ANALISE DO FILME 12 HOMENS E UMA SENTENÇA SOB O OLHAR DE JACOB LEVY MORENO

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ICH- INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
ANALISE DO FILME 12 HOMENS E UMA SENTENÇA SOB O OLHAR DE 
JACOB LEVY MORENO
BAURU, SP
2019
Sumário 
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 3
2. DESENVOLVIMENTO................................................................................................................. 5
3.CONCLUSÃO.............................................................................................................................. 7
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................. 8
1 – Introdução 
De acordo com o dicionário técnico de psicologia, entende-se como grupo a quantidade de indivíduos considerados como detentores de uma qualidade, ou qualidades, em comum. É constituído por duas ou mais pessoas, ocupando usualmente uma área limitada, de modo a poder haver comunicação entre elas pela voz ou pelo gesto, as quais interatuam e se influenciam mutuamente e são reconhecidas pelo modo especial de interação. O mero sentimento de pertença ao grupo pode ser motivo de satisfação psicológica (Cabral e Nick, 2006). 
Por essa definição podemos ver que é impensável o ser humano não pertencer a um grupo social, pois a todo momento as pessoas relaciona-se umas com as outras para realizar uma ação conjunta com um objetivo em comum, assim o indivíduo precisa do coletivo, sem o qual não realiza e não se realiza; o coletivo por sua vez se faz da multiplicidade de indivíduos que interagem que organizam que trabalham e que fazem evoluir toda a humanidade (Oliveira, 2007).
É impossível falar de processos grupais, e de como ele foi introduzido na psicologia social, sem mencionar o seu grande propagador Kurt Lewin. Interessado em conhecer os fenômenos sociais, Lewin foi quem inseriu o termo dinâmica de grupo no contexto das ciências sociais e como campo de pesquisa.
Ao longo do tempo, vários teóricos contribuíram significantemente para os estudos sobre grupo, ente eles Jacob Levy Moreno, que foi o precursor do desenvolvimento da técnica psicodrama, que consiste em uma terapia de grupo na qual os participantes são encorajados a “passar ao ato” seus problemas e fantasias (Cabral e Nick, 2006). O psicodrama era associado ao teatro, porém a interpretação não consistia em atores, não havia texto pré-determinado e o tema era livre, fazendo assim com que os participantes pudessem reconhecer os conflitos e as diferenças para então auxiliar na busca de soluções para este (Mesquita, 2018).
Moreno também conceituou a Socionomia, que se subdivide em Sociodinâmica, Sociometria e Sociatria. A Sociodinâmica estuda o funcionamento (ou dinâmica) das relações interpessoais. Sociometria é uma ferramenta analítica para estudo de interações entre grupos e as estruturas sociais e bem-estar psicológico. A Sociatria é a terapêutica das relações sociais, e utiliza com o método: a Psicoterapia de Grupo, o Psicodrama e o Sociodrama. 
Para Moreno, a estrutura que está oculta nos grupos não é apenas uma distribuição de afetos dentro do grupo, mas sim uma realidade afetiva e de reconhecimento para cada membro do grupo. Sendo assim, os objetivos, esperanças e programas, influenciam diretamente na forma com que os membros do grupo se notam entre si, podendo se aliar ou se excluir. Essa visão fica bem claro na análise do filme 12 homens e uma sentença, filme esse que serviu como referência para o presente trabalho.
2 – Desenvolvimento 
O filme conta a história de um júri popular formado por 12 homens que não se conhecem, com o intuito de julgar um crime cometido por um jovem de 18 anos acusado de matar o seu próprio pai. Se o júri o considerasse culpado, a pena dele seria a de morte na cadeira elétrica. Com a responsabilidade de decidir sobre a vida de uma pessoa em suas mãos, esses 12 homens se reúnem em uma sala para ser feita a discussão do caso e chegarem em um veredito, que de acordo com o juiz deveria ser unanime.
Ao se iniciar a discussão, cada jurado está pensando em si próprio e nos compromissos que tem depois daquela reunião, além de colocar afetividade e vivencias intrínsecas em cima do caso, por esse motivo 11 deles querem decidir rapidamente, sem se atentar as provas que podem não estar diretamente incriminando o jovem. Essa cena nos mostra o quanto os membros do grupo não estão envolvidos completamente na tarefa do mesmo, que seria julgar minunciosamente o caso.
No decorrer do filme vemos vários traços da teoria de Moreno, por exemplo a inversão de papeis, que é quando o jurado de número oito faz o uso de uma boa argumentação e se coloca no lugar do acusado, pedindo aos outros que estão na sala a mesma postura. Há também a interpolação de resistência, que é quando o jurado oito vai inserindo novas interpretações, exigindo assim que os outros jurados possam ter um olhar diferente do caso. Nesses momentos o que assumiu o papel diretor, o jurado um, dirige uma votação para ver que havia mudado de ideia, e gradativamente eles começam a adotar a postura de que o indiciado era inocente.
Podemos atribuir ao jurado oito também o papel de protagonista, pois ele durante todo o filme desempenha a função de questionar as ações e emoções, sendo o representante emocional do grupo. Os outros jurados na sala podem ser vistos como ego-auxiliares, pois um a um eles vão contribuindo a compreensão do caso. E por fim vemos o sociodrama quando os jurados tentam resolver o conflito a partir dos papeis que eles ocupam utilizando os vinculos e as relações como recursos para chegar em uma conclusão. Esse conceito fica claro quando o último jurí diz em voz alta e aos prantos que o indiciado era inocente. A todo momento ele estava utilizando o vinculo rompido que tinha com o filho para julgar um jovem que supostamente havia matado seu proprio pai. Mesmo com a presença de diversas contradições nas provas do crime, ele se manteve firme até o final em sua opinião, pois ele estava dando mais atenção a sua afetividade do que em julgar o caso sem leva-ló para o ambito pessoal.
3 – Conclusão
Como vimos na teoria, que está muito presente no filme, os processos grupais são experiencias que contribuem diretamente para as nossas formações, estruturações de convicções e para o desenvolvimento de nossas capacidades. Porém como vimos no filme, nem sempre o envolvimento em um grupo pode ocorrer de forma pacifica, pois em alguns momentos as opiniões podem divergir. Para isso a técnica de Moreno pode ser bem eficaz para ajudar os membros do grupo a se colocar no lugar do outro e a auto questionar o tipo de pensamento que se tem em determinado assunto.
Através da inversão de papeis, técnica que atribui ao individuo o papel do outro na cena, fazendo com que este se coloque no lugar do outro; o solilóquio, fazer com que o sujeito fale em voz alta, para que ele possa ouvir a própria voz e assim refletir sobre o que ele disse e a interpolação de resistência, o recurso utilizado para desestruturação das relações estereotipadas, onde há a inserção de um fato novo que possibilita e exige uma atuação diferente, são ferramentas que pode fazer o grupo se tornar mais unido e assim chegaram ao objetivo do bem comum e o melhor para o grupo.
4 – Referências
CABRAL, A.; NICK, E. Dicionário técnico de psicologia: 14º ed. – São Paulo: Editora Cultrix, 2006.
MESQUITA, S.S. Psicodrama – O que é? Técnicas? Disponível em: https://www.psicologiaviva.com.br/blog/psicodrama. Acessado em: 12 mai. 2019.
MORENO, J.L. Quem Sobreviverá- fundamentos de la Sociometria. Buenos Aires: Ed. Espanhola, Paidós, 1959.
MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. São Paulo: Mestre Jou, 1974.
MORENO, J.L. Psicodrama. Edição consultada: Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix, 1978.
OLIVEIRA, L. Dinâmicas de grupos nas empresa, no lar e na escola.Petrólis,RJ: Vozes, 2007