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familiares. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) promove o acesso à assistência social às famílias em situação de vulnerabilidade, como prevê o Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Articulada nas três esferas de governo, a estratégia de atuação está hierarquizada em dois eixos: a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial. A Proteção Social Básica tem como objetivo a prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de fragilidade decorrente da pobreza, ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos ou fragilização de vínculos afetivos (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, 2014). 148 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL Podemos, assim, constatar que a partir da LOAS a assistência social foi tipificada, ou seja, foi organizada com dois tipos de proteção social – básica e especial, conforme o Conselho Nacional de Assistência Social descreve (BRASIL, 2014, p. 4-5): Art. 6º- A. A assistência social organiza-se pelos seguintes tipos de proteção: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos. Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos instrumentos das proteções da assistência social que identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no território. Nesta nova concepção, o SUAS é a organização de uma rede de serviços, ações e benefícios de diferentes complexidades que se reorganizam por dois níveis de proteção social: • Proteção Social Básica sob responsabilidade do CRAS – Centro de Referência de Assistência Social. • Proteção Social Especial sob responsabilidade do CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social. O CRAS é uma unidade pública estatal de Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), busca prevenir a ocorrência de situações de riscos sociais através do desenvolvimento das capacidades dos atendidos, fortalecendo os vínculos familiares e sociais, aumentando o acesso aos direitos da cidadania. É uma unidade pública de referência para o desenvolvimento de todos os serviços socioassistenciais de Proteção Básica do SUAS. Pode-se dizer que básico é aquilo que é basilar, mais importante, fundamental, primordial, essencial, ou aquilo que é comum a diversas situações. Na PNAS (2004) e na NOB (2005), a Proteção Social Básica está referida a ações preventivas, que reforçam a convivência, socialização, acolhimento e inserção, e possuem um caráter mais genérico e voltado prioritariamente para a família; e visa desenvolver potencialidades, aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e se destina a populações em situação de vulnerabilidade social (PNAS, p. 27) (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2011, p. 8). Nesse sentido, o CRAS atende a programas de transferência de renda, tais como: TÓPICO 4 | A TIPIFICAÇÃO NACIONAL DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS 149 • Programa Bolsa Família • Programa Renda Cidadã • Benefício de Prestação Continuada (BPC) • Programa de Capacitação para o Trabalho Os programas de transferência de renda visam ao repasse direto de recursos dos fundos de assistência social aos beneficiários como forma de acesso à renda, visando ao combate à fome, à pobreza e a outras formas de privação de direitos que levem à situação de vulnerabilidade social, criando possibilidades para a emancipação, o exercício da autonomia das famílias e indivíduos atendidos e o desenvolvimento local. Para aprofundar o tema da política social brasileira, indicamos o livro “A Política Brasileira no Século XXI: a prevalência dos programas de transferência de renda”, de autoria de Maria Ozanira da Silva e Silva, Geraldo Di Giovanni e Maria Carmelita Yazbek, São Paulo, Editor: Cortez, 2004. 225p. FONTE: MARTINS, Valter. A política social brasileira no século XXI: a prevalência dos programas de transferência de renda. Rev. Katálysis, Florianópolis, v. 10, n. 1, June 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 49802007000100014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 30 jan. 2015. [...] como o Brasil é um país com alto índice de desigualdade social, assistentes sociais no país, em sua maior parte, têm seu trabalho voltado para a população em situação de pobreza ou com ausência de renda. Trabalham também com pessoas que têm seus direitos violados ou que estão em situação de vulnerabilidade social. (CFESS, 2014). A vulnerabilidade social apresenta-se como uma baixa capacidade material, simbólica e comportamental, de famílias e pessoas, para enfrentar e superar os desafios com os quais se defrontam, o que dificulta o acesso à estrutura de 150 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL oportunidades sociais, econômicas e culturais que provêm do Estado, do mercado e da sociedade. Refere-se a uma diversidade de “situações de risco” determinadas por fatores de ordem física, pelo ciclo de vida, pela etnia, por opção pessoal etc., que favorecem a exclusão e/ou que inabilitam e invalidam, de maneira imediata ou no futuro, os grupos afetados (indivíduos, famílias), na satisfação de seu bem- estar – tanto de subsistência quanto de qualidade de vida. Uma situação de vulnerabilidade social significa: [...] uma baixa capacidade material, simbólica e comportamental, de famílias e pessoas, para enfrentar e superar os desafios com os quais se defrontam, o que dificulta o acesso à estrutura de oportunidades sociais, econômicas e culturais que provêm do Estado, do mercado e da sociedade (DICIONÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2007, p. 111). Pessoas e grupos em situações de pobreza, de desigualdade social, desvantagem, de injustiça, de discriminação, de exclusão social são considerados em vulnerabilidade ou em risco e constituem objeto de intervenção do Serviço Social, público-alvo de redes de serviços socioassistenciais, de benefícios, programas e projetos. Assim, podemos constatar que existem diversas situações sociais que se caracterizam como de vulnerabilidade social ou de risco social, ou seja, situações essas consideradas expressões sociais. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (2007, p. 13), “Os estudos sobre vulnerabilidade social, especialmente os que se aplicam à realidade dos países menos desenvolvidos, estão associados também à ideia de risco frente ao desemprego, à precariedade do trabalho, à pobreza e à falta de proteção social”. Situações de vulnerabilidade social são condições sociais de pobreza, desemprego, discriminação, fragilização dos laços afetivos e familiares, descaso de caráter étnico, etário, de gênero, de condição física, psíquica, entre outros casos. Situações de vulnerabilidade social são contextos de desproteção social, porém sem risco, sem sequelas de degradação humana. Referindo-se a uma diversidade de “situações de vulnerabilidade social”, elas