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Guia_da_Disciplina (2)

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TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA - TEA 
Me. Denise Marques Alexandre 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2020 
 
 
1 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. HISTÓRICO DO AUTISMO 
 
Objetivo 
Desvendar a trajetória histórica do conceito de autismo, podendo assim entender as 
mudanças de paradigma em relação as novas formas de compreensão diagnóstica. 
 
Introdução 
Atualmente se estima que 70 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo de 
autismo. Este transtorno atinge ambos os sexos e todas as etnias, mas tem suas maiores 
ocorrências entre o sexo masculino. É de suma importância que seja diagnosticado 
precocemente, para que o portador receba tratamento adequado, minimizando assim 
prejuízos sociais e de funcionamento cognitivo. Infelizmente a falta de informação ainda é 
empecilho para que muitas crianças sejam diagnosticadas e precocemente tratadas. 
 
Perpassando pela literatura é notório perceber que boa parte da população já ouviu 
falar sobre autismo, porém a percepção geral é que o autista seja um indivíduo isolado, que 
balance o corpo e fixe atentamente para um determinado objeto ou para alguma parte de 
seu corpo. Provavelmente essa cena estereotipada ilustra o que muitos abordam de “viver 
em um mundo paralelo”. Utilizaremos a imagem retratada nessa descrição para facilitar a 
compreensão da etimologia de autismo. 
 
A palavra autismo é proveniente da língua alemã conhecida como “autismus” e foi 
utilizada pelo psiquiatra Eugen Bleuler para se referir a um dos critérios adotados em sua 
época para a realização de um diagnóstico de paciente esquizofrênico que apresentava o 
comportamento de “retirar-se em seu próprio mundo”. O prefixo “autos” derivado do grego 
indica a ação de “voltar-se para si mesmo”. 
 
Estes critérios, os quais ficaram conhecidos como “os quatro ‘A’s de Bleuler, são: 
 Alucinações; 
 Afeto desorganizado; 
 Incongruência; 
 Autismo. 
 
 
 
2 Transtorno Espectro Autista - TEA 
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Considerado um transtorno de 
neurodesenvolvimento, o autismo geralmente 
se manifesta nos primeiros três anos de vida e 
não existe cura documentada. Os indivíduos 
levemente afetados podem ter uma vida 
aparentemente normal e serem apenas 
considerados peculiares por apresentarem 
comportamentos pouco ajustados. Já os 
indivíduos afetados severamente podem até 
mesmo ser incapazes de cuidar de si mesmo. Uma intervenção precoce e intensiva, se feita 
até os cinco anos de idade, pode fazer diferenças significativas no desenvolvimento e na 
qualidade de vida da criança e da família. 
 
Para estudar o autismo é importante compreender os diferentes aspectos de cada 
traço deste transtorno, bem como compreender as transformações diagnósticas que foram 
se configurando ao longo do tempo por diversos estudiosos. Observe no esquema abaixo 
algumas descobertas: 
 
 
Kanner (1943) ao acompanhar 11 crianças, identificou um menino, o qual descrevia 
da seguinte forma: “Perambulava sorrindo, fazendo movimentos estereotipados com os 
dedos. Girava com prazer qualquer coisa que pudesse apanhar para fazer rotação. Quando 
levado a uma sala, desconsiderava completamente as pessoas e se dirigia para um objeto. 
” Hanz Asperger (1944) identificou uma criança com características diferentes, a qual 
Fonte da imagem: 
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.
png 
Fonte da imagem: Desenvolvido pela autora (2018) 
•Dr. Henry Maudsley
descreve crianças com 
atraso do 
desenvolvimento da 
linguagem.
•Diagnosticou como 
Psicose.
Inglaterra, 1867
• Dr.Leo Kanner estudou um 
grupo crianças com 
`transtorno de 
desenvolvimento`
• Identificou a característica 
: Incapacidade de se 
relacionar com as 
pessoas.
EUA, 1943
• Psicólogo Bruno 
Bettelheim.
• "As mães geladeiras": 
mães frias, sem 
sentimentos, que levavam 
os filhos a um isolamento 
mental.
Chicago,
1950-60
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png
 
 
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descrevia assim: “Aprendeu a falar frases muito cedo e a se expressar como um adulto. 
Nunca conseguiu se integrar a um grupo de crianças brincando, falando sem timidez, 
mesmo com estranhos. Outro fenômeno estranho foi a ocorrência de movimentos 
estereotipados”. 
 
Os relatos acima nos 
exemplificam que o autismo apresenta 
diferentes características, sendo elas, 
leves ou mais severas. Este fato fez 
com que o autismo fosse 
compreendido através de um 
espectro. Desta maneira podemos 
distinguir autismo e TEA (transtorno do 
espectro autista), por intensidade e 
frequência dos mesmos sintomas, 
sendo eles, pertencentes as 
mesmas áreas: sociocomunicativa e 
comportamental. 
 
No passado, o autismo era compreendido com uma forma de psicose, mas a partir 
de 1980 foram surgindo novas tecnologias de estudo, que permitiam uma investigação mais 
minuciosa do funcionamento do cérebro. Conhecida como década do cérebro contava com 
exames como tomografia ou ressonância magnética que permitiam estudar as doenças por 
uma perspectiva mais detalhista e cuidadosa. 
 
Somente em 1980 foi denominado como transtorno autista, pois existia uma 
dificuldade na escolha do diagnóstico pelo fato de que as características se sobrepunham. 
O Autismo também chegou a ser considerado uma subcategoria do TGD (transtornos 
globais do desenvolvimento), que caracterizou melhor as particularidades do autismo, mas 
ainda gerava diagnósticos confusos. 
 
No século XXI, se institui espectro autista, também referido por desordens do 
espectro autista ou ainda condições do espectro autista. Ele é considerado um espectro de 
condições psicológicas caracterizado por anormalidades generalizadas de interação social 
Fonte da imagem: 
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png 
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png
 
 
4 Transtorno Espectro Autista - TEA 
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e de comunicação, e por gama de interesses muito restrita e comportamento altamente 
repetitivo 
 
O TEA (transtorno do aspecto 
autista) é resultado de uma pesquisa, 
na qual foi descoberto que o autismo 
tem características que apareciam 
especificamente nos domínios da 
comunicação social e comportamentos. 
De acordo com o DSM-V (Manual 
Diagnostico e Estatístico dos 
Transtornos Mentais) foi definido pela 
presença de “Déficits persistentes na 
comunicação social e na interação 
social em múltiplos contextos, 
atualmente ou por história previa”. 
 
Dessa forma, os pacientes são 
diagnosticados apenas em graus de comprometimento, sendo assim, o diagnostico fica 
mais completo e amplia possibilidade de tratamento ajustado para cada caso. 
 
Conclusão 
Iniciamos nessa unidade a oportunidade de refletir sobre os principais impactos 
históricos que foram essenciais na transformação do conhecimento em relação ao 
transtorno do espectro autista. De fato, cada contribuição trouxe a possibilidade de ampliar 
autonomia no dia-a-dia das pessoas portadoras desse transtorno, bem como de todos 
aqueles que atuam e convivem com esse público. 
 
Como educadores, precisamos estar atentos e seguros em relação as terminologias 
utilizadas, por isso compreender a construção histórica do TEA nos fortalece em relação as 
particularidades do autismo e de tudo aquilo que envolve sua construção de conhecimento. 
 
Observando o desenvolvimento das pesquisas foi possível perceber o quanto tem 
se aprimorado através das contribuições históricas, principalmente quando se trata das 
questões diagnósticas. Vimos que se precocemente percebidas podem facilitar muitos 
Fonte da imagem: 
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutism
o.png 
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/Image/CabecalhoAutismo.png
 
 
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avanços clínicos, fazendo com que os portadores do transtorno possam ampliar sua 
autonomia e reduzir os danos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. COMPREENDENDO O AUTISMO 
 
Objetivo 
Revelar como a pessoa autista enxerga o mundo, quais são seus comportamentos 
e os critérios de funcionalidade para realizar atividades simples e desenvolver o intelecto. 
 
Introdução 
Para compreender o desenvolvimento humano é necessário conhecer que 
parâmetros são considerados importantes para cada fase da vida, partindo da gestação até 
a fase adulta. Quando falamos do autismo, tais parâmetros se tornam essenciais para 
identificar precocemente sintomas que configurariam traços do transtorno ou até os casos 
mais severos. 
 
Compreender esse transtorno 
pode ser relativamente simples quando 
estamos dispostos a montar o quebra-
cabeça. Não é por acaso que fazemos a 
analogia entre o autismo e o jogo de 
quebra cabeça. Assim, como no quebra-
cabeça se olharmos apenas para cada 
peça, estaremos focando para um dos 
sintomas envolvidos, com isso estaríamos avaliando de maneira parcial, sem compreender 
o desenho completo e o que o conjunto da obra representa. 
 
Como vimos o conceito de autismo sofreu uma série de mudanças ao longo do 
tempo. Sua denominação, sua definição e seu diagnóstico variaram em busca de uma 
elaboração conceitual que acolhesse mais adequadamente os casos. O termo autismo 
surgiu pela primeira vez oficialmente na Classificação Internacional de Doenças no CID-9 
(1975) e esse conceito foi revisado por KRAMER et. al (1979) na qual o autismo foi 
concebido como um transtorno do desenvolvimento com os sinais e sintomas clínicos 
semelhantes aos descritos atualmente. 
 
A maioria dos estudos e pesquisas evidenciam que acompanhar os marcos do 
desenvolvimento facilitam a identificação de algumas alterações na primeira infância, fato 
Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw 
 
 
7 Transtorno Espectro Autista - TEA 
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importantíssimo quando se fala em autismo, pois quanto antes detectarmos as disfunções, 
maiores chances de um diagnóstico precoce. 
 
A identificação de sinais precoces do TEA, 
ou sinais de alerta, nos primeiros anos de vida 
(até 36 meses) é uma das prioridades na 
pesquisa sobre TEA, e envolve principalmente 
conhecimentos a respeito do desenvolvimento de 
aspectos relacionados à cognição social, que 
podem se manifestar de forma sutil ao longo do 
desenvolvimento (Ozonoff et al., 2010) 
 
Nesse sentido alguns autores argumentam que o TEA se configura mais como um 
desvio qualitativo do desenvolvimento do que pelo seu atraso (Bosa, 2009; Kupfer et al., 
2009). São desvios que se referem tanto à manifestação atípica de um determinado 
comportamento (e.g. estereotipias) quanto à ausência de habilidades que deveriam estar 
presentes (e.g. atenção compartilhada) em cada faixa etária. 
 
Atualmente, o critério do manual médico divide o autismo na funcionalidade, ou seja, 
na capacidade de realizar atividades simples e desenvolver o intelecto. 
 Baixa funcionalidade: mal interagem. Em geral, vivem repetindo 
movimentos e apresentam retardo mental, o que exige tratamento pela vida 
toda. 
 Média funcionalidade: são os autistas clássicos. Têm dificuldade de se 
comunicar, não olham nos olhos dos outros e repetem comportamentos. 
 Alta funcionalidade: também chamados de aspies, têm os mesmos 
prejuízos, mas em grau leve. Conseguem estudar, trabalhar, formar família. 
 Síndrome de savant: cerca de 10% pertencem a essa categoria, marcada 
por déficits psicológicos, só que detentores de uma memória extraordinária. 
 
Nessa perspectiva, podemos observar o mundo singular dos indivíduos com 
autismo, muitas vezes a dificuldade de interpretar os sinais sociais (habilidade social) e as 
intenções dos outros impede que as pessoas com autismo percebam corretamente 
algumas situações no ambiente em que vivem. 
 
Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw 
 
 
8 Transtorno Espectro Autista - TEA 
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A tríade de sintomas do funcionamento autístico norteia os principais aspectos 
apresentados pelas pessoas com autismo, por exemplo, no que se refere a socialização, 
veremos vários níveis de gravidade partindo desde a pessoa que apresenta dificuldades 
sutis, chamada de traços do autismo até as que apresentam problemas mais severos se 
isolando num mundo impenetrável. 
 
Para todos aqueles com traços ou diagnóstico de autismo, uma coisa é universal: o 
contato social é sempre prejudicado. É possível observar que muitos se isolam em seus 
"mundinhos" por serem extremamente sensíveis, sendo assim o contato social lhes parece 
algo ameaçador. 
 
No que se refere a linguagem as pessoas com autismo apresentam grandes 
dificuldades na capacidade de se comunicar pela linguagem verbal e não verbal e, com 
isso, permanecem isoladas e distantes em seus mundinhos particulares. Na maioria das 
vezes problemas na evolução da linguagem constituem os primeiros sinais de que o 
desenvolvimento de uma criança não está́ conforme o esperado e podem sugerir um 
funcionamento autístico. 
 
Para completar a tríade do funcionamento autístico, falaremos das disfunções 
comportamentais que independem da nacionalidade, raça ou credo desses indivíduos. Os 
comportamentos das pessoas com autismo, assim como a socialização e a linguagem, 
possuem um espectro de gravidade e são divididos em duas categorias: comportamentos 
motores estereotipados e repetitivos e comportamentos disruptivos cognitivos. 
 
Observe o quadro a seguir com a descrição dos comportamentos: 
 
 
COMPORTAMENTOS MOTORES 
ESTERIOTIPADOS
pular, balançar o corpo e/ou as 
mãos, bater palmas, agitar ou 
torcer os dedos e fazer caretas 
COMPORTAMENTOS DISRUPTIVOS 
COGNITIVOS
compulsões, rituais e rotinas, 
insistência, mesmice e interesses 
circunscritos 
Fonte da imagem: Desenvolvido pela autora (2018) 
 
 
9 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os comportamentos estruturam as condutas apresentadas pelas pessoas com 
autismo, muitas vezes o que consideramos inadequado socialmente, para o autista é a 
forma que ele interpreta o mundo. É comum, por exemplo, uma criança autista, em vez de 
pegar o carrinho e brincar como se estivesse em uma rodovia, ficar apenas girando e 
olhando a rodinha do brinquedo. 
 
O fato de compreender o autismo amplia a visão que cada pessoa autista é um 
mundo que se desabrocha a nossa frente, apesar das dificuldades na interação social, em 
maior ou menor grau, vimos nessa unidade que é possível estabelecer caminhos para 
compreender o autismo. 
 
Conclusão 
Agora que já descobrimos um pouco mais sobre o autismo é possível associar que 
ele funcione como um espectro de cores, que iria do branco até́ o preto, passando por todos 
os tons de cinza. E de acordo com as variações da tríade de funcionamento autístico que 
engloba as áreas social, de comunicação e de comportamento, cada caso apresentaria 
uma tonalidade de cinza que estabeleceria um determinado funcionamento. 
 
Como vimos no decorrer da unidade, nem sempre todas essas dificuldades 
aparecem juntas no mesmo caso e muitas vezes, os sintomas do autismo podem se 
configurar mais como uma vantagem do que como um problema. Afinal, de acordo com 
cada tonalidade de cinza se configura um espectro autista ampliando a diversidade de 
casos. 
 
Nessa perspectiva, encerramos a unidade com a pergunta: será que o autismo é um 
comportamento diferente ou
uma forma de existir distinta? Afirmo que nas próximas 
unidades iremos aprender um pouco mais sobre essa maneira distinta de existir. 
 
 
 
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3. DEFINIÇÃO E DIAGNÓTICO DO TEA 
 
Objetivo 
Compreender a definição do Transtorno Espectro Autista e suas características 
diagnósticas. 
 
Introdução 
O principal objetivo dessa unidade é apresentar uma revisão acerca do que vem a 
ser o transtorno do espectro autista e ressaltar os fatores fundamentais que devem ser 
considerados durante o processo diagnóstico. 
 
Como vimos, de acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM-5), de 2013, os critérios para que um caso de Autismo seja 
identificado envolvem alguns diagnósticos que variam conforme a área de menor ou maior 
prejuízo para o indivíduo. 
 
O diagnóstico de autismo é estabelecido com base em uma lista de critérios 
comportamentais que através da observação, descrição e categorização de sinais e 
sintomas, auxiliam na identificação da causa, na previsão de sua possível evolução e no 
planejamento terapêutico. 
 
Atualmente, acerca do diagnóstico do TEA, tem-se como referência o DSM-5 que 
apresenta uma nova classificação abrangendo as seguintes condições: 
 
 
 
 
 
Interação Social
Comunicação
Comportamento
Fonte: Baseado na APA - American Psychiatric Association (2014) 
 
 
 
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Frequentemente as pessoas com TEA apresentam uma ausência de habilidade na 
comunicação e na interação social que se manifestam em três características: déficit na 
reciprocidade socioambiental, déficit no comportamento não-verbal para a interação social 
e déficit no processo de desenvolver ou manter um relacionamento. 
 
Já os padrões restritos no comportamento são manifestados por, pelo menos, dois 
destes itens: fala, movimentos motores ou uso de objetos de maneira repetitiva, adesão 
excessiva a rotinas, rituais verbais ou não-verbais ou excessiva relutância a mudanças, 
interesses fixos e altamente restritos, hiper ou hipo-reatividade a percepção sensorial de 
estímulos ou interesse excessivo para estímulos senso-perceptivos. 
 
De acordo com Belisário Filho (2010) esse transtorno se caracteriza pela presença 
de um desenvolvimento acentuadamente prejudicado na interação social e comunicação, 
além de um repertório marcantemente restrito de atividades e interesses. Para quem 
acompanha o ambiente escolar é possível verificar que as manifestações desse transtorno 
variam imensamente e os alunos com TEA apresentam diversas formas de ser e agir, com 
respostas diferentes entre si. 
 
Desse modo, profissionais da saúde, educação e áreas afins, que tenham a infância 
como especialidade, devem estar cada vez mais preparados para se deparar com casos 
de autismo nas suas práticas. Embora já existam grandes avanços em relação à 
identificação precoce e ao diagnóstico de autismo, muitas crianças, especialmente no 
Brasil, ainda continuam por muitos anos sem um diagnóstico ou com diagnósticos 
inadequados. 
 
Sendo assim, vale salientar que existem alguns sinais em relação ao 
desenvolvimento infantil chamados de risco ou alerta, e para os quais devemos estar 
sempre atentos. Caso, você professor, suspeite que seu aluno possa estar dentro da 
categoria autista, observe os seguintes comportamentos: 
 Redução de contato visual; 
 Rigidez no comportamento e rotinas. 
 Atraso na aquisição de linguagem; 
 Não responder ao ser chamado pelo nome; 
 Presença de respostas anormais a barulhos e tato; 
 
 
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 Produção frequente de vocalizações sem uso funcional; 
 Interesses específicos muito exagerados, que comprometem as interações 
sociais com colegas; 
 Prejuízo da crítica em relação a situações de perigo; 
 Capacidade de imaginação, fantasia e criatividade reduzidas; 
 Entre outros. 
 
Após a observação, caso algum aluno apresente esses sinais de risco ou alerta, 
informe o mais breve possível seus pais e/ou responsáveis para um rápido 
encaminhamento para os profissionais de saúde. Lembrem que o diagnóstico precoce 
reduz a possibilidade de maiores danos no neurodesenvolvimento desse aluno. 
 
Diagnóstico Clínico do TEA 
 
 
 
Nesse quadro, o diagnóstico do transtorno mostra-se fundamental tanto para as 
famílias, quanto para as próprias pessoas com TEA, norteando tratamentos, intervenções, 
e contribuindo para que todos conheçam melhor as características próprias do transtorno. 
Hoje, constata-se que, embora as características diagnósticas sejam estudadas há mais de 
seis décadas, ainda permanecem inúmeras divergências e questões a serem respondidas 
nesse campo de investigação (MELLO, 2003). 
Área Médica
• Classificação do 
indivíduo buscando 
critérios clínicos. 
Encaminhamento 
para especialistas.
Médico 
Psiquiatra ou 
Neuropsiquiatra
• Se apoiam nos relatos dos 
pais/responsáveis e/ou professores 
sobre a observação da crianca e seu 
desenvolvimento comportamental.
Avaliação de 
Psicólogos e 
Psicopedagogos
• Auxílio para 
contribuir com o 
desenvolvimento 
biopsicossocial.
Fonte: Baseado na APA (2014) 
 
 
 
13 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Como vimos na unidade anterior, o autismo funciona como um espectro de cores, 
que iria do branco até́ o preto, passando por todos os tons de cinza. As variações transitam 
pela tríade de deficiências nas áreas social, de comunicação e de comportamento, mas 
nem sempre todas essas dificuldades aparecem juntas no mesmo caso. Há pessoas com 
comprometimentos sociais, mas sem problemas comportamentais; e há́ casos de 
disfunções comportamentais sem atraso de linguagem, porém em todos os casos as 
dificuldades na interação social aparecem, em maior ou menor grau. 
 
De maneira geral, o TEA é 
diagnosticado apenas após a idade 
média de cinco anos. Entretanto, nessa 
fase, as crianças com autismo já́ 
enfrentam graves problemas de 
convivência social e linguagem, o 
estabelecimento de comportamentos 
repetitivos e rotinas não funcionais 
(BOURZAC, 2012). 
 
Para compreender melhor, o lado mais leve do espectro (a cor branca ou o tom mais 
claro de cinza), encontramos pessoas com apenas "traços" de autismo, que não teriam 
todos os comprometimentos, mas apenas algumas dificuldades por apresentarem certas 
características autísticas. 
 
Na próxima gradação da escala, ainda mais próximo do tom de cinza mais escuro 
do espectro estão os indivíduos de alto funcionamento com autismo, sendo caracterizados 
como indivíduos que não apresentam déficits cognitivos, ou seja, retardo mental, mas que 
tiveram atraso na linguagem. 
 
Na extremidade desse espectro, no tom que mais se aproxima do preto, está o 
autismo grave, ou o autismo associado ao retardo mental e a dificuldades de 
independência, o que geralmente é chamado de autismo clássico e, muitas vezes, é como 
as pessoas imaginam alguém com autismo que apresenta grande dificuldade de interação 
social e não faz contato visual. 
 
 
Fonte da imagem: ht _30MKdLpL1ZTZrb7_jdRbvw 
 
 
14 Transtorno Espectro Autista - TEA 
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Níveis de Gravidade para o TEA 
 
Nível de Gravidade 
Comunicação Social 
Comportamentos 
Repetitivos e Restritos 
Nível 1 (Leve) 
Crianças desse nível 
costumam ter dificuldade 
para iniciarem uma 
interação social com outras 
pessoas. Além disso, 
também podem apresentar 
pouco interesse por essas 
interações sociais. 
A inflexibilidade do 
comportamento interfere 
diretamente no 
funcionamento de um ou 
mais contexto. As crianças 
também tem dificuldade 
significativa em trocar de 
atividade e problemas de 
organização
e 
planejamento são 
obstáculos à sua 
independência. 
Nível 2 (Médio) 
Nesse nível, as crianças 
apresentam um grave 
déficit nas suas habilidades 
sociais, sejam elas verbais 
ou não. Além disso, 
também possuem prejuízos 
sociais mesmo quando 
recebem apoio e limitações 
para iniciar algum tipo de 
interação. 
Caracterizado pela 
inflexibilidade do 
comportamento, a criança 
também tem dificuldade em 
lidar com mudanças, além 
de apresentarem 
comportamentos 
restritos/repetitivos 
frequentemente. 
Nível 3 (Grave) 
Crianças com Autismo de 
nível 3 tem déficits graves 
na comunicação verbal e 
não verbal. Também tem 
dificuldade em iniciar uma 
interação social ou se abrir 
a alguma que parta de 
outras pessoas. 
Quanto aos 
comportamentos, as 
crianças em nível 3 
possuem os mesmos 
apresentados pelas 
crianças em nível 2. 
 
 
Conclusão 
Com base no que vimos, é importante lembrar que os sintomas do TEA se 
apresentam de forma heterogênea, ou seja, cada criança possui um jeito muito particular 
de ser. Eles variam intensamente quanto ao grau de comprometimento, associação ou não 
com deficiência intelectual e com presença ou não de fala. 
 
Podemos dizer que essas variações e o momento do diagnóstico influenciam 
demasiadamente o desfecho e a definição da resposta aos tratamentos e sua evolução. 
Sabemos que os sintomas existem e com eles uma infinidade de desafios, por isso 
precisam ser minimizados, sendo assim, independente do nome que o transtorno tenha ou 
Fonte: https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-autismo-sintomas-tipos-infantil-leve-e-mais/#tipos-niveis-autismo 
 
 
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sua origem a grande questão e ampliar as possibilidades de melhora do indivíduo autista. 
 
Como já vimos no decorrer da disciplina, as dificuldades que as pessoas com 
funcionamento autístico apresentam são inúmeras, e com variados níveis de 
comprometimento, partindo desde os traços com sintomas moderados até́ a falta total de 
interação social. 
 
PARA RELEMBRAR! 
 
 
 
• Transtorno de Desenvolvimento com 
anormalidade de comportamento.
• Identificado antes dos 03 anos de 
idade.
• Apresenta limites na interação social 
e comunicaçção, promovendo um 
comportamento restrito e repetitivo.
Organização 
Mundial da Saúde 
(OMS)
 
 
16 Transtorno Espectro Autista - TEA 
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4. TEA: CONTEXTUALIZAÇÃO, INCLUSÃO E INTERVENÇÃO 
 
Objetivo 
Apresentar dados e questões que implicam o transtorno espectro autista. 
 
Introdução 
Compreender o fenômeno do Autismo vem sendo um grande desafio para ciência e 
principalmente para os profissionais da área da saúde e da educação que lidam diretamente 
com esta demanda tão diversa, pois as manifestações desse transtorno imensamente 
dependendo do nível de desenvolvimento e idade. 
 
Segundo OMS, temos em média 70 milhões de pessoas acometidas pelo transtorno 
do espectro autista em todo mundo, e cerca de 2 milhões no Brasil. De acordo com 
OPAS/OMS, o Brasil em 2017 apontou que uma em cada 160 crianças apresentam o 
transtorno do espectro autista. Sabemos que esse tipo de transtorno tem seu início na 
infância persistindo na adolescência e na idade adulta. Observe o quadro abaixo que 
aponta a prevalência de autismo em 2018: 
 
Para tanto, a intervenção em pessoas com TEA precisa ser acompanhada por ações 
mais amplas, tornando ambientes físicos, sociais e comportamentos mais acessíveis, 
inclusivos e de apoio. Porém, a realidade é outra, conforme aponta o psiquiatra Estevão 
Vadasz, coordenador do Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas 
Fonte:https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8
&ved=2ahUKEwjH7LO_5_TdAhVEjJAKHVIhDHcQjRx6BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Ftismoo.us
%2Fdestaques%2Fcdc-divulga-novos-numeros-utismo-nos-eua-1-para-
59%2F&psig=AOvVaw2KDv5sCN0zOpLqWMHqf-3v&ust=1539018131961186 
 
 
17 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
de São Paulo: “A situação dessas pessoas pode ser considerada alarmante. Há cerca de 2 
milhões de autistas no país. Desses, 95% estão completamente desassistidos, nem 
diagnóstico têm”. (REVISTA SAÚDE, 2015). Ele ressalta ainda, sobre a lei que garante a 
eles os mesmos direitos de outros indivíduos com alguma deficiência, mas que ainda não 
se concretizou efetivamente. 
 
A lei 12.764 que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com 
TEA, considera as pessoas autistas como pessoas com deficiência dando-lhes assim, os 
mesmos direitos nas políticas de inclusão e principalmente no que tange à saúde e 
educação. Esta legislação teve muita importância por propiciar para as pessoas com 
autismo os mesmos benefícios das leis para as pessoas com deficiência: 
 
1o para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro 
autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes 
incisos I ou II: 
I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação 
sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal 
usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em 
desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; 
II - Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, 
manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por 
comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de 
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos. 
§ 2o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com 
deficiência, para todos os efeitos legais. (Lei 12.764 - BRASIL, 2012). 
 
No que se refere à Educação, o autista tem direito de estudar em escolas regulares, 
tanto na Educação Básica quanto no Ensino Profissionalizante, e, se preciso, pode solicitar 
um acompanhante especializado. 
 
 “Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno 
do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do 
inciso IV do art. 2o, terá direito a acompanhante especializado. ” (Lei 12.764 - 
BRASIL, 2012). 
 
Neste sentido, deve-se pensar a educação especial como um espaço que favoreça 
o desenvolvimento de um trabalho que possibilite aos docentes lidar com as restrições, 
limitações e as dificuldades dos alunos com ou sem deficiência. Vimos que a lei em si não 
garante a inclusão na prática, e esta não pode ser vista apenas como tarefa do professor, 
mas de toda a escola e da rede de ensino. 
 
 
 
18 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Portanto é necessário ter conhecimento acerca do transtorno, compreender que 
aquele aluno processa as informações de maneira diferente, tem resistência a mudanças e 
também pode ser mais sensível ao barulho. Neste cenário de Educação Inclusiva a figura 
do professor do Atendimento Educacional Especializado, por meio do Trabalho 
Colaborativo, se estabelece como um agente participativo no processo de ensino e 
aprendizagem destes alunos público alvo da Educação especial 
 
O professor de AEE (Atendimento Educacional Especializado) tem competência para 
auxiliar na elaboração das estratégias e planejamento na escola, de recursos e na 
organização da rotina de acordo com as necessidades visualizadas para os alunos com 
transtorno. 
 
Segundo Pinheiro (2017) o Atendimento Educacional Especializado segue a Política 
Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, designado 
ao atendimento de crianças com necessidades especiais, com deficiência, transtorno de 
desenvolvimento ou altas habilidades oferecendo espaços e salas de recurso 
multifuncionais. Este serviço identifica, organiza e elabora recursos
pedagógicos e de 
acessibilidade no intuito de eliminar barreiras que possam impedir a plena participação dos 
alunos, considerando suas necessidades específicas. 
 
A partir da Lei 12.764 e da luta de movimentos científicos e sociais, entidades e 
associações de pais de pessoas com transtornos do espectro do autismo, conquistaram 
direitos, no campo da Saúde, visando a construir equidade e integralidade nos cuidados às 
pessoas com TEA. O documento é referente às diretrizes de atenção a reabilitação da 
pessoa com Transtorno Espectro Autista, tendo como objetivo oferecer orientações às 
equipes multiprofissionais dos pontos de atenção da Rede SUS no atendimento a pessoa 
com TEA e de sua família nos diferentes pontos de atenção da Rede de Cuidados à Pessoa 
com Deficiência. (Brasil, 2014, p.6) 
 
No que se refere às intervenções o tratamento especializado de uma equipe 
multidisciplinar (psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, educadores), 
equoterapia, terapia de integração sensorial e educação física trabalhando de forma 
integrada bem como o engajamento familiar. 
 
 
 
 
19 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
TRATAMENTOS 
 
Equoterapia 
Equoterapia, como relata Freire e 
Potsch (2005), destacam que as terapias 
usando cavalo podem ser consideradas 
como um conjunto de técnicas 
reeducativas que agem para superar 
danos sensoriais, motores e 
comportamentais, através de uma 
atividade lúdico-desportiva, que tem como 
meio o cavalo. 
 
Fonoaudiologia 
Na fase de 0 a 2 anos, o 
acompanhamento da criança com um 
fonoaudiólogo é essencial, pois isso irá 
ajudá-la a desenvolver a linguagem não- 
verbal. A estimulação pode ser feita através 
de jogos e brincadeiras, contação de 
histórias e conversas 
 
Conclusão 
Ao contextualizar questões pertinentes ao Transtorno Espectro Autista, referente à 
incidência de pessoas com algum traço autista apresentando dados da OMS, bem como a 
lei que regulamenta TEA como deficiência garantindo direitos educacionais e diretrizes de 
atenção na rede de saúde, é necessário para compreender o universo que este transtorno 
está inserido e suas peculiaridades. Vimos que garantir a inclusão da pessoa com TEA no 
âmbito educacional é uma responsabilidade de todos os atores educacionais e como 
aprofundar o conhecimento pode propiciar estratégias de intervenção e desenvolvimento 
de habilidades permitindo a integralidade da pessoa humana. 
 
Fonte da imagem: https://medium.com/tismoo-biotecnologia/a-sutil-
diferen%C3%A7a-entre-o-autismo-e-a-apraxia-de-fala-8a9a48927430 
 
Fonte da imagem: 
http://enfrentandooautismo.blogspot.com/2012/09/equoterapia-
pode-estimular-fala-e.html 
 
 
http://enfrentandooautismo.blogspot.com/2012/09/equoterapia-pode-estimular-fala-e.html
http://enfrentandooautismo.blogspot.com/2012/09/equoterapia-pode-estimular-fala-e.html
 
 
20 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Dica de Filme: Sinopse – Jovem autista luta para ter 
uma vida normal. Incentivada pelo professor, ela 
chega à universidade e usa sua sensibilidade e 
habilidade com os animais para criar uma técnica que 
revoluciona a indústria agropecuária dos Estados 
Unidos. 
 
 
 
21 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. INTERVENÇÕES: LINGUAGEM E COMPORTAMENTAL 
 
Objetivo 
Conhecer as intervenções mais indicadas para o tratamento de pessoas com TEA. 
 
Introdução 
A intervenção da pessoa com TEA conforme vimos anteriormente é fundamentada 
no atendimento especializado multiprofissional abordando as condições heterogêneas e 
complexas de cada criança. Deste modo a abordagem terapêutica é composta de várias 
estratégias psicoeducacionais, psicológicas, fonoaudiólogas e sensoriais para que a 
criança se desenvolva na sua integralidade. 
 
Segundo Silva (2012) o tratamento psicológico consiste no desenvolvimento de 
comportamentos funcionais e redução dos comportamentos inadequados e são utilizados 
técnicas e métodos fundamentados em princípios comportamentais. 
 
Os modelos mais adotados em pacientes com TEA são o TEACCH (Treatment and 
Education of Autistic and related Communication handicapped CHildren), o ABA, e o PECS 
(Picture Exchange Communication System) porém com pouca bibliografia no Brasil. 
 
TEACCH - (Treatment and Education of Autistic and 
related Communication handicapped Children) 
O método TEACCH foi criado nos anos 60 no 
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da 
Universidade da Carolina do Norte, EUA. Foi idealizado pelo 
Dr. Eric Shoppler e atualmente tem como responsável o Dr, 
Gary Meisbov. (Mello, 2007, p. 34). Envolve esferas de 
atendimento educacional e clínico e combina diversos 
materiais concretos e visuais que ajuda a criança estruturar 
seu ambiente e sua rotina. 
 
 Para Mello (2007) o método consiste na avaliação do perfil da criança frente seus 
pontos fortes e suas dificuldades. Baseia-se na organização do ambiente físico através de 
rotinas – organizações de quadros, painéis ou agendas, sistemas de trabalho, de forma a 
 
 
22 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
adaptar o ambiente para tornar mais fácil para a criança compreende-lo, assim como 
compreender o que se espera dela. (Mello, 2007, p. 35) 
 
Tem como premissa o desenvolvimento da independência mesmo necessitando do 
professor para aprendizagem, uma vez que a criança consegue uma estrutura externa, pela 
organização de espaço, materiais e atividades, permitindo criar mentalmente estruturas 
internas, transformando-as em estratégias, para que possam crescer e se desenvolver de 
forma que consigam o máximo de autonomia na idade adulta. (Silva, 2012, p. 153). 
 
Atividade Corte Recorte Educativo TEACCH 
 
ABA – Análise aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis) 
Ivar Lovaas foi o pioneiro na utilização da intervenção ABA nessa população e 
atualmente, é uma das abordagens mais indicadas, uma vez da comprovação de sua 
eficácia. Tem seus princípios na teoria comportamental e visa observar, analisar e explicar 
a relação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem. 
 
Pereira apud Lima (2015) aponta que todo comportamento é aprendido, desde modo 
é possível ensinar a criança a exibir comportamentos mais adequados no lugar de 
comportamentos – problema. Envolve o ensino intensivo e individualizado das habilidades 
incluindo comportamentos sociais, tais como contato visual e comunicação funcional; 
comportamentos acadêmicos, como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática; além 
de atividades da vida diária como higiene pessoal, questões necessárias para que o 
indivíduo possa adquirir independência e a melhor qualidade de vida possível. Tem como 
base os princípios da Análise do comportamento para aumentar o repertório de 
comportamentos funcionais (ex.: reforço positivo, esquemas de reforçamento, imitação, 
 
 
23 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
modelagem) e diminuir comportamentos pouco adaptativos (extinção, reforçamento 
diferencial). É indicado em todos os contextos que a criança vive como família e escola. 
 
Sistema de Comunicação por da troca de figuras 
(PECS). 
Para Mello (2007) PECS é um sistema que auxilia 
crianças e adultos no desenvolvimento da habilidade de 
comunicação. O método faz uso de figuras o que facilita a 
comunicação e a compreensão, por estabelecer uma 
associação entre a atividade e o símbolo. 
 
 
Quando uma criança com autismo precisa algo, ela 
entrega uma figura que representa o seu desejo. Ex.: ir ao 
banheiro, comer, ajuda etc. 
 
Fonte: 
https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs
-sistema-de-comunicacao-por-troca-de-
imagens/ 
Fonte: 
http://www.universoautista.com.br/auti
smo/modules/works/item.php?id=14 
 
https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs-sistema-de-comunicacao-por-troca-de-imagens/
https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs-sistema-de-comunicacao-por-troca-de-imagens/
https://comunicacaoaa.wordpress.com/pecs-sistema-de-comunicacao-por-troca-de-imagens/
http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/works/item.php?id=14
http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/works/item.php?id=14
 
 
24 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Integração Sensorial 
Para Mello (2007), a teoria da integração 
sensorial visa integrar as informações que chegam ao 
corpo da criança por meio de brincadeiras, sensações 
táteis etc. 
 
A técnica propõe que a integração sensorial atue 
no cérebro de forma que este organize a sensação do 
nosso corpo e do ambiente para que seja possível usar 
o corpo de forma eficaz no ambiente. (Pereira apud 
Mailloux, 2015, p. 12). 
 
Intervenção Fonoaudióloga 
Algumas pesquisas reportam a linguagem oral como a habilidade mais comumente 
afetada, ocorrendo perda de palavras em cerca de 20% dos indivíduos com TEA (Backes et 
al., 2013; Lord et al., 2004). 
 
O atraso de aquisição de fala e/ou a regressão da mesma em idades até os 3 anos 
de vida são sinais frequentes na suspeita do desenvolvimento do autismo e um dos eventos 
mais restritivos que geram mais comprometimento na vida da criança com TEA. 
 
A intervenção fonoaudiólogicas tem importância uma vez que a linguagem é o 
suporte para o contato social e vias de comunicação com o mundo, assim como permite 
construir códigos essenciais para a aprendizagem. Tem como objetivo aumentar a 
comunicação verbal e melhorar o desempenho cognitivo. 
 
Equoterapia 
Equoterapia é outra sugestão de intervenção conforme aponta Pereira por ser um 
método que: 
 
Emprega o cavalo como agente promotor de ganhos a nível físico e 
psíquico. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, 
para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio 
corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio, constituindo-se um 
tratamento complementar de apoio à reabilitação neurossensoriomotora, para 
crianças com dificuldades ou deficiências físicas, mentais e/ou psicológicas, que 
utiliza o cavalo como instrumento de trabalho em uma abordagem, multi e 
interdisciplinar. (Pereira, 2015, p. 13). 
Fonte: 
http://descobreaterapiadafala.blogspot.com/
2013/11/carateristicas-sensoriais-no-
autismo.htm 
 
 
25 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Segundo Grubts (2003), o desenvolvimento 
emocional do praticante é favorecido devido à 
interação harmônica com o animal (cavalo), 
proporcionando a reabilitação no sentido de 
segurança, e uma adaptação emocional de modo 
geral. 
 
Conclusão 
Como podemos perceber a intervenção terapêutica é fundamental no 
desenvolvimento da pessoa com TEA possibilitando aprendizagem e adaptações de 
comportamentos impróprios. As diversas técnicas utilizadas buscam atuar nas limitações 
da comunicação, contato social favorecendo as habilidades sócio cognitiva no processo de 
aprendizagem no contexto escolar. 
 
Vimos também que a intervenção precoce pode amenizar e reduzir danos, 
principalmente à proteção do funcionamento intelectual e promoção da adaptação. Sendo 
assim, consequente melhoria da qualidade de vida, o direcionamento das competências do 
indivíduo para sua autonomia e à diminuição da angústia da família. 
 
Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a-
diferen%C3%A7a/viva-a-diferen%C3%A7a-1.925289/o-
impacto-positivo-da-equoterapia-no-tratamento-de-
pessoas-com-defici%C3%AAncia-1.1328301 
 
 
 
26 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. APRENDIZAGEM, AUTISMO E TÉCNICAS 
 
Objetivo 
Introduzir práticas de aprendizagem e estratégias pedagógicas no processo 
educacional da pessoa com TEA. 
 
Introdução 
Pensar sobre a inserção do aluno com 
TEA no ambiente educacional faz com que 
família e escola sejam parceiros 
imprescindíveis no que tange à educação da 
criança. Sabemos que a presença de alguém 
com um transtorno neurológico modifica 
completamente a vida de todos lhe rodeiam, 
principalmente na família e na escola. 
 
Partindo desse pressuposto os contextos de família e escola serão determinantes 
para o indivíduo com TEA, nesse sentido o fazer pedagógico deve propiciar ligação entre 
as relações sociais junto às estratégias de ensino e as peculiaridades dos alunos com TEA. 
 
As práticas utilizadas dependem da organização do profissional para que essas 
estratégias alcancem os alunos, desenvolvendo suas habilidades e competências 
contemplando o processo de aprendizagem inclusivo. 
 
Barberini (2016) aponta que para execução das práticas pedagógicas, se faz 
necessário a busca de aprimoramento dos professores para atender as necessidades dos 
alunos com TEA. Além, de alterar as já existentes para favorecer os alunos autistas, precisa 
propor atividades para os outros alunos, uma vez que é na relação com outros pares que o 
processo de aprendizagem acontece e a inclusão escolar se efetiva. A autora ressalta ainda 
que dentro da sala de aula trabalhar questões da realidade é fundamental para explorar o 
raciocínio, avaliação e reflexão. 
Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a-
diferen%C3%A7a/viva 
 
 
 
27 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Segundo Melo (2016) a sala de aula 
precisa ser um espaço inovador e atrativo 
para criança autista estabelecer confiança no 
grupo em que está inserida, contendo objetos 
que lhe chamem atenção e desperte interesse 
no contexto escolar. (Melo, 2016, p. 17). As 
estratégias e recursos direcionados aos 
processos de ensino de crianças autistas na 
sala de aula devem enfatizar a utilização de 
recursos visuais, uma vez que tendem 
aprender pelo visual. 
 
De acordo com Cunha (2014) o aluno aprende ao passar pelos estágios em que ele 
depende do incentivo e da presença do professor (Diretivo); quando o aluno já possui um 
conhecimento prévio e tem iniciativa para realizar atividades (Autonomia); quando este 
aprendizado propõe uma experiência transformadora criando uma forma nova de executar 
ou manusear materiais (Criativo); e por fim quando consegue socializar o saber adquirido 
(Colaborativo). 
 
Ainda de acordo com Cunha (2013), para o professor é fundamental trazer o olhar 
do aluno para as atividades que ele está fazendo, enriquecer a comunicação, trabalhar a 
função simbólica por meio de livros, contação de histórias, música, artes e outros canais 
sensoriais privilegiando os vínculos afetivos. É necessário que aluno possa encontrar 
significado nas atividades pedagógicas de forma concreta para estabelecer sentido ao que 
está aprendendo. 
 
Fonte: https://ludovica.opopular.com.br/blogs/viva-a-
diferen%C3%A7a/viva 
 
 
 
28 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Ex.: Contar 1, 2, 3, 4 pode não fazer sentido, porém pedir para o aluno contar * * * * 
(estrela) possa estar relacionado ao seu mundo afetivo. 
 
O material estruturado é uma ferramenta que possibilita o aprendizado por ser um 
material adaptado ao currículo escolar. Ao invés de colocar tudo no papel, o professor vai 
elaborar de forma concreta para que a criança autista possa visualizar o que vai aprender. 
Assim, o professor vai ensinar de forma prática, de forma que o aluno interaja com aquele 
aprendizado. 
 
Cunha (2013) ressalta outras ferramentas que podem ser exploradas no processo 
de aprendizagem: material sensorial; para firmeza e controle do traço; que visa o 
desenvolvimento matemático como encaixes geométricos, jogos e atividades que utilizem 
novas tecnologias digitais;
que visa o desenvolvimento motor, coordenação motora; 
atividades da vida prática; que visa o desenvolvimento da linguagem como jogos coletivos, 
livros, pareamento concreto com simbólico; jogos que estimule o raciocínio lógico. 
 
Material Sensorial para o desenvolvimento sensorial 
 
 
 
http://www.criandocomapego.com/painel-sensorial-no-estilo-
montessori-para-bebes-e-criancas/ 
http://www.criandocomapego.com/painel-sensorial-no-estilo-montessori-para-bebes-e-criancas/
http://www.criandocomapego.com/painel-sensorial-no-estilo-montessori-para-bebes-e-criancas/
 
 
29 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Material Dourado para desenvolvimento motor e matemático 
 
 
 
Conclusão 
O processo de aprendizagem da pessoa com TEA requer questões que envolva 
a inclusão na sua integralidade, bem como estratégias pedagógicas que facilite a 
interação social, comportamental e cognitiva. Como podemos observar o aprimoramento 
do professor é fundamental para que se desenvolva um trabalho específico e estruturado 
de acordo com o currículo, mas a escola como um todo deve estabelecer espaço para 
este desenvolvimento 
 
É preciso considerar que a escola, para ser inclusiva, precisa ser um lugar 
acolhedor, onde não haja preconceito, e deve ser um espaço que promova o 
desenvolvimento das habilidades da criança com o transtorno. Como vimos, os 
profissionais devem ser qualificados, conhecedores do espectro autista e a família 
devidamente orientada. 
 
http://www.edupp.com.br/2015/05/aplicacao-do-material-
dourado-montessoriano-em-sala-de-aula/ 
 
 
30 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. INTERVENÇÕES EDUCACIONAIS E COMPORTAMENTAIS NO 
AMBIENTE ESCOLAR 
 
Objetivo 
Compreender a importância das intervenções educacionais e comportamentais e os 
benefícios do atendimento educacional especializado (AEE). 
 
Introdução 
O trabalho com crianças que apresentam TEA exige uma mudança significativa e 
diária no contexto escolar. Para que essa transformação aconteça é necessário identificar 
as peculiaridades que cada aluno apresenta através de avaliações que mensurem as 
competências. 
 
O momento da avaliação é muito importante para o sucesso da intervenção. Deve-
se iniciar uma avaliação detalhada para identificar o nível de desenvolvimento, assim como, 
o padrão de dificuldades e limitações do aluno. Toda essa análise permite também ter a 
ideia de identificar fatores ambientais que muitas vezes afetam o comportamento da criança 
com TEA. 
 
Para implementar as intervenções para o tratamento e acompanhamento das 
crianças com TEA é necessário que todos os profissionais envolvidos utilizem avaliações 
que possibilitem a escolha das melhores ferramentas para desenvolverem um trabalho 
ajustado as peculiaridades de cada aluno. 
 
De acordo com Ferreira (2011) a 
avaliação da criança autista é realizada, 
principalmente, no nível comportamental, pois 
na atualidade ainda não existem marcadores 
físicos específicos para este transtorno. Muitas 
vezes o diagnóstico vai se fundamentar na 
forma como a criança se comporta, ou seja, na 
demonstração de comportamentos específicos 
do TEA. 
 
 
 
31 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Como vimos, quanto mais cedo o diagnóstico se efetuar, mais precocemente se 
poderá́ intervir, com a possibilidade desta intervenção ter um impacto importante no 
desenvolvimento da criança e na sua família (Siegel, 2008). Porém, para iniciar a 
intervenção é necessário compreender a diferença entre modificação de currículo e 
adaptação curricular. Veja a seguir as diferenças: 
 
 
 
Segundo Coscia (2010) o professor, ao iniciar o processo de ensino aprendizagem 
com uma criança com autismo, terá́ a sensação que ela se recusa a interagir e a aprender 
qualquer coisa proposta por ele. Este deverá proporcionar um ambiente adequado, com 
intervenções necessárias para que ocorra a comunicação. 
 
Dessa forma, também se torna necessário compreender que pessoas com 
Transtorno do Espectro Autista (TEA), muitas vezes, não aprendem de acordo com um 
desenvolvimento típico, na maioria das vezes elas precisam de intervenções específicas ou 
mediação para o aprendizado. 
 
Os alunos com TEA, em muitos 
casos, irão precisar ter alguma alteração 
acadêmica, uma vez que problemas como 
déficits motores (por exemplo, segurar um 
lápis para escrever) e motivação 
(realização de determinadas atividades, 
participação em algumas aulas) podem 
exigir modificações. 
Modificação: implica em alterar o conteúdo ensinado
com base nas necessidades e limitações do aluno,
podendo mudar a estrutura de avaliação.
Adaptação: mantém a integridade do conteúdo
repassado e a forma padrão de avaliação.
 
 
32 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Belisário Filho e Cunha (2010) observam que esses educandos em muito se 
beneficiam com as atividades realizadas pelo Atendimento Educacional Especializado 
(AEE), haja visto que se trata de um serviço que contribui para o acesso e a participação 
de todos no ambiente escolar (BRASIL, 2011), embora este não deva ser o único serviço 
ofertado para esse público. 
 
O plano do AEE deve contemplar: 
 
[...] identificação das habilidades e necessidades educacionais especificas; a 
definição e a organização das estratégias, serviços e recursos pedagógicos e de 
acessibilidade; o tipo de atendimento conforme as necessidades de cada estudante; 
o cronograma do atendimento e a carga horaria, individual ou em pequenos grupos 
(BRASIL, 2013, n.p.). 
 
Considerando o exposto, Cintra, Jesuíno e Proença (2010) esclarecem que o AEE 
não deve ser confundido com reforço escolar ou mera repetição dos conteúdos curriculares 
desenvolvidos na sala de aula. Seu objetivo é constituir um conjunto de procedimentos 
específicos que auxiliem no processo de ensino e aprendizagem. 
 
Conclusão 
Como vimos, a inclusão está diretamente relacionada com o processo de ensino-
aprendizagem, não basta só́ incluir, a escola deve ofertar um ensino de qualidade e para 
isso o professor deve desenvolver metodologias diversificadas e flexíveis para esse público 
tão diverso que é o TEA. 
 
É preciso considerar que se torna imprescindível desenvolver avaliações que 
oportunizem maior inclusão nos ambientes educacionais. Assim sendo, o programa 
educacional para um indivíduo com autismo deve ser baseado nas necessidades únicas 
daquela pessoa, para ajudar a determinar que tipo de ambiente de aprendizagem será 
melhor para ela. 
 
Para alguns profissionais da educação, a inclusão é vista de forma negativa, por 
vezes eles não se sentem preparados para lidar com as necessidades individuais que a 
criança com autismo apresenta, por isso a importância de sempre reforçar a importância da 
formação do professor para uma melhor prática docente. 
 
 
 
33 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. ADEQUAÇÃO E ADAPTAÇÃO CURRICULAR NO AUTISMO 
 
Objetivo 
Visualizar propostas que apresentem adequação e adaptação curricular para os 
alunos com TEA. 
 
Introdução 
Em uma escola inclusiva, o aluno é o foco central de toda ação educacional. 
Sabemos que a educação deve oferecer as condições necessárias e suficientes para o 
acesso, a permanência e o êxito acadêmico de todos os alunos, sem distinção, nas 
múltiplas dimensões (domínio de conhecimentos, socialização, dentre outras competências 
humanas) que o envolvem (ECHEITA, 2010). 
 
Compreendemos que a escola inclusiva é aquela que conhece cada aluno, respeita 
suas potencialidades e necessidades, com qualidade pedagógica. Para que isso realmente 
aconteça, vamos lembrar do documento importante chamado PEI (Programa de Ensino 
Individualizado). 
 
O PEI é um instrumento
que operacionaliza a adequação do processo de ensino e 
de aprendizagem. É dinâmico, revisto e reformulado regularmente, responsabilizando a 
escola e os encarregados de educação pela implementação das medidas educativas 
adotadas. É um documento desenhado para responder à especificidade das necessidades 
de cada aluno. 
 
Como vimos, o PEI é um 
instrumento que propõe planejar e 
acompanhar o desenvolvimento de 
estudantes com dificuldades de 
aprendizagem com base nas diretrizes 
escolares, o PEI tem como objetivo 
orientar o trabalho da escola nas 
prioridades a serem ensinadas para seu 
aluno que necessita de adaptações curriculares (Taranto, 2015) 
 
 
 
34 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O professor deve modificar as atividades e materiais para atender às necessidades 
dos alunos com TEA, realizando as modificações necessárias para as pessoas com 
dificuldades de aprendizagem. As adaptações são necessárias e às vezes podem depender 
de peculiaridades de cada paciente, o que dificulta a criação de um protocolo fechado e 
restrito à população de TEA. 
 
Como notamos, a família é o primeiro contato para iniciarmos as adaptações, se 
necessário já preparar e adaptar a infraestrutura, sala de aula e todos os materiais utilizados 
de forma individual. Para aplicar metodologias diferenciadas é importante: 
 
 
 
Em algumas situações, muitos casos, 
recebem um Acompanhante Terapêutico (AT) é 
uma estratégia que trará muitos benefícios para 
o aluno. O AT “é sem dúvida um agente 
facilitador deste processo de escolarização, 
para mediar o processo de aprendizagem na 
instituição” (Gavioli, Ranoya e Abbamonte, 
2013) 
 
Além disso, também existem programas para aperfeiçoar o atendimento dos alunos 
com TEA e que irão auxiliar aspectos específicos do desenvolvimento. Como vimos na 
Conversa com a família 
Avaliar competências e habilidades 
(comunicação, linguagem, escrita)
Elaborar cronograma a partir da avaliação 
Avaliar e reavaliar os conteúdos e metas
 
 
35 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
unidade anterior, esse programa é o Sistema de Instrução TEACCH, identificado como 
Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children4 
(TEACCH), desenvolvido pelo Dr. Eric Schoppler, nos anos 60 e utilizado em várias partes 
do mundo (BOSA, 2007; MELLO, 2007). 
 
De acordo com (BOSA, 2007), esse programa tem como princípio a combinação de 
diferentes materiais visuais com foco para o aperfeiçoamento da linguagem, da 
aprendizagem e da redução de comportamentos inapropriados do aluno com TEA. 
 
Neste sentido, o TEACCH é um sistema 
transdisciplinar com finalidade psicoeducativa, 
que individualiza o sujeito, dando a devida 
importância as suas dificuldades e limitações, 
adaptando o meio físico e facilitando o seu 
desenvolvimento com a criação de rotinas e 
dicas visuais (fotos e cartões) (KWEE; 
SAMPAIO; ATHERINO, 2009) 
 
De acordo com Fonseca e Ciola (2014) são seis os princípios orientadores do 
Programa TEACCH, dispostos quadro abaixo: 
 Melhoria na capacidade adaptativa; 
 Colaboração entre pais e profissionais; 
 Avaliação individualizada para a intervenção; 
 Ênfase nas habilidades e reforço para capacidade do aluno; 
 Terapia Cognitiva-Comportamental; 
 Ensino estruturado partindo como fator de organização e previsibilidade. 
 
Conclusão 
Todas as experiências aqui relatadas reiteram a importância adaptação curricular e, 
consequentemente, do olhar voltado para as necessidades práticas dos alunos com TEA. 
Vimos, que todas as ações visam facilitar os processos de ensino aprendizagem para esse 
grupo tão peculiar que são os alunos com TEA. 
 
 
36 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O apoio que os materiais adaptados, pautados no programa TEACCH, podem 
proporcionar, possibilidades de avanços acadêmicos, sociais e de Comunicação, e como 
consequência um suporte para as atividades de vida diária da criança autista. 
 
Por fim, esse tipo de utilização de recursos de comunicação suplementar e 
alternativa podem se estender para outras pessoas do convívio com a criança, ampliando 
maior oportunidade de desenvolvimento. 
 
 
 
37 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
9. TEA: QUADROS CLÍNICOS E CURIOSIDADES 
 
Objetivo 
Conhecer alguns quadros clínicos que fazem referência aos três níveis de gravidade 
do TEA e as técnicas que podem ser aplicadas. 
 
Introdução 
Atualmente, a Associação Americana de Psiquiatria relaciona o diagnóstico por meio 
das características da díade do TEA composta por (a) déficit na interação social e 
Comunicação e (b) comportamentos e interesses restritos e repetitivos (APA, 2014). 
 
Para falarmos dos diferentes quadros clínicos é importante relembrar que o 
diagnóstico do TEA depende muitos fatores para se estruturar. O primeiro e um dos mais 
importantes é conhecer profundamente os TEA identificando seus sinais e sintomas. Para 
que isso ocorra é necessário observar o comportamento da criança em todos os ambientes 
que ela frequente, incluindo (casa, com os pais, na escola, no parque, etc.) 
 
Muitos profissionais também sugerem que assim que os pais percebam qualquer 
alteração na criança, verifiquem fotos, vídeos, gravações realizadas na escola e em 
aniversários, pois poderão ter mais clareza em quais comportamentos houveram 
alterações. Caso isso aconteça, também é apropriado solicitar relatórios das escolas, 
creches e estes responderem com detalhes e com informações significativas. E por fim, 
conversar muito com os pais a fim de explicar bem o diagnóstico e a importância de tratá-
lo. 
 
Sabemos que para um 
diagnóstico tenha êxito é necessário 
que os profissionais tenham muito 
conhecimento em relação ao TEA, 
também é fundamental que tenha 
bastante experiência e entenda 
profundamente sobre comportamento 
infantil. Além de todos os instrumentos 
é necessário estar muito atento a história do paciente desde a sua gestação, questionando 
como foi, se fez pré-natal, saúde materna da mãe e muitos outros. 
 
 
38 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Passada a fase do nascimento, investiga-se o primeiro ano de vida, ou seja, como 
era esse bebê em casa: se dormia bem; por quanto tempo foi amamentado; quando sentou, 
engatinhou e andou; quando vieram as primeiras palavras. (Silva, 2012) 
 
Para crianças com autismo, sabemos que o diagnóstico precoce é de fundamental 
importância. O médico especialista também deve observar se a criança com autismo 
apresenta ainda alguma morbidade, isto é, problemas que estão associados ou que 
ocorrerem durante o desenvolvimento dessa criança. 
 
Consideramos que a prevalência do transtorno de espectro autista é de 
aproximadamente 1% na população geral. O referido Manual DSM-5 (APA, 2014) apresenta 
divisão em níveis de gravidade: 
 O Nível 1 (Exigindo apoio) é caracterizado por aspectos referentes à déficit na 
comunicação social e comportamentos restritos; 
 O Nível 2 (exigindo apoio substancial) déficits graves de comunicação verbal 
e não verbal; 
 O Nível 3 (exigindo apoio muito substancial) é caracterizado por déficits 
graves de comunicação verbal e não verbal; interação social mínima. 
 
RELATOS DE CASO 
Os relatos de caso foram retirados do livro: SILVA, Ana 
Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, 
Leandro Thadeu. Mundo Singular: Entenda o autismo. Rio de 
Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012 
 
 
 
39 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Primeiro Caso 
Paulo Eduardo não desenvolveu a fala. Suas crises de birra reduziram muito 
quando começou a trocar figuras para se comunicar. Treinamos
com ele os diversos 
significados e consequências. Atualmente ele consegue montar algumas frases e até́ 
fazer pedidos em restaurantes com a troca de figuras. Essa técnica melhorou muito 
sua capacidade de se comunicar; não fica tão angustiado quando quer algo e os pais 
relatam melhoras inclusive na socialização, já́ que agora se faz entender. 
(SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: Entenda o 
autismo. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012-pag. 154) 
 
Desfecho Terapêutico e resultados: 
 PECS 
 Treino de Comportamento Verbal 
 Linguagem de Sinais 
 
Segundo Caso 
Serginho, de 4 anos, precisava aprender a escovar os dentes. No início, ele 
queria apenas morder a escova e chupar a pasta. Nosso primeiro passo foi segurar a 
escova de dente junto com ele, colocando nossas mãos sobre a mão dele. Passávamos 
a escova por seus dentes apenas uma vez e tirávamos de sua boca, impedindo-o de 
mordê-la. Com o tempo, o habito de morder a escova foi diminuindo e hoje ele já́ 
segura a escova de dente sozinho, precisando apenas de um apoio leve para que 
direcionemos os movimentos que devem ser feitos. 
(SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: 
Entenda o autismo. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva Ltda, 2012-pag. 153) 
Desfecho Terapêutico e resultados: 
 ABA 
 TEACCH 
 PECS 
 Tratamento Comportamental 
 
 
 
40 Transtorno Espectro Autista - TEA 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Conclusão 
Nossas experiências até aqui retrataram que para superarmos os desafios 
encontrados na atuação das pessoas com TEA, precisamos trabalhar em equipe e que 
cada um tenha em mente, que deve fazer a sua parte da melhor maneira possível, para 
assim potencializar o trabalho do outro. 
 
A cada capítulo vimos a necessidade de criar todo o tipo de parceria, seja com a 
família, a escola, e os profissionais de saúde. Vimos, que serão através delas que iremos 
desenvolver atividades que promovam mais desenvolvimento e autonomia para nossos 
alunos com TEA. 
 
Sabemos que apesar das dificuldades existentes, o processo de inclusão é sim 
possível, desde que haja comprometimento e envolvimento por parte de todos, contando 
com uma boa formação pedagógica, além do apoio escolar e familiar.

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