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1 - Fundamentos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

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PEDAGOGIA
FUNDAMENTOS DOS ANOS 
INICIAIS DO ENSINO 
FUNDAMENTAL
Marilu Mercadante
Magali Aparecida Galdino Ré
FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
UNIDADE 1 - A Estrutura do Ensino Fundamental no Brasil: Processo Histórico, Caracterização e Princípios. 
Marilu Mercadante 
Magali Aparecida Galdino Ré 
1 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Conhecer o processo histórico do Ensino Fundamental no Brasil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Breve histórico 
 
Para falar da necessidade de escolarização básica da população, precisamos 
retomar os tempos da reforma protestante. Martinho Lutero, em 1520, já defendia a 
alfabetização das massas populares. Prova disso foi uma carta escrita por ele nesse 
período – a Carta aos príncipes cristãos – na qual solicitava que os fiéis tivessem acesso 
direto às santas escrituras. Afirmava, ainda, que a oferta da escolarização para as 
massas populares deveria ser de responsabilidade dos príncipes cristãos. 
Em 1647, na colônia de Massachusetts (Estados Unidos), foi sancionada a 
primeira lei garantindo Educação elementar a todos. Essa lei era conhecida como a “Lei 
do velho enganador, Satanás”. Para entender melhor essa lei e seu conteúdo 
relacionado às preocupações protestantes com a alfabetização da população, Anísio 
Teixeira esclarece que: 
Sendo o projeto maior do velho enganador, Satã, o de manter os homens 
afastados do conhecimento das escrituras, conservando-as como nos tempos 
antigos, em língua desconhecida, ou, nos últimos tempos, persuadindo-os a 
não aprenderem a língua, de modo que, pelo menos, o verdadeiro sentido e 
significado original (das ditas escrituras) possam ser turbados por falsas glosas 
de enganadores de santa aparência e para que o saber não fique enterrado no 
túmulo de nossos pais na igreja e na comunidade. 
 
Essa lei prescrevia que: 
 
1 – Que toda cidade tendo 50 residências deveria nomear um professor de leitura e 
escrita, e prover seus salários na forma como o Conselho da cidade venha a determinar; 
 
FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
UNIDADE 1 - A Estrutura do Ensino Fundamental no Brasil: Processo Histórico, Caracterização e Princípios. 
Marilu Mercadante 
Magali Aparecida Galdino Ré 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
2 – Que toda cidade que tenha 100 residências deveria prover uma escola de 
gramática (latina) para preparar seus jovens para a universidade sob pena de 5 libras se 
falhar nesse intento. 
Essa preocupação com a alfabetização da população, presente na lógica 
protestante, não acontecia no catolicismo, onde o padre “traduzia” o texto escrito, pois 
era o intermediário entre os católicos e Deus. Esse fato fez com que a garantia da 
escolarização para a maioria da população católica fosse mais lenta quando comparada 
aos países protestantes. No Brasil, a escolarização da população ocorreu a partir da 
década de 1930. 
Para nossa civilização ocidental, a extensão da escolaridade esteve associada à 
ideia emancipadora de que a escola seria um instrumento de redução das 
desigualdades sociais. A extensão da escolaridade esteve associada, ainda, à ideia 
disciplinadora de moldagem da identidade nacional quanto à necessidade de influir nas 
novas gerações comportamentos exigidos para o desempenho das funções e 
ocupações que surgiam com o processo de industrialização e urbanização. É com esse 
caráter emancipador e, ao mesmo tempo disciplinador, que o direito e o dever a um 
determinado nível de escolarização básica se tornou consenso no ocidente. Como 
exemplos disso temos: a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, a 
Declaração Universal da Educação de Todos de 1990 e a Declaração dos Direitos da 
Criança de 1998. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
VOLTANDO NO TEMPO: 
 No Brasil, ao falarmos da Educação da população, não podemos deixar de 
comentar a respeito da forma como os jesuítas impuseram o seu modo de vida, a sua 
cultura de forma geral, aos índios que aqui estavam. 
 
Em pleno século XVIII, mais de duzentos anos após a descoberta do Brasil, 
havendo falta de mão de obra, os índios eram caçados e forçados a servir como 
escravos nas plantações dos colonos europeus. A Companhia de Jesus, ordem religiosa 
FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
UNIDADE 1 - A Estrutura do Ensino Fundamental no Brasil: Processo Histórico, Caracterização e Princípios. 
Marilu Mercadante 
Magali Aparecida Galdino Ré 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
jesuíta, teria então por missão evangelizar os índios, e, uma vez convertidos à Fé 
Cristã, os índios estariam a salvo da escravidão. Já no século XVIII, em São Paulo e 
Minas Gerais, sendo a mão-de-obra escrava ainda muito procurada, e porque muitos 
índios locais já haviam migrado mais para o Sul, iniciou-se o processo de uso das 
entradas e bandeiras, incursões na mata de grupos de caçadores de novos escravos, na 
região das Missões jesuíticas. Aí se deu um confronto histórico, em que as Missões, com 
centenas de índios catequizados, que já conheciam a música clássica, a escrita, e a 
Bíblia, viriam a ser capturados eventualmente, em confrontos com os Bandeirantes. 
 
 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Miss%C3%A3o 
 
 
Evangelização dos índios: 
"Imposição de uma cultura 
sobre outra" 
 
 FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
UNIDADE 2 - A Estrutura do Ensino Fundamental no Brasil: Processo Histórico, Caracterização e Princípios. 
Marilu Mercadante 
Magali Aparecida Galdino Ré 
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Entender como se deu o acesso à Educação Fundamental nas Constituições 
Brasileiras. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
No Brasil, a Educação obrigatória e gratuita a que todos devem ter acesso foi 
introduzida na legislação federal com a constituição de 1934. Inicialmente, consistia no 
ensino primário de cinco anos, posteriormente de quatro. Com a Lei n. 5692/71, passou 
a abranger as oito primeiras séries, sob a denominação de ensino de primeiro grau, 
resultante da fusão do ensino primário com o ginasial. Com a Constituição de 1988, tem 
sua denominação alterada para Ensino Fundamental. Posteriormente a duração 
obrigatória do Ensino Fundamental foi ampliada de oito para nove anos pelo Projeto de 
Lei nº 3.675/04, passando a abranger a Classe de Alfabetização (fase anterior à 1ª série, 
com matrícula obrigatória aos seis anos) que, até então, não fazia parte do ciclo 
obrigatório (a alfabetização na rede pública e em parte da rede particular era realizada 
normalmente na 1ª série). 
 
O direito à Educação nas constituições brasileiras 
 
Constituição Imperial de 1824 - Tinha poucas indicações sobre Educação. A mais 
importante estava na Declaração dos Direitos do Cidadão, a qual trazia no artigo 32: “A 
instrução primária é gratuita a todos os cidadãos”. Acontece que no Brasil a maioria da 
população era constituída por escravos, de forma que a abrangência do direito à 
Educação tornava-se restrita. 
 
 FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
UNIDADE 2 - A Estrutura do Ensino Fundamental no Brasil: Processo Histórico, Caracterização e Princípios. 
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Constituição Republicana de 1891- Apesar da Republica ter sido proclamada, a 
supremacia de uma visão individualista do liberalismo determinou a derrota das poucas 
emendas que propuseram o ensino obrigatórionessa constituição. Alguns autores 
afirmam que a questão da obrigatoriedade foi suprimida devido à preocupação de se 
preservar a autonomia dos Estados federados. 
 
Constituição de 1934- A Revolução de 1930 trouxe consigo a promessa de 
modernização do país, abrindo um papel central à Educação na construção da 
nacionalidade. Criou-se o Ministério da Educação e Saúde atrelado a um Sistema 
Nacional de Ensino, porém, ligado aos interesses políticos do governo. Nesse contexto, 
a Constituinte de 1934 definiu os marcos legais dessa institucionalização e incorporou 
os direitos sociais aos direitos do cidadão. Essa Constituinte foi influenciada pelo ideário 
liberal da Escola Nova, difundido no país a partir de meados dos anos 1920. Pela 
primeira vez, um texto constitucional brasileiro dedica um capítulo à Educação, o Art. 
149, o qual estabelece que: 
 
A Educação é direito de todos e deve ser ministrada pela família e pelos Poderes 
Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a estrangeiros 
domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e 
econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a consciência da 
solidariedade humana. 
 
 
Constituição de 1937- Esta Constituição foi decorrente do golpe de 10 de novembro de 
1937, foi decretada por Getúlio Vargas e redigida por Francisco Campos, primeiro 
ministro da Educação após 1930. Ficou conhecia como “Polaca”, pois foi inspirada num 
texto polonês. Especificamente sobre o ensino primário, lê-se: 
 
 FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
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O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porém, não exclui o dever 
de solidariedade dos menos para com os mais necessitados; assim, por ocasião da 
matrícula, será exigida aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem 
alegar escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal para a caixa 
escolar. 
. 
Constituição de 1946- Nesta Constituição, alguns artigos chamam a atenção: 
-o artigo 166 retomava a questão do direito à Educação: “A Educação é direito 
de todos e será dada no lar e na escola. Deve inspirar-se nos princípios de liberdade e 
nos ideais de solidariedade humana”. Neste artigo, a redação “será dada no lar e na 
escola” substituída à redação da Constituição de 1934 “ministrada pela família e pelos 
Poderes Públicos”. As duas Constituições evidenciam a influência das concepções 
católicas. 
- o artigo 168 retomava a questão da obrigatoriedade: “A legislação do ensino 
adotará os seguintes princípios: I – o ensino primário é obrigatório e só será dado na 
língua nacional; II- o ensino primário oficial é gratuito para todos...” 
- o artigo 172 garantia os serviços auxiliares ou de assistência ao estudante: 
“Cada sistema de ensino terá obrigatoriamente serviços de assistência educacional que 
assegurem aos alunos necessitados condições de eficiência escolar”. 
 
Constituição de 1947- A Constituição Paulista de 9/7/1947, no Art. 118, afirmava que “O 
ensino oficial será gratuito em todos os graus”. 
 
Constituição de 1967- A ditadura decorrente do Golpe Militar de 1964, ao recorrer 
crescentemente a medidas de exceção, acabou necessitando de outro ordenamento 
jurídico, o qual veio por meio da Constituição de 1967. 
 
Constituição de 1969- ou Emenda Constitucional de 1969, tratava da Educação no Art. 
176 da seguinte forma: 
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A Educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e 
solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado, e será dada no lar e na 
escola. [...] 
II – O ensino primário é obrigatório para todos, dos sete aos catorze anos e 
gratuito nos estabelecimentos oficiais; 
 
 A emenda de 1969, em seu Art. 176 reconhecia, pela primeira vez, em nível 
constitucional, Educação como “direito de todos e dever do Estado”. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Vale dizer que, em termos de 
legislação não constitucional, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei n. 
4024/61, que em seu Art. 3º estabelecia: 
 O direito à Educação é assegurado: 
I- Pela obrigação do poder público e pela liberdade de iniciativa particular de 
ministrarem o ensino em todos os graus, na forma da lei em vigor; 
II- Pela obrigação do Estado de fornecer recursos indispensáveis para que a família 
e, na falta desta, os demais membros da sociedade se desobriguem dos 
encargos da Educação, quando provada à insuficiência de meios, de modo que 
sejam asseguradas iguais oportunidades a todos. 
 
Do exposto acima, podemos concluir que: 
 
- a obrigatoriedade escolar para o ensino primário é introduzida, em nível 
constitucional, a partir de 1934, com cinco anos de duração. Em seguida, amplia-se o 
seu período de duração para oito anos no texto de 1967, e depois com a Lei 5. 692 de 
1971; Neste período, altera-se a nomenclatura para ensino de primeiro grau, fundindo-
se o antigo ensino primário e ginasial. Dessa forma, o ensino obrigatório passa a 
abarcar esse novo nível, mantendo-se tal direito restrito à faixa etária dos 7 aos 14 anos 
de idade; 
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- revela-se a influência das concepções católicas a respeito da definição das instituições 
responsáveis pela Educação, com primazia da família em detrimento do Estado, 
explicitada na precedência da “família” sobre os “Poderes Públicos” (1934) ou no 
“ensino ministrado no lar e na escola” (1946 e 1967); 
- não são previstos mecanismos jurídicos para a garantia de tal direito, apesar de haver 
a possibilidade do recurso ao mandado se segurança; 
- apenas no texto de 1969 fica claro o dever do Estado para garantir a Educação 
compulsória a todos. 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Entender como se deu o acesso à Educação nas Constituições Brasileiras, 
conhecendo alguns instrumentos viabilizadores do direito a educação, ECA Estatuto da 
Criança e do Adolescente e LDB Lei de Diretrizes e Base da Educação. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O direito à Educação na Constituição de 1988 e o artigo 208 
 
 Pela primeira vez, em nossa história constitucional, explicita-se a declaração dos 
direitos sociais, destacando-se a Educação. No artigo 6º da Constituição de 1988 lê-se: 
são direitos sociais a Educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição. 
 No artigo 205 da Constituição de 1988, se reafirma a preferência do Estado no 
dever de educar, como em 1969. 
 
A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada coma colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
 
Com relação ao Art. 206 da Constituição de 1988, têm-se: “O ensino será 
ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para acesso e 
permanência na escola”. Pode-se dizer que este artigo avança em termos da efetivação 
da igualdade de todos perante a lei, pois um dos motivos de exclusão do ensino está 
relacionado ao abandono precoce da escola. 
No inciso IV deste mesmo artigo (206), afirma-se a “gratuidade do ensino 
público nos estabelecimentos oficiais”. Este artigo inova a questão da gratuidade, pois 
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assegura a mesma para todos os níveis de ensino. Além disso, amplia a gratuidade para 
o ensino médio e declara a gratuidade para o ensino superior e infantil. 
 
O ARTIGO 208 
Uma atenção especial deve ser dada ao artigo 208 no texto da Constituição de 
1988. Neste artigo, o direito à Educação aparece nos seguintes termos: O dever do 
Estado para com a Educação será efetivado mediante a garantia de: “I – Ensino 
Fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na 
idade própria” [...]. 
Vejamos agora os três principais parágrafos do artigo 208 que reforçam a 
importância da declaração do direito à Educação na Constituição de 1988: 
 No parágrafo primeiro, afirma-se que “o acesso ao Ensino Fundamental é direito 
público subjetivo”. 
[...] todo cidadão brasileiro tem o subjetivo público de exigir do Estado 
o cumprimento da prestação educacional, independentemente de vaga, 
sem seleção, porque a regra jurídica constitucional o investiu nesse 
status, colocando o Estado, ao lado da família, no poder-dever de abrir 
a todos as portas das escolas públicas e, se não houver vagas nestas, 
das escolas privadas, pagando as bolsas aos estudantes. 
 
O parágrafo segundo do Art. 208 afirma que “[...] o não oferecimento do ensino 
obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade de 
autoridade competente”. 
O parágrafo terceiro prescreve que “compete ao Poder Público recensear os 
educando no Ensino Fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou 
responsáveis, pela frequência à escola”. 
 
 
 
 
O artigo 227 e o Estatuto da Criança e do Adolescente 
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O artigo 227 é outro artigo da Constituição Federal que declara o direito à 
Educação e propicia mecanismos para sua efetivação. No Título VIII – Da Ordem Social, 
capítulo VII – Da Família, da Criança, do Adolescente e do Idoso, lê-se: 
 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à Educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
Este artigo, ao ser regulamentado, gera o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), Lei n. 8.069/90, que tem servido de fundamento legal para boa parte das ações 
judiciais que visam garantir o direito à Educação. O ECA é um estatuto que tem a 
preocupação de “incluir”. 
O artigo 53, capítulo VI –Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, é 
dedicado à Educação: 
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à Educação, visando ao 
pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da 
cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - direito de ser respeitado por seus educadores; 
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às 
instâncias escolares superiores; 
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; 
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. 
 
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, 
bem como participar da definição das propostas educacionais. 
O artigo 56 prevê que: 
Os dirigentes de estabelecimento de Ensino Fundamental comunicarão 
ao Conselho tutelar o caso de: [...] II – reiteração de faltas injustificadas 
e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III – elevados 
níveis de repetência. 
 
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O ECA regulamenta de maneira bastante detalhada o direito à Educação 
presente no texto constitucional, representando uma significativa contribuição ao 
esforço pela ampliação e efetivação desse direito em nossa sociedade. 
 
O direito à Educação na LDB 
 
A LDB toma como referência o texto da CF 88 e do ECA para explicitar a 
Declaração do direito à Educação, não apresentando em relação a esses documentos 
alterações significativas. Em seu Título IIl, a LDB detalha o direito à Educação e o dever 
de educar. Primeiramente, o Art. 4° da LDB, detalha e amplia, os termos dos incisos do 
Art. 208 da CF: 
o dever do Estado com a Educação escolar pública será efetivado 
mediante a garantia de: 
I - Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a 
ele não tiveram acesso na idade própria; 
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino 
médio; 
 
Os incisos I e II repetem a redação original da CF 88, sem levar em conta as 
modificações introduzidas pela EC 14. Dessa forma, não têm valor legal, uma vez que a 
hierarquia das leis determina que, havendo contradição entre uma lei complementar e 
a Constituição, prevalece esta última. 
Os Arts. 5º e 6º da LDB detalham aspectos do caput do Art. 208 da CF nos seguintes 
termos: 
Artigo 5º - O acesso ao Ensino Fundamental é direito público subjetivo, 
podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, 
organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente 
constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para 
exigi-Io. 
§2º - Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará 
em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste 
artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de 
ensino, conforme as prioridades constitucionais e legais. 
§3º - Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem 
legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do §2° do 
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Art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a 
ação judicial correspondente. 
Artigo 6º - É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na 
educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 
12.796, de 2013). 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOMuitos assuntos importantes foram abordados até agora e muitos outros 
entrarão em discussão nas unidades seguintes. Dentre eles comentaremos a respeito da 
estrutura física da escola, número de alunos na sala de aula e numero ideal de 
estabelecimentos de ensino. Assim sendo, a proposta que se segue está relacionada à 
apreciação e reflexão do filme “O Jarro” do diretor Ebrahim Forouzesh, 1994. 
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UNIDADE 4 - A Estrutura do Ensino Fundamental no Brasil: Organização, Funcionamento e Políticas Educacionais 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Compreender pontos importantes a respeito da organização curricular do Ensino 
Fundamental na Lei de Diretrizes e Base da Educação. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Oferta e financiamento do Ensino Fundamental 
 
O Ensino Fundamental é responsabilidade concorrente do Estado e do município, nos termos 
do Artigo 211 da CF, alterado pela EC 14/96: 
 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em 
regime de colaboração seus sistemas de ensino. [...] 
§2° - Os Municípios atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e 
na Educação infantil. 
§3° - Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino 
fundamental e médio. 
§4° - Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os 
Municípios definirão formas de colaboração de modo a assegurar a 
universalização do ensino obrigatório. 
 
Evidencia-se a ideia do atendimento concomitante do Ensino Fundamental por 
parte de Estados e municípios, desde que equacionada a concepção de regime de 
colaboração. 
A LDB delineia esse regime de colaboração ao estabelecer o que cabe a essas 
duas esferas governamentais. 
 Aos Estados (Art. 10, VI) atribui à tarefa de "assegurar o Ensino Fundamental e 
oferecer, com prioridade, o ensino médio". 
Aos municípios (Art. 11, V), que estes incumbir-se-ão de: 
 
 
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Oferecer a Educação infantil em creches e pré-escolas, e, com 
prioridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis 
de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as 
necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos 
percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à 
manutenção e desenvolvimento do ensino. 
 
A prioridade no atendimento ao Ensino Fundamental é claramente expressa, tanto no 
§3° do Artigo 212 da Constituição, pelo qual "a distribuição dos recursos públicos 
assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, nos 
termos do plano nacional de Educação" quanto no Artigo 5º, §2° da LDB: "Em todas as 
esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao 
ensino obrigatório [...]”. Em vista disso, o Ensino Fundamental deve receber 
atendimento privilegiado por todas as esferas governamentais, inclusive a União, uma 
vez que é ele o único nível obrigatório. 
No que diz respeito ao financiamento da Educação, a concepção 
crescente na LDB, em seu Art. 10, inciso 11, estabelece que os Estados incumbir-
se-ão de: 
 
11 - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta 
do Ensino Fundamental, as quais devem assegurar a distribuição 
proporcional das responsabilidades, de acordo com a população 
a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada 
uma dessas esferas do Poder Público. 
 
Vale dizer que o FUNDEF destina recursos proporcionalmente ao 
número de alunos atendidos em cada esfera da administração e que o 
município que estiver investindo no ensino médio e/ou superior não poderá 
continuar a fazê-lo com os recursos destinados à manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
 
 
 
 
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A organização curricular do Ensino Fundamental: a LDB 
 
De acordo com a LDB, o Ensino Fundamental terá 200 dias de efetivo 
trabalho escolar, entendidos como aqueles dias nos quais se desenvolvam 
atividades orientadas com alunos e excluídos os períodos destinados aos 
exames finais, quando existirem (Art. 24). 
A jornada de trabalho diária deverá ter no mínimo quatro horas de 
"trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de 
permanência na escola”, ampliação delegada a cada sistema de ensino (Art.34, § 22). 
Deve-se atentar para o fato de que um entendimento restrito deste parágrafo 
pode representar limites às atividades chamadas "extraclasse" - excursões, estudos de 
meio etc. tão necessárias à formação básica do cidadão quanto o acesso ao 
conhecimento "escolarizado" trabalhado nas salas de aula. 
Interessa dizer que durante o processo de escolarização no Ensino 
Fundamental, as escolas poderão classificar os alunos por promoção, caso dos que 
cursaram "[...] com aproveitamento a série ou fase anterior, na própria escola"; por 
transferência, para os alunos que vierem de outras instituições ou 
independentemente do grau de escolarização anterior. Neste caso, a classificação 
dar-se-á a partir de uma avaliação efetuada pela escola e de acordo com as normas 
fixadas pelo respectivo sistema educacional (Art. 24,11). 
No que diz respeito à avaliação, observa-se no Art. 9° da LDB, a alteração 
do papel da União, de corresponsável na tarefa de garantir o Ensino 
Fundamental, para o de avaliador do ensino mantido por Estados e municípios: 
A União incumbir-se-á de: 
 
VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar 
no Ensino Fundamental, médio e superior, em colaboração com os 
sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria 
da qualidade do ensino. 
 
 
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Além disso, é importante mencionar a exigência da frequência dos 
alunos, em, no mínimo, 75% do total de horas letivas, para aprovação (Art. 24, 
VI). Isso significa que as unidades escolares, seguindo orientações expressas em 
seu Regimento e levando em conta as normas fixadas pelo sistema de ensino e 
as orientações presentes no “Estatuto da Criança e do Adolescente" (ECA), 
deverão computar, para efeito de reprovação, a ausência do aluno, não mais em 
cada uma das disciplinas oferecidas pela escola, mas no total das atividades 
letivas desenvolvidas. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Para ampliar seus conhecimentos sobre a oferta e financiamento do Ensino 
Fundamental acesse: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm 
http://portal.mec.gov.br/ 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Conhecer as inovações pedagógicas e as de caráter estrutural nos sistemas estatais de 
Educação.ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A Educação e as inovações pedagógicas nos sistemas estatais 
 
As inovações pedagógicas dizem respeito ao interior da instituição escolar e 
abrangem questões relacionadas ao professor, ao ambiente escolar, o aluno, aos pais, 
ao programa de ensino etc. Elas estão direcionadas para a melhoria da "qualidade" do 
ensino ministrado, e as questões de eficiência, padrões de desempenho, introdução de 
novos conteúdos, ou novos equipamentos, estão sempre presentes quando o foco da 
preocupação são os atores envolvidos no cotidiano da instituição educativa. 
Vale dizer que, pelo ponto de vista pedagógico, têm ocorrido modificações 
extraordinárias no interior da instituição educativa; basta relembrarmos a maneira como 
eram tratados os alunos pelos professores há 50 anos. 
No entanto, as inovações de caráter pedagógico dificilmente poderão superar os 
limites que pressupõem a relação professor/aluno, mediados por um conteúdo que dá 
sentido e direciona a ligação estabelecida, sobretudo nos primeiros anos da escola 
básica. 
 
As inovações de caráter estrutural nos sistemas estatais de Educação 
 
Essas inovações referem-se às alterações de sentido da ação político-educativa 
que provocam modificações do sistema como um todo. Assim, elas mobilizam 
componentes políticos e, por extensão, as relações de poder e outros atores sociais 
que podem ter ou não interesse direto com a Educação. Têm, ainda, um aspecto 
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abrangente e afetam o setor educacional como efeito de outras modificações que 
ocorrem na sociedade global e que alteram o setor educativo quer este deseje ou 
não as inovações. 
Essas inovações de caráter estrutural podem estar relacionadas ao 
aprimoramento do sistema educativo, visando consolidar um novo quadro que 
implantou com a mudança política ou garantir um novo estado de coisas a partir de 
discussão ocorrida no interior da sociedade, quando se percebe a inadequação do 
existente e se busca uma nova ordem educativa. 
Todos os educadores deveriam adotar atitude crítica diante da inovação, 
sobretudo porque em muitos lugares, como no Brasil, insinuam-se proposições que, a 
pretexto de operarem mudanças efetivas, apenas dissimulam a realidade existente, não 
alterando coisa alguma. Ou seja, inovação é trocada por simulacros que, esquecendo o 
fundamental, se preocupam com o acessório, o irrelevante, com isso dando a 
impressão de que algo está se fazendo, ou se modificando. 
 
A expansão dos sistemas estatais de Educação 
 
Quando falamos das inovações no âmbito educacional, não podemos deixar de 
falar da expansão dos sistemas estatais de Educação. Parece consenso que as 
mudanças nos sistemas educativos se dão muito mais por ação externa do por 
influência direta do interior das instituições educativas. 
De fato, a revolução francesa e a norte-americana influenciaram muitos países 
na difusão de ideias de extensão da escolaridade obrigatória, talvez até maior do que 
a ação efetiva dos educadores. Da mesma forma, certos movimentos políticos 
nacionais na América trouxeram propostas que fizeram da Educação um fator 
fundamental de construção da nova cidadania. 
Numa região como a América Latina, que ainda hoje mantém contingentes 
imensos de analfabetos, é natural que as propostas inovadoras tenham surgido dos 
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políticos e de todos aqueles preocupados em fazer da Educação um instrumento de 
equalização de oportunidades sociais, embora essas propostas ainda estejam bem 
distantes de atender adequadamente uma política de vagas para todos. 
Apesar de tudo, as inovações vinculadas à extensão da cobertura educacional 
representam uma constante nas lutas pela melhoria da Educação em nosso 
continente; [...] a taxa bruta de escolarização aumentou de 11 para 56%. Essa 
extraordinária expansão quantitativa traz problemas ao funcionamento do sistema 
tradicional de Educação o qual está estruturado para atender poucos e dentro de uma 
visão social estratificada. 
[...] A expansão quantitativa, em si uma inovação fundamental, enfrenta muitas 
resistências para se impor com um novo padrão de ensino nos sistemas educativos da 
região, já que a seletividade escolar continua operando através de inúmeros 
mecanismos da exclusão. Isso demonstra que, em muitos países, as elites que 
efetivamente comandam o sistema educacional ainda não aceitam plenamente que 
se deva ter uma Educação que ofereça ensino de igual qualidade para todos. 
A situação de crise na qual vivem muitos países coloca hoje em dúvida as 
possibilidades de inovação através do prosseguimento da expansão quantitativa dos 
sistemas educativos. Não há recursos financeiros para melhorar as instalações, pagar 
melhor os professores e construir mais escolas, de tal sorte que em muitos países, 
como o Brasil, os índices de crescimento da expansão encontram barreiras, com as 
agravantes de deterioração de todo aparato em funcionamento. É necessário refletir 
muito sobre essa situação, mesmo porque a crise gera soluções que podem significar 
atraso e novas formas de segmentação social. 
 
 
 
 
 
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BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Todos prezam por uma boa Educação e isso parece ser de comum acordo. A 
importância da escrita é muito bem abordada no filme “Narradores de Javé”; filme 
brasileiro de 2003, do gênero drama, dirigido por Eliane Caffé, mostra a pequena 
cidade de Javé a qual será submersa pelas águas de uma represa. Seus moradores não 
serão indenizados e não serão sequer notificados porque não possuem registros nem 
documentos das terras. Inconformados, eles descobrem que o local só poderia ser 
preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado em "documento 
científico". Decidem então escrever a história da cidade e constatam que poucos sabem 
ler e escrever, com exceção do carteiro da cidade. 
 Depois disso, o que se vê é uma tremenda confusão, pois todos procuram 
Antônio Biá, o carteiro, para fazer o registro da história da cidade de Javé. 
 O filme é irremediavelmente marcado pelas memórias dos moradores da 
cidade, já que os registros produzidos por esses moradores do vilarejo são compostos 
das suas narrativas. 
 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Conhecer as novidades relacionadas à legislação educacional brasileira. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
As novidades relacionadas à legislação educacional 
 
A legislação educacional, que abrange desde a Constituição ou a Lei Nacional 
de Educação, até instrumentos mais restritos como decretos, portarias, resoluções 
etc. é o veículo mais habitual para implantaçãodas inovações no sistema educativo. 
[...] No Brasil, acontece que a legislação educacional atende múltiplas funções, que 
devem ser muito bem explicadas para que se possa ter uma ideia de sua dimensão. 
[...] Nesta direção, segundo alguns estudiosos (Cunha, 1981), no Brasil a legislação 
seria uma antecipação da inovação, ao abrigar certas ideias-forças que direcionariam 
as lutas e as reivindicações educacionais. 
A legislação como fonte de inovação é importante, por permitir exame 
detalhado das vinculações mais marcantes entre a Educação e a política. No Brasil, 
sob o regime militar, a legislação foi extremamente eficiente (Garcia, 1983) no sentido 
de abrigar certas reivindicações de expressivos setores da sociedade, sem que 
necessariamente tenham ocorrido as inovações na prática educacional. 
Mesmo com o amparo na legislação, vale dizer que a escola de 9 anos, para 
todos, ainda permanece muito mais como aspiração do que como conquista efetiva. 
Por isso, não se deve perder de vista que a legislação está fortemente atrelada ao 
poder político mais amplo, assumindo, muitas vezes, uma função controladora das 
ações, direcionando esforços e estabelecendo os limites nos quais se espera que o 
sistema educativo atue sem causar maiores transtornos aos grupos dominantes. 
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Estudos mostram que a legislação foi o mecanismo acionado para permitir o 
surgimento de instituições mais flexíveis, com currículos que poderiam incorporar a 
participação mais efetiva de pais e professores e onde o aluno era considerado como 
o centro do processo de aprendizagem. 
No entanto, a legislação passa a ser um elo muito fraco no apoio às inovações, 
justamente nos momentos de crise. Como a inovação surge na legislação quase 
sempre os seus mecanismos de sustentação são bastante frágeis. 
No caso do Brasil, as escolas e experiências inovadoras no ensino de 10 e 20 
graus não sobreviveram à crise política do final dos anos 60, sendo que a maioria 
delas foi transformada em escolas comuns, perdendo-se assim todo um acervo de 
informações e de propostas que hoje sem dúvida fazem falta à consolidação de uma 
política educacional mais forte. 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Saiba mais sobre as inovações no âmbito educacional: um alerta! 
 
As questões de inovações educacionais merecem cuidados, pois no nível de 
generalidade com que são tratadas, alertam para a necessidade dos educadores 
olharem com atenção a fim de que as tentativas de mudança possam ter êxito. 
A crise financeira, a estrutura burocrática e a concepção de planejamento 
educativo existentes em muitos países, representam problemas sérios que devem ser 
devidamente analisados. 
A expansão quantitativa não foi ainda capaz de provocar modificações 
expressivas nos critérios tradicionais de avaliação e promoção dos alunos da escola 
básica, embora algumas iniciativas já admitam que se devam adotar modelos mais 
compreensivos para saber se um aluno deve ser promovido ou não nas séries iniciais 
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da escola. 
Não existe regra que garanta o sucesso de uma inovação educativa, da mesma 
forma que não se dispõe de um único critério para avaliar o que é um bom professor 
ou o que é uma boa escola. Tudo parece sugerir que temos de recorrer a grandes 
indicadores, que embora também possam ser imprecisos, dada justamente a sua 
enorme abrangência, pelo menos são reveladores de que a instituição educativa está 
cumprindo seus objetivos básicos de construção da cidadania. 
Assim, é fato inegável que um bom sistema de ensino é aquele que responde 
bem aos objetivos que justificam a sua criação e existência. No Estado moderno o 
sistema educativo está associado à construção da cidadania, de equalização de 
oportunidades e de aberturas de possibilidades para o crescimento, tanto individual 
quanto dos grupos socialmente organizados. 
Diante disso, a evasão e a repetência são injustas, na exata medida em que 
subtraem oportunidades de crescimento individual e social punindo, quase sempre por 
razões de natureza socioeconômica, aqueles setores que não encontram as mesmas 
oportunidades para permanecer e ascender na escada educacional. 
Para se implantar um sistema de ensino que seja melhor, precisa-se da criação 
de condições que alterem as relações hoje existentes, que tornam o setor educativo 
extremamente frágil diante das demais políticas. 
Estas medidas não significam, necessariamente, a posse de maiores recursos 
financeiros ou a tão reclamada descentralização das decisões. [...] A ideia central é que 
a inovação floresce onde se criam condições para tanto, deixando-se de lado a ideia 
messiânica de que a inovação poderia ser programada e imposta por alguns poucos, 
que pensariam por todos os que deveriam executar tarefas. 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Perceber a importância de uma participação social mais ativa no âmbito escolar. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
As novidades relacionadas ao sistema de ensino: uma participação social mais ativa 
 
Em alguns países, a questão da Educação deixou de ser um assunto técnico para 
se transformar num assunto político por excelência. Portanto, ela não mais diz respeito 
somente a professores e alunos, mas também a políticos, líderes comunitários, igrejas, 
associações de moradores, etc. 
 A existência de inúmeras organizações voltadas para a prestação de serviços 
educativos fora dos sistemas estatais mostra a valorização que estes grupos dão à 
Educação. Revelam, ainda, a lentidão e incapacidade, do sistema convencional em 
abrigar o atendimento da população com diferentes tipos de problemas. O surgimento 
da "Educação popular" revela as condições de crise que se abate sobre os sistemas 
educativos e demonstram que existem variadas formas de incorporação da cidadania, 
ou da subcidadania, que passam ao largo do sistema convencional. 
Apesar dessa crise do modelo de desenvolvimento vivido por muitos países 
nota-se que existe um consenso de que os sistemas estatais gastam pouco e que 
devem investir mais no setor educativo. A pressão por mais verbas para a Educação é 
saudável, pois produz inovações no sistema educativo. 
Outra consequência do universo educativo abranger outros segmentos sociais 
é que os educadores e especialistas devem buscar outras formas de comunicação e de 
entendimento das questões sociais. Hoje não basta ser um especialista; é preciso 
ampliar o universo de compreensão dos problemas, caso os educadores e professores 
não queiram perder a oportunidade de continuar influindo de maneira eficaz. 
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Os agentes educativos precisam compreendercom clareza o que ocorre no 
amplo espectro de sociedades desiguais, marcadas por problemas socioeconômicos 
angustiantes, onde as rupturas culturais são massacrantes e certamente afetam as 
possibilidades do sistema educativo como um todo. 
Um passo concreto só será dado se o sistema for capaz de colaborar de 
maneira eficaz para que a participação social mais ativa seja incorporada à Educação 
regular. Isso será altamente estimulante para que a inovação surja como um marco 
qualitativo relevante em muitos de nossos países. 
 
As novidades relacionadas ao sistema de ensino: maior abertura para o 
desenvolvimento do trabalho nas escolas 
 
Atenção especial deve ser dada ao fato de que os sistemas públicos de 
Educação poderiam adotar procedimentos que facilitassem a revisão das estruturas 
organizadas nas escolas para transmitir Educação. 
No Brasil, procura-se depositar no professor toda a responsabilidade pela 
melhoria do ensino. Isto se evidencia, sobretudo, nos anos iniciais, e mais ainda nas 
escolas rurais, onde o professor executa outros papéis como o de líder comunitário, o 
de responsável pelos contatos com os pais, o de encarregado de distribuição da 
merenda e do material didático etc. com pouca disponibilidade para as questões 
pedagógicas propriamente ditas. 
De forma que não sobra tempo para outras funções, como, por exemplo, 
reformar metodologias de ensino, critérios de avaliação, de promoção, entre outros. 
Diante disso, seria recomendável que algumas medidas pudessem acontecer, 
como por exemplo: dotar as escolas de melhor infraestrutura física, com boa 
manutenção dos prédios e equipamentos; distribuir a carga técnico-administrativa do 
professor com outros servidores, tais como especialistas de orientação, supervisão e 
pessoal de apoio, liberando-o para dedicação exclusiva ao seu trabalho docente; 
estimular experiências e iniciativas que permitam avaliações mais globalizantes do 
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desempenho escolar do aluno, tornando assim mais flexíveis os critérios de promoção. 
Algumas experiências em curso no Brasil, como a do ciclo básico de 
alfabetização, se bem aplicadas, podem ser a esperança de que se possa efetivamente 
reduzir a deserção escolar e a repetência; prever mecanismos capazes de garantir a 
maior presença do professor junto ao aluno, sobretudo nas séries iniciais da escola 
primária, com o objetivo de facilitar os processos de aprendizagem da leitura e da 
escrita; estimular o desenvolvimento de projetos e iniciativas que assegurem a 
possibilidade de tensão do período de permanência do aluno na escola. 
Estas medidas, ao lado de muitas outras que poderiam ser arroladas, teriam o 
mérito de estabelecer novas bases para o trabalho pedagógico das escolas, 
estimulando a criatividade de cada agente envolvido e permitindo a desejada 
flexibilidade para atendimento das múltiplas características que deve cumprir o fazer 
educativo. 
O professor redescobriria o seu trabalho e poderia desempenhar-se de modo 
muito mais eficaz. Estas duas ordens de recomendações não vão solucionar todos os 
problemas dos sistemas estatais de Educação, mesmo porque estes se situam no 
universo das decisões políticas maiores, mas vão permitiriam seguir por caminhos mais 
seguros do que aqueles que temos trilhado em muitos países. 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
O parágrafo acima “No Brasil, procura-se depositar no professor toda a 
responsabilidade pela melhoria do ensino [...]”, serve de alerta para que fiquemos 
atentos à especificidade do nosso papel como educadores; isso nos remete, 
impreterivelmente, ao cenário político, no qual importantes decisões são tomadas e, na 
maioria das vezes, afetam nossa vida pessoal e profissional. 
 
 FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Conhecer um breve histórico a respeito dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
do Ensino Fundamental, compreendendo como se deu o seu processo de elaboração. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Breve histórico 
 
Até dezembro de 1996, o Ensino Fundamental esteve estruturado nos termos 
previstos pela Lei Federal n. 5.692, de 11de agosto de 1971. Essa lei, ao definir as 
diretrizes e bases da Educação nacional, estabeleceu como objetivo geral para o Ensino 
Fundamental (primeiro grau, com oito anos de escolaridade obrigatória) proporcionar 
ao aluno a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades, como 
elemento de auto-realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente 
da cidadania. 
Essa lei também generalizou as disposições básicas sobre o currículo, 
estabelecendo o núcleo comum obrigatório em âmbito nacional para o Ensino 
Fundamental e médio. Contudo, manteve uma parte diversificada a fim de contemplar 
as peculiaridades locais, a especificidade dos planos dos estabelecimentos de ensino e 
as diferenças individuais dos alunos. 
Assim, coube aos Estados à formulação de propostas curriculares que serviriam 
de base às escolas estaduais, municipais e particulares situadas em seu território, 
compondo, assim, seus respectivos sistemas de ensino. Essas propostas foram, na sua 
maioria, reformuladas durante os anos 80, segundo as tendências educacionais que se 
generalizaram nesse período. 
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Em 1990 o Brasil participou a Conferência Mundial de Educação para Todos, em 
Jomtien, na Tailândia, convocada pela UNESCO, UNICEF, PNUD e Banco Mundial. Dessa 
conferência, assim como da Declaração de Nova Delhi - assinada pelos nove países em 
desenvolvimento de maior contingente populacional do mundo -, resultaram posições 
consensuais na luta pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem para 
todos, capazes de tornar universal a Educação fundamental e de ampliar as 
oportunidades de aprendizagem para crianças, jovens e adultos. 
Diante do quadro atual da Educação no Brasil e dos compromissos assumidos 
internacionalmente, o Ministério da Educação coordenou a elaboração do Plano 
Decenal de Educação para Todos (1993-2003), entendido como um conjunto de 
diretrizes políticas em contínuo processo de negociação, voltado para a recuperação da 
escola fundamental, a partir do compromisso com a equidade e com o incremento da 
qualidade, como também com a constante avaliação dos sistemas escolares, visando ao 
seu contínuo aprimoramento. 
O Plano Decenal de Educação, em consonância com o que estabelece a 
Constituição de 1988, afirma a necessidade e a obrigação de o Estado elaborar 
parâmetros claros no campo curricular capazes de orientar as ações educativas do 
ensino obrigatório, de forma a adequá-lo aos ideais democráticos e à busca da 
melhoria da qualidade do ensino nas escolas brasileiras. 
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394), 
aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolida e amplia o dever do poder público 
para com a Educação em geral e em particularpara com o Ensino Fundamental. Assim, 
vê-se no art. 22 dessa lei que a Educação básica, da qual o Ensino Fundamental é parte 
integrante, deve assegurar a todos "a formação comum indispensável para o exercício 
da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos 
posteriores", fato que confere ao Ensino Fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de 
terminalidade e de continuidade. 
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Essa LDB reforça a necessidade de se propiciar a todos a formação básica comum, 
o que pressupõe a formulação de um conjunto de diretrizes capaz de nortear os 
currículos e seus conteúdos mínimos, incumbência que, nos termos do art. 9°, inciso IV, 
é remetida para a União. Para dar conta desse amplo objetivo, a LDB consolida a 
organização curricular de modo a conferir uma maior flexibilidade no trato dos 
componentes curriculares, reafirmando desse modo o princípio da base nacional 
comum (Parâmetros Curriculares Nacionais), a ser complementada por uma parte 
diversificada em cada sistema de ensino e escola na prática, repetindo o art. 210 da 
Constituição Federal. 
O ensino proposto pela LDB está em função do objetivo maior do Ensino 
Fundamental, que é o de propiciar a todos formação básica para a cidadania, a partir 
da criação na escola de condições de aprendizagem para: 
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como 
meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a 
com preensão do ambiente natural e social, do sistema político, da 
tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; 
III- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista 
a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e 
valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de 
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a 
vida social (art. 32). 
 
Verifica-se, pois, como os atuais dispositivos relativos à organização curricular da 
Educação escolar caminham no sentido de conferir ao aluno, dentro da estrutura 
federativa, efetivação dos objetivos da Educação democrática. 
 
O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
 
O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais teve início a 
partir do estudo de propostas curriculares de Estados e Municípios brasileiros, da 
análise realizada pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos oficiais e do contato 
 FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
UNIDADE 8 - A Estrutura do Ensino Fundamental no Brasil: Organização, Funcionamento e Políticas Educacionais 
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com informações relativas a experiências de outros países. 
Foram analisados subsídios oriundos do Plano Decenal de Educação, de 
pesquisas nacionais e internacionais, dados estatísticos sobre desempenho de alunos 
do Ensino Fundamental, bem como experiências de sala de aula difundidas em 
encontros, seminários e publicações. 
Formulou-se, então, uma proposta inicial que, apresentada em versão 
preliminar, passou por um processo de discussão em âmbito nacional, em 1995 e 1996, 
do qual participaram docentes de universidades públicas e particulares, técnicos de 
secretarias estaduais e municipais de Educação, de instituições representativas de 
diferentes áreas de conhecimento, especialistas e educadores. 
Desses interlocutores foram recebidos aproximadamente setecentos pareceres 
sobre a proposta inicial, que serviram de referência para a sua reelaboração. A 
discussão da proposta foi estendida em inúmeros encontros regionais, organizados 
pelas delegacias do MEC nos Estados da federação, que contaram com a participação 
de professores do Ensino Fundamental, técnicos de secretarias municipais e estaduais 
de Educação, membros de conselhos estaduais de Educação, representantes de 
sindicatos e entidades ligadas ao magistério. 
Os resultados apurados nesses encontros também contribuíram para a 
reelaboração do documento. Os pareceres recebidos, além das análises críticas e 
sugestões em relação ao conteúdo dos documentos, em sua quase totalidade, 
apontaram a necessidade de uma política de implementação da proposta educacional 
inicialmente explicitada. 
Além disso, sugeriram diversas possibilidades de atuação das universidades e 
das faculdades de Educação para a melhoria do ensino nas séries iniciais, as quais estão 
sendo incorporadas na elaboração de novos programas de formação de professores, 
vinculados à implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
 
 FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
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BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Saiba mais sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais: 
 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade 
para a Educação no Ensino Fundamental em todo o País e tem como função orientar e 
garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, 
pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores 
brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor 
contato com a produção pedagógica atual. 
Veja alguns pontos principais a respeito dos Parâmetros Curriculares: 
Constitui uma proposta flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e 
locais sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade educacional 
empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. 
Não representa um modelo curricular homogêneo e impositivo com a 
intenção de se sobrepor à competência político-executiva dos Estados e Municípios, à 
diversidade sociocultural das diferentes regiões do País ou à autonomia de professores 
e equipes pedagógicas. 
Busca prioritariamente responder à necessidade de referenciais a partir dos 
quais o sistema educacional do País se organize, a fim de garantir que, respeitadas as 
diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma 
sociedade múltipla, estratificada e complexa, a Educação possa atuar, decisivamente, no 
processo de construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente 
igualdade de direitos entre os cidadãos, baseado nos princípios democráticos. Essa 
igualdade implica necessariamente o acesso à totalidade dos bens públicos, entre os 
quais o conjunto dos conhecimentos socialmente relevantes. 
 Podem funcionar como elemento catalisador de ações na busca de uma 
 FUNDAMENTOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
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melhoria da qualidade da Educação brasileira. 
De modo algum pretendem resolver todos os problemas que afetam a 
qualidade do ensino e da aprendizagem no país, pois a busca da qualidade impõe a 
necessidade de investimentos em diferentes frentes, como a formação inicial e 
continuada de professores, uma política de salários dignos, um plano de carreira, a 
qualidade do livro didático, de recursos televisivose de multimídia, a disponibilidade de 
materiais didáticos. Mas esta qualificação almejada implica colocar também, no centro 
do debate, as atividades escolares de ensino e aprendizagem e a questão curricular 
como de inegável importância para a política educacional da nação brasileira. 
 Fundamentos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Conhecer o que Parâmetros Curriculares Nacionais propõem a respeito da 
estruturação do Ensino Fundamental por ciclos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Organização dos Parâmetros Curriculares Nacionais: organizando a escolaridade em 
ciclos 
Vários Estados e Municípios,na década de 80, reestruturaram o Ensino 
Fundamental a partir das séries iniciais. Essa reorganização tinha como objetivo político 
minimizar o problema da repetência e da evasão escolar e adotou como princípio 
norteador a flexibilização da seriação. Isso abriria a possibilidade de o currículo ser 
trabalhado ao longo de um período de tempo maior e permitiria respeitar os diferentes 
ritmos de aprendizagem que os alunos apresentam. Desse modo, a seriação inicial deu 
lugar ao ciclo básico com a duração de dois anos, tendo como objetivo propiciar 
maiores oportunidades de escolarização voltada para a alfabetização efetiva das 
crianças. 
As experiências, mesmo com problemas estruturais e necessidades de ajustes da 
prática, acabaram mostrando que a organização por ciclos contribui para a superação 
dos problemas do desenvolvimento escolar. 
A estruturação por ciclos permite compensar a pressão do tempo que é inerente 
à instituição escolar, tornando possível distribuir os conteúdos de forma mais adequada 
à natureza do processo de aprendizagem. Favorece, ainda, uma apresentação menos 
parcelada do conhecimento e possibilita as aproximações sucessivas necessárias para 
que os alunos se apropriem dos complexos saberes que se intenciona transmitir. 
A adoção de ciclos possibilita trabalhar melhor com as diferenças e está 
plenamente coerente com os fundamentos psicopedagógicos, com a concepção de 
 Fundamentos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
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conhecimento e da função da escola que estão explicitados no item Fundamentos dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Os conhecimentos adquiridos na escola passam por um processo de construção 
e reconstrução contínua e não por etapas fixadas e definidas no tempo. As 
aprendizagens não se processam como a subida de degraus regulares, mas como 
avanços de diferentes magnitudes. Embora a organização da escola seja estruturada 
em anos letivos, é importante uma perspectiva pedagógica em que a vida escolar e o 
currículo possam ser assumidos e trabalhados em dimensões de tempo mais flexíveis. 
Vale ressaltar que para o processo de ensino e aprendizagem se desenvolver com 
sucesso não basta flexibilizar o tempo: dispor de mais 
tempo sem uma intervenção efetiva para garantir melhores condições de 
aprendizagem pode apenas adiar o problema e perpetuar o sentimento 
negativo de autoestima do aluno, consagrando, da mesma forma, o fracasso da escola. 
 
Organização dos Parâmetros Curriculares Nacionais: áreas e temas transversais 
 
As diferentes áreas, os conteúdos selecionados em cada uma delas 
e o tratamento transversal de questões sociais constituem uma representação ampla e 
plural dos campos de conhecimento e de cultura de nosso tempo, cuja aquisição 
contribui para o desenvolvimento das capacidades expressas nos objetivos gerais. 
O tratamento da área e de seus conteúdos integra uma série de conhecimentos 
de diferentes disciplinas, que contribuem para a construção de instrumentos de 
compreensão e intervenção na realidade em que vivem os alunos. A concepção da 
área evidencia a natureza dos conteúdos tratados, definindo claramente o corpo de 
conhecimentos e o objeto de aprendizagem, favorecendo aos alunos a construção de 
representações sobre o que estudam. 
Essa caracterização da área é importante para que os professores possam se 
situar dentro de um conjunto definido e conceitualizado de conhecimentos que 
pretendam que seus alunos aprendam, condição necessária para proceder a 
 Fundamentos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
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encaminhamentos que auxiliem as aprendizagens com sucesso. 
Se for importante definir os contornos das áreas, é também essencial que estes 
se fundamentem em uma concepção que os integre conceitualmente, e essa 
integração seja efetivada na prática didática. Por exemplo, ao trabalhar conteúdos de 
Ciências Naturais, os alunos buscam informações em suas pesquisas, registram 
observações, anotam e quantificam dados. Portanto, utiliza-se de conhecimentos 
relacionados à área de Língua Portuguesa, à de Matemática, além de outras, 
dependendo do estudo em questão. O professor, considerando a multiplicidade de 
conhecimentos em jogo nas diferentes situações, pode tomar decisões a respeito de 
suas intervenções e da maneira como tratará os temas, de forma a propiciar aos alunos 
uma abordagem mais significativa e contextualizada. Para que estes parâmetros não se 
limitassem a uma orientação técnica da prática pedagógica, foi considerada a 
fundamentação das opções teóricas e metodológicas da área para que, a partir destas, 
seja possível instaurar reflexões sobre a proposta educacional indicada. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Como vimos neste capítulo, o ambiente escolar é sempre permeado por 
mudanças e novidades que visam melhorar o espaço escolar como um todo. Assim, 
ideias como “flexibilização de seriação”, “transversalidade” e “ciclos” surgem ao longo 
dos anos a fim de complementar e aproximar a realidade escolar da realidade de cada 
contexto social, político, econômico e cultural. No entanto, conforme já afirmamos 
anteriormente, em alguns casos o uso de nenhum artifício basta para lidar com a 
complexidade do universo escolar e medidas drásticas tem que ser adotadas. O que 
fazer, então? O filme “Meu Mestre, Minha Vida” possibilita essa discussão, pois retrata a 
história, baseada em fatos reais, de Joe “Crazy” Clark (Morgan Freeman), professor 
chamado às pressas para comandar uma das escolas mais violentas do Estado de Nova 
Jersey. 
 
 Fundamentos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: 
Entendendo o tratamento dado aos temas, transversais, áreas e seus conteúdos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Temas Transversais 
Se a escola pretende estar em consonância com as demandas atuais da 
sociedade, é necessário que trate de questões que interferem na vida dos alunos e com 
as quais se veem confrontados no seu dia a dia. As temáticas sociais, já há muito têm 
sido discutidas e frequentemente incorporadas aos currículos das áreas ligadas às 
Ciências Naturais e Sociais, chegandoaté mesmo, em algumas propostas, a constituir 
novas áreas. 
Mais recentemente, algumas propostas indicaram a necessidade do tratamento 
transversal de temáticas sociais na escola, como forma de contemplá-las na sua 
complexidade, sem restringi-las à abordagem de uma única área. Adotando essa 
perspectiva, as problemáticas sociais são integradas na proposta educacional dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais como Temas Transversais. Não constituem novas 
áreas, mas antes um conjunto de temas que aparecem transversalizados nas áreas 
definidas, isto é, permeando a concepção , os objetivos, os conteúdos e as orientações 
didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade obrigatória. 
A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas e um 
compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as questões 
que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência entre os 
valores experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos e o 
contato intelectual com tais valores. 
As aprendizagens relativas a esses temas se explicitam na organização dos 
conteúdos das áreas, mas a discussão da conceitualização e da forma de tratamento 
 Fundamentos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
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que devem receber no todo da ação educativa escolar está especificada em textos de 
fundamentação por tema. 
O conjunto de documentos dos Temas Transversais comporta uma primeira 
parte em que se discute a sua necessidade para que a escola possa cumprir sua função 
social, os valores mais gerais e unificadores que definem todo o posicionamento 
relativo às questões que são tratadas nos temas, a justificativa e a conceitualização do 
tratamento transversal para os temas sociais e um documento específico para cada 
tema: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual, eleitos 
por envolverem problemáticas sociais atuais e urgentes, consideradas de abrangência 
nacional e até mesmo de caráter universal. 
A grande abrangência dos temas não significa que devam ser tratados 
igualmente; ao contrário, exigem adaptações para que possam corresponder às reais 
necessidades de cada região ou mesmo de cada escola. Além das adaptações dos 
temas apresentados, são importante que sejam eleitos temas locais para integrar o 
componente Temas Transversais; por exemplo, muitas cidades têm elevadíssimos 
índices de acidentes com vítimas no trânsito, o que faz com que suas escolas 
necessitem incorporar a Educação para o trânsito em seu currículo. 
Além deste, outros temas relativos, por exemplo, à paz ou ao uso de drogas 
podem constituir subtemas dos temas gerais; outras vezes, no entanto, podem exigir 
um tratamento específico e intenso, dependendo da realidade de cada contexto social, 
político, econômico e cultural. Nesse caso, devem ser incluídos como temas básicos. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Diante de tudo o que vimos até agora, faz-se necessário abordar um tema que há 
muito tempo tem se tornado debate em palestras, congressos, encontros educacionais 
e tem sido muito discutido no universo escolar: é a questão da qualidade da Educação. 
Com tantas mudanças que vêm ocorrendo nos últimos tempos no espaço escolar, não 
poderíamos deixar de perguntar: e a qualidade da Educação no nosso País, como 
 Fundamentos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
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anda? Todas essas mudanças que tem acontecido estão contribuindo para uma 
melhora efetiva na Educação no Ensino Fundamental? 
 
O debate qualidade/quantidade na Educação brasileira 
O debate qualidade/quantidade na Educação brasileira começou muito cedo. Ainda 
no século XIX, na transição do Império para a República, o movimento do entusiasmo 
pela Educação revelava preocupação de caráter quantitativo, ao propor a expansão da 
rede escolar e a alfabetização da população que vivia um processo de urbanização pela 
expansão econômica. A adoção do trabalho assalariado, aliada a outras questões de 
modernização do País, fez com que a escolarização aparecesse como fator promotor 
da ascensão social. 
Mas não só o caráter quantitativo estava em jogo. O Otimismo pedagógico 
caracterizou-se pela ênfase nos aspectos qualitativos da Educação nacional, pregando a 
melhoria das condições didáticas e pedagógicas das escolas. Este surgiu nos anos 20 e 
alcançou o apogeu nos anos 30 do século XX. 
Entre 1930 e 1937, o debate político incorporava diferentes projetos 
educacionais. Os liberais, que preconizavam o desenvolvimento urbano-industrial em 
bases democráticas, desejavam mudanças qualitativas e quantitativas na rede de ensino 
público, ao proporem a escola única fundamentada nos princípios de laicidade, 
gratuidade e obrigatoriedade. 
Durante o Estado Novo, regime ditatorial de Vargas que durou de 1937 a 1945, 
oficializou-se o dualismo educacional: ensino secundário para as elites e ensino 
profissionalizante para as classes populares. As leis orgânicas ditadas nesse período, por 
meio de exames rígidos e seletivos, tornavam o ensino antidemocrático, ao dificultarem 
ou impedirem o acesso das classes populares não só ao ensino propedêutico, de nível 
médio, como também ao ensino superior. 
O processo de democratização do País foi retomado com a deposição de Vargas 
em 1945. A industrialização crescente, especialmente nos anos 50 e 60, levou à adoção 
da política de Educação para o desenvolvimento, com claro incentivo ao ensino 
técnico-profissional. O golpe de 1964 atrelou a Educação ao mercado de trabalho, 
incentivando a profissionalização na escola média, a fim de conter as aspirações ao 
ensino superior. 
A Lei 5.692, de 11de agosto de 1971, ampliou a escolaridade mínima para oito 
anos e tornou profissionalizante, obrigatoriamente, o ensino de segundo grau. A 
evolução quantitativa do primeiro grau - 100% na primeira fase do primeiro grau e 
700% nas suas últimas séries em apenas dez anos - 
não foi acompanhada de melhora qualitativa. 
Ao contrário, a expansão da oferta de vagas, nos diversos níveis de ensino, teve 
como consequência o comprometimento da qualidade dos serviços prestados, em 
razão da crescente degradação das condições de exercício do magistério e da 
desvalorização do professor. "A expansão das oportunidades, nos vinte anos de 
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ditadura militar, foi feita através de um padrão perverso", sublinha Azevedo (1994, p. 
461). A ampliação das vagas deu-se pela redução da jornada escolar, pelo aumento do 
número de turnos, pela multiplicação de classes multisseriadas e unidocentes, pelo 
achatamento dos salários dos professores e pela absorção de professores leigos. 
O trabalho precoce e o empobrecimento da população, aliados às condições 
precárias de oferecimento do ensino, levaram à baixa qualidade do processo, com altos 
índices de reprovação. 
Atualmente, o País está sendo vítima dessa política. O atraso técnico-científico e 
cultural brasileiro impede sua inserção no novo reordenamento mundial. A escolaridade 
básica e a qualidade do ensino são necessidades da produção flexível, e a Educação 
básica falha ao constitui fator

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