de gravidade: O Nível 1 (Exigindo apoio) é caracterizado por aspectos referentes à déficit na comunicação social e comportamentos restritos; O Nível 2 (exigindo apoio substancial) déficits graves de comunicação verbal e não verbal; O Nível 3 (exigindo apoio muito substancial) é caracterizado por déficits graves de comunicação verbal e não verbal; interação social mínima. RELATOS DE CASO Os relatos de caso foram retirados do livro: SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: Entenda o autismo. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012 39 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Primeiro Caso Paulo Eduardo não desenvolveu a fala. Suas crises de birra reduziram muito quando começou a trocar figuras para se comunicar. Treinamos com ele os diversos significados e consequências. Atualmente ele consegue montar algumas frases e até́ fazer pedidos em restaurantes com a troca de figuras. Essa técnica melhorou muito sua capacidade de se comunicar; não fica tão angustiado quando quer algo e os pais relatam melhoras inclusive na socialização, já́ que agora se faz entender. (SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: Entenda o autismo. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012-pag. 154) Desfecho Terapêutico e resultados: PECS Treino de Comportamento Verbal Linguagem de Sinais Segundo Caso Serginho, de 4 anos, precisava aprender a escovar os dentes. No início, ele queria apenas morder a escova e chupar a pasta. Nosso primeiro passo foi segurar a escova de dente junto com ele, colocando nossas mãos sobre a mão dele. Passávamos a escova por seus dentes apenas uma vez e tirávamos de sua boca, impedindo-o de mordê-la. Com o tempo, o habito de morder a escova foi diminuindo e hoje ele já́ segura a escova de dente sozinho, precisando apenas de um apoio leve para que direcionemos os movimentos que devem ser feitos. (SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: Entenda o autismo. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012-pag. 153) Desfecho Terapêutico e resultados: ABA TEACCH PECS Tratamento Comportamental 40 Transtorno Espectro Autista - TEA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Conclusão Nossas experiências até aqui retrataram que para superarmos os desafios encontrados na atuação das pessoas com TEA, precisamos trabalhar em equipe e que cada um tenha em mente, que deve fazer a sua parte da melhor maneira possível, para assim potencializar o trabalho do outro. A cada capítulo vimos a necessidade de criar todo o tipo de parceria, seja com a família, a escola, e os profissionais de saúde. Vimos, que serão através delas que iremos desenvolver atividades que promovam mais desenvolvimento e autonomia para nossos alunos com TEA. Sabemos que apesar das dificuldades existentes, o processo de inclusão é sim possível, desde que haja comprometimento e envolvimento por parte de todos, contando com uma boa formação pedagógica, além do apoio escolar e familiar.
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