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Aula 18-02-2020 Poder Constituinte

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Poder Constituinte
Originário/Primário: Força política, poder abstrato e político capaz de originar uma constituição, se torna concreto quando é escrita uma Constituição. O Poder Constituinte Originário, histórico ou revolucionário, é ilimitado frente ao ordenamento jurídico anterior, ou seja, não precisa obedecer a nenhuma de suas normas. É também autônomo, incondicional (princípio da vedação do retrocesso, tudo que o Estado conquistou não pode andar para trás) e permanente, pois não desaparece com a criação da constituição. O titular do Poder Constituinte é o povo, mas quem exerce esse poder, no caso do Brasil, é a Assembleia Nacional Constituinte, o povo é chamado às urnas, elege senadores, que serão os constituintes. Pode haver também o Movimento Revolucionário (outorga), geralmente é assim que surge a primeira constituição de um novo Estado (estabelecimento da Constituição por declaração Unilateral do agente revolucionário que autolimita seu poder. 
Poder Constituinte Originário Histórico: primeira constituição do Estado. Exemplo: Primeira Constituição: Constituição Brasileira de 1824 (outorgada), origem do Brasil. 
Poder Constituinte Originário Revolucionário: são todos os demais poderes que dão origem às próximas constituições do Estado. Necessidade de mudar não só o Direito, mas também a sociedade. Não deve obediência ao ordenamento jurídico anterior. 
Todas Constituições devem trazer direitos e garantias fundamentais? NÃO, mas se não trouxer esses direitos, o Estado se isolará, por conta da globalização (neoconstitucionalismo). 
Poder Constituinte Derivado/Secundário/Constituído/Instituído: Tem origem do Poder Constituinte Originário. É um Poder Jurídico, previsto na constituição; derivado pois vem do originário; é limitado e condicionado, pois deve seguir tudo que o Poder Constituinte originário lhe impor. 
Poder Constituinte Derivado Reformador: altera a Constituição em alguns pontos. Altera um texto da constituição, traz as emendas constitucionais. Está presente nas constituições rígidas. É exercido, no brasil, pelo Presidente, Deputados e Senadores podem enviar PEC’s ao Congresso Nacional (artigo 60, I e III, CF/88). Atualmente há 102 emendas constitucionais. Também há a possibilidade de o Congresso Nacional aprovar tratados e convenções sobre direitos humanos, nos termos do artigo. 5º, §3º, a partir da EC 45/2004. 
Limites ao Poder Derivado reformador
Limites temporais: não existe na CF/88
Limites Circunstanciais: A CF/88 TEM ESSETIPO DE LIMITAÇÃO. Se o Brasil, ou um dos estados membros, estiver em ESTADO DE DEFESA, ESTADO DE SÍTIO ou INTERVENÇÃO, não se pode criar alterar a constituição (não pode haver votação de PEC). 
Limites Formais: como deve ser a criação formal da emenda constitucional;
Limites Formais Subjetivos (pessoa): quem pode apresentar a PEC? Art. 60, I ao III
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
Limites Formais Objetivos: Quais os Objetos de Emenda Constitucional? TUDO QUE NÃO FOR PROIBIDO. 
Limites Formais Materiais (MATÉRIA, DISCIPLINA): Quando não se pode alterar a CF? Cláusulas Pétreas.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - A forma federativa de Estado;
II - O voto direto, secreto, universal e periódico;
III - A separação dos Poderes;
IV - Os direitos e garantias individuais.
Cabe Controle de Constitucionalidade em normas Constitucionais? Cabe se essa norma veio do Poder Constituinte Derivado. Se veio do Poder Constituinte Originário, não cabe. 
Poder Constituinte Derivado Decorrente: atribui competência para os Estados Membros fazerem suas próprias constituição estadual. Princípio do Paralelismo de Formas: tudo que existe no âmbito federal, existe no estadual (organiza o estado membro), existe nas federações (descentralização político administrativa). Os municípios têm suas leis orgânicas (suas “constituições”), tanto o estado membro quanto o município, devem obedecer à Constituição Federal, que já prevê as competências federais, estaduais e municipais, sob pena de ter suas normas declaradas inconstitucionais (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental). Quando o Estado Membro organiza sua Constituição, ele acaba repetindo Direitos e Garantias Fundamentais (Normas Repetitivas). 
Limites às Constituições Estaduais decorrem dos seguintes princípios 
Princípios sensíveis: aqueles que querem garantir as competências previstas na constituição; devem respeitar a estrutura prevista na Constituição. Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
Princípios Estabelecidos: se reportam a todos os entes federados, e não apenas à União. Os princípios constitucionais estabelecidos geram limitações: Expressas, Implícitas, Decorrentes. Princípios Extensíveis: são aqueles que consubstanciam regras de organização da União, cuja aplicação se estende aos Estados.
Poder Revisor: revê a Constituição como um todo (art. 3º ADCT). Norma Constitucional Exaurida. No Brasil, foi realizada em 1993 e virou seis emendas constitucionais de revisão. Não se pode fazer uma nova revisão da Constituição Brasileira. 
Reforma (alguns pontos específicos, como a reforma da Previdência) x Revisão (é de um todo)
Poder Constituinte Difuso: mutação constitucional. Procedimento informal de alteração do sentido da norma constitucional, sua interpretação, mas não o seu texto. 
Poder Constituinte Supranacional/Transnacional: blocos econômicos, políticos, sociais que se formam (exemplo união europeia). Esses blocos devem construir uma constituição. 
Fenômeno da Recepção
Normas anteriores à constituição podem ser compatíveis ou incompatíveis com a nova constituição. Quando incompatíveis elas são revogadas pelo fenômeno da não recepção. A regra é que Controle de Constitucionalidade não cabe às normas não recepcionadas, só cabe a leis após a nova constituição, excepcionalmente cabe ação de descumprimento de princípio fundamental. Quando compatíveis as normas anteriores à nova constituição, elas são automaticamente recepcionadas pelo novo ordenamento jurídico.
Para ser recebida pela nova constituição, as normas anteriores devem preencher os seguintes requisitos: 
· A norma deve estar em vigor quando vier a nova constituição;
· A norma não pode ter sido declarada inconstitucional pela constituição anterior, do contrário, ela deixou de existir;
· A norma deve ter compatibilidade formal ou material com a constituição anterior;
· A norma deve ter compatibilidade MATERIAL da lei (conteúdo; assunto tratado por ela) com a nova constituição. 
EXEMPLO: Código tributário nacional, era uma lei ordinária conforme a constituição que vigorava. Quando surgiu a CF/88, ficou estabelecido que a matéria tributária tinha que ser por meio de lei COMPLEMENTAR (um degrau acima). Ou seja, o Código tributário não estava formalmente compatível com a nova constituição, mas sim materialmente (conteúdo). O Código Tributário Nacional foi recepcionado com status de lei completar.
Fenômeno da Repristinação
Repristinação=Ressurreição; retornar a alguma situação anterior.
A norma que não produzia mais efeitos volta a ser eficaz. EX.: A lei B revoga a Lei A. Surge a Lei C, que revoga a Lei B, que deixa existir. Excepcionalmente, quando a lei C revoga a Lei B, a Lei A pode voltar a produzir efeitos. (Artigo 2º, §3º LINDB)
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a leirevogadora perdido a vigência. 
Volta de uma lei revogada, pois a lei revogadora deixou de produzir efeitos. Existe no ordenamento jurídico brasileiro como exceção. 
EXCEÇÃO - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: há uma lei que é declarada inconstitucional, logo é declarada nula, não pode produzir efeitos. Se essa lei revogou uma lei anterior, mas foi declarada inconstitucional, então a lei anterior volta a produzir efeitos.
Fenômeno da Desconstitucionalização
Não existe no ordenamento jurídico brasileiro.
As normas Constitucionais da Constituição anterior são recepcionadas pela nova Constituição, mas são infraconstitucionais (perdem a força de constituição). 
Federação
· Forma de Estado. País dividido em Estados Membros. Descentralização Político-Administrativa. Cada Estado Membro tem o Poder Executivo (Governador); Legislativo (Assembleia Legislativa) e Judiciário (Tribunal de Justiça). 
· No Brasil, a federação é a União de Estados Membros, Distrito Federal e Municipios (federação de cooperação). Sui Generis.
· ESTADO MEMBRO, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIO SÃO ENTES FEDERADOS AUTÔNOMOS. Podem se auto governar, devendo obediência à Constituição Federal de 1988. 
· A federação é prevista em constituições rígidas.
· O DF é um ente político diferenciado que tem competências mistas (previstas na constituição), ou seja, hora se comporta como estado membro, hora como município. Possui Câmara Legislativa, possui Governador e representação da vontade nacional, deputados e senadores. 
· Os entes federados não podem se separar, sob pena de intervenção federal POR MEIO DE AÇÃO INTERVENTIVA, no caso de estado membro; ou intervenção estadual, no caso dos municípios. 
· Não há hierarquia entre a União, estados membros, Distrito Federal e municípios, mas âmbitos de ação diferenciados. 
· Repartição de competências: A constituição prevê competências para a União e para os municípios, o que sobra é de Competência Residual dos Estados Membros.
· Participação dos entes federados na formação da vontade nacional: os Estados Membros têm seus Senadores. O senado é a representação dos estados membros
· Controle de Constitucionalidade: averiguar se uma lei (elaborada pós a Constituição) infraconstitucional ou ato normativo está ou não de acordo com a Constituição.
A Federação Brasileira é soberana, ou seja, independente nas relações internacionais. Os entes federativos são autônomos.

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