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bioética em serviços hospitalares (2)

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Projeto Pós-graduação 
Curso Gestão Hospitalar 
Disciplina Bioética em Serviços Hospitalares 
Tema 01 Conceitos em Ética e Bioética 
Professor João Luiz Coelho Ribas 
 
Introdução 
A evolução da gestão de unidades hospitalares está diretamente ligada 
à história e à evolução da Medicina, à concepção da unidade hospitalar e à 
evolução dos conceitos éticos e bioéticos. 
Portanto, esta disciplina tem como objetivo principal possibilitar um 
intercâmbio entre a ética e bioética hospitalar e a função do gestor nesse meio, 
com seus anseios e suas dificuldades. 
Nesse tema, acompanharemos a evolução da bioética desde a sua 
concepção até o seu estado nos dias atuais, entrelaçando seus conceitos e 
conhecimentos com o nosso dia a dia, os nossos conhecimentos, as nossas 
dificuldades e incertezas. 
Para mais detalhes, não deixe de assistir ao vídeo de introdução do 
professor João. 
Problematização 
Imagine que chegou ao seu conhecimento no Comitê de Ética da 
instituição em que você trabalha, para sua avaliação e conduta, a seguinte 
situação: há muitos anos, um barco afundou ao se chocar contra um iceberg. 
Um dos botes salva-vidas estava cheio e vazando, e para reduzir a carga, 
jogaram 14 homens ao mar. Duas irmãs de homens que foram jogados 
também se atiraram. 
Os critérios utilizados foram que casais não seriam separados e todas as 
mulheres seriam preservadas. Dessa forma, todos os que ficaram no bote 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
salvaram-se e o marinheiro foi o único membro da tripulação processado por 
homicídio. 
O juiz disse que o certo seria terem sorteado as pessoas a serem 
salvas, sendo sua sentença a seguinte: “Em nenhuma forma, além desta 
(sorteio) ou outra similar, eles teriam direitos iguais em bases iguais, e em 
nenhuma outra forma é possível resguardar contra a parcialidade e opressão, 
violência e conflito”. 
A sentença do juiz foi criticada, baseada no argumento de que essa 
situação de crise envolvia uma “aposta” muito alta para ser simplesmente 
resolvida com uma “jogada”, e as responsabilidades eram muito grandes para 
serem deixadas a cargo do destino. 
Agora você precisa emitir um parecer sobre o fato. Então, o que você 
faria? 
Para Início de Conversa 
O fator primordial do novo gestor hospitalar não é se preocupar somente 
com a administração geral do hospital, mas também com cada detalhe que 
acontece na sua unidade, na recepção, no consultório do médico, no posto de 
enfermagem, no quarto do paciente e, especialmente, como estão seus 
recursos humanos e a qualidade dos seus profissionais, de forma a equilibrar 
as atividades administrativas e assistenciais. 
Nessa complexa e multifacetada organização de saúde surge a Bioética 
Hospitalar, de caráter essencial e presença obrigatória nos dias atuais em cada 
canto do hospital e em cada mente profissional. 
Em meio às discussões de moral, ética, leis e princípios e com o rápido 
desenvolvimento tecnológico, houve excepcional desenvolvimento do método 
científico, o qual buscava provar que tudo o que, até então, era observado 
empiricamente era de fato real e cientificamente existente. Discussões cada 
vez mais acaloradas surgiram a respeito da vida e da sua manipulação por 
meio de experimentação, o que culminou na forma de diagnóstico e tratamento 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
que utilizamos hoje. 
Para ilustrar a discussão ética referida anteriormente, assista ao vídeo “Uma 
reflexão sobre a complexa relação entre ética e desenvolvimento científico”, o 
qual está disponível no link: <http://www.youtube.com/watch?v=g9Pmavlq 
1S0>. 
E a nossa formação ética e bioética como está? 
Quando pensamos hoje em ética, especialmente associada à área da 
saúde, pensamos automaticamente no contato que tivemos durante o nosso 
desenvolvimento profissional, mais especificamente durante a nossa formação 
universitária. 
O problema é que na grande maioria das vezes em que vivenciamos 
qualquer discussão envolvendo ética, esta estava muito provavelmente inserida 
em uma matéria, em um caso clínico ou em algo que talvez estivesse na mídia 
e que indignava a nós e aos nossos professores. 
De fato o que nos falta – digo isso a todos nós profissionais que de uma 
forma ou de outra estamos envolvidos com a saúde, o bem-estar e a melhora 
ou manutenção da qualidade de vida de nossos pacientes – é o 
desenvolvimento de um raciocínio bioético que deveria nos capacitar para o 
que hoje chamamos de “bioética ao pé do leito”, ou seja, decisões que 
precisamos tomar (e na maioria das vezes não temos a escolha de pedir a 
opinião a um colega) e que podem colocar em jogo o que acreditamos e, 
especialmente, colocar em jogo o diploma e a competência que exibimos. 
Infelizmente, apesar de a ética ser ampla e nos trazer desafios diários, 
muitas universidades restringem-se a transmitir conhecimento ético na 
disciplina de Deontologia e não no desenvolvimento do raciocínio ético, pois 
em Deontologia, na maior parte das vezes, aceita-se e não se discute, diferente 
da ética que, geralmente, discute-se, mesmo que não cheguemos a uma 
unidade. 
No entanto, qual é, de fato, a grande diferença entre ética, bioética e 
http://www.youtube.com/watch?v=g9Pmavlq1S0
http://www.youtube.com/watch?v=g9Pmavlq1S0
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
deontologia e qual a relação com a gestão hospitalar? Ficou curioso e quer 
saber a resposta? Basta acessar o vídeo no material digital e ver a resposta 
com o professor João. 
Em termos de definição temos: 
 Ética – estuda fatos referentes à conduta humana, suscetível de 
qualificação do ponto de vista do bem e do mal a um determinado tempo 
e sociedade (FERREIRA, 2004). 
Assim, a ética diz respeito aos princípios e valores morais que 
direcionam a nossa conduta perante a sociedade para não haver prejuízos a 
ninguém. 
 Bioética – tem como objetivo enfatizar o conhecimento biológico e os 
valores humanos, incluindo a visão, a decisão, a conduta e as normas 
morais das ciências da vida e dos cuidados com a saúde, em um 
contexto multidisciplinar, garantindo o respeito à pessoa humana desde 
o início de sua vida até o término dela (POTER, 1971, p. 127). 
Portanto, sua finalidade é de nos auxiliar a participar racional e 
cautelosamente no processo da evolução biológica e cultural. 
 Deontologia – são regras fixadas por uma categoria profissional, tendo 
um papel regulador da ação profissional, para que esta seja exercida 
adequadamente de acordo com o momento histórico social, 
estabelecendo condutas e punindo transgressões (LUCATO; FRANÇA, 
2007). 
Lembrando que, além desses conceitos, outros dois são essenciais 
neste processo e valem a pena ser mencionados: é o de moral e o de lei, de 
acordo com Ferreira (2004): 
 Moral – do latim morale, “relativo a costumes”. Conjunto de regras de 
conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para 
qualquer tempo ou lugar, quer para um grupo ou pessoa determinada. 
 Lei – regra de direito ditada por uma autoridade estatal (elaborada e 
 
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5 
votada pelo poder legislativo) e se tornando obrigatória para manter a 
ordem e o desenvolvimento em uma determinada comunidade. 
O que você acha de ilustrarmos com um exemplo os conceitos de moral, 
ética e lei? Seria interessante, não é mesmo? Para isso, vá até o material 
digital e não perca o vídeo do professor João. 
Vale lembrar que quando falamos de ética, assim como de lei, elas são 
influenciadas de forma decisiva pela cultura de um povo e a época histórica 
que esse povo está vivendo. Assim, podemos notar que suas “normas” e 
“regulamentações” não são de forma alguma estagnadas, sendo alteradas 
sempre que exista uma situação, ou uma sequência de fatos, que pode levarEstado, País ou Organizações a promoverem discussões e mudanças éticas 
sobre certo tema em um contexto determinado. Um exemplo recente dessa 
aplicação para os padrões da bioética foi a legalização do aborto de fetos 
anencéfalos no Brasil, em 2012. 
Discussões gerais a respeito do aborto de fetos anencéfalos podem ser 
visualizadas no site: <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,em-decisao-
historica-stf-decide-que-aborto-de-feto-anencefalo-nao-e-crime-imp-,860498>. 
Sempre devemos salientar que, muito além do que qualquer discussão, 
a ética é de fato e direito uma responsabilidade de todos, ou seja, é mais do 
que uma responsabilidade pública, é responsabilidade minha, sua de nosso 
colega, de nosso vizinho, enfim, de todos. Garrafa (2005) ilustra muito bem isso 
afirmando que a ética pode ser analisada sob três aspectos fundamentais: a 
responsabilidade individual, pública e coletiva. 
 Ética da responsabilidade individual: refere-se ao papel e ao 
compromisso que cada um de nós tem de nós mesmos e de nossos 
semelhantes, moldadas por ações individuais, coletivas, públicas ou 
privadas; 
 Ética da responsabilidade pública: diz respeito essencialmente ao 
papel e aos deveres do Estado não só em relação a temas como a 
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,em-decisao-historica-stf-decide-que-aborto-de-feto-anencefalo-nao-e-crime-imp-,860498
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,em-decisao-historica-stf-decide-que-aborto-de-feto-anencefalo-nao-e-crime-imp-,860498
 
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6 
cidadania e os direitos humanos, mas também ao cumprimento das 
resoluções que versam diretamente e especialmente sobre saúde e 
vida; 
 Ética da responsabilidade planetária: diz respeito à preservação dos 
ecossistemas e da natureza como um todo. Responsabilidade individual 
do Estado enquanto política de governo e de todas as nações mundiais. 
Enfim, Garrafa (2005) quer nos chamar a atenção para a necessidade 
do compromisso e da responsabilidade e, ao mesmo tempo, da liberdade e da 
consciência. Por isso a imediata necessidade do desenvolvimento do raciocínio 
ético e bioético, não somente em nós profissionais de saúde, mas também na 
população em geral, para que todos possam usufruir igualmente de seus 
direitos e deveres. 
Vamos conversar sobre bioética? 
Um dos grandes problemas da bioética é definir de fato e direito sua 
área de abrangência. Da forma com que se apresenta atualmente, a bioética é 
uma instância de juízo e, mesmo englobando aspectos normativos, não é uma 
deontologia, mas sim uma prática que está em contato direto com as 
determinações da ação no ramo da biologia da vida. Em outras palavras, 
bioética são os conceitos, as normas e os argumentos que dão valor e 
justificam do ponto de vista ético os nossos atos, os quais podem ter efeitos 
irreversíveis sobre a vida. 
Todos nós concordamos que bioética “envolve a ética da vida”, mas 
temos o desafio de definir onde de fato iniciam-se as discussões bioéticas e 
onde elas terminam. 
É fácil pensarmos que essas discussões em relação à vida humana 
iniciam-se onde a vida inicia e terminam onde ela termina, mas, de fato, onde 
se dá o início e o término da vida? Não se preocupe que o professor João vai 
explicar isso e tirar sua dúvida, basta acessar o material digital e assistir ao 
vídeo. 
 
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7 
Em termos históricos, todas essas concepções e discussões 
iniciaram-se em 1970, quando o termo “bioética” foi pela primeira vez utilizado. 
Quem fez essa inserção foi o pesquisador americano Van Rensselaer Potter, 
em seus trabalhos sobre bioquímica oncológica. 
No entanto, em termos históricos, alguns historiadores defendem que 
esse termo já teria sido utilizado em 1927 por um pastor protestante, filósofo e 
educador, com o objetivo de descrever as relações éticas humanas com 
animais e plantas. 
De qualquer forma, independentemente de quando foi primariamente 
utilizada, a bioética nunca pretendeu estar somente entre as discussões e 
ações de profissionais de saúde, juristas, filósofos, religiosos e pesquisadores 
em geral, mas sim fazendo parte de toda a sociedade, pois a bioética trata, em 
última análise, da preservação da vida, o que de fato interessa a todos os seres 
humanos. 
Sendo assim, cabe a nós colocarmos em mente que o verdadeiro 
enfoque da bioética é de fato a interdisciplinaridade, o pensar diferente, a 
integração e a corresponsabilidade na integração entre áreas. 
Portanto, o modelo de bioética foi fundamentado (e ainda são seus 
pilares de inserção) em um modelo de complexidade e leva em consideração 
vários aspectos em sua formação e orientação à tomada de decisão. Entre 
esses aspectos que configuram a diversidade de abrangência e o fundamento 
da bioética, podemos citar: 
 aspectos culturais; 
 aspectos políticos; 
 aspectos psicológicos; 
 aspectos educacionais; 
 aspectos científicos; 
 aspectos econômicos; 
 
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8 
 aspectos espirituais; 
 aspectos profissionais; 
 aspectos assistenciais; 
 aspectos biológicos; 
 aspectos sociais; 
 aspectos morais; 
 aspectos legais. 
Com certeza essa rica complexidade de aspectos que integra a bioética 
faz com que ela, por si só, não tenha consequentemente uma definição 
simples, mas diversa, como ilustrada a seguir por teóricos que tentam definir e 
conceitualizar a bioética. 
 Potter: “Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois 
componentes mais importantes para se atingir uma nova sabedoria, que 
é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores 
humanos” (POTTER, 1971); 
 Reich: “Estudo sistemático da dimensão moral – incluindo a visão, 
decisão, conduta e normas morais – das ciências da vida e dos cuidados 
à saúde, empregando uma variedade de metodologias éticas em um 
contexto interdisciplinar” (REICH, 2004); 
 Ramos: “A bioética como parte da ética, ramo da filosofia que enfoca as 
questões referentes à vida humana e, portanto, à saúde. Ambiciona 
contribuir para um desenvolvimento controlado das ciências da vida, 
garantindo o respeito da pessoa humana e dos valores democráticos 
essenciais. A bioética, como objetivo de estudo, também trata da morte, 
que é inerente à vida” (RAMOS, 2007). 
Independentemente da forma, do termo, ou do conceito usado, em 
última análise, todos concordam que a discussão magma da bioética é: até que 
ponto nós temos o direito de manipular, em qualquer fase da vida, outros seres 
 
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humanos, animais e plantas de forma muitas vezes grosseira, incrédula e 
desrespeitando seus direitos e suas escolhas. 
Em relação a discussões sobre bioética, sua origem e seus conceitos, 
leia os artigos “Bioética: origens e complexidade”, no link: 
<http://www.bioetica.ufrgs.br/complex.pdf>, e “Bioética”, no link: 
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n5/a20v57n5.pdf>. 
Princípios e Desafios da Bioética 
Antes mesmo de começar sua leitura a respeito do assunto, procure no 
seu material digital o vídeo do professor João, o qual explicará um pouco sobre 
os princípios e os desafios da bioética. 
Desde o surgimento das definições de Bioética fez-se necessário o 
estabelecimento de um caminho mais concreto para se analisar os casos e os 
problemas éticos relacionados à assistência à saúde sob o prisma da bioética. 
Para tal intuito, em 1979, os norte-americanos Tom Beauchamp e James 
Childress publicaram um livro denominado “Princípios da Ética Biomédica”. 
Esse livro expressa e fundamenta os principais pilares da bioética, 
norteando os profissionais da área da saúde à forma e ação frente às 
discussões, especialmente as que envolvem a saúde e o bem-estar de seus 
pacientes. A esses pilares da bioética, Beauchamp e Childress deram o nome 
de princípios básicos da bioética,são eles: 
 beneficência; 
 não maleficência; 
 respeito à autonomia; 
 justiça. 
Siqueira (2008) chama a nossa atenção ao dizer que “todos os dilemas 
bioéticos, sob o prisma dos quatro princípios, passaram a ser exercício rotineiro 
em tomadas de decisões ao pé do leito. Além do que, antes de qualquer 
http://www.bioetica.ufrgs.br/complex.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n5/a20v57n5.pdf
 
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tomada de decisão devemos considerar indispensável a realização de uma 
ampla reflexão sobre os valores e condutas a serem adotados, após ampla 
deliberação entre profissional de saúde e paciente, para que as mesmas 
assegurem ser as mais prudentes possíveis”. 
O princípio da beneficência 
De acordo com esse princípio, especialmente quando estamos falando 
da área da saúde, temos a obrigação moral de agir sempre em benefício do 
outro. Esse princípio orienta-nos, de forma clara e precisa, a sempre fazer o 
melhor ao nosso paciente, independentemente de sua condição física, social e 
cultural, sempre focando a minimização de riscos e a maximização dos 
benefícios, independentemente do tratamento ofertado. 
O princípio da não maleficência 
Esse princípio nos diz que não devemos causar qualquer tipo de dano 
ao paciente, e isso é mais do que uma exigência bioética, é uma exigência 
moral de todo profissional de saúde. 
Vale a pena ressaltarmos que muito mais do que não causar o mal, a 
falta desse princípio pode ser vista como uma situação de prática negligente, e 
sempre quanto maior o risco de causar dano, maior e mais justificado deve ser 
o objetivo do procedimento para que este possa ser considerado, sem 
relutância alguma, um ato bioeticamente correto. 
O princípio de respeito à autonomia 
O respeito à autonomia é um dos pilares mais importantes da bioética. 
Sob esse prisma, a pessoa tem o direito de decidir fazer ou buscar o que julga 
melhor para si, sem a interferência de quem quer que seja. Cabe ao 
profissional de saúde, nesse caso, por exemplo, auxiliar o paciente a superar 
seus medos e sentimentos, fornecendo subsídios para que ele possa classificar 
suas preferências e seus valores, e discutir suas opções, seus riscos e 
benefícios. 
Sindicato
Realce
 
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Entretanto, ao final, somente a própria pessoa deve decidir, pois ela 
sabe o que de fato é melhor para si naquele determinado momento. Caso a 
escolha seja por não aceitar um tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico, 
essa decisão deve ser respeitada. 
Para essa situação existem sim algumas exceções como: 
 a incapacidade, especialmente quando falamos de crianças e 
adolescentes, devendo os pais ou responsáveis exercerem esse 
princípio para tais indivíduos; 
 a incapacidade por perda de consciência nas patologias neurológicas e 
psiquiátricas graves; 
 em situações de urgência, devido ao fato de precisar agir rápido; 
 a obrigação legal de notificação de doenças, cuja notificação é 
compulsória; 
 quando existe um grande risco para saúde de outra pessoa, cuja 
identidade é conhecida; 
 quando o indivíduo recusa-se, sem maiores explicações, a ser informado 
e participar das decisões e evolução de seu caso. 
Assim sendo, para que o indivíduo possa exercer essa 
autodeterminação, são necessárias sempre duas condições fundamentais: a 
capacidade de agir intencionalmente – o que pressupõe o decidir 
coerentemente com a sua vontade entre alternativas que lhe são 
apresentadas – e a liberdade, no sentido de que sua decisão deve ser livre de 
qualquer influência, especialmente por parte do pesquisador e do profissional 
de saúde, por mais que este pense ser o melhor caminho a ser escolhido pelo 
indivíduo. 
O princípio da justiça 
Esse princípio está associado basicamente às relações entre grupos. Na 
área de saúde, agimos de acordo com ele quando possibilitamos, por exemplo, 
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12 
integralmente a igualdade de oportunidade de acesso aos benefícios que 
emergem da necessidade de uma ampla e irrestrita distribuição justa da 
assistência à saúde individual e coletiva. 
Agora, para aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre os 
princípios apresentados, recomendamos a leitura dos artigos “Princípios da 
Bioética”, no link: <http://www.pucrs.br/bioetica/cont/joao/
principiosdebioetica.pdf> e “Bioética: princípios ou referenciais?”, 
no link: <http://www.saocamilo-sp.br/pdf/
mundo_saude/41/20_bioetica_principio.pdf>. 
O que você acha de fazer uma revisão sobre os principais conceitos da 
bioética? Então, assista ao documentário que se encontra neste link: 
<http://www.youtube.com/watch?v=2WxU80MLcDY>. 
Revendo a Problematização 
Muito bem! Agora chegou a hora de você responder sobre o caso 
apresentado no início do material, lembra-se dele? Era sobre um barco que 
afundou e como o bote estava cheio e vazando jogaram 14 homens ao mar, 
está lembrado agora? Caso queira rever o problema antes de responder, 
acesse o material digital e assista ao vídeo. 
Opção 1: apoiaria a decisão judicial visto que, de fato, o critério 
do sorteio das pessoas que seriam lançadas ao mar era o mais justo, pois não 
se podia, nessa situação, decidir pelo fim da vida de um ou outro de 
forma racional. 
Opção 2: concordaria com a decisão judicial, lembrando que esse caso 
especificamente trata-se, em última análise, de um caso de eutanásia 
voluntária, no qual se causou a morte “apropriada” de pessoas mais 
fracas, debilitadas ou em sofrimento, justificada pelos critérios de escolha das 
pessoas que foram atiradas ao mar. 
Opção 3: aceitaria a conduta do juiz, mas disporia que ninguém deveria 
ter sido processado pelas mortes, pois certamente houve um consenso racional 
http://www.nhu.ufms.br/Bioetica/Textos/Princ%C3%ADpios/PRINC%C3%8DPIOS%20DA%20BIO%C3%89TICA%20(3).pdf
http://www.nhu.ufms.br/Bioetica/Textos/Princ%C3%ADpios/PRINC%C3%8DPIOS%20DA%20BIO%C3%89TICA%20(3).pdf
http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/41/20_bioetica_principio.pdf
http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/41/20_bioetica_principio.pdf
http://www.youtube.com/watch?v=2WxU80MLcDY
http://www.pucrs.br/bioetica/cont/joao/principiosdebioetica.pdf
 
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13 
quanto aos critérios de “seleção” das pessoas a serem atiradas ao mar. 
Acesse o material on-line e confira o feedback comentado das 
alternativas. 
Síntese 
Neste tema, observamos como que o raciocínio bioético vai se 
desenvolvendo e a evolução de seus conceitos e suas definições, 
especialmente quando aplicados os princípios da bioética, pilares essenciais ao 
desenvolvimento do tema. 
Ainda não acabou, vá ao material digital e encontre o vídeo de síntese 
do professor João para mais algumas informações do que vimos hoje sobre a 
bioética, a qual é muito importante para o seu futuro. 
 
 
 
 
 
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14 
Referências 
BEAUCHAMP, T. L.; CHILDRESS, J. F. Princípios de Ética Biomédica. 4. ed. 
São Paulo: Loyola, 2002. 
COHEN, C.; FERRAZ, F. C. Direito humano ou ética das relações?. In: 
Bioética. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2002. 
CONEP. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Disponível em: 
<http://conselho.saúde.gov.br>. Acesso em: jun. 2015. 
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Eletrônico. Curitiba: Positivo, 2004. 
GARRAFA, V. Introdução à Bioética. Revista do Hospital Universitário 
UFMA, São Luís, v. 6, n. 2, p. 9-13, 2005. 
GUILHEM, D.; DINIZ, D. A ética na pesquisa no Brasil. In: DINIZ, D.; 
GUILHEM, D.; SCHUKLENK, U. Ética na Pesquisa. Brasília: Letras 
Livres/UNB, 2005. 
LIMA, W. M. Bioética e Comitês de Ética. Conep, 2004. 
POST, S. T. Introduction. Encyclopedia of Bioethics. 3. ed. 2004. 
POTTER, V. R. Bioethics: Bridge To The Future. Englewood Cliffs: Prentice 
Hall, 1971. 
RAMOS, D. L. P.; CRIVELLO JUNIOR, O. Fundamento da Odontologia:Bioética e Ética Profissional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 
SIQUEIRA, J. E.; ZOBOLI, E.; KIPPER, D. J. Bioética clínica. São Paulo: 
Gaia, 2008. 
 
 
http://conselho.saúde.gov.br/
http://books.google.com.br/books?id=5mpEAAAAYAAJ&source=gbs_slider_thumb
 
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15 
Atividades 
 Quando falamos em ética, estamos relacionando especialmente o 
estudo dos fatos referentes à conduta humana, um pouco diferente da 
moral que relaciona os costumes e a lei, que aborda as regras 
determinadas por uma autoridade estatal. Sobre esse item, denomine o 
que se relaciona à ética, à moral ou à lei. 
a. Em um caso de assassinato, o ato das pessoas saberem que não 
devemos tirar a vida de uma pessoa pode-se relacionar ao conceito de 
ética. 
b. Quando o assunto matar ou não matar é discutido por uma população 
dentro de uma sociedade, podemos relacioná-la à lei. 
c. No caso em que um político foi preso devido a uma conduta inadequada 
com o dinheiro público, estamos frente a uma questão de lei. 
d. Um cirurgião encontrou uma gaze no abdômen de seu paciente, a qual 
foi esquecida por um colega seu em uma cirurgia anterior. Para não 
causar problemas ao seu colega, jogou a gaze sem que ninguém visse. 
Nesse caso de acobertamento, podemos relacioná-lo à lei. 
 Um homem com 82 anos de idade, lúcido e ativo, procura atendimento 
em uma unidade de saúde queixando-se de fraqueza e fadiga, vômito 
sanguinolento e perda de peso constante. Durante os exames, 
detectou-se nesse senhor um câncer em estágio avançado. A filha do 
idoso pede à equipe de saúde que não informe o diagnóstico ao 
paciente, por motivos pessoais e familiares. Observando-se os princípios 
da bioética, que procedimento a equipe de saúde deveria realizar? 
a. Observando o princípio da justiça, eles não deveriam contar nada ao 
paciente, visto se tratar de um senhor de 82 anos, o que poderia piorar 
o seu quadro clínico. Sendo assim, seria mais justo dizer que se 
 
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tratava, por exemplo, de uma úlcera em formação. 
b. Observando o princípio do respeito à autonomia, o paciente tem o 
direito de saber de seu diagnóstico e os possíveis agravos à sua 
saúde que um câncer pode lhe trazer. Ele tem a autonomia de querer 
ou não o tratamento e o prolongamento de sua vida por métodos 
muitas vezes invasivos, os quais serão necessários nesse caso. 
c. Observando o princípio da beneficência, a equipe não deve contar o 
diagnóstico, visto se tratar de um caso possivelmente sem solução, no 
qual o melhor tratamento possivelmente seria não tratar. 
d. Observando o princípio da não maleficência, o ideal seria não contar, 
pois contar poderia agravar mais o quadro. 
 A Bioética apareceu no início dos anos 1970, não como mais uma 
disciplina a fazer parte dos currículos acadêmicos ou como um simples 
avanço da deontologia, mas como um verdadeiro movimento cultural 
que tem como amplo objetivo estudar a ética referente às novas 
situações relacionadas à vida e à morte das pessoas. O extraordinário 
progresso alcançado pela biologia e pela medicina nos últimos anos 
ocasionou transformações no próprio modo de viver e de morrer da 
humanidade. Sobre bioética, está correta a afirmação: 
a. A bioética, por ser uma normativa, possui papel de justiça, uma vez 
que fornece as bases para imputação de responsabilidade aos que a 
violam. 
b. A bioética diz respeito somente às situações proporcionadas pelos 
avanços em saúde adquiridos nas últimas décadas. 
c. A visão bioética tem seu foco em compromissos globais frente ao 
equilíbrio, à preservação do ambiente e à relação homem/natureza. 
 
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d. A bioética engloba a deontologia, mas não se limita a ela, pois esta se 
estende muito além dos problemas deontológicos na relação entre 
homem e profissional. 
 Imagine a seguinte situação: você está de plantão em uma das noites 
mais agitadas em um hospital público de sua região. Várias pessoas 
estão à espera de atendimento, pois falta estrutura para atender altas 
demandas por falta de profissionais. Todos que estão de plantão fazem 
o possível para conseguir atender, porém, quanto mais atendem, mais 
pessoas chegam em diferentes estágios de gravidade. Um dos 
pacientes que chegaram era seu irmão, estava com uma forte dor de 
estômago, de gravidade relativamente baixa. Apesar de você saber que 
a gravidade era baixa, tomou a decisão de: 
a. Passá-lo na frente, pois nada mais justo (observando o pressuposto da 
justiça) do que auxiliar seu irmão em um momento desses. 
b. Passá-lo na frente, pois a família sempre em primeiro lugar. 
c. Não passá-lo na frente observando o pressuposto da equidade. 
d. Não passá-lo na frente descaradamente, pois iria “pegar mal”, mas 
colocá-lo em uma sala e pedir para que um colega seu o atendesse. 
 Vários autores tentaram, ao longo dos anos, definir a bioética, porém, 
cada um tem a acrescentar um ao outro. Portanto, em termos gerais, 
podemos definir bioética como sendo: 
a. Um conjunto de leis que se tornam obrigatórias para manter a ordem e 
o desenvolvimento em uma determinada comunidade. 
b. O estudo dos costumes de uma determinada sociedade, válidas para 
um grupo ou pessoa determinada. 
c. O estudo da moralidade da conduta humana, relacionando-se a tudo 
 
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onde existe vida, e compreendendo desde o momento de seu 
surgimento até a sua finalização. 
d. O estudo de todas as formas de seres vivos e inanimados. 
Acesse o material on-line para ver as repostas das alternativas. 
 
 
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1 
Projeto Pós-graduação 
Curso Gestão Hospitalar 
Disciplina Bioética em Serviços Hospitalares 
Tema Bioética e os Desafios do Gestor Hospitalar 
Professor João Luiz Coelho Ribas 
Introdução 
De fato, a bioética está cada vez mais presente no nosso dia a dia. Essa 
presença cada vez mais marcante nos aponta a necessidade de discussão de 
temas inerentes a esse universo, de forma sistemática, com o grande objetivo 
de compreender sua abrangência e magnitude. 
Nesta aula, vamos iniciar nossas discussões a respeito dessa imensidão 
de intermináveis assuntos sobre a bioética inserida em nosso cotidiano. A função 
essencial é a observação de que esses itens são nossa realidade enquanto 
profissionais de saúde e gestores da área. Agora vá ao material digital para ver 
o primeiro vídeo do professor João. 
Problematização 
O hospital no qual você é gestor trata-se de um lugar de alta 
complexidade, atendendo, assim, além de particulares, convênios e SUS, 
especialmente aqueles pacientes com código de transação oriundo de unidades 
de saúde do município e região. 
Um médico que trabalha em seu hospital atendeu uma paciente em 
ambulatório pelo SUS, e o diagnóstico dado foi de varizes em membros inferiores 
com indicação de cirurgia eletiva como parte do tratamento. Entretanto, o mesmo 
médico que realizou o diagnóstico, informou à paciente que não faz a cirurgia 
pelo SUS, somente particular. 
A paciente, apesar de ser do SUS e ter sido atendida em seu hospital, 
acabou realizando a cirurgia particular, pois, afinal, ela queria que o médico que 
a acompanhava no ambulatório fizesse a cirurgia. 
 
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2 
Na verdade, a paciente internou-se pelo SUS e, teoricamente, fez todos 
os procedimentos necessários pelo mesmo sistema, mas o pagamento do 
médico foi realizado dias antes da cirurgia, durante a última consulta. 
Você soube do caso e chamou o médico para conversar, o que disse a 
ele? 
Discussões bioéticas inerentes ao gestor 
Primeiramente, antes de você iniciar sua leitura, assista ao vídeo que está 
no material on-line sobre bioéticas das situações emergentes e persistentes. O 
professorJoão explicará melhor o assunto para que você fique por dentro e não 
tenha nenhuma dúvida. 
Sabemos, até então, a grande importância das discussões biológicas e 
biomédicas a respeito da ética, e que sempre essas discussões precisam ser 
guiadas sob a luz dos princípios da bioética (beneficência, não maleficência, 
respeito à autonomia e justiça). 
Garrafa (2005) sistematiza essas discussões em dois grandes grupos: a 
bioética das situações emergentes e a bioética das situações persistentes. De 
acordo com ele, essa divisão visa “melhor sistematização e compreensão de sua 
área de estudo e abrangência, a partir de dois grandes campos de atuação da 
bioética”. 
Ainda de acordo com Garrafa (2005), as discussões bioéticas acerca das 
situações emergentes estão relacionadas com temas que surgiram 
recentemente, especialmente devido ao grande e rápido avanço biotecnológico 
e biotecnocientífico que vivenciamos atualmente. 
Entre esses temas podemos ilustrar: a manipulação genética, a sexagem 
(eugenia), a engenharia genética, a manipulação do genoma humano, a 
medicina preditiva, a doação e o transplante de órgãos e tecidos humanos, a 
“lista de espera” pelos transplantes, a fertilização, a seleção e o descarte de 
embriões, a maternidade substitutiva, a clonagem, as pesquisas clínicas 
envolvendo seres humanos, as pesquisas científicas envolvendo animais, a 
 
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bioética hospitalar, o SUS, a auditoria em saúde, os prontuários, o diagnóstico 
de HIV, o acesso (segurança) à informação, o alto faturamento, entre outros. 
Diferentemente das discussões bioéticas sobre as situações emergentes, 
os temas relacionados às situações persistentes estão centrados especialmente 
naqueles assuntos que continuam desde a antiguidade e, volta e meia, retornam 
ao palco bioético. A título de exemplificação podemos citar: 
 A discriminação de gênero, raça e sexualidade; 
 A igualdade de direitos perante a lei; 
 A distribuição igualitária e o controle de recursos econômicos; 
 Os direitos humanos; 
 O aborto; 
 O suicídio assistido (eutanásia); 
 A alocação de recursos para a área de saúde; 
 Entre outros. 
Essas discussões são sim de interesse crescente no dia a dia do gestor, 
tanto as questões emergentes quanto as persistentes. Por isso iremos nos 
aprofundar em alguns desses itens, demostrando ao gestor certas 
características que devem ser analisadas antes de qualquer decisão bioética a 
ser tomada. 
Para melhor integração desses temas com a realidade do gestor, faça a 
leitura do artigo “Reflexões bioéticas sobre ciência, saúde e cidadania”, o qual 
está neste link: <http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/ 
article/view/287/426>. 
SUS e bioética hospitalar 
Um avanço bastante importante em relação à Constituição de 1988 foi a 
criação do SUS, regulamentado pelas Leis Orgânicas n. 8.080/90 e 
n. 8.142/90. Embora pareça não estar totalmente implantado, sendo este um 
processo contínuo e de adequação, sua principal finalidade é promover a 
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/287/426
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/287/426
 
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assistência menos desigual à saúde de todos os cidadãos, de forma pública, ou 
seja, sem a cobrança de qualquer pagamento. 
Assim, teoricamente, qualquer pessoa tem o direito a consultas, 
internações, exames e tratamentos em centros de saúde, hospitais, fundações, 
postos de saúde e instituições de pesquisa vinculadas ao SUS, sejam 
municipais, estaduais ou federais, públicos ou privados, contratados pelo gestor 
público de saúde, e que devem ofertar serviços de qualidade, adequados às 
necessidades do cidadão que os procura, independentemente do seu poder 
aquisitivo. 
Importante: a constituição de 1988 começa a mostrar a preocupação 
nacional quanto à Bioética, propondo que a saúde é direito de todos e dever do 
Estado, contribuindo assim para promover, proteger e recuperar a saúde 
baseando-se em princípios como a universalidade, a integralidade e a equidade. 
Infelizmente nem sempre podemos dizer que isso está sendo de fato cumprido. 
Fatos que vão desde a demora para uma simples consulta (sem falar nas 
enormes filas que o cidadão precisa enfrentar para marcá-la) até a falta de 
medicamentos e a dificuldade de marcação de exames laboratoriais e consultas 
(encaminhamento) para especialistas, faz com que, muitas vezes, olhemos para 
o sistema como algo inoperante e totalmente adverso aos princípios da bioética 
para com o usuário do sistema. 
Se pensarmos na bioética associada à definição de saúde, temos 
claramente definida que a saúde não é apenas a ausência de doença, mas um 
conjunto de fatores que devem ser considerados, como o bem-estar físico, social 
e mental, e, portanto, inclui não apenas a recuperação da saúde como também 
a prevenção e proteção contra doenças, e a promoção da saúde, fatores que 
fazem a inserção da bioética no cotidiano do cidadão. 
Os ambientes hospitalares não são diferentes, pois são organizados para 
a recuperação da saúde e pouco voltados para sua promoção e prevenção de 
doenças, tornando esses fatores mais difíceis de serem trabalhados, tanto para 
os profissionais quanto para os pacientes ou clientes. 
 
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5 
Ao refletirmos sobre os princípios ditados pelo SUS (universalidade, 
equidade e integralidade) em um ambiente hospitalar, verificamos que não é algo 
tão simples ou fácil, não é verdade? Acompanhe, agora, o vídeo do professor 
João que tratará um pouco mais desse assunto. 
Bom, dando continuidade, o primeiro princípio (universalidade) é muito 
amplo e visa garantir a assistência a todo e qualquer indivíduo. Em um hospital, 
mesmo os pequenos atos instintivos ou realizados sem pensar podem feri-lo. 
Por exemplo, quando um cidadão está sendo internado e seu filho, que 
ainda não tem a maior idade civil, é impedido de acompanhá-lo durante o 
processo da internação, estamos ofendendo a universalidade. Ou seja, ao 
impedirmos o convívio entre os familiares, estamos causando uma agressão à 
saúde de ambos (acompanhante e paciente), uma vez que a saúde não é apenas 
a ausência de doenças, mas sim o bem-estar geral, que muitas vezes pode ser 
resolvido com uma simples autorização de entrada do acompanhante. 
Outro ponto para pensarmos, como exemplo, é a entrada de um paciente 
no hospital pelo setor público (SUS), a qual só é possível se este tiver sido 
encaminhado por uma unidade de saúde. Fere-se novamente a universalidade, 
garantida como direito pela constituição, dificultando a prestação dos serviços 
de assistência à saúde de qualquer cidadão que chegue ao hospital com 
necessidade de cuidados especiais. 
Assim sendo, se ocorrer um acidente em frente a um hospital, este não 
pode aceitar o acidentado diretamente (falando-se de SUS), o qual deverá 
esperar pelo socorro (Samu, por exemplo) para ser encaminhado ao hospital. 
Tempo que poderia definir entre a sobrevivência ou não do indivíduo acidentado. 
Já o princípio da integralidade garante uma assistência completa e 
individualizada a cada cidadão. Em um hospital, qual seria a assistência 
completa do serviço prestado? E a individualizada? Se um paciente vem tratar 
de uma crise hipertensiva muitas vezes tratamos a doença que é sua queixa 
naquele momento, mas quem garante que ele não precisa de uma assistência 
mais ampla à sua saúde? 
 
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6 
Um exemplo recente e de grande gravidade foi o de um paciente internado 
em uma unidade hospitalar para tratamento de um controle da coagulação 
sanguínea. Na verdade, esse paciente tinha tido, há um mês, uma trombose 
profunda na perna direita e depois dos cuidados iniciais começou o controle comanticoagulante oral, o qual descompensou e não conseguiu controlar 
adequadamente a sua coagulação, levando a um quadro de, vamos dizer assim, 
anticoagulação demasiada. 
Isso o levou à internação, e, como resultado final, foi administrado ao 
paciente vitamina K para regularizar a coagulação e suspenderam o 
anticoagulante oral. Resolveu-se o problema de coagulação, e o paciente teve a 
alta. Depois disso, o paciente desenvolveu trombose em ambas as pernas, na 
cava inferior, progredindo com embolia pulmonar. 
Duas questões-chave para pensarmos sobre o ocorrido: a integralidade 
foi cumprida corretamente? Os princípios da bioética (principalmente de 
beneficência e não maleficência) foram seguidos? 
Seguindo com o raciocínio da integralidade mais voltado ao atendimento 
individualizado, outro grande problema também pode ocorrer no momento da 
alta de um paciente, em que seria preciso ter uma conversa de orientação com 
ele e/ou familiares. 
Atenção: essas orientações, especialmente aos familiares, são de real 
importância, pois eles são peça fundamental na recuperação e manutenção da 
saúde do paciente que está internado após seu retorno ao lar. 
Infelizmente, muitas vezes, isso não é realizado, especialmente por falta 
de tempo dos profissionais do hospital, e o princípio da integralidade do cuidado 
à saúde do paciente é ferido, além dos princípios da bioética, já que mesmo 
depois da alta ainda são necessários cuidados, e a assistência não é total nesse 
caso. 
O princípio da equidade diz que “mais recurso deve ser dado a quem mais 
necessite”, seja financeiro, profissional ou material. No hospital, por exemplo, um 
 
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7 
paciente mais grave precisa de maior disponibilidade de atenção e, ao fazermos 
isso, estamos cumprindo tal princípio. 
O problema que muitas vezes temos aqui não é o tecnológico, mas sim a 
disponibilidade, ou seja, a falta de vagas nos hospitais e especialmente nas UTIs, 
e aqui vem outro problema bioético: quem tem direito à vaga na UTI? Quem tem 
“direito” ao acesso e à internação (ou a ficar nas macas pelos corredores, como 
presenciamos infelizmente na maioria dos hospitais públicos)? 
E você, como gestor que gerencia e fiscaliza as atividades hospitalares, 
como pode contribuir para refletir sobre esses problemas em seu hospital e tentar 
resolvê-los? 
Também cabe aqui outra pergunta: é bioeticamente aceito dar 
medicamentos diferentes para um paciente que está internado pelo SUS e para 
outro que está internado por algum convênio ou particular? Por exemplo, se o 
médico prescreve dipirona e ao paciente do SUS é dado dipirona similar 
enquanto ao particular ou convênio é administrado o de referência (Novalgina®) 
ou a dipirona genérica, sem pensar em qualidade de medicação, mas o simples 
fato de se fazer a administração de medicamentos “diferentes”, estamos de fato 
respeitando a equidade? 
Você sabe até que ponto estamos seguindo os princípios e preceitos do 
SUS e da bioética ao realizarmos licitação e recebermos em nossas unidades 
medicamentos com falha de qualidade apenas por terem preço final menor? 
Como ficam o paciente e a qualidade farmacoterapêutica? 
Exemplos de desrespeito à equidade e aos princípios da bioética é que 
não faltam. Podemos citar casos em que o paciente chega à unidade hospitalar 
com suspeita de infarto agudo do miocárdio e se for particular ou convênio o 
protocolo de exames laboratoriais inclui creatinofosfoquinase total (CPK), 
creatinofosfoquinase fração MB (CK-MB) e troponina (algumas vezes também 
mioglobina), entre outros. No entanto, se o paciente for pelo SUS, o protocolo é 
somente de CPK e CK-MB, e não troponina. Isso é bioeticamente aceito? 
 
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8 
Enfim, as respostas para todas essas questões levantadas são várias, 
porém, algumas são viáveis e muitas outras, apesar de viáveis, são praticamente 
“impossíveis” de serem implementadas no momento. Dessa forma, o que 
devemos e podemos fazer é estar sempre atentos às possíveis falhas dentro do 
hospital, despertando os profissionais e toda a assistência prestada para além 
do curativismo dos pacientes, auxiliando na proteção e promoção da saúde e 
visando garantir também, bioeticamente, todos os princípios do SUS. 
Saiba que todos os exemplos utilizados são reais, apesar de isso não ocorrer 
em todos os hospitais, mas acontece, e muito, servindo como base para nossas 
discussões e, claro, para revermos nosso papel como gestor e respeitarmos os 
princípios do SUS (universalidade, integralidade e equidade), além dos 
princípios da bioética (beneficência, não maleficência, respeito à autonomia e 
justiça). 
Para aprofundar mais o tema, sugerimos que você leia dois artigos: o 
primeiro é “Bioética do Sistema Único de Saúde/SUS: uma análise pela bioética 
da proteção” e o segundo é “Uma abordagem bioética do Sistema Único de 
Saúde”, os quais estão disponíveis nos links: 
<http://www.inca.gov.br/rbc/n_51/v02/pdf/artigo3.pdf> e <http://eduemojs.uem. 
br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/9548/5719>. 
Continuando o raciocínio, vale sempre lembrarmos acima de tudo que o 
hospital trabalha com a vida das pessoas, seu bem mais precioso. É uma 
organização que presta serviços e é imprescindível que adote princípios éticos 
em todas as suas atividades, seja na autonomia e no cuidado do paciente, nas 
relações clínicas e, se houver, na pesquisa com seres humanos. Portanto, a ética 
clínica, a bioética e a ética profissional são campos conhecidos e explorados da 
ética aplicada dentro dos hospitais. 
As instituições de saúde, como no caso de hospitais, precisam estar 
comprometidas a oferecer sempre o melhor aos seus pacientes. Devem 
proporcionar assistência à saúde de forma acessível, integral e ética, em todos 
http://www.inca.gov.br/rbc/n_51/v02/pdf/artigo3.pdf
http://eduemojs.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/9548/5719
http://eduemojs.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/9548/5719
 
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os níveis de assistência, preservando a autonomia das pessoas na defesa de 
sua integridade moral e física. 
A qualidade do atendimento vai depender de todos os profissionais do 
ambiente hospitalar e de sua relação com os pacientes e seus familiares. Tanto 
administradores quanto profissionais de saúde estarão em contato com os 
clientes ou pacientes e as famílias deles, e pela ética profissional devem 
respeitar seus valores (culturais, espirituais, religiosos, psicológicos etc.) e 
considerar sua vontade. 
Independentemente da situação financeira ou fonte de pagamento (SUS, 
particular ou planos de saúde), a assistência e o cuidado devem ser os mesmos, 
desde o acolhimento na chegada ao hospital até os exames, procedimentos e 
tratamentos utilizados, sem privilégios ou preconceitos de qualquer espécie. 
Todos os pacientes têm o direito de saber quaisquer informações relacionadas 
à sua saúde e aos serviços disponíveis para sua assistência. 
Outro ponto relevante relaciona-se à confidencialidade dos pacientes, ou 
seja, é dever de toda a equipe hospitalar manter o sigilo das informações sobre 
seus pacientes, registros médicos, faturamento, entre outras informações, sem 
fazer qualquer divulgação a pessoas que não necessitam saber. Procure o vídeo 
do professor João, no material digital, que fala sobre esse assunto para maiores 
esclarecimentos. Não perca! 
Devem ser estabelecidas políticas institucionais pelo hospital para manter 
a confidencialidade dos dados e para que todos da equipe hospitalar tomem 
ciência. Caso haja quebra de sigilo ou acesso ilegal às informações, medidas 
punitivas devem ser aplicadas, uma vez que tanto administradores hospitalares 
quanto profissionais de saúde responderão de maneira confidencial e justa a 
toda e qualquer reclamação de pacientes.É importante que você busque mais acerca dos segredos profissionais, 
por isso indicamos este artigo “Segredo profissional e sua importância na prática 
de enfermeiros e odontólogos”. Acesse o link: <http:// 
revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/753/925>. 
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/753/925
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/753/925
 
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Claro que para toda regra existe uma exceção e, nesse caso, a exceção 
é o suicídio (valendo inclusive para termos legais e bioéticos), uma vez que o 
sigilo profissional, em caso de pacientes que manifestem o desejo de se suicidar, 
pode e deve ser quebrada, até mesmo porque, se a pessoa vier a se suicidar, o 
profissional corre grande risco de ser culpado por omissão ou negligência de 
acordo com o Código Penal Brasileiro. 
Para alguns questionamentos a respeito do suicídio, faça a leitura do texto 
“Suicidio: ¿Derecho de autodeterminación física o ejercicio de La libertad com 
respecto a la própria vida?” que está disponível neste link: 
<http://saber.ucv.ve/ojs/index.php/rev_ens/article/view/534/483>. 
Também precisamos pensar, por exemplo, no diagnóstico e na divulgação 
de resultado HIV positivo. Por curiosidade, a eclosão da Aids implicou que alguns 
aspectos éticos da relação profissional-paciente fossem profundamente revistos 
e rediscutidos. 
Na verdade, o que temos hoje é a necessidade da autorização verbal e 
escrita do paciente, ou seu responsável legal, a fim de que se proceda a coleta 
do material para a realização do exame sorológico para o diagnóstico do HIV. 
No caso de resultado positivo, este deve apenas ser comunicado ao médico 
responsável e ao paciente por meio do seu próprio médico, e, se possível e 
necessário, o paciente deve ter acompanhamento psicológico com profissional 
habilitado. 
O problema é que, muitas vezes, esse sigilo necessário não é realizado, 
podendo trazer prejuízo ao paciente, a seus familiares, ao hospital e também ao 
gestor dessa unidade. Por isso, qualquer tomada de decisão deve ser efetuada 
após uma análise bioética pelos funcionários do hospital e prestadores de 
cuidados de saúde. 
Além disso, a assistência à saúde deve ser adequada, responsável, de 
baixo custo e com competência, não sendo permitidos a emissão de cobranças 
fraudulentas, o aceite de subornos ou o envolvimento em ações de conflitos de 
interesse. 
http://saber.ucv.ve/ojs/index.php/rev_ens/article/view/534/483
 
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Atualmente, apesar de não obrigatório, está tornando-se bastante comum 
nos hospitais a formação de Comissões de Bioética Hospitalar, pois o paciente 
não tem mais como referência principal o médico que o atende, e sim a 
instituição ou organização na qual está fazendo seu tratamento ou 
acompanhamento. 
Você quer saber mais a respeito da Comissão de Ética Hospitalar? Então 
assista ao vídeo do professor João que se encontra no material digital, pois é 
muito importante para complementar seus estudos e tirar qualquer dúvida que 
você tenha. 
Essas comissões são geralmente formadas por profissionais da área de 
saúde – incluindo médicos, profissionais de diferentes áreas de conhecimento e 
representantes da comunidade –, que objetivam a deliberação sobre a 
moralidade de determinadas escolhas ou decisões a serem tomadas, ou rumos 
à ação na prática clínica para com os pacientes, chegando-se a um consenso 
para assessorar os profissionais de saúde na solução de conflitos morais no 
ambiente hospitalar. 
As comissões servem, portanto, para a reflexão de diversos aspectos 
envolvidos em conflitos éticos que surgem na prática clínica de hospitais e outras 
instituições de saúde, de modo a alcançar a solução mais matizada e eticamente 
correta. Assim, a garantia de funcionamento ético dos hospitais por parte de 
gestores, diretores e profissionais torna-se essencial. 
É interessante que você busque mais textos acerca do assunto para 
aprofundar essas questões, por isso recomendamos que procure estes artigos: 
 LOCH, Jussara de Azambuja; GAUER, Gabriel José Chittó. Comitês de 
bioética: importante instância de reflexão ética no contexto da assistência 
à saúde. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, v. 54, n. 1, 
p. 100-104, jan./mar. 2010. 
 GOLDIM JUNIOR, Francisconi CF. Os comitês de ética hospitalar. 
Revista de Medicina ATM, v. 15, n. 1, p. 327-334. 1995. 
 
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Revendo a problematização 
Estamos aproximando-se do final de nossos estudos e agora chegou a 
hora de responder à problematização feita no início desta aula, a qual falava 
acerca de um médico que atendeu pelo SUS, mas cobrou a cirurgia particular da 
paciente. Relembre tudo o que estudou e responda ao questionamento, vamos 
lá! 
Opção 1: Apesar de saber que isso pode ocorrer em outros hospitais, 
neste em que trabalhamos os pacientes do SUS não podem fazer qualquer 
procedimento a não ser que seja pelo próprio SUS. 
Opção 2: Apesar dessa prática ser recorrente em pacientes de planos de 
saúde, especialmente aqueles que não cobrem um ou outro procedimento, 
podendo ser realizados em caráter particular e o restante pelo plano de saúde, 
no SUS, como bem sabemos, essa prática é ilegal e antiética. 
Opção 3: Que no hospital em que trabalhamos a filosofia implantada é a 
de que os pacientes sempre terão seus direitos preservados, e mesmo 
entendendo que a remuneração pelo SUS é deficitária, poderia optar por atender 
ou não mais pelo SUS neste hospital. Se continuar optando em atender pelo 
SUS, todos os pacientes SUS deverão ser atendidos via SUS e qualquer 
procedimento, inclusive cirúrgico, deverá ser sim realizado nesses pacientes 
única e exclusivamente via tal sistema. 
Acesse o material on-line e confira o feedback de cada uma das 
alternativas. 
 
 
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Síntese 
Nesta aula, observamos as questões da bioética e seu íntimo 
relacionamento com o gestor hospitalar e os temas oriundos desse meio como 
o SUS, a confidencialidade e o segredo profissional e as comissões de bioética 
hospitalares. Agora, para finalizar, veja o vídeo de síntese do professor João que 
está no material on-line. 
 
 
 
 
 
 
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Referências 
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São Paulo: Loyola, 2002. 
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CONEP. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Disponível em: 
<http://conselho.saúde.gov.br>. Acesso em: jun. 2015. 
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Eletrônico. Curitiba: Positivo, 2004. 
GARRAFA, V. Introdução à Bioética. Revista do Hospital Universitário UFMA, 
São Luís, v. 6, n. 2, p. 9-13, 2005. 
GUILHEM, D.; DINIZ, D. A ética na pesquisa no Brasil. In: DINIZ, D.; GUILHEM, 
D.; SCHUKLENK, U. Ética na Pesquisa. Brasília: Letras Livres/UNB, 2005. 
LIMA, W. M. Bioética e Comitês de Ética. Conep, 2004. 
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POTTER, V. R. Bioethics: Bridge To The Future. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 
1971. 
RAMOS, D. L. P.; CRIVELLO JUNIOR, O. Fundamento da Odontologia: 
Bioética e Ética Profissional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 
SIQUEIRA, J. E.; ZOBOLI, E.; KIPPER, D. J. Bioética clínica. São Paulo: Gaia, 
2008. 
 
http://conselho.saúde.gov.br/
http://books.google.com.br/books?id=5mpEAAAAYAAJ&source=gbs_slider_thumb
 
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Atividades 
 O diretor clínico de um hospital tem a ideia de usar tarjas coloridas nas 
capas dos prontuários de pacientes atendidos no ambulatório. As cores 
nas capas dos prontuáriosvariam de acordo com a doença que cada 
paciente atendido apresenta. Os funcionários do departamento 
administrativo do hospital fazem a triagem e, em dia de consultas, os 
prontuários ficam acondicionados em uma mesa central na recepção do 
ambulatório. A justificativa é a agilidade no atendimento aos pacientes e 
a facilitação da rotina administrativa. Esse procedimento pode ser 
realizado com os prontuários? 
a. Sim, porque com as tarjas coloridas nos prontuários fica fácil de identificar 
a doença dos pacientes já na mesa da recepção do ambulatório e o 
atendimento será mais rápido, diminuindo as filas. 
b. Não, porque ao colocar cores nas capas dos prontuários vai gerar gastos 
desnecessários à instituição de saúde. 
c. Sim, pois os dados constantes no prontuário pertencem à instituição de 
saúde, a qual decide tudo o que pode fazer com os prontuários. 
d. Não, pois o prontuário serve única e exclusivamente para a comunicação 
entre os médicos e os membros da equipe de saúde que atendem ao 
paciente, com caráter sigiloso. 
 Um paciente chegou a uma unidade de pronto atendimento de um hospital 
conhecido e respeitado da região com suspeita de infarto agudo do 
miocárdio. Entre os exames necessários para comprovação do infarto e a 
decisão de ir ou não para o centro cirúrgico imediatamente estavam a 
troponina, a creatinofosfoquinase total e a creatinofosfoquinase fração 
MB, sendo a troponina um dos melhores para esse tipo de decisão clínica. 
No entanto, o paciente estava pelo SUS e o laboratório daquela unidade 
hospitalar apenas realizava o exame troponina para pacientes 
 
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particulares e de convênio. Como conseguiu fazer apenas os outros dois, 
teve que permanecer um tempo muito maior para que a decisão fosse 
tomada. Frente a esse caso e analisando os princípios da bioética 
podemos afirmar que: 
a. Nesse caso nenhum problema bioético foi verificado. 
b. Somente o princípio de justiça foi violado. 
c. A equidade foi cumprida. 
d. Nem os princípios da bioética nem os princípios de universalidade, 
integralidade e equidade foram cumpridos nesse caso. 
 “Quando associamos a bioética e a legislação de 1988, vemos um marco 
em nossa história, pois aí começa-se a mostrar a preocupação nacional 
frente a esse tema de tão grande importância”. Sobre essa afirmação, 
marque a alternativa correta. 
a. Essa crescente preocupação demonstrada em 1988 ainda está sendo 
representada de forma integral nos dias atuais. 
b. Sempre observamos a universalidade ser de fato realizada e defendida 
no quesito saúde, tanto pelo governo quanto pelos profissionais de saúde. 
c. Infelizmente nem sempre podemos dizer que a promoção da saúde aliada 
à universalidade, integralidade e equidade está sendo cumprida. 
d. O fato de não haver o respeito frente às questões envolvendo o SUS em 
nada interfere nas discussões bioéticas. 
 Em relação às instituições de saúde, sob o ponto de vista da bioética: 
a. É imprescindível que se adote princípios éticos em todas as suas 
atividades, seja na autonomia e no cuidado do paciente, nas relações 
clínicas e, se houver, na pesquisa com seres humanos. 
 
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b. São comprometidas a oferecer sempre o melhor aos seus pacientes. No 
entanto, não necessitam proporcionar a assistência à saúde de forma 
acessível, integral e ética aos seus pacientes, preservando a autonomia 
das pessoas na defesa de sua integridade moral e física. 
a. A assistência e o cuidado dependem da situação financeira ou da fonte 
de pagamento (SUS, particular ou planos de saúde). 
c. Não há necessidade de serem estabelecidas políticas institucionais para 
manter a confidencialidade dos dados para que todos da equipe hospitalar 
tomem ciência. 
 Sobre as Comissões de Bioéticas é correto afirmar que: 
a. É obrigatória a sua existência. 
b. Somente são formadas por profissionais de saúde. 
c. Objetivam a deliberação sobre as práticas clínicas, a moralidade de 
determinadas escolhas ou decisões a serem tomadas, ou rumos à ação 
na prática clínica para com os pacientes, chegando-se a um consenso 
para assessorar os profissionais de saúde na solução de conflitos morais 
no ambiente de trabalho. 
d. Têm sua atuação para reflexão de diversos aspectos envolvidos em 
conflitos éticos que surgem na prática nas instituições de saúde, de modo 
a alcançar a solução mais matizada e eticamente correta. 
As respostas das questões você encontra no material on-line. 
 
 
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Projeto Pós-graduação 
Curso Gestão Hospitalar 
Disciplina Bioética 
Tema Bioética e sua História 
Professor João Luiz Coelho Ribas 
 
Introdução 
No desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, poucas áreas evoluíram 
com tanta rapidez como a Bioética. Esse rápido desenvolvimento deve-se 
especialmente ao fato de o mundo ter conhecido nos últimos 60 anos a maior 
evolução da Biologia e da Ciência Médica já relatada. Isso fez com que termos 
antes desconhecidos passassem a fazer parte do cotidiano, não somente dos 
profissionais de saúde, mas da população em geral. 
Nesta aula, acompanharemos a história da bioética, e os principais 
fatores que levaram a sua inserção definitiva em nosso meio, e para mais 
detalhes do que veremos hoje, não perca o vídeo de introdução do professor 
João que está no material on-line. 
Problematização 
Um rapaz de 18 anos possui um distúrbio metabólico de origem genética 
denominado Deficiência de Ornitina Transcarbamilase (OTC), que tem como 
seu principal sintoma a não eliminação de ureia do organismo. Esse distúrbio é 
raro e, geralmente, os bebês afetados morrem nas primeiras 72 horas. Apenas 
a metade dos sobreviventes ultrapassa os 5 anos de idade. Nesse caso, o 
rapaz em questão, por possuir a forma parcial do distúrbio, conseguia 
controlá-lo com, praticamente, a não ingestão de proteínas e a utilização de 
cerca de 32 comprimidos por dia. 
Devido ao seu quadro, ele foi convidado a participar de um projeto de 
pesquisa de terapia gênica para esse distúrbio, que seria a primeira 
 
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administração em seres humanos. No entanto, ele não foi adequadamente 
informado sobre as reações de toxicidade hepática verificada na 
experimentação em animais nem as reações adversas e mortes ocorridas em 
macacos Rhesus durante os ensaios pré-clínicos. Além do mais, ninguém 
sabia sobre os vínculos econômicos entre os pesquisadores e a empresa 
patrocinadora (indústria privada). Assim, quando a terapia foi iniciada, o rapaz 
apresentou uma reação imunológica extremamente grave e morreu após 
quatro dias. 
Supondo que essa pesquisa está sendo realizada no hospital no qual 
você é gestor, e que, como gestor, você foi chamado na ocasião para avaliar o 
caso após intensa análise e discussão, quais são os problemas bioéticos que 
você encontrou? 
Um pouco de história 
Ao voltarmos no tempo, vemos que as primeiras discussões a respeito 
da ética e bioética (ainda não com essa denominação) tiveram seu início com 
Sócrates (470-399 a.C.), o qual aconselhava que deveríamos nos conhecer 
primariamente (conhece-te a ti mesmo) para só então definirmos se o que 
realizamos em nossa vida está sendo feito de forma correta ou incorreta. Para 
ele, ninguém praticava o mal voluntariamente, mas apenas por 
desconhecimento do bem. 
Em termos hospitalares, é dele a frase de que não poderíamos medicar 
ninguém sem antes termos a certeza de que realmente esse indivíduo precisa 
ser medicado. Princípios hoje perdidos e pouco valorizados. 
Essa forma primitiva de ética continuou com Platão (427-347 a.C.), que 
propunha uma ética fundamentada nas virtudes, uma função de alma, e 
Aristóteles (384-322 a.C.) que, por meio de seus estudos, deu a base para as 
discussões e definições sobre ética e sereshumanos, além de organizá-la 
como uma disciplina filosófica, mantida até os dias atuais. 
Toda e qualquer discussão sobre a ética e a bioética foi evoluindo até a 
 
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Segunda Guerra Mundial, em que os nazistas reprimiram e estraçalharam a 
bioética nos anos de 1946 e 1947, especialmente com experiências médicas 
imorais realizadas nesse período. 
Entre as experiências nazistas realizadas nessa época podemos 
destacar: 
 com o objetivo de determinar a altitude máxima da qual se poderia saltar 
de paraquedas, utilizou-se câmaras de baixa pressurização, podendo 
observar assim quais as reações (inclusive a morte) em altas altitudes; 
 para descobrir um método eficaz no tratamento para hipotermia, os 
nazistas foram pioneiros determinando as reações do organismo 
humano ao congelamento; 
 testar os gases fosgênio e mostarda nos prisioneiros, com o objetivo de 
desenvolver possíveis antídotos para esses gases; 
 com o objetivo de determinar como “raças” diferentes resistiam a 
distintos agentes infecciosos, inúmeras pessoas foram contaminadas 
com os mais diversos agentes bacterianos e virais conhecidos nessa 
época; 
 para prevenir e tratar doenças como malária, tifo e tuberculose, foram 
inoculados em inúmeros prisioneiros agentes imunizantes para avaliar 
sua eficácia e efetividade; 
 à custa da vida de vários prisioneiros, foram realizados enxertos ósseos 
para testar a eficácia farmacológica da sulfa; 
 com o objetivo de desenvolver técnicas eficazes e baratas para 
esterilizar grupos considerados geneticamente indesejáveis, nazistas 
realizaram testes de esterilização em massa. 
 
 
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Veja a seguir algumas imagens sobre os horrores nazistas. 
Campo de concentração nazista 
 
 
 
 
 
Disponível em: <http://adorohistoria.dihitt.com.br/noticia/os-nazistas 
-criaram-os-campos-de-concentracao-falso>. 
Experiências médicas nazistas 
 
Disponível em: <http://monteolimpoblog.blogspot.com/2011/03/ 
as-experiencias-medicas-nazistas.html>. 
Experiências genéticas em crianças 
 
Disponível em: <http://avidanofront.blogspot.com/2010/02/ 
experimentos-nazistas-o-horror-sem.html>. 
http://adorohistoria.dihitt.com.br/noticia/os-nazistas-criaram-os-campos-de-concentracao-falso
http://adorohistoria.dihitt.com.br/noticia/os-nazistas-criaram-os-campos-de-concentracao-falso
http://monteolimpoblog.blogspot.com/2011/03/as-experiencias-medicas-nazistas.html
http://monteolimpoblog.blogspot.com/2011/03/as-experiencias-medicas-nazistas.html
http://avidanofront.blogspot.com/2010/02/experimentos-nazistas-o-horror-sem.html
http://avidanofront.blogspot.com/2010/02/experimentos-nazistas-o-horror-sem.html
 
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Além dessas experiências envolvendo seres humanos, muitas outras 
atrocidades foram realizadas durante a Segunda Guerra nos campos de 
concentração. 
 Veja outras imagens do campo de concentração de Auschwitz, na 
Polônia, as quais representam bem o estado sanitário e de desrespeito à vida e 
à dignidade humana e a isenção de qualquer conceito referente à bioética. 
 
Local onde os prisioneiros dormiam juntos. Pela manhã todos os colchões 
eram colocados no canto do quarto (arquivo pessoal). 
 
Pelas paredes estão expostas todas as imagens, recuperadas após a Segunda Guerra 
Mundial, dos prisioneiros que passaram por Auschwitz. Repare nos semblantes de dor e 
sofrimento (arquivo pessoal). 
 
 
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Instalações sanitárias onde os prisioneiros faziam suas necessidades, as quais eram 
autorizadas somente pela manhã e a noite, ou seja, apenas duas vezes ao dia 
(arquivo pessoal). 
 
Imagem externa do crematório no qual os prisioneiros eram carbonizados 
após a câmara de gás (arquivo pessoal). 
 
Imagem interna do crematório mostrando os fornos nos quais os prisioneiros 
eram cremados (arquivo pessoal). 
 
 
 
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Felizmente, os conceitos éticos e bioéticos voltam com grande 
intensidade e com a valorização de fato após a Segunda Guerra Mundial, 
quando os principais comandantes do regime nazista foram condenados por 
conspiração, crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a 
humanidade, em um dos mais importantes julgamentos da história, o qual ficou 
conhecido como o Julgamento de Nuremberg. 
Aí surge também um marco na história da bioética, que é o Código de 
Nuremberg, reconhecido como o primeiro documento que descreve os 
aspectos éticos envolvidos na pesquisa científica, especialmente aquelas 
desenvolvidas com seres humanos. Esse marco é referência até hoje quando 
falamos de pesquisa clínica dentro de nossas unidades hospitalares, sendo um 
marco histórico para o desenvolvimento filosófico dos estudos éticos e 
bioéticos. 
A evolução que esse documento trouxe foi especialmente a 
regulamentação e exigência dos itens listados a seguir para uma pesquisa 
segura, sem danos ao ser humano e com resultados claros. Entretanto, antes 
de vermos tais itens, procure no material o vídeo do professor João que fala 
sobre a relação da bioética e a pesquisa em seres humanos. 
Bom, agora que você já viu o vídeo, voltemos aos itens, são eles: 
 a partir daqui, a pesquisa envolvendo seres humanos necessitaria do 
consentimento do sujeito para a pesquisa, denominado de 
consentimento voluntário. Assim, ao menos se pressupõe que a pessoa 
está legalmente capacitada para dar o seu consentimento e consciente 
da pesquisa clínica que vai participar; 
 nunca os primeiros experimentos devem ocorrer em seres humanos, ou 
seja, para chegar na parte de experimentação em seres humanos, o 
teste já deve ter sido realizado em animais, sem causar danos a eles. 
Além disso, faz-se necessária uma justificativa que reafirme a 
necessidade desses testes em seres humanos; 
 
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 toda pesquisa deverá produzir resultados inéditos e vantajosos para se 
justificar. Também é preciso ter sempre em mente que essa pesquisa só 
será válida em seres humanos se as respostas necessárias não 
puderem ser obtidas por outros meios, por exemplo, animais, cultivo de 
células, dados epidemiológicos etc.; 
 nunca uma pesquisa deve causar sofrimento ou danos desnecessários a 
quem quer que seja; 
 a pesquisa deve ser finalizada logo que se encontrem indícios de danos, 
sofrimento, invalidez ou morte iminente associados a tal; 
 qualquer participante da pesquisa terá a liberdade, a qualquer momento, 
de desistir da sua participação, sem nenhuma consequência para si, se 
assim for de sua vontade. 
Na sequência, veja as imagens do Julgamento de Nuremberg.
 
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/877366-morre-raymond-
daddario-fotografo-do-julgamento-de-nuremberg.shtml>. 
 
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Julgamentos_de_Nuremberg>. 
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/877366-morre-raymond-daddario-fotografo-do-julgamento-de-nuremberg.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/877366-morre-raymond-daddario-fotografo-do-julgamento-de-nuremberg.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Julgamentos_de_Nuremberg
 
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Acredito que você tenha ficado curioso para ver o Julgamento de 
Nuremberg, não é verdade? Então acabe com essa curiosidade assistindo a 
um resumo do filme “Julgamento de Nuremberg”, vale muito a pena! Para isso 
acesse este link: <https://www.youtube.com/watch?v=_uG66ucir_g>. 
Além do Código de Nuremberg, ainda sob influência do holocausto na 
Segunda Guerra Mundial, em 10 de dezembro de 1948 foi concebida a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, reiterando o direito básico à 
liberdade e à livre escolha. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi a primeira 
manifestaçãointernacional da então criada Organização das Nações Unidas 
(ONU), e tinha como objetivo primário estabelecer um consenso a respeito da 
ética universal, em que todos pudessem compartilhar valores básicos da 
dignidade humana. 
É importante que você leia a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, a qual está no link: <http://www.oas.org/dil/port/1948%20Declara% 
C3%A7%C3%A3o%20Universal%20dos%20Direitos%20Humanos.pdf>. 
Dando continuidade ao material, veja a seguir as imagens da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. 
 
Disponível em: <http://br.humanrights.com/what-are-human-rights/brief- 
history/the-united-nations.html>. 
https://www.youtube.com/watch?v=_uG66ucir_g
http://www.oas.org/dil/port/1948%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20Universal%20dos%20Direitos%20Humanos.pdf
http://www.oas.org/dil/port/1948%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20Universal%20dos%20Direitos%20Humanos.pdf
http://br.humanrights.com/what-are-human-rights/brief-history/the-united-nations.html
http://br.humanrights.com/what-are-human-rights/brief-history/the-united-nations.html
 
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Imagem de Eleanor Roosevelt (embaixadora dos Estados Unidos na ONU, diplomata e 
ativista dos direitos humanos, também é lembrada como a esposa do ex-presidente dos EUA, 
Franklin Roosevelt) exibindo cartaz contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eleanor_Roosevelt_and_Human_Rights 
_Declaration.jpg>. 
Toda essa preocupação com os fatores éticos e bioéticos dos direitos e 
da dignidade humana deu o pano de fundo para o surgimento, em 1964, da 
Publicação de Helsinque, que consolidou os princípios éticos para a pesquisa 
clínica envolvendo seres humanos. Sua última atualização ocorreu em 
Edinburgh (Escócia), em outubro de 2000. 
Tudo isso resultou, em 2005, no surgimento da Declaração Universal 
sobre Bioética e Direitos Humanos, proclamada pela Unesco e seguida como 
guia desde então. 
Como estavam e estão as discussões sobre ética e bioética no Brasil? 
Você sabe responder a essa pergunta? Não se preocupe, o professor 
João vai falar sobre a bioética no contexto brasileiro e internacional. Procure o 
vídeo no material on-line e preste atenção no que o professor João vai explicar. 
O Brasil demorou para ter uma resolução própria envolvendo os 
interesses de pesquisadores e pesquisados, mas sempre seguiu as tendências 
mundiais da promoção da proteção aos participantes de pesquisas biomédicas. 
Tudo se iniciou em virtude de diretrizes internacionais relacionadas à 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eleanor_Roosevelt_and_Human_Rights_Declaration.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eleanor_Roosevelt_and_Human_Rights_Declaration.jpg
 
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bioética, a exemplo do Código de Nuremberg e da Declaração de Helsinque, 
mas apenas em 1988 as normas primordiais da ética, relacionadas ao ramo da 
saúde, foram colocadas por meio do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em 
uma Resolução: a Resolução n. 1/88. No Brasil, foi a primeira ocasião em que 
se demarcou eticamente os aspectos que deveriam ser seguidos durante as 
pesquisas nos ramos da Biologia e das Ciências Médicas. 
Além disso, a Resolução n. 1/88 especificava claramente ser necessária 
a criação de protocolos que abrangessem mulheres grávidas ou lactantes, 
pessoas menores de idade, ou pessoas inaptas a dar seu consentimento nas 
pesquisas. Essa resolução também indicou e, consequentemente, iniciou as 
discussões de se criar parâmetros claros para a necessidade crescente de 
pesquisas realizadas com o objetivo de descobrir e testar novos recursos 
profiláticos, diagnósticos, terapêuticos ou de reabilitação. 
No entanto, apesar da abrangência inicial e do fomento das discussões 
a respeito da inserção da bioética no dia a dia, essa Resolução não alcançou 
todos os seus objetivos, mas as discussões estimuladas por ela deram base e 
sustentação para a criação, em 1993, da Revista Bioética (do Conselho 
Federal de Medicina) e, em 1995, para a criação da Sociedade Brasileira de 
Bioética. Também houve um impulso para que em 1996 fosse criado o 
Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), o qual até hoje é o ator 
principal encarregado de regular e controlar as pesquisas com seres humanos 
no território nacional. 
 “O Conep foi criado pela Resolução do CNS n. 196/96 como uma 
instância colegiada, de natureza consultiva, educativa e formuladora de 
diretrizes e estratégias no âmbito do conselho. Além disso, é independente de 
influências corporativas e institucionais. Uma de suas características é a 
composição multi e transdisciplinar, contando com um representante da 
população” (Conep, 2009). 
 Essa mesma Resolução regulamenta o funcionamento dos Comitês de 
Ética em Pesquisa (CEPs), criados especialmente vinculados às instituições de 
 
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ensino, formando os sistemas CEP-Conep. Ambos constituem órgãos 
consultores junto ao Ministério da Saúde e órgãos do Sistema Único de Saúde. 
Outro aspecto de extrema relevância abordado por essa Resolução é a 
proteção de pessoas e grupos vulneráveis, o que a coloca entre as principais 
legislações mundiais em relação a seus fundamentos com o objetivo de 
garantir o respeito à dignidade da pessoa humana e dos sujeitos da pesquisa. 
Entre esses itens de grande importância mundial no quesito bioética, 
voltados à pesquisa com seres humanos, podemos citar alguns, mas antes 
assista ao vídeo do professor João sobre como garantir o respeito à dignidade 
do sujeito da pesquisa. Esse vídeo encontra-se no material digital, não perca! 
Voltemos para a lista dos itens de grande importância mundial no que 
diz respeito à bioética. 
 Elaboração de um termo de consentimento e livre esclarecimento e do 
termo de assentimento para crianças e adolescentes; 
 Processo de obtenção do termo de consentimento e livre 
esclarecimento; 
 Estratégias e métodos de recrutamento dos sujeitos que irão participar 
da pesquisa; 
 Equilíbrio entre riscos corridos pelos sujeitos e benefícios oriundos da 
pesquisa; 
 Ressarcimento de gastos pessoais em função da participação no 
estudo, como deslocamento, exames e afins; 
 Indenização por eventuais danos originados pela participação na 
pesquisa; 
 Confidencialidade das informações; 
 Avaliação criteriosa sobre a relevância social da pesquisa; 
 Processo de acompanhamento da condução do estudo. 
Outros avanços em relação à bioética brasileira vieram com as 
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Resoluções: 




n. 292/1999 – estabelece normas específicas para a cooperação 
internacional em pesquisas clínicas; 
n. 303/2000 (apesar do marco impresso por essa Resolução, esta foi 
revogada pela Resolução n. 404/08) – regulamenta a área de 
reprodução humana; 
n. 304/2000 – regulamenta a pesquisa com povos indígenas;
n. 340/2004 – normatiza projetos de pesquisa na área de genética 
humana. 
Outro marco histórico é a Resolução n. 347/2005 que aprova as 
diretrizes fundamentais para a análise ética de projetos que envolvam 
armazenamento de materiais biológicos ou a utilização de materiais 
armazenados em pesquisas anteriores. Vale a pena destacar ainda que é a 
Resolução n. 466/12 que revoga a n. 196/96 (apesar de revogada, vale a 
leitura, pois seus princípios e conceitos são utilizados até hoje e, inclusive, 
fazem parte integrante e essencial da Resolução n. 466/12). 
Essas e outras regulamentações podem ser acessadas na íntegra no 
link: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_11.htm>. 
Ética na experimentação animal 
Também não podemos nos esquecer de que juntamente com todas 
essas discussões sobre experimentação e o papel da Bioética está inserida a 
ética na utilização de animais em pesquisa. 
Você faz ideia de como o Brasil vê a utilização

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