195 pág.

Pré-visualização | Página 30 de 50
multirresistentes deve ser feita de acordo com orientações da CCIH. Essa prática está muito bem validada em situações en- volvendo transferência de RN de outros serviços, cuja flora é desconhecida. Nesse caso, sobretudo envolvendo RN de maior risco, com longo tempo de permanência na unidade, em uso de ventilação mecânica, submetidos a procedimentos invasivos ou em uso prolon- gado de antibióticos, a pesquisa de colonização é fundamental para estabelecer medidas de contenção bacteriana. Uma vez detectada a presença de bactérias multirresistentes, devem-se seguir as orientações de precauções de contato (isolamento) preestabelecidas pela CCIH. Pode-se usar a incubadora para limitar o espaço físico do RN e luvas de proce- dimento para a manipulação em geral. O uso de aventais de manga longa está indicado Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 110 Ministério da saúde nas situações em que o profissional de saúde possa ter contato mais direto com a criança, como exemplo, pegá-la no colo. Além das estratégias para redução de transmissão cruzada de micro- -organismos, o uso racional de antibióticos é de fundamental importância para o controle de bactérias multirresistentes.14 5.8 Prevenção e controle de surtos em UTI neonatal Surto (ou epidemia) é definido como o aumento do número de casos de uma doença, ou sín- drome clínica, em uma mesma população específica e em um determinado período de tempo.15 No caso das IHs, quando o número de casos excede o esperado na curva endêmica, ou quando ocorrem casos de infecção por um novo agente infeccioso, pode-se estar diante de um surto hospitalar. Para suspeitar e diagnosticar um surto é preciso conhecer as taxas basais de infecção pelo agente etiológico em questão da unidade. Vale a pena ressaltar que infecções provocadas por novos agentes para a unidade podem ser consideradas um surto, mesmo que sejam apenas dois casos. O nível endêmico de uma determinada doença ou agente infeccioso em uma população específica, como por exemplo, na unidade neonatal, é o número de casos que já existem e suas variações são esperadas. Para inferir que se está diante de um surto é necessário co- nhecer as taxas históricas. Pseudossurtos correspondem ao aumento do número de casos de infecção devido à melhora na notificação, contaminação no laboratório etc. 5.8.1 Investigação de surtos O objetivo da investigação de surtos é evitar o surgimento de novos casos instituindo medi- das de bloqueio para o seu controle. Os seguintes passos são fundamentais na investigação e no manejo de surto hospitalar nas unidades neonatais.1 Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 111 Prevenção da Infecção Hospitalar 5 Capítulo Passos para investigar um surto de IH: • Definir caso. • Revisar a literatura. • Implantar medidas de controle. • Montar tabela com todos os fatores comuns aos RNs envolvidos. • Desenhar curva epidêmica com o provável caso índice e os casos secundários. • Comparar dados e formular hipóteses sobre a provável fonte causadora do surto. • Provar ou conhecer estatisticamente a hipótese, por meio de estudo de caso controle. • Manter vigilância nas áreas envolvidas para documentar o término do surto. • Fazer relatório descritivo do surto e das medidas de controle estabelecidas, e distribuir às chefias de unidades e à diretoria. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 112 Ministério da saúde Referências 1. SAIMAN, L. Preventing infections in the neonatal intensive care unit. In:WENZEL, R. P. Prevention and control of nosocomial infections. 4. ed. [S.l.]: Lippincott Williams & Wilkins, 2003. 342 p. 2. PERLMAN, S. E.; SAIMAN, L.; LARSON, E. L. Risk factors for late-onset health care associated bloodstream infections in patients in neonatal intensive care units. Am. j. infect. control., Saint Louis, Mo., v. 35, n° 3, p.177-182, 2007. 3. ZAIDI, A. K. et al. Hospital-acquired neonatal infections in developing countries. Lancet, London, v. 365, n° 9465, p. 1175-1188, 2005. 4. PESSOA-SILVA , C. L. et al. Health care-associated infection among neonates in Brazil. Infect. Control. Hosp. Epidemiol., Thorofare, New Jersey, U. S., v. 25, n° 9, p. 772-777, 2004. 5. COUTO, R. C. et al. A 10-year prospective surveillance of nosocomial infections in neonatal intensive care units. Am. j. infect. control., Saint Louis, Mo., v. 35, n° 3, p. 183-189, 2007. 6. BRASIL. Ministério da Saúde; Anvisa. Definição dos critérios nacionais de infecções relacionadas à assistência a saúde: IRAS em Neonatologia. Brasília, 2008. Disponível em: <http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP[22026-2-0]>. Acesso em: 20 out. 2010. 7. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 930, de 10 de maio de 2012. Define as diretrizes e objetivos para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave e os critérios de classificação e habilitação de leitos de Unidade Neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: < http://bvsms.saude. gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0930_10_05_2012.html>. Acesso em: 22 nov. 2012. 8. BENJAMIN, D. K.; MILLER, W.; GARGES, H. Bacteremia, central catheter, and neonates: when to pull the line. Pediatrics, [S.l.], v. 107, n° 6, p. 1272-1276, 2001. 9. RICHTMANN, R. Cadeia Epidemiológica da Infecção Neonatal. In: DIAGNÓSTICO e prevenção de infecção hospitalar em neonatologia. São Paulo, APECIH, 2002. p. 20-28. 10. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guideline for hand hygiene in health-care settings. Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR), Atlanta, v. 51, n° RR16, p. 1-56, 2002. 11. PESSOA-SILVA, C. L. et al. Reduction of health-care associated infection risk in neonates by successful hand hygiene promotion. Pediatrics, [S.l.], v. 120, n° 2, p. 382-390, 2007. 12. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR), Atlanta, v. 51, n° RR10, 2002. Available at: <http:// www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5110a1.htm>. Access on: 28 Out. 2010. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 113 Prevenção da Infecção Hospitalar 5 Capítulo 13. RICHTMANN, R. Cateter vascular em pediatria. In: NICOLETTI, C; CARRARA, D; RICHTMANN; R. (Org.). Infecção associada ao uso de cateteres vasculares. 3. ed. São Paulo: APECIH, 2005. 14. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guideline for prevention of nosocomial pneumonia. Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR), Atlanta, v. 46, p. 1-80, 1997. 15. CALIL, R. et al. Reduction in colonization and nosocomial infection by multiresistant bacteria in a unit after institution of educational measures and restriction in the use of cephalosporins. Am. j. infect. control., Saint Louis, Mo., v. 29, p. 133-138, 2001. 16. HAAS, J. P.; TREZZA, L. A. Outbreak investigation in a neonatal intensive care unit. Seminars Perinatol., New York, v. 26, n° 5, p. 367-378, 2002. 17. BRASIL. Ministério da Saúde; Anvisa. Pediatria: prevenção e controle de infecção hospitalar. Brasília, 2006. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 115 Aleitamento Materno 6 Capítulo Aleitamento Materno 6 Amamentar é muito mais do que alimentar. Além de nutrir, a amamentação promove o vínculo afetivo entre mãe e filho e tem repercussões na habilidade da criança de se de- fender de infecções, em sua fisiologia e em seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e também na saúde física e psíquica da mãe. Apesar de todas as evidências científicas provarem a superioridade do aleitamento materno (AM) sobre outras formas de alimentar a criança pequena, a maioria das crianças brasileiras não é amamentada por